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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO TECNOLÓGICO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS PROGRAMA ESPECIAL DE TREINAMENTO Técnicas de Análise de Demonstrações Financeiras PATRICK MENDES CARDOSO PROF. ORIENTADOR: Jaime Baú

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Page 1: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINACENTRO TECNOLÓGICODEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMASPROGRAMA ESPECIAL DE TREINAMENTO

Técnicas de Análise de DemonstraçõesFinanceiras

PATRICK MENDES CARDOSO

PROF. ORIENTADOR: Jaime Baú

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ÍNDICE

1 Introdução....................................................................................................................................................... 3

2 Objetivos da Análise Financeira de Balanços .......................................................................................................4

2.1 Fontes de Informações para Análise............................................................................................ 5

3 Técnicas de Análise das Demonstrações Financeiras ............................................................................................7

3.1 Indicadores Financeiros e Econômicos ....................................................................................... 7Análise por Índices ............................................................................................................................................. 73.1.1 Índices de Liquidez.................................................................................................................................... 8

3.1.1.1 Liquidez Geral (LG) .............................................................................................................93.1.1.2 Liquidez Corrente (LC).........................................................................................................93.1.1.3 Liquidez Seca (LS).............................................................................................................. 103.1.1.4 Liquidez Imediata (LI)......................................................................................................... 11

3.1.2 Índices de Estrutura de Capitais ............................................................................................................ 123.1.2.1 Participação de Capitais de Terceiros (PCT)........................................................................... 123.1.2.2 Composição do Endividamento (CE)..................................................................................... 133.1.2.3 Imobilização do Patrimônio Líquido (IPL) ........................................................................... 143.1.2.4 Imobilização dos Recursos Não Correntes (IRNC) ............................................................... 14

3.1.3 Índices de Rentabilidade ........................................................................................................................ 153.1.3.1 Taxa de Lucratividade Final (TLF)....................................................................................... 163.1.3.2 Giro do Ativo (GA) ............................................................................................................. 193.1.3.3 Margem Líquida (ML)......................................................................................................... 203.1.3.4 Rentabilidade do Ativo (RA) ............................................................................................... 203.1.3.5 Rentabilidade do Patrimônio Líquido (RPL).......................................................................... 21

3.1.4 Como Avaliar os Índices........................................................................................................................ 223.1.4.1 Processo de Avaliação de Índices........................................................................................... 233.1.4.2 A Importância Relativa de cada Índice .................................................................................... 24

3.2 Fórmulas de Previsão de Falências .............................................................................................. 243.2.1 Fórmulas mais Conhecidas de Previsão de Falências .......................................................................... 253.2.2 Como Usar os Modelos de Previsão de Insolvência ............................................................................ 27

3.3 Análise Vertical / Horizontal ......................................................................................................... 283.3.1 Análise Vertical ...................................................................................................................................... 293.3.2 Análise Horizontal.................................................................................................................................. 293.3.3 Relação Entre Análise Vertical e Análise Horizontal .......................................................................... 293.3.4 Objetivos da Análise Vertical / Horizontal........................................................................................... 303.3.5 Análise Vertical / Horizontal na Previsão de Falências....................................................................... 32

3.4 Análise da Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos - DOAR................................. 363.4.1 Alguns Índices para Análise da DOAR ................................................................................................ 36

4 Parte Prática – Análise de Balanço ................................................................................................................ 39

4.1 Considerações Iniciais ...................................................................................................................... 39 4.1.1 Objetivos e Parâmetros.................................................................................................................. 39 4.1.2 A Companhia Celulose Irani ......................................................................................................... 39

4.2 Comentários Sobre o Balanço Patrimonial ..................................................................................... 404.3 Análise Vertical/Horizontal............................................................................................................... 424.4 Análise de Liquidez............................................................................................................................ 434.5 Análise da Estrutura de Capitais...................................................................................................... 444.6 Análise da Rentabilidade................................................................................................................... 444.7 Análise de Insolvência....................................................................................................................... 45

5 Conclusão.......................................................................................................................................................... 46

6 Bibliografia........................................................................................................................................................ 47

7 Anexos .............................................................................................................................................................. 48

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1 Introdução

Este trabalho tem o objetivo de demonstrar algumas das mais usuais técnicas

de análise financeira de balanços, enfatizando nos critérios de avaliação dos índices

escolhidos para avaliar o desempenho da empresa.

No desenvolvimento será comentado alguns índices relevantes, mostrando

quais interpretações podem ser extraídas de seus resultados, tendo sempre o foco

que os mesmos são grandes fontes de informações para a tomada de decisões,

portanto devem ser corretamente entendidos.

Por fim serão aplicadas as técnicas desenvolvidas durante o trabalho, em um

estudo de caso na aplicado na empresa Celulose Irani S.A..

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4

2 Objetivos da Análise Financeira de Balanços

As demonstrações financeiras compreendem todas as operações efetuadas

por uma empresa, traduzidas em moeda e organizadas segundo as normas contábeis.

Em conseqüência há um número enorme de informações que podem ser extraídas

delas, inimagináveis não só para leigos, mas até mesmo para muitas pessoas das

áreas contábil e financeira.

O objetivo da contabilidade é fornecer informação financeira quantitativa

como entrada no processo de tomada de decisão. Para atingir esse objetivo, a

contabilidade envolve processos de identificação, avaliação e comunicação da

informação econômica, processos úteis àqueles que precisam tomar decisões.

Determinando-se as variações absolutas e relativas dos elementos

patrimoniais e de resultado, registrados nas demonstrações contábeis de dois ou mais

períodos, o analista ou auditor examina, estuda e analisa o desempenho da empresa,

obtendo, também indicações valiosas para a estimativa das perspectivas econômicas

e financeiras da empresa.

A apresentação de demonstrações financeiras comparativas, nos relatórios

anuais, aumenta a eficácia de tais relatórios e proporciona maior clareza às tendências

das alterações correntes que afetam a empresa. Tal apresentação enfatiza que

demonstrações referentes a uma série de períodos são mais significantes do que as

de apenas um, e que as contas de um período são apenas uma parte do que é

essencialmente uma história continua.

São vários os objetivos da análise das demonstrações financeiras, sendo

significativa sua importância, entre outros, para os seguintes fins:

a-) Avaliação da capacidade de amortização da empresa, quando esta se

habilitar a financiamento de instituição financeira;

b-) Avaliação da situação financeira da empresa, a curto e em longo prazo,

determinando-se causas, efeitos e perspectivas;

c-) Avaliação de investimento em ações negociáveis em Bolsa de Valores

com base nas demonstrações financeiras;

d-) Análise da situação patrimonial, econômica e financeira da empresa para

orientação a grupo de acionistas;

e-) Avaliação da rentabilidade do capital investido proveniente dos

proprietários da empresa e terceiros;

f-) Análise das demonstrações para fins de fusão, cisão, incorporação ou

associação de empresas;

Page 5: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

5

g-) Análise para avaliação do acervo patrimonial, a valores registrados e a

preço de mercado, nos casos de extinção da empresa;

h-) Consolidação das demonstrações de empresas da mesma atividade para

avaliação do desempenho da economia setorial;

i-) Análise das demonstrações para ilustração tabular ou gráfica de valores e

parâmetros com o fim de elaboração de relatórios destinados ao Conselho de

Administração, Diretoria, Acionistas, Governo, Investidores de Mercado de

Valores Mobiliários, Instituições financeiras, Fornecedores e público em geral.

2.1 Fontes de Informações para Análise

Relatórios

• Relatório do Conselho de Administração;

• Relatório de Diretoria;

• Notas Explicativas.

Demonstrações Financeiras

• Balanço Patrimonial;

• Demonstração do Resultado do Exercício;

• Demonstrações de Origens e Aplicação de Recursos;

• Demonstrações de Lucros ou Prejuízos Acumulados;

• Demonstração de Mutações do Patrimônio Líquido.

Maior importância é dada para as duas primeiras demonstrações, uma vez

que a partir delas é evidenciada de forma objetiva a situação financeira e situação

econômica.

Pareceres

• Parecer do Conselho Fiscal

• Parecer dos Auditores Independentes, se for caso

Os dados básicos poderão ser obtidos no conjunto das demonstrações que

compõem o Balanço Geral, mas se o auditor ou analista tiver acesso aos registros

contábeis, outros controles e documentos da empresa, certamente sua análise e

opinião serão mais seguras com o uso de informações internas.

Page 6: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

6

As informações internas poderão ser obtidas de outros tipos de relatórios e

demonstrações, que podem ser exemplificados:

• Balancetes mensais;

• Inventários;

• Carteira de títulos e valores mobiliários;

• Demonstrativos de correção monetária e avaliação de investimento;

• Documentos em geral;

Page 7: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

7

3 Técnicas de Análise das Demonstrações Financeiras

Relacionamos a seguir as técnicas de análise das demonstrações financeiras

mais atuais. Cada uma delas será enumerada e comentada, de acordo com a

evolução do texto.

• Indicadores Financeiros e Econômicos;

• Análise Horizontal e Vertical;

• Análise da Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos

Instrumentos e Tipos de Análise

COEFICIENTE OU

PERCENTAGEMÍNDICE QUOCIENTE DIFERENÇA ABSOLUTA

RELAÇÃO DA PARTE

COM O TODO

SÉRIE DE PERÍODOS

COM VALORES,

ESCOLHENDO-SE UM

PARA BASE DE

CONFRONTO

CONFRONTO ENTRE

DOIS VALORES

HETEROGÊNEOS

DIFERENÇA ABSOLUTA

ENTRE SALDOS DA

MESMA CONTA

ANÁLISE DE

ESTRUTURA, VERTICAL

OU COMPOSIÇÃO

ANÁLISE DE EVOLUÇÃO,

HORIZONTAL OU

CRESCIMENTO

ANÁLISE POR

QUOCIENTE “RAZÃO”

ANÁLISE DE ORIGENS E

APLICAÇÕES DE

RECURSOS OU FLUXO

DE RECURSOS

3.1 Indicadores Financeiros e Econômicos

Análise por Índices

Índice é a relação entre contas ou grupo de contas das Demonstrações

Financeiras, que visa evidenciar determinado aspecto da situação econômica ou

financeira de uma empresa.

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8

Com o desenvolvimento e a apresentação de informações quantitativas,

existe, virtualmente, um número ilimitado de índices que podem ser expressos. Essas

expressões podem tomar a forma de porcentagens, decimais ou frações, e podem ser

expressivas ou inúteis.

Os índices constituem a técnica de análise mais utilizada. Devido ao largo uso

a extração de índices é confundida com a própria análise de balanços. O uso de

índices tem como finalidade principal permitir ao analista extrair tendências e comparar

os índices com padrões preestabelecidos.

