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Artigos publicados no primeiro ano do periódico Journal of Bioenergy and Food Science.

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Journal of Bioenergy and Food Science eISSN 2359-2710

__________________________________________________________________________________________________________

Reitor “Pro tempore”

Emanuel Alves de Moura

Diretora Geral do Câmpus Macapá

Marialva do Socorro de Oliveira de Almeida

Diretor de Pesquisa

Franciolli Silva Dantas de Araújo

Pro reitor de Pesquisa

Rone Franklin Carvalho Dias

O periódico é um mecanismo difusor de conhecimento do Instituto

Federal do Amapá – Câmpus Macapá. É dirigido para profissionais e

estudantes interessados nas áreas de Ciências Agrárias, Ciência e

Tecnologia de Alimentos, Biotecnologia e Biodiversidade, Ciências ambientais, Química e nas áreas Interdisciplinares. Contemplando

publicação de artigos científicos inéditos, revisões bibliográficas e

notas técnicas publicados em Português, Espanhol ou Inglês.

A responsabilidade pelos juízos, opiniões e pontos de vista

expressados nos artigos publicados correspondem exclusivamente a seus autores.

__________________________________________________________________________________________________________

CONSELHO EDITORIAL

EDITOR GERAL

Victor Hugo Gomes Sales, Instituto Federal do Amapá, Brasil

EDITORES CIENTÍFICOS

Dr. Wardsson Lustrino Borges, Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária (EMBRAPA), Brasil

Ph.D Jorge M. A. Saraiva, Universidade de Aveiro, Portugal

Dr. Jesus Nazareno Silva Souza, Universidade Federal do Pará

(UFPA), Brasil

Dra. Olga Lucia Mondragon Bernal, Universidade Federal de Lavras

(UFLA), Departamento de Ciência dos Alimentos, Brasil

Ph.D Meram Chalamaiah, Food and Drug Toxicology Research

Centre, National Institute of Nutrition, India

Dr. Anderson Luís Alves, EMBRAPA Pesca e Aquicultura,

CNPASA, Brasil

Drª. Poliana Mendes de Souza, Instituto de Ciência e Tecnologia -

ICT, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri –

(UFVJM), Brasil

Drª. Nedja Suely Fernandes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN, Brasil

Me. Gilson Araujo de Freitas, Universidade Federal do Tocantins

(UFT), Brasil

Dr. Aroldo Arévalo Pinedo, Universidade Federal do Tocantins

(UFT), Brasil

Dr. William Renzo Cortez-Vega, Universidade Federal da Grande

Dourados (UFGD), Brasil

Ma. Giselle Pereira Cardoso, Instituto de Ciência e Tecnologia - ICT,

Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM),

Brasil

Drª. Mariana Saragiotto da Silva Alves, Instituto Federal do

Tocantins, IFTO, Brasil

Dr. Rafael de Araújo Lira, Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT),

Brasil

Dr. Emerson Adriano Guarda, Universidade Federal do Tocantins,

UFT, Brasil

Me. Irene Rodrigues Freitas, Universidade Estadual Paulista Júlio de

Mesquita Filho (UNESP), Brasil

Dr. Cleber Nogueira Borges, Universidade Federal de Lavras

(UFLA), Brasil

Dr. Gessiel Newton Scheidt, Universidade Federal do Tocantins,

(UFT), Brasil

Me. Taciano Peres Ferreira, Universidade Federal do Tocantins

(UFT), Brasil

Dr. Sidney Fernandes Bandeira, Instituto Federal do Mato Grosso

(IFMT), Brasil

Dr. Fabiano de Paula Machado, Universidade do Estado do Mato

Grosso (UNEMAT), Brasil

Dr. Harvey Alexander Villa Vélez, Universidade Estadual

Paulista"Júlio de Mesquita Filho", UNESP

Drª. Vanessa Riani Olmi Silva, Instituto Federal de Educação, Ciência

e Tecnologia (IFSEMG, Brasil

Me. Paulo Victor Gomes Sales, Instituto Federal do Tocantins

(IFTO), Brasil

Dr. Rodrigo de Oliveira Simões, Universidade Federal Rural de

Pernambuco (UFRPE), Brasil

Me. Adriano Alvarenga Gajo, Instituto Federal Sudeste de Minas

Gerais, (IFSUDESTE-MG), Brasil

Dr. Joenes Mucci Peluzio, Universidade Federal do Tocantins (UFT),

Brasil

Me. Carolina Médici Veronezi, Universidade Estadual Paulista Júlio

de Mesquita Filho (UNESP), Brasil

EDITORES DE LAY OUT

Me. Victor Hugo Gomes Sales, Instituto Federal do Amapá (Ifap),

Brasil.

Ma. Elisa Maria de Oliveira, Universidade Federal do Tocantins

(UFT)

Ma. Marília de Almeida Cavalcante, Instituto Federal do Amapá

(Ifap), Brasil.

___________________________________________________________________________________________________________ Indexada em:

LATINDEX: Índice Latinoamericano de Revistas Científicas y Tecnológicas. e-revist@s: Plataforma Open Access de revistas Científicas e

Electrónicas y Latinoamericanas; EZ3 Eletronic Journals Library; CrossRef; Journal4free; EZ3: Eletronic Journals Library; Acedemickeys; DIADORIM: Diretório de Políticas de Acesso Aberto das Revistas Científicas Brasileira; ABEC: Associação Brasileira de Editores Científicos.

________________________________________________________________________________________________________________________

Endereço

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá – Câmpus Macapá

ROD. BR 210 s/n, Bairro Brasil Novo. CEP 68.909-398

Macapá-AP, Brasil. emails: [email protected]; [email protected] e [email protected]

_______________________________________________________________________________________________________________________

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Journal of Bioenergy and Food Science eISSN 2359-2710

____________

________________________________________________________________________________________________________________________

MISSÃO

O Journal of Bioenergy and Food

Science tem como missão a difusão

do conhecimento derivado da

investigação científica e de revisões

bibliográficas, mediante a publicação

com cobertura a nível nacional e

internacional.

APRESENTAÇÃO

O periódico Journal of Bioenergy and

Food Science, é uma publicação

eletrônica trimestral do Instituto

Federal do Amapá – IFAP, que

objetiva contribuir para a

disseminação do conhecimento

através da publicação de textos

científicos (artigos inéditos e

originais, revisões bibliográficas e

notas científicas) em Português ou

Inglês, nas áreas de Ciências

Agrárias, Ciência e Tecnologia de

Alimentos, Biotecnologia e

Biodiversidade, Química, Ciências

Ambientais e Interdisciplinar.

Através deste, a comissão editorial da

revista convida pesquisadores,

profissionais, alunos de graduação e

pós-graduação a compartilharem seus

estudos e experiências com a

comunidade científica e acadêmica

através da nossa revista eletrônica.

Informações adicionais sobre a

revista e o processo de submissão de

artigos pode ser obtida por meio do

link

MISIÓN

La Journal of Bioenergy and Food

Science tiene como misión la difusión

del conocimiento derivado de la

investigación y de las revisiones

bibliográficas, mediante

publicaciones que tienen cobertura

tanto a nivel nacional y internacional

PRESENTACIÓN

La revista Journal of Bioenergy and

Food Science, es una publicación

electronica trimestral del Instituto

Federal do Amapá – IFAP, que tiene

como objetivo contribuir para la

diseminación del conocimiento

atraves de la publicación de textos

cientificos (artículos ineditos y

originales, revisiones bibliograficas y

notas cientificas) en portugues o

ingles, en las areas de: Ciencias

agrarias, Ciencia y tecnologia de

alimentos, Biotecnologia y

Biodiversidad, Química, Ciencias

ambientales y interdisciplinares.

Atraves de este, la comisión editorial

de la revista convidan investigadores,

profesionales, alumnos de graduación

y posgraduacíon a compartir sus

estudios y experiencias con la

comunidad cientifica y academica de

nuestra revista electronica.

Informaciones adicionales sobre la

revista y el proceso de submission de

articulos pueden ser obtenidas por

medio del link:

MISSION

Journal of Bioenergy and Food

Science’s mission is the diffusion of

the knowledge derived from

researches and bibliographic reviews,

through publications of both national

and international coverage.

PRESENTATION

The Journal of Bioenergy and Food

Science is a quarterly electronic

publication of the Federal Institute of

Amapá – IFAP. The aim of this work

is to contribute to the dissemination

of knowledge through the publication

of scientific papers (unpublished and

original articles, reviews and

scientific notes) in Portuguese,

Spanish or English, in the areas of

Agricultural Sciences, Food Science

and Technology, Biotechnology and

Biodiversity, Chemistry,

Environmental Sciences and

Interdisciplinary.Through this, work

the editorial board of the journal

invites researchers, professionals,

undergraduate and postgraduate

students and to share their

experiences with the scientific and

academic community through our

electronic journal.

Additional information about the

journal and the process of submission

of articles can be obtained through

the following link below:

http://periodicos.ifap.edu.br/index.php/JBFS

Diretrizes para autores / Directrizes para autores / Guidelines for authors:

http://periodicos.ifap.edu.br/index.php/JBFS/about/submissions#onlineSubmissions

Atenciosamente /Atentamente / Best Regards,

Journal of Bioenergy and Food Science – Editor Geral

Prof. MSc. Victor Hugo Gomes Sales.

Page 4: Volume 1 (2014) completo

SUMÁRIO

Properties of the argentine anchovy and whitemouth croaker muscle proteins obtained by alkali

solubilization process ........................................................................................................................... 1

Associação micorrízica como uma estratégia para o estabelecimento de espécies em áreas

impactadas ............................................................................................................................................ 7

Tratamento de resíduos industriais farmoquímicos por reagente de Fenton. .................................... 17

Conservação de produtos refrigerados e congelados expostos para a venda em supermercados da

cidade de Palmas-TO. ........................................................................................................................ 27

Alta pressão hidrostática na conservação de alimentos: um enfoque para o processamento de sucos

............................................................................................................................................................ 32

Secagem natural de banana nanica com e sem pré tratamento osmótico. .......................................... 41

Caracterização física e físico-química de pitayas vermelhas (Hylocereus costaricensis) produzidas

em três municípios paraenses. ............................................................................................................ 46

O ciclo do Marabaixo em Macapá e a Igreja Católica Romana: conflitos, ideologias e sincretismo

religioso. ............................................................................................................................................. 57

Biorrefinarias: Conceitos, classificação, matérias primas e produtos ................................................ 61

Produção do algodoeiro em função da adubação fosfatada utilizando fertilizante Basiduo® ........... 79

Produção e Análise de Cerveja Artesanal à Base de Milho ............................................................... 88

A incompatibilidade da Festa de São Tiago com o debate interreligioso do século XXI .................. 91

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J. Bioen. Food Sci, 01 (1): 1-6, 2014

Journal homepage: http://periodicos.ifap.edu.br/index.php/JBFS

ISSN 2359-2710

____________

J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.1-6, 2014 1 | P a g e

Properties of the argentine anchovy and whitemouth croaker muscle

proteins obtained by alkali solubilization process

I. R. Freitas1* and C. Prentice-Hernández1

1 Laboratory of Food Technology, School of Chemical and Food.Federal University of Rio Grande.Avenida Itália km 8, Bairro

Carreiros. Postal Code: 96203-900, Rio Grande-RS, Brazil.

INF. ARTICLE ABSTRACT

Received: 02 Mar 2014

Approved: 10 Jun 2014

Publicado em: 05July 2014

The aim of this study was to evaluate functional properties and

microbiological characteristics of recovered proteins of anchovy (Engraulis

anchoita) and whitemouth croaker (Micropogonias furnieri) through the

process of alkaline solubilization and isoelectric precipitation, using

different solubilization at pH 11 (NaOH and KOH) and precipitation at pH

5.5 (HCl and H3PO4) reagents. Analyses of water holding capacity were

carried out (at pH 3,5,7,9 and 11), oil holding capacity and Salmonella sp,

Escherichia coli and Staphylococcus aureus. The water holding capacity

was lowest at pH 5. The low value of the proteins recovered by alkaline

solubilization process also indicates changes in the protein. The highest oil

holding capacity was observed in whitemouth croaker concentrates

(NaOH/H3PO4) at 5.6 ml oil.g protein-1. As for microbiological analyses,

results showed no Salmonella in 25 g for all treatments and maximum

count of 2.75 x 102 CFU.g-1 for coagulase positive Staphylococcus for the

muscle of anchovy concentrated. The protein concentrate obtained by

combining NaOH/H3PO4 showed better functional quality. This process is

an alternative to recover fish protein of low commercial value that may be

used as an ingredient in foods.

Termos de indexação:

Fish

Solubilization

Functionality

Quality.

*Autor para correspondência

[email protected]

© 2014 JBFS all rights. This is an open access article distributed under the Creative Commons Attribution License,

which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly

cited.

Como referenciar esse documento (ABNT):

FREITAS, I. R.; PRENTICE-HERNÁNDEZ, C. Properties of the argentine anchovy and whitemouth croaker muscle

proteins obtained by alkali solubilization process. Journal of Bioenergy and Food Science, Macapá, v.1, n. 1, p. 1-6,

abr. / jun. 2014. ________________________________________________________________________________________________________________________

INTRODUÇÃO

Proteins play a very important role in

stability, functionality and texture of food systems.

This functionality is governed by physicochemical

and structural properties of proteins like intrinsic

amphiphilic character, surface activity, molecular

weight, net charge, solubility, conformational

flexibility and extrinsic conditions of the aqueous

medium such as pH, ionic strength and temperature

(BRYANT & McCLEMENTS, 2000).

The fish muscle proteins have the advantage

of possessing a high biological value, due to the

sensitivity to hydrolysis and balanced amino acid

composition, particularly those which tend to be

limiting in the vegetable proteins such as

methionine and cysteine.

Another relates to the use of fish advantage is

the fact that certain species are not suitable for

marketing, usually because of lack of satisfactory

performance respecting to filleting, due to body

structure and present a low commercial value

(BÁRZANA & GARIBAYGARCÍA, 1994;

FONTANA et al., 2009).

The isolated protein generally has good

functional and nutritional properties that can be

used in a higher value product (GEHRING et al.,

Sci

enti

fic

art

icle

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Food Science and Technology

2 | P a g e J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.1-6, 2014

2011; TAHERGORABI et al., 2012). This

contribution is very important because of the world

population increasing, so there is need to get

products that have good properties (ALU’DATT et

al., 2012).

Knowledge of the specific functional

properties of isolate and concentrate tends to

facilitate direct your application, contributing to a

better use, resulting in products with higher

nutritional and technological quality

(CENTENARO et al., 2009). The water retention

capacity is very useful in the manufacture of meat

products, preventing water loss in the cooking

process, and which usually improves the texture of

foods.

The oil holding capacity is of great

importance in the formulation of food, being able to

influence the order of addition of dry ingredients

into the mixture, besides being used to determine

the mixing times using a uniform distribution of oil

or fat in the dry mixtures (CHAUD & SGARBIERI,

2006).

The works aims to evaluate functional

properties and microbiological characteristics of

recovered proteins of anchovy (Engraulis anchoita)

and whitemouth croaker (Micropogonias furnieri)

through the process of alkaline solubilization and

isoelectric precipitation, using different

solubilization and precipitation reagents.

MATERIAIS E ÉTODOS

Raw Material

The raw material used was muscle from the

anchovy (Engraulis anchoita) captured off the coast

of Rio Grande do Sul on cruises conducted by the

"South Atlantic Oceanographic Vessel", owned by

the Federal University of Rio Grande - FURG, and

the croaker muscle (Micropogonias furnieri)

provided by Pescal S.A. fish industry located in the

city of Rio Grande - Rio Grande do Sul state. The

anchovy and croaker were transported in coolers

with ice to the Laboratory of Food Technology,

Federal University of Rio Grande - FURG where

they were cleaned with chlorinated water 2.0 g.L-1,

filleted and stored frozen at (- 18° C) until use.

Methods

Obtaining the recovered protein

The process of alkaline solubilization was

performed as described by Kristinsson et al., (2005)

and Nolsoe & Undeland (2009) with slight

modifications. The filets were minced and then

homogenized (IKA Model RW 20DZM.n) in a ratio

of 1:9 (w/v) with distilled water at 4 °C for 60 s.

Protein solubilization was performed at 3-4 °C in

controlled temperature by an ultrathermostatic bath

(Quimis, model 214 D2) for 20 minutes under

constant stirring with propeller stirrer shaft (IKA,

model RW 20DZM.n). Two alkaline solutions, 1N

KOH and 1N NaOH were used for protein

extraction at pH 11.0 for 20 min then centrifuged

(SIGMA, Model 6-15) at 9000 × g for 20 min.

Soluble proteins were subjected to isoelectric

precipitation (pH 5.5) with addition of 1N HCl

solution and 1N H3PO4. A second centrifugation

was performed at 9000 x g for 20 min, where the

precipitate referred to as recovered protein was

mixed with cryoprotectants (0.3% polyphosphate,

4% sorbitol and 4% sucrose).

Microbiological analysis

Microbiological analysis was performed

using the method recommended by APHA (2001)

for Coagulase-Positive Staphylococcus, Salmonella

and Escherichia coli.

Determination of the water holding capacity

(WHC)

WRC was determined according to the

method by Regenstein et al., (1984), adapted to

laboratory conditions. Protein dispersion at 1% with

varying pH (3, 5, 7, 9 and 11) was prepared. 2 ml of

0.1M NaCl was added to the dispersion to obtain a

homogeneous paste, and then added to the

appropriate buffer according to the corresponding

pH up to the volume of 40 ml, the dispersion was

stirred for 15 minutes and centrifuged at 8667 x g

for 20 minutes. Soluble proteins in the supernatant

were quantified by the method defined by Bradford

(1976), and deducted from the total protein of the

original sample. The WHC was determined as

follows.

𝑊𝐻𝐶 = 𝐴𝑚𝑜𝑢𝑛𝑡 𝑤𝑎𝑡𝑒𝑟 𝑟𝑒𝑡𝑎𝑖𝑛𝑒𝑑 𝑜𝑖𝑙 (g)

𝑂𝑟𝑖𝑔𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑃𝑟𝑜𝑡𝑒𝑖𝑛 𝑚𝑎𝑠𝑠 (𝑔) x100 Eq.(1)

Determination of the oil holding capacity

(OHC)

ORC was determined according to the

method described by Fonkwe & Singh (1996).

0.5 g of protein was weighed and mixed with

10 ml of soybean oil in centrifuge tubes and

stirred for 10 min. in a tube stirrer at speed 4

(56 PROENIX AP).

Later, the mixture was centrifuged at

8667 x for 20 minutes, and the difference

between the added oil and the oil that is not

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Freitas & Prentice-Hernández (2014)

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J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.1-6, 2014 3 | P a g e

retained was considered as the amount of oil

retained by the protein. The data was obtained

using the equation 2.

𝑂𝐻𝐶 = 𝑅𝑒𝑡𝑎𝑖𝑛𝑒𝑑 𝑜𝑖𝑙 (𝑚𝐿)

𝑃𝑟𝑜𝑡𝑒𝑖𝑛 𝑚𝑎𝑠𝑠 (𝑔) 𝑥 100 Eq.(2)

Statistical Analysis

The experiments were conducted in triplicate.

Results were expressed as mean and standard

deviation values. The results were evaluated using

analysis of variance (ANOVA) and Tukey's

multiple comparison tests, with the significance

level of 5%, using Statistica 7.0 software.

RESULTADOS

Microbiological analysis Microbiological

evaluation is of great importance during the

production and storage of food products. Freshly

caught seafood often has a large numbers of

microorganisms on its surface (NOLSØE &

UNDELAND, 2009). The results of microbiological

analysis for recovered fish proteins are shown in

Table 1. These results are in agreement with the

RDC No. 12, January 2, 2001 (Brazil, 2001) which

regulates the quality standards for products derived

from fish, i.e surimi and similars, which require the

absence of Salmonella in 25g and allows maximum

count of 5 x 102 CFU.g-1 for coagulase-positive

Staphylococcus.

Table 1: Microbiological analysis of recovered proteins by the process of alkaline solubilization

Recovered Protein Salmonella

sp/25g

Escherichia coli

(NMP/g)

Staphylococcus aureus

(UFC/g)

Anchovy Muscle

(KOH/HCl) Absent < 3.0 1.52x102

Anchovy Muscle

(NaOH/H3PO4) Absent < 3.0 2.52x102

Croaker Muscle

(KOH/HCl) Absent < 3.0 2.75x102

Croaker Muscle

(NaOH/ H3PO4) Absent < 3.0 Absent

Functional properties

Table 2 shows the water holding capacity

(WHC) as a function of pH. It is observed that for

all samples, WHC increased at pH 3.0, showed a

decrease in pH 5.0 and increased again at pH’s 7.0,

9.0 and 11.0. It was verified by Tukey test that no

significant difference (P> 0.05) was presented

between the muscle proteins of croakers using

different solubilization reagents at pH 5. The same

was observed for the solubilized anchovy muscle

protein. Among the pH's studied, maximum values

were observed at pH 11 for the croaker muscle

proteins with 15.34% and 22.50%, and at pH 3,

23.64% was obtained.

Table 2: Values pH of water holding capacity (WHC) presented by fish proteins recovered by the process of

alkaline solubilization.

Recovered protein pH

3 5 7 9 11

Anchovy Muscle

(KOH/HCl) 9.46±0.52c 2.34±0.18b 3.35±0.58b 6.08±0.71b 11.31±0.59c

Anchovy Muscle

(NaOH/H3PO4) 15.38±0.65b 3.12±0.02b 5.89±0.01a 5.59±0.98b 2.12±0.04d

Croaker Muscle

(KOH/HCl) nd 4.34±0.05ªb 5.10±0.70ab 9.36±5.73ab 15.34±0.55b

Croaker Muscle

(NaOH/H3PO4) 23.64±0.17ª 6.05±2.19a 6.35±2.05a 12.13±2.32a 22.50±0.42a

Averages of three determinations (n = 3) ± standard deviation. The same letters in the same column do

not differ by Tukey test p>0.05. nd- not detected.

For anchovy muscle protein, low pHs were

obtained for the studied WHC. The low WHC of

proteins recovered by the process of acid or alkaline

solubilization also indicates changes in the protein.

However, the treated proteins had their structure

changed as a result of intermolecular charge

repulsion induced by extremes of pH (Hultin &

Kelleher, 1999).

Batista et al. (2007) found a reduced capacity

for water holding in protein extracted from sardine

muscle for both alkaline solubilization processes

(approximately 3%).

Page 8: Volume 1 (2014) completo

Food Science and Technology

4 | P a g e J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.1-6, 2014

The oil holding capacity (OHC) is one of the

most important functional properties in the

elaboration of products. The oil retention

mechanism is mainly due to physical capture of the

oil by the protein and is an important functional

feature, required mainly by the meat and emulsified

products industries (Sathivel & Bechtel, 2006).

The Figure 1 shows the values of the OHC of

proteins recovered by alkaline solubilization

process. In this study, the OHC values obtained

were 3.73 and 5.63 mL of oil/g of protein for the

croaker muscle protein isolates, and 4.70 and 4.40

mL of oil/g of protein for the anchovy muscle

protein isolates, which indicates that there is a high

amount of hydrophobic regions in proteins which

favor them with the oil. Similar results were found

by Sathivel & Bechtel (2008), who obtained 4.8 mL

of oil/g of sole muscle protein isolate solubilized at

pH (11), while Fontana et al., (2009) found 4.7 ml

of oil/g of protein for croaker muscle concentrate

obtained by the alkaline processes.

Figure 1: Oil holding capacity of proteins recovered by

alkaline solubilization process. AM- Anchovy Muscle; CM-

Croaker Muscle.

CONCLUSION

It was found that the functional properties of

the protein isolates of fish can be modified

according to the type of solvent used and the type of

raw material used.This difference to the functional

properties can be made available for various

technological purposes in food formulations

according to the characteristics of the desired

product.

The microbiological results presented in

accordance with the standards of the Brazilian law,

Page 9: Volume 1 (2014) completo

Freitas & Prentice-Hernández (2014)

____________

J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.1-6, 2014 5 | P a g e

this shows that the isolated protein can be used for direct application.

Propriedades das proteínas de músculo de anchoita e corvina obtidas pelo processo de

solubilização alcalina.

Resumo - O objetivo deste estudo foi avaliar as propriedades funcionais e as características

microbiológicas da proteina recuperada de músculo de anchoita (Engraulis anchoita) e corvine

(Micropogonias furnieri) obtida pelo processo de solubilização alcalina e precipitação isoelétrica

usando diferentes solventes de solubilização (NaOH e KOH) a pH 11 e precipitação (HCl e H3PO4) a

pH 5.5. Foram realizadas analises da capacidade de retenção de água na faixa de pH 3,5,7,9 e 11;

capacidade de retenção de óleos; Salmonella sp, Escherichia coli e Staphylococcus aureus. Baixa

capacidade de retenção de água foi encontrado em pH 5 para todos as amostras, e esse baixo valor

obtido indica mudanças na proteína ocorrido pelo processo de solubilização alcalina. Alta capacidade

de retenção de óleo foi observado no concentrado de corvina (NaOH/H3PO4) 5,6 ml oil/g protein.

Quanto as análises microbiológicas os resultados apresentaram ausência de Salmonella sp em 25 g

para todos os tratamentos e contagem máxima de 2,75 x 102 UFC/g para Staphylococcus coagulase

positiva para o concentrado de músculo de anchoita. A proteína concentrada obtida pela combinação

NaOH/H3PO4 mostrou melhor qualidade funcional. Este processo é uma alternativa para recuperar

proteínas de pescados de baixo valor comercial e pode ser usado como ingredientes em alimentos.

Palavras-chave: Pescado; solubilização; funcionalidade; qualidade

REFERÊNCIAS

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BÁRZANA, E.; GARIBAY-GARCÍA, M.; Production of

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CENTENARO, G. S.; PRENTICE-HERNÁNDEZ, C.;

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Journal homepage: http://periodicos.ifap.edu.br/index.php/JBFS

ISSN 2359-2710

____________

JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.7-16, 2014 7 | P á g i n a

Associação micorrízica como uma estratégia para o estabelecimento

de espécies em áreas impactadas

L. G. S. M. Rodrigues1*; S. R.Goi2 e F. M. Rodrigues3

1 Doutoranda pela Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais e Florestais (PPGCAF) na Universidade

Federal Rural do Rio de Janeiro-UFRRJ e Professora do Instituto Federal do Tocantins-IFTO. AC Universidade Rural,

BR 465, Km 07, Caixa Postal: 74515, Seropédica- RJ, Brasil. CEP: 23.897-970.

2 Doutora, Pesquisadora e Professora no PPGCAF pela UFRRJ. BR 465, Km 07, Seropédica-RJ. Brasil. CEP: 23897-

000 (21) 2682-1128, Ramal 203, e-mail: [email protected]

3 Doutorando em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela UFRRJ e Professor do IFTO. e-mail:

[email protected]

INF. REVISÃO RESUMO

Convite: 01 Mar 2014

Recebido em: 08 Jun 2014

Publicado em: 05 Jul 2014

Os impactos ambientais causados pela exploração solo, mesmo que

necessária, causam degradação ambiental sobre o solo. Assim fazem-se

indispensáveis intervenções nessas áreas, escolhendo metodologia e

selecionando espécies de plantas, podem acelerar sua regeneração,

permitindo o processo sucessional. Esse trabalho teve o objetivo de realizar

um levantamento bibliográfico sobre o papel da atividade microbiana para

recuperação de áreas degradadas. Os fungos micorrízicos, nesse contexto

são eficientes na aquisição de água e nutrientes do solo, melhorando o

crescimento das plantas, além de participar da agregação e estruturação do

solo e, consequentemente, na sua recuperação. Assim, sob diversas

condições de degradação ambiental, a maioria das plantas superiores é

colonizada por micorrizas, e que podem ter vários efeitos benéficos no

crescimento da planta.

Termos de indexação:

Degradação

Fungos

Biodiversidade.

*Autor para correspondência

[email protected]

© 2014 JBFS all rights. This is an open access article distributed under the Creative Commons Attribution License,

which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly

cited.

Como referenciar esse documento (ABNT):

RODRIGUES, L. G. S. M.; GOI, S. R.; RODRIGUES, F. M. Associação micorrízica como uma estratégia para o

estabelecimento de espécies em áreas impactadas. Journal of Bioenergy and Food Science, Macapá, v.1, n. 1, p.7-16,

abr. / jun. 2014. _________________________________________________________________________________________________________________

INTRODUÇÃO

A análise de indicadores bioquímicos e

microbiológicos em solos degradados ou em

processo de recuperação é de suma importância

quando se deseja obter informações sobre a

qualidade do ambiente e da sustentabilidade do

ecossistema nos tratamentos indicados (LONGO &

RIBEIRO, 2011).

Além disso, de constituírem informações

complementares na avaliação qualitativa dos solos,

os indicadores microbiológicos têm sido

frequentemente sugeridos como sensíveis aos

impactos causados pelo manejo do solo, quando

comparado àqueles de caráter físico ou químico

(BENDING et al., 2004).

Algumas atividades antrópicas podem

proporcionar impactos diretos e indiretos de

diferentes naturezas sobre o ambiente. Os impactos

sobre o solo, a vegetação e os recursos hídricos

presentes no sistema são observados na forma de

alterações estéticas, físicas, químicas e biológicas,

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Biotecnologia e Biodiversidade

8 | P a g e J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.7-16, 2014

dependendo, logicamente, das características da

geologia, vegetação, relevo e solo locais (LONGO

& RIBEIRO, 2011).

A recuperação natural de áreas devastadas é

demorada e, muitas vezes, requer intervenção

antrópica, além de ser extremamente limitada e

altamente imprevisível, devido, principalmente, à

ausência de banco de sementes e à baixa fertilidade

do solo (VÊNIA et al., 2006).

Os principais problemas edáficos associados a

recuperação de áreas degradadas são: baixa taxa de

infiltração de água no solo, reduzida capacidade de

armazenamento de água, deficiência de oxigênio,

aumento na densidade global, elevada resistência à

penetração de raízes, falta de matéria orgânica (MO)

e baixa fertilidade, entre outros (CORREA, 1996).

Independentemente da finalidade a que se

propõe um programa de recuperação, as ações

recuperadoras pressupõem o uso de medidas de

proteção do solo, dentre as quais afirmação de uma

vegetação de cobertura tem sido imprescindível.

A produção de mudas de espécies arbóreas

nativas, para reflorestamento ou recomposição de

áreas degradadas, é considerada como uma

alternativa tecnológica em programas de

recuperação de áreas devastadas, tendo como

finalidade a diminuição do impacto ambiental, a

melhoria das condições edafoclimáticas e a

conservação da biodiversidade (CARNEIRO ET al.,

2004).

Todavia, à grande dificuldade no

estabelecimento da vegetação inicial deverão ser

utilizadas espécies rústicas e agressivas o bastante

para se desenvolverem em ambientes hostis e,

preferencialmente, com características que

contribuam para o reequilíbrio e a estabilização do

ecossistema, propiciando atuação dos mecanismos e

dos processos naturais de colonização e integração

da flora e fauna (RESENDE & KONDO, 2001).

O solo submetido a um processo de

recuperação via implantação de florestas plantadas

que se assemelham ao processo natural de sucessão

ecológica secundária, como decorrer do tempo,

tende aumentar os teores de nutrientes e de matéria

orgânica do solo (MOS), bem como promover a

diminuição da acidez e aumentar a estabilidade dos

agregados do solo. Considerando-se a baixa

fertilidade natural e o baixo potencial de inoculo de

áreas a serem reflorestada, a inoculação com fungos

micorrízicos, na fase de formação de mudas de

espécies florestais, é fundamental para o sucesso de

programas de reflorestamento (CARNEIRO et al.,

2004).

Ferraz et al., (2004) afirma que “o

conhecimento gerado pelos estudos dos grupos

sucessionais pode ser aplicado diretamente na

conservação, no manejo sustentando as florestas e

na reabilitação da floresta e na reabilitação de áreas

degradadas”. Pois, a vegetação influencia

diferentemente a biomassa microbiana, e por esse

motivo, sua eliminação ocasiona uma drástica queda

da biomassa carbono, como revelam estudos

envolvendo desmatamentos (CARNEIRO et al.,

2004).

Modelos de recuperação de solos degradados

devem se basear em tecnologias que sejam capazes

de melhorá-lo por meio do aporte de matéria

orgânica com baixa relação C/N permitindo o

restabelecimento da vida no solo. A biomassa

microbiana do solo pode ser bom indicador de

recuperação de solos postos em recuperação, pois

atua como agente da transformação bioquímica dos

compostos orgânicos, sendo também um

reservatório de N, P e S (VÊNIA et al., 2006).

O conhecimento das relações ecológicas e das

exigências nutricionais das espécies pode facilitar o

desenvolvimento de tecnologias para a obtenção de

mudas sadias destinadas aos programas de

revegetação ou recuperação do ambiente, bem como

a utilização econômica das espécies nativas para os

diversos fins (VÊNIA et al., 2006).

Dentre as diversas relações biológicas

existentes, destaca-se a simbiose micorrízica, que

constituem vários tipos de micorrizas. Os fungos

micorrízicos são do tipo predominante nas espécies

vegetais e de maior importância nos ecossistemas

tropicais (CARNEIRO et al.,2004).

Formadas por fungos da ordem Glomales

(Zigomicotina), seus benefícios à planta hospedeira

são a melhoria das condições nutricionais, em

especial de P, e a tolerância a estresses diversos,

principalmente estresse hídrico; enquanto a planta

fornece fotossintatos essenciais para o

desenvolvimento do fungo (VÊNIA et al., 2006).

Portanto, a efetividade simbiótica, definida

como capacidade do fungo em promover o

crescimento da planta hospedeira, é controlada pela

eficiência do fungo, pela dependência da planta e

modulada pelo ambiente (CARNEIRO et al., 2004).

Nesse sentido, o presente projeto tem por

objetivo básico de realizar um levantamento

bibliográfico sobre associação micorrízica para o

estabelecimento de espécies vegetais em áreas

degradadas.

ÁREAS DEGRADADAS E A RECUPERAÇÃO

AMBIENTAL

No artigo 2º da Lei 9.985, que estabelece o

Sistema Nacional de Unidades de Conservação, há

definições de:

Recuperação: restituição de um ecossistema ou

de uma população silvestre degradada a uma

condição não degradada, que pode ser diferente

de sua condição original;

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Rodrigues, Goi & Rodrigues (2014)

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JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.7-16, 2014 9 | P á g i n a

Restauração: restituição de um ecossistema ou

de uma população silvestre degradada o mais

próximo possível da sua condição original.

Já um ecossistema degradado é o que, após

certo distúrbio, teve eliminado, junto com a

vegetação, os meios bióticos, apresentando assim,

baixa resiliência, ou seja, o seu retorno ao estado

anterior pode não acontecer, ou ser extremamente

lento, necessitando da intervenção humana

(CRESTANA et al., 2006).

Ainda, uma área degradada pode ser

considerada por ter sofrido alterações de suas

características originais, em função de causas

naturais ou oriundas de ação antrópica

(REICHMANN NETO, 1993).

São numerosos os problemas nos processos

de regeneração natural em áreas impactadas, os

quais parecem estar em parte, associados às

condições desfavoráveis do solo exposto, por

exemplo, toxicidade do alumínio, acidez, altas

temperaturas do solo e baixa atividade microbiana

(PERRY et al., 1987).

A preocupação com o meio ambiente tem

colocado em destaque a questão da recuperação de

áreas degradadas. No entanto, muitas vezes,

medidas adotadas para a recuperação de áreas

fortemente impactadas, geralmente são inócuas, pois

utilizam técnicas e procedimentos eficientes,

testados e aprovados em outros ambientes, mas

quando aplicado em situações distintas podem não

trazer os resultados esperados (SOUZA, 2004).

Espécies para recuperação de áreas degradadas

Em virtude ao reflorestamento com espécies

florestais, pesquisas têm buscado conhecer as

estratégias sucessionais e habilidades competitivas

das diferentes espécies florestais (JANOS 1996;

HERRERA et al., 1997).

Para ter a sucessão natural e nos processos de

ciclagem para a plantação de florestas, são

importantes instrumentos para a reabilitação de

solos tropicais degradado, acelerando a recuperação

da fertilidade do solo quando comparados a um

processo de sucessão secundária natural, ou seja,

sem interferência humana, nesse sentido a chave

para esse sucesso, é a seleção cuidadosa de espécies

vegetais e as práticas de manejos (PARROTA,

1992).

Para haver introdução de plantas

leguminosas, no processo de recuperação destas

áreas, contribui para a incorporação de carbono e

nitrogênio ao solo, favorecendo a atividade

microbiana e melhorando a agregação do solo.

O estabelecimento das comunidades

rizosféricas e suas relações mutualísticas (bactérias

fixadoras de nitrogênio e fungos micorrízicos) têm

papel crucial na dinâmica de nutrientes no solo, pois

a capacidade destas espécies crescerem em

condições limitantes de fertilidade, com elevada

produção de biomassa que é aportada ao solo via

serrapilheira, proporciona maior ciclagem e

acúmulo de nutrientes no solo (FARIA & CHADA,

2003)

Na região dos trópicos, há a baixa fertilidade

do solo e a limitada disponibilidade do fósforo

proporciona a formação das associações

micorrízicas, que são essenciais para o

desenvolvimento de uma grande variedade de

espécies de plantas (NEWSHAM et al., 1995).

Nesse sentido, o sucesso da revegetação

depende da capacidade das mudas em absorver

nutrientes e água, resistir às doenças e sobreviver

aos estresses impostos pelo ambiente, sendo

bastante conhecido que certos fungos do solo como

os fungos micorrizicos arbusculares podem

contribuir para aliviar esses estresses (SIQUEIRA &

SAGGIN-JUNIOR, 1995).

SOLO E MICRORGANISMOS

O reservatório que possuiu o maior

compartimento terrestre de carbono, contendo

quantidades desse elemento, que superam os

presentes na biomassa vegetal e na atmosfera do

planeta, é o solo. Cuja, a maior parte do carbono

estocado no solo é constituída por formas orgânicas,

cuja quantidade, num dado momento, é o reflexo do

balanço entre as adições de resíduos e as perdas por

oxidação de materiais orgânicos (Roscoe et al.,

2006).

Da fração porosa do solo, os microrganismos

ocupam em torno de 0,5%, porém essa porcentagem

aumenta significativamente no solo rizosférico,

devido ao aumento na disponibilidade de substrato.

Por isso, é importante a natureza dos materiais que

fornecem carbono, os nutrientes a energia estocada e

a dinâmica dos fatores físicoquímicos afetando o

metabolismo celular e a disponibilidade de

substrato. A microbiota heterotrófica utiliza resíduos

de plantas, animais e outros microrganismos em

vários estádios de decomposição (MOREIRA &

SIQUEIRA, 2006).

Geralmente os materiais húmicos não são

fonte de energia prontamente disponível devido à

sua alta complexidade, porém são importantes como

reservatório de N, P, C e outros elementos

(MOREIRA & SIQUEIRA, 2006).

Evidências da contribuição da MOS e dos

microrganismos, especialmente dos filamentosos,

são baseados no fato que tanto a formação quanto a

estabilidade dos agregados, mostram correlações

positivas do comprimento de hifas e raízes com o

teor de MO (JASTROW & MILLER, 1991).

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Biotecnologia e Biodiversidade

10 | P a g e J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.7-16, 2014

Essa relação resulta dos efeitos do maior

suprimento de carbono para a microbiota do solo, e

não dos efeitos diretos da MO. A relação entre os

microrganismos, a MO e a estruturação do solo são

bastante evidentes, porém a distinção entre causa e

efeito não é totalmente clara. Os microrganismos e a

MO estabilizam a estrutura do solo, enquanto uma

boa estrutura protege fisicamente os

microrganismos e a MO, formando um circuito

complexo e intimamente ligado entre agregação,

microbiota e MO (MOREIRA & SIQUEIRA, 2006).

O efeito das hifas fúngicas, principalmente

dos fungos associados às raízes (micorrizas) na

agregação do solo, também tem recebido maior

atenção, pois esta simbiose possui grande

importância na agricultura e na restauração

ambiental. As micorrizas contribuem para maior

produtividade, sustentabilidade agrícola e

conservação ambiental por meio de inúmeros

efeitos, podendo ainda atenuar os efeitos dispersivos da

adsorção de fosfato, que afeta negativamente a agregação

do solo (SIQUEIRA, 1994).

Como a biomassa microbiana apresenta rápida

ciclagem e responde ao cultivo e ao manejo de resíduos

orgânicos, esta pode ser utilizada como um indicador

biológico dos níveis de MOS, ou como índice para

aferição da sustentabilidade de sistemas de produção

(MELE & CARTER, 1993).

