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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CAMPUS ANGICOS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DANDARA MARTINS MONTEIRO PROCESSAMENTO PRIMÁRIO DE PETRÓLEO E GÁS Angicos 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CAMPUS ANGICOS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA

DANDARA MARTINS MONTEIRO

PROCESSAMENTO PRIMÁRIO DE PETRÓLEO E GÁS

Angicos

2013

DANDARA MARTINS MONTEIRO

PROCESSAMENTO PRIMÁRIO DE PETRÓLEO E GÁS

Monografia apresentado ao curso de Bacharelado em Ciência e Tecnologia da Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA,

orientado pelo Profº Leonardo

Magalhães Xavier Silva, como requisito parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Ciência e Tecnologia.

Angicos

2013

DANDARA MARTINS MONTEIRO

PROCESSAMENTO PRIMÁRIO DE PETRÓLEO E GÁS

Monografia apresentado ao curso de Bacharelado em Ciência e Tecnologia da Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA, como requisito parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Ciência e Tecnologia.

Dedico este trabalho

primeiramente a Deus por toda a

força. Aos meus queridos pais

que amo incondicionalmente. Ao

meu orientador por toda

dedicação prestado durante todo

o trabalho. Aos meus amigos que

sempre estiveram do meu lado, e

a todos que de alguma forma

contribuiu para realização deste

sonho, meu muito obrigado.

AGRADECIMENTOS:

Agradeço primeiramente a Deus por toda a força que me deu para que este sonho

fosse realizado.

Aos meus pais Vladevaldo e Eufrasina, que nunca mediram esforços para

realização deste sonho. Amo muito vocês.

Aos meus irmãos Lamarck Monteiro e Landara Monteiro, que eu amo

incondicionalmente e agradeço por existirem em minha vida.

Aos meus avós maternos , Manoel Bezerra e Tereza Martins, e a minha avó

paterna Maria Monteiro Maia.

Ao meu Orientador Leonardo por todo esforço, dedicação e compreensão.

Agradecer a Professora Andréa Galindo por toda a força que me deu, e por me

ajudar todas as vezes que precisei. Obrigado por tudo.

A minha grande amiga Marcela Alencar que desde o início esta sempre do meu

lado, me ajudando, e contribuindo muito,te amo amiga.

A minha amiga Sâmia Diógenes por toda a paciência que teve comigo, e por todos

os momentos que dividimos juntas.

A minha amiga Mayara Medeiros que comecei a conviver a pouco tempo ,mas que

esse pouco tempo serviu pra ver a grandeza de pessoa que é, e o quanto me ajudou e

me deu forças nos momentos que mais precisei.

Ao meu amigo Ferreira Neto ,por esta do meu lado todas as vezes que precisei, e

por sua amizade.

A uma pessoa que hoje não caminha do meu lado, mais no início foi de extrema

importância pra mim.

Aos meus amigos: Candeinha Feitosa, Càssio Hérick, Betinha Maia, Dâmaris

Gondim, Débora Gondim, Oslanny Lima, Laura Gadelha, Gislânia Dantas,

Daniela Alencar, Izaac Braga, Queiroz Neto, Elisson David, Gian Chaves,

Tamara Moreira, Thalita Mendes, Silas Maia, Gardel de Freitas, André Luís,

Bruno Noronha, Wlardson Dantas, Galberlânio Feitosa ,Jefferson Maia,

Deylianne Vidal, Lorena Barbosa, Luana Barreto, Kerson Kleber,Alisson

Maurício,Vítor Chaves, Vinícius Chaves,Lucas Alencar,Anderson Lima.

Agradeço as minhas primas/irmãs: Andréa Monteiro, Brunna Samara, Brotas

Monteiro,Mariana Monteiro,Juliana Monteiro,Sabrina Brunet,Janássia

Gondim,Valdianne Gondim,Talita Monteiro. Enfim, agradeço a todos.

“Tudo é do pai, toda honra e toda

glória, é dele a vitória alcançada em

minha vida”.

(Banda Dom

Compositor: Frederico Cruz)

RESUMO:

O petróleo e gás natural são nos dias atuais componentes significativos da

matriz energética mundial e suas fontes são muitas vezes causas de

disputas geopolíticas. O processos para produção desse recurso energético

passa por uma longa cadeia produtiva que culmina no processamento

primário, onde o petróleo e gás produzidos são separadas de suas

impurezas para garantir o escoamento da produção. No presente trabalho foi

realizada uma revisão bibliográfica procurando entender o desenvolvimento

da indústria do petróleo a nível mundial, da América do Sul, do Brasil e do

Rio Grande do Norte. Adicionalmente foram estudadas as principais

características químicas do petróleo (analisando as classificações dos seus

hidrocarbonetos e as características químicas das suas impurezas mais

comuns), as propriedades dos seus reservatórios e comportamento de fases

dos hidrocarbonetos no reservatório e principalmente a como se dá o

processamento primário desse importante recurso energético. Sendo esse

último, relevante para indústria de petróleo por permitir que os custos de

transporte e armazenamento sejam reduzidos de maneira significativa

através do aumento da eficiência energética, dos problemas de corrosão e

de paradas para manutenção devida à obstrução das tubulações por

hidratos.

Palavra-Chave: Petróleo, Processamento Primário, Produção.

SUMÁRIO

Lista de Figuras ......................................................................................................................... 9

Lista de Siglas: ........................................................................................................................ 10

1. Introdução ...................................................................................................................... 10

2. Objetivos ............................................................................................................................ 11

3 Metodologia ........................................................................................................................ 12

4 Referencial Teórico ............................................................................................................. 12

4.1 Origem do petróleo ...................................................................................................... 12

4.2 Constituição do petróleo .............................................................................................. 17

4.2.1 Hidrocarbonetos ................................................................................................... 18

4.2.1.1 Alcanos ou paraníficos ................................................................................... 18

4.2.1.2 Ramificados .................................................................................................... 19

4.2.1.3 Cicloalcanos ou Naftenos ............................................................................... 20

4.2.1.4 Aromáticos ..................................................................................................... 20

4.2.1.5 Teor de hidrocarbonetos presente no petróleo. ........................................... 21

4.2.2 Não-Hidrocarbonetos ............................................................................................ 23

4.2.2.1 Compostos sulfurados:................................................................................... 23

4.2.2.2 Compostos Nitrogenados ............................................................................... 24

4.2.2.3 Compostos Oxigenados .................................................................................. 24

4.2.2.4 Resinas e Asfaltenos ....................................................................................... 25

4.2.2.5 Compostos metálicos ..................................................................................... 26

4.2.3 Classificações do Petróleo ..................................................................................... 27

4.2.3.1 Avaliação do petróleo .................................................................................... 27

4.3 Histórico da Indústria do Petróleo ............................................................................... 28

4.3.1 Um breve histórico da Atividade Petrolífera na America do Sul .......................... 30

4.3.2 Desenvolvimento da Indústria de petróleo no Brasil ........................................... 31

4.3.3 Um breve desempenho no setor do petróleo nos anos de 2003-2012 ................ 33

4.3.4 Um pouco da história dos hidrocarbonetos no RN ............................................... 34

4.4 Reservatórios ............................................................................................................... 38

4.4.1 Rochas Reservatórios ............................................................................................ 38

4.4.2 Tipos de Reservatórios .......................................................................................... 38

4.4.2.1 Reservatório de Óleo ..................................................................................... 39

4.4.2.2 Reservatório de Gás ....................................................................................... 40

4.4.2.3. Reservatório de Gás Úmido e Reservatório de Gás Seco .............................. 41

4.4.2.4 Reservatório de Gás retrógrado ..................................................................... 42

3.4.3 Reservatório de Óleo e Gás ............................................................................ 43

3.4.4 Fluídos Produzidos ......................................................................................... 45

3.4.4.1 Produção de Óleo ....................................................................................... 45

3.4.4.2 Produção de Gás ........................................................................................ 45

3.4.4.3 Produção de Água ...................................................................................... 46

4.5 Mecanismos de Produção de Reservatórios ................................................................ 46

4.5.1 Mecanismo de Gás em solução:............................................................................ 48

4.5.2 Mecanismo de Capa da Gás .................................................................................. 48

4.5.3 Mecanismo de influxo de Água ............................................................................. 49

4.5.4 Mecanismo Combinado ........................................................................................ 50

4.5.5 Segregação Gravitacional ...................................................................................... 51

4.6 Processamento Primário de Petróleo e Gás ................................................................ 51

4.6.1.1 Separação do Gás Natural .............................................................................. 53

4.6.1.2 Principais Problemas Operacionais ................................................................ 57

4.6.1.3 Tratamento e Processamento do Gás Natural ............................................... 57

4.6.1.4 Condicionamento ........................................................................................... 58

4.6.1.5 Desidratação .................................................................................................. 60

4.6.1.6 Remoção de Gases ácidos .............................................................................. 61

4.6.1.7 Processamento (UPGN) .................................................................................. 63

4.6.2 Tratamento do óleo .............................................................................................. 64

4.6.3 Tratamento e Destino da água produzida ............................................................ 66

4.6.3.1 Lançamento no Mar ....................................................................................... 67

4.6.3.2 Reinjeção ........................................................................................................ 67

4.6.3.3 Impactos da água produzida .......................................................................... 69

5. Resultados e Discussões ..................................................................................................... 70

6. CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 71

7. Referências Bibliográficas ................................................................................................. 72

Lista de Figuras

Figura 1 – Estágio de Transformação e produção de petróleo .................................... 14

Figura 2 - Rochas Selantes ............................................................................................... 15

Figura 3 - Classificação dos componentes presentes no petróleo. ............................. 17

Figura 4 - Exemplos de moléculas de hidrocarbonetos. ............................................... 18

Figura 5 - Exemplo de Moléculas de hidrocarbonetos ramificados. ........................... 19

Figura 6 - Exemplo de cicloalcanos ou naftenos. .......................................................... 20

Figura 7 - Hidrocarbonetos Aromáticos. .......................................................................... 21

Figura 8 - Tipos de hidrocarbonetos e seus percentuais médios na composição de

petróleos. .............................................................................................................................. 22

Figura 9 - Componentes do Petróleo ............................................................................... 23

Figura 10 - Compostos Nitrogenados .............................................................................. 24

Figura 11 - Exemplos de moléculas de compostos nitrogenados. .............................. 25

Figura 12 - Molécula de Asfalteno .................................................................................... 26

Figura 13 - Média diária de produção pela Bacia Potiguar. ......................................... 36

Figura 14 - Diagrama de fases para um dado petróleo. ............................................... 39

Figura 15 – Diagrama de fases para o óleo, mostrando os possíveis efeitos de

redução de pressão e temperatura no processo de elevação ..................................... 40

Figura 16 – Diagrama de fase mostrando o comportamento de um reservatório de

gás úmido e Gás Seco. ...................................................................................................... 41

Figura 17 - Reservatório de gás retrógrado. ................................................................... 42

Figura 18 - Reservatório de óleo com capa de gás. ...................................................... 44

