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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL DEBORAH GONDIM LAMBERT MOREIRA IMUNOEXPRESSÃO DAS PROTEÍNAS XPF E XRCC1 EM CARCINOMA EPIDERMOIDE DE LÍNGUA ORAL E LÁBIO INFERIOR NATAL/RN 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL

DEBORAH GONDIM LAMBERT MOREIRA

IMUNOEXPRESSÃO DAS PROTEÍNAS XPF E XRCC1 EM CARCINOMA

EPIDERMOIDE DE LÍNGUA ORAL E LÁBIO INFERIOR

NATAL/RN

2018

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DEBORAH GONDIM LAMBERT MOREIRA

IMUNOEXPRESSÃO DAS PROTEÍNAS XPF E XRCC1 EM CARCINOMA

EPIDERMOIDE DE LÍNGUA ORAL E LÁBIO INFERIOR

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Patologia Oral da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos

requisitos para obtenção do título de Mestre em

Patologia Oral.

ORIENTADORA: Prof.ª Dr.ª Roseana de

Almeida Freitas

NATAL/RN

2018

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Alberto Moreira Campos ­Departamento de Odontologia

Moreira, Deborah Gondim Lambert.

Imunossupressão das proteínas XPF e XRCC1 em carcinoma

epidermoide de língua oral e lábio inferior / Deborah Gondim Lambert Moreira. - 2018.

86 f.: il.

Orientador: Roseana Almeida de Freitas.

Dissertação (Mestrado em Patologia Oral) - Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, Ciências da Saúde, Pós-graduação

em Patologia Oral, Natal, 2018.

1. Carcinoma de células escamosas - Dissertação. 2. Reparo de

DNA - Dissertação. 3. Proteína XRCC1 - Dissertação. I. Freitas,

Roseana Almeida de. II. Título.

RN/UF/BSO BLACK D61

Elaborado por Mônica Karina Santos Reis - CRB-15/393

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Dedico esta dissertação aos meus pais Iracema e Octávio, por me mostrarem os reais valores,

por cuidarem de mim e minhas irmãs, por me fazer feliz, pela retidão e integridade de cada

um, pelos sermões, pelas alegrias, pelas viagens, pelo custeio de tudo. Obrigada por serem os

melhores pais.

Às minhas irmãs Bheatriz, Bárbara, Letícia e Fernanda, obrigada por tudo, pelo afeto,

pelas coisas maravilhosas que compartilhamos, pelas brincadeiras de criança que nunca

deixamos de ter, por nossas brigas desnecessárias, por terem me dado garra, força e apoio

quando precisei, quando precisamos. Pela simpleza que vivemos juntas, seja pertinho uma das

outras, ou um pouquinho mais distante.

A Deus, pela onipresença, meu agradecimento será sempre eterno, pela vida, pelas conquistas,

pelas preces;

À Santa Clara de Assis, tu iluminas e iluminarás meus caminhos, quando tudo parecer

escuro e sombrio, tua luz me guiará.

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À Chefe do Departamento de Odontologia e orientadora Profª Drª. Roseana de Almeida

Freitas, obrigada pela digna paciência, pela facilidade de ensinar, pelas palavras que

engrandeceram meu trabalho, pelos puxões de orelha e ensinamentos que levarei comigo, pelo

profissionalismo e por sua seriedade.

Ao meu “irmão da patologia” Everton Morais, exemplo de dedicação e conduta, obrigada pela

ajuda durante minha dissertação e ao longo do mestrado.

À Hellen Bandeira, minha “irmã mais velha da patologia” agradeço pela maestria com que

trata as pessoas, e pela sua forma simples e tranquila de ver a vida, obrigada por ter me guiado

durante essa jornada de um ano e meio, desde projetos de pesquisas aos ensinamentos da

patologia, pelo tempo despendido, escolhestes o caminho certo: ensinar, e sabe fazer isso

muito bem, seu futuro é brilhante!

A Caio Barros, obrigada pela nossa amizade que começou na graduação e só aumentou no

mestrado, agradeço pelas palavras sinceras, pelas risadas mais puras, por aqueles olhares que

só os amigos sabem reconhecer, pela confiança durante o caminho percorrido, pelo apoio e

por ter escutado minhas angústias, quando ninguém mais podia escutar.

Aos meus mestrandos! Obrigada por fazer parte dessa família patológica: Cristiane, Daurea,

Glória, Ondina, Larissa, Israel, Rômulo, Yailit, Mariana pelas palavras sinceras, pelas

conversas triviais, pelas piadas, risadas, fofocas, por me fazerem amadurecer durante o

mestrado, pela simplicidade, pela ajuda durante as provas, por mostrarem que a vida pode ser

descontroladamente feliz, e a Juliana, minha dupla de clínica e da vida, obrigada por me

aturar durante esses dois anos de Estomatologia.

Aos funcionários e assistentes do PPgPO: Lourdes Maria, Maria das Graças Oliveira,

Hevio Freitas, Sandrovannia Oliveira, Ricardo Kleiber, agradeço por estarem sempre

dispostos a ajudar, obrigada por serem os primeiros a encontrar durantes as manhãs e os

últimos a me despedir ao fim da tarde, obrigada pelas chaves do armário e fones de ouvido

que perdia inúmeras vezes, pela disposição em organizar e limpar, pelo cafezinho que passei a

tomar sem mesmo nem gostar, pelas conversas nos laboratórios, pelas coisas que não sabia

por onde procurar e pelas palavras de incentivo, sempre um grande sorriso no rosto...

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Aos professores da clínica de Estomatologia: professoras Drª Ericka Janine, Drª Patrícia

Teixeira, Drª Ana Miryam Medeiros, e professor Dr. Pedro Paulo Andrade, obrigada por

deixar fazer o que mais gosto: atender e ajudar os pacientes. Obrigada pela vivência clínica,

por me fazer perceber que estudar patologia não é somente estar dentro do laboratório, pelos

ensinamentos semanais e pela conduta profissional de cada um de vocês.

Obrigada aos pacientes, por me darem a oportunidade de aprender e cuidar.

Aos professores da Pós-graduação em Patologia Oral: Drª Lélia Maria Queiroz, Drª Lélia

Batista de Souza, Dr. Leão Pereira, Drª Hébel Cavalcanti, Dr. Antônio Costa, Drª

Marcia Miguel, Dr. Bruno Gurgel. É uma imensa honra tê-los como professores, obrigada

pela instrução que me deram, conselhos, pelas trocas de saberes, pela convivência,

agradecerei eternamente. Obrigada por dizerem que a apresentação estava boa, quando

realmente não estava, que precisava estudar mais, que melhorei na descrição das lâminas e

também nas biópsias e pelo medinho nas provas práticas.

Agradeço aos doutorandos em especial a: Rafaella Bastos, pelo companheirismo diário, pelas

nossas saídas quase sempre furadas, obrigada por estar sempre presente quando precisei,

obrigada pela compreensão e pela insistência. A Leorick Pereira e Amanda Gonzaga, por

apreender com vocês, pelos trabalhos e artigos desenvolvidos durante esses dois anos, não

seria nada sem vocês. Rodrigo Mafra, a sua solicitude é admirável, sempre disposto a ajudar,

seja em um artigo, seja em alguma tradução, como também antes das discussões de lâminas.

Patrícia Peixe, obrigada pelas conversas construtivas, pelos conselhos, pelas palavras,

obrigada por fazer a diferença!

Aos alunos do quarto período, da disciplina de Clínica Integrada I e da disciplina de

Estomatologia Clínica, locais de meu Estágio à Docência. Obrigada pela paciência nas

minhas aulas teóricas, pela minha disponibilidade em poder ajudar e ensinar tudo o que eu

aprendi durante a graduação e mestrado na clínica, desde o preenchimento dos prontuários,

prescrições, no acolhimento dos pacientes e pela confiança que em mim colocaram!

Aos funcionários da clínica de Estomatologia: Talita Araújo, Claudia Christianne, Patrícia

Costa, Claudio Roberto e Joanna D’arc. Sem vocês ajudando e auxiliando as turmas de

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mestrado, doutorado e graduação com paciência e dedicação, não seríamos nada, saibam que

a contribuição de vocês foi fundamental em minha vida.

Aos meus gatos: Félix (in memoriam) e Simba, por também participarem da minha vida

acadêmica, desde meu primeiro dia como aluna de graduação até o ultimo dia como aluna de

mestrado. Obrigada pela perturbação noturna, pelos miados de madrugada quando era hora de

dormir e não podia, e pelos miados diurnos quando era hora de acordar porque o pote de ração

estava vazio.

À minha playlist do Spotify, pela miscelânea de emoções e devaneios quando preciso.

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que durante oito anos entre a graduação

e mestrado foi a minha segunda casa, é um orgulho poder dizer que fiz parte desta instituição.

Mais uma vez não será fácil me despedir dessa moradia.

“Todos, absolutamente todos, exercem o seu papel insubstituível nesta terra e a ninguém

deverá ser dado o orgulho de se achar melhor".

Ita Portugal

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PARTIDA

“Quero abraçar, na fuga, o pensamento da

brisa, das areias, dos sargaços; quero partir

levando em meus braços a paisagem que

bebo no momento.

Quero que os céus me levem; meu intento é

ganhar novas rotas; mas os traços do virgem

mar molhando-me de abraços serão brancas

tristezas, meu tormento.

Legando-te meus mares e rochedos, serei

tranquila. Rumarei sem medos de arrancar

dessas praias meu carinho [...]”

Zila Mamede, 1958

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RESUMO

O sistema de reparo do DNA envolve genes e proteínas essenciais à manutenção da

integridade do genoma e consequente controle de diversos processos celulares. Alterações

nesses genes e proteínas estão envolvidas no desenvolvimento de tumores, em sua evolução e

na resistência a tratamentos radio e quimioterápicos. O objetivo deste trabalho foi analisar a

imunoexpressão das proteínas de reparo do DNA, XPF e XRCC1 em carcinoma epidermoide

de lábio inferior (CELI) e de língua oral (CELO) e investigar possíveis associações com os

parâmetros clínicos e histopatológicos. Foram selecionados 80 casos de CELI e CELO

analisados morfologicamete por meio dos sistemas de gradação propostos por Brandwein-

Gensler et al. (2005) e Almangush et al. (2014). A expressão imuno-histoquímica foi

realizada de forma semi-quantitativa, utilizando para a análise estatística os testes de Qui-

quadrado, ou quando aplicável, o teste exato de Fisher, para investigar a associação entre as

expressões das proteínas com as características clínico-patológicas. A alta expressão nuclear

de XPF foi observada em 72,5% dos casos de CELO e em 70% dos casos de CELI. Quanto à

imunoexpressão de XRCC1 nos casos de CELO, alta expressão foi observada em 60% dos

casos e nos CELI 70% apresentaram alta expressão nuclear, não sendo observada expressão

citoplasmática. Foram observadas associações estatisticamente significativas (p < 0,05) entre

a imunoexpressão de proteínas com alguns parâmetros clínicos e histopatológicos, no entanto,

não se verificaram associações com o prognóstico dos pacientes. A alta expressão das

proteínas XPF e XRCC1 nos casos de CELO e CELI sugere sua importância no

desenvolvimento e progressão destes tumores. Os resultados desta pesquisa indicam que a

imunoexpressão dessas proteínas não está associada a parâmetros clínicos e histopatológicos

determinantes para o comportamento biológico tumoral.

Palavras-chaves: Carcinoma epidermoide oral; Reparo de DNA; Imuno-histoquímica;

XRCC1; XPF

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ABSTRACT

The DNA repair system involves genes and proteins essential for the maintenance of genome

integrity and consequent control of various cellular processes. Alterations in these genes and

proteins are involved in the development of tumors, in their evolution and resistance to radio

and chemotherapy treatments. The aim of this study was to analyze the immunoexpression of

DNA repair proteins, XPF and XRCC1 in squamous cell carcinoma of the lower lip (SCCLL)

and oral tongue (SCCOT) and investigate possible associations with the clinical and

histopathological groups. For this purpose, 80 cases of SCCLL and SCCOT were selected and

evaluated by grading systems proposed by Brandwein-Gensler et al. (2005) and Almangush et

al. (2014). The immunohistochemical expression was performed semi-quantitatively, was

used for statistical analysis the Chi-square tests, or when applicable, Fisher's exact test, to

evaluate an association between the expressions of the proteins as clinical-pathological

characteristics. A high nuclear expression of XPF was observed in 72.5% of cases of SCCOT

and in 70% of cases of SCCLL. Regarding the XRCC1 immunoexpression in cases of

SCCOT, high expression was observed in 60% of the cases and in the SCCLL 70% presented

high nuclear expression, and no cytoplasmic expression was observed. Statistically significant

associations were observed between immunoexpression of proteins with some clinical and

histopathological parameters (p<0.05), however, there were no associations with the

prognosis of the patients. The high expression of XPF and XRCC1 proteins in the cases of

SCCOT and SCCLL suggest its importance in development and progression of these tumors.

The results of this research indicate that immunoexpression of the studied proteins is not

associated with a clinical and histopathological characteristics determinant for the biological

tumor behavior.

Keywords: Oral Squamous cell carcinoma; DNA repair; immunohistochemistry; XRCC1;

XPF

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

APE AP – endonuclease apurínica/apurimidínica

BER Do inglês Base Excision Repair, traduzido como reparo por excisão de base

CEO Carcinoma epidermoide oral

CELO Carcinoma epidermoide de língua oral

CELI Carcinoma epidermoide de lábio inferior

DDB2 DNA damage-binding protein 2, traduzido como proteína de tipo 2 de

ligação a danos no DNA

DNA Do inglês Deoxyribonucleic acid, traduzido como ácido desoxirribonucleico

DSB Do inglês double-strand breaks, traduzido como via de reparo de quebra de

fita-dupla

ERCC1 Do inglês “excision repair cross-complementing rodent repair deficiency,

complementation group 1", traduzido como Excisão reparação grupo cross-

complementação 1

ERCC4 Do ingles "excision repair cross-complementing rodent repair deficiency,

complementation group 4", traduzido como Excisão de reparo grupo cross-

complmentação 4

HPV Do inglês Human papiloma virus, traduzido como vírus do papiloma humano

MMR Via de reparo do DNA por reparo de mal emparelhamento, do inglês

mismatch repair

NER Do inglês Nucleotide excision repair, traduzido como reparo de excisão de

nucleotídeo

OMS Organização Mundial da Saúde

ROS Do inglês, Espécies reativas de oxigênio

RPA Proteína de Replicação A, do ingles "Replication protein A"

SPSS Do inglês Statistical Package for the Social Sciences

TFIIH Fator de transcrição IIH; do inglês transcription factor II H

TNM Tamanho do tumor, envolvimento do linfonodo regional e envolvimento por

metástase à distância; do inglês tumor-node-metastasis

TRIS Tris-hidroximetil-aminometano

UICC Do inglês "Union For International Cancer Control", traduzido como União

para Controle Internacional do Câncer

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UVA Espectro eletromagnético da luz ultravioleta A

UVB Espectro eletromagnético da luz ultravioleta B

UVC Espectro eletromagnético da luz ultravioleta C

XP Do inglês “Xeroderma pigmentosum complementary”

XPF Do inglês “Xeroderma Pigmentosum complementation group F”

XRCC1 Do inglês X-ray Repair Cross-complementing Group 1

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LISTA DE QUADROS, TABELAS E ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 Descrição do Sistema de estadiamento clínico e das categorias de

estadiamento para neoplasias malignas, proposto pela UICC

Quadro 2 Sistema de gradação do CEO proposto por Bryne (1992)

Quadro 3 Sistema de Avaliação Histopatológica de Risco proposto por Brandwein-

Gensler et al. (2005)

Quadro 4 Apresentação dos parâmetros histopatológicos recomendado por Almangush

et al. (2014). Análise morfológica de modelo BD

Quadro 5 Sistema de gradação proposto por Boxberg et al. (2017)

Quadro 6 Especificidade, clone, fabricante, diluição, recuperação antigênica e tempo

de incubação dos anticorpos primários.