A atividade respiratória pode ser alterada por

diferentes manejos e tratamentos do solo, como também

pelas flutuações sazonais de temperatura, umidade,

aeração e disponibilidade de substrato, entre outros

(BEHERA et al., 1990).

A determinação da respiração basal pela

quantificação do carbono de CO2 (C-CO2) liberado é um

procedimento importante para avaliar a atividade dos

microrganismos do solo, pois a decomposição dos

resíduos orgânicos é envolvida por reações microbianas

de oxidação, onde os microrganismos obtêm o carbono e

energia para o seu crescimento e funções celulares, pela

transformação de compostos orgânicos complexos em

substratos mais simples (CAMPBELL et al., 1992).

Nestas reações, parte do carbono presente no

resíduo é assimilada pela microbiota como fonte de

energia para construção do protoplasma celular e a outra

parte é perdida na forma de CO2. O monitoramento das

comunidades microbianas, por meio destes parâmetros,

tem sido utilizado como indicador da qualidade do solo

em função dos diferentes sistemas de manejo e rotações

de culturas, podendo ajudar na detecção de alterações nas

populações microbianas resultantes de mudanças

ambientais (MELE & CARTER, 1993).

CLASSIFICAÇÃO DAS MICORRIZAS

Há dois grupos principais de micorrizas:

endomicorrizas e ectomicorrizas. As endomicorrizas são

as mais comuns, ocorrendo em cerca de 80% das plantas

vasculares. O fungo componente é um zigomiceto; com

menos de 200 espécies envolvidas em tais associações;

amplamente distribuídas por todo o mundo; assim, as

relações endomicorrízicas não são altamente específicas.

A hifa do fungo penetra nas células corticais da raiz da

planta, onde são formadas pequenas estruturas

densamente ramificadas, com aspecto de minúscula

árvore (arbúsculos oudilatações denominadas vesículas).

As endomicorrizas são freqüentemente chamadas fungos

micorrízicos arbusculares. A maioria ou quase todas as

trocas entre fungos e plantas ocorre nos arbúsculos. A

hifa se estende para o solo por vários centímetros,

aumentando significativamente a quantidade absorvida de

fosfato e outros nutrientes essenciais (RAVEN et al.,

1996).

As ectomicorrizas são características de certos

grupos de árvores e arbustos encontrados principalmente

em regiões temperadas. Este grupo inclui a família das

faias e carvalhos (Fagaceae); a família dos salgueiros,

álamos e choupos (Salicaceae) e a família dos pinheiros

(Pinaceae) além de certos grupos de árvores tropicais que

formam densos agregados puros.

Essas árvores que crescem em diferentes partes do

mundo, frequentemente são ectomicorrízicas. A

associação micorrízica aparentemente torna as árvores

mais resistentes às rigorosas condições de frio e de seca

que ocorrem nas zonas limites de crescimento das árvores

(VÊNIA et al, 2006).

O fungo envolve, mas não penetra nas células

vivas das raízes. As hifas crescem entre as células do

córtex da raiz, formando uma estrutura característica, a

rede de Hartig, as quais, eventualmente, circundam

muitas das células corticais. A presença da rede de Hartig

parece prolongar a vida, tanto das células como da raiz,

esta funciona como interface entre o fungo e a planta. Em

adição a esta estrutura, as raízes são circundadas por um

manto de hifas a partir do qual cordões miceliais se

estendem para o solo vizinho (VÊNIA et al, 2006).

Nas raízes com ectomicorrizas, os pêlos estão

geralmente ausentes, sendo suas funções aparentemente

desempenhadas pelas hifas. As ectomicorrizas são, em

sua maioria, formadas por basidiomicetos, incluindo

muitos gêneros de cogumelos, mas algumas envolvem

associações com ascomicetos, inclusive trufas (VÊNIA et

al, 2006).

Pelo menos 5.000 espécies de fungos estão

envolvidas nas associações ectomicorrizas, geralmente

com alto grau de especificidade (RAVEN et al., 1996).

Outro aspecto a considerar é que muitos fungos

ectomicorrízicos são, comprovadamente, fonte de

alimento para animais em florestas temperadas e tropicais

(TAYLOR, 1991), participando de maneira decisiva na

manutenção da estabilidade de comunidades florestais

(HAWKSWORTH, 1991).

As características diferenciam entre os tipos de

micorrizas são apresentadas na Tabela 1.

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Rodrigues, Goi & Rodrigues (2014)

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JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.7-16, 2014 11 | P á g i n a

Tabela 1. Características diferenciais dos principais tipos de micorrizas

Características Ectomicorrizas Endomicorrizas

Morfoanatômicas

Penetração apenas intercelular com

formação de manto, rede de Hartig e

rizomorfo. Modificações acentuadas nas

raízes colonizadas

Penetração inter e intracelular com formação

de pelotões, vesículas, arbúsculos e esporos.

Sem alteração morfológica visual

Exploração do solo Manto, micélio e rizomorfo Hifas e micélio

Fungo simbionte Principalmente basidiomicetos e alguns

ascomicetos

Ascomicetos, fungos imperfeitos e

zigomicetos

Planta hospedeira A maioria das gimnospermas e algumas das

angiospermas

Ericales, Orquidaceae e maioria das

angiospermas; 97%¨das plantas vasculares

formam MVA.

Especificidade Presente em alguns grupos Apenas nas Ericóides e Orquidóides

Distribuição

geográfica

Ocorrência natural generalizada nas regiões

temperadas; exótica nos trópicos.

Cosmopolita, com maior incidência nos

trópicos

Principais efeitos

benéficos para

plantas hospedeiras

Absorção de nutrientes (N, P), tolerância a

estresses bióticos (doenças) e abióticos

Absorção de vários nutrientes (N, P, Zn e Cu).

Favorecimento na fixação biológica do

nitrogênio e tolerância a estresses diversos.

Produção de

antibióticos, enzimas

e hormônios

Muito freqüente em grande quantidade Sem evidências. Plantas com MVA acumulam

hormônios

Troca de metabólitos Na rede de Hartig e micélio intra-radicular Nos pelotões, haustórios e arbúsculos

Ecossistema

predominante

Floresta de coníferas temperadas nativas e

tropicais plantadas e de eucaliptos

Solos ácidos turfosos, liteira florestal, agro e

ecossistemas naturais não dominados por

coníferas

Aplicação

biotecnológica Inoculante vegetativo no mercado exterior

Grande potencial, mais falta inoculante

comercial

Fonte: Adaptado de Siqueira& Franco (1988).

BIOLOGIA DAS MICORRIZAS

Evidências de que os vegetais ancestrais já

tinham micorrizas, indicam que plantas e fungos

micorrízicos passaram por um processo de co-

evolução, o que explica a ocorrência generalizada,

as diferenciações em tipos e a distribuição

geográfica dessas associações. Do ponto de vista

ecológico e sob considerações práticas, as

ectomicorrizas e endomicorrizas são as mais

importantes (SIQUEIRA & FRANCO, 1988).

Nas ectomicorrizas, o estabelecimento da

simbiose ectomicorrízica se inicia pela ativação dos

propágulos do fungo que, no caso de esporos,

germinam e formam um tufo de hifas na rizosfera,

colonizando a superfície das raízes e, finalmente,

penetrando-a através das junções celulares na Zona

de Infecção Micorrízica (ZIM), que se localiza logo

atrás da zona meristemática apical da raiz. Após a

penetração, as hifas colonizam o córtex

intercelularmente, por meio da digestão enzimática

da lamela média com ocupação de todo o espaço

intercelular, dando origem à rede de Hartig, que é

intra-radicular, ao manto e ao rizomorfo, que são

extra-radiculares (SIQUEIRA & FRANCO, 1988).

Todos esses tecidos resultam de

diferenciações morfológicas no micélio do fungo. A

penetração e interação fungo-planta promovem

modificações acentuadas no hábito de crescimento e

morfologia dos segmentos de raízes colonizadas, o

que permite a detecção visual das ectomicorrizas. O

processo de micorrização é dinâmico e segue o

crescimento e desenvolvimento das raízes; ao

mesmo tempo em que os segmentos micorrizados

mais velhos entram em senescência, os novos se

tornam colonizados, em função do potencial de

inoculo na rizosfera, da fisiologia da planta e das

condições ambientais (SIQUEIRA & FRANCO,

1988).

Uma vez estabelecida a colonização primária,

ela tende a se perpetuar, pelo acompanhamento do

crescimento apical da raiz, da colonização

secundária, resultante do micélio extra-radicular e

da elevação do potencial de inoculo na rizosfera

(SIQUEIRA & FRANCO, 1988).

Nas endomicorrizas não se verificam

modificações anatômicas resultantes da invasão das

raízes pelo fungo; portanto, não são reconhecidas a

olho nu, o que difere das ectomicorrizas, porém as

raízes de algumas plantas, como cebola e milho e

representantes da família Liliaceae, tornam-se

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Biotecnologia e Biodiversidade

12 | P a g e J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.7-16, 2014

amareladas quando micorrizadas (VÊNIA et al,

2006).

Observações microscópicas mostram que os

fungos penetram nas células corticais das raízes sem

causar danos, o que os diferencia dos fungos

patogênicos, fato também verificado nos outros

tipos de micorrizas com penetração intracelular

(VÊNIA et al., 2006).

A formação da associação se inicia a partir da

interface formada entre os propágulos do fungo no

solo, que podem ser esporos, células auxiliares e

hifas que crescem de raízes colonizadas (infecção

secundária). Dos propágulos, formam-se as hifas

infectivas que, estimuladas pelos componentes

bióticos dos exudatos e pelas condições físico

químicas da rizosfera, crescem abundantemente,

aumentando as chances de contato entre a raiz e o

fungo (VÊNIA et al., 2006).

Essas hifas, ao encontrarem as raízes, aderem

à sua superfície (epiderme ou pêlos radiculares) e

formam um apressório, através do qual penetram as

células da epiderme na zona de diferenciação e

alongamento, formando a “unidade de infecção”

(VÊNIA et al., 2006).

A partir deste ponto, as hifas se espalham

pelo córtex intercelularmente, através da lamela

média tornando-se, posteriormente, intracelulares,

quando formam as hifas enoveladas nas camadas

mais externas do córtex, diferenciando-se em

arbúsculos nas camadas mais internas e, finalmente,

em vesículas e esporos (VÊNIA et al., 2006).

A velocidade de espalhamento, diferenciação

intra e extraradicular e esporulação, é relativamente

rápida e depende do genoma da planta hospedeira e

da espécie de fungo envolvida, além das condições

do meio ambiente, sobretudo do solo.

Além das estruturas intraradiculares,

externamente é formada uma rede de hifas ou

micélio, células auxiliares e esporos. O micélio é

dimórfico, em geral não septado, de coloração

amarelada e com diâmetro variando de 2 a 27 μm.

Ele se ramifica no solo, permanecendo contínuo à

fase intra-radicular, localizado no córtex

(SIQUEIRA & FRANCO, 1988).

O desenvolvimento e o espalhamento deste

micélio na rizosfera são determinados pelo fungo,

condições ambientais e idade da planta ou da

simbiose, sendo de grande importância para o

funcionamento da associação, além de representar

uma extensão do órgão de absorção das plantas com

vantagens geométricas e espaciais em relação às

raízes absorventes. A quantidade de micélio extra-

radicular pode atingir até 1,5/cm de hifa de raiz

colonizada, ou 55 mg/L de solo rizosférico

(SIQUEIRA & FRANCO, 1988).

UTILIZAÇÃO DAS MICORRIZAS EM

RECUPERAÇÃO DE ÁREA DEGRADADAS

A Tabela 2 apresenta alguns dados sobre

trabalhos que utilizaram micorrizas para

recuperação de áreas degradadas, bem como os

métodos e resultados alcançados.

Tabela 2. Trabalhos que utilizaram de micorrizas para recuperação de áreas degradadas

Título Métodos Conclusões Referências

Associação de fungos

ectomicorrízicos com

espécies florestais nativas

do Estado do Rio Grande

do Sul.

As raízes foram processadas e

analisadas quanto ao tipo de

colonização micorrízica

Os esporocarpos fungos

ectomicorrízicos nativos

encontrados foram dentificados,

isolados e multiplicados

As espécies florestais estudadas

não apresentaram colonização

ectomicorrízicas a campo,

entretanto, foram encontrados

esporocarpos próximos de

algumas plantas Observou-se a

presença de associações com

fungos endomicorrízicos em todas

as espécies

ANDREAZZA, R.

(2006)

Atividade microbiana e

diversidade de fungos

micorrízicos arbusculares

em espécies arbóreas

Avaliação das características

químicas e microbiológicas

Porcentagem de colonização por

FMA (COL)

Identificação das espécies de

FMA autóctones

As espécies de plantas que mais

estimularam as comunidades de

FMA, sendo estas seis as espécies

mais indicadas para a recuperação

dessas áreas

SCABORA, M. H.

(2007)

“Continua”

Page 17: Volume 1 (2014) completo

Rodrigues, Goi & Rodrigues (2014)

____________

JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.7-16, 2014 13 | P á g i n a

Tabela 2. Continua

Título Métodos Conclusões Referências

Ocorrência de associação

micorrízica em seis

essências florestais nativas

do Estado do Rio Grande

do Sul

As amostras de raízes, os corpos de

frutificação dos fungos e o solo

foram analisados no laboratório

As raízes foram processadas e

analisadas quanto ao tipo de

micorriza presente

Os fungos ectomicorrízicos

nativos encontrados foram

identificados, isolados e

mantidos em cultura

As espécies estudadas não

apresentaram colonização

ectomicorrízica, embora em

alguns locais tenham sido

encontrados esporocarpos

próximos às plantas

A associação com micorrizas

arbusculares foi encontrada em

todas as espécies de essências

florestais nativas estudadas.

ANDREAZZA

et al. (2008)

O papel da comunidade de

fungos micorrízicos

arbusculares (FMA)

autóctones no

desenvolvimento de

espécies vegetais nativas

em área de dunas de

restinga revegetadas no

litoral do Estado da

Paraíba

Avaliados: altura, diâmetro do

caule, número de folhas, área foliar,

biomassa seca e conteúdo de

nutrientes nas partes aérea e

radicular, densidade de

glomerosporos, colonização

micorrízica hifálica, arbuscular,

vesicular e total e produção de

proteínas do solo relacionadas à

glomalina (PSRG)

A colonização micorrízica na

peroba foi de 80% e no jenipapo-

bravo 60%

Os FMA estão presentes em

áreas revegetadas após extração

de minérios, e contribuem para o

crescimento das espécies nativas

testadas em condições de casa de

vegetação, sugerindo assim, que

o desempenho dessas plantas é

influenciado pela simbiose

micorrízica arbuscular

OLIVEIRA

et al. (2009)

Fungos micorrízicos

arbusculares na

recuperação de áreas

mineradas no Município

de Lauro Müller, Sul de

Santa Catarina.

Determinou-se a diversidade de

FMAs

Determinação da densidade de

esporos de FMAs

A inoculação de fungos

micorrízicos arbusculares e de

rizobactérias promotoras de

crescimento (RBPC) constitui

estratégia importante na

revegetação de solos

reconstruídos ou mesmo de áreas

com deposição superficial de

estéril

A baixa diversidade e o baixo

número de esporos de FMAs

observados nas áreas sugere a

necessidade do estabelecimento

de programas de inoculação

destes fungos em plantas como

estratégia de revegetação dos

solos construídos após a

mineração de carvão no Sul de

Santa Catarina

CEOLA (2010)

Diversidade de fungos

micorrízicos arbusculares

em remanescente florestal

impactado (Parque

Cinqüentenário - Maringá,

Paraná, Brasil)

Avaliação da diversidade de FMA

nativos no solo e o grau de

micorrização das plantas neste

ecossistema

Determinação da porcentagem de

colonização micorrízica arbuscular

Identificação das espécies de FMA

Índices de diversidade

Foi verificada a ocorrência de 50

espécies de FMA, distribuídas

em cinco gêneros

SANTOS. &

CARRENHO

(2011)

“Continua”

Page 18: Volume 1 (2014) completo

Biotecnologia e Biodiversidade

14 | P a g e J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.7-16, 2014

Tabela 2. Conclusão

Título Métodos Conclusões Referências

Micorriza arbuscular e a

tolerância das plantas ao

estresse

Revisão de literatura

Os FMAs são essenciais no

estabelecimento e adaptação

das plantas em locais

perturbados

PEREIRA

et al. (2012)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através dos resultados da pesquisa realizada

pôde-se considerar que:

Sob diversas condições de degradação

ambiental, a maioria das plantas superiores é

colonizada por micorrizas, que podem ter vários

efeitos benéficos no crescimento da planta;

As micorrizas são sistemas biológicos, que

são influenciadas pelo ambiente e por

inúmeros fatores edáficos de cada

componente, que influenciam de modo direto

ou indireto a formação, o funcionamento e a

ocorrência das micorrizas.

Há poucos são os trabalhos que examinam

com detalhes os fatores capazes de alterar a

sobrevivência de micorrizas em seus habitats

naturais;

Porém há estudos sobre os fatores que podem

regular o estabelecimento e o funcionamento

de micorrizas e as alterações bioquímicas,

fisiológicas e moleculares em ambos os

simbiontes durante condições de estresse

biótico e físico.

________________________________________________________________________________________

Mycorrhizal association as a strategy for the establishment of species in impacted surface

Abstract - The environmental impacts caused by exploration soil, even if necessary, cause

environmental degradation on the ground. Therefore, it is indispensable interventions in these

surfaces, choosing methodology and selecting plant species can speed the regeneration, allowing the

successional process. This study aimed to perform a literature on the role of microbial activity for

reclamation. Mycorrhizal fungi in this context are efficient in the acquisition of water and nutrients

from the soil, improving the growth of plants, besides participating in the aggregation and soil

structure and consequently in their recovery. Thus, under various conditions of environmental

degradation, higher plants are colonized by mycorrhizae, and may have several beneficial effects on

plant growth.

Index terms: degradation; fungi; biodiversity.

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Journal homepage: http://periodicos.ifap.edu.br/index.php/JBFS

ISSN 2359-2710

____________

JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.17-26, 2014 17 | P á g i n a

Tratamento de resíduos industriais farmoquímicos por reagente de

Fenton.

T. P. Ferreira1*, J. C. V. Viana1, L. A. Alves2 e M. A. de Paula2

1 Campus Gurupi, Universidade Federal do Tocantins, Rua Badejós, Lote 7, Chácaras 69/72, Zona Rural, Cx.postal 66,

CEP: 77402-970, Gurupi-TO. Brasil.

2 Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas, Universidade Estadual de Goiás, Br 153, Km 98, CP 459,

75001-970, Anápolis- GO, Brasil.

INF. ARTIGO RESUMO

Recebido: 05Abr 2014

Aprovado em: 23 Jun 2014

Publicado em: 05 Jul 2014

O presente trabalho tem como objetivo determinar a concentração ideal do

Reagente de Fenton para uma indústria farmoquímica, variando a

concentração de sulfato ferroso e água oxigenada, posteriormente

acompanhar o tratamento em escala piloto e na estação de tratamento de

efluente (ETE) dos principais parâmetros: Cor, Odor, pH e DQO. Foram

realizados ensaios pilotos para a obtenção das diretrizes empregadas na

formulação do reagente de Fenton a ser utilizado em larga escala, no tanque

de efluente, o teste piloto do experimento T12 foi o que apresentou melhor

resultado (Cor e DQO) para a composição do tratamento com: 3,2 mL de

H2O2 e 160 mg de Sulfato Ferroso. A partir deste parâmetro foi realizado o

tratamento com acompanhamento diário no laboratório e em escala piloto,

sendo que os valores foram similares para ambos os tratamentos, sendo o

percentual de redução de DQO de 93,57% no ensaio de laboratório e

94,00% na ETE. O processo de tratamento de efluente utilizando o

Reagente de Fenton apresentou ótimos resultados, com valores melhores

que os limites estabelecidos pela legislação. Entretanto o tempo de

tratamento de 16 dias se torna inviável para algumas indústrias, mas sendo

tranquilamente realizado na indústria estudada.

Termos de indexação:

Reagente de Fenton

Efluente industrial

Farmoquímico

*Autor para correspondência

[email protected]

© 2014 JBFS all rights. This is an open access article distributed under the Creative Commons Attribution License,

which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly

cited.

Como referenciar esse documento (ABNT):

FERREIRA, T. P.; VIANA, J. V. C.; ALVES, L. A.; PAULA, M. A. Tratamento de resíduos industriais farmoquímicos

por reagente de Fenton. Journal of Bioenergy and Food Science, Macapá, v.1, n. 1, p.17-26, abr. / jun. 2014.

INTRODUÇÃO

A necessidade de desenvolvimento e

implantação de tratamentos alternativos para

efluentes que não aceitam intervenção

microbiológica faz com que os processos de

tratamento químico sejam cada dia mais estudados.

Um dos processos atuais de maior eficácia é o

tratamento com Reagente de Fenton, o qual vem

sendo largamente utilizado nas indústrias químicas,

onde os efluentes gerados possuem uma maior carga

orgânica não biodegradável, devido a substâncias

presentes no meio que inibem o crescimento

microbiológico (CHACÓN et al, 2006).

Uma das preocupações no tratamento dos

efluentes líquidos, e em particular nas indústrias

envolvendo processos químicos, é a redução da sua

demanda química de oxigênio (DQO), como, aliás,

está determinado na legislação em vigor. Das várias

tecnologias disponíveis atualmente, uma que se

apresenta como bastante promissora para o pré-

tratamento de águas residuais é a oxidação com

reagente de Fenton (mistura de peróxido de

hidrogênio e ferro, atuando este último como

catalisador), num reator que opera à pressão

atmosférica e a temperaturas moderadas (KUO,

1992). O reagente de Fenton é atualmente utilizado

para tratar uma grande variedade de compostos

Art

igo

cie

ntí

fico

Page 22: Volume 1 (2014) completo

Química

18 | P á g i n a JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.17-26, 2014

orgânicos tóxicos que não são passíveis de

tratamentos biológicos. Pode ser aplicado a uma

grande variedade de águas residuais, lama ou

mesmo na remediação de solos contaminados

(ARAUJO et al, 2006; DZOMBAK et al, 1990).

Na literatura podem-se encontrar muitos estudos

relacionados com o estabelecimento do mecanismo

e com a cinética desta reação. Apesar de não existir

ainda um consenso geral, em parte condicionado

pela complexidade do mecanismo, parece ser

geralmente aceito que um passo limitante é a

formação dos radicais hidroxilas (OH) a partir da

decomposição catalítica do peróxido de hidrogênio

pelo ferro (II) em meio ácido, segundo equação:

Fe2+ + H2O2 → Fe3+ + OH- + OH- Eq. (1)

São estes radicais hidroxilas, com elevado

potencial de oxidação, os responsáveis pela

oxidação dos compostos orgânicos presentes nas

águas residuais. Sendo o Fe(II) o catalisador da

reação, é importante que este exista em quantidade

suficiente no meio reacional ou, por outro lado, que

vá sendo regenerado a uma velocidade suficiente (o

que pode ocorrer por uma série de reações

(GULKAYA et al, 2006).

Na reação da matéria orgânica com o reagente

de Fenton formam-se diversos produtos ou

intermediários oxidados, podendo, no caso

particular da oxidação ser completa, dar-se à

formação de dióxido de carbono e água. As

regulamentações ambientais podem obviamente não

implicar uma oxidação completa, mas sim uma

oxidação parcial que seja suficiente para tornar o

efluente aceitável dentro dos limites de toxicidade.

No que diz respeito à cinética da reação é de referir

que as conclusões dos estudos realizados são

obviamente condicionadas pelas condições

empregues, em particular pela natureza da matéria

orgânica utilizada. No entanto, a velocidade da

reação parece depender diretamente da concentração

de substrato orgânico e de radicais hidroxila no

meio reacional (ALVES et al, 2003; LEE et al,

2003).

Um fator preponderante é a concentração de

ferro. Na ausência de ferro não há qualquer

evidência de formação de radicais hidroxila quando

se adiciona, por exemplo, apenas H2O2 a uma água

residual fenólica. Existe, no entanto, um teor ótimo

de catalisador de ferro, o que é característico do

reagente de Fenton. É também aconselhável um teor

mínimo de Fe no meio reacional, o que permite que

o tempo de reação não seja demasiado longo

(ALVES et al, 2003).

Além da concentração e natureza dos

reagentes, diversos são os fatores que afetam

diretamente a reação em causa. A temperatura, por

exemplo, é também importante, sendo tipicamente

utilizadas temperaturas na gama dos 20-40ºC. O

controle do pH do meio reacional é também

extremamente importante, sendo o pH ótimo entre 3

e 6. Convém salientar que a adição do reagente, bem

como a própria reação de oxidação (que conduz

geralmente à formação de ácidos orgânicos), afetam

o pH do meio. Convém por isso controlar

cuidadosamente o pH no reator de forma a que este

se mantenha entre 3-5 (ALVES et al, 2003; BIDGA,

1995).

Para se avaliar o grau de oxidação alcançado,

é conveniente a determinação de alguns parâmetros

que caracterizam o efluente tratado. Um

particularmente relevante é a Demanda Química de

Oxigênio (DQO), a qual poderá ser feita num

laboratório de análises, necessitando-se por isso de

recolher uma amostra do efluente. Apesar do

processo ser, como se referiu anteriormente,

bastante atrativo, apresenta, no entanto, algumas

limitações. Assim, torna-se crucial o seu estudo

prévio quer ao nível laboratorial quer mesmo à

escala piloto antes de se decidir acerca da

implementação a nível industrial (YUN et al, 1999).

Fala-se em adsorção, quando determinadas

substâncias dissolvidas se depositam na superfície

de corpos sólidos. Muitas substâncias nocivas para

os peixes são de origem química, como o cloro da

água sanitária, resíduos alcalinos dos produtos de

limpeza e restos de medicamentos. O carvão tem a

propriedade de acumular esses elementos em sua

superfície, ou seja, adsorvê-los, retirando-os de

circulação. Deve-se ter cuidado, pois ao fim de um

determinado período de trabalho, dependendo da

consistência e do tipo de carvão, podem desprender-

se novas substâncias nocivas, que voltariam a

contaminar a água. Obtém-se, assim, o efeito

contrário. Isto significa, por tanto, que só se pode

realizar a filtração através do carvão por um curto

período de tempo. Transcorridos uns dias, deverá

revolver e efetuar a filtração específica com

camadas de materiais filtrantes mecânicos e

biológicos (8). Para a efetividade e rapidez de

adsorção do filtro de carvão são de vital

importância, alem do material de base empregado

em cada caso, a mistura, o tratamento e a estrutura

do material (LOPEZ et al, 2004).

O presente trabalho tem como objetivo

determinar a concentração ideal do Reagente de

Fenton para uma indústria farmoquímica, variando a

concentração de sulfato ferroso e água oxigenada,

posteriormente acompanhar o tratamento em escala

piloto e na estação de tratamento de efluente (ETE)

dos principais parâmetros: Cor, Odor, pH e DQO.

Page 23: Volume 1 (2014) completo

Ferreira et al. (2014)

____________

JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.17-26, 2014 19 | P á g i n a

MATERIAISD E MÉTODOS

Ensaios pilotos em laboratório do Reagente de

Fenton

Para a determinação da composição ideal do

Regente de Fenton foi montado o experimento com

8 béqueres de 2000 mL nos quais introduziu-se

1600 mL de efluente coletado durante a produção de

um lote de um dos farmoquímicos. O efluente

apresentou pH inicial igual a 3, dado pela literatura

como apropriado para aplicação do Reagente em

questão. Esses béqueres foram identificados e o

efluente de cada um deles recebeu uma combinação

de Reagente de Fenton conforme descrito na Tabela

1.

Tabela 1. Identificação dos testes realizados no efluente. Identificação pH Volume H2O2 (mL) Massa FeSO4.H2O (mg)

T11 3,0 3,20 32

T12 3,0 3,20 160

T13 3,0 3,20 320

T14 3,0 3,20 640

T21 3,0 0,03 640

T22 3,0 0,80 640

T23 3,0 1,60 640

T24 3,0 3,20 640

Branco 3,0 0,00 0,00

A operação do Reagente deu-se pela

adição inicial da Água Oxigenada em todos os

béqueres e a posterior mistura das massas de

Sulfato Ferroso indicada na Tabela 1. Após a

adição do Sulfato de Ferro (II) a mistura foi

agitada para a completa dissolução do reagente

e homogeneização do meio. Este experimento

foi mantido por um período de 15 dias, durante

os quais não se promoveu a agitação dos

sistemas. Para a certeza de que qualquer

modificação teria sido em decorrência da

administração do Regente de Fenton foi tomado

um quinto béquer de 2000 mL e cheio até 1600

mL com o mesmo efluente e sob as mesmas

condições no qual não adicionou-se nenhum

tipo de reagente. Este foi chamado de “Branco”.

Durante os 15 dias do experimento foi feito

monitoramento, dia-a-dia, da qualidade do

efluente de todos os béqueres e feito

comparação com o Branco, sendo considerado

aumento ou diminuição da medida de algum

parâmetro a diferença entre essa medida para o

teste e para o Branco. Os parâmetros medidos

foram: Cor; Odor; pH; DQO (Demanda

Química de Oxigênio); A partir dos dados

obtidos ao fim deste experimento foi possível

determinar qual proporção (H2O2:FeSO4)

melhor se adequava ao efluente em tratamento.

Após a determinação da melhor composição

para Reagente de Fenton foi feito um novo teste

para avaliar a ação do Carvão Ativado sobre a

cor, o odor e a DQO. Para este teste foi tomado

um efluente com características idênticas ás do

efluente do teste anterior e este foi submetido

ao teste com o Reagente de Fenton que

apresentou o melhor efeito sobre os parâmetros

analisados. Foram, então, tomados 4 béqueres

com efluente que foram submetidos, todos, ao

mesmo teste. No 16° dia de tratamento com

Reagente de Fenton o efluente teve seu pH

elevado a 6 (pH dentro da faixa de operação do

Carvão Ativado) em cada um dos 4 béqueres e

adicionado uma massa diferente de Carvão

Ativado como indicado na Tabela 2.

A mistura de efluente e Carvão Ativado

foi mantida em agitação lenta por 1 hora e ao

fim deste tempo o efluente foi deixado em

repouso por 3 horas para decantação do Carvão

Ativado. O sobrenadante teve seu pH elevado a

8 para floculação do Ferro e, então, os mesmos

parâmetros de antes (Cor, Odor, pH, DQO)

foram medidos para monitoramento da ação do

Carvão Ativado no efluente já tratado com

Reagente de Fenton.

Page 24: Volume 1 (2014) completo

Química

20 | P á g i n a JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.17-26, 2014

Tabela 2. Adição de Carvão Ativado ao fim do teste com Reagente de Fenton.

Volume Efluente (mL) pH Massa de Carvão Ativado (mg)

800 6,0 80

800 6,0 400

800 6,0 800

800 6,0 1200

Tratamento experimental na ETE com o

Reagente de Fenton

Para o teste na ETE foi utilizado um volume

total de 50 m3 de efluente contido em um

tanque de concreto impermeabilizado e uma

quantidade de Reagente de Fenton proporcional

às indicadas pelos melhores testes do

laboratório. Inicialmente foi adicionado a Água

Oxigenada enquanto o efluente era mantido em

reciclo através do sistema de bombeamento de

efluente da ETE. Terminada a adição de H2O2 o

Sulfato Ferroso, em solução ácida, foi jogado

sobre o tanque e a agitação mantida por mais 20

minutos. Terminada a fase da adição o efluente

foi mantido em repouso por 15 dias e teve os

mesmos parâmetros dos testes laboratoriais

medidos dia-a-dia (Cor, Odor, pH, DQO). Para

este teste o Branco foi feito utilizando-se uma

Barrica de Polietileno cortada a uma altura de

80 cm e cheia com 120 litros de efluente, o que

mantém a mesma relação, Área

Superficial/Volume, do tanque de efluente

utilizado para o teste. Dessa forma a evaporação

e a concentração de possíveis materiais não

voláteis seria a mesma para o tanque e para o

Branco que foi mantido ao lado do tanque, sob

as mesmas condições. No 16° dia de tratamento

o pH do efluente do tanque foi elevado a 6, com

NaOH, e mantido em reciclo enquanto era

misturado a este a quantidade de Carvão

Ativado indicada pelo melhor teste do

laboratório. O efluente foi mantido em agitação

por 1 hora e deixado em repouso para

decantação do Carvão Ativado, o que demorou

cerca de 3 horas. Neste momento, o efluente foi

transferido para outro tanque de 50 m3 e o pH

foi ajustado para 8 a fim de que o Ferro fosse

floculado. Após a decantação do Hidróxido de

Ferro o efluente foi transferido para o tanque

final de onde foi descartado após ter medido

todos os parâmetros mencionados para os testes

laboratoriais e para o tratamento com Reagente

de Fenton (Cor, Odor, pH, DQO).

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Ensaios pilotos em laboratório do Reagente

de Fenton

Os resultados das medições feitas, no

efluente, durante o teste para a adaptação do

tratamento Reagente de Fenton – Carvão

Ativado, realizado neste exemplo citado,

serviram para nortear os rumos do experimento

em larga escala. Variáveis como quantidades de

regentes e tempo de tratamento foram definidas

a partir de tais resultados. Estes ensaios pilotos

no laboratorial foram realizados para a obtenção

das diretrizes responsáveis pela formulação do

reagente a ser empregado, em larga escala, no

tanque de efluente. Foi, desta forma, o teste

piloto do experimento T12 que apresentou o

melhor resultado (Cor e DQO) para a

composição: 3,2 mL de H2O2 e 160 mg de

Sulfato Ferroso. Os resultados do parâmetro

cor, para o teste T12 (3,2 mL de H2O2 e 160 mg

de Sulfato Ferroso) que mostrou o melhor

índice de redução, mostrado no gráfico da 1.

Este relaciona os valores de porcentagem de

transmitância, da amostra, com o tempo a que o

efluente está submetido ao tratamento com

Reagente de Fenton. Os valores relativos ao

tratamento com Reagente de Fenton estão

dispostos até o décimo quinto dia de tratamento.

A partir desta deste tempo os resultados serão

apresentados para o tratamento com Carvão

Ativado. A medida de cor no efluente tem uma

importância grande, pois indica quantidade de

poluição no efluente e pode, por si só, indicar a

eficácia de um tratamento quanto a medidas

comparativas de redução de carga orgânica de

uma água residuária em tratamento.

Page 25: Volume 1 (2014) completo

Ferreira et al. (2014)

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JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.17-26, 2014 21 | P á g i n a

Figura 1. Comportamento da Cor do Efluente com o tratamento com Reagente de Fenton.

O Gráfico da Figura 1 mostra um

comportamento, aproximadamente, logarítmico

(R2 = 0.9657) para a diminuição de cor

(aumento da transmitância). Isto sugere que a

reação do Reagente de Fenton com os

compostos coloridos do efluente seja de ordem

diferente de 0, ou seja, depende da concentração

dos compostos coloridos e da concentração do

Reagente de Fenton.

Para o parâmetro odor obteve-se apenas

resultados que auxiliaram na definição de qual a

melhor composição do Reagente de Fenton. De

modo que o teste T12 ofereceu, também, a maior

redução do odor do efluente em tratamento.

Inicialmente aconteceu a exalação de forte

cheiro, possivelmente da degradação inicial da

carga poluidora, que diminui com o passar do

tempo de tratamento. Sendo que no final dos 15

dias ainda eram presentes e persistentes odores

oriundos do efluente.

O teste de pH mostrou resultados

parecidos para todos os tratamentos

experimentais. No Gráfico da Figura 2 este

comportamento é mostrado sendo que estes

dados referem-se ao teste T12

Figura 2. Comportamento do pH do Efluente com o tratamento com Reagente de Fenton

Segundo a literatura consultada o Regente

de Fenton converte, em primeira instância,

compostos orgânicos, como os fenólicos, em

ácidos orgânicos. Isto pode ser a explicação

para o comportamento da curva de pH

apresentado na Figura 2. É possível ver uma

y = 15,352ln(x) + 28,009

R² = 0,9657

0,00

15,00

30,00

45,00

60,00

75,00

0,00 5,00 10,00 15,00

Co

r (%

T)

Tempo (dias)

Tempo de tratamento x Cor (% T)

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

0,00 5,00 10,00 15,00

pH

(-l

og

[H

+]

Tempo (dias)

Tempo de tratamento x pH (-log [H+])

Page 26: Volume 1 (2014) completo

Química

22 | P á g i n a JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.17-26, 2014

queda e um posterior aumento do pH como o

passar do tempo, o que seria em decorrência da

oxidação final desses compostos; inicialmente a

ácidos e finalmente a CO2 e H2O.

As medidas de DQO foram tomadas

como principal parâmetro de acompanhamento

do tratamento do efluente. Desta forma, o

tempo de tratamento ficou condicionado à

estabilização dos valores de DQO. Isto foi

tomado como o ponto em que o Reagente de

Fenton não mais agiria sobre a carga poluidora

do efluente. No gráfico da Figura 3 tem-se o

comportamento da DQO ao longo do tempo de

tratamento com Reagente de Fenton, ou seja, 15

dias.

Figura 3. Comportamento da DQO do Efluente com o tratamento com Reagente de Fenton.

O gráfico da Figura 3 que mostra a queda da

DQO com o passar do tempo durante o tratamento

com Fenton, sugere que está queda inicial é linear e

a posterior é aproximadamente exponencial

(R2=0,8834). No entanto, este valor de R2 ainda é

pequeno para uma completa caracterização do

comportamento dos dados, mas uma possível

explicação para a mudança de intensidade da

derivada da curva durante o tempo é que este

tratamento pode apresentar mais de uma modalidade

de reação química (pelo menos o tipo radicalar e

oxidação simples pelo peróxido de hidrogênio). Por

fim o gráfico estabiliza e a derivada da curva se

aproxima de zero o que indica que a ação do

reagente se torna desprezível, neste momento. A

partir daí faz se necessário a intervenção com

Carvão Ativado.

Para escolha de quantidade de Carvão

Ativado a ser adicionada ao efluente para a

complementação do Tratamento com Reagente de

Fenton foi feito o teste descrito anteriormente e o

resultado é mostrado nos itens abaixo. Este

tratamento com Carvão Ativado se justifica pelas

propriedades adsortivas verificadas para este sólido.

Esta propriedade é útil, pois permite a redução de

parâmetros como cor, odor e DQO já que os

compostos responsáveis por estas características

adsorvem-se ao Carvão que é separado do efluente

ao fim da operação.

Para as medidas de cor obtiveram-se dados

que estão representados pelo gráfico da Figura 4.

Como mencionado anteriormente o Carvão Ativado

é um tratamento complementar ao Reagente de

Fenton e, portanto, adicionado após o fim da ação

deste. Os valores de redução de cor mostrados no

gráfico da Figura 4 são relativos a esta medida

tomada imediatamente após o fim do tratamento

com Reagente de Fenton. Desta forma, a redução de

cor global (em relação ao valor inicial) é maior e

será mostrada e discutida logo à frente.

O gráfico da Figura 4, mostra uma tendência

de estabilidade na redução de cor com o aumento da

adição de carvão ativado. A partir do segundo ponto

(400 mg de Carvão Ativado) a redução não se torna

significativa com o aumento do adsorvente, não

justificando, porém, o uso destas quantidades para

uma campanha de tratamento de efluentes. Para

o tratamento em questão a decisão foi pela

DQO = 1303,6e-0,1216 t

R2 = 0,8834

0

250

500

750

1000

1250

1500

1750

2000

0 2 4 6 8 10 12 14 16

DQ

O (

mg

O2

/L)

Tempo (dias)

Tempo de Tratamento x DQO (mg O2/L)

Page 27: Volume 1 (2014) completo

Ferreira et al. (2014)

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JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.17-26, 2014 23 | P á g i n a

aplicação de quantidades proporcionais a 400 mg/800 mL de efluente.

Figura 4. Comportamento da Cor do Efluente com adição de Carvão Ativado.

Após a adição de carvão não foi verificado

odor em nível sensorialmente perceptível para

nenhuma das quantidades de Carvão Ativado

adicionadas. Isto coloca o parâmetro odor como um

quesito não decisivo na escolha da massa de

adsorvente a ser ministrada ao efluente em

tratamento. Também, o pH, não sofre influência

notável destas diferentes quantidades de Carvão

Ativado testadas neste experimento. Este sólido

requer uma faixa de pH na qual ele melhor

desenvolve sua ação, mas não atua modificando

estes valores de concentração de cátions hidrogênio.