O importante não é o cálculo de grande número de índices, mas de um

conjunto de índices que permita conhecer a situação da empresa, de acordo com a

profundidade desejada na análise. A periodicidade da análise depende dos objetivos

que se pretenda alcançar. Tratando-se de análise para finalidades externas,

basicamente um cálculo anual ou semestral é suficiente. Para a análise gerencial

interna, alguns índices merecerão acompanhamento mensal, outros até de intervalos

mais curtos, dependendo de quão crítico seja o índice como um dos sinais de alarme

do sistema de informação contábil-financeiro.

As análises das demonstrações financeiras podem ser divididas em análise

da situação financeira e econômica. Deste modo os índices são divididos em índices

que evidenciam aspectos da situação econômica e índices que evidenciam aspectos

da situação financeira, que ainda são subdivididos em índices de estrutura de capitais

e de liquidez.

Índices de Situação Financeira

3.1.1 Índices de Liquidez

PRINCIPAIS ASPECTOS REVELADOS PELOS ÍNDICES FINANCEIROS

SITUAÇÃO FINANCEIRA

SITUAÇÃO ECONÔMICA

LIQUIDEZ

ESTRUTURA

RENTABILIDADE

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Passivo Circulante

São utilizados para avaliar a capacidade de pagamento da empresa, isto é,

constituem uma apreciação sobre a empresa, mostrando sua capacidade de saldar

seus compromissos. Esta capacidade de pagamento pode ser avaliada no longo

prazo, no curto prazo ou no prazo imediato.

Convém salientar que, uma empresa com bons índices de liquidez tem

condições de ter boa capacidade de pagar suas dívidas, mas não estará,

obrigatoriamente, pagando suas dívidas em dia em função de outras variáveis como

prazo, renovação de dívidas, etc.

3.1.1.1 Liquidez Geral (LG)

Fórmula: Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo

Indica: quanto à empresa possui no Ativo Circulante e Realiazável a Longo Prazo

para cada $1,00 de dívida total.

Interpretação : quanto maior, melhor.

Mostra a capacidade de pagamento da empresa a Longo Prazo,

considerando tudo o que a empresa converterá em dinheiro (a Curto e Longo Prazo), e

relacionando com tudo o que a empresa já assumiu como dívida (a Curto e Longo

Prazo). Mais uma vez, o problema dos prazos empobrece o sentido e a utilidade do

índice, a não ser que seja levado em sua devida conta.

3.1.1.2 Liquidez Corrente (LC)

Fórmula: Ativo Circulante

Indica: quanto à empresa possui no Ativo Circulante para cada $1,00 de Passivo

Circulante.

Interpretação: quanto maior, melhor.

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Ativo Circulante - Estoques Passivo Circulante

Este índice relaciona quanto temos imediatamente disponíveis e conversíveis

em certos prazos em dinheiro, com relação às dívidas de curto prazo. É um índice

muito divulgado e freqüentemente considerado como o melhor indicador da situação

de liquidez da empresa.

3.1.1.3 Liquidez Seca (LS)

Fórmula:

Indica: quanto à empresa possui de Ativo Líquido para cada $1,00 de Passivo

Circulante (dívidas em curto prazo).

Interpretação: quanto maior, melhor.

Para a medição da capacidade financeira, em curto prazo, a determinação de

Liquidez "Seca" constitui a verdadeira prova de fogo para empresa.

Adicionando-se às disponibilidades líquidas existentes num dado momento,

os direitos a receber negociáveis e por isso conversíveis em numerário (desconto de

duplicatas, negociação de títulos mobiliários existentes mas de fácil conversibilidade

em numerário), subtraindo-se os estoques, e dividindo-se o montante obtido pelo valor

do passivo circulante, tem-se o grau de Liquidez "Seca".

Quadro. Liquidez seca X Liquidez corrente

Liquidez Liquidez Corrente

Nível Alta Baixa

AltaSituação financeira boa.

Situação financeira em princípio

insatisfatória, mas atenuada pela boa

Liquidez Seca. Em certos casos pode

até ser considerada razoável.

Liquidez

Seca

Baixa

Situação financeira em princípio

satisfatória. A baixa Liquidez Seca

não indica necessariamente

comprometimento da situação

financeira. Em certos casos pode

ser sintoma de excessivos

estoques "encalhados".

Situação financeira insatisfatória.

Page 11: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

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Disponível Passivo Circulante

O Ativo Circulante da empresa é constituído de investimentos de risco

diferente. Basicamente são três:

1. Disponível - há risco de desfalque de dinheiro em caixa ou de desvio de

conta corrente bancária. É risco que depende apenas da empresa.

2. Duplicatas a receber - o risco está na possibilidade de o cliente não

pagar. É portanto, um risco maior por depender da capacidade de

pagamento de terceiros.

3. Estoques - correm risco de roubo, obsoletismo, deterioração e de não

serem vendidos e, portanto, de não serem convertidos em dinheiro, não

servindo para pagamentos de dívidas. É um risco que depende da

empresa, do mercado e da conjuntura econômica.

Enquanto se verificam esses riscos no Ativo Circulante, o Passivo Circulante

é líquido e certo: deve ser pago no dia e na quantia aprazada. Portanto, a idéia de

excluir do Ativo Circulante os itens de maior risco, ou seja, os Estoques.

3.1.1.4 Liquidez Imediata (LI)

Fórmula:

Indica: quanto à empresa possui de Ativo Disponível cada $1,00 de Passivo

Circulante (dívidas em curto prazo).

Interpretação: não se enquadra na regra de quanto maior, melhor, deve ser avaliado

junto com outros índices.

A medida da capacidade financeira imediata da empresa, por isso “imediata”,

para liquidação de uma só vez de todas as obrigações assumidas perante terceiros,

vencíveis em curto prazo (até doze meses) denomina-se grau de Liquidez “Imediata”.

Para efeito de análise, é um índice sem muito realce, pois relacionamos

dinheiro com valores, que vencerão em datas as mais variadas possíveis, embora em

Curto Prazo.

Alguns autores consideram, para empresas industriais e comerciais, grau na

faixa de 0,15 a 0,25 como medida satisfatória de Liquidez Imediata. Sucessivas

reduções na Liquidez Imediata, com constantes e crescentes atrasos no pagamento a

fornecedores já são um indicador relevante de dificuldades financeiras.

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Capitais de Terceiros x 100 Patrimônio Líquido

3.1.2 Índices de Estrutura de Capitais

Os índices desse grupo mostram as grandes linhas de decisões financeiras,

em termos de obtenção e aplicação de recursos. A partir destes índices podemos

apreciar o nível de endividamento da empresa.

Os índices de endividamento nos informam se a empresa se utiliza mais de

recursos de terceiros ou de recursos dos proprietários. Uma participação de terceiros

exagerada em relação ao capital Próprio torna a empresa vulnerável a qualquer

intempérie. Normalmente, as instituições financeiras não estarão dispostas a conceder

financiamentos para as empresas que apresentarem esta situação desfavorável. Em

geral, as empresas que vão à falência apresentam endividamento elevado em relação

ao Patrimônio Líquido.

3.1.2.1 Participação de Capitais de Terceiros (PCT)

Fórmula:

Indica: quanto à empresa tomou de capitais de terceiros para cada $100 de capital

próprio investido.

Interpretação: quanto menor, melhor.

É um indicador de risco ou de dependência a terceiros, por parte da empresa.

Também pode ser chamado Índice de Grau de Endividamento.

Do ponto de obtenção de lucro, pode ser vantajoso para a empresa trabalhar

com capitais de terceiros, se a remuneração paga a esses capitais de terceiros for

menor do que o lucro conseguido com sua aplicação nos negócios.

Se a composição do endividamento apresentar uma significativa

concentração no Passivo Circulante (Curto Prazo), a empresa poderá ter reais

dificuldades num momento de reversão do mercado (o que não aconteceria se as

dívidas estivessem concentradas no Longo Prazo). Na crise, elas terão poucas

alternativas: vender seus estoques na base de uma liquidação forçada, assumir novas

dívidas a Curto Prazo que, certamente, terão juros altos, o que aumentará as

despesas financeiras.

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13

Passivo Circulante x 100 Capitais de Terceiros

Se a concentração fosse a Longo Prazo, a empresa, num momento de revés,

teria mais tempo para replanejar a sua situação, sem a necessidade de desfazer-se do

estoques a qualquer preço.

Algumas variáveis importantes na definição da capacidade de endividamento

são:

a-) Geração de recursos- uma empresa capaz de gerar recursos para

amortizar as dívidas tem mais capacidade de endividar-se.

b-) Liquidez- se uma empresa toma recursos, investe-os em giro comercial e

dispõe de um bom capital próprio, investido no Ativo Circulante, então o efeito negativo

sobre a liquidez será muito menor que no caso da empresa que imobiliza todos os

recursos próprios e mais parte dos Capitais de Terceiros.

c-) Renovação- se a empresa conseguir renovar as dívidas vencidas, não

terá problemas de insolvência. Diz-se que: “dívida não se paga, administra-se”,

porque, quando a empresa recorre a Capitais de Terceiros, faz isso por insuficiência

de Capitais Próprios, e assim os terceiros passam a financiar parte do Ativo. Ao pagar

esses terceiros é necessário reduzir o Ativo e, normalmente, as empresas não querem

fazer isso, deste modo, a alternativa é manter o nível de Capital de Terceiros

renovando empréstimos ou tomando novos para pagar os antigos. Do sucesso em

renovar empréstimos ou tomar novos pode depender a continuidade da empresa.

3.1.2.2 Composição do Endividamento (CE)

Fórmula:

Indica: qual o percentual de obrigações de curto prazo em relações às obrigações

totais.

Interpretação: quanto menor, melhor.

Uma coisa é ter dívidas de curto prazo que precisam ser pagas com os

recursos possuídos hoje, mais aqueles gerados a Curto Prazo (e nós sabemos as

dificuldades em gerar recursos a curto prazo), outra coisa é ter dívidas a Longo Prazo,

pois aí empresa dispõe de tempo para gerar tais recursos (normalmente lucro +

depreciação) para pagar essas dívidas. Por exemplo, se a empresa opera com um

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Ativo Permanente x 100 Patrimônio Líquido

Ativo Permanente x 100 Patrimônio Líquido + Exigível a Longo Prazo

índice de 0.90 90% , praticamente, todas as dívidas vencerão no Curto Prazo. Esta

situação é totalmente desfavorável, prejudicando a Liquidez Corrente da empresa.

3.1.2.3 Imobilização do Patrimônio Líquido (IPL)

Fórmula:

Indica: quanto a empresa aplicou no Ativo Permanente para cada $100 de Patrimônio

Líquido.

Interpretação: quanto menor, melhor.

Quanto mais a empresa investir no Ativo Permanente, menos recurso próprio

terá para alavancar o Ativo Circulante, em conseqüência, maior será a dependência a

capitais de terceiros para o financiamento do seu Ativo Circulante.