Figura 19 - Reservatório de gás. ...................................................................................... 44

Figura 20 – Mecanismo de produção por gás em solução. .......................................... 48

Figura 21 – Mecanismo de produção por capa de gás. ................................................ 49

Figura 22 - Mecanismo de produção por influxo de água. ........................................... 50

Figura 23 - Mecanismo de produção combinado. .......................................................... 50

Figura 24 - Fluxograma mostrando o processamento primário de petróleo e gás. .. 53

Figura 25 - Separador Bifásico.......................................................................................... 54

Figura 26 - Separador Trifásico. ....................................................................................... 55

Figura 27 - Separador trifásico horizontal. ...................................................................... 56

Figura 28 – Comparação entre gás associado e não-associado. ............................... 58

Figura 29 - Fluxograma para o condicionamento do gás natural. ............................... 60

Figura 30 - Fluxograma de funcionamento de uma unidade de processamento de

gás natural. ........................................................................................................................... 64

Figura 31 - Fluxograma de Tratamento de água. .......................................................... 66

Figura 32 - Formação de Hidratos. ................................................................................... 69

Lista de Siglas:

API - American Petroleum Institute

GLP - Gás Liquefeito de Petróleo

GNV - Gás Natural Veicular

LGN - Líquido de Gás Natural

TEG - Trietilenoglicol

MEA - Monoetanolamina

UPGN - Unidade de Processamento de Gás Natural

YPF - Yacimientos Petrolíferos Fiscales

PDSVA - Petróleos de Venezuela, S.A

ENARSA - Energia Argentina, S.A

ANP - Agência Nacional de Petróleo ,Gás Natural e Biocombustíveis

ANH - Agência Nacional de hidrocarbonetos

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

QAV - Querosene de aviação

BET - Baixo teor de Enxofre

FCC - Fluid Catalytic Coking (Craqueamento Catalítico Fluido)

CAERN- Companhia de Água e Esgoto do Ri Grande do Norte

RN- Rio Grande do Norte

10

Introdução

O petróleo e o gás natural produzido nos poços costumam-se apresentar

como uma mistura de gás, óleo e sedimentos. Para que o gás natural e o

petróleo sejam transportados e entregues para as refinarias e centros

consumidores de gás natural, é necessário um tratamento primário. As

principais etapas desse tratamento são:

Separação do óleo, água, gás e sedimentos;

Tratamento ou condicionamento do óleo para que possa ser

transferido para as refinarias;

A remoção do enxofre e umidade do gás natural;

Tratamento da água para reinjeção ou descarte (THOMAS, 2004).

O processamento primário corresponde ao processamento

realizado no petróleo e gás natural antes que o mesmo seja enviado

para distribuição, para centros de refino e centros consumidores.

Esse tratamento visa remover água e outros agentes que dificultariam

o transporte e a manutenção das linhas de transporte (GILVAN

JÚNIOR, 2013).

A cadeia upstream do petróleo, etapa que antecedem o transporte e

refino, estabelece cinco segmentos básicos com relação a sua produção, na

qual estes segmentos são: prospecção, perfuração, completação,

reservatórios, elevação e processamento primário (THOMAS, 2004).

O processo se dá por separadores, que podem ser bifásicos ou trifásico,

e podem atuar em série ou em paralelo. Para separar gás/líquido utilizamos

o separador bifásico. No separador trifásico, também ocorre a separação

água/óleo. (THOMAS, 2004). Além dos processos de condicionamento do

gás natural, como a remoção de umidade, enxofre e em alguns casos CO2.

11

Alguns problemas operacionais podem ocorrer nos separadores como:

espuma, obstrução por parafinas, areia, emulsões, arraste. (THOMAS,

2004).

Contudo, existem muitos fatores que influenciam no processamento de

petróleo e gás natural.

2. Objetivos

Pretende-se ao longo da pesquisa alcançar os seguintes objetivos:

Objetivo Geral:

Através de uma revisão bibliográfica estudar sobre o processamento

primário de petróleo e gás.

Objetivos Específicos:

Realizar uma revisão bibliográfica da cadeia produtiva do petróleo &

gás natural.

Estudar os principais tipos de separadores de fase utilizados no

processamento primário, sua importância e seus problemas

operacionais

Analisar o condicionamento e processamento do gás natural e as

formas de tratamento do óleo que antecedem a distribuição.

Estudar o tratamento e destino da água que é produzida juntamente

com o óleo.

12

3 Metodologia

A metodologia aplicada no desenvolvimento do presente trabalho foi a

elaboração de uma pesquisa bibliográfica exploratória, descritiva e explicativa

que aconteceu no período de maio a agosto de 2013, através do

levantamento bibliográfico em livros, teses, dissertações, portal de teses da

Unicamp, base de dados da ANP e diversas outras fontes abordando

aspectos relevantes da cadeia produtiva do petróleo. Dentre os temas

abordados podemos citar a origem do petróleo, o histórico da sua indústria,

constituição química, o comportamento de fases nos reservatório e por fim o

tratamento primário de petróleo.

4 Referencial Teórico

Na presente etapa do trabalho estão condensadas as informações levantadas

através da realização da revisão bibliográfica sendo abordados os seguintes

temas: origem do petróleo, Constituição do petróleo, histórico da indústria do

petróleo, reservatórios e processamento primário de petróleo e gás natural.

4.1 Origem do petróleo

O petróleo constitui-se em uma mistura de hidrocarbonetos, na

maioria das vezes, alifáticos, mas também hidrocarbonetos alicíclicos e

aromáticos. De acordo com sua origem, pode conter um pouco de nitrogênio

(N), oxigênio (O), composto de enxofre (S) e metais pesados, notadamente,

níquel (Ni) e vanádio (V). Existindo uma grande variação das suas

propriedades físico-químicas tanto em função da localização geográfica das

zonas de produção quanto em função do tempo (ROBSON, 2008).

13

A formação do petróleo ainda gera polêmicas, sendo duas as

principais hipóteses: de que o petróleo teria origem orgânica, ou a teoria de

que o petróleo teria origem em matéria inorgânica. A teoria orgânica,

atualmente a mais aceita, diz que o petróleo surgiu a partir da matéria

orgânica obtida a partir de restos animais e vegetais que depositados nos

fundos de lagos e oceano, sob a ação de elevadas temperaturas e pressões

teriam dado origem ao petróleo (ROBSON, 2008).

O petróleo surge a partir do acúmulo de grandes depósitos de matéria

orgânica acumulada em lamas sapropélicas (Black Shales).

Processos de maturação chamado de diagênese conduzem a formação de

uma mistura de hidrocarbonetos denominada querogênio (POMEROL et al.,

2013).

Posteriormente ocorre a catagênese, processo de maturação do

querogênio em hidrocarbonetos que se dá em uma “janela” de profundidade

entre 1.500 e 2.000 m. O início desse processo se dá em temperaturas

próximas a 60º C e acelera até atingir temperaturas na faixa de 135-150ºC.

Sendo a etapa da catagênese responsável pela formação do óleo, todo esse

processo pode ser observado na (POMEROL et al., 2013). Podemos

observar esses processos na Figura 1.

14

Figura 1 – Estágio de Transformação e produção de petróleo

Fonte: THOMAS, 2004

Para temperaturas maiores que 150ºC (correspondente profundidade

de cerca de 4.000m), óleo começa a se degradar. Desse modo nessa

“janela” são encontrados gases secos e no limite da degradação das jazidas

temos formação de reservatórios de CH4 e de carbono sólido. Sendo o

processo de degradação dos hidrocarbonetos costumeiramente denominado

de metagênese. (POMEROL et al., 2013).

Adicionalmente as condições necessárias para a formação do óleo

propriamente dito, também são necessárias a existência de algumas

condições geológicas para que o petróleo, gerado a partir do querogênio,

possa vir a formar uma acumulação (THOMAS, 2004).

A rocha em que o petróleo é gerado é denominada de rocha fonte, ou

geradora. No entanto, é comum que a após a sua formação o petróleo

escape da rocha formadora, ocorrendo a migração primária.

No processo de migração primária, o petróleo eventualmente

alcançará uma rocha reservatório, que se caracteriza por possuir uma boa

15

porosidade, isto é, espaços vazios que possam ser ocupados pelo óleo.

(THOMAS, 2004).

Uma condição necessária para evitar que o petróleo escape das

rochas reservatórios é a presença de uma rocha selante, isso é uma rocha

de baixa permeabilidade capaz de impedir que o petróleo acumulado nas

rochas reservatórios continue o processo de migração. (THOMAS, 2004)

Em geral, as rochas selantes (Figura 2) que permitem a acumulação

de petróleo costumam formar estruturas geológicas que são denominadas

de armadilhas ou trapas. Essas armadilhas podem ser estratigráficas, ou

seja, elas surgiram a partir de variações nos estratos, ou também essas

armadilhas podem ser estruturais, espaços que são resultados de rochas

que sofreram deformações pelas dobras, fraturas ou ambas( e essas

armadilhas podem possuir diferentes origens, características e formações

(Wicander & Monroe, 2009)

Figura 2 - Rochas Selantes

Fonte: THOMAS,2004

16

Os volumes encontrados podem variar de gigantescos a

insignificantes, e isso vai depender de alguns fatores relacionados às rochas

geradoras e reservatórios. (THOMAS, 2004).

17

4.2 Constituição do petróleo

O petróleo possui sua composição formada majoritariamente por

hidrocarbonetos. No entanto outros elementos também estão contidos na

sua formação (FARAH, 2012).

Podemos dividir os constituintes do petróleo em duas partes, onde

temos hidrocarbonetos propriamente ditos, e os não hidrocarbonetos

(asfaltenos, resinas, compostos sulfurados, compostos oxigenados,

compostos nitrogenados e compostos organometálicos) (FARAH, 2012).

Figura 3 - Classificação dos componentes presentes no petróleo.

Fonte: FARAH, 2012.

18

4.2.1 Hidrocarbonetos

São os constituintes principais do petróleo, e são formados somente

por átomos de carbono e hidrogênio.

4.2.1.1 Alcanos ou paraníficos

Sua fórmula geral é CnH2n+2,são substâncias apenas de ligações

simples, ou seja, saturados e podem ser cadeia aberta ou ramificada.

(FARAH, 2012 ).

Figura 4 - Exemplos de moléculas de hidrocarbonetos.

Fonte:THOMAS,2004.

Os hidrocarbonetos acima são originados por um prefixo, que indicará

o número de carbonos e tem sufixo “ano”. Na Figura 4 temos o metano, e

butano, sendo o metano o mais simples hidrocarboneto, formado por apenas

um carbono e quatro hidrogênios com ligações simples.

19

4.2.1.2 Ramificados

Os hidrocarbonetos desse grupo possuem ramificações em um ou

mais átomos de carbono e, também, são denominados de isoparafinas, ou

isoalcanos. Sua fórmula geral é igual dos alcanos normais, ver Figura 5

(THOMAS, 2004).