Os resultados das medidas de DQO estão no gráfico

da Figura 5. Da mesma forma que para a cor o

Carvão Ativado age adsorvendo compostos

oxidáveis presentes no efluente e isto causa redução

dos índices de Demanda Química de Oxigênio.

Figura 5. Comportamento da DQO do Efluente com adição de Carvão Ativado.

O gráfico da Figura 5 é muito parecido com

aquele que descreve a redução de cor. Isto sugere

que os compostos coloridos presentes no efluente,

que não sofreram degradação com Reagente de

93

94

95

96

97

0 500 1000

Red

uçã

o d

e C

or

(%)

Massa de Carvão/800 mL Efluente

Quantidade de Carvão x Redução de Cor (%)

48

50

52

54

0 500 1000

Red

uçã

o d

e D

QO

(%

)

Massa de Carvão/800 mL Efluente

Quantidade de Carvão x Redução de DQO (%)

Page 28: Volume 1 (2014) completo

Química

24 | P á g i n a JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.17-26, 2014

Fenton foram, também, oxidados pelo teste de

DQO. Estas medidas confirmam a escolha da

quantidade de Carvão Ativado feita com base na

redução de cor, pois, a redução de Demanda

Química de Oxigênio oferecida pelo aumento do

Carvão Ativado, a partir de 400 mg/800 mL de

efluente, não justifica o gasto adicional que isto

acarretaria para tratamento de uma grande

quantidade de efluente.

Os gráficos das Figuras 6, 7 e 8 mostram o

tratamento com um todo, juntando a primeira e a

segunda fase do tratamento de efluente em pesquisa.

Os gráficos levaram em conta intervenções como as

alterações do pH para aplicação de Carvão Ativado

e para a floculação do ferro adicionado. O gráfico da

Figura 6 mostra o comportamento da Cor durante e

ao final do teste completo (Reagente de Fenton +

Carvão Ativado).

Figura 6. Cor do Efluente após Regente de Fenton e

carvão ativado.

Os valores de pH não representam

exatamente uma resposta ao tratamento. Como

mencionado anteriormente o pH do efluente foi

acertado por duas ocasiões durante o tratamento.

Uma vez para a aplicação do Carvão Ativado já que

este requer uma faixa de pH diferente daquela em

que o efluente se encontrava para ter sua ação

potencializada. A outra vez foi na etapa final em que

se tem a necessidade de flocular o ferro adicionado

na composição do Reagente de Fenton. Dessa

forma, os valores mostrados no gráfico da Figura 7 é

resultado da soma da ação do tratamento e da adição

de quantidades de NaOH para a elevação do valor

de pH. No entanto, o pH final está propício ao

descarte do efluente o que torna esta operação

totalmente benéfica ao tratamento; flocula o ferro e

deixa o efluente pronto para o descarte.

Figura 7. pH do Efluente após Regente de Fenton e

Carvão Ativado.

O gráfico da Figura 8, abaixo, mostra o

comportamento da DQO durante e ao final do

tratamento completo (Reagente de Fenton + Carvão

Ativado). Neste caso a queda abrupta é decorrência

direta do tratamento com Carvão Ativado, ao fim da

aplicação do Reagente de Fenton, e mostra bem o

efeito que o carvão tem sobre a DQO. Este resultado

é muito bom, mas tem que se observar que isso só

ocorre com valores pequenos de DQO, uma vez que

a quantidade de matéria orgânica retida pelo carvão

deve ser fixa ou próximo disso, representando uma

queda (em percentual) bem menor em um efluente

com valores altos de DQO; caso desse mesmo

efluente ao início do tratamento com Reagente de

Fenton.

Figura 8. DQO do Efluente após Regente de Fenton e

Carvão Ativado.

98,76

40,00

55,00

70,00

85,00

100,00

4,00 6,00 8,00 10,0012,0014,0016,0018,00

Co

r (%

T)

Tempo (dias)

Tempo de tratamento x Cor (% T)

8,09

1,50

3,00

4,50

6,00

7,50

4,00 9,00 14,00

pH

(-l

og

[H

+])

Tempo (dias)

Tempo de tratamento x pH (-log [H+])

135120

370

620

4 6 8 10 12 14 16 18

DQ

O (

mg

O2

/L)

Tempo (dias)

Tempo de Tratamento x DQO (mg O2/L)

Page 29: Volume 1 (2014) completo

Ferreira et al. (2014)

____________

JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.17-26, 2014 25 | P á g i n a

Tratamento experimental na ETE com o

Reagente de Fenton

Após estes resultados no laboratório o

tratamento relativo ao teste T12 e à adição de 400 mg

de Carvão Ativado/800 mL de efluente foi aplicado

a um tanque com 50 m3 de efluente com

características idênticas às do efluente testado no

laboratório. Os resultados deste teste, após 16 dias

de tratamento, são apresentados na Tabela 3

Tabela 3. Resultados do tratamento em grande

escala.

Parâmetros Resultados

Ensaios pilotos

Resultados

tratamento na

ETE

Volume 800 mL 45,00 m3

pH 8,09 8,13

Cor (%T) 98,76 98,78

DQO (mg O2/L) 135,0 126,0

Redução DQO (%) 93,57 94,00

Os resultados são muito parecidos com

aqueles obtidos no laboratório. Isto se deve,

possivelmente, ao fato de que neste período não

houve mudanças bruscas do tempo como, por

exemplo, chuvas ou ventos constantes. Ou seja, as

condições do tanque mesmo em ambiente externo se

assemelharam às condições do laboratório.

Naturalmente, é lógico pensar que estes

valores de redução de Cor, Odor e DQO estejam

ligados ao nível de poluição inicial do efluente em

tratamento e que quanto maior a adição do Reagente

de Fenton mais rápido seria os resultados. Porém

este tempo de tratamento, que seria longo para

algumas indústrias, é plenamente satisfatório para o

exemplo citado uma vez que a ETE e o volume de

efluente gerado por dia permitem que o mesmo

permaneça em tratamento por 16 dias. A ETE

possui número de tanques e em volumes tais que é

possível o tipo de procedimento pesquisado,

desenvolvido e implantado no tratamento de suas

águas residuárias.

CONCLUSÃO

Para a determinação das diretrizes

empregadas na formulação do reagente de Fenton

foram realizados ensaios pilotos, sendo que o teste

piloto do experimento T12 foi o que apresentou o

melhor resultado (Cor e DQO), avaliando custo e

benefício. O teste T12 apresenta composição de 3,2

mL de H2O2 e 160 mg de Sulfato Ferroso para um

volume de 800mL. Posteriormente foi realizado o

tratamento com acompanhamento diário no

laboratório e em escala piloto, com resultados

similares para todos os parâmetros. O percentual de

transmitância como avaliação da cor apresentou

resultado de 98,76% para o piloto e 98,78% na ETE,

o percentual de redução de DQO foi de 93,57% no

ensaio de laboratório e 94,00% na ETE. O processo

de tratamento de efluente utilizando o Reagente de

Fenton apresentou ótimos resultados, sendo que

após o tratamento o efluente se encontrava dentro

dos limites estabelecidos pela legislação. Entretanto

o tempo de tratamento de 16 dias se dorna inviável

para algumas indústrias, mas sendo tranquilamente

utilizado na indústria estudada.

Treatment of industrial waste pharmochemical by fenton’s reagent

Abstract - This study aims to determine the optimal concentration of Fenton reagent for

pharmaceutical chemistry industry, varying the concentration of ferrous sulfate and hydrogen

peroxide subsequently monitor the treatment in pilot scale and wastewater treatment (WWTP) station

of the main parameters: color, odor, pH and COD. Pilot tests to obtain the guidelines used in

formulating the Fenton reagent to be used in large scale in the effluent tank were performed, the pilot

test of experiment T12 showed the best result (Color and COD) for the composition of the treatment

with: 3.2 mL of H2O2 and 160 mg Ferrous Sulfate. From this parameter the treatment was carried

out daily monitoring in the laboratory and pilot scale, and the values were similar for both

treatments, with the percentage reduction of COD of 93.57% in the lab test and 94.00% in the ETE

test. The process of wastewater treatment using Fenton reagent showed excellent results, with better

values than the limits established by law. But the treatment time of 16 days is not feasible for some

industries, but is smoothly carried out in the study industry.

Keywords: Fenton's reagent, industrial effluent, pharmochemical

Page 30: Volume 1 (2014) completo

Química

JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.1: p.17-26, 2014 26 | P á g i n a

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Conservação de produtos refrigerados e congelados expostos para a

venda em supermercados da cidade de Palmas-TO.

P. R. A. Rocha1*; E. F. Rocha2; M. R. R. Alves3 e I. R. Freitas4

1 Mestrando em Engenharia de Alimentos na Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, Av.: Albert Einstein, Cidade

Universitária “Zeferino Vaz”, 13.083-852. Campinas-SP, Brasil.

2 Mestranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos da Fundação Universidade Federal do Tocantins (UFT), Av. NS 15, ALC NO 14

– Campus Universitário de Palmas, 77020-210. Palmas-TO, Brasil. e-mail [email protected]

3 Doutoranda em Biotecnologia e Biodiversidade pela Rede BIONORTE, Professora da Fundação Universidade Federal do Tocantins

(UFT), Palmas-TO, Brasil. e-mail: [email protected]

4 Doutoranda em Engenharia e Tecnologia de Alimentos, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Rua

Cristovão Colombo, 2265. Departamento de Engenharia e Tecnologia de Alimentos, São José do Rio Preto-SP, Brasil e-mail

[email protected]

INF. ARTIGO RESUMO

Received: 20 Jul 2014

Approved: 31 Ago 2014

Publicado em: 03 Out 2014

Esse estudo teve o intuito de avaliar se as temperaturas de produtos

refrigerados e congelados expostos à venda estão dentro das normas

estabelecidas para que não ocorram transformações indesejáveis no

produto. Foram realizadas 200 medidas de temperatura em três

supermercados localizados em três diferentes regiões (Norte, Centro e Sul)

da cidade de Palmas. As leituras eram feitas 1 vez por semana 2 vezes ao

dia para cada supermercado. A primeira medição feita das 7:00 às 8:00 h e

a segunda das 17:00 às 18:00 h, em cinco tipos de alimentos sendo,

refrigerados: leite pasteurizado e iogurte e congelados: frango, pizza e

hambúrguer. Observou-se que a temperatura dos alimentos refrigerados

divergiu que pode ter ocorrido pela utilização de diferentes equipamentos

e/ou pela utilização de um equipamento não adequado para o tipo de

alimento. Em relação aos congelados foi notório que todos os

supermercados estavam com no mínimo mais de 70 % de amostras fora das

normas estabelecidas pela legislação e pelo fabricante.

Termos de indexação:

Termômetro

Leite pasteurizado

Iogurte

Frango

Pizza

Hamburguer

*Autor para correspondência

[email protected]

© 2014 JBFS all rights. This is an open access article distributed under the Creative Commons Attribution License,

which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly

cited.

Como referenciar esse documento (ABNT):

ROCHA, P. R. A.; ROCHA, E. F.; ALVES, M. R. R.; FREITAS, I. R. Conservação de produtos refrigerados e

congelados expostos para a venda em supermercados da cidade de Palmas-TO. Journal of Bioenergy and Food

Science, Macapá, v.1, n. 2, p. 27-31, jul. / set. 2014. _________________________________________________________________________________________________________________

INTRODUÇÃO

O emprego de baixas temperaturas tem sido

muito utilizado para a conservação de alimentos

com o intuito de diminuir a velocidade das reações

químicas e enzimáticas, retardar ou inibir o

crescimento e a atividade dos microrganismos.

Como as alterações são consequência dessas reações

de microrganismos e enzimas a vida útil de alguns

alimentos pode ser prolongada por meio do

armazenamento sob refrigeração ou congelamento

(ADAMS & MOSS, 1997).

Dentre os fatores extrínsecos que interferem

no crescimento de microrganismo e na deterioração

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Page 32: Volume 1 (2014) completo

Ciência e Tecnologia de Alimentos

28 | P á g i n a J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.27-31, 2014

dos alimentos destaca a temperatura. Assim como as

altas temperaturas auxiliam na diminuição da carga

microbiana, as temperaturas mais baixas também

inibem o metabolismo de micro-organismos

patógenos e deteriorantes. A temperatura de

refrigeração e a de congelamento não tem ação

esterilizante sobre os microrganismos, sendo assim

essas temperaturas não podem melhorar o alimento

que já esteja em condições não próprio para o

consumo (TORASSI, 2009).

Na refrigeração são utilizadas temperaturas

ligeiramente acima do ponto de congelamento do

produto, com o seu emprego ocorre uma diminuição

da velocidade de deterioração, aumento da oferta de

alimentos frescos ao consumidor e apresenta mais

facilidade da manutenção da cadeia de frio devido à

exigência de temperaturas mais elevadas por um

período mais curto de tempo (ADAMS & MOSS,

1997).

O congelamento é um processo que visa

reduzir a temperatura do produto de maneira que

transforme a água livre em gelo, estado que deve ser

mantido durante todo o tempo de estocagem

(BOURGEOIS et al., 1994). As temperaturas

utilizadas nesse processo são baixas o suficiente

para reduzir ou parar a deterioração causada pela

ação de enzimas, microrganismos e de agentes

químicos sem causar perdas significativas de

nutrientes, diminuição da digestibilidade nem alterar

suas características organolépticas (FRANCO &

LANDGRAF, 2008).

De acordo com a Resolução CISA nº 10/1982

da ANVISA, alimento é considerado congelado

quando sua temperatura é inferior ou igual a -8ºC e

resfriado quando inferior ou igual a 10ºC. Alguns

alimentos não podem ser submetidos a esses

tratamentos, pois sofrerão injuria pelo frio

(FRANCO & LANDGRAF, 2008). As condições

para a conservação devem ser estabelecidas pelas

empresas produtoras. Ela considera um alimento

próprio para consumo aquele que é mantido sob

condições adequadas de conservação e preserva suas

propriedades nutritivas e não expõe a agravos à

saúde da população (ANVISA, 1982).

O armazenamento dos alimentos refrigerados

e/ou congelados durante a exposição deve ser

adequado para que a cadeia de frio seja mantida

com isso preservando a inocuidade, características

sensoriais e a vida de prateleira desses alimentos. A

temperatura na qual o alimento pode ser estocado

vai depender do tipo de alimento e de questões

econômicas, pois após a retirada de calor é

necessária à manutenção do frio que é onerosa

(FRANCO & LANDGRAF, 2008).

É de fundamental importância à escolha dos

equipamentos utilizados para a manutenção da

temperatura dos alimentos quando estocados, não

podendo ficar de fora a maneira como os mesmos

são manipulados e processados (BAZELLA &

MARTINS, 2008).

O presente estudo teve como objetivo avaliar

a temperatura de produtos refrigerados e congelados

e suas condições de armazenamento expostos à

venda em supermercados de Palmas – TO.

MATERIAIS E ÉTODOS

Três supermercados de mesmo porte foram

escolhidos em regiões diferentes da cidade de

Palmas - TO localizados nas regiões Norte, Centro e

Sul, visando cobrir todas as classes sociais no ano

de 2010.

As temperaturas dos alimentos foram medidas

usando um Termômetro digital (modelo espeto

French Cooking by Allá) a prova de água podendo

medir temperatura variando de -50ºC até 150ºC.

O procedimento foi realizado conforme

descrito por Macêdo, (2000) com modificações. As

leituras foram realizadas 1 vez por semana, 2 vezes

ao dia para cada supermercado durante 3 meses

completando 200 medições no total. A primeira

medição feita das 7:00 às 8:00 h e a segunda das

17:00 às 18:00 h, em cinco tipos de alimentos mais

vendidos de acordo com os estabelecimentos, sendo

os seguintes alimentos, refrigerados: leite

pasteurizado e iogurte e congelados: frango, pizza e

hambúrguer. As informações foram coletadas por

meio de planilhas, contendo informações como o

local da coleta de dados, data, alimento, temperatura

máxima e mínima do alimento e equipamentos

utilizados na estocagem.

Em todos os alimentos escolhidos nesta

pesquisa, a mensuração foi realizada com a haste do

termômetro entre dois alimentos do mesmo tipo

para simular a temperatura medida no centro

geométrico dos alimentos.

Foram verificadas temperaturas dos alimentos

e comparando-as com as especificadas com o

fabricante e também de acordo com a CISA nº 10.

Também foram analisadas as condições físicas dos

freezers e o tipo dos mesmos: horizontal/vertical e

fechado/aberto, quantas unidades de cada produto e

disposição destes alimentos no equipamento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram realizadas 200 medições de

temperatura no total durante 3 meses de pesquisa e

seus resultados expressos em temperatura média,

mínima e máximas. Na Tabela 1 estão dispostas as

médias das temperaturas máximas, mínimas, a

temperatura estabelecida pelo fabricante, pela

legislação, o percentual de amostras satisfatória à

legislação e a recomendação do fabricante para

alimentos refrigerados.

Page 33: Volume 1 (2014) completo

Rocha et al. (2014)

J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.27-31, 2014 29 | P á g i n a

Tabela 1. Temperaturas máxima, mínima e média encontradas nos produtos refrigerados dos

supermercados das regiões Sul, Centro e Norte.

Tipo de produto

Temperaturas (ºC) Condição das amostras durante a análise

Média Mínima Máxima Satisfatória de acordo

com a Legislação (%)

Satisfatória de acordo

com o Fabricante (%)

Leite Pasteurizado1

Regiões

Sul 5,9 4,2 7,7 100 100

Centro 8,4 5,5 11,4 33 67

Norte 12,9 11,4 14,1 0 0

Iorgute2

Regiões

Sul 11,2 2,7 15,8 0 25

Centro 12,3 3,2 17,5 43 57

Norte 8,2 2,6 11,6 50 100

1 Temperaturas satisfatórias para o leite pasteurizado - A legislação e o fabricante do produto recomendam conservação

em temperaturas ≤ 8ºC. 2 Temperaturas satisfatórias para o iogurte - A legislação determina temperaturas ≤ 8ºC e o fabricante a temperatura de 1

a 10ºC.

De acordo com a Tabela 1, no que diz

respeito ao leite pasteurizado, apenas na região Sul a

temperatura apresentou-se dentro do especificado

pela legislação (ANVISA, 1982) e pelo fabricante,

representando 100% das amostras observadas. Isso

se deve provavelmente a boas condições do

equipamento e a quantidade adequada desse produto

armazenada no mesmo. Maciel (2007) observou que

os produtos lácteos expostos apresentavam 100% de

adequação quanto à temperatura de armazenamento

na cidade de Rio de Janeiro.

Já o mesmo produto nas regiões Centro e

Norte as temperaturas foram observadas máximo de

11,4 e 14,1ºC (Tabela 1), valores que estão acima

dos valores determinados pela legislação e pelo

fabricante. Na região central 33% das amostras

estavam insatisfatórias, isso pode ter o ocorrido pelo

fator de superlotação do equipamento, por defeito

no equipamento ou por desligamento noturno.

Superlotação também foi um dos problemas

constatados na literatura (SEREJO, 2009).

A temperatura média do produto na região

Norte, de acordo com os dados coletados, ficou

acima do permitido pela legislação e também pelo

fabricante com media 14,1°C, totalizando 100% das

amostras insatisfatórias. Isto provavelmente do

recipiente que elas utilizavam que não era

apropriado e da utilização do equipamento para o

resfriamento de outros produtos lácteos.

Em relação ao iogurte, como demonstra na

Tabela 1, na região Sul 100% das amostras estavam

fora do valor estabelecido pela legislação e 75% das

amostram estavam inadequadas de acordo com o

fabricante. Esses resultados insatisfatórios podem

ter ocorrido por falta de manutenção dos

equipamentos onde os mesmos encontravam-se,

com a porta danificada, impossibilitando a

manutenção da temperatura.

Na região central, como verificado na Tabela

1, 57% das amostras encontram-se inadequadas

tanto pela legislação quanto pelo fabricante. Apesar

do bom estado de conservação do freezer, o

acumulo de gelo pode ter interferido na temperatura

inadequada neste equipamento.

O mesmo produto na região Norte apresentou

100% das amostram adequada segundo a

temperatura estabelecida pelo fabricante e 50%

inadequados conforme a legislação o que pode ter

ocorrido pelo eventual desligamento do

equipamento para economia de energia. Observou

em um estudo feito com carnes refrigeradas que em

um dos supermercados a temperatura sempre estava

acima da recomendada enquanto no outro apenas

em uma semana no período das análises isso ocorreu

e no terceiro estava dentro dos limites desejáveis

(PORTE et al., 2003).

Os valores das temperaturas dos produtos

congelados estão representados na Tabela 2.

Pode-se observar que para o frango o

número de amostras insatisfatórias ficou

superior que 70% nos 3 supermercados, tanto

pela legislação quanto pelo fabricante. Em outro

estudo (SOUZA, 2009) verificou que 42,08%

das amostras de frango estavam inadequadas.

Apesar dos freezers não encontrarem com

crostas de gelo é provável que haja o

desligamento dos mesmos durante a noite e/ou a

falta de manutenção.

Page 34: Volume 1 (2014) completo

Ciência e Tecnologia de Alimentos

30 | P á g i n a J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.27-31, 2014

Tabela 2. Temperaturas máxima, mínima e média encontradas nos produtos congelados dos

supermercados das regiões Sul, Centro e Norte.

Tipo de produto

Temperaturas (ºC) Condição das amostras durante a análise

Média Mínima Máxima Satisfatória de acordo

com a Legislação (%)

Satisfatória de acordo

com o Fabricante (%)

Frango

Regiões

Sul -3,95 -2,1 -5,8 25 22

Centro 0 -3,1 3,1 7,1 14,3

Norte 1 -5,3 7,3 28,6 0

Hambúrguer

Regiões

Sul 4,2 -0,1 8,5 0 0

Centro 1,2 -4,3 6,7 15 0

Norte 2,15 -3,1 7,4 0 0

Pizza

Regiões

Sul 1,7 0,8 2,6 0 0

Centro -1,2 -4,6 2,2 0 0

Norte 1,1 -4,4 6,6 0 0

Temperatura dos produtos congelados. A legislação determina temperaturas ≤ - 8º, enquanto que os

fabricantes dos produtos recomendam conservação em temperaturas ≤ - 12ºC.

Pode-se observar que para o frango o número

de amostras insatisfatórias ficou superior que 70%

nos 3 supermercados, tanto pela legislação quanto

pelo fabricante. Em outro estudo (SOUZA, 2009)

verificou que 42,08% das amostras de frango

estavam inadequadas. Apesar dos freezers não

encontrarem com crostas de gelo é provável que

haja o desligamento dos mesmos durante a noite

e/ou a falta de manutenção.

Na região Sul, conforme a Tabela 2, 100%

das amostras de hamburguer estavam inadequadas,

os valores de temperatura não satisfazia a legislação

e nem ao fabricante. Foi observado ainda durante a

coleta dos dados que as amostras de hambúrguer

apresentavam textura mole e macia. Esse fato pode

ter ocorrido por superlotação do Freezer, uma vez

que os mesmos apresentavam excesso de gelo e

excesso de produto armazenado, prejudicando assim

o rendimento do equipamento.

Já na região Central, 100% das amostras

estavam inadequadas segundo ao fabricante e 85%

estavam fora dos valores estabelecidos pela

legislação. E na região Norte todas as amostras

estavam inadequadas de acordo com a legislação e

pelo fabricante. Os problemas que ocorrem na

regiao Central e Norte, são os mesmos que ocorrem

para esse mesmo produto na região Sul.

Em todas as regiões, as amostras de pizza se

encontram fora dos valores estabelecidos pela

legislação e pelo fabricante. Situação considerada

grave, tendo como provaveis motivos

superlotamento dos freezers com outros produtos

prontos, crostas de gelo, embalagens umedecidas,

poças d’aguas na tampa dos freezers, termomentro

do equipamento não marcava a temperatura certa.

Problemas que também foram constatados por

(SEREJO, 2009).

De acordo com Porte et al. (2003) a

necessidade de circulação do ar refrigerado entre os

alimentos é comprometida pelo abarrotamento deles

nos equipamentos.

Os diversos resultados nas diferentes regiões

demonstrada nas Tabelas 1 e 2, pode ter sido pela

utilização de diferentes tipos de equipamentos e/ou

se o mesmo é aberto ou fechado. Também pode ser

decorrente dos comerciantes não terem o

conhecimento dos motivos pelos quais a

manutenção da cadeia de frio é importante e de

como a mesma pode ser monitorada/controlada.

Foi possível verificar que em todos os

supermercados a temperatura marcada no

termômetro do equipamento era diferente da medida

nos produtos, sendo que a medida estava sempre

acima da marcada no equipamento o que também

foi observado em outro estudo (SOUZA, 2005).

CONCLUSÃO

O estudo demonstra que os alimentos

estudados não estão sendo refrigerados/congelados

adequadamente como determina a resolução CISA

Nº 10. Assim o consumidor está sendo prejudicado

ao realizar a compra desses produtos.

As temperaturas dos produtos analisados

divergiram em sua grande maioria da legislação

vigente e da recomendação do fabricante, em alguns

casos apresentando 100% de temperaturas

insatisfatórias para o armazenamento.

A falta de capacitação em BPF dos

responsáveis pelas empresas e também o não

Page 35: Volume 1 (2014) completo

Rocha et al. (2014)

J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.27-31, 2014 31 | P á g i n a

acompanhamento dessas empresas por parte do

órgão responsável, pode acarretar em consumo de

alimentos impróprios.

Conservation of refrigerated products and frozen displayed for sale in supermarkets in the city

of Palmas-TO.

Abstract - This study aimed to assess whether temperature of refrigerated and frozen products are

exposed for sale within the norms established so that no unwanted changes occur in the product. 200

temperature measurements were performed at three supermarkets located in three different regions

(North, Center and South) of the city of Palmas. Initial measurements made from 7:00 to 8:00 h and

the second from 17:00 to 18:00 in five types of foods being, chilled and pasteurized milk and frozen

yogurt, chicken, pizza and hamburger. It was observed that the temperature of chilled foods differed

that may have occurred by using different equipment and / or use of any equipment not appropriate

for the type of food. Regarding frozen was striking that all the supermarkets were with at least more

than 70% of samples outside the norms established by law and by the manufacturer

Index terms: thermometer, pasteurized milk, yogurt, chicken, pizza, hamburger.

REFERÊNCIAS

ADAMS, M. R.; MOSS, M.O. Microbiología de

los alimentos. España: Acribia, 1997,464 p.

AGENCIA NACIONAL DE VIGILANCIA

SANITARIA- ANVISA. Comissão Interministerial

da saúde e Agricultura- CISA N° 10. Portaria

MS/MA n° 01 de 02/02/1982.

BAZELLA, V. I.; MARTINS, A. H. Verificação da

Temperatura de Refeições Transportadas no

Município de Cascavel – Paraná. Cascavel, 2008,

8 p.

BOURGEOIS, C.M.; MESCLE, J. F.; ZUCCA, J.

Microbiología alimentaria: Aspectos

microbiológicos de la seguridad y calidad

alimentaria. Traducción: Víctor A. Diéz Fernández.

España: Acribia, 1994, 437 p.

FRANCO, D G. M.; LANDGARF, M.

Microbiologia dos alimentos. São Paulo: Atheneu,

2008, 182 p.

MACÊDO, J. B. Avaliação da temperatura de

refrigeração nas gôndolas de exposição de derivados

lácteos em supermercados da região de juiz de Fora-

MG. Anais... CONGRESSO NACIONAL DE

LATICÍNIOS, 17, 2006, Juíz de Fora-MG.

MACIEL, D. W. Avaliação dos alimentos

perecíveis expostos na área de venda em um

estabelecimento varejista no município do Rio de

Janeiro através da verificação da temperatura.

2007. 79f. Dissertação (Mestrado) - Curso de

Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal,

Universidade Castelo Branco, Rio de Janeiro-RJ,

2007.

PORTE, A. et. al. Monitoramento de Carnes e

Derivados Refrigerados Expostos à Venda em

Supermercados Sulfluminenses. SAÚDE

REVISTA. v 5, n 9, p.39-46p, 2003.

SEREJO, Teresa. Análise da temperatura de

refrigeradores de alimentos congelados em

supermercados da cidade deSão Luís/MA. 2009.

30 f. TCC (Graduação) - Curso de Química,

Instituto Federal do Maranhão, São Luiz, 2009.

SOUZA, T. T.; DAMIANI, J. C.; CARNEIRO J. M.

Observação de aspectos importantes no

armazenamento de alimentos congelados e

refrigerados em um supermercado de Florianópolis-

SC. Anais da 5ª Semana de Ensino, Pesquisa e

Extensão. 14 a 17 de Setembro de 2005.

SOUZA, Almeida Cristiana. Avaliação da

temperatura de conservação dos produtos de

origem animal expostos à venda em

supermercados de Teresina, PI. 2009. 31f. TCC

(Graduação) - Curso de Medicina Veterinária,

Universidade Federal do Piaui, Teresina-PI, 2009.

TORASSI, Michele. Avaliação da temperatura de

armazenamento de alimentos refrigerados em

supermercados de criciúma - SC. 2009. 32 f. TCC

(Graduação) - Curso de Farmácia, Universidade do

Extremo Sul Catarinense, Criciúma, 2009.

Page 36: Volume 1 (2014) completo

J. Bioen. Food Sci, 01 (2): 32-40, 2014

Journal homepage: http://periodicos.ifap.edu.br/index.php/JBFS

ISSN 2359-2710

32 | P á g i n a J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.32-40, 2014

Alta pressão hidrostática na conservação de alimentos: um enfoque

para o processamento de sucos

F. M. Rodrigues1*; L. G. S. M. Rodrigues2, C. R. B. Mendonça3, E. M. Oliveira4 e V. H. G. Sales5

1 Doutorando em Ciência e Tecnologia de Alimentos – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – (UFRRJ). Cx.

Postal 74515, 23.897-970. Seropédica-RJ, Professor do Instituto Federal do Tocantins – IFTO, Brasil.

2 Doutoranda pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Professora do Instituto Federal do Tocantins

- IFTO. e-mail [email protected]

3 Doutora em Química, Professora Adjunta do Centro de Ciências Químicas, Farmacêuticas e de Alimentos -

Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Campus Universitário, 96.010-900 Cx. Postal 354. Pelotas-RS, Brasil. e-mail

[email protected]

4 Mestranda em Biotecnologia pela Universidade Federal do Tocantins (UFT), Campus Gurupi, Brasil. e-mail

[email protected]

5 Mestre em Agroenergia. Professor do Instituto Federal do Amapá (Ifap). Rodovia BR 210, km 03, s/n – Bairro Brasil

Novo, 68.909-398, Campus Macapá. Macapá-AP, Brasil. Email: [email protected]

INF. REVISÃO RESUMO

Convite: 20 Mai 2014

Recebido em: 16 Ago 2014

Publicado em: 03 Out 2014

O Brasil é um dos maiores produtores de fruta do mundo e o consumo

destas na forma de suco tem apresentado crescente aumento. Os

consumidores estão cada vez mais preocupados com a alimentação

saudável e o suco de fruta pode ser um grande aliado para uma dieta com

esta característica. Com o intuito de satisfazer às expectativas das pessoas,

cada vez mais exigentes com relação à qualidade dos produtos que

adquirem, novas tecnologias não térmicas têm sido desenvolvidas, como é

o caso da Alta Pressão Hidrostática (APH). Este trabalho consistiu numa

revisão bibliográfica sobre o uso de processo não térmico de alta pressão

hidrostática, focando sua aplicação no processamento de sucos. Constatou-

se que a APH trata-se de uma tecnologia promissora, especialmente, por

mostrar-se eficiente na conservação e manutenção das características

sensoriais e nutricionais do produto. Os investimentos e custos operacionais

associados a essa tecnologia são os maiores responsáveis pela limitação de

seu emprego, porém, o desenvolvimento tecnológico e o incentivo de

consumidores dispostos a adquirir produtos de maior qualidade apontam

para sua maior aplicação.

Termos de indexação:

Conservação de alimentos

Processo não térmico

Tecnologia não convencional

Métodos isostáticos.

*Autor para correspondência

[email protected]

© 2014 JBFS all rights. This is an open access article distributed under the Creative Commons Attribution License,

which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly

cited.

Como referenciar esse documento (ABNT):

RODRIGUES, F. M.; RODRIGUES, L. G. S. M.; GOI, S. R.; MENDONÇA, C. R. B.; OLIVEIRA, E. M.; SALES, V.

H. G. S. Altas pressões hidrostática na conservação de alimentos: um enfoque para o processamento de sucos. Journal

of Bioenergy and Food Science, Macapá, v.1, n. 2, p.32-40, jul. / set. 2014. _________________________________________________________________________________________________________________

INTRODUÇÃO

Apreciados em todo o mundo, e

mundialmente consumidos, sucos de frutas fazem

sucesso não só pelo seu sabor, mas, também, por

serem fontes naturais de carboidratos, carotenóides,

vitaminas, minerais e outros componentes

importantes à dieta humana (BERTO, 2003;

Art

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Page 37: Volume 1 (2014) completo

Ciência e Tecnologia de Alimentos

____________

J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.32-40, 2014 33 | P á g i n a

PINHEIRO et al., 2006; SEERAM et al, 2008;

SHINAGAWA et al., 2013).

Associado à produção de suco está o

tratamento térmico, como meio de estender o tempo

de vida útil do produto. Entretanto, o calor deprecia

a qualidade do suco (degradação de pigmentos,

especialmente carotenóides e antocianinas, reações

de escurecimento (Maillard), escurecimento

enzimático e oxidação de ácido ascórbico),

comprometendo suas propriedades funcionais

(IBARZ et al., 1999; SUH et al., 2003), nutricionais

e sensoriais (CAO et al., 2012; LEE & COATES,

2003; PATRAS et al., 2011;

RATTANATHANALERK et al., 2005).

Neste sentido, há uma crescente demanda de

consumidores por produtos alimentares frescos,

impulsionando o surgimento de tecnologias não

convencionais na produção de alimentos seguros

(TRUJILLO et al., 2002), com o mínimo de perda

nutricional e sensorial, mantendo-se os mais

próximos do produto in natura e com uma maior

estabilidade na sua vida de prateleira (BUTZ et al.,

2003; MONTEIRO, 2006).

Dessa maneira, tratamentos como, pulsos

elétricos, aquecimento ôhmico, irradiação,

engenharia genética, biotecnologia e alta pressão,

entre outros vêm sendo estudados como alternativas

na melhor preservação da qualidade dos produtos

frescos (MARX et al., 2011; ZHANG et al., 2011;

CAMPOS et al., 2003; COSTA et al., 1999;

OLIVEIRA & OLIVEIRA, 1999).

Com o intuito de satisfazer às expectativas

dos consumidores, cada vez mais exigentes com

relação à qualidade dos produtos que adquirem,

novas tecnologias não térmicas têm sido

desenvolvidas, como é o caso da Alta Pressão

Hidrostática (APH) (MARX et al, 2011; ZHANG et

al., 2011), processo não-térmico, capaz de inativar

microrganismos patogênicos e deteriorantes nos

alimentos, assim como ativar e inativar enzimas

(KNORR, 1993; GOULD, 2000). Como alternativa

ao processamento convencional de alimentos

(processamento térmico), a APH tem sido sugerida

como uma tecnologia efetiva para ser empregada na

pasteurização de sucos.

A técnica de APH consiste em submeter

alimentos líquidos ou sólidos a pressões entre 100

MPa e 1000 MPa (1 Mpa = 9,869 atm = 10 bar)

(Oey et al., 2008), associada ou não a certa elevação

da temperatura, podendo o alimento estar ou não

embalado (FDA, 2000; YUSTE et al., 2001).

Visando determinar os parâmetros ideais de

processo para as diferentes matrizes que compõem

os alimentos, tais como, sucos de frutas (RODRIGO

et al, 2007; ZIMMERMAN & BERGMAN, 1993),

diversos estudos têm avaliado o uso da alta pressão

hidrostática como substituto (parcial ou total) ao

processamento térmico convencional. Por exemplo,

suco de maça (BARON et al., 2006; DONSI et al.,

2009; PATHANIBUL et al., 2009;

VALDRAMIDIS et al., 2009), polpa de manga

(TRIBST et al., 2011; AHMED et al., 2005), suco

de laranja (KATSAROS et al., 2010), suco de

morango (CAO et al, 2011), açaí (ALIBERTI,

2009), suco de tomate (CORBO et al, 2010) e

damasco (PATRIGNANI, 2009; 2010).

Esta revisão teve por objetivo abordar os

princípios da alta pressão hidrostática e, entre outros

aspectos, seu efeito sobre os microrganismos e sua

aplicação para o processamento de sucos.

Cenário do mercado de sucos

Na esfera global, o setor de bebidas mostra

constante ascensão e o consenso entre especialistas é

a tendência de aumento no consumo das bebidas não

alcoólicas (ESPERANCINI, 2005; BERTO, 2003).

Neste mercado estão incluídas as bebidas como

refrigerantes, sucos, chás, energéticos e água

mineral engarrafada (BOLETIM NEIT, 2004). As

bebidas à base de frutas, como sucos e néctares, nas

suas mais diversas formas de apresentação (Queiroz

& Menezes 2005; Berto, 2003), são as que mais têm

se destacado dentro desse segmento.

A grande diversidade de climas e solos

existente no Brasil constitui excelente ambiente para

a expansão da produção de frutas e hortaliças

(VIANA et al., 2010). A Associação Brasileira das

Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas Não

Alcoólicas – ABIR fez um levantamento do

consumo de sucos entre os anos de 2002 a 2009 e

verificou que houve um crescimento de 21% durante

o período, sendo que em 2009 foram

comercializados 1413 milhões de litros a mais que

2002. Entre 2008 e 2009, o consumo total de suco

de frutas cresceu 1,6 %, alcançando a marca de

8.133 milhões de litros de suco.

O destaque de 2009 foi novamente para o

crescimento de sucos e néctares, com um acréscimo

de quase 9 % em relação a 2008. Em 2011 no

período de janeiro a maio foram consumidos 315,6

milhões de litros de suco. Já no mesmo período em

2012, foram consumidos aproximadamente 352,1

milhões de litros de sucos prontos para beber no

Brasil, o que representou quase 12 % de aumento do

consumo de suco em relação ao ano de 2011. O que

acaba por confirmar o potencial do segmento, que

durante os últimos anos vem registrando aumento

do consumo no Brasil.

Processamento por alta pressão hidrostática

Page 38: Volume 1 (2014) completo

Rodrigues et al. (2014)

34 | P á g i n a J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.32-40, 2014

Os primeiros estudos sobre a inativação de

micro-organismos por efeito da pressão foram

realizados na França por Certes, em 1884, e nos

EUA por Hite entre 1899 e 1914, que estudaram a

resistência dos micro-organismos a altas pressões

em alimentos (HOOVER, 1993). A partir dos

primeiros trabalhos, estudos pontuais objetivando a

aplicação da alta pressão em alimentos foram

realizados, porém, devido ao avanço dos processos

térmicos, a tecnologia ficou relegada a um segundo

plano (JAY et al., 2005; PATTERSON, 2005;

ROSENTHAL et al., 2008).

Somente a partir de 1990, com pesquisas

realizadas no Japão, objetivando avaliação do

potencial de aplicação comercial, a retomada dos

estudos foi restabelecida em vários outros países,

com destaque para os Estados Unidos e países

europeus (CAMPOS et al., 2003). Tais pesquisas

resultaram em grande avanço tecnológico,

acarretando surgimento de diversos produtos

comercializados em vários países (MERTENS &

DEPLACE, 1993), por exemplo: geleia de frutas

(primeiro produto pressurizado) no Japão, suco de

laranja na França, guacamole no México e leite

pasteurizado no mercado inglês (ADAMS & MOSS,

2000; CAMPOS et al., 2003; MERTENS &

DEPLACE, 1993).

Por APH o processamento dos alimentos pode

ser executado de duas formas: pasteurização do

produto já dentro da embalagem final, ou

homogeneização a alta pressão (HAP), no qual o

produto é pasteurizado de forma contínua e depois

assepticamente embalado (CAMPOS et al., 2003;

MERMELSTEIN, 1999). No método de alta pressão

hidrostática, o produto é submetido a uma pressão

muito alta (100 a 1000) MPa, dentro de um vaso

pressurizado, por determinado tempo e temperatura,

causando a destruição microbiológica e podendo

haver inativação parcial enzimática (BALA et al.,

2008; CAMPOS et al., 2003). Ligações covalentes

não são rompidas a determinadas faixas de pressões,

mantendo assim, atributos dos alimentos como cor,

aroma e sabor, inalterados (FARKAS & HOOVER,

2000; BARBOSA-CÁNOVAS & RODRÍGUEZ,

2002).