Um índice de 71% de imobilização do Patrimônio Líquido, nos indica que a

empresa investiu no Ativo Permanente a importância equivalente a 71% do Patrimônio

Líquido, para um índice igual a 121%, isto significa que para cada $100 existentes de

Patrimônio Líquido a empresa aplicou todo $121 no Permanente, ou seja, imobilizou

todo o Patrimônio Líquido mais recursos de terceiros, equivalentes a 21% do

Patrimônio Líquido. Nesse caso, o Ativo Circulante seria totalmente financiado por

Capitais de Terceiros, os quais financiam ainda uma parte do Ativo Permanente.

Assim, a empresa está em mãos de terceiros para o financiamento de seu giro

comercial (Ativo Circulante) e depende ainda desses mesmos terceiros para o

financiamento de uma parte do seu parque industrial (Ativo Permanente).

3.1.2.4 Imobilização dos Recursos Não Correntes (IRNC)

Fórmula:

Indica: que percentual de Recursos não Correntes a empresa aplicou no Ativo

Permanente.

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15

Interpretação: quanto menor, melhor.

Os diversos elementos que constituem o Ativo Permanente têm vida útil que

pode ser de 3, 5, 10, ou 50 anos. Portanto, não é necessário financiar todo o

imobilizado com recursos próprios. Podemos utilizar recursos de longo prazo, desde

que o prazo seja compatível com o de duração do imobilizado, caso contrário, que o

prazo seja suficiente para a empresa gerar recursos capazes de resgatar as dívidas de

longo prazo.

É importante que este índice seja inferior a 100%, ou seja, deve sempre

existir um pequeno excesso de Recursos não Correntes, em relação às imobilizações,

destinado ao Ativo Circulante.

Chamamos esta parcela de Recursos não Correntes destinada ao Ativo

Circulante de Capital Circulante Líquido (CCL).

Seja uma empresa que apresente um índice de Imobilização dos Recursos

Não Correntes igual a 55%, observamos que 45% dos Recursos não Correntes foram

destinados para o Ativo Circulante.

O CCL representa a folga financeira a curto prazo, ou seja, financiamentos de

que a empresa dispõe para o seu giro e que não serão cobrados a Curto Prazo.

CCL = PL – AP + ELP

CCL = CCP + ELP

3.1.3 Índices de Rentabilidade

A análise econômica visa avaliar o rendimento obtido pela empresa, em dado

período.

Os indicadores que expressam o rendimento baseiam-se no capital investido

na atividade econômica ou no volume monetário da receita derivada das vendas de

produtos, mercadorias ou da prestação de serviços.

CCL = Capital Circulante LíquidoCCP = Capital Circulante PróprioPL = Patrimônio LíquidoAP = Ativo PermanenteELP = Exigível a Longo Prazo

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16

Lucro Final X 100 Receita Operacional Líquida

As informações contábeis para a avaliação do rendimento estão contidas na

Demonstração do Resultado do Exercício, ou nos segmentos do período anual, tendo

por base o montante de capitais investidos, num dado momento.

Quando a relação for entre rendimento e capitais investidos na empresa, a

análise será de rentabilidade.

Os índices deste grupo mostram qual a rentabilidade dos capitais investidos,

isto é, quanto rendeu os investimentos e, portanto, qual o grau de êxito econômico da

empresa.

3.1.3.1 Taxa de Lucratividade Final (TLF)

Fórmula:

Indica: quanto à empresa vendeu para cada $1,00 de investimento total.

Interpretação: quanto maior, melhor.

Para a determinação da taxa de Lucratividade Final relaciona-se o resultado

líquido obtido no período com a receita operacional líquida.

A taxa de Lucratividade Final deve ser apurada antes do desconto do imposto

sobre a renda e das participações atribuídas a empregados, administradores, titulares

de partes beneficiárias, assim como quaisquer contribuições concedidas a instituições

ou fundos de assistência ou previdência de empregados.

A taxa de lucratividade é um instrumento útil para a interpretação do

desempenho econômico da empresa. O auditor ou analista deve estabelecer confronto

desse indicador com os revelados por outras empresas do mesmo setor e, se for

possível com a média setorial.

Com base de interpretação, é de extrema importância a análise da tendência

revelada por esse indicador em uma série histórica de períodos sociais para fins de

avaliação das perspectivas da empresa.

O confronto da taxa de lucratividade com o indicador médio do setor em que

se situa a empresa analisada é outro procedimento significativo para a determinação

se o rendimento for mais “alto” ou mais “baixo” do que a média setorial.

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17

Exemplo do Cálculo do Lucro Líquido do Exercício

Caso 1 - Loja de Utilidades em Geral

Demonstração do Resultado do Exercício de 2000 (Em R$)

Componentes Valor %

ROL- Receita Operacional Líquida 3.525.809 100,0

CMV- Custo de Mercadorias Vendidas -2.244.105 63,6

LOB- Lucro Operacional Bruto 1.281.704 36,4

DO- Despesa Operacionais -941.356 26,7

Despesas Comerciais 596.278 16,9

Despesas Administrativas 345.078 9,8

LOL- Lucro Operacional Bruto 340.348 9,7

RNO- Receita Não-Operacional 90.897 2,5

Receita Financeira 78.986 2,2

Receita de Participações Societárias 11,040 0,3

Receita Eventual 871 -

DNO- Despesas Não-Operacionais -533 -

Resultado de Alienação de Bens 142 -

Doações a Instituições Filantrópicas 391 -

LF- Lucro Final 430.712 12,2

PIR- Provisão para Imposto de Renda -64.002 1,8

LFD- Lucro Final Depois do Imposto de Renda 366.710 10,4

P- Participantes do Lucro -61.808 1,8

Empregados 30.904 0,9

Administradores 30.904 0,9

LLE- Lucro Líquido do Exercício 304.902 8,6

Para o caso exemplificado, as taxas de lucratividade obtidas foram:

Lucratividade Operacional Bruta = 36,4 %

Lucratividade Operacional Líquida = 9,7 %

Lucratividade Final = 12,2 %

Page 18: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

18

Essa última taxa foi obtida do confronto entre resultado final antes do Imposto

de Renda e volume monetário da receita operacional líquida, depois das deduções do

imposto faturado, devolução de mercadorias e abatimentos concedidos em caráter

incondicional.

Depende da apreciação de uma série de fatores e condições para verificação

se a taxa de lucratividade é satisfatória, normal ou insuficiente.

Recomenda-se, portanto, a análise comparativa da taxa de lucratividade:

; vários exercícios ou períodos;

; de empresas competidoras;

; com a média do setor em que se situa a empresa sob análise.

Quadro. Taxa Média de Lucratividade Final – Setor Comércio (%)

Anos Taxa Média

1996 5,02

1997 4,57

1998 3,48

1999 4,47

2000 4,78

A taxa de Lucratividade Final obtida pela Loja de Utilidades em Geral, no

exercício de 2000, foi de 12,2%. O indicador médio do setor Comércio no ano de 2000

foi de 4,8%.

Se for estabelecido o confronto da taxa de Lucratividade Final da empresa em

questão com a média do setor, verifica-se que a mesma teve um desempenho bem

superior ao do setor.

Revela observar que a Lucratividade Operacional e Final devem ser

examinadas em relação ao desempenho econômico da empresa de vários períodos ou

exercícios.

Page 19: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

19

Vendas Líquidas Ativo

3.1.3.2 Giro do Ativo (GA)

Fórmula:

Indica: quanto à empresa vendeu para cada $1,00 de investimento total.

Interpretação: quanto maior, melhor.

A rotação do Ativo expressa o número de vezes em que as vendas

realizadas, num período, reproduzem o montante dos recursos aplicados nos

investimentos.

Quanto maior for o “giro” do Ativo pelas vendas, maior deverá ser a Taxa de

Lucro, por isso é aconselhável manter o Ativo a um mínimo necessário. Ativos ociosos,

grandes investimentos em Estoques, elevados valores de Duplicatas a Receber, etc.,

prejudicam o “giro” do Ativo e, consequentemente a rentabilidade.

Uma empresa que apresentou em 1999, Giro de Ativo igual a 1.75,

representa que para cada $1,00 de investimento o volume de vendas atingiu a 1.75

vezes o volume de investimentos. Esta mesma empresa que em 2000 apresentou Giro

de Ativo igual a 1.10, significando que a empresa passou a vender muito menos para

cada $1.00 investido em 2000, comparativamente a 1999.

O desempenho comercial da empresa não manteve em 2000 o mesmo nível

alcançado no ano anterior, o que pode ter diferentes causas:

- Retração do mercado como um todo: o mercado passou a comprar menos

produtos, diminuindo as vendas de todas as empresas do ramo.

- Perda da participação de mercado: a empresa perdeu mercado para outros

concorrentes que sabem vender melhor ou têm produtos mais competitivos.

- Estratégia da empresa: a empresa aumenta seus preços; dispõe-se a

vender menos, mas com a margem de lucro maior, compensando assim a queda das

vendas. A vantagem dessa medida, quando bem sucedida, é manter ou aumentar o

lucro, com muito menor volume e, portanto menor risco.

Page 20: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

20

Lucro Líquido x 100 Vendas Líquidas

Lucro Líquido x 100 Ativo

3.1.3.3 Margem Líquida (ML)

Fórmula:

Indica: quanto à empresa obtêm, de lucro para cada $100 vendidos.

Interpretação: quanto maior, melhor.

Por alguns autores denominada simplesmente de Margem Operacional, este

índice compara o lucro com as vendas líquidas. Este quociente, apesar dos esforços

constantes para melhorá-lo, comprimindo despesas e aumentando a eficiência,

apresenta-se baixo ou alto de acordo com o tipo de empreendimento. Por exemplo,

normalmente a indústria automobilística (ou de refino de petróleo) tem margens e valor

de venda muito alto. O inverso pode ocorrer para pequenos negócios comerciais,

industriais etc.

Este índice é importante como avaliação do retorno disponível para os

acionistas sobre o montante de vendas. Naturalmente, uma parcela do Lucro Líquido

será reinvestida, mas esse índice reflete a porcentagem dos recursos obtidos nas

vendas.

3.1.3.4 Rentabilidade do Ativo (RA)

Fórmula:

Indica: quanto à empresa obtém, de lucro para cada $100 de investimento total.

Interpretação: quanto maior, melhor.

Este índice mostra quanto à empresa obteve de Lucro Líquido em relação ao

Ativo. É uma medida do potencial de geração de lucro da parte de empresa. Não é

exatamente uma medida de rentabilidade do capital, mas uma medida da capacidade

da empresa em gerar Lucro Líquido e assim poder capitalizar-se. É ainda uma medida

do desempenho comparativo da empresa ano a ano.