Figura 5 - Exemplo de Moléculas de hidrocarbonetos ramificados.

Isobutano Isopentano 3-metil-pentano

Fonte: THOMAS, 2004.

20

4.2.1.3 Cicloalcanos ou Naftenos

Sua fórmula geral é CnH2n, podendo conter uma ou mais cadeias

cíclicas, como é mostrado na Figura 6 (FARAH, 2012).

Figura 6 - Exemplo de cicloalcanos ou naftenos.

Ciclopentano Ciclo-hexano

Fonte: FARAH,2012.

A presença de compostos naftênicos no petróleo ocorre em maioria,

nas frações médias, tipo querosenes, gasóleos atmosféricos e gasóleos de

vácuos.

4.2.1.4 Aromáticos

O caráter definidor desse tipo de composto é a presença de um ou

mais anéis benzênicos: uma cadeia cíclica com seis carbonos contendo

ligações duplas e simples. Sua maior ocorrência se dá nas frações pesadas

e residuais, onde podem ser maioria, dependendo do tipo de petróleo, e

podem apresentar estruturas policíclicas na forma de aromáticos-naftênicos,

ver Figura 7 (THOMAS, 2004 ; FARAH, 2012).

21

Figura 7 - Hidrocarbonetos Aromáticos.

Fonte: THOMAS, 2004.

4.2.1.5 Teor de hidrocarbonetos presente no petróleo.

Diversos tipos de petróleo podem ser encontrados ( Figura 8), sendo

sua diversidade decorrente da variação na composição química (FARAH,

2012). Por este motivo foi-se necessário realizar pesquisas com o intuito de

conhecer melhor os constituintes do petróleo, com isso o American

Petroleum Institute (API) diagnosticou vários petróleos diferentes, concluindo

que:

Todos os petróleos possuem basicamente os mesmos

hidrocarbonetos, entretanto diferentes quantidades. (FARAH, 2012).

A quantidade relativa de cada conjunto de hidrocarbonetos presente

varia de petróleo para petróleo. (FARAH, 2012).

Com relação aos não hidrocarbonetos, foram identificados mais de

200 compostos de enxofre (FARAH, 2012).

22

Figura 8 - Tipos de hidrocarbonetos e seus percentuais médios na composição de petróleos.

Fonte: FARAH, 2012.

23

4.2.2 Não-Hidrocarbonetos

O petróleo possui alguns constituintes como: enxofre, nitrogênio, e

metais (THOMAS, 2004). Estes constituintes também podem ser chamados

de impurezas, e estão presentes na faixa de ebulição do petróleo, porém

podem se aglomerar nas frações mais pesadas. Vejamos na Figura 9 os

componentes do petróleo (THOMAS, 2004).

Figura 9 - Componentes do Petróleo

Fonte: FARAH, 2012.

4.2.2.1 Compostos sulfurados:

Um dos elementos presentes no petróleo é o enxofre, sendo

considerado o terceiro elemento mais abundante encontrado. O enxofre

pode ser encontrado no petróleo de várias formas como: sulfetos,

polissufetos, benzotiofenos e derivados, moléculas policíclicas com

nitrogênio e oxigênio, gás sulfídrico, dissulfeto de carbono, sulfeto de

carbonila e enxofre elementar (muito raro) (THOMAS, 2004).

24

E estes compostos estão contidos em todos os tipos de petróleo, e

quanto maior for a densidade do petróleo, maior será seu teor de enxofre.

Estes compostos causam alguns danos como corrosões, contaminações e

são tóxicos (THOMAS, 2004). Dentre estes compostos podemos ressaltar os

compostos oxigenados, os compostos sulfurosos, compostos nitrogenados e

os compostos metálicos.

4.2.2.2 Compostos Nitrogenados

Os compostos nitrogenados (Figura 10) aparecem quase que em sua

totalidade na forma orgânica e são termicamente estáveis. Podem ser

encontrados na formas de peridinas, quinolinas, pirróis, indóis, porifinas e

compostos policíclicos com enxofre, oxigênio e metais (THOMAS, 2004).

De uma forma geral os componentes nitrogenados são responsáveis

pelo envenenamento de catalisadores (FARAH, 2012).

Figura 10 - Compostos Nitrogenados

Fonte: FARAH, 2012.

4.2.2.3 Compostos Oxigenados

São encontrados de uma forma mais ou menos complexa, como

ácidos carboxílicos, fenóis, cresóis, ésteres, amidas, cetonas e benzofuranos

,ver Figura 11 (THOMAS, 2004).

25

São responsáveis pela acidez e coloração (ácidos naftênicos), odor

(fenóis), formação de gomas e corrosividade das frações do petróleo, e

tendem a se concentrar nas frações mais pesadas (THOMAS, 2004).

Figura 11 - Exemplos de moléculas de compostos nitrogenados.

Fonte: FARAH, 2012.

4.2.2.4 Resinas e Asfaltenos

As resinas e os asfaltenos são moléculas grandes ( Figura 12), com

alta relação carbono/hidrogênio e contém enxofre, oxigênio e nitrogênio.

Suas estruturas básicas são bem parecidas, mais existem algumas

diferenças importantes como: os asfaltenos não estão dissolvidos no

petróleo e sim dispersos na forma coloidal, já as resinas são facilmente

solúveis (THOMAS, 2004).

26

Figura 12 - Molécula de Asfalteno

Fonte :CARVALHO, 2012.

4.2.2.5 Compostos metálicos

Podem ser definidos de duas formas: como sais orgânicos dissolvidos

na água emulsionada do petróleo, que podem ser removidos facilmente

através do processo de dessalgação, e a outra forma é de compostos

organo-metálicos complexos, que tendem a se concentrar nas frações mais

pesadas (THOMAS, 2004).

Os metais encontrados no petróleo são: ferro, zinco, cobre, chumbo,

molibdêmio, cobalto, arsênico, manganês, cromo, sódio, níquel e vanádio,

sendo os dois últimos os de maior ocorrência (THOMAS, 2004).

27

4.2.3 Classificações do Petróleo

Como os tipos de petróleo produzidos podem ser diferentes, é

necessária uma avaliação para analisar a viabilidade de refinos desses

diversos tipos de crus. Podendo o óleo obtido ser avaliados de acordo

diferentes critérios, dentre eles podemos citar:

Qualitativos: Produção de QAV,diesel, óleo combustível BTE,

asfaltos, carga para FCC,solventes, insumos petroquímicos;

Quantitativos: Produção de derivados de maior demanda ou maior

valor;

Transporte e Armazenamento: Facilidade de escoamento, acidez

(corrosividade).

4.2.3.1 Avaliação do petróleo

São procedimentos utilizados para obtenção de dados sobre o

petróleo e também sobre as frações que o mesmo pode produzir. Estes

procedimentos são importantes por definirem o valor do óleo como também

por avaliar o potencial produtivo do mesmo. Os resultados obtidos através

desses procedimentos podem ser utilizados para tomadas de decisão a

respeito dos métodos utilizados para refino, transporte, armazenamento e

distribuição do produto final (GUIMARÃES, IÓRIO, BRANDÃO PINTO, 2010

apud FARAH, 2012).

Podemos avaliar no petróleo seu teor de hidrocarbonetos saturados,

de aromáticos, de resinas e de asfaltenos, a acidez e o teor de

contaminantes, a densidade, a viscosidade, a pressão de vapor e o ponto de

fluidez (FARAH, 2012) .

O petróleo possui características físicas e químicas. Sendo suas

características físicas através do: escoamento, armazenamento, densidade,

28

pressão de vapor,viscosidade e ponto de fluidez e as caracetrísticas

químicas :composição química,Hidrocarbonetos ,asfaltenos e

resinas,enxofre,nitrogênio,oxigênio e metais(FARAH, 2012).

4.3 Histórico da Indústria do Petróleo

A presença do petróleo no cotidiano das pessoas precede a era

moderna. Na antiguidade o petróleo e seus derivados tinham várias

utilidades como: calafetação de embarcações, assentamento de tijolos,

pavimentação de estradas, embalsamamento dos mortos, entre outras

utilidades (THOMAS, 2004).

Por volta da metade do século XIX ,os camponeses cavavam poços

manualmente,a fim de obter petróleo em estado natural,e ao refinar esse

petróleo se obtinha querosene.Nesse período havia uma deficiência na

indústria ocidental européia uma tecnologia de perfuração. (YERGIN,1990

apud ARAGÃO, 2005), com a necessidade de iluminantes e lubrificantes, se

originou uma inovação empresarial, onde se extraiam estes produtos do

carvão e de outros hidrocarbonetos (YERGIN,1990 ,apud ARAGÃO, 2005).

George Bissel, no ano de 1853, se detêm a observar uma primitiva

indústria de coleta de óleo que era feita de escumadeiras e trapos. Com isso

ele cria a primeira empresa de petróleo do mundo, a Pennsylvania Rock Oil

Company,tendo em vista o potencial energético e econômico do

produto.Bissel contrata Benjamin Sillemans,que era um professor respeitado

no mundo científico do século XIX, para que fosse feito testes do óleo como

iluminante e lubrificante, e com isso é confirmada a excelência do óleo de

pedra (YERGIN,1990 apud SANTOS,2006).

No ano de 1854, se obteve a patente para o querosene, um óleo

iluminante de boa qualidade, que era extraído do óleo do asfalto, ou de

substâncias similares e posteriormente refinado.Nos EUA e na Europa este

produto teve boa aceitação, e com isso fabricaram um lampião adaptável a

sua queima (YERGIN,1990 apud SANTOS,2006).

29

Diante dos resultados obtidos com o querosene de iluminação havia

uma necessidade de estabelecer uma produção de óleo que fosse

economicamente viável em uma escala significativa, de maneira que seus

preços se mantivessem competitivos frente aos iluminantes daquela época.

(ARAGÃO, 2005).

Em 27 de agosto de 1859, Edwim Drake, mais conhecido como

capitão Drake ,que era encarregado de Bissel e Sillemans ,furou o primeiro

poço de petróleo,com 21 metros de profundidade,nas planícies do estreito

vale Córrego Oil, e isso é o ponto inicial da Indústria Moderna do Petróleo

(YERGIN,1990 apud SANTOS, 2006).

A expansão da indústria petrolífera teve dois aspectos bastante

importantes. O primeiro aspecto é denominado como “regra da captura”, ou

seja, os donos de terra tinham o direito de retirar petróleo sob suas terras

,sendo que os limites territoriais não eram aplicados ao subsolo.O segundo

aspecto foi com relação as oscilações do preço com relação a

superprodução de petróleo,isso gerava uma alteração brusca no valor do

barril, causando enriquecimentos e falências instantâneas. (ARAGÃO,

2005).

No ano de 1860 já existiam pelo menos 15 refinarias em operação.

Havendo procedimentos bem simples e barato, a fim de se transformar o

máximo do óleo bruto em querosene. (ARAGÃO, 2005).