Figura 1 Esquema das vias de reparo por excisão de bases (BER) e por excisão de

nucleotídeos (NER) (Adaptado de: MLADENOV; ILIAKIS, 2011)

Figura 2 CELI – parâmetro pior padrão de invasão tipo 1 proposto por Brandwein-

Gensler et al. (2005) – Observa-se infiltrado inflamatório contínuo (HE,

escala 1000µm) (Natal-RN, 2018)

Figura 3 CELO – parâmetro pior padrão de invasão tipo 4 proposto por Brandwein-

Gensler et al. (2005) - apresentando pouco infiltrado inflamatório (HE,

escala 200µm) (Natal-RN, 2018)

Figura 4 CELO – parâmetro invasão perineural em pequenos nervos proposto por

Brandwein-Gensler et al. (2005) - (HE, escala 100µm) (Natal-RN, 2018)

Figura 5 CELI – Parâmetro tumor maior do que 4mm proposto por Almangush et al.

(2014) –. (HE, escala 5000 µm) (Natal-RN, 2018)

Figura 6 CELI - Parâmetro brotamentos tumorais > 5proposto por Almangush et al.

(2014), (HE, escala 200µm) (Natal-RN, 2018)

Figura 7 CEO – Imunoexpressão de XPF no front de invasão tumoral: Score 0 -

Imunoexpressão negativa para núcleo e citoplasma. (HiDef. Barra 200 µm)

(Natal-RN, 2018)

Figura 8 CEO – Imunoexpressão de XPF no front de invasão tumoral: Score 1 -

Imunoexpressão positiva entre 11% a 50% das células – Observa-se

positividade em núcleo e citoplasma. (HiDef. Barra 200 µm)

Figura 9 CEO – Imunoexpressão de XPF no front de invasão tumoral: Score 2 -

Imunoexpressão positiva em mais de 50% das células – Observa-se

positividade e em núcleo e citoplasma. (HiDef. Barra 200 µm) (Natal-RN,

2018)

Figura 10 CEO– Imunoexpressão de XRCC1 no front de invasão tumoral: Score 0 -

Imunoexpressão negativa para núcleo e citoplasma. (HiDef. Barra 200 µm)

(Natal-RN, 2018)

Figura 11 CEO– Imunoexpressão de XRCC1 no front de invasão tumoral: Score 1 -

Imunoexpressão positiva entre 11% a 50% das células – Observa-se

positividade somente em núcleo. (HiDef. Barra 200 µm) (Natal-RN, 2018)

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Figura 12 CEO– Imunoexpressão de XRCC1 no front de invasão tumoral: Score 2 -

Imunoexpressão positiva em mais de 50% das células – Observa-se

positividade somente em núcleo. (HiDef. Barra 200 µm) (Natal-RN, 2018)

Tabela 1 Distribuição absoluta e relativa dos casos de CE de língua oral e de lábio

inferior de acordo com parâmetros clínicos e demográficos. (Natal-RN,

2018)

Tabela 2 Distribuição dos casos de CE de língua oral e de lábio inferior de acordo

com parâmetros histopatológicos. (Natal-RN, 2018)

Tabela 3 Distribuição dos casos de CE de língua oral e de lábio inferior de acordo

com a imunoexpressão citoplasmática e nuclear das proteínas de reparo do

DNA (XRCC1 e XPF). (Natal-RN, 2018)

Tabela 4 Distribuição absoluta e relativa dos casos de CE de língua oral de acordo

com a imunoexpressão de XRCC1 e XPF (nuclear) em relação aos

parâmetros clínicos e grau histopatológico de malignidade. (Natal-RN, 2018)

Tabela 5 Distribuição absoluta e relativa dos casos de CE de língua oral de acordo

com a imunoexpressão de XRCC1 e XPF (nuclear) em relação aos

parâmetros morfológicos analisados por Brandwein Gensler et al. (2005) e

Almangush et al. (2014). (Natal-RN, 2018)

Tabela 6 Distribuição absoluta e relativa dos casos de CE de lábio inferior de acordo

com a imunoexpressão de XRCC1 e XPF (nuclear) em relação aos

parâmetros clínicos e grau histopatológico de malignidade. (Natal-RN, 2018)

Tabela 7 Distribuição absoluta e relativa dos casos de CE de lábio inferior de acordo

com a imunoexpressão de XRCC1 e XPF (nuclear) em relação os parâmetros

morfológicos analisados por Brandwein Gensler et al. (2005) e Almangush et

al. (2014). (Natal-RN, 2018)

Tabela 8 Correlação de Spearman entre a imunoexpressão nuclear de XRCC1 e XPF

nos carcinomas epidermoides de língua oral e de lábio inferior. (Natal-RN,

2018)

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 25

2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................... 28

2.1 CARCINOMA EPIDERMOIDE DE LÍNGUA ORAL (CELO) E LÁBIO

INFERIOR (CELI) ............................................................................................................ 28

2.2 ESTADIAMENTO CLÍNICO E GRADAÇÃO HISTOPATOLÓGICA DE

MALIGNIDADE .............................................................................................................. 31

2.3 VIAS E PROTEÍNAS DE REPARO DO DNA .............................................. 37

3 PROPOSIÇÃO ............................................................................................................. 43

4 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................ 45

4.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS ........................................................................ 45

4.2 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO ............................................................ 45

4.3 POPULAÇÃO ................................................................................................. 45

4.4 AMOSTRA ..................................................................................................... 45

4.5 ESTUDO MORFOLÓGICO .......................................................................... 46

4.6 ESTUDO IMUNO-HISTOQUÍMICO 46

4.6.1 Análise do Padrão de Expressão Imuno-Histoquímica das

Proteínas XPF e XRCC1 ......................................................................... 48

4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA ............................................................................. 49

5 RESULTADOS ............................................................................................................ 51

5.1 ANÁLISES CLÍNICAS E MORFOLÓGICAS .............................................. 51

5.2 ANÁLISE IMUNO-HISTOQUÍMICA .......................................................... 58

5.2.1 Análise da proteína XPF ................................................................ 58

5.2.1.1 CELO ............................................................................................ 58

5.2.1.2 CELI .............................................................................................. 59

5.2.2 Análise da proteína XRCC1 ....................................................... 60

5.2.2.1 CELO ............................................................................................ 60

5.2.2.2 CELI .............................................................................................. 61

5.3 CORRELAÇÃO ENTRE A IMUNOEXPRESSÃO DE XRCC1 E XPF

NOS CELO E CELI .............................................................................................. 70

6 DISCUSSÃO ................................................................................................................ 72

7 CONCLUSÃO .............................................................................................................. 78

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 80

APÊNDICES E ANEXOS .............................................................................................. 85

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25

1 INTRODUÇÃO

O carcinoma epidermoide, também denominado de carcinoma de células escamosas

ou carcinoma espinocelular, é o tipo histológico de câncer que mais acomete a cavidade oral,

correspondendo a mais de 90% dos casos diagnosticados nessa região. A etiologia desta

neoplasia é multifatorial. Dentre os diversos fatores envolvidos na sua etiopatogênese, o

tabagismo é o fator causal mais importante. No entanto, outros fatores como o álcool, as

deficiências nutricionais, os vírus oncogênicos – como o papilomavírus humano (HPV) -

alterações genéticas e a exposição crônica aos raios solares, também são fatores envolvidos na

carcinogênese (AGUIAR et al., 2011; NEVILLE et al., 2016).

O carcinoma epidermoide oral (CEO) pode ocorrer em qualquer sítio da região oral,

sendo a língua oral o sítio anatômico mais acometido, correspondendo a mais de 50% das

lesões intra-orais. A região de borda lateral e a superfície ventral representam as localizações

de maior acometimento. Esta neoplasia é mais prevalente em homens ocorrendo com maior

incidência entre a sexta e sétima década de vida. Contudo, pesquisas tem mostrado um

aumento do número de casos de CEO em indivíduos do sexo feminino e em adultos jovens

sem qualquer relação ao uso do tabaco e do álcool. Quando comparado aos CEO de outras

localizações, o carcinoma epidermoide de língua oral (CELO) mostra um pior prognóstico

uma vez que apresenta taxas de sobrevida relativa de cinco anos entre 32 a 45% (GUEIROS

et al. 2011; BLANCHARD et al. 2016).

O carcinoma epidermoide de lábio inferior (CELI) ocorre comumente em pacientes do

sexo masculino, acima dos 50 anos, que se expõem continuamente aos raios ultravioleta

solares, e representa cerca de 30% das neoplasias localizadas na cavidade oral. A taxa de

sobrevida em cinco anos pode ser superior a 80% quando diagnosticado em estágios iniciais

(OZKUL et al 2016).

Sistemas de classificações do câncer foram elaborados com o intuito de planejar o

tratamento e estimar o prognóstico dos pacientes. Por muitos anos o sistema TNM tem sido

utilizado como parâmetro inicial para avaliar pacientes com CEO. Visando complementar as

informações clínicas, classificações histopatológicas desses tumores foram desenvolvidas

periodicamente para facilitar a classificação quanto á extensão da neoplasia, assim como

predizer o comportamento clinico do tumor e auxiliar no tratamento (LOURENÇO et al.

2007).

As alterações induzidas pelos agentes carcinogênicos promovem o acúmulo de

alterações genéticas que incluem as modificações nas funções normais de protooncogenes e

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genes supressores de tumor que afetam o ciclo celular, a imunidade, a diferenciação,

proliferação e morte celular, como também modificações na reparação gênica. (GOODE et al.

2002, FARNEBO et al. 2012). O sistema de reparo de danos ao DNA desempenha um papel

fundamental na proteção do genoma contra agentes endógenos e exógenos, evitando que

células alteradas pelos carcinógenos continuem o ciclo celular e se reproduzam de forma

inadequada (MAHJABEEN et al., 2014).

As proteínas relacionadas ao reparo de DNA desempenham papel em várias vias de

reparo do DNA e podem estar associadas ao prognóstico clínico dos pacientes. Estudos

indicam que as expressões dessas proteínas se apresentam desreguladas em diversos tipos de

cânceres, incluindo o CEO, associadas a um maior grau de malignidade, ocorrência de

metástases e menor sobrevida. As proteínas XRCC1 e XPF são algumas das proteínas

associadas e que atuam na via de reparo de danos ao DNA (ANG et al. 2011, VAEZI et al

2011, SANTANA et al. 2017).

A partir do exposto, o presente estudo teve o objetivo de investigar possíveis

associações das proteínas relacionadas ao reparo de danos ao DNA, XPF e XRCC1 com

parâmetros clínicos e histopatológicos em CELO e CELI, uma vez que comumente estes

tumores apresentam diferentes graus de agressividade em suas evoluções. Com os resultados

deste estudo, espera-se contribuir para a elucidação do papel destas proteínas, no

comportamento destes tumores.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 CARCINOMA EPIDERMOIDE DE LÍNGUA ORAL (CELO) E LÁBIO

INFERIOR (CELI)

No Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), foram estimados

para o ano de 2016 cerca de 15.490 casos novos de câncer de boca. Dentre os tipos

histológicos, o mais comum é o CEO e representa mais de 90% das neoplasias malignas da

cavidade oral. É considerado um problema de saúde pública, uma vez que apresenta uma alta

taxa de incidência e expressiva mortalidade (PETTI et. al. 2009; INCA, 2016).

O CEO ocorre principalmente na região de língua, podendo ocorrer em outros sítios

como assoalho bucal, mucosa jugal, lábio, gengiva e palato. Diferenças geográficas e os

aspectos culturais alteram a prevalência dos sítios anatômicos mais acometidos pela

neoplasia. Em países desenvolvidos, a língua, seguida da região de assoalho bucal é a

localização mais comum, no entanto, em regiões asiáticas, a mucosa jugal e a comissura labial

são os locais mais prevalentes, relacionado ao hábito de mascar tabaco. Em regiões tropicais,

ou em países onde a população apresenta ocupações que envolvam atividades ao ar livre o

local mais acometido é a região de lábio inferior, devido à exposição prolongada aos raios

solares ultravioletas (AL-JABER et. al. 2016).

A etiologia do CEO é multifatorial, os fatores envolvidos na etiopatogênese são

representados por fatores extrínsecos como o tabagismo, o etilismo, a exposição crônica aos

raios solares ultravioletas, infecções virais, dentre outros. Fatores intrínsecos caraterizados

pela desnutrição, as alterações imunológicas e nutricionais e o acúmulo de alterações

genéticas também devem ser consideradas (RIBEIRO et al. 2015).

O tabaco utilizado sob a forma de cigarros ou charutos, como também a noz de areca

em países asiáticos e do fumo de mascar em países ocidentais, é o fator etiológico mais

importante. As nitrosaminas específicas do tabaco, as espécies reativas de oxigênio (ROS) e

os alcaloides específicos da noz de areca, são compostos presentes que estão relacionados à

carcinogênese. A função do álcool na etiologia do câncer de boca está relacionada ao

sinergismo com o tabaco; o produto da degradação do etanol, o acetaldeído é um agente

carcinógeno conhecido, que irá agir como um solvente, atuando na solubilização e aumento

da penetração de produtos carcinogênicos como, os compostos do tabaco, no epitélio da

mucosa oral (MEHROTRA et. al.2006).