Page 21: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

21

Lucro Líquido x 100 Patrimônio Líquido

Caso uma empresa apresente este índice igual a 8.20%, isto é, para cada

$100 investidos a empresa ganhou $8.20, assim a empresa demoraria 9 anos para

dobrar seu Ativo, caso contasse apenas com seu lucro.

3.1.3.5 Rentabilidade do Patrimônio Líquido (RPL)

Fórmula:

Indica: quanto à empresa obtém de lucro para cada $100 de Capital Próprio investido.

Interpretação: quanto maior, melhor.

Os recursos aplicados na massa patrimonial ativa originam-se dos

proprietários da empresa e de terceiros. Os recursos originados dos proprietários da

empresa são denominados Capital Próprio ou Patrimônio Líquido. Os provenientes de

terceiros são conhecidos por Capital de Terceiros ou Passivo (Circulante e Exigível a

Longo Prazo).

Para uma rápida revisão podemos afirmar que o Patrimônio Líquido abrange:

Capital Social Realizado, Reservas de Capital, Reservas de Reavaliação, Reservas de

Lucro e Resultados Acumulados.

O objetivo básico das empresas prende-se à produção ou comercialização de

bens ou serviços para serem oferecidos a consumidores ou usuários, mas de forma

que proporcione remuneração justa do capital.

Para se ter uma medida de avaliação da remuneração do capital aplicados

pelos acionistas ou cotistas, dependendo do tipo de sociedade, em determinado

empreendimento, importa estabelecer uma relação entre o Resultado Líquido do

Exercício e o capital acumulado dos proprietários (Patrimônio Líquido).

O papel do índice de Rentabilidade do Patrimônio Líquido é mostrar qual a

taxa de rendimento do Capital Próprio. Essa taxa pode ser comparada com a de

outros rendimentos alternativos no mercado, como Caderneta de Poupança, CDBs,

Letras de Câmbio, Ações, Aluguéis, Fundos de Investimentos, etc. Com isso se pode

avaliar se a empresa oferece rentabilidade superior ou inferior a essas opções.

Como o Lucro Líquido se acha expurgado da inflação, a taxa de

Rentabilidade do Patrimônio Líquido é real.

Page 22: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

22

3.1.4 Como Avaliar os Índices

Há três tipos básicos de avaliações de um índice:

a) pelo significado intrínseco;

b) pela comparação ao longo de vários exercícios;

c) pela comparação com índices de outras empresas – índices-padrão.

§ Avaliação Intrínseca de um Índice – é possível, de maneira grosseira,

avaliar índices pelo significado intrínseco. Por exemplo, pode-se tentar quantificar a

situação financeira de uma empresa com base no índice de Liquidez Corrente: se

apresentar valor de 1,5, sabe-se que para cada $1 de dívida no curto prazo há $ 1,5

de investimento no curto prazo. A folga de 50% pode ser considerada suficiente como

margem de segurança à empresa. Essa conclusão é feita ou por intuição do analista

ou por ter trabalhado em empresas que conseguiram operar bem com esse nível de

Liquidez Corrente. Da mesma forma, pode-se dizer elevado um índice de Participação

de Capitais de Terceiros, por exemplo, quando for de 200%. Conclui-se nesse caso

que para cada $100 de capital próprio aplicado existe $200 de terceiros, e que

terceiros estão, portanto, investindo na empresa o dobro do que os próprios acionistas.

Com relação à Participação de Capitais de Terceiros é preciso considerar a opinião

da comunidade financeira. Se os banqueiros, gerentes de banco e outras pessoas que

decidem créditos considerarem normal a participação de capitais de terceiros ao nível

de 200%, a empresa provavelmente continuará desfrutando de crédito bancário. Se

porém esse nível for considerado excessivo, então a empresa poderá ter sérias

dificuldades financeiras. No caso de índices de rentabilidade, pode-se julgar um índice

de rentabilidade, digamos de 20%, em função de uma expectativa desejada dos

empresários.

De qualquer maneira, a análise intrínseca de um índice é limitada e só deve

ser usada quando não se dispõe, de índices-padrão proporcionados pela análise de

um conjunto de empresas.

§ Comparação dos Índices no Tempo – a comparação dos índices de

uma empresa com os valores observados nos anos anteriores revela-se bastante útil

por mostrar tendências seguidas pela empresa. Por exemplo: se por um lado uma

empresa pode endividar-se mais a cada exercício e, simultaneamente, apresentar

aumento da sua rentabilidade, por um lado pode ocorrer redução dos índices de

liquidez. Essas informações permitem ao analista formar uma opinião a respeito de

Page 23: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

23

diversas políticas seguidas pela empresa, bem como das tendências que estão

registradas. É fundamental em qualquer avaliação que os índices que sejam

analisados conjuntamente.

§ Comparação com Padrões – a avaliação de um índice e a sua

conceituação como ótimo, bom, satisfatório, razoável ou deficiente só pode ser feita

através da comparação com padrões. Não existe o bom ou o deficiente em sentido

absoluto. O bem só é bom em relação a outros elementos. É importante, ao se fazer à

comparação, saber se um índice é do tipo quanto maior, melhor, ou quanto menor,

melhor. Suponha-se que uma empresa possua um índice de Liquidez Corrente de

1,93%, se 80% das empresas do ramo possuem índice menor a conclusão é que a

empresa possui bom índice de Liquidez Corrente em relação as demais empresas do

ramo. Essa é uma conclusão objetiva. O uso de índices-padrão é vital na Análise de

Balanços. Não se pode conceber uma boa análise sem a comparação dos índices da

empresa analisada com padrões.

3.1.4.1 Processo de Avaliação de Índices

Uma vez calculados os índices e comparados com padrões, pode-se fazer

primeiro uma avaliação individual de cada índice, depois uma avaliação conjunta e, a

assim, avaliar-se a empresa e sua administração.

Essa forma de avaliação não é descoberta da Análise de Balanços. Pelo

contrário, trata-se de uma técnica científica seguida largamente por outra ciências

(muito antes de sua aplicação na Análise de Balanços) e que, basicamente, tem a

seguinte ordem:

a) Descoberta de Indicadores – quais índices queremos avaliar;

b) Definição do Comportamento do Indicador – existem três possibilidades:

i – quanto maior, melhor;

ii – quanto menor, melhor;

iii – ponto ótimo em torno de um parâmetro.

Page 24: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

24

c) Tabulação de Padrões – é a construção de tabelas baseadas em

elementos do mesmo conjunto, no caso, índices de empresas do mesmo ramo, de

maneira que permita a comparação dos índices de uma empresa com as demais

empresas.

d) Escolha dos Melhores Indicadores e Atribuição dos Respectivos Pesos

3.1.4.2 A Importância Relativa de cada Índice

Uma vez avaliado cada um dos índices, através da comparação com os

padrões, suponha-se que a um tenha sido dada a avaliação ótima, a outro a avaliação

razoável e a outro deficiente. Afinal, qual é a situação da empresa? Depende da

importância de cada um, ou seja, do peso que se atribui a cada índice.

Essa tem sido uma questão fundamental desde os primórdios da Análise de

Balanços. Alexander Wall, primeiro a se preocupar com isso, propôs, em 1914, uma

fórmula matemática para avaliar a empresa, baseando-se nos índices e nos

respectivos pesos. Essa fórmula, do ponto de vista prático, não tinha nenhuma

utilidade, mas teve a virtude de lançar a idéia.

Modernamente, muitos pesquisadores, através de pesquisas de campo, têm

tentado encontrar os pesos ideais; tomam empresas falidas e testam, através de

técnicas matemáticas e estatísticas e auxiliados por computadores, quais os pesos

que, se tivessem sido usados antes da falência, poderiam ter levado ao máximo acerto

possível as previsões.

Além disso, nunca deve ser esquecida a importância atribuída a cada índice

pelos analistas de grande experiência em análise de empresas. Aliás, as técnicas

matemáticas e estatísticas ainda não superaram, em termos de emprego de massa, a

opinião dos analistas quanto à importância dos índices.

A atribuição de pesos, como se vê, pode se adquirir contornos altamente

científicos, porém não deixa de ser algo absolutamente intuitivo.

3.2 Fórmulas de Previsão de Falências

Em 1968, Edwards Altman publicou o artigo “Financial ratios, discriminant

analysis and the prediction of corporate bankruptcy”, no Journal of Finance, dos

Estados Unidos, inaugurando uma série incontável de estudos sobre a capacidade

preditiva dos índices de balanços em diferentes países.

Page 25: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

25

A conclusão geral, indubitavelmente, é a de que é amplamente satisfatória a

capacidade de previsão de insolvências dos índices. As pesquisas efetuadas

basearam-se no uso da análise discriminante.

3.2.1 Fórmulas mais Conhecidas de Previsão de Falências

Diversos estudiosos efetuaram no Brasil, testes estatísticos sobre a previsão

de insolvência com base na análise discriminante. Os diversos trabalhos e respectivas

fórmulas são:

Kanitz

O professor Stephen C. Kanitz, da Universidade de São Paulo, elaborou um

modelo, divulgado pela Revista Exame, de dezembro de 1974, para a avaliação prévia

do estado de solvência ou insolvência das empresas.

Modelo este denominado de Fator de Insolvência, sendo um indicador geral

da ponderação de cinco variáveis (indicadores parciais), que determina se a empresa

está numa faixa perigosa ou não em termos de solvência. Como base de julgamento

do fator de insolvência construiu uma escala de valores para indicação da maior ou

menor probabilidade de falência ou concordata.

Fi = 0,05X1 + 1,65X2 + 3,55X3 – 1,06X4 – 0,33X5

Onde:

Fi = Fator de Insolvência = total de pontos obtidos

X1 = Lucro Líquido / Patrimônio Líquido

X2 = (Ativo Circulante + Realizável) / Exigível Total

X3 = (Ativo Circulante - Estoques) / Passivo Circulante

X4 = Ativo Circulante / Passivo Circulante

X5 = Exigível Total / Patrimônio Líquido

Segundo esse modelo, a empresa será classificada:

Fi < -3 →→ faixa de pré-insolvência

-3 < Fi < 0 →→ situação indefinida (penumbra)

0 < Fi →→ faixa de solvência

Page 26: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

26

Ressalta Kanitz que nem todas as empresas em situação de pré-insolvência

ou de penumbra poderão falir ou impetrar concordata preventiva.

Uma empresa bem administrada poderá recuperar-se de uma situação

financeira difícil, em razão de fatores relacionados com o mercado supridor de

matérias-primas ou consumidor de produtos finais, restrições da política de crédito das

instituições financeiras, pressões inflacionárias reduzindo a capacidade do poder de

compra da moeda e, em conseqüência, a elevação dos preços de bens e serviços,

redução da produtividade etc.