Em 1861, ocorre o primeiro transporte de petróleo americano para

Europa, que ocorre pelo navio Elizabett Watts,com uma carga de 900 mil

barris de querosene,que abasteceu Alemanha,Inglaterra e França.

(ARAGÃO, 2005).

No início do desenvolvimento da indústria de petróleo americana o

transporte de petróleo em terra era realizado por carroceiros, e havendo um

lobby muito grande desse setor que tornava os custos de transporte

elevadíssimos, tornou-se necessário o desenvolvimento de novas formas de

transporte de petróleo. Em decorrência desses fatores foi criado o primeiro

oleoduto de petróleo, construído de madeira (ARAGÃO, 2005).

30

Após dez anos da perfuração do primeiro poço de petróleo, já havia

194 refinarias, atuando nos EUA. (MARTIN, 1990 apud ARAGÃO, 2005).

4.3.1 Um breve histórico da Atividade Petrolífera na America do Sul

No século XX o petróleo torna-se uma parte significativa da matriz

energética, onde temos de um lado a entrada precoce nessa indústria, e do

outro lado a presença do estado via empresas estatais.

Podemos citar algumas importantes empresas que tiveram grande

contribuição para o desenvolvimento da América do Sul, como a Petrobras,

a YPF e a PDSVA, onde cada uma possui seus próprios objetivos e

interesses, e principalmente buscam contribuir para a região (CAMPOS,

2005).

Como sabemos as grandes companhias de petróleo buscam por

reservas, e isso vem ocorrendo desde os anos 90 na América do Sul, onde

tivemos uma maior flexibilidade de monopólios públicos, privatizações e

alguns novos contratos de exploração e produção (CAMPOS, 2005).

Alguns aspectos contribuíram para que houvesse algumas mudanças,

como por exemplo: na Argentina devido a crise de energia, originou-se uma

nova empresa estatal petrolífera, chamada de ENARSA, também podemos

falar sobre a formação de agências reguladoras setoriais, a ANH- Colômbia

e a ANP- Brasil, e também vale lembrar da atuante participação das

empresas estatais. A questão de competição na América do Sul passou a

ser questionada devido a maior integração através da Petrosur e

Petroamerica, e como exemplo disso pode citar os acordos feitos entre a

PETROBRAS e a PDSVA, com o objetivo de mostrar o quanto essa

integração é importante para essas empresas e para a região

(CAMPOS,2005).

31

4.3.2 Desenvolvimento da Indústria de petróleo no Brasil

A história brasileira começa no ano de 1901 quando há um relevante

número de importação de produtos derivados do petróleo, ou seja, houve

uma compra de 64.160 m³ de querosene. Já em 1907 a gasolina começa a

entrar no mercado, abastecendo os primeiros veículos automotores da

época. No ano de 1913 o óleo combustível entra no mercado tornando-se se

um competidor do carvão. Contudo todos os derivados citados

anteriormente, só serão produzidos a partir de 1939, ano este em que o

petróleo brasileiro é descoberto em escala nacional (IBGE,1990 apud

ARAGÃO, 2005)

No Brasil a história do petróleo se principia em meados do século XX,

através do monopólio estatal e com o surgimento da Petrobras, e foi através

da criação desta empresa que a indústria petrolífera se desenvolveu

(ARAGÃO, 2005).

O início do desenvolvimento da indústria de petróleo brasileira se dá

através da Petrobras com uma produção de 170 mil barris por dia,

importados na forma de derivados. Algumas medidas foram tomadas para

que realmente essa empresa pudesse crescer e se desenvolver no setor

petrolífero, medidas estas como: a criação de novas refinarias, formação de

infra-estrutura de abastecimento, avanço na rede de transporte, e

adicionalmente, instalações de terminais em pontos estratégicos do país

(CANELAS, 2007).

Diante os fatos, até os anos de 80, a gasolina era o produto que tinha

uma maior demanda no mercado dos hidrocarbonetos, por isso o país passa

a produzi-lo em grande escala e com isso exportando-o. Já nos dias atuais o

principal derivado do petróleo é o diesel, devido a sua grande importância

como combustível para veículos automotores e também alguns veículos de

grande porte como os caminhões e ônibus (CANELAS, 2007).

Então, a Petrobras resolve optar por expandir suas refinarias por todo

país, gerado assim um maior desenvolvimento, e devido a isso já se observa

32

algumas mudanças nos resultados obtidos, ou seja, no ano em que a

Petrobras surgiu havia uma compra externa de hidrocarbonetos de 98% e

2% de óleo cru, já no ano de 1967 os números mudam, sendo 8% passa a

significar as importações de hidrocarbonetos e 92% o petróleo bruto, e com

isso vale ressaltar que embora houvesse alterado em partes suas

importações, a Petrobras ainda precisava muito do petróleo cru importado

(CANELAS, 2007).

Nos anos 70 o uso de derivados do petróleo dobra. Devido a não

satisfação dos resultados encontrados na exploração em terra, surge uma

possibilidade de exploração offshore, ou seja, exploração em mar.

Entretanto surge alguns riscos e incertezas sobre essa possibilidade de

exploração e produção de petróleo no mar (CANELAS, 2007).

Entretanto a economia mundial petrolífera, e principalmente a

economia brasileira de petróleo sofreram alguns choques. O primeiro choque

brasileiro no setor petrolífero se deu nos anos de 1968-1973,quando o preço

do petróleo sofreu um grande aumento e gerou um déficit na balança

comercial ,causando um abalo drástico não só na economia brasileira, mas

também na economia mundial (CAMPOS, 2005).

O segundo choque aconteceu em 1979, quando ficou bastante claro

que a crise não era temporária, e que se precisava de mudanças, ou melhor,

dizendo ,era necessário que houvesse uma diminuição no uso de derivados

do petróleo e também que se implantassem fontes energéticas alternativas

(CANELAS,2007) e foi desse pensamento que a PETROBRAS criou o

Proálcool (Programa Nacional do Álcool) que tinha como finalidade utilizar o

álcool carburante como um combustível automotivo (DIAS LEITE, 1998 apud

CANELAS,2007).

Depois desses dois choques brasileiros de petróleo, a Petrobras

visava expandir cada vez mais suas reservas descobertas de óleo, por esse

motivo investiu em novas tecnologias e em equipamentos avançados que

favorecesse ainda mais a sua exploração e produção de hidrocarbonetos

(CAMPOS, 2005).

33

4.3.3 Um breve desempenho no setor do petróleo nos anos de 2003-

2012

A Petrobras é a maior empresa brasileira que vem investindo no setor

petrolífero, no que diz respeito à exploração e produção de petróleo nos

setores de terra e mar, sendo que a exploração em mar alcançou destaque

por ser um dos fatores que mais contribuíram para redução da dependência

brasileira em relação à oferta externa do petróleo e por terem sido realizadas

grandes descobertas de reservas.

No gráfico abaixo pode-se observar claramente a evolução das

reservas provadas de petróleo no período de 2003-2012. Onde temos que

no ano de 2003 havia reservas comprovada de 10,6 bilhões de barris

,número esse que só faz crescer atingindo um valor de 15.3 bilhões no ano

de 2012. Outro aspecto bastante notável e até retratado em linhas anteriores

é como as reservas marítimas se desenvolveram e se destacou pelo fato de

ser em mar onde são encontradas as maiores reservas (BRASIL, 2013).

Gráfico 1 - Evolução das reservas Provadas no Brasil

Fonte: (ANP, 2013)

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

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2003200420052006200720082009201020112012

Milh

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s d

e B

arri

s

Evolução das Reservas Provadas no Brasil

Total

Terrestres

Maritimas

34

Segundo a ANP (Agência Nacional de Petróleo e Gás) a Petrobras

lidera a produção de petróleo e gás no Brasil por uma ampla margem,

seguida pela Chevron Frade e Shell Brasil (conforme a Tabela 1). As

produções de petróleo e gás natural podem ser encontradas na Tabela 1.

Tabela 1 - Produção de Petróleo e gás natural por operador

Concessionário Petróleo (Barris) Produção de Gás Natural (mil m³)

Total 768.470.812,4 24.073.723,7

Petrobras 704.718.029,1 21.896.994,3

Chevron Frade 13.499.275,5 160.657,8

Shell Brasil 13.209.859,0 174.287,4

Statoil Brasil 5.739.737,2 11.175,1

Frade Japão 4.764.143,2 56.699,1

BG Brasil 4.482.694,5 179.164,9

Sinochem Petróleo 3.808.785,8 7.225,3

Shell 3.342.293,5 35.559,6

ONGC Campos 3.206.531,5 34.922,5

Repsol 3.177.829,8 58.527,9 Fonte: BRASIL, 2013.

4.3.4 Um pouco da história dos hidrocarbonetos no RN

A história do surgimento do petróleo no Rio Grande do Norte se dá

por inúmeros relatos que indicam a existência de petróleo naquelas terras.

Um desses relatos consistia no fato dos moradores de Vila Caraúbas

retirarem de um açude da região uma lama negra que era usada para

alimentar os lampiões daquela localidade. Apesar desse fato não havia

nenhuma informação definitiva a respeito da existência de reservas

relevantes de hidrocarbonetos, embora o querosene já fosse bastante

utilizado entre eles. (RODRIGUES NETO, 2007).

Com base nos relatos, decidiu-se pela realização de pesquisas

preliminares que confirmassem a possibilidade da existência de petróleo nos

limites entre Ceará e Rio Grande do Norte. Sendo os resultados dos estudos

preliminares promissores, o renomado geólogo Luciano Jacques de Morais,

35

lidera estudos posteriores para obtenção de resultados concretos a respeito

da ocorrência de petróleo em terras potiguares ( RODRIGUES NETO, 2007).

Outros geólogos também começaram a pesquisar, contribuindo assim

para essa descoberta. Foram realizadas diversas pesquisas sobre água

potável e o petróleo, e cada vez mais se aumentando a probabilidade de

encontrar petróleo na região situada entre a foz do Rio do Jaguaribe (Ceará)

e a cidade de Touros no RN. O conselho Nacional de Petróleo também da

sua contribuição, no sentido de desenvolver estudos geofísicos, facilitando

assim a descoberta do petróleo, e isso se dá no ano de 1956 quando é

perfurado o primeiro poço de petróleo, situado em Gangorra no município de

Grossos (RN). Depois disso foram perfurados mais poços, com a finalidade

de se encontrar quantidades maiores de hidrocarbonetos naquela região

(RODRIGUES NETO, 2007).

Devido aos resultados obtidos, a Petrobras resolve aumentar os

investimentos na região, passando a inserir uma sonda, com a finalidade de

se perfurar um poço na região de Panela do Amaro (RODRIGUES NETO ,

2007).

Devido aos resultados obtidos, a Petrobras resolve aumentar os

investimentos na região, no campo de Ubarana, onde se constatou um

acúmulo de petróleo bastante significativo (RODRIGUES NETO, 2007).