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Outro fator extrínseco que atua também na patogênese do câncer de boca, mais

especificamente no CELI, é a exposição à radiação ultravioleta dos raios solares (UV). A UV

está associada a diversos efeitos negativos na pele, incluindo a inflamação, o envelhecimento

precoce e o câncer de pele e de lábio. Dentro do espectro eletromagnético, a luz solar pode ser

subdividida em diferentes tipos com base em suas propriedades eletro-físicas (diferentes

comprimentos de onda), como a radiação UVA, UVB e UVC. A radiação é absorvida

conforme a intensidade do seu comprimento de onda e é suficiente para causar danos

biológicos na pele (D’ORAZIO et al. 2013).

As ondas de grandes comprimentos como UVA (λ = 320–400 nm) são predominantes

e representam cerca de 90 a 95% da radiação solar emitida, sendo absorvida pela derme, o que

promove a geração de espécies reativas de oxigênio (ROS) que podem danificar o DNA

através de reações fotossensibilizantes de forma indireta. As ROS são particularmente

prejudiciais, pois promovem reações em cadeia que danificam o DNA celular, através do

encurtamento e a deterioração dos telômeros, danos às mitocôndrias, degradação da

membrana citoplasmática e oxidação de proteínas estruturais e enzimáticas (BOSCH et.

al.2015). A UVB (280 nm – 320 nm) é um tipo intermediário de radiação (representa de 5% a

10% da radiação solar) e a epiderme a absorve quase completamente. Os danos ao DNA

podem ocasionar rearranjos moleculares e levar à formação de fotoprodutos específicos como

os dímeros de pirimidina gerando mutações no DNA, promovendo a carcinogênese.

(MATSUMURA; ANANTHASWAMY 2003, D’ORAZIO et al. 2013).

O CELI compreende cerca de 30% dos carcinomas em região oral, é mais comum em

homens acima dos 50 anos, de raça branca, geralmente fumantes e que se expõem ao sol de

forma frequente e prolongada. Essa neoplasia desenvolve-se usualmente a partir de uma lesão

potencialmente maligna e ocasionalmente de forma independente. Inicialmente, o CELI

apresenta evolução lenta, tardiamente pode apresentar metástases loco-regionais (região

submental e submandibular) e mais raramente invasão óssea e metástases à distância. Essa

neoplasia apresenta um prognóstico mais favorável, quando comparado ao CEO que se

desenvolve em outras localizações na região oral. Este fato justifica-se porque provavelmente

o lábio pode ser facilmente visualizado, e também porque as lesões apresentam menores

ocorrências de metástases. (HASSON et al, 2008; CIUREA et al. 2017).

A língua é a localização de maior acometimento do CEO, geralmente está associada a

indivíduos do sexo masculino, de idade avançada e fatores de risco como o tabaco, noz de

areca e o consumo de álcool estão envolvidos no desenvolvimento da neoplasia. No entanto,

alguns estudos têm relatado um aumento do número de casos de CELO em pacientes do sexo

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feminino e indivíduos jovens não expostos a agentes carcinogênicos como tabaco. Nestes

pacientes o prognóstico apresentava-se ainda mais desfavorável em relação ao perfil dos

indivíduos normalmente associados (NG et al., 2016).

O CEO possui uma apresentação clínica bastante diversa, podendo exibir coloração

leucoplásica, eritroplásica ou leucoeritroplásica, crescimento exofítico, verruciforme ou

papilar, além de ser geralmente assintomáticos e não sangrante. Pode apresentar-se também

com aumento de volume endurecido ou ulcerado, de aparência crostosa ou verruciforme,

podendo apresentar sangramento, estar associada a linfadenopatias cervicais e relatos de

dificuldade na fala, mastigação e deglutição. Histologicamente, o CEO é composto por ilhas,

ninhos e cordões de células epiteliais malignas que invadem o tecido conjuntivo adjacente. As

células tumorais apresentam citoplasma eosinofílico, hipercromatismo nuclear, perda da

relação núcleo-citoplasma e ceratinização intraepitelial (disceratose e pérolas de ceratina.) As

células malignas podem invadir estruturas nobres como tecido muscular esquelético, tecido

adiposo, tecido ósseo, feixes de fibras nervosas e vasos sanguíneos (REGEZI; SCIUBBA;

JORDAN, 2012; NEVILLE et. al. 2016).

A taxa de sobrevida do câncer de boca em cinco anos pode variar de 50% a 70%,

quando diagnosticado em estágios iniciais. Em relação aos pacientes com CELI a taxa de

sobrevida de cinco anos é de 83% em cinco anos, a metástase é uma ocorrência tardia, no

entanto cerca de 5% a 20% dos casos apresentam metástases em região linfonodal. Cerca de

30% dos pacientes com CELO apresentam metástases linfonodais no momento da avaliação

inicial. O prognostico de pacientes com CELO em fases iniciais é de aproximadamente 85%

em dois anos e diminui para cerca de 65 a 29% caso haja a constatação de metástases

cervicais (SANO; MYERS, 2007; HASSON, 2008, YANG, 2010; NEVILLE et al. 2016). De

acordo com Van Der Waal (2013) e Ciurea et al. (2017), a alta incidência de CEO na

população pode estar relacionada à detecção tardia da neoplasia, e apesar da região oral ser de

fácil visualização, as lesões potencialmente malignas, ou neoplasias em estágios iniciais são

negligenciadas tanto pelos pacientes quanto pelos profissionais da área odontológica. A

detecção do CEO é baseada no exame clínico especializado e pela análise histológica de áreas

suspeitas.

O tratamento do CEO inclui a cirurgia, radioterapia, quimioterapia e a combinação

dessas terapias, a depender do estadiamento da lesão. A cirurgia é o tratamento de escolha

para a maiorias dos carcinomas intraorais e de lábio. Quando não for possível realizar a

cirurgia, como nos casos de neoplasias avançadas, a radioterapia adjuvante à quimioterapia

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está indicada, assim como nos casos onde a doença apresenta recorrência ou metástases

(AGUIAR et. al. 2011).

2.2 ESTADIAMENTO CLÍNICO E GRADAÇÃO HISTOPATOLÓGICA DE

MALIGNIDADE

O estadiamento clínico é uma avaliação para classificar, descrever e categorizar as

neoplasias em tamanho, extensão e gravidade. Quantificar os tumores em estágios facilita no

planejamento do tratamento e na avaliação do prognóstico do paciente. O sistema de

estadiamento TNM é uma importante classificação utilizada para avaliar diferentes tumores

que se desenvolvem nas mais diversas localizações anatômicas nos seres humanos. A

primeira edição da classificação foi lançada em meados dos anos de 1960 pela União para o

Controle Internacional do Câncer (UICC) e desde então vem apresentando atualizações

periódicas. A classificação baseia-se no Tamanho do tumor primário –“T”, do Envolvimento

dos linfonodos regionais –“N” e de Metástases à distância – M, que juntos, são utilizados para

gradar a neoplasia em estágios ou graus de acordo com a gravidade (STRIEDER et. al.2016,

HUANG; O’SULLIVAN, 2017).

A oitava edição da Classificação TNM da UICC para o estadiamento de neoplasias de

cabeça e pescoço, apresentou mudanças, como alterações nas categorias N e T para o CEO e

carcinoma nasofaríngeo e a inclusão da categoria de carcinomas orofaríngeos relacionados ao

HPV. Para o CEO, a modificação na categoria T- Tamanho do tumor, foi complementada com

a adição da profundidade de invasão, essa mensuração está relacionada a proximidade das

estruturas linfáticas subjacentes ao tumor (HUANG; O’SULLIVAN, 2017).

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Quadro 1. Descrição do Sistema de estadiamento clínico e das categorias de estadiamento

para neoplasias malignas, proposto pela UICC – (Brierley; Gospodarowicz; Wittekind, 2016)

T Tamanho do tumor primário

TX Tumor primário não pode ser avaliado.

T0 Não há evidência de tumor primário.

Tis Somente carcinoma in situ no sítio primário

T1 Tumor com 2 cm ou menos em sua maior diâmetro

T2 Tumor maior que 2 cm e até 4 cm em seu diâmetro maior

T3 Tumor com mais de 4 cm em seu maior diametro

T4a Tumor que invade estruturas adjacentes: cortical óssea, nervo alveolar inferior,

assoalho da boca ou pele facial.

T4b Tumor que invade o espaço mastigador, lâminas pterigoides, base do crânio ou

artéria carótida interna.

N Envolvimento de Linfonodos Regionais

NX Linfonodos não puderam ou não foram avaliados

N0 Nenhuma metástase para linfonodos regionais

N1 Metástase em um único linfonodo homolateral, com 3 cm ou menos em sua

maior dimensão.

N2 Metástase em um único linfonodo ipsilateral, maior do que 3 cm, porém menor

do que 6 cm em seu maior diâmetro; múltiplos linfonodos ipsilaterais, nenhum

maior do que 6 cm em seu maior diâmetro; ou linfonodos bilaterais ou

contralaterais, nenhum maior do que 6 cm em seu maior diâmetro

N2a Metástase em um único linfonodo ipsilateral, maior do que 3 cm, porém menor

que 6 cm em seu maior diâmetro

N2b Metástase em linfonodos homolaterais múltiplos, nenhum deles com mais de 6

cm em sua maior dimensão

N2c Metástase em linfonodos bilaterais ou contralaterais, nenhum maior do que 6

cm em seu maior diâmetro

N3 Metástase em linfonodo com mais de 6 cm em sua maior dimensão.

M Metástase à distancia

MX Metástase à distância não pode ser avaliada ou informada

M0 Ausência de metástase à distância.

M1 Ocorrência de metástase à distância.

ESTÁGIO CLASSIFICAÇÃO PELO SISTEMA TNM

0 Tis N0 M0

I T1 N0 M0

II T2 N0 M0

III T1 ou T2 ou T3 N1 ou N0 M0

IVa T1, T2,T3, T4a N2 N0,N1,N2 M0

IVb Qualquer T ou T4b N3 ou Qualquer N M0

IVc Qualquer T Qualquer N M1

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A utilização do sistema de estadiamento clínico TNM do tumor é uma ferramenta

utilizada na avaliação do desenvolvimento das neoplasias, entretanto, alguns casos de CEO

gradados em estágios mais iniciais, apresentavam recorrências locais, disseminação linfonodal

loco-regional, metástases à distância e, em alguns casos, evolução para a morte do paciente.

Pesquisadores vêm associando aspectos microscópicos desta neoplasia com parâmetros

clínicos prognósticos do sistema TNM com o intuito de determinar o comportamento tumoral

de forma mais precisa e assim, estabelecer o tratamento mais adequado (LINDENBLAT et al.

2012; SAWAZAKI-CALONE et. al. 2015).

O primeiro método de gradação tumoral para o CEO foi proposto por Broders na

década de 1920, que considerava a diferenciação celular como prioridade, analisando os

critérios: grau de ceratinização celular, níveis de pleomorfismo celular e nuclear e a presença

de atividade mitótica. Essa gradação divide o CEO em quatro graus crescentes de

diferenciação: os tumores com estágios I e II apresentavam uma probabilidade baixa para

recorrência e metástase, enquanto os tumores de estágio III e IV, classificados como tumores

avançados, apresentavam uma probabilidade maior em apresentar recorrências e metástases.

Após a primeira gradação histopatológica, outros autores contribuíram para melhorar o estudo

microscópio do CEO, como Anneroth e Hansen (1984), que além da avaliação das células

tumorais, analisaram também o comportamento tumoral e a resposta do hospedeiro. Desse

modo, foram incluídos além das características morfológicas das células tumorais, a resposta

inflamatória, o modo e o estágio de invasão do tumor como parâmetros a serem avaliados,

essa gradação é denominada de multifatorial; contudo uma limitação para essa gradação

consiste na avaliação do tumor a partir de ressecções cirúrgicas (LOURENÇO et al. 2007;

LINDENBLATT et al. 2012).

Bryne et al. em 1989 desenvolveram um novo sistema de gradação do CEO, baseada

na avaliação das margens invasivas mais profundas do tumor – o front de invasão – que

representa áreas mais anaplásicas do tumor. Em 1992, este sistema foi atualizado e foram

adicionados escores de 1 a 4 para cada parâmetro a ser avaliado (grau de ceratinização,

pleomorfismo nuclear, padrão de invasão e o infiltrado linfoplasmocitário) e removeram o

parâmetro contagem de figuras de mitoses. Assim, a pontuação final atribuída indicava se o

tumor tinha um bom prognóstico ou não. Neste caso, os tumores com pontuação total de 4 a 8

são definidos como de baixo grau e superior a 8 como de alto grau de malignidade. Esse

sistema de gradação foi utilizado tanto para determinar o tratamento como o prognóstico,

apresentando resultados satisfatórios quando utilizados pelos profissionais.

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Quadro 2. Sistema de gradação do CEO proposto por Bryne (1992)

ESCORES DE MALIGNIDADE - PONTUAÇÃO

DESCRIÇÃO 1 2 3 4

Grau de

ceratinização

Altamente

ceratinizado

(>50%das células)

Moderadamente

ceratinizado (20

a 50% das

células)

Pouca/Mínima

ceratinização

(5-20% das

células)

Nenhuma

ceratinização (0-

5% das células)

Pleomorfismo

nuclear

Pouco

pleomorfismo

(>75% de células

maduras)

Moderado

pleomorfismo

(50-75% de

células

maduras)

Pleomorfismo

intenso (25-

50% de células

maduras)

Pleomorfismo

extremo (0-25%

de células

maduras)

Padrão de invasão Bordas infiltrativas

bem delimitadas

Cordões, bandas

e/ou fios,

trabéculas

sólidas

infiltrativas

Pequenos

grupos ou

cordões de

células

infiltrativas

(n>15)

Dissociação

celular marcante

e disseminada

em pequenos

grupos e/ou

células

individuais

(n<15)

Infiltrado

Linfoplasmocitário

Intenso Moderado Pouco/Escasso Ausente

O modelo proposto por Brandwein-Gensler et.al. (2005) avaliou espécimes de

ressecções cirúrgicas em um total de 292 pacientes. A maioria dos carcinomas localizavam-se

na região de borda lateral e assoalho de língua e nessa classificação foram elencados três

padrões histopatológicos: pior padrão de invasão, invasão perineural e infiltrado linfocítico do

hospedeiro. Foram atribuídos escores para cada parâmetro da gradação e o somatório final

mostrava o risco (baixo, intermediário e alto) para o desenvolvimento de recorrência e a

sobrevida global do paciente. Os escores elencados para a variável pior padrão de invasão

foram baseados na gradação de Bryne et al (1992). O padrão de numeração 5 foi adicionado

ao sistema e corresponde a um pior padrão de invasão, onde se observa ilhas tumorais

dispersas distante a 1mm do tumor.