À temperatura ambiente, pressões na faixa de

200 a 600 MPa são suficientes para reduzir o

número de micro-organismos patogênicos e

deteriorantes, além de possibilitar a inativação de

enzimas envolvidas na deterioração dos alimentos,

com isso, propiciando ao produto a manutenção de

seu frescor, juntamente com as demais

características sensoriais e nutricionais (HEIJI et al.,

2006).

Princípios da alta pressão hidrostática

O método de APH fundamenta-se em dois

princípios, a saber: o primeiro trata-se do Princípio

de Lê Chatelier em que qualquer aumento da

pressão, está associado à redução de volume e vice-

versa (CHEFTEL, 1995; EARNSHAW, 1996;

CAMPOS, 2004). O segundo baseia-se no

“Princípio Isostático”, segundo o qual a pressão é

transmitida ao alimento quase que instantaneamente

e uniformemente por todo o alimento, independente

da forma, tamanho e composição (BALA et al.,

2008; CAMPOS, 2004; OEY et al., 2008; RASO et

al., 1998; SMELT, 1998; FDA, 2000).

Como consequência da pressurização vale

ressaltar que durante a compressão e descompressão

do equipamento e alimento, há uma pequena

variação da temperatura no interior do equipamento,

proporcional a pressão utilizada (PFLANZER et al.,

2008). Basicamente o equipamento de APH consiste

de quatro componentes: recipiente de pressão,

sistema gerador de pressão, dispositivo para

controle da temperatura e sistema operacional

(PFLANZER et al., 2008).

Efeito da APH nos micro-organismos e enzimas

Um dos efeitos diretos do tratamento por

APH sob o micro-organismo, são as lesões

celulares, destacando-se as modificações

morfológicas da parede celular e membrana,

alterações das funções bioquímicas e mecanismos

genéticos (YUSTE et al, 2001). O alongamento

celular e separação da parede celular da membrana

citoplasmática exemplificam as modificações

morfológicas ocorrido a nível (MAÑAS & PAGAN,

2004). Alterações na conformação das estruturas

secundária, terciária e quaternária de

macromoléculas, como ácidos nucléicos,

polissacarídeos e proteínas também são afetadas

(YUSTE et al, 2001). Entretanto, estudos apontam

que entre as principais causas da morte dos micro-

organismos está a lesão na membrana citoplasmática

(SMELT, 1998; YUSTE et al., 2001; MAÑAS &

PAGAN, 2004). A coagulação das proteínas

citoplasmáticas e a cristalização dos fosfolipídios

também são relatadas (SMELT, 1998). De acordo

com (CHEFTEL, 1992; MANAS & PAGAN,

2004), como consequência da pressurização, ocorre

a desnaturação protéica, como exemplo a inativação

de enzimas como ATPase, provocando com isso,

alterações dos mecanismos genéticos. A resposta do

micro-organismos frente à alta pressão hidrostática

depende de alguns fatores, como, o tipo (bactérias,

bolores, leveduras) e forma (eucariontes e

procariontes) (SMELT, 1998;

BALASUBRAMANIAM & FARKAS, 2008).

Quanto às enzimas, a resposta ao tratamento

por APH depende de variáveis, como estruturas

secundárias, terciárias e quaternárias (TEWARI et

Page 39: Volume 1 (2014) completo

Ciência e Tecnologia de Alimentos

____________

J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.32-40, 2014 35 | P á g i n a

al., 1999). A inativação e ativação das enzimas

depende da origem, pH, natureza do substrato, e

condições operacionais (SAN MARTÍN et al.,

2002; TEWARI et al., 1999). Entre as principais

enzimas deteriorantes de frutas e hortaliças, estão a

polifenoloxidase (PPO) e peroxidase (POD)

(ROSENTHAL et al., 2002). A PPO e a POD são

responsáveis pela transformação dos fenóis

existentes nos vegetais em compostos que

conferem coloração escura ao alimento, através de

reações químicas como a hidroxilação e a oxidação

de estruturas fenólicas (CHEFTEL, 1995). A

inativação de enzimas é dependente da temperatura

e tempo de processo (ROSENTHAL et al., 2002).

A APH pode ser usada como alternativa às altas

temperaturas para a inativação irreversível da PPO

e POD (HENDRICKX et al., 1998). Rosenthal et

al. (2002) em estudo com o extrato enzimático de

PPO e POD, obtido a partir do abacaxi, avaliou a

atividade destas enzimas frente às diferentes

condições de tempo, temperatura e pressão. Os

autores observaram que a inativação enzimática foi

maior quando valores mais elevados dos

parâmetros tempo (45 minutos), temperatura (60

ºC) e pressão (600 MPa) foram utilizados. A

máxima redução foi de 60,08 % para POD e 33,17

% para PPO. No entanto, os efeitos das

condições de processamento, tais como pressão,

temperatura e tempo variam amplamente conforme

tipo de enzima, a fonte de enzima (fruta e

hortaliças), propriedades da matriz alimentar (pH e

umidade) e tipo de matriz (fruta inteira, partes da

fruta, purê ou suco) (MÚJICA-PAZ et al., 2011).

Aplicações de altas pressões em sucos

Pressões maiores que 400Mpa são utilizadas

no processamento de sucos (HOOVER, 1993).

Estudos de (LINTON et al., 1999; RAMASWAMY

et al., 2003) eliminaram leveduras e fungos,

prolongando o shelf life do produto para próximo

de 30 dias. Dede et al. (2007) verificaram que o

tratamento de alta pressão em suco de cenoura a

250 MPa durante 15 minutos e temperatura de 35

ºC, reduziu a contagem total de aeróbio para um

nível inferior ao limite de detecção, apesar de uma

carga microbiana inicial de 5,5 log UFC ml-1.

Da mesma forma, Kim et al. (2001) não

encontrou microrganismos após o tratamento de

pressão em suco de cenoura a 300 MPa durante 10

minutos e 50 º C. Em trabalho realizado por

Bayindirli et al. (2006), foi verificada a completa

inativação de Staphylococcus aureus, Escherichia

coli O157:H7 e Salmonella Enteritidis em sucos de

maçã, laranja, damasco e cereja quando tratados a

350 MPa a 40 ºC por 5 minutos. Pressões na faixa

de 100 a 600Mpa foram utilizadas em suco de

tangeria (OGAWA et al. 1990) Os resultados desse

trabalho mostraram que tratamentos a 350 MPa

durante 30 minutos ou 400 MPa durante 4 minutos,

à temperatura ambiente, permitiram a redução da

carga microbiana em 5 unidades logarítmicas.

Sucos de uva e laranja já vêm sendo processado em

países da Europa, desde o ano de 1994. De acordo

com (BASAK & RMASWAMY, 1996;

CASTELLARI et al., 2000; GOODNER et al.,

1998; GOODNER et al., 1999) é possível

estabilizar produtos cítricos, como suco de frutas,

concentrados e produtos a base de tomate, em

pressões superiores a 300Mpa. O produto é

estabilizado sem afetar suas características físico-

químicas, funcionais e seu valor nutricional,

especialmente os teores das vitaminas C e A. Dede

et al (2007), constatou que a retenção de ácido

ascórbico em suco de cenoura pressurizado,

estocado a 4 e 25°C, foi significativamente mais

elevada que em suco de cenoura tratado

termicamente. Butz et al. (2003) mostrou que os

carotenóides em suco de laranja e em uma mistura

de laranja, suco de cenoura e limão não foram

afetadas pelo tratamento a alta pressão em

condições operacionais de até 600 MPa por 6 min.

Kim et al., (2001) demonstrou que a α e β-caroteno

permaneceram mais estáveis ao tratamento por alta

pressão do que quando comparado ao tratamento

térmico convencional.

Porém, para a inativação de enzimas

resistentes à pressão, como as pectinolíticas e

polifenoloxidases é necessário um tratamento

térmico moderado junto à alta pressão (FARR,

1990). Tratamentos com APH em produtos

vegetais que apresentam pH relativamente elevado

são problemáticos, devido possibilidade de

sobrevivência e crescimento de esporos de micro-

organismos patogênicos (TONELLO, 2011). No

trabalho de (CRELIER et al., 1999) o efeito da

pressão sob a textura a atividade enzimática em

suco de tomate, mostrou que a viscosidade do suco

aumenta consideravelmente com a pressão e que as

atividades das enzimas poligalacturonase (PG),

pectinametilesterase (PME) e peroxidase (POD)

foram afetadas por pressões superiores a 500 MPa.

Marcellini (2006) realizou trabalho com suco de

abacaxi, aplicando APH à polpa da fruta, à 300

MPa durante 5 minutos a 25 ºC, onde demonstrou-

se ser eficaz para produção da polpa com vida útil

de 14 dias, estando de acordo com os parâmetros

(microbiológicos e sensoriais) determinados pela

legislação brasileira. Goodner et al. (1999)

estabilizaram suco de laranja, promovendo uma

vida de prateleira de 90 dias, armazenado sob

refrigeração, em condições de tratamento de

700Mpa durante 1 minuto. Estudos realizados por

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Rodrigues et al. (2014)

36 | P á g i n a J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.32-40, 2014

Deliza et al. (2003), verificou que informar os

consumidores sobre a utilização da APH no

processamento de suco de abacaxi causou um

impacto positivo na percepção do produto.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tecnologias não convencionais de

conservação de alimentos têm sido estudadas como

alternativa ao tratamento térmico, especialmente

para preservar a qualidade sensorial e nutricional

dos produtos. Neste contexto, a alta pressão

hidrostática vem se mostrando uma tecnologia

promissora, especialmente na destruição de micro-

organismos patogênicos e deteriorantes, na

ampliação da vida útil do produto, e manutenção das

características sensoriais. Sua aplicação no

processamento de sucos tem mostrado ótimos

resultados. Entretanto, essa ainda é uma

tecnologia cara para ser implementado, fato este

responsável pela limitação de seu emprego.

Contudo, o desenvolvimento tecnológico tem

permitido uma redução crescente dos investimentos

e custos operacionais associados a ela. Nessa

perspectiva, espera-se que venha ocorrer ampliação

do mercado de produtos conservados por esse

tratamento. Demandas por alimentos de maior

qualidade podem incentivar sua aplicação,

notadamente para produtos de maior valor agregado.

High hydrostatic pressure in food preservation: an approach to the processing of juice

Abstract - Brazil is a major producer of fruit in the world and the consumption of these in the form

of juice has shown increasing. Consumers are increasingly concerned about healthy eating and fruit

juice can be a great ally for a diet with this characteristic. In order to meet the expectations of

consumers, more demanding regarding the quality of the products they purchase, non-thermal

technologies have been developed, such as the High Hydrostatic Pressure (APH). This work

consisted of a literature review on the use of innovative technology to high hydrostatic pressure,

focusing on its application in juice processing. It was found that APH has proved a promising

technology, especially because it appears effective in the conservation and maintenance of sensory

and nutritional characteristics of the product. The investment and operating costs associated with this

technology are the most responsible for limiting its use, however, technological development and

encouragement of consumers willing to purchase higher quality products point to its main

application.

Index terms: Food preservation; non-thermal process; unconventional technology; isostatic

methods.

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ISSN 2359-2710

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JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.41-45, 2014 41 | P á g i n a

Secagem natural de banana nanica com e sem pré tratamento

osmótico.

P. V. G. Sales1*; A. C. R. da Costa2 e E. M. de Oliveira3.

1 Doutorando em Biotecnologia e Biodiversidade pela rede BIONORTE, Professor do Instituto Federal do Tocantins –

IFTO, Brasil.

2 Graduanda Curso de Engenheira Biotecnológica da Universidade Federal do Tocantins-UFT, Campus Gurupi. Rua

Padejós, Lt. 07 Chácaras 69/72 Zona Rural Cx Postal 66, CEP: 77402-970. Gurupi-TO, Brasil. e-mail

[email protected]

3 Mestranda do Programa de Pós Graduação em Biotecnologia da Universidade Federal do Tocantins-UFT, Campus

Gurupi. e-mail [email protected]

INF. ARTIGO RESUMO

Recebido: 20 Jul 2014

Aprovado em: 07 Set 2014

Publicado em: 03 Out 2014

O presente trabalho objetivou caracterizar os parâmetros de Sólidos

Solúveis (SS), Acidez Titulável (AT), pH, e o ratio em bananas

desidratadas por secagem natural com dois tratamentos: F1 – Bananas pré-

tratadas em solução osmótica de sacarose a 10% e F2 – Controle. Os dados

foram submetidos a um delineamento experimental inteiramente

casualizados, com dois tratamentos (F1 e F2) e 10 repetições. As bananas

permaneceram expostas à secagem por um período de aproximadamente 96

horas para atingir a umidade média final em ambos tratamentos de 32%. Na

análise dos resultados foi verificado diferenças significativas entre os dois

tratamentos para todas as variáveis analisadas, sendo valores de SS (28,98)

e ratio (21,60) com maior média para F1 e os valores pH (5,15) e AT

(1,51%) com maior média para F2. A secagem em temperatura ambiente

demonstra ser uma alternativa viável por manter a qualidade da fruta, bem

como a facilidade da sua inserção em comunidades de baixa renda por ser

um método barato e simples.

Termos de indexação:

Musa spp

Secagem

Desidratação osmótica.

*Autor para correspondência

[email protected]

© 2014 JBFS all rights. This is an open access article distributed under the Creative Commons Attribution License,

which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly

cited.

Como referenciar esse documento (ABNT):

SALES, P. V. G.; COSTA, A. C. R.; OLIVEIRA, E. M. Secagem natural de banana nanica com e sem pré tratamento

osmótico. Journal of Bioenergy and Food Science, Macapá, v.1, n. 2, p.41-45, jul. / set. 2014.

INTRODUÇÃO

A Banana (Musa sapientum L.) é uma das

frutas tropicais mais importantes no mundo. Os

frutos maduros contêm muitos dos nutrientes

essenciais necessários que são essenciais para uma

dieta equilibrada, a qual contém em sua

composição, açúcares naturais, proteínas, potássio e

vitaminas A, do complexo B e C, a fruta quando

madura é facilmente digerida, colaborando com o

fornecimento rápido de energia ao organismo, a

fruta também pode ser utilizada com fins

medicinais, usada como antidiarréico, contra o

escorbuto e linfatismo (CRAVO, 2003). Conforme

Toda Fruta (2012) a banana é usada principalmente

na recuperação da anemia, pressão arterial,

intensificação da capacidade mental e constipação

intestinal, e de acordo com Amer et al. (2010) outras

vantagens são relacionadas como no tratamento da

depressão, ressaca e úlcera.

A fruta de acordo com Hassan et al. (2005) e

Amer et al. (2010) é classificada climatérica

(continua processo de respiração, após a colheita),

apresentando textura macia, o que incide na maior

vulnerabilidade durante as etapas de conservação,

transporte e comercialização. Amer et al (2010)

Art

igo

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fico

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Ciência e Tecnologia de Alimentos

42 | P á g i n a JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.41-45, 2014

infere que o alto teor de umidade da fruta é um dos

principais fatores que afetam a qualidade da banana,

implicando em perdas qualitativas e quantitativas

durante o seu armazenamento pela perda de

umidade, carboidratos, vitaminas, distúrbios

fisiológicos e o aparecimento de pragas e doenças.

O método da desidratação é utilizado para

reduzir a deterioração dos produtos devido à

remoção parcial da água. Conforme Smitabhidu et

al. (2008) esses problemas da secagem das bananas

podem ser resolvidos por meio do uso da tecnologia

de secagem solar, devido ao fato de que as áreas de

produção de banana são geralmente situadas em

regiões tropicais com abundante radiação solar.

O método de secagem natural de produtos

agrícolas vem sendo utilizado na maioria dos países

em desenvolvimento e consiste na exposição de um

produto a radiação solar direta e ao vento

convectivo natural, oferecendo assim um método

barato (Esper & Muhlbauer 1998), ecologicamente

correto e economicamente viável (EKECHUKWU

& NORTON, 1999).

A banana seca é um alimento popular em

muitos países, sendo que as perdas pós-colheita

podem ser minimizadas através do processo de

desidratação (HASSAN et al. 2005).

A desidratação osmótica contribui para

inibição do escurecimento enzimático e retenção da

cor natural da fruta sem a utilização de sulfitos

(None et al. 2002). Esse método consiste na imersão

do alimento sólido, inteiro ou em pedaços, em

soluções aquosas concentradas de açúcares ou sais

(ANDRADE et al. 2003; SOUZA NETO et al.

2005), diminuindo, assim, a atividade de água e

aumentando a sua estabilidade (SOUSA et al. 2003).

A transferência da tecnologia de secagem

solar é muito fácil e com capital inicial muito baixo

sendo aplicável em comunidades carentes que não

dispõe de energia elétrica, distantes dos grandes

centros e com recursos de materiais escassos, como

fonte alternativa para a conservação e a

comercialização desses produtos, assim o objetivo

desse trabalho foi o de avaliar o processo de

secagem natural de bananas por meio da

caracterização físico-química do produto com e sem

pré-tratamento osmótico.

MATERIAIS E MÉTODOS

O experimento foi realizado no Instituto

Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do

Tocantins – IFTO, Campus Paraíso do Tocantins.

Foram utilizadas bananas (Musa, ssp. nannica)

adquiridas em um supermercado local, sendo que as

mesmas apresentavam-se com tamanhos uniformes,

totalmente amarelas – classificada grau 6 de

maturação de acordo com escala de Maturação de

Von Loesecke (CEAGESP, 2006). Os frutos foram

acondicionados em caixas plásticas de modo a evitar

injúrias durante o transporte, em seguida foram

encaminhadas para o laboratório de análises de

alimentos do IFTO.

Os frutos foram sanitizados por imersão em

água clorada (2,5 mL de NaClO 2% Cl2 / Litro de

solução) por aproximadamente 10 minutos,

enxaguados e descascados manualmente,

selecionados de acordo com a sua aparência,

descartando aqueles que apresentaram alguma

injúria. Em seguida foram cortados em rodelas com

aproximadamente 2 cm de espessura e divididas em

dois tratamentos:

F1 – Bananas pré-tratadas em solução aquosa

de sacarose a 10%; e

F2 – Controle - bananas sem o tratamento

osmótico.

Para a preparação da solução aquosa de

sacarose o açúcar foi adicionado à água sob agitação

manual até atingir a quantidade de sólidos solúveis

desejados de 10% em massa de sacarose por litro de

solução, em seguida as bananas foram imersas

totalmente nessa solução por aproximadamente 2

horas, para posterior secagem.

Para o procedimento de desidratação das

bananas foi construído um secador solar a partir de

caixas de papelão visando à redução de custos. A

caracterização físico-química das amostras

submetidas ao processo de secagem consistiu nas

determinações sólidos solúveis totais (SS), de acidez

total titulável (AT), ratio e potencial hidrogeniônico

(pH), de acordo com as normas do Instituto Adolfo

Lutz (IAL, 2005).

O delineamento experimental utilizado foi

inteiramente casualizados, com dois tratamentos (F1

e F2) e com 10 repetições, os dados obtidos foram

submetidos à análise de variância (ANOVA) e teste

t-Student a 5% de significância utilizando o

programa ASSISTAT Versão 7.7 beta (SILVA &

AZEVEDO, 2002).

RESULTADOS

As bananas da variedade nanica foram

submetidas ao processo de secagem em temperatura

ambiente nos dois tratamentos, por um período de

aproximadamente 96 horas e atingiram umidade

média final em ambos os tratamentos de

aproximadamente 32%.

A análise de variância individual está

representada na Tabela 1, onde pode se observar que

houve efeito significativo p<0,01 demonstrando a

variabilidade entre os tratamentos estudados. Na

Tabela 2 está representada a comparação das médias

dos tratamentos.

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Sales, Costa & Oliveira (2014)

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JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.41-45, 2014 43 | P á g i n a

Tabela 1 Análise de Variância (ANOVA).

Fonte de Variação GL QM

SS AT Ratio pH

Tratamentos 1 742,98** 2,66** 27,92** 4,68*

Resíduos 18 0,054 0,015 0,74 0,005

CV% 1,02 3,36 4,22 1,51

Média Geral 22,88 1,14 20,41 4,66

* significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < .01)

Tabela 2 Caracterização físico-química das amostras de banana nos dois tratamentos realizados, F1 – Pré-

tratamento com 10% de sacarose e F2 – Controle.

Tratamentos SS (ºBrix) AT (% ácido málico) Ratio pH

F1 28,98a ± 0,17 0,78b ± 0,03 21,60a ± 1,06 4,18b ± 0,06

F2 16,79b ± 0,29 1,51a ± 0,04 19,23b ± 0,60 5,15 a ± 0,08

As médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem entre si, ao nível de 5% de significância pelo teste t-

Student.

Ao comparar os parâmetros analisados nos

dois tratamentos conforme a Tabela 2, foi possível

observar algumas tendências, sendo elas: O valor do

pH das amostras pré-tratadas com solução de

sacarose apresentaram-se inferiores a 4,5, essa

mesma condição foi encontrada por Sousa et al

(2003), Mota (2005) e Pontes (2009) em seus

estudos que observaram valores de pH de 4,05, 4,35

e 4,34, respectivamente, caracterizando dessa forma

os produtos como alimentos ácidos, o que contribui

para a sua conservação. Essa condição pode ser

devido ao aumento da concentração dos ácidos após

a remoção da água, no entanto as bananas que não

sofreram pré-tratamento apresentaram valores acima

de 4,5, estando de acordo com o encontrado por

(PONTES et al. 2007).

Para os teores médios de AT o tratamento F2

apresentou maior média, os teores encontrados estão

de acordo com os obtidos por Pontes et al. (2007),

Pontes (2009), sendo de 1,19% e 0,97% de ácido

málico para bananas sem e com pré-tratamento

osmótico, respectivamente. Sousa et al. (2003)

trabalhando com processo de secagem com e sem

tratamento osmótico encontrou valores de acidez em

bananas da variedade prata entre 0,81 a 1,18%,

respectivamente, valores aproximados aos

encontrados no presente estudo.

Os valores de sólidos solúveis na banana

desidratada apresentaram-se maiores no tratamento

F1 em relação ao F2, o que pode ser explicado,

devido ao ganho de sólidos no pré-tratamento

osmótico, contudo o conteúdo de SS encontrado de

28,98 ºBrix foram bem inferiores aos valores

encontrados por Sousa et al. (2003), Jesus (2005),

Mota (2005) e Pontes (2009), os quais em seus

trabalhos encontraram valores acima de 50 ºBrix, a

divergência encontrada entre os valores da pesquisa

e dos autores relacionados, pode estar relacionada à

concentração superior da solução osmótica utilizada

por esses pesquisadores, aumentando dessa forma a

pressão osmótica e a taxa de difusão.

Em trabalhos realizados por Sablani et al.

(2002), Park et al. (2002), Giraldo et al. (2003) e

Rodrigues et al. (2003) foi observado que o aumento

na concentração da solução osmótica proporcionava

uma maior perda de água e consequentemente o

aumento dos sólidos solúveis, devido à pressão

osmótica exercida pelo meio desidrante.

O ratio apresentou valores de 21,60 e 19,23

respectivamente para F1 e F2, onde de acordo com

Lira Junior et al. (2005), valores superiores a 10

estão dentro dos padrões de identidade e qualidade

para alimentos em geral, indicando um sabor

agradável ao produto.

A desidratação em temperatura ambiente

(secagem natural) demonstrou grande potencial,

inicialmente por agregar valor comercial às frutas

devido à redução dos custos operacionais, bem

como a manutenção da qualidade e conservação dos

produtos.

As bananas pré-tratadas com a desidratação

osmótica apresentaram maior concentração de

sólidos e consequentemente maior ratio, devido a

translocação de açúcar da solução osmótica.

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Ciência e Tecnologia de Alimentos

44 | P á g i n a JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.41-45, 2014

CONCLUSÃO

A partir das análises realizadas os produtos

submetidos à secagem natural apresentaram padrões

de identidade e qualidade de acordo com a

literatura.

Drying of natural banana nanica with and without pretreatment osmotic.

Abstract - The present work aimed to characterize the parameters of Soluble Solids (SS), Titratable

Acidity (TA), pH and the ratio in dehydrated bananas for natural drying with two treatments: F1 -

Bananas pretreated in osmotic solution 10% sucrose and F2 - Control. The data were submitted a

completely randomized experimental design with two treatments (F1 and F2) and 10 repetitions.

Bananas remained exposed to drying for a period of approximately 96 hours to achieve the final

average humidity in both treatments of 32%. In the analysis of the results was found significant

differences between the two treatments for all variables analyzed, being values of SS (28.98) and

ratio (21.60) with highest average for F1 and the pH values (5.15) and AT (1.51%) with highest

average for F2. Concludes that drying at room temperature proves to be a viable alternative for

keeping quality of the fruit, as well as to ease their insertion in low-income communities by being a

cheap and simple method.

Keywords: Musa spp; drying; osmotic dehydration.

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J. Bioen. Food Sci, 01 (2): 46-56, 2014

Journal homepage: http://periodicos.ifap.edu.br/index.php/JBFS

ISSN 2359-2710

46 | P á g i n a JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.46-56, 2014

Caracterização física e físico-química de pitayas vermelhas

(Hylocereus costaricensis) produzidas em três municípios paraenses.

S. T. A. Sato1, S. C. A. Ribeiro2, M. K. Sato3 e J. N. S. de Souza4*

1 Universidade Federal do Pará, Faculdade de Nutrição. Rua Augusto Corrêa, Campus IV da UFPA, Cidade

Universitária Prof. José da Silveira Netto/Guamá, com acesso pela Av. Perimetral, CEP: 66075-110 - Belém, PA –

Brasil. e-mail [email protected]

2 Universidade do Estado do Pará, Departamento de Tecnologia de Alimentos - DETA. Travessa Enéas Pinheiro, Nº

2626, Marco, CEP: 66000-000 – Belém, PA - Brasil. e-mail: [email protected]

3 Universidade Federal Rural da Amazônia, Programa de Pós - Graduação em Agronomia. Avenida Presidente Tancredo

Neves, Nº 2501, Bairro: Terra Firme, Cep: 66.077-530, Caixa Postal: 917, Belém, Pará – Brasil. e-mail:

[email protected]

4 Universidade Federal do Pará, Faculdade de Engenharia de Alimentos. Cidade Universitária Prof. José da Silveira

Netto/Guamá, Belém, PA – Brasil.

INF. ARTIGO RESUMO

Recebido: 20 Set 2014

Aprovado em: 21 Set 2014

Publicado em: 03 Out 2014

A pitaya é uma cactácea que produzem fruto exótico, que se apresenta

como opção potencial para diversificação da fruticultura nacional. Assim

este trabalho teve por objetivo avaliar as características físicas e físico-

químicas de pitayas vermelhas produzidas nos municípios paraenses:

Castanhal, Tomé-Açu e Santa Izabel do Pará. As características físicas dos

frutos foram avaliadas quanto ao peso do fruto, de casca, da polpa e

sementes, medida do diâmetro transversal, longitudinal, espessura da casca,

rendimento e cor da polpa. Quanto às análises físico-químicas das polpas,

foram determinadas as porcentagens de umidade, sólidos solúveis totais,

sólidos totais, cinzas, acidez total titulável, pH, lipídios, proteínas, fibras,

carboidratos e valor energético total. A menor média de peso encontrada foi

de 351,25g para frutos provenientes de Santa Izabel do Pará e todos os

frutos tiveram rendimento em polpa de mais de 70%. Todas as amostras

apresentaram tendência ao vermelho com variações na tonalidade dessa

coloração, sendo que as amostras de Castanhal e Tomé-Açu foram as que

apresentaram maior diferença de cor. A caracterização físico-química

mostrou que as polpas de pitayas vermelhas possuem elevado teor de água,

sólidos solúveis, fibras insolúveis, carboidratos, baixa acidez, baixo

conteúdo de proteínas, de lipídeos, cinzas e baixo valor calórico, variando

de 50,14 a 52,21 Kcal/100g.Os frutos de pitaya apresentam atributos

físicos, sensoriais e nutricionais interessantes, viáveis à implementação em

uma alimentação saudável e possível inserção em outros alimentos.

Termos de indexação:

Fruta exótica

Amazônia

Composição nutricional

Hylocereus costaricensis

*Autor para correspondência

[email protected]

© 2014 JBFS all rights. This is an open access article distributed under the Creative Commons Attribution License,

which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly

cited.

Como referenciar esse documento (ABNT):

SATO, S. T. A.; RIBEIRO, S. C. A; SATO, M. K.; SOUZA, J. N. S. Caracterização física e físico-química de pitayas

vermelhas (Hylocereus costaricensis). Journal of Bioenergy and Food Science, Macapá, v.1, n. 2, p.46-56, jul. / set.

2014.

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Ciência e Tecnologia de Alimentos

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JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.46-56, 2014 47 | P á g i n a

INTRODUÇÃO

A pitaya é uma planta originária da América e

se encontra distribuída nos países da Costa Rica,

Venezuela, Panamá, Uruguai, Brasil, Colômbia e

México. É uma planta perene, trepadeira, que

comumente cresce sobre árvores ou pedras; têm

raízes fibrosas, abundantes e desenvolve numerosas

raízes adventícias que ajudam na fixação e obtenção

de nutrientes; os talos (caules) são triangulares,

suculentos e apresentam espinhos com 2 a 4 mm de

largura, e quando plantados, com o tempo se

convertem em raízes. A flor é tubular, hermafrodita,

de coloração branca, grande (mede cerca de 20 a 30

cm de largura) e se abre durante a noite (CANTO et

al., 1993; MIZRAHI et al., 1997). Segundo ZEE et

al. (2004) o nome “pitaya” é empregado tanto para a

planta como para o fruto.

Os frutos de pitaya possuem formato globoso

ou subgloboso, medem de 10 a 20 cm de diâmetro,

são de coloração vermelha ou amarela, cobertos

com brácteas (escamas) e a polpa é doce e

abundante (CANTO et al., 1993); as sementes são

ovaladas, negras, medem de 2-3 mm de largura,

apresentam-se distribuídas em toda a polpa, em

grande quantidade e com elevada capacidade de

germinação (HERNÁNDEZ,2000).

Há grande variabilidade entre as espécies de

pitaya em relação ao tamanho e coloração dos

frutos, dentre as quais podem ser citadas Hylocereus

undatus (pitaya vermelha de polpa branca),

Hylocereus costaricensis (pitaya vermelha de polpa

vermelha), Selenicereus megalanthus(pitaya

amarela de polpa branca), também conhecida como

“pitaya colombiana” e Selenicereus setaceus

também chamada “pitaya do cerrado” (a casca é

vermelha e a polpa esbranquiçada), semelhante à

espécie Hylocereus undatus, porém o fruto é de

tamanho menor e apresenta espinhos

(HERNÁNDEZ,2000; JUNQUEIRA et al., 2010).

A pitaya possui alto potencial agronômico e

econômico, sendo considerada uma opção para o

cultivo em solos pedregosos, arenosos e maciços

rochosos, em função de sua pouca exigência

nutricional, tendo como característica também, a

resistência à baixa disponibilidade hídrica, manejo

simples e de baixo custo (JUNQUEIRA et al., 2002;

JUNQUEIRA et al., 2010).

Na região Sudeste do Brasil, a produção dos

frutos ocorre durante os meses de dezembro a maio.

Até 2006 a produtividade média anual foi de 14

toneladas de fruto/ha (BASTOS et al., 2006).

Segundo Silva et al. (2011), com base em dados

fornecidos pela Companhia de Entrepostos e

Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP), no ano

de 2009, foram comercializadas 115 toneladas de

frutos, enquanto que em 2010, até novembro, a

quantidade comercializada já passava de 138

toneladas.

No Estado do Pará(Brasil), a pitaya vem

sendo cultivada em vários municípios, incluindo

Tomé-Açu, Castanhal, Santo Antônio do Tauá e

Santa Izabel do Pará. A principal espécie é a pitaya

vermelha de polpa vermelha (Hylocereus

costaricensis). Nessa região, a pitaya produz durante

todo o ano, no entanto de forma geral, existem dois

períodos principais de safra; um com início de

floração em junho e colheita em julho e agosto, e o

outro com início de floração em dezembro, com

colheita em janeiro e fevereiro. Os frutos geralmente

são comercializados em feiras-livres, devido ainda a

pouca expressividade da produção, quando

comparada com outras regiões. De acordo com os

dados da Central de Abastecimento do Pará S/A

(CEASA/PA), no ano de 2011 foram

comercializados 13.194 Kg de pitayas com

procedência apenas do município de Tomé-Açu.

O mercado da pitaya vem crescendo, e isso se

deve a maior procura por frutas exóticas por parte

dos consumidores, à busca dos fruticultores por

alternativas de plantio e cultivo (BASTOS et al.,

2006), associado aos altos preços alcançados pela

fruta no mercado. De acordo com os dados

fornecidos pela CEASA/PA, os preços de

comercialização da pitaya no primeiro semestre de

2014, variaram de R$6,00 a R$8,00 o quilo.

Quanto aos aspectos nutricionais, várias

pesquisas atestaram os benefícios à saúde

promovidos pela pitaya. Estudos demonstram que a

pitaya vermelha (Hylocereus costaricensis)

apresenta capacidade de agir na prevenção do

câncer, propriedade antinflamatória, antidiabética e

de redução do risco de mortalidade cardiovascular.

Seus benefícios estão relacionados ao conteúdo de

compostos fenólicos e principalmente de betalaínas,

que além de apresentar potencial como fonte de

pigmentos naturais para alimentos, mostra-se com

expressiva capacidade antioxidante. Além disso, os

frutos dessa cactácea são fontes de ácido ascórbico

(vitamina C), licopeno, algumas vitaminas do

complexo B, tais como a tiamina (B1), riboflavina

(B2), niacina e B3, contendo também quantidade

importante de cálcio, carotenoides, zinco, fósforo,

potássio e magnésio (LIM & KHOO, 1999;

KANNER et al., 2001; STINTZINGet al., 2004;

VAILLANT et al., 2005; HERBACH et al., 2006;

WU et al., 2006)

O conteúdo de oligossacarídeos de diferentes

pesos moleculares encontrados tanto na polpa de

pitaya branca, quanto na vermelha apresentam

propriedades prebióticas (WICHIENCHOT et al.,

2010). As sementes de pitaya contêm um óleo com

Page 52: Volume 1 (2014) completo

Sato et al. (2014)

48 | P á g i n a JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.46-56, 2014

função laxativa suave, e que contribuem para

redução dos níveis de LDL-colesterol (Lipoproteína

de Baixa Densidade) em humanos, por inibição da

absorção do colesterol no intestino. O óleo das

sementes é rico em ácido linoléico, em quantidade

superior à encontrada em linhaça e canola, podendo

ser utilizado como uma nova fonte de óleo essencial

(CRANE & BALERNI, 2005; LIM et al., 2010;

ARIFFIN et al., 2009).

Embora os frutos de pitaya apresentem-se em

expansão no mercado de frutas exóticas, com

qualidade nutricional e sensorial, no Brasil a maioria

dos estudos estão relacionados aos aspectos

agronômicos, encontrando até mesmo estudos

econômicos para a cultura; porém a caracterização

dos frutos em termos biométricos, físicos e físico-

químicos ainda é incipiente. Chistéet al. (2009)

ressaltam que o conhecimento dos constituintes

físico-químicos dos alimentos é de suma

importância para a avaliação do potencial da

matéria-prima a ser utilizada no preparo de

alimentos, bem como para o conhecimento do seu

valor nutricional. No entanto, apesar da

caracterização biométrica se constituir como uma

importante ferramenta para a classificação de frutos,

bem como para o dimensionamento de

equipamentos para as principais operações na sua

industrialização, Abudet al. (2010) confirmam que

aspectos relacionados à caracterização morfológica

de frutos, sementes e plântulas, em cactáceas,

particularmente de espécies nativas brasileiras, são

escassos. Além disso, Carvalho et al. (2003) ainda

relatam que a biometria dos frutos fornece

informações tanto para a conservação e exploração

dos recursos de valor econômico, permitindo um

incremento contínuo da busca racional e uso eficaz

dos frutos, quanto para auxiliar a diferenciação de

espécies do mesmo gênero.

Diante disso, o objetivo do trabalho foi

avaliar e comparar as características físicas e físico-

químicas de pitayas vermelhas (Hylocereus

costaricensis) produzidas nos municípios de

Castanhal, Tomé-Açu e Santa Izabel do Pará,

localizados no Estado do Pará, Brasil.

MATERIAIS E MÉTODOS

Os frutos de pitaya foram adquiridos de

produtores localizados nos municípios de Castanhal

(CA) Tomé-Açu (TA) e Santa Izabel do Pará (SI),

no estádio maduro, no período de abril a maio de

2012.

Os frutos foram embalados em sacos de

polietileno e colocados em caixas de papelão como

embalagens secundárias, devidamente identificadas

com o nome de cada proveniência, quantidade de

frutos e data de coleta. As amostras foram

transportadas até o laboratório de análise de

alimentos da Universidade do Estado do Pará –

Belém – PA.

Inicialmente, os frutos foram lavados em água

corrente e em seguida submetidos à sanitização por

imersão em solução aquosa de hipoclorito de sódio

na concentração de 100 mg L-1, durante 20 minutos

(Figura 1) e em seguida secos à temperatura

ambiente.

Figura 1. Frutos de pitayas sendo submetidas à

sanitização.

Avaliação biométrica

Para a caracterização biométrica,oito frutos

de pitaya de cada proveniência foram selecionados

aleatoriamente. Foram realizadas medições dos

diâmetros transversais e longitudinais, com o auxílio

de um paquímetro da marca VONDER. Os frutos

foram partidos com o auxílio de uma faca de aço

inoxidável, no sentido do eixo transversal (Figura

2), separando as polpas manualmente das cascas,

com auxílio de colher de aço inoxidável. As

pesagens foram realizadas em balança analítica da

marca QUIMIS, sendo os resultados expressos com

precisão de duas casas decimais.

Figura 2. Fruto de pitaya partido no eixo transversal

Page 53: Volume 1 (2014) completo

Ciência e Tecnologia de Alimentos

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JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.46-56, 2014 49 | P á g i n a

Análise colorimétrica

A análise colorimétrica da polpa de pitaya

previamente calibrado, de acordo com as instruções

do fabricante, aplicado o sistema CIELAB, obtendo-

se os valores de L*, a* e b*. OL* representa a

luminosidade, a* define a transição da cor verde (-

a*) para o vermelho (+a*) e b* representa a

transição da cor azul (-b*) para a cor amarela (+b*).

As medidas foram realizadas em triplicatas

utilizando um colorímetro Minolta CE (CR- 310),

A diferença total de cor (ΔE*), foi calculada

de acordo com a Equação 1.

∆E∗ = [(∆L∗)2 + (∆a∗)2 + (∆b∗)2]1/2 Eq. (1)

Para verificar a direção da diferença de cor

entre as polpas foram calculados os seus croma e

ângulos hue (matiz). O croma (C*) mostra a

saturação da cor (intensidade) que pode ser utilizada

na distinção entre uma cor fraca e uma cor forte. O

valor do croma é zero no centro do eixo de cores e

aumenta conforme se distância do centro

(HEIMDAL et al., 1995). O valor do croma foi

calculado de acordo com a Equação 2.

𝐶∗ = [(𝑎∗)2 + (𝑏∗)2]1

2⁄ Eq.(2)

O ângulo hue representa a tonalidade de cor

da amostra. O matiz (h) é expresso em graus e

inicia-se no eixo de (a*). O h vale zero em (+a*),

90º em (+b*), 180º em (-a*) e 270º em (-b*)

(Heimdalet al., 1995). O matiz foi obtido de acordo

com a Equação 3.

ℎ = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 (𝑏∗

𝑎∗) Eq. (3)

Caracterização Físico-Química

As polpas das pitayas contendo as sementes

foram trituradas em liquidificador doméstico, para

melhor homogeneização, antes da caracterização

físico-química.

a) Potencial hidrogeniônico (pH)

Segundo método nº 981.12 da AOAC (1997),

com uso de potenciômetro previamente calibrado

com soluções tampão pH 4 e 7.

b) Sólidos solúveis (ºBrix)

Obtido por leitura direta em refratômetro

portátil de acordo com o método nº 932.12 da

AOAC (1997).

c) Acidez titulável (AT)

Segundo normas analíticas do Instituto

Adolfo Lutz (1985) determinada através de titulação

por volumetria potenciométrica;

d) Umidade e sólidos totais

De acordo com o método no 920.151 da

AOAC (1997);

e) Proteína bruta

Pelo método de micro Kjeldahl no 950.48 da

AOAC (1997), que se baseia na determinação da

quantidade de nitrogênio total existente na amostra.