Outro evento de destaque foi quando a Companhia de Água e Esgoto

do Rio Grande do Norte (CAERN) ao perfurar poços para obtenção de água,

percebe que nas torneiras surgia juntamente óleo com água (RODRIGUES

NETO, 2007).

Com a Petrobras investindo no setor petrolífero no RN, surge então

operações de exploração, perfuração e produção de petróleo, a fim de

alterar toda a estrutura da economia do estado, surgindo assim uma nova

industrialização no Rio Grande do Norte (RODRIGUES NETO, 2007).

Posteriormente com um número já significativo de pesquisas e

estudos realizados, concluiu-se que realmente havia uma grande

probabilidade de existir petróleo de boa qualidade e de produção viável

36

economicamente naquela região. Em decorrência desses aspectos, novos

municípios seriam explorados, como: Areia Branca, Alto do Rodrigues,

Ipanguassu, Apodi, Governador Dix-Sept Rosado, Caraúbas, Upanema,

Assú, Carnaubais, Porto do Mangue, Serra do Mel, Macau, Felipe Guerra e

Guamaré, desenvolvendo a produção de petróleo. Contudo, vale salientar

que de todos os poços já perfurados e em desenvolvimento no Rio Grande

do Norte, o que recebe maior destaque é o de Canto do Amaro, considerado

o maior campo terrestre de petróleo do Brasil, e devido a essa relevância

que a Petrobras resolveu investir cada vez mais nas terras potiguares que se

tornou a segunda maior bacia de petróleo do Brasil (RODRIGUES NETO,

2007).

Com a descoberta de novas jazidas de petróleo houve um grande

desenvolvimento na produção de petróleo e gás. Pode-se analisar o gráfico

abaixo que se refere ao ano de 1976 (ano em que se iniciou a produção de

petróleo no RN) até o ano de 2000:

Figura 13 - Média diária de produção pela Bacia Potiguar.

Fonte: Petrobras (2004) apud RODRIGUES NETO, 2007.

No período de 1976 ao ano de 1989 a produção de petróleo no Rio

Grande do Norte apresentou um crescimento. No ano de 1990 a 1995 os

37

valores começaram a oscilar, ou seja, crescer e decrescer, tendo uma

produção em média de 100 mil barris por dia.Todos esses valores de

produção foram considerados bastante relevantes por se tratar de

exploração terrestre. (RODRIGUES NETO, 2007).

Desta forma toda a economia potiguar foi transformada, pois as

atividades no setor petrolífero passaram a agregar outras atividades ligadas

ao setor petroquímico (RODRIGUES NETO, 2007).

Gráfico 2 - Produção de petróleo no Rio Grande do Norte de 2002 a 2011

Fonte: ANP (Agência Nacional do Petróleo), 2013.

A queda de produção indica que provavelmente os reservatórios do

RN estão se tornando campos maduros, ou seja, devido a exploração

ocorreram reduções das pressões de reservatório. Este fato indica que

provavelmente haverá uma necessidade nos anos futuros da ampliação do

uso de técnicas de recuperação secundárias e do aumento da importância

dos processos de processamento primário de petróleo.

-

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

20

02

20

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20

05

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06

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10

20

11

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du

ção

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e

bar

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ano

s

Produção de Petróleo no RN

Terrestres

Maritimas

Total

38

4.4 Reservatórios

É através da Engenharia de Reservatório que os fluídos são

deslocados do interior das rochas, até a superfície (THOMAS, 2004).

4.4.1 Rochas Reservatórios

As rochas reservatórios podem possuir uma composição clástica ou

de carbonatos, sendo assim, as de composição clástica são compostas de

silicatos, usualmente arenito, já as de carbonatos são de detritos

biologicamente derivados, como pedaços de corais ou conchas.Existindo

alguns aspectos importantes que diferenciam os dois tipos de rochas que

irão influenciar na qualidade do reservatório e a sua relação com fluídos que

através dele fluem (JAHN et al ,2012).

4.4.2 Tipos de Reservatórios

Os tipos de reservatórios podem variar de acordo com as diferentes

composições das misturas, e também com as diferentes condições de

temperatura e pressão, com isso existe três tipos de reservatórios:

reservatório de líquido ( ou de óleo), reservatório de gás e reservatórios que

possuem as duas fases em equilíbrio (THOMAS, 2004).

39

Figura 14 - Diagrama de fases para um dado petróleo.

Fonte: ROSA, 2006.

Na Figura 14, se as condições se encontra no ponto R1 indica um

reservatório de óleo, já no ponto R2 temos um reservatório de gás.

4.4.2.1 Reservatório de Óleo

Dependendo do seu posicionamento em que se encontra no diagrama

de fases, uma mistura líquida pode receber o nome de óleo saturado ou óleo

subsaturado. Quando o ponto representativo da mistura se encontrar em

cima da curva dos pontos de bolha, então o óleo é saturado em gás ou

simplesmente saturado. Podemos observar a Figura 15, o ponto 1.Nessas

condições, qualquer redução de pressão ,por menor que seja acarretará

vaporização de alguns componentes da mistura (ROSA, et al 2006).

Já se a mistura se encontrar nas condições representadas pelo ponto

R, por exemplo o óleo se diz subsaturado (ROSA, et al 2006).

Ao iniciar a produção, o fluído que é produzido e o que permanece na

formação, ambos sofrem alterações devido ás mudanças das condições ás

quais estão submetidos (THOMAS, 2004).

40

Figura 15 – Diagrama de fases para o óleo, mostrando os possíveis efeitos de redução de pressão e temperatura no processo de elevação

Fonte: ROSA, 2006.

De acordo com a Figura 15 curva RS apresenta a transição do fluído,

onde o ponto R representa as condições iniciais, e o ponto S, as condições

da superfície. No exemplo da Figura 15 , aproximadamente 60% dos

hidrocarbonetos estarão na fase líquida na superfície e os 40% restantes

estarão na fase gasosa (THOMAS, 2004).

Podemos determinar o comportamento do fluído, através de uma linha

vertical que corresponde á temperatura do reservatório. Sua pressão sofrerá

um decaimento a uma taxa constante até as condições de abandono,

quando ocorre a interrupção da produção (ROSA, et al 2006).

4.4.2.2 Reservatório de Gás

Denominamos como reservatórios de gás, a jazida de petróleo que

contém uma mistura de hidrocarnonetos que se encontra no estado gasoso,

nas condições de reservatório (ROSA, et al 2006).

O ponto que corresponde às condições de pressão e temperatura, no

diagrama de fases, se localiza na região das misturas gasosas, ou seja, à

direita da curva dos pontos de orvalho (THOMAS, 2004).

41

Os reservtórios de gás podem ser classificados em: reservatórios de

gás úmido, reservatório de gás seco e reservatório de gás retrógrado,e estas

classificações, vão depender do comportamento do fluído quando sujeito à

diminuição depressão dentro do próprio reservatório e também do tipo de

fluído obtido resultante nos equipamentos de superfície (ROSA , et al 2006).

4.4.2.3. Reservatório de Gás Úmido e Reservatório de Gás Seco

Quando a mistura passa por um processo de separação e produz

uma certa quantidade de líquido, denominamos como reservatório de gás

úmido, e se a quatidade for desprezível, a jazida se chamará reservatório de

gás seco, tais processos podem ser vistos na Figura 16 (ROSA, et al. 2006).

A sua classificação não depende apenas da composição original da

mistura,mas adicionalmente também dos processos de separação, pois um

mesmo gás pode ser úmido para uma determinada condição de separação e

considerando gás seco para outras condições de separação (THOMAS,

2004).

Figura 16 – Diagrama de fase mostrando o comportamento de um reservatório de gás úmido e Gás Seco.

42

4.4.2.4 Reservatório de Gás retrógrado

Podemos dizer que o reservatório de gás retrógrado recebe esta

denominação pelo fato de ocorrer em reservatóros de gás, cuja temperatura

situa-se entre a temperatura crítica da mistura e a cricondenterma,que é

linha tangente a curva e perpendicular ao eixo de temperatura (ROSA et al.

2006).

Figura 17 - Reservatório de gás retrógrado.

ROSA et al., 2006

A Figura 17 representa um diagrama de fases de uma mistura em que

pode ocorrer este fenômeno. A figura mostra que nas condições iniciais a

temperatura do reservatório se encontra na condição citada, de tal modo a

temperatura do reservatório está se encontrará entre a temperatura crítica é

a cricondenterma (ROSA et al., 2006).

Sendo assim podemos dizer que o fenômmeno retrógrado acontece

da seguinte forma: na medida que o fluído é produzido, a pressão no interior

do reservatório vai se reduzindo, a medida que a temperatura permanece

constante. A mistura continua no estado gasoso até o instante emq eu a

pressão atinge um determinado valor, daí passa a acontecer um processo

de condensação (ROSA, et al. 2006).

43

Ao prosseguir com a produção, a pressão continua sofrendo redução

e com isso o gás que havia se condensado retorna ao seu estado gasoso.

Se o processo de redução no reservatório continua ocorrendo,

eventualmente todo o gás liquefeito voltará ao seu estado inicial. (THOMAS,

2006).

O ponto singular desse comportamento, reside no fato de uma

redução de pressão causar uma condensação de um gás quando o

esperado é que reduções de pressão acarrete uma vaporização dos

(THOMAS, 2004).

3.4.3 Reservatório de Óleo e Gás

Dizemos que um reservatório recebe o nome de óleo e gás, quando

as acumulações de petróleo podem ocorrer de uma forma mista, ou seja,

uma parte da mistura de hidrocarbonetos se encontra na fase líquida e o

restante na fase gasosa. Estas duas fases de início se encontram em

equilíbrio . O ponto que define as condições da mistura se encontra dentro

da região de duas fases. Com isso podemos dizer que a jazida pode ser

classificada como reservatório de gás ou reservatório de óleo, o que vai

interferir é a fase predominante .Já que o gás é muito menos denso que o

líquido, existe voluntariamente uma separação e organização desses fluídos.

O gás se acomodará na parte sueprior da formação, já o líquido ocupará a

parte inferior (ROSA, et al. 2006).

Embora se tenha um enorme volume de hidrocarbonetos na fase gasosa,

então a jazida é classificada como reservatório de óleo com capa de gás, se

o benefício econômico for o óleo. O reservatório de óleo recebe esse

complemento de capa de gás devido o volume de gás na capa ser realmente

em grandes proporções ,isso pode ser visto na Figura 18(ROSA, et al.

2006).

44

Se a quantidade de gás for muito maior que a de líquido, (figura Figura 19) e

o interesse econômico principal for o gás, daí este reservatório não poderá

ser denominado como reservatório de óleo , e sim de gás (ROSA et al.,

2006).

Figura 18 - Reservatório de óleo com capa de gás.

Fonte: ROSA, 2006.

Figura 19 - Reservatório de gás.

Fonte: ROSA, 2006.

45

3.4.4 Fluídos Produzidos

O que se espera de um reservatório de óleo é que ele produza óleo ,

juntamente com gás natural e água. Com isso podemos dizer que um

reservatório característico apresenta uma vazão de produção de óleo, gás e

água (THOMAS, 2004).