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Quadro 3. Sistema de Avaliação Histopatológica de Risco proposto por Brandwein-Gensler

et al. (2005)

VARIAÇÃO

HISTOPATOLÓGICA

ATRIBUIÇÃO DE PONTOS PARA AVALIAÇÃO DE RISCO

0 1 3

Invasão Perineural 0 - Sem Invasão 1- Invasão em

nervos pequenos

(<1mm)

3 - Invasão em

grandes nervos

(>1mm)

Infiltrado Inflamatório

Linfocítico

0 - Contínuo e em banda 1- Grandes

Agregados ou

placas

descontínuas

3- Pouco ou

Nenhum Infiltrado

Pior padrão de Invasão Padrão compressivo em

bordas delimitadas.

Organização em cordões

trabéculas solidas

infiltrativas, projeções

digitiformes

Grandes ilhas ou

cordões com mais de 15

células

Pequenas ilhas

tumorais com

menos de 15

células cada, e

células em

dissociação

Ilhas satélites com

menos de 1mm de

distancia do front

de invasão,

observa infiltração

tumoral dispersa

Escore de risco

(Somatório)

Risco de recorrência

local

Probabilidade de

Sobrevida total

Indicação para

radioterapia

adjuvante

0 Baixo Boa Não

1 ou 2 Intermediário Intermediária Não

3 a 9 Alto Pobre Sim

A gradação da Organização Mundial da Saúde foi baseada no sistema de Broders

(1920) e é caracterizada pela diferenciação celular do CEO, o sistema leva em conta o grau de

ceratinização, níveis de pleomorfismo celular e nuclear e a presença da atividade mitótica.

Apresenta três categorias: neoplasia bem, moderadamente e mal diferenciadas. As neoplasias

bem diferenciadas apresentavam um epitélio característico ao padrão normal do epitélio

escamoso oral, os moderadamente diferenciados, apresentam pouca ceratinização, mas ainda

mantinham um fenótipo epitelial. Os tumores mal diferenciados apresentavam o predomínio

de células imaturas, mitoses típicas e atípicas, caracterizando um pleomorfismo exacerbado, e

nenhuma ceratinização dificultando determinar o tecido de origem (BARNES et al. 2005).

O modelo de gradação de Almangush et al. (2014) apresenta o sistema baseado na

caracterização e formação de brotamentos de células tumorais (tumor budding) e na invasão

tumoral medida em milímetros “depth of tumor invasion” denominado de Modelo BD. Nesse

modelo de gradação, são estabelecidos escores (0,1,2) que irão avaliar o risco de recorrência

locorregional e sobrevida dos pacientes. Carcinomas menores que quatro milímetros de

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profundidade de invasão e apresentando menos do que cinco brotamentos “buds” tumorais

apresentavam melhor prognóstico (escore 0) comparado a tumores com maior profundidade

de invasão (> 4mm) e com numerosos brotamentos tumorais (>5 buds) representam alto risco,

como visto no quadro 4.

Quadro 4. Apresentação dos parâmetros histopatológicos recomendado por Almangush et al.

(2014). Análise morfológica de modelo BD (B- tumor budding; D-depth of invasion)

PARÂMETRO

ESCORE 0

VALOR

ESCORE 1

ESCORE 2

Profundidade de

Invasão

Tumor menor do que

4mm de profundidade

de invasão

Profundidade

menor ou igual a

4mm de invasão

OU

Tumor com mais do que 4mm

de profundidade de invasão

Brotamentos do

Tumor (Tumour

Budding)

Menos do que 5

brotamentos tumorais

(buds) no front de

invasão

Presença de até 5

brotamentos

tumorais (buds)

no front de

invasão

Maior presença de brotamentos

tumorais (≥5 buds tumorais)

ESCORE 0 1 2

Lesão de baixo risco Lesão de risco

intermediário

Lesão de alto risco de

recorrência loco-regional e

baixa sobrevida

Recentemente, Boxberg et al (2017) apresentaram um novo sistema de gradação para

o CEO que tem como referência o modelo de sistema de gradação validado para carcinoma de

células escamosas de pulmão proposto por Weichert et. al. (2016). Esse sistema é baseado no

padrão arquitetural das células tumorais, como o tamanho dos ninhos celulares e a atividade

dos brotamentos tumorais. Além disso, a quantidade de estroma presente, atividade mitótica e

tamanho do núcleo celular também foram avaliados. A alta atividade dos brotamentos

tumorais e ninhos tumorais com o menor números de células indicariam uma pior sobrevida

global do paciente. O propósito desta gradação representaria importância considerável para o

prognóstico do paciente.

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Quadro 5: Sistema de gradação proposto por Boxberg et al. (2017)

GRADAÇÃO - CARCINOMA EPIDERMOIDE DE CABEÇA E PESCOÇO

PARÂMETRO DESCRIÇÃO

ATIVIDADE DOS BROTAMENTOS TUMORAIS (10 campos de grande aumento)

Sem brotamento

Menos do que 15 focos de brotamentos

Maior ou igual a 15 focos de brotamentos

1

2

3

MENOR TAMANHO DE NINHO DE CÉLULAS DENTRO DA

REGIÃO CENTRAL DO TUMOR

Mais do que 15 células 1

Entre 5 a 15 células 2

Entre 2 a 4 células 3

Invasão em células isoladas 4

GRADAÇÃO DO TUMOR TOTAL

Bem diferenciado 2 a 3

Moderadamente diferenciado 4 a 6

Pobremente diferenciado 7

Mesmo com os avanços no estudo e classificação dos tumores malignos através dos

aspectos morfológicos, os resultados ainda mostram dados conflitantes. Nos estudos

publicados por Lindenblatt et al. (2012) e Sawazaki-Calone et al. (2015), os autores

concluíram em suas pesquisas que não havia associação significativa entre o modelo de

gradação de Bryne (1998) com a evolução e sobrevida dos pacientes. Dessa forma, novas

técnicas no âmbito laboratorial vêm sendo trabalhadas e elaboradas, com o intuito de

estabelecer e estipular um comportamento biológico tumoral mais preciso.

Novas pesquisas utilizam proteínas, denominadas de marcadores biomoleculares que

podem estar associadas à tumorigênese, destacando-se dentre estes, as proteínas associadas ao

reparo do DNA.

2.3 VIAS E PROTEÍNAS DE REPARO DO DNA

Agentes mutagênicos, endógenos ou exógenos que possam danificar o DNA, podem

induzir à célula erros irreparáveis, resultando na apoptose celular ou crescimento desregulado.

Os danos ocasionados ao DNA celular por estes agentes podem resultar em diferentes

respostas, como a ativação de mecanismos de morte celular programada, outros impedem a

replicação de células danificadas geneticamente ou que promovem o reparo direto do DNA. O

restabelecimento celular é realizado por numerosas moléculas do sistema de reparo do DNA,

a partir de vias complexas para manutenção da integridade genômica e prevenção da

carcinogênese. As proteínas de reparo do DNA apresentam um importante papel na

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manutenção e estabilidade do genoma e podem estar relacionadas com a tumorigênese

(GOODE et. al. 2002; FARNEBO et al, 2012).

Existem pelo menos quatro vias principais de reparo do DNA que trabalham em genes

danificados e cada uma dessas vias envolvem numerosas moléculas: (1) via de reparo de

excisão de nucleotídeos (NER - nucleotide excision repair), (2) a via de reparo por excisão de

base (BER - base excision repair), (3) via de reparo de mal emparelhamento (MMR -

mismatch repair) e (4) via de reparo de quebra de fita-dupla (DSB- double-strand breaks),

sendo esta última, a forma mais severa de dano ao gene (JENKINS et al. 2013).

A via de reparação por excisão de nucleotídeos (NER) é responsável pelo reparo de

danos ocasionados pelos agentes carcinogênicos externos mais intensos como a radiação

ultravioleta e os compostos do tabaco. Atua através de etapas sucessivas: a exposição aos

raios UV promove a quebra das ligações entre as pirimidinas e as purinas, ocasionando dobras

na cadeia, dessa maneira ocorre o reconhecimento de danos ao DNA por um complexo de

proteínas (XPA, XPC-HR2B3 e RPA), recrutamento de um fator de transcrição (TFIIH) e

incorporação de duas helicases (XPD e XPB) que promovem a abertura da dupla-hélice no

local da lesão. A cadeia de nucleotídeos é removida por outras proteínas como a XPG na

região 3’ e pelo complexo de proteínas (XPF-ERCC1) na região 5’, a lacuna formada é

preenchida com uma nova cadeia de nucleotídeos por um complexo de polimerases,

resultando no reestabelecimento do DNA.

As moléculas presentes nessa via que cooperam nesse processo a ERCC1 e XPF,

formando um complexo de endonuclease e desempenham um papel essencial nas etapas finais

do processo de reparação da via. Estudos desses genes estão associados a neoplasias malignas

do pulmão e da região de cabeça e pescoço, dando evidência ao aumento da expressão do

XPF em neoplasias que apresentaram metástases (SCHENA et al. 2012, JENKINS et al.

2013).

Como mencionado, a via NER remove os danos ao DNA induzidos pela radiação UV

e também por modificações causadas na dupla hélice ocasionada por substâncias químicas

carcinogênicas. A via apresenta o gene XPF (também denominado de gene ERCC4) que atua

no reparo do genoma. Inicialmente, o gene foi identificado em pacientes com xeroderma

pigmentoso (XP), essa doença sistêmica é ocasionada por alterações genéticas e é subdividida

em grupos com base nas diferentes mutações nos genes envolvidos no reparo de DNA (XPA,

ERCC3 ou XPB, XPC, ERCC2 ou XPD, DDB2, XPF e ERCC5 ou XPG), desse modo, a

doença é dividida em subgrupos com base no gene associado: XPA a XPG. Nesses pacientes

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ocorre uma alta sensibilidade à radiação solar e aumento da propensão em desenvolver

carcinoma de pele (TIAN et al. 2004, JAGDIS et al 2012).

O papel da proteína XPF nas neoplasias de cabeça e pescoço vem sendo analisado em

algumas pesquisas. Vaezi et al (2011) estudaram a imunoexpressão dessa proteína em 80

pacientes diagnosticados com carcinoma epidermoide de cabeça e pescoço em diferentes

níveis de estadiamento TNM e submetidos ao tratamento por meio da radioterapia e

quimioterapia, a pesquisa tinha o propósito de avaliar se a expressão da XPF tinha associação

à resposta clínica aos tratamentos, pois dessa maneira a radiação e os quimioterápicos

estariam promovendo também danos ao DNA. Os autores concluíram que a expressão do XPF

foi maior em carcinoma da cavidade oral, comparado a outras localidades, como na faringe e

orofaringe, sugerindo que a alta expressão dessa proteína em CEO poderia ser justificada pelo

fato de grande parte dos CEO serem tratados por cirurgia, reservando o tratamento adjuvante

por quimioterapia e radioterapia. No entanto, os casos que apresentaram baixa expressão de

XPF tiveram um melhor desfecho. Logo, a utilização da proteína XPF como biomarcador do

câncer poderia estar relacionado a um desfecho clínico favorável ao paciente.

No estudo publicado por Jagdis et al. (2013) foi analisada a expressão nuclear da XPF

em carcinoma epidermoide do trato respiratório superior, mais precisamente em carcinomas

de nasofaringe, e os resultados mostraram uma baixa expressão dessa proteína e não foi

possível correlacionar a sua expressão com o tempo de desenvolvimento de recorrência

locorregional, o tempo de sobrevida livre de doença e tempo de sobrevida global.

Köberle et al. (2010) analisaram a expressão da proteína XPF em linhagens celulares

de CEO e carcinoma embrionário testicular em estágios mais avançados os quais

apresentavam resistência à cisplatina. Os resultados mostraram uma significativa expressão da

proteína de reparo XPF em CEO quando comparada ao carcinoma embrionário testicular,

indicando uma possível resistência ao tratamento quimioterápico nesses tumores metastáticos.

Desse modo, os autores concluíram que a XPF poderia ser utilizada com um marcador de

resistência ao tratamento do CEO utilizando a cisplatina.

A via de reparo por excisão de bases (BER), apresenta proteção contra agentes e

fatores endógenos menos intensos que podem promover danos ao DNA, como as ROS. Nesta

via, as bases danificadas do DNA são removidas por DNA glicosilases específicas de cada

base correspondente, os sítios que não apresentam mais as bases são restaurados pela ação das

AP endonucleases (proteína APE1) formando uma lacuna. Posteriormente, esta lacuna é

preenchida pelas DNA polimerases, com o auxílio de proteínas como a Ligase III e a XRCC1

e assim, ocorre a ligação de novos nucleotídeos na sequência do DNA anteriormente

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lesionado. A XRCC1 atua em conjunto com as DNA polimerases para reparar as rupturas das

cadeias de DNA, essa proteína é codificada pelo gene de mesmo nome, está envolvida no

reparo do DNA a partir de danos em suas bases provocados por radiações ionizantes, danos

oxidativos, e de ação direta de duas ou mais moléculas diferentes (adutos) que alteram a

integridade celular. (FARNEBO et al, 2012 LONDON, 2015).

A perda de XRCC1 está associada com a diminuição da estabilidade genética,

promovendo o aumento da frequência de translocações e deleções cromossômicas, resultando

em uma instabilidade genética favorável à carcinogênese. Alguns estudos indicam que

superexpressão da XRCC1 está associada a resistência das neoplasias à radioterapia,

principalmente em carcinomas de ovário, estômago e pulmão. A alta expressão desta proteína

estaria ligada a um pobre prognóstico dos pacientes (GOODE et. al. 2002, FARNEBO et al,

2012).

Quanto a sua função nas neoplasias de cabeça e pescoço, estudos indicam que a alta

expressão de XRCC1 indica um prognóstico satisfatório ao paciente. No estudo de Mahjabeen

et al. (2014) a partir de 50 casos de carcinoma epidermoide de cabeça e pescoço identificou

uma subregulação dessa proteína em pacientes que apresentavam carcinomas pobremente

diferenciados e alta expressão em carcinomas em estágios iniciais (estágio I e II) e que não

apresentavam metástases, indicando que a desregulação da proteína estaria relacionada à

progressão dos tumores de cabeça e pescoço.

Santana et al (2017) avaliaram a expressão de XRCC1 em 82 casos de CELO onde

observaram uma alta expressão na região de núcleo celular na maioria dos casos de carcinoma

em estágios iniciais (estágios I e II). Neste estudo, os autores concluíram que a alta expressão

de XRCC1 em CELI estava associado a tumores que apresentavam um melhor estadiamento

clínico.