Assim, uma empresa tendo um indicador geral situado numa faixa de 0 a –3,

o ”fator de insolvência”, por si só, não será suficiente para avaliar com alto grau de

confiabilidade a sua situação financeira.

Altman

Z = -1,84 – 0,51X1 + 6,32X2 + 0,71X3 + 0,53X4

Onde:

Z = total de pontos obtidos

X1 = (Ativo Circulante – Passivo Circulante) / Ativo Total

X2 = Lucro Antes de Imposto de Renda / Ativo Total

X3 = Patrimônio Líquido / Exigível Total

X4 = Vendas / Ativo Total

Segundo esse modelo o ponto crítico é 0 (zero). Acima desse valor a empresa

estará solvente; abaixo, insolvente.

Elizabetsky

Z = 1,93X32 – 0,20X33 + 1,02X35 + 1,33X36 – 1,12X37

Onde:

Z = total de pontos obtidos

X32 = Lucro Líquido / Vendas

X33 = Disponível / Ativo Permanente

X35 = Contas a Receber / Ativo Total

X36 = Estoques / Ativo Total

X37 = Passivo Circulante / Ativo Total

Page 27: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

27

Segundo esse modelo o ponto crítico é 0,5. Acima desse valor a empresa

estará solvente; abaixo, insolvente.

Matias

Z = 23,792X1 – 8,26X2 – 9,868X3 – 0,764X4 – 0,535X5 + 9,912X6

Onde:

Z = total de pontos obtidos

X1 = Patrimônio Líquido / Ativo Total

X2 = Empréstimos Bancários e Financiamentos / Ativo Circulante

X3 = Fornecedores / Ativo Total

X4 = Ativo Circulante / Passivo Circulante

X5 = Lucro Operacional / Lucro Bruto

X6 = Disponível / Ativo Total

Segundo esse modelo o ponto crítico é 0 (zero) . Acima desse valor a

empresa estará solvente; abaixo, insolvente.

José Pereira da Silva, um dos pesquisadores, efetuou testes comparativos

entre os diversos modelos, apresentando as conclusões:

Modelo% Empresas Solventes

Classificadas corretamente

pelo modelo

% Empresas InsolventesClassificadas corretamente pelo

modelo

Kanitz 80% 68%

Altman 83% 77%

Elizabetsky 74% 63%

Matias 70% 77%

3.2.2 Como Usar os Modelos de Previsão de Insolvência

Os vários modelos de previsão de insolvência apresentam índices

completamente diversos, alguns com pouco significado. Não obstante isso, todos os

modelos apresentam razoável capacidade de classificar corretamente as empresas

solventes e insolventes. A partir do que foi exposto, podemos tirar algumas

conclusões:

Page 28: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

28

§ O uso da Análise Discriminante na previsão de insolvência, através de

demonstrações financeiras, tem levado a resultados não consistentes, ou seja,

variando-se a amostra chega-se a parâmetros (pesos) e variáveis (índices)

completamente diferentes. Isto significa que os modelos ou têm vida curta ou variam

muito de acordo com a amostra.

§ O modelo é claramente destinado à Indústria e Comércio, não

devendo ser aplicado indiscriminadamente em qualquer tipo avulso. Ao contrário do

que muitos analistas vêm fazendo, não deveremos utilizá-lo para Bancos,

Construtoras etc.

§ Há necessidade que as demonstrações Financeiras reflitam a

realidade financeira da empresa. Isto nem sempre ocorre nas pequenas empresas ( e,

algumas vezes, na média empresa ). Nos casos em que a falência realmente ocorre

após a previsão, constatou-se que as demonstrações eram fidedignas.

§ Os modelos não substituem a análise tradicional e devem ser usados

apenas complementarmente às conclusões destes últimos.

§ A multiplicação de parâmetros diretamente pelos índices pode levar a

resultados absurdos, uma vez que os índices decorrem da divisão entre valores

absolutos e podem variar de menos infinito a mais infinito, distorcendo o fator final.

3.3 Análise Vertical / Horizontal

Por intermédio desse tipo de análise podem-se conhecer pormenores das

demonstrações financeiras que escapam à análise genérica através de índices.

A Análise de Balanços deve partir do geral para o particular. Assim inicia-se a

análise propriamente dita com os cálculos dos índices. Em seguida se aplica a Análise

Vertical / Horizontal.

Os índices podem informar, por exemplo, que uma empresa está com alto

endividamento. A Análise Vertical / Horizontal aponta qual o principal credor e como se

alterou a participação de cada credor nos últimos dois exercícios. Ou, então, os

índices indicam que a empresa teve reduzido sua margem de lucro; a Análise Vertical /

Horizontal apontará, por exemplo, que isso se deveu ao crescimento desproporcional

das despesas administrativas.

Page 29: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

29

3.3.1 Análise Vertical

Análise Vertical baseia-se em valores percentuais das demonstrações

financeiras.

Para isso se calcula o percentual de cada conta em relação a um valor-base.

Por exemplo, na Análise Vertical do Balanço calcula-se o percentual de cada conta em

relação ao total do Ativo.

Na análise Vertical da Demonstração do Resultado calcula-se o percentual de

cada conta em relação às vendas.

Este tipo de análise propicia a comparação de percentagem dos itens do

Ativo em relação a outras empresas, basicamente as concorrentes. Saberemos, por

exemplo, se os nossos investimentos em Estoques são maiores que os de nossos

concorrentes, se nosso custo é mais elevado que o das outras empresas do ramo,

obtendo um indicador relevante para melhor administrar o nosso custo. Todavia, a

Análise Vertical só será completa quando elaborada simultaneamente em dois ou mais

exercícios.

3.3.2 Análise Horizontal

Baseia-se na evolução de cada conta de uma série de demonstrações

financeiras em relação à demonstração anterior e/ou em relação a uma demonstração

financeira básica, geralmente a mais antiga da série.

A Análise Horizontal, comparação das Demonstrações Financeiras em dois

ou mais exercícios, pode ser em valores absolutos ou em percentuais. Através desta

análise pode-se estudar o comportamento dos itens das Demonstrações Financeiras.

Repare-se que na construção dos percentuais para elaboração da Análise

Horizontal se usa a técnica dos números-índices em que no primeiro ano todos os

valores são considerados iguais a 100. Através da regra de três obtêm-se os valores

dos anos seguintes; a variação é o que exceder a 100 ou que faltar para 100.

3.3.3 Relação Entre Análise Vertical e Análise Horizontal

É recomendável que estes dois tipos de análise sejam usados de forma

conjunta. Não se deve tirar conclusões exclusivamente da Análise Horizontal, pois

determinado item, mesmo apresentando uma variação de 2000%, por exemplo, pode

continuar sendo um item irrelevante dentro da demonstração financeira a que

pertence. Por exemplo, uma conta de Investimentos que representa 0,2% do ativo de

Page 30: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

30

uma empresa cresce 2300% em dois anos ao final dos quais passa a representar

0,7%, ou seja: nada significativa para a análise do balanço.

É desejável que as conclusões baseadas na Análise Vertical sejam

complementadas pelas da Análise Horizontal. Na demonstração do Resultado do

Exercício pequenos percentuais podem ser representativos, visto que o lucro líquido

costuma ser também percentual muito pequeno em relação as vendas. Assim, pode

ocorrer, por exemplo, que determinada despesa administrativa, que representa no

primeiro ano 12% das vendas, passe para 18% daí a dois anos. A variação de 12%

para 18% não chama a atenção do analista, porém uma Análise Horizontal poderia

revelar ter havido variação de 50% (além do crescimento das vendas). Se as vendas

tiverem crescimento de 140% no período, as despesas administrativas terão crescido

210%. Ao chamar a atenção do analista para um item que pode estar fora de controle,

a Análise Horizontal estará cumprindo o seu papel. Em resumo, a Análise Vertical e a

Análise Horizontal devem ser usadas como uma só técnica de análise; por isso a

denominamos Análise Vertical / Horizontal.

3.3.4 Objetivos da Análise Vertical / Horizontal

Em termos genéricos, os objetivos são os seguintes:

♦ Análise Vertical – mostrar a importância de cada conta em relação à

demonstração financeira a que pertence e, através da comparação com padrões do

ramo ou com percentuais da própria empresa em anos anteriores, permitir inferir se há

itens fora das proporções normais.

♦ Análise Horizontal – mostrar a evolução da cada conta das

demonstrações financeiras e, pela comparação entre si, permitir tirar conclusões sobre

a evolução da empresa.

Em sentido específico, destacam-se os seguintes objetivos da Análise

Vertical/Horizontal conjuntamente:

Indicar a estrutura de Ativo e Passivo, bem como suas modificações,

evidencia os recursos tomados, financiamentos, e as aplicações destes recursos,

investimentos. A Análise Vertical mostra, de um lado, qual a composição detalhada

dos recursos tomados pela empresa, qual a participação dos capitais próprios e de

terceiros, qual o percentual de capitais de terceiros a curto e longo prazo, qual a

participação de cada um dos itens de capitais de terceiros (fornecedores, bancos,

etc.). De outro lado, a Análise Vertical mostra quanto por cento dos recursos totais foi

Page 31: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

31

destinado ao Ativo Circulante e quanto ao Ativo Permanente. Dentro do Ativo

Circulante, a Análise Vertical mostra que percentagem de investimento foi destinada a

cada um dos itens principais, como Estoques e Duplicatas a Receber. A comparação

dos percentuais da Análise Vertical da empresa com os de concorrentes permite saber

se a alocação dos recursos no Ativo é típica ou não para aquele ramo de atividade. A

análise do percentual de cada item do Ativo permite detectar a política de investimento

da empresa em relação a estoques, duplicatas, imobilizado, enquanto que no Passivo

permite visualizar a política financeira de obtenção de recursos.

A Análise Horizontal do Balanço mostra a quais itens do Ativo a empresa vem

dando ênfase na alocação de seus recursos e, comparativamente, de quais recursos

adicionais se vem valendo. É interessante na Análise Horizontal do balanço observar

comparativamente os seguintes itens:

♦ Crescimento dos totais do Ativo Permanente e Circulante e de cada um

dos seus principais componentes;

♦ Crescimento do Patrimônio Líquido comparativamente ao do Exigível

Total;

♦ Crescimento do Patrimônio Líquido mais Exigível a Longo Prazo

comparativamente ao crescimento do Ativo Permanente;

♦ Crescimento do Ativo Circulante em comparação com o crescimento do

Passivo Circulante.