3.4.4.1 Produção de Óleo

Apesar de o petróleo ser totalmente composto de hidrocarbonetos que

pode sofrer alterações no seu estado de agregação de acordo com a

temperatura e a pressão, costuma-se classificar como óleo a parte dos

hidrocarbonetos que continua no estado líquido quando a mistura é elevada

até a superfície (THOMAS, 2004).

Embora a mistura de hidrocarbonetos nas condições de reservatórios

estivesse toda no estado gasoso, mesmo assim é possível obter líquido nas

condições de superfície, e esse líquido obtido através do gás natural é mais

conhecido como LGN (Líquido Gás Natural) (THOMAS, 2004).

3.4.4.2 Produção de Gás

A produção do gás deriva de três partes. A primeira parte surge dos

hidrocarbonetos que, em condições de temperatura e pressão do

reservatório, encontram-se no estado gasoso e tem o nome de gás livre. Na

segunda parte, temos o gás que sai de solução do óleo, ou seja, são

hidrocarbonetos que dissolvem–se no óleo nas condições do reservatório e

se vaporizam quando a mistura é levada para as cndições de superfície. Na

terceira parte temos o gás que se encontra dissolvido na água nas

46

condições do reservatório, onde normalmente essa parte é desprezada,não

entrando nos cálculos da produção (THOMAS, 2004).

3.4.4.3 Produção de Água

A produção de água é bastante comum, juntamente, com os

hidrocarbonetos (THOMAS, 2004).

Embora a água esteja presente nos reservatórios, nem sempre a sua

quantidade, expressa pela sua saturação, será suficiente para que ela se

desloque (THOMAS, 2004).

Há uma saturação mínima de água a partir da qual ela se torna móvel,

e esta saturação depende da rocha e dos fluídos nela contidos. Quando a

saturação de água for igual a esse valor mínimo, não existirá fluxo, e sendo

assim não haverá produção de água dessa rocha.

É necessário separar a água produzida com o petróleo,pois, além de

não apresentar valor econômico, a água apresenta sais em sua composição,

tais como cloretos, sulfatos e carbonatos de sódio, cálcio, bário e magnésio,

dentre outras espécies químicas, que podem provocar a corrosão e a

formação de depósitos inorgânicos nas instalações de produção, transporte

e refino (PETROBRAS, 2007).

4.5 Mecanismos de Produção de Reservatórios

Os fluídos existente em uma rocha reservatório devem dispor de uma

certa quantidade de energia para que possam ser produzidos, energia essa

que recebe o nome de energia natural ou primária, e resulta de todas as

situações e condições pelas quais a jazida passou até se formar

completamente (ROSA et al 2006).

47

No entanto para vencer toda esta resistência ocorrida pelos canais

porosos e se deslocar para os poços de produção é preciso que os fluídos

estejam submetidos a uma certa pressão (QUEIROZ, 2006).

A produção de maneira geral, ocorre devido a dois efeitos principais:

Descompressão: Ocasiona a expansão dos fluídos existentes no

reservatório e contração do volume poroso;

Quando há um deslocamento de um fluído por outro (Ex: invasão da

zona de óleo por um aquífero ).

Portanto, mecanismos de produção de reservatório é o conjunto de

fatores que desencadeiam os efeitos da produção de fluídos. Sendo eles:

Mecanismo de gás em solução;

Mecanismo de capa de gás;

Mecanismo de influxo;

Segregação gravitacional;

Mecanismo Combinado.

48

4.5.1 Mecanismo de Gás em solução:

Estabelecemos como a principal fonte de pressão a liberação e

expansão do gás parao óleo conforme a pressão é reduzida (QUEIROZ,

2006).

Figura 20 – Mecanismo de produção por gás em solução.

Fonte: Allen e Robert, 1997 apud QUEIROZ, 2006.

De acordo com a Figura 20 , a medida que o óleo vai sendo produzido

sua pressão interna do reservatório se reduz e como consequência os

fluídos que lá estão se expandem, por isso produção ocorre por não existir

espaço necessário para comportar o volume atual do fluído (ROSA, 2006).

4.5.2 Mecanismo de Capa da Gás

Estabelecemos como principal fonte de pressão a liberação e

expansão do gás para o óleo conforme a pressão é reduzida (QUEIROZ,

2006).

Seu funcionamento acontece da seguinte maneira: a zona de óleo é

disposta em produção, ocasionando uma redução na pressão devido á

retirada do fluído, e essa queda de pressão se transmite para a capa de gás

, que se expande entrando gradativamente na zona de óleo. Então o gás

passa a preencher os espaços que antes eram preenchidos por óleo. Da

maneira que o gás tem uma compressibilidade muito alta, a sua expansão

acontece sem haver queda imprescindível da pressão (QUEIROZ, 2006).

A Figura 21 mostra a posição capa de gás no reservatório :

49

Figura 21 – Mecanismo de produção por capa de gás.

Fonte :Allen e Robert, 1997 apud QUEIROZ, 2006.

4.5.3 Mecanismo de influxo de Água

Esse mecanismo ocorre quando a formação portadora de

hidrocarbonetos, óleo e gás,estiver em contato direto com uma grande

concentração de água, na qual denominamos essa concentração de água de

aquífero (QUEIROZ, 2006).

Então seu funcionamento ocorre quando há uma redução da pressão

do reservatório, que acontece pela produção de hidrocarbonetos, assim

haverá uma expansão de água nele existente e uma redução de seu volume

poroso. Como consequência, o espaço poroso do aquífero não é mais capaz

para suportar toda á água nele contida inicialmente. Sendo assim haverá

uma invasão da zona de óleo pelo volume de água que restou. Apesar de

manter a pressão elevada na zona de óleo, esse influxo de água irá mover o

óleo para os poços de produção, todo esse mecanismo pode ser visto

através da Figura 22 (QUEIROZ, 2006).

50

Figura 22 - Mecanismo de produção por influxo de água.

Fonte :Allen e Robert, 1997 apud QUEIROZ, 2006.

4.5.4 Mecanismo Combinado

Um reservatório de petróleo suporta mais de um mecanismo de

produção, por isso se diz que a produção é o resultado de mescanismo

combindo, por poder acontecer pelos três meios anteriormente mencionados

(QUEIROZ, 2006).

Assim um reservatório, onde seu mecanismo proporciona um boa

manuntenção de pressão, em um certo tempo da vida produtiva pode-se ter

uma pressão reduzida para valores inferiores à sua pressão de saturação,

ocasionando o aquecimento de gás livre na zona do óleo, como pode ser

visto na Figura 23 (QUEIROZ, 2006).

Figura 23 - Mecanismo de produção combinado.

Fonte: Allen e Robert, 1997 apud QUEIROZ, 2006.

51

4.5.5 Segregação Gravitacional

O efeito da gravidade é responsável por melhorar o desempenho dos

mecanismos de produção, é ela que faz com que aconteça a segregação de

fluídos, ou seja, os fluídos tendem á se organizar dentro do reservatório de

acordo com as respectivas densidades (QUEIROZ, 2006).

No mecanismo de gás em solução,o principal problema é que o gás,

ao invés de se expandir dentro do reservatório deslocando o óleo para fora

do meio poroso, é produzido juntamente com óleo (THOMAS, 2004).

Contudo, com a atuação da gravidade sobre os fluídos, uma grande

parte do gás que sai de solução se desloca para parte mais alta da estrutura,

causando o aparecimento do que se designou chamar de capa de gás

secundária (QUEIROZ, 2006).

A gravidade também pode ajudar um reservatório sujeito a um influxo

de água derivado de um aquífero da seguinte maneira: a diferença de

densidade entre o óleo e a água faz com que essa,apesar de estar se

deslocado de baixo para cima de uma forma geral, que fique sempre atrás

(abaixo) do óleo, sem ulrapassá-lo na deslocação dos poços produtores

(QUEIROZ, 2006).

4.6 Processamento Primário de Petróleo e Gás

Devido a sua origem, é comum que durante a vida produtiva de um

campo de petróleo ocorra simultaneamente a produção conjunta de água,

gás, óleo e sedimentos. Tendo em vista que o interesse econômico visa

apenas a produção de hidrocarbonetos (óleo e gás), é necessário que os

campos marítimos ou terrestre, utilizem instalações destinadas a efetuar,

sob condições controladas, o processamento primário dos fluídos. Sendo

necessários principalmente os seguintes processos:

52

Separação do óleo, do gás e da água com as impurezas em

suspensão;

Tratamento ou condicionamento dos hidrocarbonetos para que

possam ser transferidos para as refinarias onde é efetuado o

processamento propriamente dito;

O tratamento da água para reinjeção ou descarte. (THOMAS, 2004)

Uma planta de processamento primário pode ser simples ou

complexa, tais aspectos vão depender do tipo de fluídos produzidos e da sua

viabilidade econômica. As plantas mais simples efetuam apenas a

separação gás/óleo/água, entretanto as mais complexas incluem o

condicionamento e compressão do gás, tratamento e estabilização do óleo e

tratamento da água para reinjeção ou descarte (THOMAS, 2004).

Normalmente, no início do processo utiliza-se separadores bifásicos

e/ou trifásicos (NUNES, 1990 apud SILVEIRA, 2006), em série

,responsáveis pela separação das fases líquidas e gasosa, e com isso a

água/óleo/gás terão os seguintes destinos (SILVEIRA, 2006):

A fase gasosa juntamente com a líquida (óleo+água) é encaminhada

para UPGN (Unidade de Processamento de Gás Natural), depois de

passar por torres de absorção e/ou adsorção para retirada de fase

líquida (desidratação) e de gases ácidos (dessulfurização). Na maioria

dos casos, a corrente de gás pode ser queimada devida á

inviabilidade econômica do tratamento da mesma; (SILVEIRA, 2006).

A fase oleosa com água passa por tratadores eletrostáticos para a

retirada de água e outros compostos químicos (enxofre, sais);

(SILVEIRA, 2006).

A fase aquosa juntamente com óleo passa por um tratamento de

água, onde ela possa ser reinjetada nos poços ou descartada no mar

;(SILVEIRA, 2006).

53

Normalmente, as correntes líquidas também carregam certa

quantidade de gás, principalmente associado ao óleo (SILVEIRA, 2006).

Através da figura abaixo, podemos analisar as principais etapas do

processamento primário de petróleo. Ao terminar o processamento primário,

têm-se os fluxos separados de óleo e gás, e a água produzida sendo

descartada (SIQUEIRA, 2012).

Figura 24 - Fluxograma mostrando o processamento primário de petróleo e gás.

Fonte: Brasil et AL. (2001) apud SIQUEIRA, 2012.

4.6.1.1 Separação do Gás Natural

Primeiramente os fluídos produzidos passam por separadores que

podem ser bifásicos ou trifásicos, e podem atuar em série ou em paralelo.

Para o separador bifásico temos a separação gás/líquido, e no separador

trifásico ocorre adicionalmente a separação água/óleo (THOMAS, 2004).