O teor de proteína bruta foi calculado através da

multiplicação do nitrogênio total pelo fator 5,46

(%N x 5,46), segundo a Resolução RDC n° 360, de

23 de dezembro de 2003 (BRASIL, 2003);

f) Lipídios totais

Conforme o método no 948.22 da AOAC

(1997), que consiste de extração em equipamento

tipo Soxhlet usando como solvente éter de petróleo;

g) Fibras

Pelo método de detergência, segundo

(GOERING & VANSOEST,1970).

h) Conteúdo de cinzas

Determinado por incineração da amostra em

forno mufla a 550 °C, de acordo com método

930.05 da AOAC (1997).

i) Carboidratos totais

Calculados por diferença (100 g - gramas

totais de umidade, proteínas, lipídios e cinzas),

segundo a Resolução RDC n° 360, de 23 de

dezembro de 2003 (BRASIL, 2003). Cálculo do

valor energético: foi obtido aplicando-se os fatores 4

- 9 - 4 kcal/g para os valores de proteínas, lipídios e

carboidratos totais, respectivamente, segundo a

Resolução RDC n° 360, de 23 de dezembro de 2003

(Brasil, 2003).

Análises estatísticas

Os resultados obtidos durante o estudo da

caracterização física e físico-química dos frutos de

pitaya (média ± desvio padrão) foram avaliados com

o auxílio do programa SAS® versão 9.1,

empregando as metodologias de Análise de

variância (ANOVA) a 5% de significância

Page 54: Volume 1 (2014) completo

Sato et al. (2014)

50 | P á g i n a JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.46-56, 2014

estatística, segundo o teste F, sendo as médias

comparadas através do teste de Tukey (p<0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados da caracterização biométrica

dos frutos de pitaya são apresentados na Tabela 1.

Com relação ao peso total dos frutos, não houve

diferença significativa entre as pitayas provenientes

dos três municípios. A média de peso total

encontrada, aproximaram-se da média de peso de

mangas ‘tommyatkins’ (449,62 g) avaliadas por

Xavier et al. (2009).

Quando se avaliou o peso da polpa com

sementes, apenas os frutos produzidos nos

municípios de TA e SI diferenciaram-se entre si.

O peso das cascas dos frutos de TA e SI

foram iguais; no entanto os frutos do município de

CA apresentaram menor percentual de casca, com

redução de 24,84% em relação aos demais,

diferindo-se significativamente.

Com relação ao diâmetro transversal, os

frutos de TA apresentaram média com maior valor,

não apresentando diferença estatística quando

comparado com os frutos de CA; no entanto

diferindo-se dos frutos provenientes de SI, que

apresentaram menor média para esta variável. Para o

diâmetro longitudinal, os valores encontrados

referentes aos frutos dos três municípios foram

iguais. Comparativamente, as amostras de pitayas

quanto às médias dos diâmetros longitudinal e

transversal, assemelharam-se a tangerinas ‘pokan’

avaliadas por Detoni et al. (2009), onde encontraram

para o diâmetro longitudinal 71,09 mm e diâmetro

transversal 73,65 mm. Dessa forma, identificando as

pitayas como um fruto globuloso e moderadamente

achatado.

Segundo Carvalho et al. (2003) que

estudaram as características de um tipo de bacuri

com rendimento porcentual de polpa superior ao da

maioria dos tipos ocorrentes, ressaltaram que a

análise do rendimento de polpas dos frutos indica

valor tanto para o consumo de fruta fresca, como

para utilização agroindustrial. Ao verificar o

rendimento das polpas de pitayas vermelhas, todas

as amostras tiveram rendimento superior a 70%,

constituindo uma característica importante para

seleção desses frutos na indústria de processamento.

A diferença foi significativa entre as três

proveniências, constatando que as pitayas do

município de CA foram as que apresentam maior

média de rendimento em polpa. Isso está

relacionado aos menores valores, de média para

casca e espessura da casca, encontrados também

para os frutos dessa procedência.

Tabela 1. Características biométricas de pitayas vermelhas (Hylocereus costaricensis) provenientes dos

municípios de Castanhal (CA), Tomé-Açu (TA) e Santa Izabel do Pará (SI), no Estado do Pará, Brasil

Características biométricas

Proveniências

CA TA SI

Peso total do fruto (g) 388,75±84,25 a 430±50,85 a 351,25±57,55 a

Peso da polpa + sementes (g) 315,00±73,97 ab 330,00±44,80 a 248,75±41,44 b

Peso da casca (g) 75,62±12,37 a 100,62±11,16 b 100,62±24,70 b

Diâmetro transversal (mm) 86,00±6,46 ab 89,70±4,61 a 82,17±4,89 b

Diâmetro longitudinal (mm) 91,12±11,21 a 93,61±4,37 a 91,63±9,43 a

Espessura da casca (mm) 1,86±0,31 a 2,88±0,54 b 3,04±0,48 b

Rendimento em polpa (%) 80,69±2,81 a 76,60±2,25 b 70,86±2,37 c

Médias com letras iguais, em uma mesma linha, não diferem significativamente entre si pelo Teste de Tukey, a 5% de

probabilidade. Dados representam a média de oito medições ± desvio-padrão.

No estudo de Moreira et al. (2011) foi

verificado que entre espécies de Hylocereus

undatus, mesmo utilizando diferentes tipos de

adubações, os frutos não apresentaram variação

significativa quanto a sua massa, percentual de

polpa, diâmetro transversal e longitudinal,

identificando para o peso dos frutos, uma média de

240,67g. Takata (2012) encontrou para a mesma

espécie, peso dos frutos entre 430 e 435g, valores

estes superiores aos encontrados no presente estudo;

para comprimento médio de frutos, encontrou

valores aproximados (89 e 90 mm) e para diâmetro

médio de frutos, valores inferiores (média de 77

mm). As variações encontradas para as amostras de

pitayas podem ser influenciadas por diversos

fatores, como genéticos, fisiológicos, e

principalmente localização, que implica em

condições climáticas e nutricionais diferentes, pois

Almeida et al. (2009) ao caracterizar fisicamente os

frutos do mandacaru, da família das cactáceas,

Page 55: Volume 1 (2014) completo

Ciência e Tecnologia de Alimentos

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JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.46-56, 2014 51 | P á g i n a

provenientes de dois municípios diferentes no

Estado da Paraíba/Brasil, observaram que os

diâmetros (maior, intermediário e menor), os pesos

(fruto, polpa, casca e semente) e os percentuais de

casca, polpa e semente variaram de acordo com o

município de origem. Relatando que essas variações

que ocorreram, foram principalmente pelas

condições climáticas diferentes nos dois locais de

cultivo.

Na Tabela 2 estão dispostos os parâmetros de

cor, croma e ângulo de tonalidade das polpas de

pitayas.De acordo com os resultados, as polpas de

todas as amostras dos três municípios pesquisados,

apresentaram tendência para as cores vermelha e

amarela, com base nos parâmetros a* e b*, onde

apresentaram valores positivos. Stintzinget al.

(2004) citam em seu trabalho que em cactos, os

pigmentos de fruta mais importantes são os

betacianinas (vermelho-violeta) e as betaxantinas

(amarelo) que pertencem aos pigmentos das

betalaínas, o que confirma a tendência de cores

encontrada através dos valores obtidos para os

parâmetros a* e b* neste trabalho.

Em relação aos parâmetros de luminosidade

(L*) pode-se observar que apenas as polpas

provenientes de CA e TA foram diferentes

significativamente, sendo que as polpas dos frutos

de CA e SI expressaram-se como a polpa de

coloração mais escura, de acordo com o valor da

média obtida desse parâmetro para a proveniência.

Tabela 2. Comparação das variações de cor de pitayas vermelhas provenientes dos municípios de Castanhal

(CA), Tomé-Açu (TA) e Santa Izabel do Pará (SI), no Estado do Pará, Brasil.

Parâmetros

Proveniências

CA TA SI

Luminosidade (L*) 25,61 ± 0,55 a 29,95 ± 0,03 b 27,94 ± 1,77 ab

Intensidade de (+a*) 7,60 ± 0,18 a 11,18 ± 0,12 b 15,72 ± 1,68 c

Intensidade de (+b*) 1,17 ± 0,05 a 2,08 ± 0,06 b 1,44 ± 0,16 c

Croma (C*) 7,69 ± 0,18 a 11,36 ± 0,12 b 15,79 ± 1,66 c

Matiz (h°) 8,74° ± 0,37 a 10,55° ± 0,27 b 5,30° ± 1,10 c

Médias com letras iguais, em uma mesma linha, não diferem significativamente entre si pelo Teste de Tukey, a 5%

deprobabilidade. Dados representam a média de três medições ± desvio-padrão.

Como o croma é dependente de a* e b* na

mesma intensidade, verificou-se que tanto para as

amostras provenientes CA, quanto de TA e SI, os

resultados sofreram maior influência da cor

vermelha, entretanto, todas as amostras foram

diferentes. Dessa forma, com base nos valores de

Croma obtidos, pode-se identificar que as polpas de

pitaya provenientes do município de SI apresentam

com maior saturação da cor, enquanto que nas

polpas de CA detectou-se saturação de cor menos

intensa, dentre as amostras analisadas.

De acordo com o sistema CIELAB, a matiz

(h) varia de 0º a 90º. Quanto maior o ângulo da

matiz obtido, mais amarelo é o material, e quanto

menor o ângulo obtido, mais vermelho é o material.

A partir das análises colorimétricas nas polpas das

pitayas, os ângulos do matiz (h) obtidos variaram de

5,30º a 10,55º; portanto, pode-se confirmar que

todas as amostras de polpa de pitayas apresentaram

coloração tendendo à coloração vermelha. Apesar

da diferença significativa na tonalidade dessa cor

para as três amostras analisadas, a amostra

proveniente de SI apresentou tonalidade mais

próxima ao vermelho puro, por apresentar valor para

matiz mais próximo de 0º.Essa tendência da cor

vermelha encontrada para as polpas de pitayas pode

ser considerada um interessante atrativo para o seu

uso como ingrediente em outros alimentos. A polpa

de pitaya pode contribuir para melhorar as

qualidades sensoriais de vários produtos

alimentícios, pois Donadio (2009) afirma que a

pitaya além de poder ser consumida em sucos,

sorvete ou mousse, também podem ser usadas como

corante de doces.

A diferença total de cor entre as amostras dos

diferentes municípios pode ser visualizada na

Tabela 3, sendo que a maior diferença de cor foi

encontrada entre as amostras de polpa de pitaya

provenientes de CA e TA, e a menor diferença foi

observada entre as amostras de TA e SI. Essas

diferenças encontradas podem estar relacionadas a

vários fatores, pois de acordo com Stintzinget al.

(2004) a cor e a estabilidade de pigmentos de

plantas dependem de fatores como a estrutura e a

concentração do pigmento, o pH, a temperatura, a

intensidade luminosa, a presença de íons metálicos,

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Sato et al. (2014)

52 | P á g i n a JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.46-56, 2014

enzimas, de oxigênio e de ácido ascórbico, açúcares

e seus produtos de degradação, entre outros.

Tabela 3. Comparação da diferença de cor entre as

amostras provenientes dos municípios de Castanhal

(CA) e Tomé-Açu (TA), Tomé-Açu (TA) e Santa

Izabel do Pará (SI) e Castanhal (CA) e Santa Izabel

do Pará (SI), no Estado do Pará, Brasil.

Comparação das amostras ∆E

CA e TA 23,43 ± 0,55

TA e SI 11,19 ± 0,18

CA e SI 14,73 ± 0,05

Dados representam a média de três medições ±

desvio-padrão.

Conforme os resultados das análises físico-

químicas dispostos na Tabela 4, verifica-se que os

valores médios de pH encontrados para cada

proveniência, diferenciaram-se significativamente

entre si. No entanto, esses valores aproximam-se

dos encontrados por Lima et al. (2010) para a

mesma espécie (pH4,85). Stintzing et al. (2004)

quando analisaram pitayas vermelhas da espécie

Hylocereuspolyrhizus, encontraram valor de pH de

4,4 e para a espécie Hylocereus undatus, pH 4,6.

Takata (2012) para Hylocereus undatus encontrou

valores de pH próximos a 4,3. Dessa forma, as

pitayas são frutos com tendência à baixa acidez, o

que requer a administração de cuidados pós-colheita

especiais, tendo em vista que os alimentos desta

natureza (pH >4,5) são sujeitos a multiplicação

microbiana, tanto de espécies patogênicas quanto de

espécies deteriorantes, enquanto que nos alimentos

ácidos (pH entre 4,0 e 4,5), há predominância de

crescimento de leveduras, bolores, e de algumas

poucas espécies de bactérias, principalmente

bactérias láticas e algumas espécies de Bacillus

(FRANCO & LANDGRAF, 2008).

Tabela 4 - Caracterização físico-química das polpas de pitayas vermelhas provenientes dos municípios de

Castanhal (CA), Tomé-Açu (TA) e Santa Izabel do Pará (SI), no Estado do Pará, Brasil.

Determinação Proveniências

CA TA SI pH 4,75 ± 0,04 a 4,25 ± 0,03 b 4,02 ± 0,02 c

Sólidos solúveis (°Brix) 10,13 ± 0,32 a 10,90 ± 0,10 b 12,17 ± 0,29 c

Acidez titulável (% ác. Cítrico) 0,14 ± 0,03 a 0,18 ± 0,01 ab 0,20 ± 0,02 b

Umidade (%) 87,03 ± 0,05 a 86,99 ± 0,06 ab 86,62 ± 0,25 b

Sólidos Totais (%) 12,96 ± 0,05 a 13,00 ± 0,06 ab 13,37 ± 0,25 b

Cinzas (%) 0,69 ± 0,01 a 0,65 ± 0,02 ab 0,54 ± 0,08 b

Fibras (%) 1,84 ± 0,09 a 2,00 ± 0,12 a 1,92 ± 0,49 a

Proteínas (%) 1,12 ± 0,01 a 0,92 ± 0,01 b 0,88 ± 0,01 c

Lipídios (%) 0,21 ± 0,01 a 0,20 ± 0,01 a 0,18 ± 0,02 a

Carboidratos (%) 10,93 ± 0,04 a 11,22 ± 0,09 b 11,75 ± 0,17 c

Valor Energético Total (Kcal/100g) 50,14 ± 0,13 a 50,43 ± 0,42 a 52,21 ± 0,76 b

Médias com letras iguais, em uma mesma linha, não diferem significativamente entre si pelo Teste de Tukey, a 5% de

Probabilidade. Determinações calculadas em triplicata. Carboidratos totais obtidos por diferença.

O teor de sólidos solúveis presentes nas

polpas de pitayas de todas as proveniências foram

diferentes entre si. No entanto, todos os valores

encontrados para esta variável estão de acordo com

os estudos de Vaillant et al.(2005), que afirmaram

que os sólidos solúveis em polpas de pitayas variam

de 7 a 11°Brix. Chitarra & Chitarra (2005)

reportaram que as frutas no geral, quando maduras

apresentam valores médios de sólidos solúveis

entre 8 e 14%. Importante destacar que teores

elevados de sólidos solúveis demonstram boas

vantagens para o setor agroindustrial, já que nessas

condições, a indústria de suco e polpa reduz de

forma considerável o custo do processamento

desses produtos, por dispensar ou reduzir a

incorporação de açúcar. Por outro lado, de acordo

com Bruniniet al. (2004), baixos teores de sólidos

solúveis requerem um potencial maior de

conservação pós-colheita, uma vez que o excesso

de açúcares pode estar associado a uma rápida

deterioração.

Os valores encontrados para acidez titulável

no presente estudo variaram de 0,14 a 0,20 em %

de ácido cítrico e são superiores ao encontrado por

Lima et al. 2010 (0,13 em % ácido cítrico) para a

mesma espécie de pitaya. Dentre as amostras,

apenas as procedentes de CA e SI diferenciaram-se

significativamente (p≤0,05). Essa diferença pode

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Ciência e Tecnologia de Alimentos

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JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.46-56, 2014 53 | P á g i n a

estar relacionada ao metabolismo contínuo,

posterior à colheita das frutas e durante o

armazenamento, em consequência do avanço da

maturação (VENTURA et al., 1992).

Em todas as amostras de polpas de pitaya foi

constatado elevado teor de água, onde se obteve

valores de 87,03% (CA), 86,99% (TA) e 86,62%

(SI) e, portanto valores de sólidos totais de 12,96%,

13,00% e 13,37% respectivamente, sendo

encontrada diferença significativa para os dois

parâmetros, entre os frutos de CA e SI. Em

trabalhos com pitayas do gênero Hylocereus,

realizado por Canto et al. (1993) encontraram

89,4% de umidade, e Oliveira et al. (2010)

encontraram 85,52% de umidade.

Os teores de cinzas das amostras variaram de

0,54 a 0,69%, sendo encontrada diferença

significativa entre os frutos provenientes de SI e

CA. Tais valores são superiores aos encontrados em

frutos da espécie Hylocereuspolyrhizus analisados

por Oliveira et al. (2010), onde quantificaram

0,36% de cinzas.

Segundo Pimentel et al. (2005), a ingestão de

fibras com finalidades terapêuticas tem sido

bastante explorada em função dos seus benefícios

sobre o aparelho digestivo, dentre os quais estão,

ação sobre redução da absorção da glicose, combate

a doenças cardiovasculares, obesidade e doenças do

cólon. Desta forma, é atribuído aos alimentos ricos

em fibras um lugar de destaque. As amostras de

pitayas foram consideradas fontes naturais de fibras

insolúveis, pois os valores encontrados variaram de

1,84 a 2,00%, sendo que todas as amostras foram

consideradas iguais estatisticamente. Tais

resultados são superiores a quantidade de fibras em

polpa de outras frutas, como mamão e cajá

(CARVALHO et al.,2011).

Os valores médios de proteínas variaram de

0,88% (SI) a 1,12% (CA), havendo diferença

significativa entre as três proveniências. Valores

semelhantes (1,06% de proteína) foram encontrados

em Hylocereuspolyrhizus por Oliveira et al. (2010).

Quando comparados com outras frutas, os

resultados foram inferiores ao encontrado em

abacaxi in natura (1,47%) (BORTOLATTO &

LORA, 2009) e superiores a quantidade encontrada

em polpa de manga ‘tommyatkins’ por Marques et

al. (2010) que obtiveram valor de 0,44%.

Para os lipídios, os valores variaram de

0,18% (SI) a 0,21% (CA) e todas as proveniências

mostraram valores estatisticamente iguais para esse

macronutriente. Tais valores foram inferiores

quando comparados aos encontrados por Oliveira et

al. (2010) na polpa de Hylocereuspolyrhizus, onde

quantificaram 0,36% de lipídios. No entanto, é

semelhante ao teor de lipídios encontrado no

abacaxi in natura (BORTOLATTO & LORA,

2009).

As quantidades de carboidratos obtidos das

polpas de pitayas foram diferentes para cada

proveniência, obtendo os valores de 10,93% (CA),

11,22% (TA) e 11,75% (SI). Valores próximos a

esses foram encontrados por Oliveira et al. (2010)

para Hylocereuspolyrhizus (12,34%). Mamão e cajá

também apresentam quantidade de carboidratos

semelhantes, 10,93% e 10,09% respectivamente

(CARVALHO et al., 2011).

As pitayas provenientes dos três municípios

apresentaram baixo valor energético, possibilitando

a inclusão desse fruto em cardápios diários, pois

contribuem para uma alimentação saudável. Dentre

as amostras, os frutos provenientes de SI

apresentaram maior valor energético (52,21

Kcal/100 g), diferindo significativamente dos

demais; entretanto, mantendo-se na condição de

alimento pouco calórico. De acordo com a Tabela

TACO (2006), a quantidade de calorias das pitayas

estudadas é semelhante à da goiaba vermelha (54

Kcal/100g), do kiwi (51Kcal/100g), abacaxi (48

Kcal/100g), manga Tommy Atkims (51 Kcal/100g),

e inferior à da maçã (63 Kcal/100g).

CONCLUSÕES

Os frutos de pitayas provenientes dos três

municípios apresentaram formato subgloboso, com

peso elevado e expressivo rendimento de polpa. As

colorações atribuídas às polpas foram as de

tonalidades vermelhas, constituindo-se, portanto em

uma fruta atrativa tanto sensorialmente quanto

tecnologicamente, já que a coloração encontrada é

uma boa indicação da presença de pigmentos, com

possível aplicabilidade a ser investigada. Conforme

as características químicas encontradas, as pitayas

foram consideradas de baixo valor energético, rica

em água e fibras podendo contribuir para uma

alimentação saudável.

AGRADECIMENTOS

Aos produtores rurais Alberto Sawada

(Tomé-Açu), Armando KojiMuto (Castanhal) e

Paulo ShinichiSunaga (Santa Izabel do Pará) pela

contribuição na obtenção dos frutos para realização

do presente trabalho. À Faculdade de Engenharia

de Alimentos da UFPA e ao Centro de Ciências

Naturais e Tecnologia da UEPA pela permissão da

utilização dos Laboratórios.

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Sato et al. (2014)

54 | P á g i n a JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.46-56, 2014

Physical and physiochemical characterization of the pitayas red (Hylocereus costaricensis)

produced in three cities of Pará

ABSTRACT - The pitaya is an exotic fruit produced from a cactaceae. This fruit has proved as a

potential option for diversification of the national fruit production.Thus, the aim of this study was to

the evaluate the physical and physicochemical characteristics of red pitayas produced in Pará

counties: Castanhal, Tome-Acu and Santa Izabel do Pará. Physical characteristics such as weight of

fruit, peel, pulp and seeds, transverse and longitudinal diameter of the fruit, peel thickness, and color

and pulp yield were investigated. For the characterization the physiochemical pulps were determined

the percentages of moisture, total soluble solids, total solids, ash, titratable acidity, pH, fat, protein,

fiber, carbohydrates and total energy. The lowest fruit weight was found to 351,25g fruit from Santa

Izabel do Pará. All samples had higher pulp yield 70%. The samples showed a trend toward red with

variations in tone this color. Castanhal and Tomé-Açu samples showed the largest difference in

color.The physicochemical characterization showed that the pulp of red pitaya has high water

content, soluble solids, insoluble fiber and carbohydrates, low acidity, low content of protein, lipid,

ash and low calorific value, ranging from 50,14 to 52,21 kcal/100g.The pitaya fruit exhibit

interesting physical, sensory and nutritional attributes, feasible to implement in a healthy diet

possible inclusion in other foods.

Keywords:red pitaya, exotic fruit, Amazon, nutritional composition, Hylocereus costaricensis

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n. 2, p. 1-3, 2004.

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J. Bioen. Food Sci, 01 (2): 57-60, 2014

Journal homepage: http://periodicos.ifap.edu.br/index.php/JBFS

ISSN 2359-2710

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O ciclo do Marabaixo em Macapá e a Igreja Católica Romana:

conflitos, ideologias e sincretismo religioso.

I. C. Alves.1; L. G. R. Lobato 2; M. L. Pereira3 e R. S. Nogueira3*

1 Graduado em História pela Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), Professor da Rede de Ensino Básico do

Governo do Estado do Amapá. e-mail [email protected]

2 Graduada em Licenciatura em Filosofia pela Universidade do Estado do Amapá (UEAP), Macapá-AP, Brasil. e-mail: [email protected]

3 Professores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá (Ifap). Rod. BR 210, km 03 s/n Bairro

Brasil Novo, 68909-398. Macapá-AP, Brasil. e-mail [email protected]

* Autor parta correspondência e-mail

INF. ARTIGO RESUMO

Recebido: 20 Jul 2014

Aprovado em: 07 Set 2014

Publicado em: 03 Out 2014

O presente artigo analisa o sincretismo religioso no Ciclo do

Marabaixo na cidade de Macapá, capital do Estado do Amapá.

Contextualiza-se historicamente o surgimento do Marabaixo e

descreve-se o seu conceito, práticas e a relação com a Igreja

Católica Romana e as religiões de matrizes africanas. Identificam-se

os fatores que contribuíram para que o marabaixo se consolidasse

como expressão da identidade negra amapaense e problematizam-se

as dificuldades atuais de preservar e difundir está manifestação

cultural no estado e no restante do Brasil.

Termos de indexação:

Sincretismo

Religiosidade

Marabaixo

Cultura.

*Autor para correspondência

[email protected]

© 2014 JBFS all rights. This is an open access article distributed under the Creative Commons Attribution License,

which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly

cited.

Como referenciar esse documento (ABNT):

ALVES, I. C.; LOBATO, L. G. R.; PEREIRA, M. L.; NOGUEIRA, R. S. O ciclo do Marabaixo em Macapá e a Igreja

Católica Romana. Journal of Bioenergy and Food Science, Macapá, v.1, n. 2, p.57-60, jul. / set. 2014.

INTRODUÇÃO

A problemática que motivou essa pesquisa

foi a necessidade de compreender o sincretismo

religioso presente no Ciclo do Marabaixo, analisar

de que forma essa prática contribui para a formação

da identidade da população afrodescendente e para

o patrimônio cultural do Amapá. Deste modo este

estudo quer servir de base teórica para outras

pesquisas e também ser fonte de informação para a

formulação de políticas públicas que venham

beneficiar as comunidades envolvidas nessa grande

manifestação social, cultural e de fé.

A metodologia utilizada foi à pesquisa

bibliográfica e de campo com aplicação de

questionário e registros de imagens, áudio e vídeos,

todos arquivados no banco de dados do GPRHUM

e nos relatórios mensais da pesquisa que estão

disponíveis através da PROPESQ/IFAP. Espera-se

que este trabalho possa contribuir para uma melhor

compreensão da prática do Marabaixo em Macapá

enquanto atividade religiosamente sincrética, e

possa refletir sobre a importância dos fenômenos

Ass

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s

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Interdisciplinar

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religiosos e das culturas tradicionais para a

formação da identidade de um povo.

1. Contexto histórico do surgimento do

Marabaixo

Os registros históricos revelam que os

primeiros escravos africanos chegaram ao Amapá

no início do século XVII trazidos por diversas rotas

de comercialização para, dentre outros objetivos,

defender e fortificar as fronteiras brasileiras. Nesse

contexto, sua mão de obra foi utilizada na

construção da Fortaleza de São José de Macapá

para impedir a invasão de holandeses, ingleses e

principalmente franceses. Além destes, aportaram

no município de Mazagão, várias famílias negras

refugiadas das guerras travadas no norte da África

entre mouros e cristãos.

A maior expressão deste encontro é o

Marabaixo, no qual os negros, em meio a todas as

condições adversas, descobriram na música e na

dança uma forma de afirmarem sua identidade.

Suas músicas, repletas de imagens e sentidos que

remontam a um passado distante, foram

reelaboradas a partir das influências locais,

advindas, sobretudo, do catolicismo popular.

A partir de 1943 com a criação estratégica do

Território Federal do Amapá com o objetivo de

proteger e defender as áreas consideradas de

segurança nacional, a prática do marabaixo sofreu

uma significativa mudança. O então presidente da

República Getúlio Vargas nomeou o Capitão Janary

Nunes como Governador do Território do Amapá,

que chegou à Macapá em 1944 seguindo o

programa de desenvolvimento baseado no lema:

“sanear, educar e povoar”. Adepto das teorias que

difundiam a ideia de que o branqueamento era

sinônimo de progresso, Janary Nunes iniciou o

processo de urbanização, deslocando os negros da

parte compreendida pelo Largo de São Sebastião,

Formigueiro, Largo de São João, e a Vila de Santa

Engrácia para áreas mais distantes da cidade. Dessa

forma, o ciclo do Marabaixo que até então era

realizado de forma unificada na capital Macapá,

dividiu-se e passou a ser realizado no Laguinho e

no Santa Rita (Favela), pelo Mestre Julião Ramos e

Dona Gertrudes Saturnino, respectivamente, de

acordo com CANTO (1998).

Quanto à origem do termo, ligar-se-á, por

acaso, às longas e dramáticas travessias do

Atlântico, ao léu das correntes marinhas e dos

ventos alísios, para o regime de trabalho escravo,

ou como uma expressão portuguesa de abandono e

de desgraça? Há relatos também de que o termo

tenha surgido após uma homenagem feita com

toques de caixas a um poeta negro que faleceu

durante uma viagem da África ao Brasil e que não

havendo como enterrá-lo, seus companheiros

jogaram seu corpo ao mar a baixo, pois segundo as

crenças africanas o mar era bento e o corpo do

poeta estaria protegido. Em meio a esta diversidade

de teorias, não é possível chegar a uma definição

precisa sobre o significado etimológico do termo.

2. O sincretismo religioso no Ciclo do

Marabaixo

Gilberto Freyre (1998) defende que a

formação social do Brasil girou em torno da casa-

grande, onde se criou condições para a estruturação

de uma sociedade agrária, escravocrata e híbrida.

Nesse contexto, a religião desempenhou papel

essencial na imposição das ideologias da classe

dominante, porém, esta imposição esbarrou na

resistência dos indígenas e negros que

desenvolveram estratégias para praticarem seus

cultos e manifestarem suas crenças sem serem

perseguidos. Portanto, quando se pensa na prática

do Marabaixo, logo se associa a sua prática ao

sincretismo religioso, que surgiu do encontro entre

as religiões de matriz africana trazidas pelos negros

escravizados e refugiados da África, com o

catolicismo romano difundido durante colonização

portuguesa.

São muitas as evidências que caracterizam a

presença do sincretismo religioso no ciclo do

Marabaixo, pois, ainda que fosse uma prática

vinculada exclusivamente a Igreja Católica Romana

como defendem alguns integrantes de grupos de

Marabaixo, já se configuraria com uma atividade

religiosamente sincrética, tendo em vista que o

catolicismo romano foi fortemente influenciado

pelo paganismo greco-romano. Os santos católicos

são produtos e instrumentos de uma contínua

adaptação da cristandade às culturas com as quais

foi se relacionando e disputando a hegemonia, pois

assim como o politeísmo grego apresentava vários

deuses protetores, o catolicismo romano inseriu os

santos como protetores de várias causas. Outro

aspecto relevante também presente na liturgia é o

uso de cores e do calendário do ano litúrgico que

seguem o calendário gregoriano e não o Justiniano,

dando resultado em um Ciclo Litúrgico dentro do

ano civil que obedece a práticas e preces que

misturam uma religião com traços bem marcados

de sagrado e profano.

No sentido inverso, o culto católico aos

santos foi utilizado pelos escravos africanos

trazidos ao Brasil e transmitido aos seus

descendentes como mecanismo para praticarem

suas crenças sem sofrerem repressões e

perseguições. Através de um processo sincrético, os

escravos associaram cada santo católico a uma

divindade africana e continuaram a realizar seus

cultos tradicionais com a permissão dos líderes da

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Alves et al. (2014)

____________

JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.57-60, 2014 59 | P á g i n a

Igreja Católica Romana sob uma ritualística

aparentemente católica, desde que fossem

submissos ao bispo de Roma.

Ao acompanhar o ciclo do Marabaixo

puderam-se observar reflexos da influência do

catolicismo romano e das religiões de matriz

africanas nas cantigas em louvor ao Divino Espírito

Santo e a Santíssima Trindade; na licença e

proteção pedida aos Orixás da Natureza pelos

grupos de Marabaixo ao adentrarem no interior da

mata do Curiaú para o corte do tronco da árvore

que serviria como mastro na homenagem aos

santos, e na raiz da erva (gengibre) com que é feita

a bebida típica (gengibirra), que segundo o

dicionário de Cultos Afro-brasileiros

(CACCIATORE, 1988, p. 131) se trata de uma erva

cuja raiz é utilizada em bebidas de preferência de

alguns orixás e entidades guias.

Fernando Canto (1998) conclui que os

conflitos na relação entre a Igreja Católica Romana

e o Marabaixo, em meados da década de 40 do

século XX, podem ter contribuído para o

enfraquecimento desta tradição, e

consequentemente para a negação das influências

das religiões de matrizes africanas, na medida em

que a Igreja tentou extirpar gradativamente as

referências culturais africanas através de um

discurso moralista e ideológico para que sua

hegemonia pudesse prevalecer.

2.1 O ciclo do Marabaixo

Denomina-se Ciclo por ser uma versão

profana do Ciclo Quaresmal e apresenta um grave

erro teológico ao celebrar a Santíssima Trindade e o

Divino Espírito Santo como entidades distintas,

contradizendo o mistério teológico do Deus Uno e

Trino. O ciclo do Marabaixo é praticado na cidade

de Macapá e inicia após a Quaresma, no sábado de

aleluia (Vigília Pascal) e termina no domingo após

Corpus Christi, conhecido como domingo do

Senhor (derrubada do mastro) quando é escolhido o

festeiro do ano seguinte.

Antigamente, as famílias se disponibilizavam

em realizar o festejo para cumprir alguma promessa

após alcançarem uma benção, entretanto,

atualmente a realização do ciclo do Marabaixo

depende de investimentos do Governo do Estado e

da Prefeitura Municipal, além das apresentações de

alguns grupos estarem condicionadas ao pagamento

de cachês, fato este que acaba reduzindo as

manifestações culturais às relações estritamente

comerciais e dificultando assim o fortalecimento e

difusão desta tradição.

As festas homenageiam o Divino Espírito

Santo e a Santíssima Trindade. Dois mastros são

enfeitados com uma erva aromática chamada murta

e posteriormente são erguidos com bandeiras

estampadas com as imagens. No intervalo entre o

levantamento e o derrubamento do mastro, as

atividades do ciclo, dividem-se em duas partes: A

religiosa e a profana, segundo a perspectiva do

catolicismo romano.

A primeira compreende as missas, oferendas,

promessas e dezoito ladainhas rezadas em latim

popular, sendo nove em homenagem à Santíssima

Trindade e nove em homenagem ao Divino Espírito

Santo. A segunda parte envolve as danças, cuja

coreografia é composta por movimentos corporais

relativamente simples, mas cheios de significados

que remetem aos passos acorrentados dos negros

escravizados. As cantadeiras ficam no centro do

barracão, acompanhadas pelos tocadores de caixas

(instrumentos de percussão) e rodeada por

dançadeiras e dançadores - crianças, jovens, adultos

e idosos - que contagiam a todos com sua alegria

estonteante, tudo regado a muito cozidão e

gengibirra.

As cantigas de Marabaixo são compostas

por versos conhecidos como “ladrões”, pois um

participante rouba a deixa do outro e a partir do

mote roubado, de forma improvisada, compõe

novos versos que satirizam, exaltam, denunciam,

criticam, relata romances, dissabores, sofrimentos,

felicidade, enfim, as vivências da comunidade

negra do Amapá.

Uma constatação feita ao decorrer das

observações in loco do ciclo do Marabaixo é que

grande parte da população amapaense está alheia e

indiferente a esta forma de expressão da sua

identidade cultural, como se observou nas

apresentações abertas à população que adentram a

madrugada. Assim, tendo em vista que quem

acompanha este evento são majoritariamente os

grupos festeiros de marabaixo da capital Macapá,

autoridades políticas ou seus representantes e

pesquisadores. A esmagadora maioria dos

amapaenses não reconhece sua história retratada

nos elementos e simbolismo do Marabaixo.

O ciclo do ano 2013 foi marcado pelo retorno

da prática do Marabaixo ao interior da Igreja de São

José, pois na metade do século passado, o padre

Júlio Maria Lombaerd, proibiu as manifestações de

Marabaixo dentro da catedral, por considerá-las

profanas e imorais. Esta reaproximação entre a

Igreja Católica Romana e o Marabaixo representa

um resgate histórico e reflete a necessidade e a

importância de se estabelecer um diálogo inter-

religioso, sem imposições de ideologias e tentativas

de dominação de uma prática religiosa sobre as

outras, como também demonstra um interesse pela

inculturação.

O Marabaixo, enquanto expressão das

necessidades imediatas dos africanos em busca de

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Interdisciplinar

60 | P á g i n a JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.2: p.57-60, 2014

conforto é uma autentica manifestação de fé,

exteriorização de crenças e afirmação da identidade

negra, e reflete os entrecruzamentos e sincretismo

provocados pelas relações estabelecidas com a

Igreja Católica Romana em um contexto de lutas,

influências, imposições das ideologias dominantes

para exploração e controle das classes dominadas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa contribuiu para uma melhor

compreensão das atividades do Ciclo do Marabaixo

em Macapá, considerando os aspectos políticos,

antropológicos, históricos, educacionais, religiosos

e culturais envolvidos nesta prática.

A partir do acompanhamento in loco,

concluiu-se que a divulgação desta manifestação

cultural apenas em situações pontuais como no

ciclo e no dia do Marabaixo, e na semana da

consciência negra, resultou na falta de

conhecimento e indiferença da maioria dos

amapaenses, comprometendo a difusão desta

cultura e demonstrando a necessidade de incluir

estudos étnicos raciais no currículo escolar,

trabalhando de forma interdisciplinar em um

diálogo com os mais variados campos do saber,

praticando de forma efetiva o que preconiza a lei

10.639/03 e revertendo a lógica que reduziu os

negros a meros objetos nas aulas de história, de

modo a reproduzir a ideologia eurocêntrica e a

atender fatores socioeconômicos, políticos,

ideológica e cultural.

Torna-se necessário e urgente desenvolver

um projeto educacional pautado na diversidade

étnica e cultural do Brasil e, mais especificamente,

do Amapá. É de extrema importância, por parte dos

discentes, o reconhecimento da cultura

afrodescendente como constituinte e formadora da

sociedade brasileira, sociedade na qual os negros

possam se reconhecer como sujeitos históricos,

valorizando-se, portanto, o pensamento e as idéias

de importantes intelectuais negros brasileiros, a

cultura e as religiões de matrizes africanas.

Também se ressalta a contribuição do

GPRHUM para pesquisa amapaense uma vez que

este estudo é resultado das atividades do período de

Novembro de 2012 a Outubro de 2013, dentro da

linha de pesquisa ‘Religiosidade nas Comunidades

Tradicionais’, cujo objetivo foi apresentar uma

visão interdisciplinar e crítica, próprias da Filosofia

da Religião, para o fenômeno sociocultural das

indagações dos membros do Grupo de Pesquisa

The cycle Marabaixo in Macapá and the Roman Catholic Church: conflicts, ideologies and religious

syncretism.

Abstract - This paper examines the religious syncretism of the so-called "Marabaixo Cycle" in the

city of Macapá, state capital of Amapá, Brazil. It historically contextualizes the emergence of the

Marabaixo and describes its concept, practices and relationship with the Roman Catholic Church

and African religions, identifying the factors that contributed to its consolidation as an expression of

black identity in Amapá. The article also problematizes the difficulties in preserving and

disseminating this cultural event in the state and the rest of Brazil

Keywords: Syncretism; Religiousness; Marabaixo; Culture.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei Nº 10.639/03. Estabelece o Estudo da

História e Cultura Afro-Brasileira. Presidência da

República. Brasília-DF.

CANTO, Fernando. A Água Benta e o Diabo. 2ª ed.

Macapá: Fundação de Cultura do Estado do Amapá

(FUNDECAP), 1998.

CACCIATORE, O.G. Dicionário de Cultos Afro-

Brasileiros. 3.ed.Rio de Janeiro: Forence

Universitária, 1988.

FREYRE, Gilberto. Casa-Grande e Senzala. 34ª

Ed. Rio de Janeiro: Editora Record, 1998.

MONTEIRO, Danniela Patrícia da Silva.

Entrevista concedia a Ilton da Cruz Alves, pesquisador do GPRHUM (gravada). Macapá: 2012.

VIDEIRA, Piedade Lino. Marabaixo: dança

afrodescendente. Fortaleza: edições UFC, 2009.

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J. Bioen. Food Sci, 01 (3): 61-78, 2014

Journal homepage: http://periodicos.ifap.edu.br/index.php/JBFS

ISSN 2359-2710

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Biorrefinarias: Conceitos, classificação, matérias primas e produtos

J. C. Alvim1, F. A. L. S. Alvim2, V. H. G. Sales3*, P. V. G. Sales3, E. M. de Oliveira4 e A. C. R. da Costa5

1 PhD student University of Leeds- Faculty of Biological Sciences, Centre for Plant Sciences. L C Miall Building -

Room 9.13/9.14 Clarendon Way, Leeds - LS2 9JT, West Yorkshire. Phone: +44 07404238622, [email protected]

2 Mestra em Agroenergia, Universidade Federal do Tocantins, Campus Palmas. Av: NS 15 ALC NO 14, 109 Norte -

77001-090. [email protected]

3 Estudantes do programa de pós-graduação em Biotecnologia e Biodiversidade (BIONORTE), Universidade Federal do

Tocantins, Campus Palmas. Av: NS 15 ALC NO 14, 109 Norte - 77001-090. [email protected];

[email protected]

4 Estudante do programa de pós-graduação em Biotecnologia da Universidade Federal do Tocantins, Campus Gurupi.

Rua Badejós Lt.07 Chacara 69/72 Zona Rural Cx postal 66, 77402-970. [email protected]

5 Estudante de graduação em Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia da Universidade Federal do Tocantins,

Campus Gurupi. Rua Badejós Lt.07 Chacara 69/72 Zona Rural Cx postal 66, 77402-970. [email protected]

INF. ARTIGOS RESUMO

Convite: 18 Ago, 2014

Recebido: 06 Jan, 2015

Publicado: 15 Jan, 2015

Em função da crescente demanda de combustíveis e do aumento da emissão

de gases do efeito estufa, faz-se necessário cada vez mais o uso de

combustíveis limpos e renováveis. Dentre os combustíveis renováveis dois

tem o uso atual em larga escala no mundo, o bioetanol e o biodiesel. Um dos

principais desafios da cadeia produtiva destes combustíveis é a dependência

do preço do produto no mercado, a flutuação do mesmo pode levar empresas

a terem grandes perdas. O termo biorrefinarias é amplamente discutido e

existem várias definições para o mesmo. A introdução do conceito de

biorrefinarias nas usinas produtoras de biocombustíveis pode levar a uma

redução de custos, aumento do lucro e independência.