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Figura 1 – Esquema das vias de reparo por excisão de bases (BER) e por excisão de

nucleotídeos (NER) (Adaptado de: MLADENOV; ILIAKIS, 2011)

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3 PROPOSIÇÃO

O presente estudo teve como propósito avaliar a expressão imuno-histoquímica das

proteínas relacionadas aos genes de reparo do DNA XPF e XRCC1 em carcinoma

epidermoide de língua oral e de lábio inferior, correlacionando a expressão das mesmas com

as características clínicas e histopatológicas dos casos analisados, a fim de contribuir para

melhor entendimento do papel das proteínas citadas no comportamento tumoral.

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4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

Para a realização do estudo, este projeto foi cadastrado na Comissão Nacional de Ética

em Pesquisa (CONEP), através da Base de Registros de Pesquisas envolvendo Seres

Humanos (Plataforma Brasil) e submetido à análise de seu conteúdo pelo Comitê de Ética em

Pesquisa (CEP) da UFRN, de acordo com a resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de

Saúde (CNS). O projeto foi analisado e aceito mediante o parecer de aprovação de número:

2.332.567.

4.2 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO

O presente trabalho consistiu em um estudo de caráter observacional, analítico e com

corte transversal através da análise comparativa das características clínicas, histopatológicas e

imuno-histoquímicas das proteínas XPF e XRCC1, em CELO e CELI

4.3 POPULAÇÃO

A população deste estudo correspondeu aos casos de CELO e CELI diagnosticados

entre 2000 e 2012 no Serviço de Anatomia Patológica da Disciplina de Patologia Oral do

Departamento de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

4.4 AMOSTRA

A seleção da amostra foi obtida por conveniência, compreendendo os casos de CELO

e CELI que se adequaram aos critérios de inclusão e exclusão abaixo descritos.

Para a realização desta pesquisa foram incluídos os casos que apresentaram no mínimo

05 anos de acompanhamento e continham em suas fichas clínicas todos os dados necessários

para a realização do estudo. Foram selecionados os casos que continham quantidade de

material tecidual suficiente para se obter a análise histopatológica e marcação imuno-

histoquímica e armazenados em condições adequadas.

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Não foram incluídos no estudo, casos de carcinoma epidermoide localizados em base

de língua (terço posterior), localização pertencente à região de orofaringe. Assim como, casos

de carcinoma epidermoide de lábio associados a doenças/ alterações genéticas e

dermatológicas.

Dessa forma, foram selecionados 40 casos de CELI e 40 casos de CELO para o

presente estudo. Dos prontuários dos pacientes, foram coletados dados referentes às

informações clínicas como ao sexo e idade dos pacientes, exposição solar, hábito de fumar e

consumo de álcool, tamanho do tumor, metástase, recidiva e desfecho. Os dados coletados

foram anotados em fichas individuais (Apêndice A) para posterior análise comparativa.

A análise do estadiamento clínico realizada foi de acordo com os parâmetros utilizados

e descritos pela UICC- Union For International Cancer Control (2016) para classificação de

tumores malignos descritos no Quadro 1.

4.5 ESTUDO MORFOLÓGICO

Para realizar o estudo morfológico, foram examinadas lâminas contendo cortes dos

espécimes de 5μm de espessura, corados pela técnica de Hematoxilina e Eosina, para análise

descritiva das características histopatológicas. As lâminas foram escaneadas com o auxílio do

equipamento Scanner Panoramic MIDI (3DHISTECH Kft.29-33, Konkoly-Thege M. str.

Budapest, Hungary, H-1121). As imagens foram analisadas através do programa de

visualização Panoramic Viewer 1.15.2 (3DHISTECH Kft. 29-33, Konkoly-Thege M. str.

Budapest, Hungary, H-1121) e dois examinadores previamente calibrados realizaram a análise

da gradação histopatológica de malignidade dos espécimes, no front de invasão tumoral, de

acordo com o sistema proposto por Brandwein-Gensler et al. (2005), e pelo sistema de

Almangush et al. (2014), descritos nos quadros 3 e 4 respectivamente antes mencionados. Os

casos foram, então, agrupados levando-se em consideração os graus de malignidade ou de

risco estabelecido por cada sistema utilizado.

4.6 ESTUDO IMUNO-HISTOQUÍMICO

Os espécimes que constituíram as amostras do estudo foram submetidos a cortes

histológicos de 3 μm e estendidos em lâminas histológicas submetidas previamente ao

adesivo à base de Organosilano (3-aminopropyltrietoxy-silane, Sigma Chemical CO, St

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Louis, MO, USA). Posteriormente foram corados pela técnica de imunoperoxidase, utilizando

os anticorpos primários Anti-XPF e Anti-XRCC1, e a diaminobenzidina como cromógeno. A

técnica utilizada seguiu o protocolo definido pelo laboratório de imuno-histoquímica do

Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral da UFRN (PPgPO), conforme consta abaixo.

O controle positivo e negativo foi de acordo com a especificação do fabricante. O quadro 6

mostra as especificações dos anticorpos utilizados.

Quadro 6. Especificidade, clone, fabricante, diluição, recuperação antigênica e tempo de

incubação dos anticorpos primários.

Especificidade Clone Fabricante Diluição Recuperação Antigênica Incubação

Anti-XPF 219 Lab Vision 1:800 Trilogy, Pascal 121º C, 30

minutos

Overnight

Anti-XRCC1 33-2-5 Lab Vision 1:2000 Trilogy, Pascal 121º C, 30

minutos

Overnight

Para as etapas de desparafinização, reidratação e recuperação antigênica, os cortes

foram submetidos à solução de Trilogy 1:100 em agua destilada em panela Pascal por

10 minutos, seguindo para a lavagem em água corrente e duas passagens em água

destilada;

Incubação dos cortes, por um período de 15 minutos cada, em solução de peróxido de

hidrogênio 10 volumes, em temperatura ambiente (TA) para bloqueio da peroxidase

endógena. Após essa etapa os cortes seguiram para a lavagem em água corrente por 10

minutos e 2 passagens em água destilada;

Os cortes foram incubados em proteína Block por 5 minutos, seguido por duas

passagens em solução de Tween 20 a 1% em TRIS-HCl (tris-hidroximetil-

aminometano, Sigma Chemical Co., St. Louis, MO, USA), pH 7,4 com duas trocas de

5 minutos, com o intuito de realizar o bloqueio das ligações inespecíficas:

Os cortes foram incubados com os anticorpos primários (Quadro 6 ) diluídos em

solução diluente Diamond (Cell Marque; Rocklin CA, USA); Após a incubação dos

anticorpos primários, as amostras foram incubadas posteriormente no sistema de

visualização AdvanceTM (Dako North America Inc., Capinteria, CA, USA), sendo o

primeiro reagente o HRP Link e o segundo, o HRP Enzyme, ambos por 30 minutos

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(TA), intercalados por lavagens duplas em TRIS-Tween 20 pH 7,4 por 5 minutos

cada;

Realizou-se a aplicação do agente cromógeno diaminobenzidina (Liquid DAB +

Substrato, Dako North America, Carpinteria, CA, USA), durante 7 minutos – TA,

passando por água destilada, contra coloração com hematoxilina de Harris (5

minutos), lavagem em água corrente (5 minutos) e água destilada com duas trocas (5

minutos);

Lavagem em água corrente – 5 minutos e duas passagens em água destilada; o

processo foi finalizado com a desidratação, diafanização e montagem da lâmina. A

desidratação foi realizada em cadeia ascendente de etanóis: Álcool etílico 80°GL (2

minutos) TA; álcool etílico 95°GL (2 minutos) TA; álcool etílico absoluto I (5

minutos) TA; álcool etílico absoluto II (5 minutos) TA; álcool etílico absoluto III (5

minutos) TA; Diafanização em dois banhos de xilol: xilol 1 (2 minutos) e xilol 2 (2

minutos); e, por fim, foi realizada a montagem da lamínula em resina Permount ®

(Fischer Scientific, Fair Lawn, NJ, USA).

4.6.1 Análise do Padrão de Expressão Imuno-Histoquímica das Proteínas

XPF e XRCC1

As lâminas do estudo imuno-histoquímico foram escaneadas com auxílio do

equipamento Scanner Panoramic MIDI (3DHISTECH Kft. 29-33, Konkoly-Thege M. str.

Budapest, Hungary, H-1121) e obtidas fotomicrografias dos campos de interesse para o

estudo. Foram consideradas positivas as células que exibiram coloração acastanhada no

núcleo e citoplasma, independente da intensidade. Posteriormente, a análise foi realizada por

um examinador sem acesso aos dados clínicos dos casos e sendo descrito o padrão da reação

nas células imunomarcadas, tanto de forma individual (núcleo e citoplasma), como em relação

aos arranjos arquiteturais do tumor.

Para a análise semiquantitativa da imunoexpressão das proteínas XPF e XRCC1 foram

analisadas células neoplásicas do front tumoral de CEO de língua oral e lábio inferior.

Inicialmente, a imunorreatividade foi quantificada para núcleo e citoplasma, separadamente

segundo categorias propostas por Huang et al. (2013): 0 - até 10%´de células positivas; 1 de

11% a 50% de células positivas; 2 - > 50% de células positivas. Posteriomente para análise

estatística os casos foram estratificados em baixa e alta expressão celular, de acordo com o

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seguinte critério: baixo (até 50% de células positivas) e alto (>50% de células) como proposto

por Seiwert et al., (2014).

4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os resultados obtidos com os estudos clínicos, morfológicos e imuno-histoquímico

foram submetidos à análise estatística com o auxílio do programa Statistical Package for the

Social Sciences (versão 20.0; SPSS Inc., Chicago, IL, USA). A princípio, foi realizada análise

descritiva dos dados e, em seguida, os testes estatísticos foram aplicados.

Possíveis associações da imunoexpressão de XPF e XRCC1 nos CEOs de língua oral

e lábio inferior com os parâmetros clínicos e o grau histopatológico de malignidade

determinado pelos sistemas de gradação histopatológica de malignidade - Brandwein Gensler

et al., (2005) e Almangush et al., (2014) - avaliadas por meio do Qui-quadrado, ou quando

aplicável, o teste exato de Fisher.

Os dados obtidos com os escores da imunoexpressão de XPF e XRCC1 nos CEOs

foram submetidos à análise de distribuição, por meio do teste de Kolmogorov-Smirnov, o

qual revelou ausência de distribuição normal. Dessa forma, para determinar possíveis

correlações entre os escores de imunoexpressão dessas proteínas nos CEOs de língua oral e de

lábio inferior, foi utilizado o teste de correlação de Spearman.

Para todos os testes estatísticos utilizados no presente estudo, foi considerado um nível

de significância de 5% (p < 0,05).

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5 RESULTADOS

5.1 ANÁLISES CLÍNICAS E MORFOLÓGICAS

Foram analisados pelo estudo, 80 casos de carcinoma epidermoide oral sendo

distribuídos igualmente entre carcinoma epidermoide de lábio inferior (CELI) e carcinoma

epidermoide de língua oral (CELO). A Tabela 1 exibe os números absolutos e relativos dos

dados clínicos e demográficos do estudo. Do total da amostra, os pacientes do sexo masculino

somaram 57 (67,5% da amostra de CELO e 75% da amostra de CELI) e 23 (32,5% de CELO

e 25% da amostra de CELI) eram do sexo feminino.

Quanto à idade, a média de ambos os casos foi de 60,5 anos. A idade nos pacientes

com CELO variou de 25 a 89, enquanto os pacientes com CELI a idade variou de 32 a 92

anos. Foram avaliados, também, fatores associados à carcinogênese como o uso do tabaco,

álcool e exposição solar. Em pacientes com CELO, 55% (n =22) eram etilistas e 72,5% (n=

29) tabagistas; entre os pacientes com CELI, 77,5% (n= 31) eram tabagistas, 30% etilistas e

82,5% tinham histórico de exposição crônica aos raios solares.

A análise do estadiamento clínico TNM em ambos os carcinomas foi realizada da

seguinte forma: nos casos de CELO, o estádio III correspondeu a mais de 42% da amostra, e

nos casos de CELI, o estádio II foi o mais predominante em 55% da amostra. Nenhuma

metástase à distância foi relatada nos pacientes diagnosticados com CELO, no entanto, dois

casos de metástases foram relatados em pacientes com CELI. Ao avaliar a presença de

recidiva local ao longo do acompanhamento, em 10% dos casos de CELI foi observada

recidiva local e nos casos de CELO a recidiva local foi ausente na maioria dos casos,

totalizando 75%.

O tratamento de escolha para a maioria dos casos de CELO foi a associação das três

modalidades (excisão cirúrgica, radioterapia e quimioterapia) correspondendo a 42,5%,

seguido da ressecção cirúrgica associada ao esvaziamento cervical (37,5%). Com relação aos

pacientes com CELI, a ressecção cirúrgica (50%), como também em associação ao

esvaziamento cervical (20%) foram os tratamentos de escolha para a maioria dos casos.

O desfecho clínico do paciente também foi avaliado, sendo constatado que mais da

metade dos pacientes com CELO (65% dos casos) apresentou remissão da doença. Para os

pacientes com CELI, foi observada remissão em 90% dos casos. Observa-se ainda, maior

quantidade de pacientes com CELO que vieram a óbito (35%) do que os pacientes com CELI

(10%).