Os vasos produtores podem ser fabricados de formas verticais e horizontais.

Os separadores horizontais geralmente são mais eficientes, e são utilizados,

preferencialmente, em sistemas que apresentem espumas e altas razões

54

gás/óleo. Suas desvantagens relacionam ao manuseio dos sólidos

produzidos (uma geometria vertical dos vasos facilita a remoção e à menor

capacidade de absorver grandes golfadas, ou seja, variações de fluxo

(SIQUEIRA, 2012).

Na figura abaixo será mostrado um separador bifásico:

Figura 25 - Separador Bifásico

Fonte:THOMAS, 2004.

Os separadores trifásicos são equipamentos de grandes dimensões e

longo tempo de residência, possuindo vários internos que possibilitem uma

boa separação das fases em seu interior. Eles visam efetuar a separação

das fases aquosa, oleosa e gasosa, mantendo dentro de limites toleráveis

(SILVEIRA, 2006):

a quantidade de líquido arrastado no gás

a quantidade de água arrastada no óleo e

a quantidade de óleo arrastado na água (SILVEIRA, 2006).

Esses tipos de separadores são parecidos com os separadores

bifásicos, sendo que mais espaço deve ser deixado para a decantação do

líquido e algum dispositivo deve ser adicionado para a remoção da água livre

(THOMAS, 2004).

Na Figura 26 temos um separador trifásico, onde um condutor de líquido é

necessário para não perturbar a interface óleo/água; e um condutor de gás,

55

ou chaminé, é necessário para equalizar a pressão de gás entre a seção de

coleta inferior de líquido e a seção superior de decantação (THOMAS, 2004).

Figura 26 - Separador Trifásico.

Fonte: THOMAS, 2004.

Um separador característico constitui-se de quatro seções distintas:

Seção de separação primária: O fluído que possui uma

velocidade considerável ao entrar no separador choca-se com

os defletores posicionados na parte superior do vaso, fazendo

com que o gás associado desprenda-se, devido à mudança

brusca de velocidade, a força da gravidade também interfere

fazendo com que as gotículas líquidas que são mais pesadas

se soltem da corrente de gás e se acumulem na seção de

acumulação de líquidos (JUSTINO, 2010).

Seção de separação Secundária: Denominamos como seção

secundária a parte superior do vaso onde o espaço permite a

56

circulação da corrente gasosa, o que faz com que as gotículas

maiores que ainda estão presentes se desprendem por ação

da gravidade durante o tempo de permanência do fluído dentro

do vaso colocar as referências.

Seção de acumulação de Líquido: É onde acontece a

separação das bolhas gasosas que ficaram no seio do líquido

após a separação primária (THOMAS, 2004).

Seção de Aglutinação: Ocorre quando as gotículas de líquido

são arrastadas pela corrente de gás, não separadas nas

seções anteriores, são aglutinadas em meios porosos e

recuperadas (THOMAS, 2004).

Na Figura 27 observar-se um separador trifásico horizontal, onde

temos as seções abordadas anteriormente:

Figura 27 - Separador trifásico horizontal.

Fonte:WWW.ibec.org.br apud JUSTINO, 2010.

57

4.6.1.2 Principais Problemas Operacionais

Embora a separação de fluídos seja um processo relativamente

simples, alguns problemas podem dificultar a separação gás/líquido e

óleo/água. Problemas como: formação de espumas, produção de areia,

parafinas, arraste. A formação de espumas acontece quando o gás de

menor densidade tende a separar-se com facilidade, porém a presença de

impurezas presentes no líquido poderá possibilitar o maior arraste de gotas,

gerando as espumas e esse problema pode causar danos aos

compressores. A produção de areia acontece quando a areia que vem com o

líquido, passa a causar erosão das válvulas e obstrução dos internos

acumulando-se no fundo do separador, de onde é removida pelos drenos, e

a melhor solução para tal problema é evitar a sua produção. Outro problema

que também pode ocorrer é a presença de parafinas, onde as mesmas

cristalizam-se e são arrastadas pelo fluído até que, ao chegar aos vasos

separadores, onde as velocidades são reduzidas, acabam depositando-se e

obstruindo o equipamento e as linhas de transferência (PETROBRAS, 2007).

4.6.1.3 Tratamento e Processamento do Gás Natural

O gás que é encontrado nos separadores é formado de uma mistura

de hidrocarbonetos leves, onde sua composição abrange do metano até

hidrocarbonetos parafínicos com sete átomos de carbono, além de teores

variáveis de gás sulfídrico, dióxido de carbono, nitrogênio e vapor de água

(BRASIL et al. 2011).

Podemos encontrar gás na natureza associado ou não ao petróleo.

Na Figura 28 podemos analisar uma representação esquemática de um gás

associado (é todo gás oriundo de um reservatório produtor de óleo ou em

estado livre formando a capa de gás), e também o gás não-associado (é

todo gás que provem de um reservatório produtor de gás, onde pequenas

quantidades de óleo podem ocorrer) (PETROBRAS, 2007).

58

Figura 28 – Comparação entre gás associado e não-associado.

Fonte:PETROBRAS, 2007.

O gás natural é prioritariamente consumido nas instalações de

produção, para elevação artificial (gas lift) e para a recuperação secundária

(injeção em poços) ou ainda na geração de energia, nos turbo geradores ou

como combustível em fornos e caldeiras (PETROBRAS, 2007).

Quando comercializado, seu uso predominantemente é como

combustível (gás liquefeito de petróleo - GLP de uso doméstico, líquido de

gás natural - LGN de uso industrial ou gás natural veicular - GNV). Enquanto

o GNV é composto basicamente por metano e algo de etano, o GLP é

composto por propano e butano e o LGN é a porção condensável do gás, ou

a gasolina natural (C5+). O gás ainda pode ser destinado às petroquímicas,

como matéria prima ou à siderurgia, como redutor (PETROBRAS, 2007).

4.6.1.4 Condicionamento

O condicionamento do gás Natural tem como finalidade remover

compostos e materiais, que podem mudar suas características e danificar os

equipamentos utilizados no seu aproveitamento. A remoção destes

compostos visa garantir as condições de qualidade mínimas do gás com

vistas a realizar sua transferência de forma eficiente e segura, das áreas de

produção até os centros processadores, evitando problemas como formação

59

de hidratos, corrosão, ação de compostos agressivos, acidentes na

manipulação, por exemplo. Condicionamento de gás natural é um termo

genérico que abrange vários processos unitários (físicos, químicos e

mecânicos) pertencentes a um sistema global de tratamento primário da

produção de óleo e gás. Alguns processos utilizados no condicionamento de

gás natural são descritos abaixo, sendo eles: (PETROBRAS, 2007).

Separação de óleo e gás ;

Filtração de gás ;

Dessulfurização;

Desidratação;

Compressão;

Injeção de inibidor de hidrato.

Alguns gases ácidos existentes em vários campos de produção,

quando presentes em teores elevados, envolvem a qualidade do gás a ponto

de inviabilizar o seu transporte e utilização pelos consumidores

(PETROBRAS, 2007).

O aparecimento de resíduos sólidos em altos teores pode

comprometer a integridade física do sistema de transporte de gás, (o qual é

composto basicamente por gasodutos) a partir de fenômenos do tipo erosão

e corrosão (PETROBRAS, 2007).

Depois da etapa de separação a corrente gasosa entra na etapa de

depuração e filtração, que tem como objetivo remover as gotículas de óleo

de pequeno tamanho. O gás depurado e filtrado se dirige ao módulo de

dessulfurização de gás, quando necessário (PETROBRAS, 2007).

Após ser dessulfurizado o gás natural é comprimido e segue para o

módulo de desidratação de gás. Esta unidade tem como intuito identificar o

gás, tratando-o segundo o teor de umidade definido pelo projeto, para

garantia do escoamento eficiente até a unidade de processamento, sem a

presença de hidratos e com a qualidade necessária. Os principais

compostos a serem removidos pelas etapas de condicionamento do gás

60

natural ou reduzidos a determinados teores estabelecidos por normas ou

padrões são:

Água;

Compostos sulfurados (H2S, CS2, COS, etc);

Dióxido de carbono (CO2);

Sólidos (areia, óxidos de ferro, produtos de corrosão);

Líquidos (condensado de gás, produtos químicos) (PETROBRAS,

2007).

No esquema abaixo é apresentado um diagrama com as etapas do

condicionamento do gás natural:

Figura 29 - Fluxograma para o condicionamento do gás natural.

Fonte: PETROBRAS, 2007.

4.6.1.5 Desidratação

A desidratação do gás natural consiste em separar o vapor d’água

existente em equilíbrio com o gás para garantir o escoamento e o

61

processamento do mesmo, sem o risco da ocorrência de formação de

hidratos ou de provocar corrosão nos equipamentos e tubulações

(PETROBRAS, 2007).

O gás natural origina-se de qualquer formação e é encontrado sempre

saturado com vapor d’água e à medida que se aproxima da superfície dentro

da linha de produção do poço, começa a ocorrer a separação de água livre,

devido às mudanças das condições termodinâmicas e estas condições

podem conduzir à formação dos hidratos, pode acarretar obstruções parciais

e totais da tubulação, causando custos de manutenção e de parada

(PETROBRAS, 2007).

Portanto a desidratação de gás é um processo de absorção ou de

adsorção, que se utiliza de absorventes líquidos no primeiro caso, ou

alternativamente sólidos no segundo caso. O processo de absorção com

absorventes líquidos é o mais comum, principalmente em sistemas offshore

devido à logística do manuseio de líquidos ser mais fácil. Em terra o uso de

peneiras moleculares (material de elevada porosidade) ou ainda membranas

pode ser empregado. Os glicóis, dentre os quais o trietilenoglicol (TEG), são

os absorventes mais largamente utilizados devido às suas características.

Eles são alcoóis muito higroscópicos (têm facilidade de absorver água), não

corrosivos, não voláteis, de fácil regeneração a altas concentrações,

insolúveis em hidrocarbonetos líquidos e não reativos com os componentes

do gás (hidrocarbonetos, dióxido de carbono e compostos de enxofre)

(PETROBRAS, 2007).

4.6.1.6 Remoção de Gases ácidos

Entre o conjunto de processos de condicionamento do gás natural, a

remoção dos gases ácidos tem como finalidade: Segurança Operacional;

especificação do gás para venda, redução da corrosividade do sistema

(BRASIL et al.. 2011).

Existem alguns processos bastante utilizados, dentre eles estão:

62

O tratamento com solução de MEA (monoetanolamina): este é o

processo mais tradicional e também o mais usado para remoção de sulfetos

de hidrogênio e dióxido de carbono, e também é utilizado para os gases

produzidos na refinaria;

Adsorção por peneiras moleculares é atualmente muito utilizada em

refinarias para purificação do hidrogênio (obtido nas unidades de geração de

hidrogênio);

Permeação por membranas poliméricas está sendo utilizada na

separação de gases. (BRASIL et al. 2011).