Termos de indexação:

Biorrefinarias

Bioetanol

Biodiesel

Biohidrogênio

Produção conjunta

*Autor para correspondência

[email protected]

© 2014 JBFS all rights. This is an open access article distributed under the Creative Commons Attribution License, which permits unrestricted use,

distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly cited.

Como referenciar esse documento (ABNT):

ALVIM, J. C.; ALVIM, F. A. L. S.; SALES, V. H. G.; SALES, P. V. G.; OLIVEIRA, E. M.; COSTA, A. C. R. Biorrefinarias: Conceitos,

classificação, matérias primas e produtos. Journal of Bioenergy and Food Science. Macapá, v.1, n. 3, p. 61-78, out./dez. 2014.

________________________________________________________________________________________________________________________ INTRODUÇÃO

Em função da elevada dependência pelos

combustíveis fósseis qualquer redução na

disponibilidade atual de petróleo e seus derivados

pode levar a uma crise mundial de combustíveis.

A cada ano o planeta apresenta novos

problemas relacionados ao aquecimento global, que

está diretamente ligado à emissão de gases do efeito

estufa proveniente da queima de combustíveis

fósseis.

Em virtude destes fatores faz-se necessária a

alteração da matriz energética mundial para uma

mais limpa, renovável e sustentável, para isto é

necessário o desenvolvimento de novas cultivares

além de técnicas e tecnologias para o uso das

mesmas visando altos rendimentos e baixos custos.

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Alvim et al. (2014)

62 | P á g i n a J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.61-78, 2014

Dois principais combustíveis renováveis são

produzidos hoje no mundo, estes são o bioetanol e o

biodiesel, cada qual com suas técnicas e matérias

primas.

A introdução do conceito de biorrefinarias

nas usinas produtoras de biocombustíveis pode

levar a uma redução de custos, aumento do lucro e

independência, pois não mais estariam sujeitas às

flutuações de mercado do preço de somente um

produto, problema este que assola as usinas

produtoras de bioetanol a partir da cana-de-açúcar.

Além de agregar valor e criar novos produtos

a partir de material antes considerado lixo,

transformando os antes chamados resíduos no que

atualmente chamamos de subprodutos.

Assim, este trabalho tem como objetivo

agrupar um conjunto de informações acerca dos

conceitos de biorrefinarias, os tipos de

biorrefinarias, os processos realizados e os produtos

passiveis de serem obtidos nas nestas.

BIORREFINARIAS

O termo biorrefinaria é amplamente discutido

e existem várias definições para o mesmo. Diversos

autores e órgãos criaram diferentes definições para

este termo, no etando poucas diferenças são

encontradas entre as definições atuais. Segundo a

American National Renewable Energy Laboratory,

biorrefinarias são todas as indústrias que convertam

a biomassa e que a utilizem para produzir:

combustíveis, energia ou produtos químicos

(NREL, 2008). As biorrefinarias são definidas

também como sendo o processamento sustentável

de biomassa em um espectro de produtos vendíveis

(alimentos, rações, materiais, químicos) e/ou

energia (combustíveis, eletricidade, calor) (IEA

BIOENERGY, 2010). A principal diferença entre

estes dois conceitos apresentados é que o primeiro

deles só inclui como biorrefinarias as indústrias e o

segundo inclui também os processos. O terceiro

conceito a ser discutido é o proposto por Demirbas

(2009a), este autor define as biorrefinarias de

maneira muito parecida com o primeiro conceito

aqui discutido, no entanto ele comenta que as

biorrefinarias são análogas as refinarias de petróleo

onde múltiplos produtos são obtidos de uma matéria

primas, o conceito geral das biorrefinarias pode ser

visto na Figura 1.

Figura 1. Diagrama esquemático do conceito de uma biorefinaria (Adaptado de DEMIRBAS, 2009a).

As biorrefinarias podem ser classificadas de

acordo com o tipo de plataforma utilizada, os tipos

de produtos a serem produzidos, a matéria-prima e

processos de conversão. Dentre os principais

fatores de separação pode-se citar: agrupamento

dos produtos em dois grupos principais, os produtos

energéticos (bioetanol, biodiesel e combustíveis

sintéticos) e os materiais (químicos, comida, ração,

etc); o tipo de biomassa pode a obtida das culturas

energéticas, das culturas alimentares ou ainda dos

resíduos (agroindústrias, florestais ou industriais);

os processo de conversão, podem ser bioquímicos

(fermentação e conversão enzimática),

termoquímicos (pirólise e gaseificação), químicos

(hidrólise acida, transesterificação, etc.) e

mecânicos (fracionamento, pressão, etc.), assim

Page 67: Volume 1 (2014) completo

Biotecnologia e biodiversidade

J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.61-78, 2014 63 | P á g i n a

pode-se notar que a classificação das biorrefinarias

são complicadas e com muitas vertentes, deste

modo a sobreposição dos fatores citados pode e

deve ocorrer visando a maior diversidade possível

(DEMIRBAS, 2009b; IEA BIOENERGY, 2010).

Fica evidente que o conceito de biorefinaria é

muito abrangente e engloba todas as vertentes de

uso da biomassa, seja para produção de

bicombustíveis como para a produção de outros.

As vantagens das biorrefinarias também são

amplamente discutidas. Ao produzir diversos

produtos as biorrefinarias podem explorar o

potencial máximo das biomassas e agregar o maior

valor possível a estas, assim aumentando a

rentabilidade, reduzindo a demanda energética e

reduzindo a emissão de gases do efeito estufa

(NREL, 2008). O amplo espectro de produtos reduz

também a dependência da produção de somente um

produto, aumentando assim a sustentabilidade do

uso racional da biomassa, reduzindo a competição

existente entre o uso da biomassa para alimentos ou

combustíveis (GHATAK, 2011; IEA, 2011).

BIORREFINARIAS DE ETANOL

Matérias primas

O mundo necessita de novas fontes de

combustíveis que sejam renováveis e limpas

(BANÕS, 2011), o uso de biomassas é uma das

mais promissoras dentre estas, o bioetanol é obtido

através da conversão da biomassa e aparece como

uma maneira eficiente de reduzir o consumo e a

dependência de combustíveis fósseis. Por estes

motivos hoje o bioetanol é o combustível não fóssil

mais utilizado no mundo (DEMIRBAS,

2009c).

O bioetanol pode ser utilizado com aditivo

ou substituto da gasolina. É obtido a partir da

biomassa por duas rotas de conversão principais:

fermentação do açúcar/amido e fermentação da

biomassa lignocelulósica. Algumas biomassas não

apresentam a necessidade de serem hidrolisadas

(fontes sacarinas), no entanto outras necessitam ter

os monossacarídeos disponibilizados antes de

serem fermentados, por exemplo, as biomassas

amiláceas e lignocelulósicas (IEA, 2011).

Huang et. al (2009) em seu trabalho discute

os diversos processos e matérias primas possíveis

para obtenção do bioetanol nas biorrefinarias, no

entanto ele não discute o etanol obtido de fontes

sacarinas.

Visando liberar os açucares fermentescíveis é

necessário que antes da fermentação algumas

biomassas sofram um processo chamado hidrólise

(LIMA, 2001; IEA, 2011) que pode ser ácida

(ácidos são utilizados para quebrar as ligações

químicas) ou enzimática (realizada por enzimas

produzidas por microorganismos, estas atuam sobre

as ligações químicas).

Diversas matérias-primas podem ser

utilizadas para a produção de bioetanol, usualmente

as mais utilizadas são as culturas dedicadas (são as

culturas normalmente utilizadas para a

alimentação), resíduos agrícolas, biomassa

proveniente da madeira e as microalgas (GHATAK,

2011).

A energia da biomassa é uma fonte

promissora de energia renovável, mas a matéria-

prima utilizada para produzi-la deve vir de culturas

não alimentares ou de resíduos agrícolas (matéria-

prima de segunda geração), para evitar a

concorrência com fontes de alimento e terras

aráveis. A segunda geração de biocombustíveis

principalmente utiliza materiais lignocelulósicos

para a produção de combustíveis líquidos (etanol e

butanol) ou combustíveis gasosos (hidrogênio ou

metano) (DATAR et al., 2007).

a) Fontes sacarinas e amiláceas usadas em

biorrefinarias

Os chamados combustíveis de primeira

geração são aqueles obtidos das culturas dedicadas,

usualmente estas culturas são utilizadas na

alimentação, humana e animal. Nos Estados Unidos

a principal cultura dedicada é o milho, já no Brasil

nós temos a cana-de-açúcar (GHATAK, 2011;

HOEKMAN, 2009).

Nestas culturas os açucares podem estar

livres ou parcialmente livres, como por exemplo,

nas fontes sacarinas, como é o caso da cana-de-

açúcar e da beterraba sacarina; podem estar também

na forma de amido (polímero de glicose que as

plantas sintetizam para armazenar energia), como

nas fontes amiláceas, dentre estas podemos citar o

milho, a mandioca e a batata (HALFORD, 2010).

b) Fontes lignocelulósicas usadas em

biorrefinarias

É possível a obtenção do bioetanol das

chamadas fontes lignocelulósicas, neste caso é

necessário que a celulose e hemicelulose sejam

convertidas em açúcares fermentescíveis, seja por

ação química ou biológica (IEA, 2011).

As fontes lignocelulósicas não são

encontradas em abundância e não são utilizadas

como alimento pelos seres humanos (GHATAK,

2011).

A celulose é rica em açucares facilmente

fermentescíveis, em sua maioria a glicose, no

entanto a hemicelulose é composta também por

pentoses (xilose, arabinose) as quais não são

fermentadas pelos organismos usualmente

Page 68: Volume 1 (2014) completo

Alvim et al. (2014)

64 | P á g i n a J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.61-78, 2014

utilizados na industria de biocombustíveis

(RAGAUSKAS, 2006).

A matéria-prima lignocelulósica pode ser

derivada do ecossistema (florestas, ecossistema

aquático), pode ser produzida através de culturas

(gramíneas perenes) ou ainda obtida de resíduos

(agroindústrias), e os combustíveis obtidos a partir

desta são conhecidos como os de segunda-geração

ou combustíveis avançados (IEA, 2010; IEA, 2011;

SIMS, 2010).

Deste modo fica evidente que as

biorrefinarias a partir de materiais lignocelulósicos

usam um “mix” de fontes de biomassa para a

produção de uma série de produtos por meio de

combinação de tecnologias, consistindo de três

frações básicas: hemicelulose, celulose e lignina

(SANTOS et al, 2012).

Segundo Pereira Júnior et al. (2008), a

utilização da biomassa lignocelulósica é

fundamentada em duas plaformas distintas:

plataforma termoquímica e plataforma de açucar,

ambas plataformas objetivando a produção de

combustíveis, produtos químicos, polímeros e

materiais.

A conversão da biomassa lignocelulósica por

processo termoquímico inclui os processos de

pirólise, gaseifiicação e liquefação, todos esses

processos finalizam com a produção de

biocombustiveis renováveis e produtos químicos

(DEMIRBAS, 2009a).

A biomassa lignocelulósica pode ser

convertida em biocombustíveis e os metabólicos

secundários são produtos com alto valor e

econômico, tais como: gomas, resinas, ceras,

terpenos, esteróides, taninos, ácidos, alcalóides de

plantas. Os metabólicos secundários podem ser

utilizados para a produção de produtos químicos de

alto valor, tais como: flavorizantes, rações,

produtos farmacêuticos, cosméticos e nutracêuticos,

usando técnicas de processamento integrado (NAIK

et al, 2010).

Segundo Goh (2010), nos últimos anos foi

iniciada em diversas partes do mundo a instalação

de biorrefinarias lenho-celulósicos. No entanto, as

biorrefinarias ainda não são amplamente e

comercialmente viáveis em todos os países em

termos de capital e custo operacional.

c) Biomassa aquática usadas em

biorrefinarias

As mais recentes tecnologias para obtenção

de biocombustíveis, os chamados de terceira

geração, utilizam como matérias-primas fontes

antes nunca exploradas, como por exemplo, as

microalgas.

Microalgas são consideradas um dos

organismos mais antigos do planeta, e estão

dispersos em quase toda sua superfície, nos mais

diversos ambientes e nas mais diversas condições

(MATA, 2010).

Algas apresentam três mecanismos de

produção distintos para o crescimento:

fotoautotrófico, heterotrófico e mixotrófico.

Podendo assim fixar o carbono e produzir tanto

lipídeos quanto açucares, são ricas em proteínas,

esse conjunto de características faz com que

possam vir a ser utilizadas como fontes para

fermentação e conseqüente produção de bioetanol.

(SINGH, 2010)

O uso desta biomassa desperta atenção, pois

em teoria o uso de microalgas não compete com a

disponibilidade das commodities alimentares e

muitas acreditam que esta é uma fonte sustentável

(GHATAK, 2011).

PRODUTOS DAS BIORREFINARIAS DE

ETANOL

Como foi apresentado anteriormente, para

que a produção de bioetanol se encaixe no conceito

das biorrefinarias, em conjunto a sua produção

usual (bicombustíveis), é necessária a obtenção de

outros produtos de valor agregado, podendo ser:

alimentos, materiais, químicos e etc.

Diversos produtos podem e devem ter sua

produção explorada nestas biorrefinarias, estes

podem ser: químicos (adesivos, detergentes, tintas,

lubrificantes, ácido e etc.), materiais (fibras, papel,

gomas e etc.) ou alimentícios (rações, glúten e etc.)

(GHATAK, 2011).

Os produtos que podem ser obtidos a partir

das frações lignocelulósicas estão representados na

Figura 2.

Page 69: Volume 1 (2014) completo

Biotecnologia e biodiversidade

J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.61-78, 2014 65 | P á g i n a

Figura 2. Produtos e co-produtos das biorrefinarias de materiais lignocelulósicos. (Adaptado de DEMIRBAS,

2009a)

Demirbas (2009a) relaciona os principais

produtos químicos obtidos a partir do

fracionamento de madeira ou biomassa vegetal da

amostra que são:

A dissociação dos componentes

celulares - Fragmento de lignina +

Oligossacarídeos + celulose;

A hidrólise de celulose (Sacarificação)

– Glicose;

A conversão de glicose (fermentação)

- Etanol + ácido láctico;

Degradação química da celulose -

Ácido Levulínicos + Xilitol; e

Degradação química da lignina –

Produtos Fenólicos.

Matérias-primas biorenováveis podem ser

utilizadas nas formas sólidas ou convertidas nas

formas líquidas ou gasosas para a produção de

energia elétrica, calor, químicos e combustíveis

gasosos ou líquidos (DEMIRBAS, 2008;

GONZALEZ et al, 2008).

Produção de Bioetanol a partir de biomassa

lignocelulósica

Hill et al, (2006) destaca que para um

biocombustível ser uma alternativa viável, esse

deve proporcionar um ganho líquido de energia,

benefícios ambientais, seja economicamente

competitivo e ser reproduzível em grandes

quantidades sem redução do fornecimento de

alimentos.

Menon e Rao(2012) destacam que o

desenvolvimento dos biocombustíveis de segunda

geração a partir de biomassa lignocelulósica tem

muitas vantagens quando comparado com os

biocombustíveis de primeira geração que são

derivados principalmente de culturas alimentares,

Hidrólise

Hemicelulose

(Pentoses e hexoses)

Goma de plantas,

espessantes, adesivos, colóides protetores,

emulsificantes e

estabilizantes

Xilose

Xilitol

Furfural

Resinas de furano

Produtos

químicos

Nylon 6; Nylon 6,6

Biorrefinaria Materiais Lignocelulósicos

Matérias-primas

Lignocelulose (LC)

Cereais (Palhas, joio); biomassa lignocelulósica (Cana de açúcar, caniço); Biomassa florestal (vegetação

rasteira e madeira); Resíduos sólidos municipais de

Celulose e papel.

Aglutinante natural e

adesivo

Lignina

Carvão sub betuminoso

Combustível sólido livre

de enxofre

Celulose

Glicose

Celuloses

(Aplicações) Hidrólise

(E/C)

HMF (5-hidroximetil-

furfural)

Amaciantes +

solventes

Lubrificantes

Produtos químicos e

polímeros

Produtos de

fermentação: 1) Combustíveis

Ex: etanol

2) Ácidos Orgânicos

Ex: Acido lático

3) Solventes

Ex: Acetona,

butanol

Page 70: Volume 1 (2014) completo

Alvim et al. (2014)

66 | P á g i n a J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.61-78, 2014

podendo a vim criar muitos problemas que vão desde

as perdas de energia líquida para a emissão de gases

de efeito estufa bem como o aumento nos preços dos

alimentos.

Para Hill et al (2006) a conversão eficiente

de materiais lignocelulósicos (LCMs) em etanol

combustível se tornou uma prioridade mundial para

a produção ecológica de energia renovável a um

preço razoável para o setor de transportes. O Etanol

combustível pode ser utilizado para melhorar o seu

teor de oxigênio, permitindo uma melhor oxidação

de hidrocarbonetos e redução da quantidade de

emissões de gases de efeito estufa na atmosfera.

Alternativamente, a bioconversão de material

lignocelulósico em etanol combustível poderia

fazer uso de abundantes fontes renováveis, mas em

grande parte ainda inexplorada, tais como os

resíduos agrícolas (palha de milho, bagaço de cana,

trigo e palha de arroz, etc) e resíduos florestais

(como serragem) (INGRAM e DORAN, 1995;

ZALDIVAR et al, 2001).

Uma razão adicional para a introdução de

resíduos agrícolas como potenciais fontes de

energia renováveis é que os métodos atuais para a

sua alienação têm causado preocupações ambientais

(ZABANIOTOU et. al, 2008).

Um fator importante para vencer os

obstáculos que impedem a produção rentável do

bioetanol a partir de lignoceluloses seria melhorar a

tecnologia na fase de pré-tratamento que tem o

objetivo de solubilizar a hemicelulose (HENDRIKS

e ZEEMAN, 2009). Embora existam inúmeras

tecnologias de pré-tratamento essa etapa tornou-se

o maior componente de custo do processo de

obtenção do bioetanol (MOSIER et al, 2005; KIM e

HONG, 2001).

A conversão das unidades da biomassa para

combustíveis líquidos tais como o etanol requer um

número de operações unitárias básicas, incluindo

pré-tratamento, a hidrólise enzimática, destilação e

recuperação do etanol estão representados na

Figura 3 dá detalhes dos passos necessários para a

conversão de biomassa lignocelulósica ao etanol e

utilização dos produtos intermédios para os

produtos químicos de valor acrescentado.

Figura 3. Operações unitárias para a obtenção de álcool a partir de biomassa lignocelulósica (Adaptado de

NAIK, 2010).

Produção de ácido succínico

A produção de ácido succínico é

considerada uma das plataformas químicas mais

importantes, este ácido é amplamente utilizado

(aditivos alimentares, tintas, plásticos) por este

motivo tem bom valor agregado (LYKO, 2009).

Diversos trabalhos mostram que a produção

deste ácido a partir de fontes renováveis é possível,

pois o microrganismo Actinobacillus succinogenes

(dentre outros) fermenta açucares dando origem ao

mesmo, podendo assim substituir a obtenção deste

ácido a partir do petróleo (ISAR, 2006; ZHENG,

2010; ZHENG, 2009).

Orjuela et al. (2011) em seu trabalho

apresenta uma plataforma para obtenção conjunta

de ácido succínico e etanol além de sumarizar

diversos métodos para recuperação deste ácido.

Biomassa lignocelulósica Pré-tratamento Explosão de

vapor/tratamento com amônia

Hidrolise enzimática

Destilação

Etanol

Xilose

Produção de CO2

SC-CO2

Extração planta

Ligante natural e Adesivo

Lignina

Page 71: Volume 1 (2014) completo

Biotecnologia e biodiversidade

J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.61-78, 2014 67 | P á g i n a

Pode-se concluir então que esta plataforma se

mostra cada vez mais viável e interessante.

Uso da biomassa lignocelulósica para diversos

produtos

O material lignocelulósico, principalmente a

madeira, pode ser convertido em diversos materiais

e químicos, além da produção de etanol. Os

principais produtos obtidos são fibras, plásticos

sintéticos, borracha e papel. Além de diversos gases

obtidos pelo processo de gaseificação

(DEMIRBAS, 2009b).

Pode-se citar também a obtenção de xilanas a

partir desta biomassa residual, a aplicação deste

químico é reconhecida na indústria de alimentos,

novos materiais e na biotecnologia (SEDLMEYER,

2011).

Bludowsky (2009) apresenta em seu trabalho

uma alternativa para produção de gases sintéticos

em biorrefinarias com temperaturas muito

reduzidas em relação ao processo de gaseificação

convencional.

Uso da biomassa lignocelulósica para obtenção de

biohidrogênio

A obtenção de hidrogênio pela fermentação

do bagaço de cana-de-açúcar é um processo muito

conhecido e estudado e é uma alternativa para

utilização do resíduo da produção de bioetanol

(SINGH, 2007).

Muitos autores têm investigado a produção

de hidrogênio biológico. Em geral, existem duas

maneiras para produzir hidrogênio, primeiro

utilizando organismos vivos fotossintéticos (como

bactérias fotossintética bactérias, cianobactérias e

algas verdes) e, segundo, por organismos

fermentativos (anaeróbios estritos e anaeróbios

facultativos) (KUMAR et al, 2000).

A produção de hidrogênio apresenta ser

importante alternativa de combustível livre de

poluição gasosa para o futuro. Entre as diferentes

vias de produção de hidrogênio os processos de

produção tanto fotossintética (DAS e

VEZIROǦLU, 2001) e com microrganismos

fermentativos (TAGUCHI et al, 1996; YOKOI,

1995) são os mais utilizados.

Kumar e Das (2001) relata que os processos

que utilizam microrganismos fermentativos

necessitam de melhoras significativas para a sua

exploração comercial e que a taxa de produção de

hidrogênio utilizando microorganismos

fermentativos pode ser melhorada através do

desenvolvimento de estirpes microbianas e também

por melhoria na densidade celular pela

imobilização das células.

O principal obstáculo para a

comercialização de bioH2 é o alto custo de

produção e, portanto, há uma necessidade urgente

de chegar a estratégias que podem torná-lo

economicamente mais viável (CHENG, et al,

2011).

Das e Veziroǧlu, (2001) relacionam os

processos de produção de biohidrogênio em:

1. Biofotólise da água usando algas e

cianobactérias;

2. Foto decomposição de compostos

orgânicos por bactérias fotossintéticas;

3. Produção fermentativa de hidrogênio a

partir de compostos orgânico; e

4. Sistemas híbridos usando fermentação

e bactérias fotossintéticas.

Cheng et al. (2011) realizou um

levantamento bibliográfico sobre a utilização de

diferentes matérias-primas para a produção de

Biohidrogênio com diferentes fontes de matérias-

primas as quais estão resumidas na Tabela 1.

Produção de Metano a partir de materiais

lignocelulósicos

Segundo Chandra, Takeuchi e Hasegawa

(2012) a produção de metano a partir de uma

variedade de resíduos biológicos através da

tecnologia de digestão anaeróbia está crescendo em

todo o mundo e é considerado ideal em muitos

aspectos, por causa de seus benefícios econômicos

e ambientais.

Produção de Metano a partir de materiais

lignocelulósicos

Segundo Chandra, Takeuchi e Hasegawa

(2012) a produção de metano a partir de uma

variedade de resíduos biológicos através da

tecnologia de digestão anaeróbia está crescendo em

todo o mundo e é considerado ideal em muitos

aspectos, por causa de seus benefícios econômicos

e ambientais.

Dois dos fatores mais importantes a serem

considerados quando da aplicação de fermentação

do material lignocelulósico para a produção de

metano são: a velocidade e a biodegradabilidade do

material, os quais demonstram que quanto mais

rápido for a degradabilidade da biomassa menor o

tamanho do reator para a reação e

consequentemente menor o custo, tornando dessa

forma o processo economicamente mais atrativo.

Ambos os fatores são funções das propriedades

intrínsecas do material lignocelulósico em si e dos

microorganismos envolvidos (TONG et al, 1990).

Segundo NAIK et al (2010) ao utilizar

resíduos de biomassa lignocelulósica através do

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Alvim et al. (2014)

68 | P á g i n a J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.61-78, 2014

processo de digestão anaeróbica haverá a geração

de combustível líquido e biofertilizante para

produção agrícola. O conceito biorefinaria de

digestão anaeróbica da biomassa está representado

na Figura 4

BIORREFINARIAS DE BIODIESEL

Há um grande interesse no biodiesel por

causa de sua origem renovável, bem como as

reduções das emissões do GEE. Além disso, há um

conjunto substancial de evidências mostrando que o

uso de biodiesel (e suas misturas com o diesel) tem

um efeito benéfico forte e consistente sobre as

emissões de hidrocarbonetos, monóxido de carbono

e material particulado (HOEKMAN e ROBINS,

2012).

Figura 4. Representação digestão anaeróbica (Adaptado de NAIK, 2010).

Van Gerpen (2005) destaca que embora o

biodiesel não substitua inteiramente à base de

petróleo combustível, há pelo menos cinco razões

que justificam o seu desenvolvimento, sendo elas:

Ele fornece um mercado para a

produção a partir do excesso de óleos

vegetais e gorduras animais;

Ela diminui, apesar de não eliminar, a

dependência do país do petróleo

importado;

Biodiesel é renovável e não contribui

para o aquecimento global devido ao

seu ciclo de carbono fechado;

Redução nas emissões de monóxido de

carbono, hidrocarbonetos e de

materiais particulados, mas um ligeiro

aumento na emissão de óxidos de

nitrogênio; e

Quando adicionado ao diesel

convencional melhora a lubricidade do

combustível.

Em contraste, esses combustíveis podem

apresentar desafios técnicos, tais como: combustão

incompleta, emissões elevadas de NOx, em

temperaturas frias entupimento, ponto de fluidez

altos e baixa volatilidade (ATADASHI et.a,l 2012).

A técnica mais comum para a produção de

biodiesel é a transesterificação, que se refere a uma

reação química catalisada de óleo vegetal com um

álcool para produzir ésteres de ácidos graxos

(biodiesel) e glicerol. (MA e HANNA, 1999;

SRIVASTAVA e PRASAD, 2000; KNOTHE,

VAN GERPEN e KRAHL, 2005; VAN GERPEN,

2005; HILL et al., 2006; MITTELBACH e

REMSCHMIDT, 2006; HOEKMAN e ROBINS,

2012).

Hoje em dia, as matérias-primas mais

empregadas na produção de biodiesel são os óleos

de canola, soja, girassol e palma, com a tecnologia

convencional estes óleos devem ser altamente

refinados, antes da sua utilização, para a eliminação

de ácidos graxos livres e formação de sabões.

Outras fontes de óleos mais baratos que não

competem com os alimentos foram recentemente

considerados como possíveis candidatos de

matéria-prima para o futuro. Em particular, óleos de

algas, de resíduos, óleos a partir de pinhão manso

(SANTACESARIA et al, 2012).

Segundo Skarlis e colaboradores (2011) a

seleção das matérias-primas - primeira ou segunda

geração, culturas específicas, etc - afetam não

apenas o desempenho financeiro de uma planta,

mas também várias outras avaliações ambientais,

bem como o design das instalações de produção.

Biomassa lignocelulósica Digestão anaeróbica

Biofertilizante

Biogás/Gás de Aterro

Metanol CH4 Refrigeração ou processo de

lavagem do CO2

CO2 Líquido

Reforma

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Biotecnologia e biodiversidade

J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.61-78, 2014 69 | P á g i n a

Tabela 1. Diferentes matérias-primas para a produção de Biohidrogênio.

Geração dos

biocombustíveis Matérias-primas Microrganismos

Tipo de

Fermentação Produção Referencias

Mat

éria

-pri

ma

de

ger

ação

Glicose Thermotoga marítima Batelada 1.67 mol H2/mol Glicose Nguyen et al. (2008)

Glicose Thermotoga neapolitana Batelada 1.84 mol H2/mol Glicose Nguyen et al. (2008)

Glicose Microflora mista CSTR 2.1 mol H2/mol Glicose Fang e Liu (2002)

Glicose Lodos Ativados AGSB 1.4 -1.5 mol H2/mol glicose Hung et al. (2007)

Maltose Lodos Ativados Batelada 180 mL H2/g maltose Zhao et al. (2010)

Sacarose Lodos Ativados AGSB 3.42 mol H2/mol sucrose Lo et al. (2009)

Sacarose Microflora mista ASBR 2.53 mol H2/mol sucrose Chen et al. (2009)

Amido Lodos Ativados CSTR 2.32 mol H2/mol Glicose Akutsu et al. (2008)

Amido Lodos Ativados CSTR 2.32 mol H2/mol Glicose Akutsu et al. (2008)

Geração dos

biocombustíveis Matérias-primas Microrganismos

Tipo de

Fermentação Produção Referencias

Mat

éria

s-p

rim

as d

e 2

ª g

eraç

ão.

Palha de milho Thermoanaerobacterium

thermosaccharolyticum W16 Batelada 2.24 mol H2/mol hexose Cao et al. (2009)

Palha de milho Clostridium butyricum AS1.209 Batelada 68 ml H2/g palha de milho Li and Chen (2007)

Palha de milho Lodos Ativados Batelada 1.53 mol H2/mol Glicose Liu e Cheng (2010)

Palha de trigo Microflora Mista Batelada 68.1 ml H2/g TVS Fan et al. (2006)

Palha de trigo Microflora Mista Batelada 68.1 ml H2/g TVS Fan et al. (2006)

Palha de trigo Lodos Ativados UASB 212.0 ml H2/g açúcar Kongjan e Angelidaki

(2010)

Farelo de arroz Microflora mista CSTR 0.98 mol H2/mol hexose Noike (2002)

Bagaço da cana Clostridium butyricum Batelada 1.73 mol H2/mol hexose Pattra et al. (2008)

Sorgo Sacarino Caldicellulosiruptor

saccharolyticus

Batelada 2.6 mol H2/mol hexose Panagiotopoulos et al.

(2010)

Casca de batata Caldicellulosiruptor

saccharolyticus

Batelada 2.4–3.8 mol H2/mol Glicose Mars et al. (2010)

Folhas de álamo Microflora mista Batelada 15.04–44.92 ml/g folhas de álamo Cui et al. (2010)

Borra de cerveja Microflora mista Batelada 53.03 ml/g borra de cerveja seca Cui et al. (2009)

Resíduos de alimentos Lodos Ativados ASBR 1.12 mol H2/mol hexose Kim et al. (2008)

Resíduos de

alimentos

Thermoanaerobacteriumsp IRPR 2.4 mol H2/mol hexose Ueno et al. (2007)

“Continua”

Page 74: Volume 1 (2014) completo

Alvim et al. (2014)

70 | P á g i n a J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.61-78, 2014

Tabela 1. Conclusão

Geração dos

biocombustíveis Matérias-primas Microrganismos

Tipo de

Fermentação Produção Referencias

Mat

éria

s-p

rim

as d

e

Ger

ação

Scenedesmus

sp.(microalga) Lodos Ativados Batelada 45.54 ml/g sólidos voláteis Yang et al. (2010)

Laminaria japonica

(alga marrom marinha)

Clostridium e

Bacillus sp Batelada 44 ml H2/g alga na base seca Lee et al. (2010)

Taihu alga azul Lodos Ativados Batelada 105 ml H2 /g sólidos voláteis Yan et al. (2010)

Page 75: Volume 1 (2014) completo

Biotecnologia e biodiversidade

J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.61-78, 2014 71 | P á g i n a

PRODUÇÃO DE BIODIESEL A PARTIR DE

MATERIAIS LIGNOCELULÓSICOS

Hill et al. (2006) afirma que a produção de

biodiesel a partir de biomassa residual agrícola teria

benefícios ambientais que excedem as suas

vantagens econômicas. Parikka (2004) e Yousuf

(2012) relacionam outros benefícios do uso da

biomassa de resíduos agrícolas que são: a

estabilização dos rendimentos dos agricultores e a

ajuda para manter e melhorar a sustentabilidade

ecológica e social.

Embora a bioconversão de resíduos

lignocelulósicos em etanol ou butanol foi realizada

com sucesso, a técnica para produzir biodiesel a

partir de materiais lignocelulósicos ainda representa

um grande desafio. As principais fontes dos

recursos vêm dos resíduos gerados por empresas

agrícolas, florestais e de fontes industriais

(YOUSUF, 2012).

Segundo Hossain e Badr (2007) nem todos

os resíduos de biomassa lignocelulósica podem ser

utilizados para a energia. Em alguns casos, a sua

larga dispersão ou suas baixas densidades a granel

tornam o transporte, recuperação e o

armazenamento muito dispendioso.

PRODUÇÃO DE BIODIESEL A PARTIR DE

MICRO E MACRO ALGAS

Recentemente, a viabilidade do uso de

algas (matéria-prima de terceira geração) para a

produção de biocombustíveis tem recebido mais

atenção (LEE et al., 2010; SINGH e CU, 2010).

O uso de matéria-prima tradicional tais como

óleos vegetais, pode resultar em uma escassez de

óleo comestível e aumento dos preços dos

alimentos. Portanto, nos últimos anos, os

investigadores têm procurado fontes alternativas,

tais como óleos microbianos, também conhecidos

como óleos de única célula (SCOs), que consistem

de lipídeos produzidos por microrganismos

oleaginosos, incluindo leveduras, fungos e

microalgas (YOUSUF, 2012; GALAFASSI et al,

2012).

Brennan e Owende (2010) relacionam as

principais vantagens da utilização de microalgas na

produção de biocombustíveis, sendo elas:

Microalgas são capazes de produzir óleo o

ano todo e a produtividade de biodiesel

excede os melhores rendimentos das

oleaginosas;

Crescem em meio aquoso, mas

necessitam de menos água que as culturas

terrestres, portanto reduzindo a carga

sobre as fontes de água doce;

Microalgas podem ser cultivadas em água

salobra e em terras não cultiváveis,

minimizando os impactos ambientais;

Microalgas têm um potencial de

crescimento rápido e muitas espécies têm

teor de óleo na faixa de 20-50% de peso

seco;

A produção de biomassa de microalgas

efetua biofixação do CO2;

Os nutrientes para o cultivo de microalgas

(especialmente nitrogênio e fósforo)

podem ser obtidos a partir de águas

residuais, além de proporcionar meio de

crescimento, existe potencialidade na

utilização para o tratamento de efluentes

orgânicos da agroindústria;

O cultivo de algas não exige utilização de

herbicidas e nem pesticidas;

Podem também produzir valiosos co-

produtos tais como proteínas e biomassa

residual depois da extração do óleo, o

qual pode ser utilizado como alimento ou

fertilizantes, ou passar por processo de

fermentação para produção de etanol ou

metano;

A composição bioquímica da microalga

pode ser melhorada por variação das

condições de crescimento, aumentando

dessa forma o rendimento na produção de

óleo;

Microalgas são capazes de produzir

Biohidrogênio.

Mata, Martins e Caetano (2010) relacionaram

as principais espécies de microalgas com seus

conteúdos de lipídeos e produtividades, que estão

relacionados na Tabela 2.

As tecnologias de conversão para a

utilização de biomassa de microalgas podem ser

separadas em duas categorias básicas: conversão

termoquímicas e bioquímicas e estão representados

na Figura 5.

Demirbas e Demirbas (2011) descrevem

que devido ao elevado rendimento de produção de

óleo pela a alta densidade de biomassa de algumas

microalgas, estas são ideais para a agricultura

intensiva e podem ser uma fonte excelente para a

produção de biodiesel, na Figura 6 segue a

representação do fluxograma de obtenção de

biodiesel a partir de microalgas.

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Alvim et al. (2014)

72 | P á g i n a J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.61-78, 2014

Tabela 2. Algumas espécies de microalgas marinhas e de alga doce.

Espécies de microalgas

marinhas e de água doce

Conteúdo

Lipídeos (%

base seca

biomassa)

Produtividade

de Lipídeos

(mg/L/dia)

Produtividade

Volumétrica de

biomassa

(g/L/dia)

Produtividade de

biomassa por

área (g/m2/dia)

Ankistrodesmus sp. 24.0–31.0 – – 11.5–17.4

Botryococcus braunii 25.0–75.0 – 0.02 3.0

Chaetoceros muelleri 33.6 21.8 0.07 –

Chlorella emersonii 25.0–63.0 10.3–50.0 0.036–0.041 0.91–0.97

Chlorella sorokiniana 19.0–22.0 44.7 0.23–1.47 –

Chlorella vulgaris 5.0–58.0 11.2–40.0 0.02–0.20 0.57–0.95

Chlorella sp. 10.0–48.0 42.1 0.02–2.5 1.61–16.47/25

Chlorella pyrenoidosa 2.0 – 2.90–3.64 72.5/130

Chlorella 18.0–57.0 18.7 – 3.50–13.90

Chlorococcum sp. 19.3 53.7 0.28 –

Dunaliella salina 6.0–25.0 116.0 0.22–0.34 1.6–3.5/20–38

Dunaliella primolecta 23.1 – 0.09 14

Dunaliella tertiolecta 16.7–71.0 – 0.12 –

Dunaliella sp. 17.5–67.0 33.5 – –

Ellipsoidion sp. 27.4 47.3 0.17 –

Euglena gracilis 14.0–20.0 – 7.70 –

Isochrysis galbana 7.0–40.0 – 0.32–1.60 –

Isochrysis sp. 7.1–33 37.8 0.08–0.17 –

Monodus subterraneus 16.0 30.4 0.19 –

Monallanthus salina 20.0–22.0 – 0.08 12

Nannochloris sp. 20.0–56.0 60.9–76.5 0.17–0.51 –

Nannochloropsis sp. 12.0–53.0 37.6–90.0 0.17–1.43 1.9–5.3

Nitzschia sp. 16.0–47.0 8.8–21.6

Oocystis pusilla 10.5 – – 40.6–45.8

Pavlova salina 30.9 49.4 0.16 –

Pavlova lutheri 35.5 40.2 0.14 –

Scenedesmus obliquus 11.0–55.0 – 0.004–0.74 –

Scenedesmus sp. 19.6–21.1 40.8–53.9 0.03–0.26 2.43–13.52

Skeletonema sp. 13.3–31.8 27.3 0.09 –

Skeletonema costatum 13.5–51.3 17.4 0.08 –

Spirulina maxima 4.0–9.0 – 0.21–0.25 25

Tetraselmis suecica 8.5–23.0 27.0–36.4 0.12–0.32 19

Tetraselmis sp. 12.6–14.7 43.4 0.30 –

Page 77: Volume 1 (2014) completo

Biotecnologia e biodiversidade

J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.61-78, 2014 73 | P á g i n a

Figura 5. Rotas de conversão de biomassa de algas em biocombustíveis .

Figura 6. Fluxograma produção de biodiesel a partir micro e macro algas.

CONCLUSÃO

Para que a produção de bicombustíveis

ocupe o seu lugar na matriz energética mundial,

substituindo parcialmente ou completamente os

combustíveis fósseis, é necessário que as indústrias

que disponibilizam este produto, estejam

conscientes de que ao se adequarem ao conceito de

biorrefinarias, elas estarão aproveitando melhor a

biomassa, com menos desperdício, maior

quantidade de produtos a ofertar e tornando-se mais

independente das flutuações de preço do mercado

atual.