A Análise Vertical atinge seu ponto máximo de utilidade quando aplicada à

Demonstração do Resultado. Toda a atividade de uma empresa gira em torno das

vendas. São elas que devem determinar o que a empresa pode consumir em cada

item de despesa. Por isso, na Análise Vertical da Demonstração do Resultado as

Vendas são igualadas a 100, e todos os demais itens têm seu percentual calculado em

relação as Vendas. Com isso, cada item de despesa da Demonstração do Resultado

pode ser controlado em função do seu percentual em relação a Vendas. Esse controle

é extremamente importante quando se lembra que o percentual de lucro líquido em

relação a Vendas costuma ser muito pequeno. (Segundo levantamento efetuados, em

princípios da década de 80, em empresas de São Paulo, era de 1,2% o percentual

médio de lucro líquido sobre Vendas no comércio e de 3,1% na indústria). Por isso, o

aumento percentual de qualquer item da Demonstração do Resultado em relação a

Vendas é indesejável. Há empresas que controlam rigorosamente esses percentuais

não permitindo que ultrapassem metas.

Page 32: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

32

3.3.5 Análise Vertical / Horizontal na Previsão de Falências

A insolvência de uma empresa ocorre pela incapacidade de solver suas

obrigações, ou seja, pela falta de dinheiro no momento de vencimento de uma dívida.

Toda empresa está sujeita à falta de dinheiro em determinados momentos

dadas as naturais incertezas e irregularidades da atividade empresarial. Normalmente,

essa carência de moeda é suprida por empréstimos de emergência, obtidos junto a

bancos, e é corrigida a curto prazo pela reformulação de prazos de Duplicatas a

Receber e Fornecedores.

A falta crônica de dinheiro e a perspectiva a longo prazo de agravamento da

insuficiência de entradas em caixa, em face das saídas comprometidas caracteriza a

insolvência, cujas soluções só podem ser a concordata ou a falência.

Via de regra, a falta de dinheiro a curto prazo deve-se a cinco motivos:

♦ Desempenho de vendas aquém do esperado;

♦ Falta de controle das despesas;

♦ Prejuízo;

♦ Má administração do Ativo e Passivo Circulante;

♦ Excesso de investimento no Ativo Permanente.

A impontualidade a curto prazo – revelada por atrasos junto a fornecedores e

protestos sofridos – deve-se à falta de capacidade da empresa obter o numerário

necessário para cobrir os compromissos assumidos.

Em outros palavras, toda empresa tem um fluxo de caixa – movimento de

entrada e saída de caixa – em que as entradas naturalmente se equilibram com as

saídas. Essa harmonia é quebrada quase sempre por uma daquelas cinco hipóteses e

só não será corrigida se a empresa for incapaz de obter os empréstimos adicionais

necessários.

A harmonia referida pressupõe certa regularidade no comportamento dos

diversos itens de balanço e de resultados.

Um brusco aumento de Duplicatas a Receber, por exemplo, tem inevitáveis

conseqüências sobre o Caixa: enquanto aumenta o valor das duplicatas, deixa de

entrar dinheiro no Caixa. Um aumento exagerado no Ativo Permanente, em relação a

outros itens do Balanço, provoca, com certeza, sangria no Caixa, rompendo o

equilíbrio entre ingressos e saídas. Um aumento de despesas fora de proporções

normais tem idêntico reflexo.

Page 33: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

33

Assim, nada mais lógico que estudar os comportamentos dos diversos itens

do balanço e da demonstração de resultados. Existindo regularidade, há grande

chance de a empresa manter o equilíbrio do seu fluxo de caixa. A irregularidade de

comportamento dos itens é um sinal de alerta.

Com efeito, a prática mostra que isso é realmente válido. Grande parte das

empresas que vão à insolvência apresenta irregularidades de comportamento de

diversos de seus itens, como mostra o exemplo adiante.

Apresenta-se a seguir um caso concreto ilustrativo de empresa que se tomou

insolvente; a Análise Vertical / Horizontal evidencia a inconstância de comportamento

de diversos itens de balanço e da demonstração de resultados.

Nesse exemplo, a Análise Horizontal é feita em relação ao ano anterior a fim

de que se possa verificar, ao longo de sucessivos exercícios, quão diferentes foram as

variações de um ano para outro.

Page 34: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

34

Ramo de Atividade: Indústria e Comércio e Gêneros Alimentícios

OBS: Concordata Preventiva Deferida em 10/08/79

31/12/95 31/12/96 31/12/97 31/12/98

Balanços Encerrados em: Val. Ab. % Val. Ab. % AH Anual Val. Ab. % AH Anual Val. Ab. % AH Anual

ATIVO CIRCULANTE 4916 98 10518 99 214 19234 99 183 28911 99 150

Disponibilidades 302 6 1419 13 470 1643 9 116 33 0,1 2

Títulos a Receber 2792 56 4074 39 146 10002 52 246 20780 71 208

Estoques 572 11 2144 20 375 3649 19 170 3351 11 92

Outros Créditos 1250 25 2281 22 182 3940 20 173 4747 16 120

REALIZ. A LONGO PRAZO

ATIVO PERMANENTE 63 1 58 0,5 92 82 0,4 141 194 1 237

Imobilizado 63 1 58 0,5 92 82 0,4 141 194 1 237

Investimentos

Deferido

ATIVO TOTAL 4979 100 10576 100 212 19316 100 183 29105 100 151

PASSIVO CIRCULANTE 3535 71 3813 36 108 8685 45 228 23120 79 266

Fornecedores 924 19 1603 15 173 1616 6 101 1305 5 81

Duplicatas

Descontadas

520 10 1467 14 282 3262 17 222 0 0 0

Fin. Inst. Financeiras 2000 40 0 0 0 1299 7 0 15700 54 1209

Salários, Trib. e

Contrib.

0 0 743 7 0 2508 13 338 6115 21 244

Outros Débitos 91 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0

EXIGÍVEL A LONGO PRAZO

PATRIMÔNIO LÍQUIDO 1444 29 6763 64 468 10631 55 157 5985 21 56

Capital 60 1 1500 14 2500 1500 8 0 10500 36 600

Reservas 1384 28 5263 50 380 9131 47 173 -4515 -15 0

Page 35: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

35

Demonstração de Resultado

Acima apresentou-se as quatro últimas demonstrações de uma empresa de

produtos alimentícios que se tornou concordatária e posteriormente faliu.

O último balanço divulgado pela empresa antes da concordata é de 1997, já

que o seguinte foi levantada apenas para ser anexado aos documentos necessários

para o pedido de concordata.

Em 31/12/97, a situação dessa empresa era muito boa. O índice de

Participação de Capitais de Terceiros era de 81%; o de Imobilização de Patrimônio

Líquido era de 0,8% o de Líquidez Corrente era de 2,21%; o índice de Rentabilidade

do Patrimônio era de 12%.

Entretanto, examinando os números da Análise Vertical / Horizontal,

verificando que o Lucro Bruto, que aumentou 593% de 1995 para 1996, caiu 8% em

1997 e 14% em 1998. As Outras Despesas Operacionais (Vendas e Administração)

cresceram 1841% de 1995 para 1996, sofreram ligeira queda de 10% em 1997 e

subiram 66% em 1998. Isso tudo a valores nominais.

No balanço igualmente verificam diversas flutuações inexpliacáveis. Enquanto

os Estoques sobem exageradamente em 1996, moderadamente em 1997 e caem em

1998, as Duplicatas a Receber sobem ininterruptamente.

A participação dos fornecedores no financiamento global cai contínua e

acentuadamente, passando de 19 par 15% do Passivo Total. A excessiva elavação de

Salários, Tributos e Contribuições sugere que a empresa possa estar atrasando o

pagamento de impostos e encargos sociais.

Exercício de:

V. Abs. AV AH V. Abs. AV AH V. Abs. AV AH V. Abs. AV AH

Receitas dos Serviços/Vendas 19389 100 45642 100 235 46957 100 103 37317 100 79

Custos dos Serviços/Vendas 17245 89 30793 67 179 33316 71 108 25635 69 77

LUCRO BRUTO 2144 11 14849 33 693 13641 29 92 11682 31 86

Despesas Financeiras 266 1 0 0 100 1113 2 2529 7 227

Outras Desp. Operacionais 494 2 9587 21 1941 8667 19 90 14411 39 166

LUCRO OPERACIONAL 1384 7 5262 11 380 3861 8 74 -5258 -14

Res. Extra-Operacional 0 0 0 0 0 7 0 0 0

Saldo da Correção Monetária 10 0,1 640 1 6400 2594 5 4053 2241 6 86

Lucro Antes do IR 1374 7 4622 10 336 1274 3 27 -7499 -20LUCRO LÍQUIDO 1374 7 4622 10 336 1274 3 27 -7499 -20

1997 19981995 1996

Page 36: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

36

Novas Aquisições no Permanente Origens das Operações + Aumento de Capital de em Bens + Novos Recursos de Terceiros (ELP)

Enfim, a Análise Vertical / Horizontal revela um quadro de certa turbulência na

vida da empresa (o que não é tão evidente na análise através de índices ) e sugere

existir algum tipo de problema na empresa.

3.4 Análise da Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos - DOAR

A DOAR é introduzida a partir da Lei das Sociedades por Ações (1976). Antes

ela já existia com a denominação de Fluxo de Fundos.

Apenas um número reduzido de empresas publicava o Fluxo de Fundos.

Atualmente, dada a sua obrigatoriedade para uma boa parte das Sociedades

Anônimas, a DOAR está-se tornando mais conhecida. Até então era uma

demonstração considerada prescindível e, por isso, temos poucos trabalhos na

bibliografia contábil sobre sua análise.

Alguns índices extraídos do Balanço Patrimonial e da Demonstração do

Resultado do Exercício terão seu poder de explicação ampliado quando relacionados

à Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos.

A análise da DOAR nos permite identificar quais os tipos de fontes de

recursos que alimentam a empresa; qual fonte tem uma participação maior; qual o

destino que a administração da empresa está dando para os recursos; qual é o nível

de investimentos em outras atividades (não operacional) etc.

3.4.1 Alguns Índices para Análise da DOAR

1)

Indica quanto foi investido no Ativo Permanente resultante da soma do Lucro

gerado de novos recursos incorporados ao Capital e de novos recursos de Terceiros a

Longo Prazo.

Relacionamos, então, os recursos passíveis de serem utilizados no

Permanente, sem sacrificar Capital Circulante Líquido. Se este índice for superior a

1,00, há evidencia de redução do CCL e, consequentemente, da Liquidez Corrente.

Nunca é demais ressaltar aqui que as Novas Aplicações do Permanente

podem ser destinar-se a Investimentos, Imobilizado e Diferido, e que os acréscimos

Page 37: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

37

Aplicações em Investimentos Origens

Origens (Resultantes de Capitais de Terceiros) Origens Totais

Aquisição de Imobilizado Aplicações

referentes a Correção monetária, Reavaliação e Equivalência Patrimonial não são

considerados como novas aquisições, embora aumentem o valor nominal do

Permanente de um para o outro.