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Tabela 1. Distribuição absoluta e relativa dos casos de CE de língua oral e de lábio inferior de

acordo com parâmetros clínicos e demográficos. (Natal-RN, 2018)

Parâmetros Localização

Língua oral (n = 40) Lábio inferior (n = 40) n (%) n (%)

Sexo

Masculino 27 (67,5) 30 (75,0) Feminino 13 (32,5) 10 (25,0) Idade 60,55 ±13,95

Tabagismo

Sim 29 (72,5) 31 (77,5) Não 7 (17,5) 1 (2,5) Não informado 4 (10,0) 8 (20,0) Etilismo

Sim 22 (55,0) 12 (30,0) Não 18 (45,0) 7 (17,5) Não informado - 21 (52,5) Exposição solar

Sim - 33 (82,5) Não - 0 (0,0) Não informado - 7 (17,5) Tamanho do tumor

T1 9 (22,5) 8 (20,0) T2 16 (40,0) 28 (70,0) T3 12 (30,0) 2 (5,0) T4 3 (7,5) 2 (5,0) Metástase linfonodal

Ausente 23 (57,5) 30 (75,0) N1 8 (20,0) 7 (17,5) N2 9 (22,5) 1 (2,5) N3 0 (0,0) 2 (5,0) Metástase à distância

Ausente 40 (100,0) 38 (95,0) Presente 0 (0,0) 2 (5,0) Estádio clínico

Estádio I 7 (17,5) 4 (10,0) Estádio II 8 (20,0) 22 (55,0) Estádio III 17 (42,5) 8 (20,0) Estádio IV 8 (20,0) 6 (15,0) Tratamento

RC 8 (20,0) 20 (50,0) RC + EC 15 (37,5) 8 (20,0) RC + RT ou EC + QT 0 (0,0) 2 (5,0) RC + RT + EC 0 (0,0) 4 (10,0) EC + RT + QT 17 (42,5) 0 (0,0) Não informado 0 (0,0) 6 (15,0) Recidiva local

Ausente 30 (75,0) 36 (90,0)

Presente 10 (25,0) 4 (10,0) Desfecho clínico

Remissão 26 (65,0) 36 (90,0) Óbito 14 (35,0) 4 (10,0) Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN. Legenda: RC Ressecção Cirúrgica; EC

Esvaziamento Cervical; QT Quimioterapia; RT Radioterapia

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A Tabela 2 apresenta os dados referentes às gradações histopatológicas de

malignidade. Com relação aos casos de CELO analisados pelo método de Brandwein-Gensler

et al. (2005), o parâmetro pior padrão de invasão do tipo 4 foi observado em 77,5% dos casos

e em 55% dos casos de CELI. O infiltrado inflamatório mostrou-se de forma contínua e em

banda (tipo 1) em 60% (n=24) dos casos de CELO e em 57,5% nos casos de CELI. Quanto ao

estudo do parâmetro invasão perineural, a invasão em pequenos nervos foi observada em 65%

dos casos de CELO. Para os casos de CELI a ausência de invasão perineural foi observada em

82,5% dos casos. Ao realizar a gradação para obter o escore de risco histopatológico, foi

observado que 55% dos casos de CELI, e 55% dos casos de CELO correspondiam ao grupo

de carcinomas de risco intermediário, enquanto que 35% dos casos de CELO foram

classificados em carcinomas de alto risco e 12,5% dos casos de CELI pertenceram a este

mesmo grupo.

A análise da gradação proposta por Almangush et al. (2014) também foi utilizada. Em

ambas as localizações analisadas, foi observada profundidade de tumor > a 4mm em 75% dos

casos de CELO e 65% em CELI. Na avaliação do parâmetro brotamentos tumorais, os casos

de CELO apresentaram mais do que cinco brotamentos em 62,5% dos casos, enquanto que os

casos de CELI, o parâmetro com menos do que cinco brotamentos foi o de maior frequência

com 55%. Quando avaliado o escore de risco histopatológico, os casos de CELO adequaram-

se à classificação de alto risco (52,5%) e os casos de CELI foram agrupados na classificação

correspondente ao risco intermediário (50%).

As figuras a seguir (4 a 6) mostram alguns parâmetros descritos pelos autores descritos

anteriormente relativo aos graus histopatológicos de acordo com o proposto por Brandwein-

Gensler et al. (2005) e Almangush et al. (2014).

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Tabela 2. Distribuição dos casos de CELO e CELI de acordo com parâmetros

histopatológicos. (Natal – RN, 2018)

Parâmetros

Localização

Língua oral (n = 40)

n (%)

Lábio inferior (n = 40)

n (%)

Escore de risco histopatológico

(Brandwein-Gensler et al., 2005)

Baixo 4 (10,0) 13 (32,5)

Intermediário 22 (55,0) 22 (55,0)

Alto 14 (35,0) 5 (12,5)

Pior padrão de invasão¹

Tipo 1 a 3 8 (20,0) 18 (45,0)

Tipo 4 31 (77,5) 20 (50,0)

Tipo 5 1 (2,5) 2 (5,0)

Infiltrado linfocítico¹

Tipo 1 24 (60,0) 23 (57,5)

Tipo 2 10 (25,0) 15 (37,5)

Tipo 3 6 (15,0) 2 (5,0)

Invasão perineural¹

Ausente 14 (35,0) 33 (82,5)

Pequenos nervos 26 (65,0) 7 (17,5)

Grandes nervos 0 (0,0) 0 (0,0)

Escore de risco histopatológico

(Almangush et al., 2014)

Baixo 6 (15,0) 8 (20,0)

Intermediário 13 (32,5) 20 (50,0)

Alto 21 (52,5) 12 (30,0)

Espessura do tumor²

Menor que 4 mm 10 (25,0) 14 (35,0)

Igual ou maior que 4 mm 30 (75,0) 26 (65,0)

Brotamentos tumorais²

Menos que 5 brotamentos 15 (37,5) 22 (55,0)

Maior ou igual a 5 brotamentos 25 (62,5) 18 (45,0) Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN. ¹ (Brandwein-Gensler et al., 2005)

² (Almangush et al., 2014)

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Figura 2 - CELI – parâmetro pior padrão de invasão tipo 1 proposto por Brandwein-Gensler et al.

(2005) – Observa-se infiltrado inflamatório contínuo (HE, escala 1000µm)

Figura 3 - CELO – parâmetro pior padrão de invasão tipo 4 proposto por Brandwein-Gensler et al.

(2005) - apresentando pouco infiltrado inflamatório (HE, escala 200µm))

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Figura 4 - CELO – parâmetro invasão perineural em pequenos nervos proposto por

Brandwein-Gensler et al. (2005) - (HE, escala 100µm)

Figura 5 - CELI – Parâmetro tumor maior do que 4mm proposto por Almangush et al.

(2014) –. (HE, escala 5000 µm)

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Figura 6- CELI - Parâmetro brotamentos tumorais > 5 proposto por Almangush et al.

(2014), (HE, escala 200µm)

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5.2 ANÁLISE IMUNO-HISTOQUÍMICA

5.2.1 Análise da proteína XPF

5.2.1.1 CELO

Na análise semi-quantitativa de XPF em CELO, observou-se que a maioria dos casos

apresentou alta expressão nuclear (72,5%). Da mesma forma, a avaliação da imunoexpressão

citoplasmática de XPF mostrou-se alta (95%). (Figura 9)

Ao avaliar a expressão de XPF em associação aos parâmetros clínicos, observou-se

que os estádios clínicos I-II apresentaram alta expressão nuclear em 78,6% e baixa expressão

em 21,4% dos casos. Verificou-se alta expressão nuclear em tumores categorizados como T1

(88,9%) e em tumores T2-T4 (67,7%). Foi observado ainda alta expressão nuclear em

tumores que não apresentavam metástases loco-regionais. Quanto ao desfecho, foi observada

alta expressão nuclear em pacientes que foram á óbito. Ao avaliar a imunomarcação de

acordo com os sistemas de gradação propostos por Brandwein Gensler et al. (2005) e por

Almangush et al. (2014) a marcação de XPF mostrou-se alta nos carcinomas que

apresentavam escores de alto risco. (Tabela 4)

O teste exato de Fisher revelou ausência de associação da imunoexpressão nuclear de

XPF com tamanho do tumor (p = 0,399), metástase linfonodal regional (p = 0,153), estádio

clínico (p = 0,715), desfecho (p = 0,715) e recidiva (p = 0,696). Similarmente, não foram

observadas associações da expressão nuclear desta proteína com os sistemas de gradação

propostos por Brandwein Gensler et al. (2005) (p = 0,715) e por Almangush et al. (2014) (p =

0,293) (Tabela 4). Além disso, associações estatisticamente significativas entre a

imunoexpressão nuclear de XPF e os parâmetros morfológicos isolados das gradações

também não foram observadas (p > 0,05) (Tabela 5).

Como a alta imunoexpressão citoplasmática (acima de 50%) de XRCC1 foi observada

em apenas 2 casos da amostra de CELO, não foi possível realizar análises estatísticas para

avaliar possíveis associações entre a expressão desta proteína e os outros parâmetros

estudados.

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5.2.1.2 CELI

Observou-se alta expressão nuclear de XPF em 70% dos casos, moderada expressão

em 27,5% e baixa expressão em apenas um caso analisado (2,5%). Quando avaliada a

imunoexpressão citoplasmática, observa-se que os CELI apresentaram baixa expressão em

52,5% dos casos (Tabela 3).

Ao associar a imunoexpressão de XPF em relação aos parâmetros clínicos, verificou-

se alta expressão em tumores com estádio III e IV (71,4%). A imunoexpressão com relação ao

tamanho do tumor, tanto para tumores classificados como T1, quanto para tumores T2-T4,

mostrou-se alta em mais da metade da amostra (62,5% para T1 e 68,8% para T2-T4). Quanto

à presença ou não de metástases, observou-se alta expressão nuclear em pacientes que não

apresentavam metástases loco-regionais (70%). Alta expressão nuclear de XPF foi observada

em pacientes que foram a óbito. Quanto à análise da recidiva, notou-se maior imunoexpressão

em tumores que apresentavam recidiva.

Em relação às gradações histopatológicas de malignidade, observou-se maior

expressão de XPF em lesões de alto risco, de acordo com o sistema de gradação proposto por

Brandwein-Gensler et al. (2005) e Almangush et al. (2014) (Tabela 6).

Ao se relacionar a imunoexpressão nuclear de XPF com os parâmetros clínico-

patológicos, não foram observadas associações estatisticamente significativas em relação ao

tamanho do tumor (p = 1,000), à metástase linfonodal regional (p = 0,451), o estádio clínico

(p = 1,000), o desfecho (p = 1,000) e a recidiva (p = 0,297). Similarmente, não foram

observadas associações da expressão nuclear de XPF com os sistemas de gradação propostos

por Brandwein Gensler et al. (2005) (p = 1,000) e por Almangush et al. (2014) (p = 0,285)

(Tabela 6). Além disso, associações estatisticamente significativas entre a imunoexpressão

nuclear de XPF e os parâmetros morfológicos isolados das gradações histopatológicas

também não foram observadas (p > 0,05) (Tabela 7).

Em relação à expressão citoplasmática de XPF nos CEs de lábio inferior, não foram

observadas associações estatisticamente significativas entre a expressão desta proteína e os

parâmetros clínico-patológicos (p > 0,05).

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5.2.2 Análise da proteína XRCC1

5.2.2.1 CELO

Nos CELO avaliados, observou-se alta expressão nuclear em 60% da amostra,

moderada em 25% dos casos e baixa expressão em 15% (Tabela 3). Em relação à

imunoexpressão citoplasmática, não foi observada positividade para as células do front

tumoral. (Figura 10)

A imunomarcação de XRCC1 foi associada aos parâmetros clínicos e grau histopatológico de

malignidade. Foram utilizados os testes estatísticos paramétrico Qui-quadrado e além do teste

de correlação de Pearson, o teste Exato de Fisher quando necessário para avaliar associações

estatísticas entre a imunoexpressão e os parâmetros clínicos, como descritos na Tabela 4.

O estádio clínico I-II apresentou alta expressão de XRCC1 nuclear em 78,6% e baixa

em 21,4% casos. Ao avaliar a variável desfecho, foi constatada alta imunoexpressão de

XRCC1 (64,3%) nos pacientes que vieram a óbito (Tabela 4). No entanto, não foram

encontradas associações estatisticamente significativas entre a imunoexpressão nuclear de

XRCC1 e o estádio clínico (p = 0,101), desfecho (p = 0,685) e recidiva (p = 0,263).

Quanto ao tamanho do tumor, foi observada alta expressão nuclear tanto em tumores

categorizados como T1 (88,9%), quanto em tumores categorizados em T2-T4 (51,6%). Ao

avaliar a imunoexpressão da proteína quanto ao parâmetro clínico metástase regional,

observou-se uma maior expressão de XRCC1 (78,3%) em pacientes que não apresentavam

metástases (Tabela 4).

Ao associar a imunoexpressão nuclear de XRCC1 nos casos de CELO com os

parâmetros clínicos e o grau histopatológico de malignidade, não foi observada associação

estatisticamente significativa com o tamanho dos tumores (p = 0,061). O teste do Qui-

quadrado revelou associação estatisticamente significativa da alta expressão nuclear de

XRCC1 com a ausência de metástase linfonodal regional (p = 0,006) (Tabela 4). Como a

metástase à distância foi identificado em apenas 2 casos da amostra de CE de língua oral, não

foi possível realizar análises estatísticas para avaliar possíveis associações entre este

parâmetro clínico e a expressão de XRCC1.

Quanto à avaliação da expressão relacionada aos aspectos histopatológicos, foi

constatado uma maior expressão nuclear de XRCC1 em tumores entre baixo risco e risco

intermediário, quando avaliados pelos sistemas de gradação propostos por Brandwein Gensler

et al. (2005) e por Almangush et al. (2014).

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De forma similar, o teste do Qui-quadrado revelou ausência de correlações

significativas entre a imunoexpressão nuclear de XRCC1 e o sistema de gradação proposto

por Brandwein Gensler et al. (2005) (p = 0,787) e por Almangush et al. (2014) (p = 0,301)

(Tabela 4). Não foram observadas associações entre a imunoexpressão de XRCC1 e os

parâmetros morfológicos isolados analisados das gradações (p > 0,05) (Tabela 5).

Como a imunoexpressão citoplasmática de XRCC1 foi escore 1 (0% - 10%) em todos

os CELO, não foi possível realizar análises estatísticas para avaliar possíveis associações

entre a expressão desta proteína e os outros parâmetros estudados.

5.2.2.2 CELI

Em todos os CELI avaliados, foi observada alta expressão nuclear para o XRCC1 em

70% dos casos; no entanto, assim como nos casos de CELO as células de CELI não

apresentaram imunomarcação em região citoplasmática.

O estádio clínico III-IV apresentou alta expressão de XRCC1 nuclear em 71,4% e

baixa em 28,6% dos casos. Ao avaliar a imunomarcação associada aos parâmetros clínicos,

observamos alta expressão desta proteína, com intensidade semelhante para os tumores com

tamanhos T1 (62,5%) e tumores T2-T4 (68,8%). Semelhante aos casos de CELO, a presença

de metástases também foi avaliada, observando alta expressão nuclear de XRCC1 em

pacientes que não apresentavam metástases loco-regionais (70%). Alta expressão nuclear foi

observada em pacientes que foram a óbito (75%).

Ao relacionar a imunoexpressão nuclear de XRCC1 com os parâmetros clínico-

patológicos, o teste exato de Fisher revelou ausência de associação desta imunoexpressão com

tamanho do tumor (p = 1,000), metástase linfonodal regional (p = 0,700), estádio clínico (p =

1,00), desfecho (p = 1,000) e recidiva (p = 0,284). Similarmente, não foram observadas

associações da expressão de XRCC1 com os sistemas de gradação propostos por Brandwein

Gensler et al. (2005) (p = 1,000) e por Almangush et al. (2014) (p = 0,271) (Tabela 6), nem

quando analisados os parâmetros morfológicos isoladamente. (p > 0,05) (Tabela 7).