63

4.6.1.7 Processamento (UPGN)

Denominamos como Processamento de Gás Natural o processo de

separação das frações mais leves do gás natural (C1 e C2) das frações mais

pesadas, condensáveis (LGN, Líquido de Gás natural), de maior valor

econômico (PETROBRAS, 2007).

O processo é realizado nas Unidades de Processamento de Gás

Natural, as UPGNs também chamadas de Plantas de Gasolina. Por fim, o

processamento do gás natural constitui-se na diminuição da temperatura

e/ou no aumento da pressão para promover a condensação dos compostos

mais pesados (Petrobras, 2007).

Devido a alguns aspectos, tais como, composição do gás, pressão

disponível, recuperações desejadas, podem ser usados os seguintes

processos:

Refrigeração simples - a redução da temperatura para a condensação

dos hidrocarbonetos mais pesados é obtida mediante a utilização de um

fluido refrigerante em circuito fechado;

Absorção refrigerada - o gás é submetido a um contato com um fluido

auxiliar (óleo de absorção) numa torre a alta pressão e baixa temperatura,

que é obtida com o uso de fluido refrigerante (geralmente propano) em

circuito fechado;

Turbo-expansão – a redução da temperatura do gás, através da sua

expansão numa turbina, provoca a condensação dos hidrocarbonetos mais

pesados que devem ser separados. Pode ser necessário o uso de um fluido

refrigerante (turbo-expansão refrigerada);

Expansão Joule-Thompson (JT) – Consiste na expansão do gás numa

válvula que provoca uma redução de pressão e conseqüentemente, um

decaimento na temperatura. Pode ser utilizado uma refrigeração auxiliar

(PETROBRAS, 2007).

Antes de ser processado o Gás Natural é denominado de “gás

úmido”, por conter líquido de gás natural (LGN), enquanto o gás industrial

64

(ou gás residual) é o “gás seco”, pois não possui hidrocarbonetos

condensáveis.

A imagem abaixo mostra entrada e saídas típicas de uma UPGN:

Figura 30 - Fluxograma de funcionamento de uma unidade de processamento de gás natural.

4.6.2 Tratamento do óleo

Em um processo de produção de petróleo um dos contaminantes

mais indesejados é á água. A quantidade de água produzida associada aos

hidrocarbonetos varia em função de vários fatores, como:

Característica do reservatório de onde os fluídos são produzidos;

Idade dos poços produtores (geralmente a quantidade de água

produzida, que apresenta maior mobilidade que o óleo, aumenta com o

passar do tempo);

Métodos de recuperação utilizados (injeção de água, vapor, etc).

Águas precedentes de formações produtoras de hidrocarbonetos

apresentam sais, microorganismos e gases dissolvidos, além de material em

suspensão. Além destes constituintes, as águas produzidas contêm sólidos

provenientes das rochas (silte, argilas e areia), de processos corrosivos

65

(sulfetos e óxidos de ferro) e de incrustações (carbonatos de cálcio, e

sulfatos de bário, cálcio e estrôncio) (THOMAS, 2004).

O aparecimento de água associada ao petróleo causa uma série de

problemas nas etapas de produção, transporte e refino. A presença de água

produzida quando não retirada antes da produção e transporte acarreta os

seguintes problemas:

Necessidade de superdimensionamento das instalações de coleta,

armazenamento e transferência, incluindo bombas, linhas, tanques, etc;

Maior consumo de energia;

Segurança Operacional (Devido á sua composição a água pode, ao

sofrer variações de temperatura e pressão, provocar problemas de corrosão

e/ou incrustação, causando danos às tubulações, equipamentos e

acessórios, que podem ocasionar acidentes com impactos humanos,

materiais e ambientais).

Na etapa do refino, o aparecimento de cloretos de cálcio e magnésio

dissolvidos na água provocam, sob ação do calor, a geração de ácido

clorídrico, que migra para o topo de torres de destilação causando corrosão

e mais adiante uma redução de espessura e/ou furos de linhas, paredes de

vasose tubos trocadores de calor (THOMAS, 2004).

Por isso que a eliminação da água e importante. Devido a alguns

fatores:

Assegura um tempo maior de operação das diversas unidades e

equipamentos;

Diminui o tempo/custo de manutenção e consumo de produtos

químicos (Amônia, para neutralizar o ácido clorídrico gerado nas torres,

inibidores de corrosão e incrustação);

Permite que as operações e produção, transporte e refino ocorra

dentro de padrões de segurança e qualidade com menor custo financeiro

(THOMAS, 2004).

66

Uma boa parte da água que vem juntamente com o petróleo é

facilmente separada por simples decantação (água livre) nos separadores.

Para retirar o restante da água, que continua emulsionada, há necessidade

de se utilizar processos físicos e químicos que aumentam a velocidade de

coalescência (THOMAS, 2004).

4.6.3 Tratamento e Destino da água produzida

A água separada do petróleo é um efluente que, que pode ser

destinada ao descarte ou ao seu reuso (reinjeção ou outra utilização, como

por exemplo, geração de vapor ou até irrigação), que deve ser tratada

(PETROBRAS, 2007).

Geralmente, a água oriunda dos separadores e tratadores de óleo é

enviada para um vaso desgaseificador, seguindo daí para um separador

água/óleo e finalmente para um tubo de despejo (no caso de plataformas

marítimas). Todo óleo recuperado nas demais etapas é recolhido em um

tanque recuperador de óleo, retornando ao processo (THOMAS, 2004).

A figura abaixo ilustra um esquema de um sistema simples de

tratamento de água:

Figura 31 - Fluxograma de Tratamento de água.

Fonte: BRASIL et al. (2011).

67

O vaso desgaseificador tem como função remover traços de gás

ainda existente no líquido. Normalmente é um separador trifásico de baixa

pressão. Na indústria do petróleo, os hidrociclones e a flotação são os

processos de separação mais usados, onde a flotação recupera o resíduo de

óleo através da separação gravitacional, enquanto que os hidrociclones

procuram acelerar este processo (THOMAS, 2004).

É bastante importante o conhecimento das características da água

(salinidade, temperatura, teor de sólidos) e do óleo disperso (concentração,

densidade, distribuição de tamanhos). A utilização de produtos químicos

também é muito importante, e no caso das águas oleosas utilizam-se

polieletrólitos que atuarão na desestabilização e a coalescência das

gotículas de água e óleo. (PETROBRAS, 2007).

4.6.3.1 Lançamento no Mar

Os resultados obtidos sobre o descarte de água no mar denotam que

até o presente momento a descarga contínua da água produzida não causa

danos sensíveis ao meio marinho, desde que o sistema de descarte seja

projetado e construído para proporcionar uma grande diluição do efluente

(THOMAS, 2004).

Alguns componentes solúveis do óleo, como aromáticos, ácidos

naftênicos, parafinas normais entre outros, são destruídos pelas bactérias

presentes na água do mar (THOMAS, 2004).

4.6.3.2 Reinjeção

O custo e outras características apresentadas pela água fazem com

que ela seja o principal fluído utilizado na recuperação adicional de óleo

(THOMAS, 2004).

68

A grande maioria das unidades onshore da PETROBRAS tratam a

água produzida visando reinjeção (recuperação secundária de petróleo),

pois quando não gera problemas ao reservatório, é a melhor opção em

termos ambientais, pois resolve a questão do destino final da água

produzida juntamente com o óleo (THOMAS, 2004).

69

4.6.3.3 Impactos da água produzida

Outro problema ocasionado pelo aparecimento de água livre durante

a elevação e o escoamento é a formação de hidrato, que poderá bloquear

total ou parcialmente as linhas de produção e levar a perda de produção. O

hidrato é uma estrutura cristalina formada a partir da água e das frações

leves do petróleo (metano, etano e propano), a baixas temperaturas e em

elevadas pressões. O surgimento de hidrato é crítico durante uma parada de

produção, pois a água livre e o gás, mantidos pressurizados no interior das

linhas de produção, serão resfriados pelas correntes marítimas profundas.

Na Figura 32 podemos observar Hidrato formado em linha de

produção:

Figura 32 - Formação de Hidratos.

Fonte: PETROBRAS, 2007.

70

5. Resultados e Discussões

Através do presente trabalho foram obtidas as informações de

histórico de produção e evolução da indústria mundial, na América do Sul,

Brasil e Rio Grande do Norte. Onde foi possível observar um cenário de

expansão para a indústria do petróleo, apesar de no Rio Grande do Norte

temos observado uma queda de produção de hidrocarbonetos

Realizou-se também um levantamento de como funciona toda a

cadeia de petróleo, desde os constituintes do mesmo, até o processamento

primário de Petróleo e Gás, onde foi enfatizado por se tratar do tema do

trabalho, e por ser bastante relevante na indústria petrolífera.

Analisou-se os mecanismos e características existentes das rochas

reservatórios e os mecanismos de produção, os quais são necessários

devido aos vários tipos de mecanismos e as suas respectivas utilidades.

E por fim estudou-se sobre o Processamento Primário de Petróleo e

Gás, que corresponde à uma etapa bastante importante na produção de

hidrocarbonetos, por se tratar da etapa em que ocorre a

separação:água/óleo/gás. Nessa etapa da revisão foram entendidas como

as características dos reservatórios e dos fluídos produzidos impactam a

separação dos hidrocarbonetos líquidos e gasosos e condicionamentos

desses hidrocarbonetos antes de serem transportados.

71

6. CONCLUSÃO

De acordo com o trabalho descrito foi abordada uma das etapas

presente na obtenção de hidrocarbonetos, etapa esta denominada de

Processamento Primário de Petróleo e Gás,que separa a água, o óleo e gás

e em seguida colocar o óleo e o gás em condições em que estes possam ser

transportados, uma vez que interesse econômico visa apenas a produção de

(óleo e gás), necessitando assim de instalações destinadas, para executar

esse processamento primário. É visto também as formas de separação,

onde ela pode ocorrer através de um processo bifásica ou trifásica.

Também foi possível através da revisão bibliográfica realizada no

presente trabalho levantar os principais problemas operacionais.Também foi

possível através da revisão bibliográfica realizada no presente trabalho

levantar os principais problemas operacionais que ocorrem nos separadores,

por exemplo: formação de espuma, obstrução por parafinas ou areias,

formação de emulsões.

Outro ponto relevante do processamento primário abordado na

revisão bibliográfica consiste no tratamento da água produzida, que se não

for tratada corretamente pode vir a ocasionar impactos ambientais

significativos. Chegando-se a conclusão que sempre que possível deve-se

utilizar dessa água para reinjeção nos poços.

Todos esses fatores adicionados às tendências de redução de

produção no Rio Grande do Norte que demandam investimentos na

recuperação secundária (utilizando métodos de injeção de vapor e de água

que levam a produção de mais água juntamente com o petróleo)

evidenciaram o crescimento da importância do processamento primário de

petróleo e gás principalmente a nível regional.

72

7. Referências Bibliográficas:

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