Os materiais lignocelulósicos são fontes

com grande potencial para a produção de

biocombustíveis obtidos por hidrolise e

fermentação (bioetanol), digestão anaeróbica

(metano), gaseificação (FT-diesel), biodiesel,

Biomassa Alga

Conversão

Termoquímica

anaeróbica

Gaseificação Singás

Liquefação Bio-óleo

Pirólise

Bio-óleo,

singás e

carvão

Pirólise Eletricidade

Conversão

Bioquímica

anaeróbica

Digestão Metano e H2

Fermentação Etanol

Biofotólise Hidrogênio

Micro e Macro Alga

Moagem

Extração

Transesterificação

Separação das fases

Lavagem com água

Biodiesel

Page 78: Volume 1 (2014) completo

Alvim et al. (2014)

74 | P á g i n a J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.61-78, 2014

biohidrogênio entre outros biocombustíveis e

metabólicos secundários com maior valor agregado.

Processos inovadores, principalmente

utilizando materiais lignocelulósicos para utilização

comercial estão em desenvolvimento constante,

entretanto há a necessidade de desenvolvimento de

novas tecnologias com o objetivo de reduzir os

custos do processo de produção de biocombustíveis

de segunda geração.

Biorefineries: Concepts, classification, raw materials and products

ABSTRACT

Due to the growing demand for fuel and the increased emission of greenhouse gases, it’s necessary

to increase the use of clean and renewable fuels. Among the renewable fuels there was two with

current use is in large scale, bioethanol and biodiesel. One of the main challenges for the production

chain of biofuels is the dependence of the product price in the market, the fluctuation of the same

can lead companies to have large losses. The term biorefineries is widely discussed and there are

several definitions for the same. The introduction of the concept of biorefineries in the plants

producing biofuels can lead to reduced costs, increased profitability and independence.

Keywords: Biorefineries, Bioethanol, Biodiesel, Biohydrogen, Joint production.

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J. Bioen. Food Sci, 01 (3): 79-87, 2014

Journal homepage: http://periodicos.ifap.edu.br/index.php/JBFS

ISSN 2359-2710

____________

J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.79-87, 2014 79 | P á g i n a

Produção do algodoeiro em função da adubação fosfatada utilizando

fertilizante Basiduo®

G. A. Freitas1,*, A. C. M. dos Santos1, A. J. G. de Faria1, M. A. S. de Souza2 and R.R. da Silva1

1 Programa de Pós graduação em Produção Vegetal (Mestrado e Doutorado) do curso de Agronomia da Universidade Federal do

Tocantins, UFT, Gurupi-TO. Rua Badejós, Chácaras 69 e 72, Lote 07 Zona Rural 77402-970 - Gurupi, TO. E-mail:

[email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]

2 Engenheira Agrônoma – Supervisora de Marketing - Timac Agro País Bahia Oeste, Via Portuária, km 20, s/nº, Caixa Postal, 49 -

Cia Norte, CEP 43805-190, Candeias – BA. E-mail: [email protected]

INF. ARTIGOS RESUMO

Recebido: 20 Dez, 2014

Aceito: 06 Jan, 2015

Publicado: 15 Jan, 2015

O manejo eficiente da adubação fosfatada em solos de cerrado é essencial para o

aumento da produtividade, redução de custo e viabilização dos sistemas de produção

vigentes. Assim, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito das doses do

fertilizante fosfatado BASIDUO® nos indicadores de produção e calibração da

adubação fosfatada para o cultivo de algodão. O ensaio foi realizado utilizando o

delineamento experimental em blocos casualizados, com cinco repetições e três

replicatas em cada repetição. Os cinco tratamentos avaliados foram compostos pela

aplicação do fertilizante fosfatado BASIDUO® nas doses de 0; 357,14; 714,29;

1071,43 e 1428,57 kg ha-1 o que correspondeu à 0; 100; 200; 300 e 400 kg ha-1 de

P2O5. As variáveis avaliadas foram: altura de plantas, número de ramos por planta,

altura do primeiro ramo, diâmetro do colo, número de ramos produtivos por planta,

número de capulho por planta, massa de um capulho, massa de sementes de 20

capulhos, massa de 100 sementes, produção de fibras de 20 capulhos, massa de 20

capulhos e produtividade. A adubação fosfatada utilizando fertilizantes BASIDUO®

influenciou de forma significativa na maioria das características avaliadas, tendo

maior destaque para o aumento da produtividade em 16 @ ha-1 a mais em relação às

plantas testemunha.

Termos de indexação:

Gossypium hirsutum

Fósforo

Tecnologia MPPA DUO

*Autor para correspondência

[email protected]

© 2014 JBFS all rights. This is an open access article distributed under the Creative Commons Attribution License, which permits unrestricted use,

distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly cited.

Como referenciar esse documento (ABNT):

FREITAS, G. A. et al. Produção do algodoeiro em função da adubação fosfatada utilizando fertilizante Basiduo®. Journal of Bioenergy and Food

Science. Macapá, v.1, n. 3, p. 79-88, out./dez. 2014.

________________________________________________________________________________________________________________________

INTRODUÇÃO

O algodão (Gossypium L.) está entre as mais

importantes culturas de fibras no mundo,

movimentando anualmente no mundo cerca de US$

12 bilhões. Nas últimas três safras, com volume

médio próximo de 1,7 milhão de toneladas de

pluma, o Brasil se colocou entre os cinco maiores

produtores mundiais, além de ser também o

terceiro país exportador e o primeiro em

produtividade em sequeiro (ABRAPA, 2014).

O estado da Bahia é o segundo maior

produtor de algodão do Brasil, com destaque

especial para o oeste do estado. Região esta que está

inserida no bioma cerrado. Dentre as culturas anuais,

o algodoeiro destaca-se pela tolerância relativamente

alta a seca, devido principalmente ao

aprofundamento de seu sistema radicular,

explorando água de camadas subsuperficiais no solo

(ROSOLEM, 2006). Para adequada nutrição da

cultura do algodão em solos do Cerrado brasileiro,

se faz necessária à utilização de elevadas doses de

fertilizantes, devido ao predomínio de solos

altamente intemperizados, caracterizados pela baixa

disponibilidade de nutrientes às plantas, como

encontrado nos solos de cerrado. Neste contexto, o P

merece especial atenção por causa da sua grande

adsorção à fase mineral do solo, predominantemente

de baixa reversibilidade, principalmente nos óxidos

de Fe e Al (SCHONINGER et al., 2013).

Esse elemento apresenta função estrutural,

são constituintes de ácidos nucleicos, fosfolipídios,

Art

igo

cie

ntí

fico

Page 84: Volume 1 (2014) completo

Ciências Agrárias

80 | P á g i n a J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.79-87, 2014

estando envolvido também na regulação da

fotossíntese e respiração. É essencial para a boa

formação de sementes e frutos. Está presente,

também, nos processos de transferência de energia e

o seu suprimento adequado, desde o início do

desenvolvimento vegetativo, é importante para a

formação dos primórdios das partes reprodutivas

(PEREIRA & FONTES, 2005).

A suplementação de fósforo na fase inicial

do desenvolvimento das culturas é crucial na

otimização da produção final, onde em estágios

posteriores sua limitação demonstra-se menos

relacionada à produtividade (GRANT et al., 2005).

Em função do seu conhecido efeito residual e do

baixo aproveitamento pelas culturas, o fósforo tende

a se acumular no solo em áreas continuamente

adubadas, sendo possível diminuir as quantidades

aplicadas com o passar dos anos (CARVALHO et

al., 2007).

Zancanaro (2004) cita que na cultura do

algodão cultivada no cerrado, tem-se utilizado doses

totais de fósforo que variam de 80 a 200 kg ha-1,

independentemente do teor de fósforo disponível no

solo. Já Ferreira & Carvalho (2005) verificou que o

algodoeiro deve ser cultivado em solo de cerrado

corrigido em sua fertilidade. Sob plantio

convencional, é comum o uso de 120 a 150 kg ha-1

no primeiro ano de cultivo do algodoeiro, a lanço

usando superfosfato simples, logo após a rotação

com a soja no Estado da Bahia, em sua maior área

sob plantio convencional.

Considerando a necessidade de se calibrar

uma dose eficiente e econômica de fósforo a ser

aplicada e que as reservas de rochas fosfatadas no

país são escassas, aliado aos altos custos desses

fertilizantes e o fato de que o nutriente é um recurso

não renovável, justificam-se estudos para

aperfeiçoar a eficiência no uso de fertilizantes

fosfatados (PROCHNOW et al., 2003),

principalmente na região do Cerrado onde a

eficiência deste é reduzida devida a elevada taxa de

adsorção do P aplicado.

Assim, o presente trabalho teve como

objetivo avaliar o efeito das doses do fertilizante

fosfatado BASIDUO® nos indicadores de produção

e calibração da adubação fosfatada para o cultivo de

algodão.

MATERIAIS E MÉTODOS

O presente trabalho foi realizado em

parceria estabelecida entre a empresa TIMAC Agro/

Zona Oeste, Fazenda grupo Mizote e Universidade

Federal do Tocantins - Campus de Gurupi. O

experimento foi realizado na área de produção da

Fazenda grupo Mizote, sendo implantado na safra

2014 em uma área de sequeiro. A fazenda está

localizada no município de Luiz Eduardo

Magalhães, extremo Oeste da Bahia, entre as

coordenadas de 11º 51’ 08” e 12º 33’ 50” de latitude

Sul e 45º 37’ 50” e 46º 23’35” de longitude Oeste. O

clima da região segundo a classificação climática de

Kopen é do tipo Bsh, quente e seco com chuvas de

inverno. A precipitação local é sempre superior a

1000 mm anual (Figura 1), concentrando-se nos

meses de outubro a março e período de seca entre os

meses de abril e setembro e temperatura média entre

34 e 18 °C (CASTRO et al., 2010).

Figura 1 Precipitação durante o período de

condução do experimento (média de cinco

pluviômetros), Luiz Eduardo Magalhães - BA

(2013/2014).

O ensaio foi realizado utilizando o

delineamento experimental de blocos casualizados

(DBC), com cinco repetições e três replicatas em

cada repetição. Os cinco tratamentos avaliados

foram compostos pela aplicação do fertilizante

BASIDUO® nas doses de 0; 357,14; 714,29;

1071,43 e 1428,57 kg ha-1 o que correspondeu à 0;

100; 200; 300 e 400 kg ha-1 de P2O5. Resultando

assim nos seguintes tratamentos: T1: Testemunha - 0

kg ha-1 de P2O5; T2: 100 kg ha-1 de P2O5; T3: 200 kg

ha-1 de P2O5; T4: 300 kg ha-1 de P2O5; e T5: 400 kg

ha-1 de P2O5.

A área experimental foi de 5000 m² sendo

que cada parcela foi constituída por área equivalente

a 1000 m² cultivada com a cultivar de algodão na

qual foi utilizada a variedade DP 1228- BT2 RR

FLEX no espaçamento de 0,76 m entre linhas, com

aproximadamente 11 plantas por metro, totalizando

um stand de aproximadamente 144.737 plantas ha-1.

O fertilizante BASIDUO® é um produto da

empresa TIMAC AGRO. O fertilizante promove a

proteção, atração e principalmente maior absorção

para a planta. Este fertilizante tem como vantagens a

ação protetora dos nutrientes presentes no grânulo

através da tecnologia MPPA DUO; Maior proteção

contra lixiviação (N e K); Maior proteção contra a

fixação do fósforo no solo (P); Maior

disponibilidade de nutrientes para as plantas.

A semeadura foi realizada utilizando

semeadora mecanizada, regulada para 12 sementes

0

100

200

300

400

500

Out. Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Mai.

Pre

cip

ita

ção

(m

m)

Meses (2013/2014)

Page 85: Volume 1 (2014) completo

Freitas et al.

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J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.79-87, 2014 81 | P á g i n a

por metro linear. Após a emergência das plantas foi

feito duas aplicações nos sucos ao lado da linha de

plantio utilizando ureia como fertilizante

nitrogenado numa quantidade de 350 kg ha-1. Os

tratos culturais foram realizados segundo as

recomendações para a cultura do algodão no Estado

da Bahia.

Após o término do ciclo do algodoeiro que

ocorreu em 160 dias após o plantio, foi realizada a

colheita manual dos capulhos na área útil da parcela,

desprezando se dois metros de bordaduras.

Para avaliar o efeito de doses de P2O5 com

uso do fertilizante BASIDUO® nos indicadores de

produção das plantas do algodão DP 1228- BT2 RR

FLEX e a calibração da adubação fosfatada para os

solos da região oeste do Estado da Bahia foram

usados os indicadores de produção: altura de plantas

(AP) (cm); número de ramos por planta (NRP);

altura do primeiro ramos (APR) (cm); diâmetro do

colo (DC) (mm); número de ramos produtivos por

planta (NRPP); número de capulho por planta

(NCP); massa de um capulho (g); massa de sementes

de 20 capulho (g); massa de 100 sementes (g);

produção de fibras de 20 capulhos (g); massa de 20

capulhos (g) e produtividade (P) (@ ha-1). A altura

de plantas e altura do primeiro ramo foi determinada

através da medição direta utilizando régua graduada

em milímetros. O diâmetro do colo de cada planta

amostrada foi determinado através de medição direta

em milímetro com o auxílio de um paquímetro

digital. O número de ramos por planta, número de

ramos produtivo por planta, número de capulhos por

planta foi determinada através da contagem desses

indicadores nas plantas amostradas. A massa de um

capulho, a massa de sementes de 20 capulhos, a

massa de 100 sementes, as massas de 20 capulhos

produtivos foram determinadas em balança com

precisão com três casas decimais. A produtividade

foi determinada com base na produção de fibras de

20 capulhos amostrados e colhidos em cada

experimento, sendo estes corrigidos a partir do

espaçamento e quantidade de plantas por metro

linear e transformados para @ ha-1.

Os dados obtidos foram submetidos à

análise de regressão, avaliando a significância dos

betas e dos coeficientes de determinação utilizando o

programa Statística versão 7.0 (STATSOFT, 2014).

Os gráficos das regressões foram plotados utilizando

o programa estatístico SigmaPlot versão 10®

(SYSTAT, 2014).

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A altura da planta (AP) apresentou resposta

quadrática significativa em função das doses de

fósforo (P) avaliadas a partir da fonte BASIDUO®

(Figura 2). A máxima resposta em crescimento das

plantas de algodão à adubação fosfatada foi obtida

na dose de 154 kg ha-1 de P2O5, dose na qual as

plantas atingiram altura máxima de 105,14 cm,

apresentando um incremento de aproximadamente

9,5 % em relação a testemunhas.

Figura 2. Altura de plantas (AP) e Número de

ramos/planta (NRP) de plantas de Algodão (DP 1228-

BT2 RR FLEX) em função de doses crescentes de P2O5

aplicado via fertilizante BASIDUO®, Luiz Eduardo

Magalhães-BA (2014).

O valor da altura de plantas (AP),

encontrado no presente ensaio, foram superiores

aquelas verificados por Gonçalves et al. (2010)

avaliando 10 cultivares de algodoeiro em quatro

municípios do Norte de Minas, os quais obtiveram

médias de altura de plantas de 75 cm até médias

superiores a 90 cm. Aquino (2009) trabalhando no

parcelamento do fósforo na cultura do algodão

irrigado em Neossolo quartzarênico obteve altura de

plantas aos 80 dias após a emergência de 79,2 cm,

77,0 cm e 78,0 cm nas respectivas doses de 0, 50 e

120 kg ha-1 de P2O5. Kaneko et al. (2011)

trabalhando com resposta do algodão adensado a

doses de fósforo (50, 100, 150, 200 kg ha-1 de P2O5)

na “região dos chapadões” observaram efeito não

significativo na altura das plantas apresentando em

média 0,74 m em função das doses de fósforo.

De acordo com Silva et al. (2011) a altura

média das plantas é um dos fatores que mais afetam

Page 86: Volume 1 (2014) completo

Ciências Agrárias

82 | P á g i n a J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.79-87, 2014

a colheita do algodão, pois a plataforma de colheita

possui tamanho fixo e as plantas muito altas podem

vir a serem tombadas e amassadas pela máquina.

Fato também observado por Gonçalves et al. (2010)

que relataram também que há maior suscetibilidade

de plantas altas ao acamamento.

O número de ramos por planta de algodão

(NRP) apresentou resposta quadrática significativa

em função das doses de fósforo (P) aplicados a partir

da fonte fosfatada BASIDUO ® (Figura 2). A dose

de máxima eficiência no número de ramos por

planta de algodão à adubação fosfatada foi obtida na

dose de 199,5 kg ha-1 de P2O5, na qual obteve

resposta de 11,65 ramos por planta, apresentando um

incremento de 16,5 % em relação às plantas

testemunhas.

Esse incremento no número de ramos por

planta pode ser explicado pelo efeito da adubação

fosfatada aliada ao espaçamento em que foi

implantado o experimento, caracterizando um

plantio não adensado de plantas. Bednarz et al.

(1998) realizando trabalho com avaliação de

diferentes espaçamentos de cultivo para o algodão,

concluiu que os números de ramos vegetativos são

influenciados pelo espaçamento de plantio, onde o

mesmo reduz com o maior adensamento das plantas.

A altura do primeiro ramo (APR) das plantas

de algodão apresentou resposta linear em função das

doses de fósforo (P) aplicadas a partir das fontes

fosfatadas BASIDUO® (Figura 3). No entanto, esta

regressão não foi significativa, indicando que os

resultados não diferem de zero (ausência de

adubação fosfatada) e que não houve resposta

significativa dessa característica (APR) ao aumento

das doses de P aplicados no solo. Além disso, o

efeito da adubação fosfatada sobre essa variável

apresentou pouca amplitude (2 cm) entre a maior e a

menor APR, tendo as plantas apresentando em

média 32 cm de APR. São escassos na literatura

estudos focando avaliações desse tipo de

características em relação a diferentes níveis de

adubação fosfatada, bem como resultados

observados que possa ser representativo. No entanto

pesquisas relacionadas a essa variável são realizados

em função da densidade de plantio. Em relação ao

espaçamento e a densidade de plantas no

experimento podemos comparar com experimento

proposto por Justi et al. (2003a) que estudaram

quatro cultivares de algodão e quatro densidades de

planta na linha (5,10,15 e 20 plantas m-1) concluíram

que, nas maiores densidades para todas as cultivares

avaliadas, ocorreu um incremento na altura de

inserção do primeiro ramo. Fato explicado pela

maior competitividade das plantas em relação ao

espaço e nutrientes, causando um fenômeno

denominado de estiolamento do caule.

Figura 3. Altura do primeiro ramo (APR) e o Diâmetro do colo

(DC) de plantas de Algodão (DP 1228- BT2 RR FLEX) em

função de doses crescentes de P2O5 aplicado via fertilizante

BASIDUO®, Luiz Eduardo Magalhães-BA (2014).

Ao passo que Silva (2007) não apresentou

variação da altura de inserção do primeiro ramo em

diferentes espaçamentos (0,30; 0,60 e 90 cm) entre

linhas avaliadas nas cidades de campinas e em leme

(SP) nas safras de 1999/00 e 2000/01.

O diâmetro do colo (DC) das plantas de

algodão apresentou resposta linear crescente

significativa em função das doses de fósforo (P)

aplicado a partir da fonte fosfatada BASIDUO®

(Figura 3). A dose de máxima eficiência no diâmetro

do colo foi obtida na dose de 400 kg ha-1 de P2O5, na

qual obteve uma resposta de 9,2 mm no diâmetro do

colo das plantas. Dado superior ao encontrado na

testemunha que foi de 7,2 mm. Obtendo assim um

incremento de 27,7% em relação à testemunha que

não recebeu adubação fosfatada. Este resultado

mostra que o fertilizante ainda não alcançou sua

máxima eficiência agronomia podendo as plantas

responder em diâmetro do colo superior a 400 kg ha-

1 de P2O5.

Assim como a variável altura de inserção do

primeiro ramo, são escassos na literatura estudos

focando avaliações desse tipo de características em

relação a diferentes níveis de adubação fosfatada.

Entretanto, o diâmetro de colo varia de acordo com

o espaçamento inserido. Fawler & Ray (1977)

avaliando duas cultivares de algodão em relação a

cinco espaçamentos entre linhas, variando de 12,7 a

Page 87: Volume 1 (2014) completo

Freitas et al.

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J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.79-87, 2014 83 | P á g i n a

50,8 cm, observou menor diâmetro de colo.

Resultado este incompatível com o experimento

realizado, onde o diâmetro do colo obteve

incrementos significativos, podendo ser explicado

pelo maior espaçamento entre linhas (0,76 m) e a

adubação fosfatada de 400 kg ha-1 de P2O5, assim

esta variável sofreu influência significativa da

adubação fosfatada.

No entanto podemos dizer que adubação

fosfatada contribuiu para o crescimento do diâmetro

do caule evitando o quebramento e o acamamento

das plantas. Carmo et al. (2010) observaram o

mesmo resultado na avaliação do diâmetro de caule

de duas variedades de mamona (Ricinus communis

L.) cultivadas sob diferentes níveis de fósforo nos

cerrados, onde a adubação fosfatada nas doses de

148,66 kg ha-1 e 124,83 kg ha-1 proporcionaram nas

duas variedades de mamona um acréscimo no

diâmetro de caule.

O número de ramos produtivos por planta (NRPP)

não apresentou ajuste significativo à regressão,

indicando que as doses de fósforo aplicado a partir

da fonte fosfatada BASIDUO® (Figura 4) não

apresentaram efeito significativos sobre essa

variável. O número de ramos produtivos apresentou

pouca variação em função das doses de fósforo (P),

diferindo menos de um ramo produtivo entre a maior

e a menor resposta as doses de adubação fosfatada,

produzindo em média 6,4 ramos produtivos.

São escassos na literatura estudos focando

avaliações desse tipo de características em relação à

O número de capulhos por planta (NC) não

apresentou ajuste significativo à regressão,

indicando que as doses de fósforo aplicado a partir

da fonte fosfatada BASIDUO® (Figura 4) não

apresentaram efeito significativo sobre essa variável.

O número de capulhos apresentou pouca variação

em função das doses de fósforo (P), diferindo uma

unidade de capulho entre a maior e a menor resposta

as doses de adubação fosfatada, produzindo em

média 8 capulhos por planta de algodão. Os maiores

números de estruturas reprodutivas interferem

diretamente no número de capulhos por planta,

como as duas características não apresentaram

diferenças significativas em função das doses, assim

era de se esperar uma igualdade no número de

capulhos por planta em função das doses.

Resultado este superior ao encontrado por

Kaneko et al. (2011) trabalhando com resposta do

algodão adensado a doses de fósforo (50, 100, 150,

200 kg ha-1 de P2O5) na “região dos chapadões” pode

observa-se efeito não significativo entre os

tratamentos sendo que em média as plantas

apresentavam 5,6 capulhos por planta. Aquino et al.

(2011), trabalhando com parcelamento do

fertilizante fosfatado no algodoeiro em sistema de

cultivo irrigado e de sequeiro verificaram que na

dose de 50 kg ha-1 de P2O5, 80 dias após a

emergência das plantas obteve número de capulhos

por planta correspondente a 4,8 unidades em

sequeiro, dados muito abaixo em relação aos

encontrados neste trabalho.

Figura 4. Números de ramos produtivos por planta (NRPP) e o

Número de capulhos/planta (DC) de plantas de Algodão (DP

1228- BT2 RR FLEX) em função de doses crescentes de P2O5

aplicado via fertilizante BASIDUO®.

Foloni et al. (2000) também não verificou

ajuste significativo a regressão para o número e peso

médio de capulhos no terço inferior (primeiro e

segundo ramos reprodutivos), médio (localizados

entre o nono e décimo primeiro ramo reprodutivo) e

superior (correspondeu aos demais ramos

produtivos) do algodão e não apresentaram efeitos

estatisticamente significativos como resultado da

aplicação de doses crescentes de adubação fosfatada

em Latossolo vermelho-amarelo textura muito

argilosa e solo Latossolo vermelho-amarelo textura

argilosa.

De acordo com Silva et al. (1990), o

adequado suprimento de fósforo concorre para maior

pegamento das estruturas reprodutivas. Isso resulta

em maior número de capulhos por planta na colheita

e, por conseguinte em maior produtividade.

Page 88: Volume 1 (2014) completo

Ciências Agrárias

84 | P á g i n a J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.79-87, 2014

A massa de um capulho apresentou resposta

quadrática significativa em função das doses de

doses de P2O5 aplicado a partir da fonte fosfatada

BASIDUO® (Figura 5). A dose de máxima eficiência

para o ganho de massa de um capulho foi de 159,1

kg ha-1 de P2O5. Dose na qual obtiveram massa

máxima de 4,61 g de apenas um capulho.

Apresentando um incremento de 2,7% em relação à

massa de capulhos de plantas que não receberam

adubação fosfatada. Tais resultados ficaram abaixo

do encontrado por Aquino et al. (2011), os quais

citam que a massa de um capulho encontrada em

plantio de sequeiro com dose fixa de 50 kg ha-1 de

P2O5, 35 dias após a emergência foi de 5,9 g. Tal

resultado pode ser explicado pelo efeito residual do

parcelamento dessa adubação fosfatada na

semeadura e na cobertura, tornado o solo com níveis

altos de fósforo na sua solução e com grande

disponibilidade para a planta, onde o mesmo vai ser

absorvido gradualmente durante o ciclo da cultura.

Figura 5. Massa de um capulho (g) e a Massa de sementes de

20 capulhos (g) de plantas de Algodão (DP 1228- BT2 RR

FLEX) em função de doses crescentes de P2O5 aplicado via

fertilizante BASIDUO®, Luiz Eduardo Magalhães-BA (2014).

A massa de um capulho, que é proporcional

ao seu tamanho, além de ser um fator de produção, é

importante na cultura do algodoeiro por determinar a

facilidade da colheita (SABINO et al., 1998).

A massa de sementes de 20 capulhos

apresentou resposta quadrática significativa em

função das doses de P2O5 aplicado a partir da fonte

fosfatada BASIDUO® (Figura 5). A dose de máxima

eficiência para ganho de massa de sementes de 20

capulhos foi 192,26 Kg ha-1 de P2O5. Dose na qual

obtiveram massa máxima de 55,03 g, apresentando

um incremento de 4% quando comparadas com as

plantas cultivadas na ausência da adubação

fosfatada.

A baixa disponibilidade de P nos solos

limita o desenvolvimento dos vegetais e, por sua

vez, pode reduzir o tamanho, o número, a

viabilidade e o vigor das sementes (SCHUCH,

2000). Grant et al. (2001) relatando a importância do

fósforo no desenvolvimento inicial da planta, resalta

que o estresse de fósforo diminui mais o número

total de sementes produzidas que o tamanho da

semente.

A massa de 100 sementes apresentou

resposta linear significativa crescente em função das

doses de P2O5 aplicado a partir da fonte fosfatada

BASIDUO® (Figura 6).

Figura 6. Massa de 100 sementes (g) e a Produção de fibras de

20 capulhos (g) de plantas de Algodão (DP 1228- BT2 RR

FLEX) em função de doses crescentes de P2O5 aplicado via

fertilizante BASIDUO®, Luiz Eduardo Magalhães-BA (2014).

As plantas de algodão apresentaram máxima

resposta para a dose de 400 kg ha-1 de P2O5. Dose na

qual obtiveram uma massa máxima de 8,57 g,

apresentando um incremento de 4% quando

comparadas com as plantas cultivadas na ausência

da adubação fosfatada. Este resultado mostra que o

fertilizante ainda não alcançou sua máxima

eficiência agronomia podendo as plantas responder

em massa de 100 sementes a doses superiores 400

Page 89: Volume 1 (2014) completo

Freitas et al.

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J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.79-87, 2014 85 | P á g i n a

kg ha-1 de P2O5. Vieira (1986) observou que plantas

cultivadas em solo com altos teores de fósforo

produziram sementes com maior massa e vigor em

relação às das plantas mal nutridas com esse

nutriente. De acordo com Schuch (2000) a baixa

disponibilidade de P nos solos limita o

desenvolvimento dos vegetais e, por sua vez, pode

reduzir o tamanho, o número, a viabilidade e o vigor

das sementes. Em relação ao espaçamento Nichols

& Sniper (2001) concluíram que a massa de

sementes não varia com a população de plantas ou o

espaçamento adotado.

A produção de fibras de 20 capulhos

apresentou resposta quadrática significativa em

função das doses de P2O5 aplicado a partir da fonte

fosfatada BASIDUO® (Figura 6). A dose de máxima

eficiência para a produção de fibras de 20 capulhos

foi de 160,04 kg ha-1 de P2O5. Dose na qual

obtiveram massa máxima de 37,74 g, apresentando

um incremento de 2,3 % quando comparadas com as

plantas cultivadas na ausência da adubação

fosfatada. De acordo com Silva et al. (1990) há a

aplicação da dose de 726 kg ha-1 de P2O5 (121 kg ha-

1 P2O5 ano-1) parcelada ao longo de seis anos no

sulco de semeadura ou no primeiro e quarto ano a

lanço, proporcionou maior produtividade e efeitos

positivos na qualidade da fibra quando comparada

com a aplicação a lanço em dose única, no primeiro

ano.

A massa de 20 capulhos apresentou resposta

quadrática significativa em função das doses de P2O5

aplicados com o uso da fonte BASIDUO® (Figura

7). A dose de máxima eficiência foi de 160,04 kg ha-

1 de P2O5. Dose na qual obtiveram massa máxima de

62,38 g, a adubação fosfatada promoveu um

incremento 31% quando comparadas com as plantas

cultivadas na ausência da adubação fosfatada.

Resultado este superior ao encontrado por Kaneko et

al. (2011) trabalhando com resposta do algodão

adensado a doses de fósforo (50, 100, 150, 200 kg

ha-1 de P2O5) na “região dos chapadões” pode

observa-se efeito não significativo entre os

tratamentos em relação a massa de 15 capulhos.

A produtividade (P) do algodão apresentou

resposta quadrática significativa em função das

doses de P2O5 aplicados com o uso da fonte

BASIDUO® (Figura 7). A produtividade (P)

apresentou sua máxima resposta na dose de 200,61

kg ha-1 de P2O5. Dose na qual obtiveram

produtividade máxima de 139,20 @ ha-1. A

adubação fosfatada promoveu um incremento de

11,57% na produtividade, quando comparada com as

plantas cultivadas na ausência da adubação

fosfatada. Tais resultados para uma maior produção

também foi encontrado por Medeiros et al. (2004)

avaliando diferentes doses de adubação fosfatada,

cita que a melhor dose para se obter uma maior

produção na cultura de algodão está em torno de 200

kg ha-1. O que comprova o resultado obtido.

Carvalho (2011) avaliando resposta do algodoeiro a

adubação fosfatada demonstra que para se conseguir

uma maior produtividade para algodão em caroço

(6.709 kg ha-1) e necessário uma dose de 115 kg ha-

1de P2O5.

Figura 7. Massa de 20 capulhos e a Produtividade de plantas

de Algodão (DP 1228- BT2 RR FLEX) em função de doses

crescentes de P2O5 aplicado via fertilizante BASIDUO®, Luiz

Eduardo Magalhães-BA (2014).

A adubação com fósforo e necessária para

alcançar elevadas produtividades. Em colos com

baixa disponibilidade de fósforo, a resposta do

algodoeiro à aplicação de fósforo pode sobressair a

de outros nutrientes.

CONCLUSÕES

1- As plantas de algodão respondem a altas doses de

P2O5 aplicados em solos do Cerrado no Oeste da

Bahia, aumentando sua produtividade em função das

doses crescentes de P2O5 em até 11,57% em relação

à não aplicação de fósforo.

2- A adubação fosfatada influência de forma

significativa na Altura de plantas (AP); número de

ramos por planta (NRP), diâmetro do colo (DC), a

massa de um capulho, massa de sementes de 20

capulhos, massa de 100 sementes, produção de

fibras de 20 capulhos, massa de 20 capulhos e a

produtividade (P).

Page 90: Volume 1 (2014) completo

Ciências Agrárias

86 | P á g i n a J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.79-87, 2014

3- A adubação fosfatada promoveu um aumento na

produtividade de 16 @ ha-1 a mais em relação às

plantas testemunha.

Culture Cotton one phosphorus fertilization using Basiduo® fertilizer in cerrado soils

Abstract - The management of phosphate fertilizer efficient cerrado soils is essential pair increased

productivity, cost reduction and viability of existing production systems. Thus, the present work was to

evaluate the effect of fertilizer doses phosphate BASIDUO® In Production Indicators and calibration of

phosphorus fertilization for cotton cultivation. The test was conducted using a randomized block design with

five replicates and three replicates in each repetition. The five treatments consisted of application of phosphate

fertilizer BASIDUO® at rates of 0 ; 357.14 ; 714.29 ; 1071.43 and 1428.57 kg ha- 1 which corresponds to 0 ;

100; 200; 300 and 400 kg ha- 1 of P2O5. The variables evaluated were: plant height, number of branches per

plant, the first branches height, stem diameter, number of branches per plant, number of bolls per plant, boll

mass, mass of 20 boll seed mass 100 seeds and cotton boll fibers 20, 20 bolls and mass productivity. The

phosphorus fertilization using BASIDUO® fertilizers significantly influenced most of the traits evaluated, with

greater emphasis on increasing productivity in 16 @ ha- 1 more than in the control plants.

Index terms: Gossypium hirsutum , phosphorus , MPPA DUO technology.

REFERÊNCIAS

AQUINO, L. A.; BERGER, P. G.; OLIVEIRA, R. A.;

NEVES, J. C. L.; LIMA, T. C.; BATISTA, C. H.;

Parcelamento do fertilizante fosfatado no algodoeiro em

sistema de cultivo irrigado e de sequeiro. Revista

Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental.

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AQUINO, L. A. Parcelamento do Fósforo na cultura

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ISSN 2359-2710

88 | P á g i n a JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.88-90, 2014

Produção e Análise de Cerveja Artesanal à Base de Milho

S. L.M. Viroli1*, J. T. F. Vieira1 e L. M. C. de Sousa2

1 Instituto Federal de Ciência, Tecnologia e Educação do Tocantins (IFTO) - Distrito Agroindustrial de Paraíso - Vila Santana (BR

153), CEP 77600-000, Paraíso do Tocantins-TO, Brasil. [email protected]; [email protected]

2 Discente do programa de pós-graduação (mestrado) em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal do Tocantins,

Campus Palmas, Av.: NS 15 ALC NO 14, 109 Norte - 77001-090.Palmas-TO, Brasil. [email protected]

INF. ARTIGOS RESUMO

Recebido: 16 Ago, 2014

Aceito: 08 Dez, 2014

Publicado: 13 Jan, 2015

A cerveja é uma bebida de ampla difusão e intenso consumo, sendo

conhecida em diversos países no mundo desde a antiguidade. Segundo o Art.

64 da Lei nº. 8.918, de 14 de julho de 1994, define cerveja, como: “Bebida

obtida pela fermentação alcoólica do mosto cervejeiro oriundo do malte de

cevada e água potável, por ação da levedura, com adição de lúpulo. O malte

de cevada usado na elaboração de cerveja e o lúpulo poderão ser substituídos

por seus respectivos extratos. Parte do malte de cevada poderá ser substituído

por cereais maltados ou não, e por carboidratos de origem vegetal

transformados ou não”. O presente estudo teve por objetivo produzir e

avaliar a qualidade de cerveja artesanal a base de milho através das análises

físico-químicas de pH, extrato seco, densidade e acidez total e também de

evidenciar a viabilidade da produção de cerveja a partir do malte deste

cereal. Os valores encontrados para esses parâmetros foram: pH (2,93);

Extrato Seco (4,233 g.L-1); densidade (0,997 g.cm-3) e acidez (2,46 meq.L-1).

Os valores encontrados estão dentro dos padrões estabelecidos pela

legislação o que demonstra viabilidade na produção de cerveja a base de

milho.

Termos de indexação:

Cerveja

Fermentação alcoólica

Cereais maltados

*Autor para correspondência

[email protected]

© 2014 JBFS all rights. This is an open access article distributed under the Creative Commons Attribution License, which permits unrestricted use,

distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly cited.

Como referenciar esse documento (ABNT):

VIROLI, S. L. M.; VIEIRA, J. T. F.; SOUSA, L.M. C. Produção e análise de cerveja artesanal a base de milho. Journal of Bioenergy and Food

Science. Macapá, v.1, n. 3, p.96-98 out./dez. 2014.

________________________________________________________________________________________________________________________

INTRODUÇÃO

Cerveja é a bebida obtida pela fermentação

alcoólica do mosto cervejeiro oriundo do malte de

cevada e água potável, por ação da levedura, com

adição de lúpulo. O malte de cevada usado na

elaboração de cerveja e o lúpulo poderão ser

substituídos por seus respectivos extratos. Parte do

malte de cevada poderá ser substituída por cereais

maltados ou não, e por carboidratos de origem

vegetal transformados ou não (BRASIL, 1994).

As bebidas alcoólicas são tão antigas quanto

a humanidade e numerosas como suas etnias.

Fenícios, hebreus, egípcio, chineses, germânicos,

gregos e romanos mencionaram-nas e cada povo

praticamente tem as suas, a partir das fontes naturais

próprias, açúcares e amiláceos, como frutas, cana,

milho, trigo, arroz, batata, centeio, aveia, cevada,

raízes e folhas. (AQUARONE, et al, 2001).

Embora existam similaridades entre a

produção do vinho e a cerveja, esta última é feita a

partir de grão, particularmente da cevada.

Primeiramente deve-se germinar a cevada mediante

o processo de maltagem de forma que a amilase

possa decompor parte dos amidos em maltose. É

esta maltose que é fermentada pelo levedo, ao passo

que, no vinho, os açúcares para a fermentação já

estão disponíveis na uva. (PROUDLOVE, 1996).

O termo técnico malte define a matéria

prima resultante da germinação de qualquer cereal

sob condições controladas. Quando não há

denominação, subentende-se que é feito de cevada;

em qualquer outro caso, acrescenta-se o nome do

cereal. Assim, tem-se malte de milho, de trigo, de

No

ta t

écn

ica

Page 93: Volume 1 (2014) completo

Nota técnica

____________

J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.88-90, 2014 89 | P á g i n a

centeio, de aveia e de outros cereais (AQUARONE,

et al, 1983).

Este trabalho teve por objetivo produzir e

analisar uma cerveja artesanal a base de milho (Zea

mays).

MATERIAIS E MÉTODOS

O experimento foi realizado no Laboratório

de Alimentos do Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia - Campus Paraíso do

Tocantins.

Para a produção da cerveja foram utilizados

os procedimentos descritos por Aquarone et. al.

(1983) e Reguly (1996).

A caracterização da qualidade da cerveja

produzida foi realizada através das análises de pH,

extrato seco, densidade e acidez total, conforme

normas do Instituto Adolfo Lutz (IAL, 1985).

Segundo Aquarone (1983) quanto a escolha

do cereal, devem ser levadas em conta as seguintes

características, que constituem métodos de avaliação

do potencial de maltagem:

O processo de produção de cerveja consiste

basicamente em quatro etapas como descrito na

Figura 01 abaixo:

Figura 01: Fluxograma de Produção da Cerveja.

10 Kg de grãos de milho foram adquiridos

no comércio local, selecionados, sanitizados com

solução de hipoclorito de sódio a 150 ppm, lavados

em água corrente e acondicionados em recipiente

plástico, com capacidade para 50 litros, com gelo e

água, para que ocorresse a absorção de umidade e o

efeito germinativo em aproximadamente 5 a 7 dias

conforme a Figura 02.

O recipiente permaneceu tampado mantido

na temperatura de 4ºC a 10ºC, com troca da água de

refrigeração a cada 8 horas.

Após absorção de umidade e germinação o

milho foi seco a temperatura ambiente por 5 dias,

em local protegido do ataque de insetos e poeiras

em seguida triturado, seguido da brasagem para a

extração dos açucares para a fermentação conforme

apresentado na Figura 03

Figura 02 Germinação do Milho.

Figura 03. Trituração do Milho (A); Brassagem

(B).

Para o preparo do mosto foi utilizada

proporção 10:1 de malte em relação ao mosto,

0,5g/L de NH2H2PO4, 0,05 g/L de MgSO4 e 0,5g/L

de lúpulo. Adicionou-se sacarose até obter 10° Brix

no mosto. Posteriormente o pH foi corrigido a 4,5

com Na2CO3. A inoculação do mosto foi realizada

com Saccharomyces cerevisiae (Fermento

Fleishmann©).

A etapa mais lenta do processo é a

fermentação, na qual as células livres em suspensão

fermentam o mosto de forma descontínua, sem

agitação. A fermentação primária requer um tempo

de aproximadamente sete dias para ser completada e

a maturação pode levar várias semanas. Atualmente,

com o emprego de elevadas temperaturas de

fermentação e cepas selecionadas de leveduras, é

possível produzir cervejas entre 12 e 15 dias

(DEAGONE, 2007).

Após a fermentação o produto foi envasado

em garrafas de vidro âmbar previamente sanitizados

e em seguida encaminhados para as análises dos

parâmetros de qualidade.