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Tabela 3. Distribuição dos casos de CE de língua oral e de lábio inferior de acordo com a

imunoexpressão citoplasmática e nuclear das proteínas de reparo do DNA (XRCC1 e XPF).

(Natal – RN, 2018)

Parâmetros

Localização

Língua oral (n = 40)

n (%)

Lábio inferior (n = 40)

n (%)

Expressão nuclear de XRCC1

Até 10% 6 (15,0) 1 (2,5)

11 – 50 % 10 (25,0) 11 (27,5)

51 – 100% 24 (60,0) 28 (70,0)

Expressão citoplasmática de

XRCC1

Até 10% 40 (0,0) 40 (0,0)

11 – 50 % 0 (0,0) 0 (0,0)

51 – 100% 0 (0,0) 0 (0,0)

Expressão nuclear de XPF

Até 10% 4 (10,0) 1 (2,5)

11 – 50 % 7 (17,5) 11 (27,5)

51 – 100% 29 (72,5) 28 (70,0)

Expressão citoplasmática de XPF

Até 10% 0 (5,0) 21 (52,5)

11 – 50 % 2 (5,0) 8 (20,0)

51 – 100% 38 (95,0) 11 (27,5) Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN.

As figuras seguintes (7 a 12) representam a análise do Padrão de Expressão

Imuno-Histoquímica das Proteínas XPF e XRCC1 em CEO.

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Figura 7. CEO – Imunoexpressão de XPF no front de invasão tumoral: Score 0 - Imunoexpressão

negativa para núcleo e citoplasma. (HiDef. Barra 200 µm)

Figura 8. CEO – Imunoexpressão de XPF no front de invasão tumoral: Score 1 - Imunoexpressão positiva

entre 11% a 50% das células – Observa-se positividade em núcleo e citoplasma. (HiDef. Barra 200 µm)

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Figura 9. CEO – Imunoexpressão de XPF no front de invasão tumoral: Score 2 - Imunoexpressão positiva

em mais de 50% das células – Observa-se positividade e em núcleo e citoplasma. (HiDef. Barra 200 µm)

Figura 10 – CEO– Imunoexpressão de XRCC1 no front de invasão tumoral: Score 0 - Imunoexpressão

negativa para núcleo e citoplasma. (HiDef. Barra 200 µm)

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Figura 11 – CEO– Imunoexpressão de XRCC1 no front de invasão tumoral: Score 1 - Imunoexpressão

positiva entre 11% a 50% das células – Observa-se positividade somente em núcleo. (HiDef. Barra 200 µm)

Figura 12 – CEO– Imunoexpressão de XRCC1 no front de invasão tumoral: Score 2 - Imunoexpressão

positiva em mais de 50% das células – Observa-se positividade somente em núcleo. (HiDef. Barra 200 µm)

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Tabela 4. Distribuição absoluta e relativa dos casos de CELO de acordo com a imunoexpressão de XRCC1 e XPF (nuclear) em relação aos parâmetros

clínicos e grau histopatológico de malignidade. (Natal – RN, 2018)

Parâmetros XRCC1 (nuclear) XPF (nuclear)

Baixo Alto Total p Baixo Alto Total p

Tamanho do tumor

T1 1 (11,1) 8 (88,9) 9 (100,0) 0,061** 1 (11,1) 8 (88,9) 9 (100,0) 0,399**

T2 - T4 15 (48,4) 16 (51,6) 31 (100,0) 10 (32,3) 21 (67,7) 31 (100,0)

Metástase regional

N0 5 (21,7) 18 (78,3) 23 (100,0) 0,006* 4 (17,4) 19 (82,6) 23 (100,0) 0,153**

N+ 11 (64,7) 6 (35,3) 17 (100,0) 7 (41,2) 10 (58,8) 17 (100,0)

Estádio clínico

I - II 3 (21,4) 11 (78,6) 14 (100,0) 0,101** 3 (21,4) 11 (78,6) 14 (100,0) 0,715**

III - IV 13 (50,0) 13 (50,0) 26 (100,0) 8 (30,8) 18 (69,2) 26 (100,0)

Desfecho

Remissão 11 (42,3) 15 (57,7) 26 (100,0) 0,685* 8 (30,8) 18 (69,2) 26 (100,0) 0,715**

Óbito

5 (35,7) 9 (64,3) 14 (100,0) 3 (21,4) 11 (76,8) 14 (100,0)

Recidiva

Sim 2 (20,0) 8 (80,0) 10 (100,0) 0,263** 2 (20,0) 8 (80,0) 10 (100,0) 0,696**

Não 14 (46,7) 16 (53,3) 30 (100,0) 19 (30,0) 21 (70,0) 30 (100,0)

Brandwein Gensler et al. (2005)

BR - RI 10 (38,5) 16 (61,5) 26 (100,0) 0,787* 8 (30,8) 18 (69,2) 26 (100,0) 0,715**

AR 6 (42,9) 8 (57,1) 14 (100,0) 3 (21,4) 11 (78,6) 14 (100,0)

Almangush et al. (2014)

BR - RI 6 (31,6) 13 (68,4) 19 (100,0) 0,301* 7 (36,8) 12 (63,2) 19 (100,0) 0,293**

AR 10 (47,6) 11 (52,4) 21 (100,0) 4 (19,0) 17 (81,0) 21 (100,0)

Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN. Legenda: BR, Baixo risco; RI, Risco intermediário; AR, Alto risco. *Teste do Qui-quadrado, **Teste exato de

Fisher.

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Tabela 5. Distribuição absoluta e relativa dos casos de CE de língua oral de acordo com a imunoexpressão de XRCC1 e XPF (nuclear) em relação aos

parâmetros morfológicos analisados por Brandwein Gensler et al. (2005) e Almangush et al. (2014). (Natal – RN, 2018)

Parâmetros XRCC1 (nuclear) XPF (nuclear)

Baixo Alto Total p Baixo Alto Total p

Pior padrão de invasão ¹

Tipos 1-3 4 (50,0) 4 (50,0) 8 (100,0) 0,690** 3 (37,5) 5 (62,5) 8 (100,0) 0,660**

Tipos 4 e 5 12 (37,5) 20 (62,5) 32 (100,0) 8 (25,0) 24 (75,0) 32 (100,0)

Infiltrado linfocítico¹

Tipo 1 8 (33,3) 16 (66,7) 24 (100,0) 0,292* 9 (37,5) 15 (62,5) 24 (100,0) 0,148**

Tipos 2 e 3 8 (50,0) 8 (50,0) 16 (100,0) 2 (12,5) 14 (87,5) 16 (100,0)

Invasão perineural ¹

Ausente

6 (42,9) 8 (57,1) 14 (100,0) 0,787* 5 (35,7) 9 (64,3) 14 (100,0) 0,469**

Presente 10 (38,5) 16 (61,5) 26 (100,0) 6 (23,1) 20 (76,9) 26 (100,0)

Brotamentos tumorais ²

< 5 6 (40,0) 9 (60,0) 15 (100,0) 1,000* 7 (46,7) 8 (53,3) 15 (100,0) 0,065**

≥ 5 10 (40,0) 15 (60,0) 25 (100,0) 4 (16,0) 21 (84,0) 25 (100,0)

Espessura do tumor ²

< 4 mm 3 (30,0) 7 (70,0) 10 (100,0) 0,711** 3 (30,0) 7 (70,0) 10 (100,0) 1,000**

≥ 4 mm 13 (43,3) 17 (56,7) 30 (100,0) 8 (26,7) 22 (73,3) 30 (100,0)

Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN. Legenda: ¹ (Brandwein-Gensler et al., 2005)

² (Almangush et al., 2014) *Teste do Qui-quadrado, **Teste exato de Fisher

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Tabela 6. Distribuição absoluta e relativa dos casos de CE de lábio inferior de acordo com a imunoexpressão de XRCC1 e XPF (nuclear) em relação aos

parâmetros clínicos e grau histopatológico de malignidade. (Natal – RN, 2018)

Parâmetros XRCC1 (nuclear) XPF (nuclear)

Baixo Alto Total p Baixo Alto Total p

Tamanho do tumor

T1 3 (37,5) 5 (62,5) 8 (100,0) 1,000** 2 (25,0) 6 (75,0) 8 (100,0) 1,000**

T2 - T4 10 (31,2) 22 (68,8) 32 (100,0) 10 (31,2) 22 (68,8) 32 (100,0)

Metástase regional

N0 9 (30,0) 21 (70,0) 30 (100,0) 0,700** 8 (26,7) 22 (73,3) 30 (100,0) 0,451**

N+ 4 (40,0) 6 (60,0) 10 (100,0) 4 (40,0) 6 (60,0) 10 (100,0)

Estádio clínico

I - II 9 (34,6) 17 (65,4) 26 (100,0) 1,000** 8 (30,8) 18 (69,2) 26 (100,0) 1,000**

III - IV 4 (28,6) 10 (71,4) 14 (100,0) 4 (28,6) 10 (71,4) 14 (100,0)

Desfecho

Remissão 12 (33,3) 24 (66,7) 36 (100,0) 1,000** 11 (30,6) 25 (69,4) 36 (100,0) 1,000**

Óbito

1 (25,0) 3 (75,0) 4 (100,0) 1 (25,0) 3 (75,0) 4 (100,0)

Recidiva

Sim 0 (0,0) 4 (100,0) 4 (100,0) 0,284** 0 (0,0) 4 (100,0) 4 (100,0) 0,297**

Não 13 (36,1) 23 (63,9) 36 (100,0) 12 (33,3) 24 (66,7) 36 (100,0)

Brandwein Gensler et al. (2005)

BR - RI 12 (34,3) 23 (65,7) 35 (100,0) 1,000** 11 (31,4) 24 (68,6) 35 (100,0) 1,000**

AR 1 (20,0) 4 (80,0) 5 (100,0) 1 (20,0) 4 (80,0) 5 (100,0)

Almangush et al. (2014)

BR - RI 11 (39,3) 17 (60,7) 28 (100,0) 0,271** 10 (35,7) 18 (64,3) 28 (100,0) 0,285**

AR 2 (16,7) 10 (83,3) 12 (100,0) 2 (16,7) 10 (83,3) 12 (100,0)

Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN. Legenda: *Teste do Qui-quadrado, **Teste exato de Fisher

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Tabela 7. Distribuição absoluta e relativa dos casos de CE de lábio inferior de acordo com a imunoexpressão de XRCC1 e XPF (nuclear) em relação os

parâmetros morfológicos analisados por Brandwein Gensler et al. (2005) e Almangush et al. (2014). (Natal – RN, 2018)

Parâmetros XRCC1 (nuclear) XPF (nuclear)

Baixo Alto Total p Baixo Alto Total p

Pior padrão de invasão (a)

Tipos 1-3 8 (44,4) 10 (55,6) 18 (100,0) 0,145* 7 (38,9) 11 (61,1) 18 (100,0) 0,267*

Tipos 4 e 5 5 (22,7) 17 (77,3) 22 (100,0) 5 (22,7) 17 (77,3) 22 (100,0)

Infiltrado Linfocítico (a)

Tipo 1 9 (39,1) 14 (76,5) 23 (100,0) 0,333** 8 (34,8) 15 (65,2) 23 (100,0) 0,443*

Tipos 2 e 3 4 (23,5) 13 (76,5) 17 (100,0) 4 (23,5) 13 (76,5) 17 (100,0)

Invasão perineural (a)

Ausente

11 (33,3) 22 (66,7) 33 (100,0) 1,000** 10 (30,3) 23 (69,7) 33 (100,0) 1,000**

Presente 2 (28,6) 5 (71,4) 7 (100,0) 2 (28,6) 5 (71,4) 7 (100,0)

Brotamentos tumorais (b)

< 5 10 (45,5) 12 (54,5) 22 (100,0) 1,000** 8 (36,4) 14 (63,6) 22 (100,0) 0,332*

≥ 5 3 (16,7) 15 (83,3) 18 (100,0) 4 (22,2) 14 (77,83) 18 (100,0)

Espessura do tumor (b)

< 4 mm 4 (28,6) 10 (71,4) 14 (100,0) 1,000** 5 (35,7) 9 (64,3) 14 (100,0) 0,720**

≥ 4 mm 9 (34,6) 17 (65,4) 26 (100,0) 7 (26,9) 19 (73,1) 26 (100,0)

Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN. Legenda: ¹ (Brandwein-Gensler et al., 2005) ² (Almangush et al., 2014)

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5.3 CORRELAÇÃO ENTRE A IMUNOEXPRESSÃO DE XRCC1 E XPF NOS CELO E

CELI

No CELO, não foi encontrada correlação estatisticamente significativa entre a

imunoexpressão nuclear de XRCC1 e de XPF (r = 0,141; p = 0,386). No CELI, o teste de

correlação de Spearman demonstrou correlação positiva forte, estatisticamente significativa,

entre a imunoexpressão nuclear de XRCC1 e de XPF (r = 0,728; p < 0,0001) (Tabela 8).

Como não houve variação da expressão citoplasmática de XRCC1 nos CELOs e CELI não foi

possível calcular a correlação da expressão citoplasmática de XRCC1 e XPF nessas lesões.

Tabela 8. Correlação de Spearman entre a imunoexpressão nuclear de XRCC1 e XPF nos

carcinomas epidermoides de língua oral e de lábio inferior. (Natal – RN, 2018)

XRCC1/ XPF (nuclear) r p

CE de língua oral 0,235 0,145

CE de lábio inferior 0,728 <0,0001

Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN

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6 DISCUSSÃO

O DNA celular é danificado frequentemente por agentes mutagênicos endógenos e

exógenos em diferentes intensidades. Quando lesionado, o DNA pode através de

determinadas moléculas, promover respostas que vão desde a indução da célula à apoptose,

como também ocasionar crescimento desregulado, levando a condições associadas à

instabilidade do genoma, como o câncer. Os genes que codificam essas moléculas a atuarem

no reparo de danos ao DNA, vêm sendo estudados como marcadores biológicos do câncer e

podem estar associados ao desenvolvimento, como também ao prognóstico dos pacientes

(GOODE, et al. 2002; WANG et al. 2012; MAHJABEEN et al., 2014).

A imunoexpressão das proteínas associadas às vias de reparo do DNA tem sido

estudada em diferentes tipos histopatológicos de câncer, como carcinoma nasofaríngeo, trato

gastrointestinal, mamário, bexiga, colo do útero, e também em carcinoma de cabeça e pescoço

(JAGDIS et al. 2012; SULTANA et al 2012; WANG et al. 2016)

O diagnóstico tardio, fator etiológico, prognóstico e a taxa de sobrevida para o CELO

e CELI variam consideravelmente, a língua apresenta altas taxas de morbidade e mortalidade,

além de ser o sítio de maior acometimento pelo CEO quando comparado à região labial.