2)

Como sabemos, as aplicações em Investimentos são não operacionais, uma

vez que não se destinam à manutenção da atividade operacional da empresa. Se tais

aplicações forem elevadas ou constantes no decorrer dos anos, concluiremos que está

havendo um desvio em relação aos objetivos sociais da empresa. Isto pode significar

que essas aplicações estão apresentando rendimentos maiores que a própria

atividade da empresa. Por outro lado, a estrutura produtiva da empresa (Imobilizado)

pode estar sendo prejudicada. Este índice pode indicar ainda uma possibilidade de

rejeição pelo mercado consumidor do produto da empresa.

3)

Elevadas e sucessivas origens (mais de 50%) decorrentes de Capital de

Terceiros significam enfraquecimento da situação econômica. Esta situação tende a

piorar se o endividamento da empresa já for elevado. No momento em que as origens

decorrentes de Capital de Terceiros se reduzirem ao percentual inferior a 50%,

teremos uma participação mais elevada de recursos gerados pela própria empresa ou

pelos proprietários. Neste caso, entretanto, é interessante subtrair os Dividendos do

Lucro Líquido para que se possa observar, mesmo assim, se a situação é favorável.

4)

Page 38: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

38

Indica se a indústria, no decorrer dos anos, está inovando o seu Imobilizado,

não só no sentido de reposição, mas também para melhorar a sua produtividade e a

qualidade do seu produto.

Page 39: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

39

4 Parte Prática – Análise de Balanço

ANÁLISE EXTERNA DE BALANÇO PATRIMONIAL E DEMOSTRAÇÃO DE

RESULTADO DE EXERCÍCIO DE EMPRESA INDUSTRIAL - Companhia Irani

Celulose

4.1 Considerações Iniciais

4.1.1 Objetivos e Parâmetros

Este relatório objetiva apresentar uma análise externa da Companhia

Celulose Irani. A Companhia Celulose Irani é uma Sociedade Anônima de capital

aberto.

Esta análise tomou como fonte de dados o Balanço Patrimonial,

Demonstração de Resultados de Exercícios e a Demonstração de Origens e

Aplicações de Recursos, relativos ao exercício social de 2000, comparativo ao de

1999 da citada companhia.

O objetivo mais específico desta análise é traçar e diagnosticar a real

situação econômica/financeira que a companhia apresentava ao final do exercício

social de 2000, tomando como base comparativa os resultados alcançados no

exercício imediatamente anterior.

4.1.2 A Companhia Celulose Irani

A sociedade tem por objetivo principal a industrialização e o comércio de

papel, chapas e caixas de papelão ondulado, móveis e madeiras serradas. Atua no

florestamento e reflorestamento de espécies apropriadas a estas atividades, e em

outras atividades correlatas à atividade agroflorestal (extração e corte de madeiras,

culturas, etc.).

A produção de papel em instalações próprias elevou-se de 6222

ton/médias/mensais em 1999 para 6939 ton/médias/mensais em 2000, alcançando

10333 toneladas em dezembro deste exercício. A produção foi direcionada

principalmente a papéis para a embalagem, pardos e coloridos.

Os investimentos foram orientados para o aumento de produção e

reflorestamento, totalizando R$ 43941 milhões. O preço médio bruto dos papéis

vendidos ao mercado interno e externo apresentou um aumento de 25% passando de

R$1030/tonelada em 1999 para R$ 1284/tonelada em 2000.

Page 40: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

40

Composição do Ativo Total - 1999

RLP3,51%

Circulante21,86%

Permanente74,63%

Composição do Ativo Total - 2000

RLP0,72%

Circulante14,97%

Permanente84,31%

4.2 Comentários Sobre o Balanço Patrimonial

A Companhia Celulose Irani apresentava em 31 de dezembro de 2000 o

montante de R$ 154.338.000,00 (cento e cinqüenta e quatro milhões e trezentos e

trinta oito mil reais) em Ativos Totais, assinalando portanto um crescimento de 22,03%

comparado ao ano de 1999, um aumento acima da taxa de inflação ocorrida no

período.

Deste montante de ativos ressalta-se que mais de 80% estavam aplicados em

Ativos de caráter permanente. A evolução comparativa da composição dos Ativos da

Companhia Celulose Irani, ocorreu um grande aumento de ativos empregados no

permanente na empresa, apresentando um crescimento relativo a 1999 de 37,85%.

Este aumento de permanente deve-se ao processo de expansão e

modernização das unidades produtivas iniciado em 2000, com a troca de máquinas de

papel e a reforma de 70% da fábrica de embalagem. Com a modernização das

máquinas obteve-se um aumento no volume produzido de 80 ton/dia para 110 ton/dia.

Ainda sobre o aumento do imobilizado está sendo instalada no município de Vargem

Bonita – SC agregada à unidade de produção de papel, uma fábrica de chapas e

caixas de papelão ondulado do tipo triplex, produtos destinados ao setor

hortifrutigranjeiro do sul do país, em especial.

Estes projetos quando conclusos serão responsáveis por uma nova etapa de

crescimento da Celulose Irani S.A., e fazem parte do planejamento estratégico

elaborado para os próximos 4 anos. A produção de caixas triplex deverá iniciar em

abril de 2001, sendo que em 2001 a companhia estará voltada à otimização dos

investimentos realizados em 2000, com a entrada de operação plena das novas

unidades industriais.

Page 41: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

41

A composição da estrutura de capital da empresa apresentou uma variação

de maneira não muito significativa fazendo-se a comparação entre os exercícios em

questão, ocorreu uma redução de 5 pontos percentuais no Patrimônio Líquido da

companhia, seguido de um aumento de 6 pontos percentuais no Passivo Circulante e

a contraponto das obrigações de longo de prazo que decaíram um ponto percentual.

A composição do Ativo Circulante no exercício de 2000, se apresentou de

uma maneira bastante peculiar, ocorreu uma diminuição expressiva na conta de

Créditos da empresa de 46.54% se comparado com o montante existente em 1999,

pode-se também observar o crescimento da dependência da conversação dos

estoques em numerário em 2000 para o financiamento do Capital Circulante,

apresentando uma elevação de 68,03%, fator crítico pois em 2000 o Capital Circulante

reduziu em 16,41%, sendo que esta imobilização excessiva de capital em estoques

deve ser reavaliada para 2001. Para as contas de disponibilidades e outras se

apresentaram de maneira semelhante a 1999.

Passivo Total - 1999

Circulante24%

Exigível a Longo Prazo22%

Patrimônio Líquido

54%

Passivo Total - 2000

Circulante30%

Exigível a Longo Prazo21%

Patrimônio Líquido

49%

Ativo Circulante - 2000 e 1999

-5.000

10.00015.00020.000

Dispon

ib...

Crédit

os

Estoqu

es

Outro

s

2000

1999

Page 42: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

42

Com relação ao Passivo Circulante percebe-se que os Empréstimos de curto

prazo e as dívidas com Fornecedores sofreram uma grande elevação em 2000,

obtendo um crescimento relativo de 89.07% e 141,77% respectivamente a 1999. Em

2000 após esta elevado crescimento, as contas de fornecedores passaram a ser a

mais representativa do grupo.

Com relação ao Exigível a Longo Prazo houve variação relativa sensível. A

sua variação foi de cerca de 19,69% comparativa aos exercícios em questão, mas

esta variação acompanhou a tendência de crescimento dos Ativos Totais da

Companhia que foi de cerca de 22,03%, como já mencionado.

4.3 Análise Vertical/Horizontal

Em relação a análise Vertical/Horizontal alguns pontos já foram citados no

comentário sobre o balanço patrimonial, mas vários itens peculiares da análise do

balanço pode ser comentado a seguir.

O Patrimônio Líquido da Celulose Irani em 2000 obteve um crescimento de

10.16%, se comparado com a evolução obtida nos Ativos Totais que alcançou 22,03%

em 2000, nos indicando que em 2000 a empresa ficou mais dependente a capitais de

terceiros relativamente. Sendo que este aumento de capitais de terceiros se

concentrou a curto prazo, sendo uma política de financiamento de capitais arriscada

para a empresa.

Embora o Exigível a Longo Prazo não apresentou um crescimento elevado, a

conta de Empréstimos e Financiamentos atingiu uma elevação de 105.79%

Passivo Circulante - 2000 e 1999

02.0004.0006.0008.000

10.00012.00014.00016.00018.000

Empr

éstim

os e

...

Forne

cedo

res

Impo

stos,

Taxas

..

Divide

ndos

a Pag

ar

Provis

ões

2000

1999

Page 43: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

43

comparado a 1999, mostrando que os financiamentos de longo prazo passaram a ser

mais representativos em 2000, sendo 6.03% do Passivo Total da empresa.

4.4 Análise de Liquidez

Nitidamente, podemos observar que durante o exercício de 2000, a empresa

reduziu consideravelmente a sua liquidez em todos os níveis, devido principalmente a

seus novos investimentos no parque fabril.

Se comparamos a Liquidez Corrente apresentada em 2000, que obteve

0,50%, com o índice da média das empresas do setor que foi apurado como 1,14%,

veremos um mau desempenho, mas se avaliarmos o desempenho em 1999 veremos

que a empresa estava em conformidade com a média das empresas do setor. Sendo

que em 2000 ocorreu novos investimentos que diminuíram a liquidez de maneira geral

até podemos considerar o presente ano como atípico.

2000 1999 EvoluçãoLiquidez Geral (AC+ARLP)/(PC+PELP) 0,31 0,55 -0,44

Liquidez Corrente AC/PC 0,50 0,89 -0,44Liquidez Seca (AC-Estoques)/PC 0,25 0,67 -0,63

Liquidez Imediata Disponível/PC 0,004 0,01 -0,69

Análise da Liquidez

0,000,200,400,600,801,00

Liqu

idez

Ger

al

Liqu

idez

Cor

rent

e

Liqu

idez

Sec

a

Liqu

idez

Imed

iata

Análise de Liquidez

2000

1999

Page 44: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

44

4.5 Análise da Estrutura de Capitais

Ocorreu em 2000, uma considerável elevação do percentual de participação

de terceiros no financiamento do capital de giro da empresa, apresentando um nível

preocupante de 105,65% de participação, sobre o patrimônio líquido.

O aumento de imobilizado é explicado pelo investimento aplicado na

expansão e modernização do parque fabril da empresa.