Fermentação

Preparo do Mosto

Inoculação

Envase

Obtenção do Malte

Page 94: Volume 1 (2014) completo

Viroli, Vieira & Sousa

90 | P á g i n a JJ. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.88-90, 2014

RESULTADOS

Os resultados obtidos nas amostras de

cerveja estão na Tabela 1.

Tabela 01 Valores das Análises Físico-Químicas.

Parâmetros analisados Média e Desvio Padrão

pH 2,933 ± 0,015

Extrato seco (g L-1) 4,233 ± 0,252

Densidade (g cm-3) 0,997 ± 0,001

Acidez Total (meq L-1) 2,46 ± 0,01

É possível observar que a acidez total

apresentou valores dentro dos permitidos para baixa

fermentação. A quantidade de extrato seco

apresenta-se relativamente baixa, já que a

quantidade permitida para baixa fermentação é de

33 g/L. Como era de se esperar o pH da cerveja está

próximo dos valores desejados, em torno de 3,0,

evitando assim, posteriores contaminações por

microrganismos, que poderiam alterar a coloração, o

sabor e o seu potencial de oxirredução.

CONCLUSÕES

As análises físico-químicas (pH, extrato

seco, densidade e acidez total) obtidas do produto

artesanal à base de milho apresentaram-se dentro

dos padrões estabelecidos pela legislação vigente

que normatiza os parâmetros de qualidade para a

cerveja.

Production and analysis of a craft beer the base of corn

ABSTRACT

The beer is a drink of widespread and intense consumption, being known in several countries in the

world since antiquity. According to the Art. 64 of Law nº. 8.918, of July 14, 1994, defines beer as:

"drink obtained by alcoholic fermentation of the must from Brewer's barley malt and drinking water,

by action of the yeast, with addition of hops. The malted barley used in making beer and hops can be

replaced by their respective extracts. Part of the barley malt can be replaced by cereals malted or not

and per processed carbohydrates of plant origin or not. The present study aimed to produce and

evaluate the quality of craft beer through the physicochemical analysis of pH, dry extract, density

and total acidity and to demonstrate the feasibility of the production of beer from malt this cereal.

The values for theses parameters were: pH (2.93); Dry Extract (4.233 g.L-1); Density (0.997 g.cm-3)

and acidity (2.46 meq.L-1). The values are within the standards established by legislation, which

demonstrates viability in the production of corn-based beer.

Keywords: Beer; alcoholic fermentation; malted cereals.

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ISSN 2359-2710

J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.91-96, 2014 91 | P á g i n a

A incompatibilidade da Festa de São Tiago com o debate interreligioso

do século XXI

I. C. A. Carneiro1 e R. S. Nogueira2

1 Graduanda em Direito pela Universidade Federal do Amapá – UNIFAP. Rodovia Juscelino Kubitscheck, Km 02 - Jardim Marco

Zero, 68903-419. Macapá-AP, Brasil. [email protected]

2 Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá – Ifap. BR 220km 03, s/n. Bairro Brasil Novo. 68909-

398. Macapá-AP, Brasil. [email protected]

INF. ARTIGOS RESUMO

Enviado: 10 Out, 2014

Aceito: 28 Dez, 2014

Publicado: 07 Jan, 2015

O presente texto objetiva analisar o contexto social e político em que

ocorreu a guerra entre cristãos e muçulmanos no século XVIII com o

contexto atual, século XXI, em que vivemos o desafio da efetivação do

diálogo interreligioso, em que se acredita ser possível uma conversação

entre pessoas de crenças diferentes. Do ponto de vista do diálogo

interreligioso, toda religião que afirme e promova o ser humano

representa de certa forma uma possibilidade de ser verdadeira, devendo,

portanto ser respeitada. A partir dessa perspectiva, pode-se aprender a

coexistir, respeitar e aprender mutuamente com pessoas de diferentes

religiões.

Termos de indexação:

Mazagão Velho

Diálogo interreligioso

Ecumenismo

*Autor para correspondência

[email protected]

© 2014 JBFS all rights. This is an open access article distributed under the Creative Commons Attribution License, which permits unrestricted use,

distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly cited.

Como referenciar esse documento (ABNT):

CARNEIRO, I. C. A.; NOGUEIRA, R. S. A incompatibilidade da Festa de São Tiago com o debate interreligioso do século XXI. Journal of

Bioenergy and Food Science. Macapá, v.1, n. 3, p. 91-96, out./dez. 2014.

_________________________________________________________________________________________________________________________

INTRODUÇÃO

No mundo contemporâneo, o diálogo

interreligioso é uma alternativa para romper a

tendência de supremacia de religiões sobre as

outras, que tem gerado intolerância, violência,

opressões e genocídios pelo mundo ao longo

dos séculos. Os três principais modelos de

relacionamento entre as religiões são:

exclusivismo (só uma religião é verdadeira),

inclusivismo (uma religião é verdadeira, mas há

elementos de verdade em outras religiões) e

pluralismo (todas as religiões são autênticas,

sem que uma seja superior à outra) (SINNER,

2007, p. 119). Este esclarecimento é importante

para compreender que o diálogo interreligioso

só acontece quando a identidade de cada

religião é preservada e quando há disposição

para ouvir a crença do outro sem preconceito,

de maneira a existir uma convivência pacífica,

que se dá mediante a ênfase em elementos

comuns que são essenciais às diversas

religiosidades e gera enriquecimento mútuo,

através da troca de experiências. O diálogo

entre as religiões representa o caminho para o

pluralismo e o respeito à alteridade. O trabalho intitulado como “A

incompatibilidade da Festa de São Tiago com o

debate interreligioso do séc. XXI” tem por

escopo, por meio do método procedimental

histórico e comparativo, desenvolver uma

análise crítica a respeito da festividade de São

Ass

un

tos

Con

exo

s

Page 96: Volume 1 (2014) completo

Interdisciplinar

92 | P á g i n a J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.91-96, 2014

Tiago, que acontece há 236 anos, no distrito de

Mazagão Velho (Mazagão-AP), e vem, desde

então, reproduzindo um massacre entre cristãos

e muçulmanos que ocorreu ainda no continente

africano no séc. XVIII, e se transformou em

uma festa que comemora a vitória do

cristianismo sobre o islamismo e homenageia os

santos Tiago e Jorge, que segundo a lenda

participaram da batalha ao lado dos cristãos. O trabalho é dividido em três momentos.

O primeiro abordará os pontos em comum entre

o islamismo e o cristianismo, para que seja

analisada de que maneira é possível existir o

diálogo entre essas duas religiões. O segundo

faz uma contextualização histórica sobre a

origem da festa de São Tiago e do distrito de

Mazagão Velho, que será importante para

compreender o significado da representação da

festa na atualidade e de que maneira isso afeta

os princípios do diálogo interreligioso. O

terceiro tratará especificamente da teatralização

da batalha entre cristãos e muçulmanos na Festa

de São Tiago e algumas peculiaridades do

festejo. A partir desse trabalho, pretende-se

instigar uma visão crítica da sociedade perante

os eventos culturais, festividades e demais

atividades presentes no cotidiano, para que haja

uma preocupação com o contexto social,

econômico e político em que ocorrem, haja vista

que existem tradições que são perpetuadas ao

longo dos anos sem haver questionamentos

sobre os seus valores e significação social.

Pontos em comum entre islamismo e

cristianismo

No contexto do século XXI, é possível

debater pacificamente com as religiões

islâmicas e cristãs, tendo em vista que ambas

compartilham elementos teológicos, históricos e

éticos em comum, além do mesmo monoteísta. O primeiro aspecto em comum a se

observar entre essas duas religiões é a crença

em um único Deus criador, eterno, indivisível,

clemente e misericordioso (ISBELLE, 2003, p.

17). Os monoteístas têm seus princípios de fé

regidos eticamente pelas escrituras sagradas. Os

livros sagrados dos cristãos juntos formam a

Bíblia, o dos islâmicos, por sua vez, é o Alcorão

ou Corão. A proposta de diálogo entre cristãos e

islâmicos na perspectiva de seus escritos

sagrados, parece difícil, mas o diálogo pode

acontecer através da consideração de serem

civilizações irmãs. Do ponto de vista

ecumênico, todos os seres humanos são irmãos,

pois são pertencentes a uma Unidade, portanto

os aspectos de comunhão intrínsecos ao ser

humano são mais importantes que suas

diferenças culturais ou religiosas (CAMBÓN,

1994, p. 63). Já Jesus Cristo em sua oração

sacerdotal, lembra “... guarda-os em teu nome,

que me deste, para que eles sejam um, assim

como nós” (JO. 17, 11-b.), isto é, a comunhão

não é de todos os viventes em uma mesma

instituição, uma mesma liturgia, mas de todos os

viventes em um mesmo Deus verdadeiro

possibilitando o diálogo entre todos. Segundo o turco Mustafá Aykol, autor do

livro “Islã: sem extremos”, em palestra realizada

à Fundação TED “Fé versus tradição no Islã”,

esclareceu que os conflitos culturais ocorridos

em países do Oriente Médio ao longo dos anos

refletem as barreiras em se adaptar a

convivência com outras religiões senão a

muçulmana no mundo islâmico, porém, se

analisarmos tais conflitos políticos e sociais

profundamente, percebe-se que estes ocorrem

devido a tradições que precedem o Islã e se

mantiveram na cultura local com o decorrer dos

anos. A exemplo da cultura de separar homens e

mulheres, segundo Mustafá Aykol, foi uma

prática bizantina e persa, que os muçulmanos

adotaram e fizeram com que fosse parte de sua

religião. No entanto, conforme defende Mustafá

Aykol, atualmente discute-se a importância de

uma nova tendência, surgida no final do século

XIX, chamada modernismo islâmico, tal

perspectiva procura conciliar o islamismo com

outras crenças e também com a existência de

um país democrático. Tal sistema vem sendo

implantado na Turquia ao longo dos anos, entre

as medidas mais relembradas de seu governo,

encontram-se o outorgamento do direito

eleitoral e político das mulheres, em 1923 e a

abolição da lei religiosa, em 1924. Neste

contexto, é defendida a ideia de uma sociedade

multicultural e multirreligiosa. Há também uma

característica básica entre o cristianismo e o

islamismo que fortalece a ideia de haver uma

possibilidade de coexistência entre ambos: o

amor a Deus e o amor ao próximo. (ISBELLE,

2003, p. 7)

A origem da festa de São Tiago

Page 97: Volume 1 (2014) completo

Carneiro & Nogueira

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J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.91-96, 2014 93 | P á g i n a

A festa de São Tiago estende-se durante

doze dias (16 a 28 de julho), no distrito de

Mazagão Velho, dentre os quais o auge da

festividade acontece no dia 25 de julho, data em

que sucede a reprodução da batalha ocorrida no

século XVIII entre cristãos portugueses e árabes

muçulmanos. O festejo remonta há mais de dois

séculos, isto é, tem 236 anos, tendo se originado

no continente africano, no século XVIII, a partir

dos conflitos entre cristãos e mouros na cidade

da Mauritânia (costa da África). A festividade

transformou-se, portanto, em uma tradição

secular do povo mazaganense (CABRAL;

CARDOSO; PENA, 2011, p. 9). “Assim, como o Brasil, a África também

era colônia de Portugal que tinha sob seus

domínios a cidade africana denominada

Mazagão” (CABRAL; CARDOSO; PENA,

2011, p. 9). Mazagão Velho está situada a 30

quilômetros da sede do município de Mazagão,

às margens do rio Mutuacá, distante 70

quilômetros da capital Macapá. Em 1770 a vila

de Mazagão Velho foi escolhida para abrigar

136 famílias de colonos lusos da costa africana,

em virtude dos conflitos político-religiosos

gerados entre portugueses e muçulmanos, após

sofrer pressão dos mouros, a Coroa portuguesa

decide retirar-se da costa marroquina e enviar

famílias para habitar Mazagão. (CABRAL;

CARDOSO; PENA, 2011, p. 12) Em 1771, diversas famílias,

acompanhadas de seus escravos foram morar

em Mazagão (atualmente localizada em

Mazagão Velho). A partir de 1777, deu-se início

à festividade de São Tiago, e até o presente os

habitantes de Mazagão Velho cultivam a

tradição de encenar, relembrar e celebrar o

massacre ocorrido entre cristãos e muçulmanos,

que ocorreu em razão de se tratar de religiões

com doutrinas distintas, num contexto histórico

em que uma religião queria se sobrepor a outra,

de maneira a existir intolerância de uma religião

que fosse diferente de outra. A guerra existiu porque os mouros

queriam expulsar os portugueses e estes tinham

o intuito de difundir definitivamente a fé cristã,

sendo que os mouros não consentiram em

mudar de religião. Os portugueses obrigavam a população da

Mauritânia, em sua maioria muçulmana, a se

tornar cristã e aceitar a fé e o batismo. Os

moradores daquela cidade, em geral

muçulmanos, não suportaram a presença

lusitana em sua cidade e não consentiram em

mudar de religião e trair suas raízes, tendo, por

isso, declarado guerra no dia 16 de julho aos

cristãos lusitanos. Estes foram liderados pelos

capitães Atalaia, Jorge e Tiago. Durante dias seguidos, batalhas

sangrentas tiveram lugar no solo africano entre

os portugueses cristãos e mouros muçulmanos. Os mouros estavam perdendo a batalha e,

chefiados pelo rei Caldeira, resolveram planejar

uma cilada aos cristãos. Pediram trégua e

solicitaram o fim da guerra através de

mensagem. Após o pedido de apaziguamento,

os mouros decidiram envenenar comidas típicas

e alimentos para oferecer aos cristãos com o

objetivo de assassiná-los. Em nome da suposta

paz, os mouros ofereceram um baile de

máscaras, com intuito de também oferecer

regalias aos cristãos que quisessem passar para

o seu lado, sem que estes pudessem ser

reconhecidos por seus superiores. Os cristãos

desconfiaram que houvesse algo errado, e por

isso, durante a madrugada, enviaram jovens

soldados, disfarçados de camponeses, para

jogar boa parte da comida na granja dos

mouros, onde ficavam os animais, sendo que

após ingerir o alimento, os animais logo

morriam, tendo-se percebido, dessa maneira,

que se tratava de uma armadilha. Os cristãos perceberam a emboscada e

levaram as comidas envenenadas para ser

servidas durante o baile, o que mais tarde

ocasionou a morte de vários muçulmanos

envenenados, inclusive do rei Caldeira. A partir

de então, desencadeou-se uma batalha sangrenta

entre cristãos e muçulmanos que só foi

amenizada ao meio-dia. Nesse horário, os

mouros aproveitaram-se do período de descanso

de seus inimigos para enviar o Bobo Velho

espião para tentar convencer alguns mouros que

haviam sido convertidos a religião cristã a

retornarem ao acampamento mouro, a peso de

ouro e joias, para derrotar os cristãos. O Bobo

Velho também tinha por missão observar o

poder de luta de seus rivais, suas munições,

armas, efetivo e etc. No entanto, logo os cristãos

perceberam os planos do mouro de enviar um

espião e, assim que o mesmo se aproximou do

acampamento cristão, foi apedrejado e voltou

correndo para os mouros. No fim da tarde, antes

de recomeçar a batalha, o capitão cristão Atalaia

Page 98: Volume 1 (2014) completo

Interdisciplinar

94 | P á g i n a J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.91-96, 2014

resolveu espionar os mouros, verificar o que

estavam planejando, suas munições e etc.

Contudo, Atalaia logo foi descoberto e alvejado

à bala, só tendo tempo para roubar a bandeira

do acampamento inimigo. A história conta que,

posteriormente, Atalaia foi capturado e

assassinado pelos mouros, tendo a cabeça

decepada, e pendurada em uma vara próximo ao

muro do acampamento cristão, com finalidade

de gerar pânico e desespero entre os cristãos. No dia 25 de julho ocorreu o ato

conhecido como “a venda dos meninos”, em

que o rei Caldeirinha (filho do Caldeira)

mandou roubar todas as crianças cristãs. O

plano foi executado e com o dinheiro da venda

das crianças compraram armas e munições e

corromperam os cristãos indecisos. Ao dar falta das crianças, com grande

pesar e dor, os cristãos iniciam uma violenta

guerra contra os muçulmanos. O rei Caldeirinha propôs aos cristãos que

devolvessem a bandeira moura, e, em troca, os

muçulmanos devolveriam o corpo do capitão

Atalaia. Os cristãos aceitaram a troca, na hora

receberam o corpo, mas não devolveram a

bandeira. Por conta disso, a batalha recomeçou

de forma ainda mais violenta. Ao anoitecer, os

cristãos pediram a Deus que prolongasse o dia

a fim de que pudessem vencer a luta. Com a

intercessão divina, o dia foi se prolongando, e

os cristãos foram vencendo a guerra. A lenda

conta também que a figura mitológica do

cavaleiro São Tiago aparecia vez por outra no

campo de batalha com uma armadura brilhante,

guiando os soldados cristãos e assassinando

vários mouros, gerando pânico entre eles, que

começaram a fugir. Dessa forma, terminou a

batalha com a vitória dos cristãos lusitanos. É importante ressaltar que São Tiago, não

é o mesmo santo das escrituras sagradas, e sim

um “guerreiro” como é chamado pelos devotos,

pois o São Tiago de Mazagão Velho foi um

missionário enviado por Deus para lutar ao lado

dos mazaganenses contra os árabes

muçulmanos, o que temos dúvidas, pois o

caráter leigo da própria fé católica romana do

povo os leva aos constantes equívocos entre a

Divindade, a personificação de mitos,

parábolas, culminando no sincretismo de praxe.

A teatralização da batalha entre cristãos e

muçulmanos e seus reflexos – a metodologia

empregada

Partindo da visitação ao lugar do evento

religioso, nossa metodologia investigativa

partiu da análise de fotografias e vídeos

antigos, como também de entrevistas com

moradores locais, inferindo-se que a

teatralização da batalha entre cristãos e

muçulmanos acontece no dia 25 de julho, a

partir das 12h ocorre uma encenação da

passagem do bobo velho (vigilante dos mouros)

para espionar os cristãos, às 14h sucede a saída

do arauto anunciando o início da batalha, que

pode ser dividida em sete partes: 1: Descoberta

do Atalaia. 2: Morte do Atalaia. 3: Armadilha.

4: Captura e venda dos meninos cristãos e

partilha do dinheiro entre os mouros. 5: Troca

do corpo do Atalaia pela bandeira moura. 6:

Batalha entre mouros e cristãos, tomada do

estandarte dos mouros e batalha final. 7:

Vominê (toque de vitória dos cristãos).

(CABRAL; CARDOSO; PENA, 2011, p. 33).

Questiona-se aqui haver uma incompatibilidade

da encenação perpétua do genocídio ocorrido

entre cristãos e muçulmanos no distrito de

Mazagão Velho (Festa de São Tiago) com os

valores do diálogo interreligioso, uma vez que

este diz respeito à superação de conflitos e

mágoas passadas para manter o amor, a

tolerância, a busca de conhecimento e respeito

às diferenças, à defesa dos direitos humanos,

principalmente à vida, sendo para isso

fundamental escutar pessoas de crenças

diferentes, de maneira a construir uma

identidade própria com a colaboração do outro,

reconhecendo-o como um ser humano e hoje o

que se vê é o contrário, o festejo nega a

aproximação com o diferente, normal em uma

democracia, usa o dinheiro público para tal e

decreta feriado estadual para se comemorar um

atraso na paz entre os povos e suas culturas. O festejo durante muito tempo foi

comemorado apenas por adultos. As crianças

observavam a representação da batalha e

questionavam os pais sobre o significado da

festa, como surgiu, o porquê da batalha e etc.

Logo que terminava a festa dos adultos, as

crianças iam para as ruas e imitavam tudo o que

os adultos faziam. Em virtude da curiosidade

das crianças, foi criada a festa de São Tiago das

Page 99: Volume 1 (2014) completo

Carneiro & Nogueira

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J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.91-96, 2014 95 | P á g i n a

crianças que acontece nos dias 26 e 27 de julho,

devidamente fantasiadas e mascaradas tal como

os adultos, as crianças remontam a batalha.

(CABRAL; CARDOSO; PENA, 2011, p. 21).

Assim, as crianças acabam sendo levadas a

desde cedo reproduzir um genocídio entre

cristãos e muçulmanos e a comemorar a vitória

do cristianismo sobre o islamismo. É incontestável os benefícios econômicos

e turísticos trazidos pela festividade ao distrito

de Mazagão Velho, uma vez que o comércio

fica aquecido, os restaurantes ficam lotados e

há geração de lucro e trabalho aos

mazaganenses. Em 2013, de acordo com o

secretário Luiz Pingarrilho, a festa de São

Tiago recebeu a contribuição de R$ 463.000,00

do Governo do Estado do Amapá, por meio de

um convênio celebrado entre a Secretaria de

Estado da Cultura (Secult) e a Associação

Cultural Festa de São Tiago (ACFST).

(MARQUES, 2013). No ano de 2012, os

valores para a realização da festa custaram R$

457.000,00. (PENHA; SANTIAGO, 2013).

Contudo, além da falta de questionamento

sobre o sentido por trás da teatralização do

genocídio entre cristãos e muçulmanos, falta

também transparência em relação aos gastos

desse montante destinado ao festejo, sendo

fundamental o esclarecimento minucioso desses

valores à população em geral, por uma questão

de respeito à democracia, uma vez que a

transparência é uma forma essencial de controle

social e inibição da corrupção na administração

pública.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir de uma visão aprofundada da

festividade de São Tiago, pode-se constatar que

há uma cultura de repetição que ocorre há mais

de dois séculos no município de Mazagão

Velho que diz respeito à festa de São Tiago,

quer dizer, há uma mentalidade secularista

dominante entre os moradores do município

que os impossibilita de vislumbrar o novo

contexto social do século XXI, onde existem

valores distintos e diferentes sistemas políticos,

em que se discute a efetivação de um diálogo

interreligioso para que não haja sobreposição

ou subjugação de uma religião sobre a outra, o

que tem ocasionado massacres e intolerância

religiosa pelo mundo. Culturalmente ainda

carece de melhoramento, fato este perceptível

no baile de máscaras, onde a população sem

nenhuma orientação artístico-cultural para o

turismo religioso, por exemplo, dirige-se até as

lojas da área de livre comércio de Macapá e

Santana para comprar máscaras de festas

temáticas ou de carnaval, quando, na verdade,

historicamente as máscaras citadas são as de

bailes de gala europeu. A Constituição Federal do Brasil tem

caráter multicultural e pluriétnico, em que o

direito à liberdade de consciência e de crença é

considerado direito e garantia fundamental do

ser humano, é, portanto, no mínimo

contraditório que haja uma tradição secular no

distrito de Mazagão Velho que reproduz um

genocídio entre religiões diferentes

(cristianismo e islamismo), sendo que, tal

encenação é repetida também por crianças, que

não tem ainda total formação do senso crítico, e

desde cedo, encenam a luta de cristãos e

muçulmanos, acarretando em uma

discriminação cultural camuflada ao islamismo

e a seus adeptos, pois, durante a encenação é

comemorada a morte dos muçulmanos e a

vitória do cristianismo sobre o islamismo.

The incompatibility of the Feast of St. James with inter-religious debate of the century. XXI

ABSTRACT

This paper aims to analyze the social and political context in which there was the war between

Christians and Muslims in the eighteenth century to the present context, twenty-first century, we live

in the effectuation of the challenge of interreligious dialogue, which is believed to be possible a

conversation between people of different beliefs. From the point of view of interreligious dialogue,

every religion that affirms and promotes the human being is somehow a possibility of being true, and

should therefore be respected. From this perspective, we can learn to coexist with each other and

learn to respect people of different religions.

Page 100: Volume 1 (2014) completo

Interdisciplinar

96 | P á g i n a J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.91-96, 2014

Keywords: Old Mazagão; Interreligious Dialogue; Ecumenism. REFERÊNCIAS

BÍBLIA SAGRADA. Traduzida por João Ferreira de

Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. 2 ed. Barueri-

SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.

CAMBÓN, E. Fazendo ecumenismo: uma exigência

evangélica e uma urgência histórica. São Paulo:

Cidade Nova, 1994.

CABRAL, I. V.; CARDOSO, T. S.; PENA, R. C.

A. Manifestação religiosa da igreja católica. A Festa

de São Tiago no Município de Mazagão Velho – AP.

Disponível em: <http://www.eumed.net/libros-

gratis/ciencia/2012/6/origem_festa_sao_tiago.html>.

Acessado em 19 fev 2013.

ISBELLE, S. A. Islã: a sua crença e a sua prática. Rio

de Janeiro: Azaan, 2003.

MARQUES, K. Secretários participam da abertura

oficial da Festa de São Tiago em Mazagão Velho,

julho de 2013 Disponível em:

<http://www.secult.ap.gov.br/secretarios-participam-da-

abertura-oficial-da-festa-de-sao-tiago-em-mazagao-

velho>. Acessado em 19 jul 2013.

PENHA, G.; SANTIAGO, A. Divulgada programação

da Festa de São Tiago 2013, em Mazagão, no AP,

julho de 2013. Disponível em:

<http://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/2013/07/divulgad

a-programacao-da-festa-de-sao-tiago-2013-em-mazagao-

no-ap.html>. Acessado em 19 jul 2013.

Vídeo: Fé versus Tradição no Islã (com legendas em

português). Palestra realizada por Mustafa Akyol à

Fundação TED. Disponível em:

<http://veduca.com.br/play/5242>. Acessado em 01 mar

2013.

SINNER, Rudolf von. Confiança e convivência:

reflexões éticas e ecumênicas. São Leopoldo: Sinodal,

2007.

Page 101: Volume 1 (2014) completo

____________

J. Bioen. Food Sci., v. 1, n.3: p.88-90, 2014 97 | P á g i n a

DIRETRIZES PARA SUBMISSÃO Normas para a preparação dos manuscritos

Modelo do padrão de formatação dos manuscritos

Os trabalhos enviados à JBFS devem ser inéditos (não terem

dados – tabelas e figuras – publicadas parcial ou integralmente

em nenhum outro veículo de divulgação técnico-científica,

como boletins institucionais, anais de eventos, comunicados

técnicos, notas científicas e etc.) e não podem ter sido

encaminhados simultaneamente a outro periódico científico ou

técnico. Dados que foram publicados na forma de resumos,

com mais de 250 palavras, não devem ser incluídos no

trabalho.

- São considerados, para publicação, os seguintes tipos de

trabalho: Artigos Científicos, Notas Técnicas e Artigos de

Revisão, este último a convite do Editor

O texto deve ser digitado no editor de texto Microsoft Word,

em espaço duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha

formato A4, com margens de 2,5 cm e com páginas e linhas

numeradas.

___________________________________________________

A) Organização do Artigo Científico

A ordenação do artigo deve ser feita da seguinte forma:

- Artigos em português - Título, autoria, endereços

institucionais e eletrônicos, Resumo, Termos para indexação,

título em inglês, Abstract, Index terms, Introdução, Material e

Métodos, Resultados e Discussão, Conclusões,

Agradecimentos, Referências, tabelas e figuras.

- Artigos em inglês - Título, autoria, endereços institucionais

e eletrônicos, Abstract, Index terms, título em português,

Resumo, Termos para indexação, Introduction, Materials and

Methods, Results and Discussion, Conclusions,

Acknowledgements, References, tables, figures.

- O título, o resumo e os termos para indexação devem ser

traduzidos para o inglês, no caso de artigos redigidos em

português, e para o português, no caso de artigos redigidos em

inglês

- O artigo científico deve ter, no mínimo 5 e no máximo 20

páginas, incluindo-se as ilustrações (tabelas e figuras), que

devem ser limitadas a seis, sempre que possível.

___________________________________________________

Título

- Deve representar o conteúdo e o objetivo do trabalho e ter no

máximo 15 palavras, incluindo-se os artigos, as preposições e

as conjunções.

- Deve ser grafado em letras minúsculas, exceto a letra inicial,

e em negrito.

- Deve ser iniciado com palavras chaves e não com palavras

como "efeito" ou "influência".

Autores (inclusão da formatação quando o artigo for aceito

após a avaliação pelos pares)

- Grafar os nomes dos autores com letra inicial maiúscula, por

extenso, separados por vírgula; os dois últimos são separados

pela conjunção "e" ou "and", no caso de artigo em português

ou em inglês, respectivamente.

- O último sobrenome de cada autor deve ser seguido de um

número em algarismo arábico entre parênteses, em forma de

expoente, correspondente à chamada de endereço e afiliação

dos autores.

- São apresentados abaixo dos nomes dos autores, o nome e o

endereço postal completos da instituição e o endereço

eletrônico dos autores, indicados pelo número em algarismo

arábico, em forma de expoente.

- O autor principal ou correspondente, deverá apresentar além

da numeração um asterisco, em forma de expoente.

- Devem ser agrupados pelo endereço da instituição.

- Os endereços eletrônicos de autores da mesma instituição

devem ser separados por vírgula

___________________________________________________

Resumo

- O termo Resumo deve ser grafado em letras minúsculas,

exceto a letra inicial, em negrito, na margem esquerda e

separada do texto por travessão.

- Deve conter, no máximo, 250 palavras, incluindo números,

preposições, conjunções e artigos

- Deve ser elaborado em frases curtas e conter o objetivo, o

material e os métodos, os resultados e a conclusão

- Não deve conter citações bibliográficas nem abreviaturas

- O final do texto deve conter a principal conclusão, com o

verbo no presente do indicativo.

___________________________________________________

Termos de indexação (palavras-chaves)

- A expressão Termos para indexação, seguida de dois-pontos,

deve ser grafada em letras minúsculas, exceto a letra inicial.

- Os termos devem ser separados por vírgula e iniciados com

letra minúscula.

- Devem ser no mínimo três e no máximo seis, considerando-se

que um termo pode possuir duas ou mais palavras.

- Não devem conter palavras que componham o título.

- Devem conter o nome científico (só o nome binário) da

espécie estudada.

___________________________________________________

Introdução

- A palavra Introdução deve ser centralizada e grafada com

letras minúsculas, exceto a letra inicial, e em negrito.

Page 102: Volume 1 (2014) completo

- Deve apresentar a justificativa para a realização do trabalho.

- O último parágrafo deve expressar o objetivo de forma

coerente com o descrito no início do Resumo.

__________________________________________________

Material e métodos

- A expressão Material e Métodos, deve ser centralizada e

grafada em negrito;

- Deve ser organizado, de preferência, em ordem cronológica

- Deve apresentar a descrição do local, a data e o delineamento

do experimento, e indicar os tratamentos, o número de

repetições e o tamanho da unidade experimental

- Deve conter a descrição detalhada dos tratamentos e variáveis

- Deve-se evitar o uso de abreviações ou as siglas

- Os materiais e os métodos devem ser descritos de modo que

outro pesquisador possa repetir o experimento

- Devem ser evitados detalhes supérfluos e extensas descrições

de técnicas de uso corrente

- Deve conter informação sobre os métodos estatísticos e as

transformações de dados quando os mesmos não apresentarem

distribuição normal.

- Deve-se evitar o uso de subtítulos; quando indispensáveis,

grafá-los em negrito, com letras minúsculas, exceto a letra

inicial, na margem esquerda da página.

___________________________________________________

Resultados e discussão

- A expressão Resultados e Discussão deve ser centralizada e

grafada em negrito, com letras minúsculas, exceto a letra

inicial;

- Os dados apresentados em tabelas ou figuras devem ser

discutidos;

- As tabelas e figuras são citadas seqüencialmente;

- Dados não apresentados não podem ser discutidos;

- Não deve conter afirmações que não possam ser sustentadas

pelos dados obtidos no próprio trabalho ou por outros trabalhos

citados;

- As chamadas às tabelas ou às figuras devem ser feitas no final

da primeira oração do texto em questão; se as demais sentenças

do parágrafo referirem-se à mesma tabela ou figura, não é

necessária nova chamada.

___________________________________________________

Conclusões

- O termo Conclusões deve ser centralizado e grafado em

negrito, com letras minúsculas, exceto a letra inicial;

- Devem ser apresentadas em frases curtas, sem comentários

adicionais, com o verbo no presente do indicativo;

- Devem ser elaboradas com base no objetivo do trabalho;

- Não podem consistir no resumo dos resultados;

- Devem apresentar as novas descobertas da pesquisa;

- Devem ser numeradas e no máximo cinco.

___________________________________________________

Agradecimentos

- A palavra "Agradecimentos" deve ser centralizada e grafada

em negrito, com letras minúsculas, exceto a letra inicial

- Devem ser breves e diretos, iniciando-se com "Ao, Aos, À ou

Às" (pessoas ou instituições)

- Devem conter o motivo do agradecimento

OBS.: Trabalhos que foram subsidiados total ou

parcialmente por agências de fomento devem

obrigatoriamente apresentar os agradecimentos.

___________________________________________________

Referências

- A palavra "Referências" deve ser centralizada e grafada em

negrito, com letras minúsculas, exceto a letra inicial;

- Devem ser de fontes atuais e de periódicos: sendo pelo menos

70% das referências devem ser dos últimos 10 anos e 70% de

artigos de periódicos(preferencialmente);

- Devem ser normalizadas de acordo com a NBR 6023 da

ABNT, com as adaptações descritas a seguir;

- Devem ser apresentadas em ordem alfabética dos nomes dos

autores, separados por ponto-e-vírgula, sem numeração;

- Devem apresentar os nomes de todos os autores da obra;

- Devem conter os títulos das obras ou dos periódicos grafados

em negrito;

Exemplos

a) Livros

SARRUGE, J. R.; HAAG, H. P. Análises químicas em

plantas. Piracicaba: ESALQ, 1974. 56 p.

b) Capítulo de livros

WILLIAMS, E. S. Canine distemper. In: WILLIAMS, E. S.;

BARKER, I. K. (Eds.). Infectious diseases of wild mammals.

3. ed. Ames: Iowa State University Press, 2001. p. 50-58.

AZEVEDO, D.M.P. de; NÓBREGA, L.B. da; LIMA, E.F.;

BATISTA, F.A.S.; BELTRÃO, N.E. de M. Manejo cultural.

In: AZEVEDO, D.M.P.; LIMA, E.F. (Ed.). O agronegócio da

mamona no Brasil. Campina Grande: Embrapa Algodão;

Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2001. p.121-160.

c) Periódicos

Page 103: Volume 1 (2014) completo

KOUTINAS, A. F.; POLIZOPOULOU, Z. S.;

BAUMGAERTNER, W.; LEKKAS, S.; KONTOS, V. Relation

of clinical signs to pathological changes in 19 cases of canine

distemper encephalomyelitis. Journal of Comparative

Pathology, v. 126, n. 1, p. 47-56, 2002.

SANTOS, M.A. dos; NICOLÁS, M.F.; HUNGRIA, M.

Identificação de QTL associados à simbiose entre

Bradyrhizobium japonicum, B. elkanii e soja.Pesquisa

Agropecuária Brasileira, v.41, p.67-75, 2006.

d) Teses e Dissertações (devem ser evitadas)

HAMADA, E. Desenvolvimento fenológico do trigo (cultivar

IAC 24 - Tucuruí), comportamento espectral e utilização de

imagens NOAA-AVHRR. 2000. 152p. Tese (Doutorado) -

Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

GUEDES, E. M. S. Atributos químicos e físicos de um

Latossolo Amarelo argiloso e produção de soja em sistemas

de manejo, no município de Paragominas/PA. 75 f. 2009.

Dissertação (Mestrado em Agronomia)-Universidade Federal

Rural da Amazônia, Belém, 2009.

Obs.: É aconselhável procurar os artigos que foram

publicados em periódicos pelos autores das teses e

dissertações.

e) Fontes eletrônicas

SILVA, M. S.; SILVA, L. R. D.; SILVA, S. M.; SOBRINHO,

R. S. D. Qualidade de jaca dura (Artocarpus heterophylus)

minimamente processada armazenada em diferentes

temperaturas. SENGE-PB, 2009. Disponível em:

<http:/www.sengepb.com.br/site/wp-

content/uploads/2009/12/t023.pdf>. Acesso: 5 mai 2010.

f) Artigos de Anais de Eventos (aceitos apenas trabalhos

completos)

AHRENS, S. A fauna silvestre e o manejo sustentável de

ecossistemas florestais. In: SIMPÓSIO LATINO-

AMERICANO SOBRE MANEJO FLORESTAL, 3. 2004,

Santa Maria. Anais... Santa Maria: UFSM, Programa de Pós-

Graduação em Engenharia Florestal, 2004. p.153-162.

g) Legislação

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 27, de 13 de janeiro

de 1998. Aprova o Regulamento Técnico referente à

Informação Nutricional Complementar (declarações

relacionadas ao conteúdo de nutrientes), constantes do anexo

desta Portaria. Diário Oficial da República Federativa do

Brasil, Brasília, DF, 16 jan. 1998.

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Citações

- Não serão aceitas citações de resumos, comunicação pessoal,

documentos no prelo ou qualquer outra fonte, cujos dados não

tenham sido publicados.

- A autocitação deve ser evitada.

- Devem ser normalizadas de acordo com a NBR 10520 da

ABNT, com as adaptações descritas a seguir;

a) Redação das citações dentro de parêntese

- Citação com um autor: sobrenome grafado com as letras

maiúsculas, seguido de vírgula e ano de publicação;

- Citação com dois autores: sobrenomes grafados com as letras

maiúsculas, separados pelo "e" comercial (&), seguidos de

vírgula e ano de publicação;

Ex.: (COSTA & GOMES, 1998)

- Citação com mais de dois autores: sobrenome do primeiro

autor grafado com as letras maiúsculas, seguido da expressão

"et al.", em fonte normal, seguido de vírgula e ano de

publicação;

Ex.: (COSTA et al., 2010)

- Citação de mais de uma obra: deve obedecer à ordem

cronológica e em seguida à ordem alfabética dos autores;

Ex.: (FERNANDES, 1990; COSTA et al., 2010)

- Citação de mais de uma obra dos mesmos autores: os nomes

destes não devem ser repetidos; colocar os anos de publicação

separados por vírgula.

Ex.: (GOMES & PASSOS, 2001, 2005)

b) Redação das citações fora de parêntese

- Citações com os nomes dos autores incluídos na sentença:

seguem as orientações anteriores, com os anos de publicação

entre parênteses; são separadas por vírgula.

Fórmulas, expressões e equações matemáticas

- Devem ser iniciadas à margem esquerda da página e

apresentar tamanho padronizado da fonte Times New Roman;

- Não devem apresentar letras em itálico ou negrito, à exceção

de símbolos escritos convencionalmente em itálico.

O manuscrito enviado pelo Editor ao autor correspondente

para correções e/ou sugestões deve retornar à revista com

as correções no prazo de 20 dias, sob pena de ser

automaticamente cancelado. No envio pela segunda vez, o

prazo passa para 10 dias. O não atendimento as solicitações

dos avaliadores e editores sem justificativas também leva ao

cancelamento automático do manuscrito.

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Tabelas, figuras e notas de rodapé

Apresentadas no texto, logo após a primeira chamada (não no

final do texto);

a) Tabelas

- As tabelas devem ser numeradas sequencialmente e com

algarismo arábico;

- Seus elementos essenciais são: título, cabeçalho, corpo

(colunas e linhas) e coluna indicadora dos tratamentos ou das

variáveis;

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- Os elementos complementares são: notas-de-rodapé e fontes

bibliográficas;

- O título, com ponto no final, deve ser precedido da palavra

Tabela, em negrito; deve ser claro, conciso e completo; deve

incluir o nome (vulgar ou científico) da espécie e das variáveis

dependentes;

- No cabeçalho, os nomes das variáveis que representam o

conteúdo de cada coluna devem ser grafados por extenso; se

isso não for possível, explicar o significado das abreviaturas no

título ou nas notas-de-rodapé;

- Todas as unidades de medida devem ser apresentadas

segundo o Sistema Internacional de Unidades (SI);

- Nas colunas de dados, os valores numéricos devem ser

alinhados pelo último algarismo;

- Nenhuma célula deve ficar vazia no corpo da tabela; dados

não apresentados devem ser representados por hífen;

- Na comparação de médias de tratamentos são utilizadas, no

corpo da tabela, na coluna ou na linha, à direita do dado, letras

minúsculas ou maiúsculas, com a indicação em nota-de-rodapé

do teste utilizado e a probabilidade

- As tabelas devem ser editadas em arquivo Word, usando os

recursos do menu Tabela; não fazer espaçamento utilizando a

barra de espaço do teclado, mas o recurso recuo do menu

Formatar Parágrafo

b) Notas de rodapé das tabelas

- Notas de fonte: indicam a origem dos dados que

constam da tabela; as fontes devem constar nas referências;