Dessa forma, nosso alvo de estudo foi avaliar o CEO nessas duas localizações distintas.

Convém destacar relativa carência de pesquisas relacionadas ao estudo imuno-histoquímico

das proteínas de reparo de DNA em CELO e CELI. Portanto, a presente pesquisa buscou

analisar a expressão dessas proteínas nestes tumores associando a expressão das mesmas aos

parâmetros clínicos e histopatológicos, com o objetivo de determinar seu valor prognóstico.

Consideramos no geral, que os resultados encontrados em nosso estudo confirmam os

relatados pela literatura referentes às características clínicas, como gênero e idade dos

pacientes com câncer oral, verificando-se que os indivíduos do sexo masculino

corresponderam a mais da metade dos pacientes tanto com CELO, quanto com CELI (67,5%

e 75% respectivamente). Esses dados, além da idade média de 60 anos, e da ausência de

recorrência corroboram os dados do estudo de Wang et al. (2012), Zhang et al. (2012) e Li et

al. (2013).

No estudo elaborado por Byakodi et al. (2012) na Índia, foi observada alta associação

para o desenvolvimento de CEO pela população que faz o uso de tabaco, seja o hábito de

mascar fumo ou por meio do cigarro, além do uso concomitante com o álcool. O risco de

desenvolvimento de câncer pelos indivíduos que consomem álcool ou tabaco era de quatro

vezes maior que os indivíduos que não faziam uso. Em nosso estudo, observamos alta

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prevalência dos pacientes que fazem uso do tabaco e que consomem álcool, tanto para os

pacientes com CELO, quanto com CELI, sendo que o CELO apresentou maior frequência de

casos, como também relatado no estudo de Li et al. (2013), com maior prevalência de

pacientes com CELO. O estudo de Wang et al. (2012), no entanto, revelou que 56,7% dos

pacientes com CEO não faziam o uso de tabaco. Neste mesmo estudo o diagnóstico do câncer

foi feito em estágios mais avançados e os autores sugerem que fatores como a distância e a

falta de assistência básica podem estar associados a esse diagnóstico tardio.

No presente estudo observou-se maior número de casos diagnosticados em estágios

tardios para o CELO, e em estágios iniciais para o CELI, concordando com os relatos de

Byakodi et al. (2012). Dessa maneira, acredita-se que pelo fato da região labial ser de fácil

visualização, possibilita a percepção dos pacientes de alterações na região, e

consequentemente acarreta no diagnóstico precoce da lesão, assim como, o CELI apresenta

um comportamento menos agressivo quando comparado ao CELO.

Com base na classificação do sistema TNM, nosso estudo mostrou maior prevalência

de CELO em estádio III. Em discordância, foi observada nos casos de CELI, maior número de

casos em estádio II, assim como a pesquisa de Lindenblatt et al. (2012) que avaliaram 53

pacientes com CEO, sendo 58,5% diagnosticados em estágios iniciais (I e II).

A língua é a localização com maiores índices de mortalidade, provavelmente devido

ao seu diagnóstico muitas vezes tardio. No momento do diagnóstico, os pacientes com CELO

e CELI em nossa pesquisa apresentavam tamanho do tumor classificados em T2,

diferentemente dos estudos de Ciurea et al. (2017), que obtiveram em sua amostra de CELI,

pacientes diagnosticados em T1. No estudo de Mahjabeen et al. (2014) observou-se maior

prevalência de tumores T3. Ao avaliar o mesmo parâmetro clínico, Ozkul et al. (2016)

concluíram que o tamanho do tumor estava estatisticamente associado à progressão e

desenvolvimento e recorrência tumoral, e dessa forma implicaria em um tratamento menos

conservador.

Quanto ao estudo da presença de metástases linfonodais regionais e à distância, em

pacientes com CELI, nos estudos de Ozkul et al. (2016) foram diagnosticadas tanto

metástases loco-regionais, quanto metástases à distância, embora em menor número e estavam

associadas a tumores T2. Jeon et al. (2017), por sua vez, avaliaram a presença de metástases

em CELO, nos pacientes jovens e idosos e constataram maior prevalência de metástases à

distância em pacientes mais jovens. No presente estudo, observamos a ausência de metástases

linfonodais em CELO e CELI em mais da metade dos casos, no entanto, metástase à distância

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foi observada em dois casos de CELI, que pode ser justificada pelo diagnóstico tardio desses

tumores, mesmo em uma região de fácil visualização.

Desde a sua criação, o sistema de estadiamento TNM foi utilizado para estimar o tipo

de terapia e desfecho do paciente, no entanto, estudos morfológicos do câncer vêm sendo

elaborados para melhor avaliação da conduta clínica e prognóstico, visto que havia algumas

discrepâncias quanto ao comportamento clínico dos tumores com estadiamentos semelhantes

e até menores.

Strieder et al. (2017) ao realizarem um estudo comparativo de três sistemas de

gradação em CELI, constataram que havia associação entre os sistemas proposto por

Almangush et al. (2014) e Brandwein-Gensler et al. (2005) e o prognóstico dos pacientes.

Dessa forma os autores concluíram que o parâmetro histopatológico relacionado ao infiltrado

inflamatório estava associado ao estabelecimento do escore de risco destes tumores e assim

influenciaria no prognóstico. Em nossa pesquisa, ao avaliar os casos de CELO e CELI, não

foram encontradas relações estatisticamente significativa entre os modelos de gradação

utilizados com o estadiamento clínico, recidiva e desfecho clínico. Como os sistemas

histopatológicos abordam parâmetros morfológicos distintos que podem influenciar e

determinar em uma análise mais precisa, os estudos podem apresentar discordâncias entre os

resultados.

Ao avaliar 48 casos de CELO e 33 CELI de acordo como sistema de Brandwein-

Gensler et al. (2005), Alaeddini, Etemad-Moghadam (2017), constataram baixo risco

histopatológico na amostra de CELI, comparado ao CELO que apresentou maior prevalência

de casos com alto risco. Os autores encontraram relação estatisticamente significativa com os

parâmetros clínicos e o modelo de gradação. Além disso, os pesquisadores sugeriram que a

radiação solar induz uma resposta inflamatória pronunciada em CELIs e o infiltrado

inflamatório presente pode ter a habilidade de regular e modificar o potencial invasivo dos

tumores.

Ang et al. (2011) observaram alta expressão nuclear da proteína XRCC1 em

carcinomas de cabeça e pescoço, os pesquisadores observaram que a alta expressão da

proteína estava relacionada a uma pior sobrevida do paciente, principalmente os que se

submetiam ao tratamento quimioterápico. Em nossa pesquisa não foi realizada análise de

resposta ao tratamento nem a sobrevida de pacientes, pois não foi possível obter estes dados

dos prontuários analisados.

A pesquisa realizada por Mahjabeen et al. (2014), associou a expressão de XRCC1

com a pior sobrevida, em uma série de carcinomas de cabeça e pescoço, e observaram

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imunomarcação da proteína tanto em citoplasma quanto em núcleo. Os autores relatam que a

marcação em citoplasma poderia estar associada a uma mutação no gene e sugeriram que a

desregulação de proteínas associadas ao reparo de DNA, como a XRCC1, APEX1 e OGG1

combinadas com a alta expressão de Ki67 podem contribuir para a progressão de carcinomas

de cabeça e pescoço. Como em nosso estudo não foi observada imunoexpressão

citoplasmática de XRCC1 não foi possível comparar os dados com a literatura.

Nos estudos realizados anteriormente sobre a expressão de XRCC1 em tumores

diagnosticados em localizações anatômicas distintas, como o de Sultana et al. (2012) em

câncer mamário e nos estudos de Liu et al. (2017) em carcinoma renal de células claras, foi

observada a baixa expressão desta proteína em tumores mais agressivos, em estágios mais

avançados e com maiores taxas de metástases linfonodais, observou-se ainda pior sobrevida

dos pacientes. Os autores concluíram que a deficiência da expressão de XRCC1 poderia ser

utilizada como um biomarcador de prognóstico nesses carcinomas.

No entanto, os nossos resultados não confirmam o que a literatura aponta acerca

dessas proteínas que não podem ainda ser consideradas como indicadores de prognóstico, a

exemplo do que foi observado nos carcinomas em outros sítios onde se mostraram como

biomarcadores confiáveis. No nosso estudo, tal afirmação não pode ser feita, uma vez que

apesar de termos encontrados associações pontuais da imunoexpressão dessas proteínas

quanto às metástases, quando associados ao desfecho clínico, essas associações se mostraram

nulas quando analisado o desfecho dos pacientes.

A pesquisa elaborada por Wang et al. (2016) em pacientes com câncer do trato

gastrointestinal, não aponta a expressão de XRCC1 como um marcador de prognóstico,

devido ao fato de que o gene que codifica a proteína XRCC1 apresenta numerosos

polimorfismos e que o DNA celular humano está envolvido em uma série de mecanismos

complexos, como a reparação do genoma e também de efeitos externos o que poderia causar

disfunções nesta proteína.

Quanto à imunoexpressão de XPF, a pesquisa realizada por Vaezi et al (2011), indicou

que a alta expressão desta proteína está relacionada à progressão tumoral. Os autores afirmam

que tumores com baixa expressão de XPF eram associados a um melhor desfecho clínico do

paciente. Tal fato não foi confirmado em nosso estudo, uma vez que foram avaliados tumores

de menor e maior agressividade e, portanto, não foram encontradas essas associações, com os

parâmetros clínicos.

Em nosso estudo, não foi identificada relação da elevada expressão de XPF com

parâmetros clínicos e de desfecho. Semelhante à pesquisa de Jagdis et al. (2013) realizada em

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carcinoma de nasofaringe, que não identificaram a expressão de XPF com o tempo de

desenvolvimento de recorrência loco-regional, tempo de sobrevida livre de doença e tempo de

sobrevida global.

Seiwert et al (2014) analisaram a expressão de XPF em carcinoma de cabeça e

pescoço, e concluíram que ocorria variação da expressão dessa proteína em carcinomas em

sítios diferentes. Observaram ainda que a alta expressão de XPF estava correlacionada a uma

pior resposta a quimioterapia baseada em platina, pior evolução clínica e a alta expressão

estava relacionada a tumores em estágios mais avançados (IV) e a baixa expressão estava

associada a uma melhor resposta aos agentes quimioterápicos. Em nossa pesquisa não foi

possível realizar a associação da proteína ao tipo de tratamento executado, portanto, não foi

possível traçar nenhum parâmetro paralelo com esses dados.

Os dados do presente estudo indicam resultados ora semelhantes aos publicados na

literatura pertinente, ora mostrando algumas divergências, utilizando as mesmas proteínas

associadas ao reparo de DNA. A expressão destas proteínas não está associada à maioria dos

parâmetros clínicos de forma significante comparando-as com carcinomas que se

desenvolvem em diferentes sítios e estão expostos a agentes mutagênicos diferentes.

Todavia, sabe-se da crescente busca de novos marcadores biológicos do câncer e que

ao atuarem na estabilidade genômica, essas proteínas de reparo do DNA podem estar

associadas ao desenvolvimento e progressão desta doença. Deve-se, portanto, buscar outras

alternativas quanto ao estudo dessas proteínas, buscando novas técnicas laboratoriais para

elucidar o seu papel.

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7 CONCLUSÃO

A alta expressão das proteínas XPF e XRCC1 tanto nos casos de CELO quanto em

CELI sugere sua importância no desenvolvimento e progressão destes tumores. Contudo, os

resultados sugerem que essa imunoexpressão não está associada a parâmetros clínicos e

histopatológicos determinantes para o comportamento biológico tumoral.

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APÊNDICE A

Ficha para coleta de dados clínicos

Nº Do Prontuário: ___________________ Nº de Registro na Pesquisa: ____________

Nº do Bloco: ___________________ Data da Coleta: _____/_____/_______

Gênero: M ( ) F ( ) Idade: ______ Data De Nascimento: ___/____/________

Ocupação: ________________________________________________________

Localização Anatômica: _____________________________________________

Diagnóstico Histopatológico: ___________________________________

Estadiamento Clínico: T___ N___ M___

Data do Último Acompanhamento ____/____/______

Informações Sociais:

Fuma? Sim ( ) Não ( ) Quantidade dose/dia: _________________ Tempo: _________

Bebe? Sim ( ) Não ( ) Quantidade dose/dia: _________________ Tempo: _________

Observações Adicionais:

APÊNDICE B

Ficha para coleta de dados referentes à gradação histológica de malignidade, segundo o sistema de

Brandwein-Gensler (2005).

Caso

Invasão

Perineural

Infiltrado Inflamatório

Linfocítico

Pior padrão de

Invasão

Escore Gradação

Histopatológica

1 ( ) 2 ( ) 3 (

)

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4

( ) 5 ( )

1 ( ) 2 ( ) 3 (

)

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4

( ) 5 ( )

1 ( ) 2 ( ) 3 (

)

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4

( ) 5 ( )

1 ( ) 2 ( ) 3 (

)

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4

( ) 5 ( )

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APÊNDICE C

Ficha para coleta de dados referentes à gradação histológica de malignidade, segundo o sistema de

Almangush et al. (2015).

APÊNDICE D

Ficha para coleta de dados referentes à gradação histológica de malignidade, segundo o sistema de

Bryne et al (1992)

APÊNDICE F

Ficha para coleta de dados referentes à gradação histológica de malignidade, segundo o sistema de

Boxberg (2017)

Caso

Atividade dos

Brotamentos

Tumorais

Tamanho dos ninhos

de células tumorais

Gradação do

Tumor

Escore Gradação

Histopatológica

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 2 a 3 ( ) 4 a 6

( ) 7 ( )

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 2 a 3 ( ) 4 a 6

( ) 7 ( )

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 2 a 3 ( ) 4 a 6

( ) 7 ( )

Nº Caso Profundidade de Invasão Brotamentos Tumorais Gradação Histopatológica

0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( )

0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( )

0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( )

0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( )

Caso

Grau de

ceratinização

Pleomorfismo

nuclear

Padrão de

Invasão

Infiltrado

Linfoplasmocitário

Escore

1( ) 2( ) 3( ) 4(

)

1( ) 2( )

3( ) 4( )

1( ) 2( ) 3( )

4( )

1( ) 2( ) 3( ) 4( )

1( ) 2( ) 3( ) 4(

)

1( ) 2( )

3( ) 4( )

1( ) 2( ) 3( )

4( )

1( ) 2( ) 3( ) 4( )

1( ) 2( ) 3( ) 4(

)

1( ) 2( )

3( ) 4( )

1( ) 2( ) 3( )

4( )

1( ) 2( ) 3( ) 4( )

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ANEXO 1: Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN

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