4.6 Análise da Rentabilidade

2000 1999 Evolução

Part. de Capitais de Terceiros PCT (CT x 100)/PL 105,6496 85,71 23,27

Composição do Endividamento CE (PC x 100)/CT 58,62 53,04 10,52

Imob. do Patrimônio Líquido IPL (AP x 100)/PL 173,3801 138,59 25,10

Imob. dos Rec. Não Correntes IRNC (AP x 100)/PL+PELP 120,64 98,82 22,08

Índices de Estrutura de Capitais

2000 1999 EvoluçãoLucratividade Final (Lucro Finalx100)/ROL 5,39 5,15 0,05

Giro do Ativo (Vendas Líquidas)/Ativo 0,69 0,69 0,01Margem Líquida (Lucro Líquidox100)/Vendas Líq. 3,28 4,60 -0,29

Rentabilidade do Ativo (Lucro Líquidox100)/Ativo 2,28 3,17 -0,28Rentabilidade do PL (Lucro Líquidox100)/PL 4,68 5,89 -0,21

Análise da Rentabilidade

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

PCT CE IPL IRNC

Estrutura de Capitais

2000

1999

Page 45: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

45

Em 2000 o resultado antes dos impostos foi de 29% maior em relação ao

exercício de anterior, ainda assim o resultado líquido do exercício foi de R$ 498 menor

que 1999, afetado basicamente pela expressiva tributação, especialmente pela

incidência do IRPJ e CSLL sobre a variação cambial diferida. Desta forma incidindo

nos índices de rentabilidade, os quais obtiveram reduções se comparados aos

apresentados em 2000.

4.7 Análise de Insolvência

Como podemos observar, a análise quantitativa dos modelos de previsão de

falência não apresentaram homogeneidade, assim não podemos tirar alguma

conclusão definitiva da situação da empresa, sem antes realizarmos uma análise

qualitativa das contas e investimentos da empresa, não esquecendo de avaliar o

histórico das contas da mesma. No entanto a situação da Celulose Irani pode ser

considerada solvente, pois a companhia está em expansão e pretende resgatar os

investimentos em um prazo de 4 anos.

Análise de Rentabilidade

0,001,002,003,004,005,006,007,00

Lucr

ativ

idad

eF

inal

Giro

do

Ativ

o

Mar

gem

Líqu

ida

Ren

tabi

lidad

edo

Ativ

o

Ren

tabi

lidad

edo

PL

%

2000

1999

2000 1999 SituaçãoKanitz 0,503 2,043 SolventeAltman -0,377 -0,293 Insolvente

Elizabetsky -0,135 -0,011 InsolventeMatias 4,901 9,283 Solvente

Page 46: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

46

5 Conclusão

As técnicas de análise de demonstrações financeiras apresentadas e

comentadas no trabalho, são ferramentas relevantes como fontes de informações para

a tomada de decisões, desde que corretamente interpretadas, pois as mesmas devem

ser avaliados no contexto da empresa e principalmente comparando-as com as média

do setor empresarial onde a empresa está inserida.

O estudo de caso mostrou a quantidade de informações que são geradas na

análise das demonstrações financeiras de balanços, portanto a correta avaliação

destas informações se torna uma ferramenta de extrema relevância, para uma

coerente gestão empresarial.

Page 47: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

47

6 Bibliografia

1. MATARAZZO, Dante C. Análise Financeira de Balanços. São Paulo:Atlas. 1998.

2. MARION, José C. Contabilidade Empresarial. São Paulo: Atlas. 1998.3. IUDÍCIBUS, Sérgio. Análise de Balanços. São Paulo: Atlas 1981.4. GOUVEIA, Nelson. Contabilidade. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil.

1995.

Page 48: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

48

7 Anexos

Balanço (Ativo 1999 - 2000)

Balanço (Passivo 1999 - 2000)

2000/1999

% S/ Ativo % S/ Grupo % S/ Ativo % S/ GrupoCIRCULANTE 23.107 14,97 100,00 (16,41) 27.644 21,86 100,00Disponibilidades 189 0,12 0,82 (52,87) 401 0,32 1,45 Créditos 8.153 5,28 35,28 (46,54) 15.252 12,06 55,17 Estoques 11.562 7,49 50,04 68,03 6.881 5,44 24,89 Outros 3.203 2,08 13,86 (37,32) 5.110 4,04 18,49 REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 1.111 0,72 100,00 (75,01) 4.445 3,51 100,00Créditos diversos 1.111 0,72 100,00 103,85 545 0,43 12,26 Créditos com Pessoas Ligadas - 0,00 0,00 - 0 0,00 - Com Controladas - 0,00 0,00 - 0 0,00 - Com Outras Pessoas Ligadas - 0,00 0,00 - 0 0,00 - Outros - 0,00 0,00 - 3.900 3,08 87,74 PERMANENTE 130.120 84,31 100,00 37,85 94.391 74,63 100,00Investimentos 59 0,04 0,05 - 59 0,05 0,06 Participações em Coligadas - 0,00 0,00 - 0 0,00 - Participações em Controladas - 0,00 0,00 - 0 0,00 - Outros Investimentos - 0,00 0,00 - 0 0,00 - Imobilizado 128.364 83,17 98,65 39,89 91.762 72,55 97,21 Diferido 1.697 1,10 1,30 (33,97) 2.570 2,03 2,72 ATIVO TOTAL 154.338 100,00 22,03 126.480 100,00

2000Análise VerticalValores em R$

(Mil Reais)ATIVO Análise

Horizontal Valores em R$

(Mil Reais)Análise Vertical

1999

2000/1999

% S/ Passivo % S/ Grupo % S/ Passivo % S/ GrupoCIRCULANTE 46.483 30,12 100,00 50,12 30963 24,48 100,00Empréstimos e Financiamentos 14.451 9,36 31,09 89,07 7643 6,04 24,68Debêntures 0 0,00 0,00 - 0 0,00 0,00Fornecedores 16.254 10,53 34,97 141,77 6723 5,32 21,71Impostos, Taxas e Contribuições 5.999 3,89 12,91 (38,79) 9801 7,75 31,65Dividendos a Pagar 0 0,00 0,00 (100,00) 243 0,19 0,78Dívidas com Pessoas Ligadas 2.111 1,37 4,54 20,35 1754Provisões 385 0,25 0,83 - 0 0,00 0,00Outros 7.283 4,72 15,67 51,82 4797 3,79 15,49EXIGÍVEL A LONGO PRAZO 32.806 21,26 100,00 19,69 27409 21,67 100,00Empréstimos e Financiamentos 9.362 6,07 28,54 103,79 4594 3,63 16,76Debêntures 0 0,00 - 0Provisões 0 0,00 - 0Dividas com Pessoas Ligadas 23.444 15,19 71,46 - 0 0,00 0,00Outros 0 0,00 0,00 (100,00) 22815 18,04 83,24Resultados de Ex. Futuros 2.462 1,60 7,50 - 0 0,00 0,00PATRIMÔNIO LÍQUIDO 75.049 48,63 100,00 10,19 68108 53,85 100,00Capital Social Realizado 39.090 25,33 52,09 28,37 30.450 24,07 44,71Reservas de Capital 0 0,00 0,00 (100,00) 4.097 3,24 6,02Reservas de Reavaliação 32.000 20,73 42,64 (2,38) 32.780 25,92 48,13Ativos Próprios 0 0,00 0,00 - 0 0,00 0,00Controladas/Coligadas 0 0,00 0,00 - 0 0,00 0,00Reservas de Lucro 3.959 2,57 5,28 406,91 781 0,62 1,15Legal 286 0,19 0,38 472,00 50 0,04 0,07Estatuária 0 0,00 0,00 - 0 0,00 0,00Outras Reservas de Lucro 3.673 2,38 4,89 403,15 730Lucros/Prejuízos Acumulados 0 0,00 0,00 - 0 0,00 0,00PASSIVO TOTAL 154.338 100,00 22,03 126.480,00 100,00

PASSIVO2000 1999

Valores em R$ Análise Vertical Análise Horizontal Evolução %

Valores em R$ Análise Vertical

Page 49: 113_Tecnicas de Analise de Balancos

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Balanço (Demonstração de Resultados do Exercícios 1999 - 2000)

Balanço (Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos 1999 - 2000)

2000/1999

Receita Bruta de Vendas 137088 127,96 22,25 112139 128,62 Deduções da Receita Bruta -29958 -27,96 20,07 -24951 -28,62Receita Operacional Líquida 107130 100,00 22,87 87188 100,00 Custo das Vendas -76788 -71,68 24,63 -61614 -70,67Resultado Bruto 30342 28,32 18,64 25574 29,33 Despesas/Receitas Operacionais -24220 -22,61 14,06 -21234 -24,35 Com Vendas -9782 -9,13 45,26 -6734 -7,72 Gerais e Administrativas -10014 -9,35 22,62 -8167 -9,37 Financeiras -9268 -8,65 -0,09 -9276 -10,64 Receitas Financeiras 2625 2,45 -28,02 3647 4,18 Despesas Financeiras -11893 -11,10 -7,97 -12923 -14,82 Outras Receitas Operacionais 9173 8,56 6923 7,94 Outras Despesas Operacionais -4331 -4,04 8,82 -3980 -4,56 Resultado da Equivalência Patrimonial 0 0,00 0,00 0 0,00Resultado Operacional 6122 5,71 41,06 4340 4,98Resultado Não Operacional -343 -0,32 -331,76 148 0,17 Receitas 442 0,41 53,47 288 0,33 Despesas -785 -0,73 460,71 -140 -0,16Resultado antes do I.R. 5779 5,39 28,77 4488 5,15 Provisão p/ I.R. e Contribuição Social -1562 -1,46 227,46 -477 -0,55IR Diferido -704 -0,66 - 0 0Participações/Contribuições Estatutárias 0 0,00 0,00 0 0,00 Participações 0 0,00 0,00 0 0,00 Contribuições 0 0,00 0,00 0 0,00Reversão dos Juros sobre Capital Próprio 0 0,00 0,00 0 0,00Lucro/Prejuízo do Exercício 3513 3,28 -12,42 4011 4,60

DRE2000 1999

Valores em (R$ Mil)

Análise Horizontal Evolução %

Valores em (R$ Mil)

Análise Verticas %

Análise Verticas %

2000 2000/1999 1999

Origens 24.999 (0,34) 25085Das Operações 11.725 -12,47 13395 Lucro/Prejuízo do Exercício 3.513 -37,57 5627 Vls que não repr. mov. Cap. Circulante 8.212 5,72 7768Dos Acionistas 4.543 -11,70 5145De Terceiros 8.731 33,40 6545Aplicações 45.056 119,29 20546Acréscimos/Decréscimos no Cap. Circulante (20.057) -541,88 4539Variação do Ativo Circulante (4.537) -130,30 14973Ativo Circulante no Início do Exercício 27.644 118,17 12671Ativo Circulante no Final do Exercício 23.107 -16,41 27644Variação do Passivo Circulante 15.520 48,74 10434Passivo Circulante no Início Exercício 30.963 50,83 20529Passivo Circulante no Final do Exercício 46.483 0,00 30963

DOAR (Reais Mil)Valores em R$

Análise Horizontal

Valores em R$