a funcao do curriculo no contexto escolar - ibpex digital (1)

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metodologia de ensino curricular

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  • O selo dialgica da Editora Ibpex faz referncia s publicaes que privi-legiam uma linguagem na qual o autor dialoga com o leitor por meio de recursos textuais e visuais, o que torna o contedo muito mais dinmico. So livros que criam um ambiente de interao com o leitor seu universo cultural, social e de elaborao de conhecimentos , possibi-litando um real processo de interlocuo para que a comunicao se efetive.

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  • A funo do currculo no contexto escolar

    Michelle Fernandes LimaClaudia Maria Petchak Zanlorenzi

    Luciana Ribeiro Pinheiro

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  • Conselho editorial dr. ivo Jos Both, (presidente); dr. Elena godoy; dr. Nelson lus dias; dr. Ulf gregor Baranow

    Editor-chefe lindsay azambujaEditor-assistente ariadne Nunes WengerEditor de arte Raphael BernadelliAnlise de informao Jassany Omura gonalvesCapa Slvio gabriel SpannenbergProjeto grfico Bruno de OliveiraIconografia danielle ScholtzIlustrao da capa Znort! ilustradores

    informamos que de inteira responsabilidade das autoras a emisso de conceitos.

    Nenhuma parte desta publicao poder ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prvia autorizao da Editora ibpex.

    a violao dos direitos autorais crime estabelecido na lei n 9.610/1998 e punido pelo art. 184 do cdigo Penal.

    Esta obra utilizada como material didtico nos cursos oferecidos pelo grupo Uninter.

    1 edio 2013.

    Foi feito o depsito legal.

    Zanlorenzi, claudia Maria Petchaka funo do currculo no contexto escolar [livro

    eletrnico] / claudia Maria Petchak Zanlorenzi, luciana Ribeiro Pinheiro, Michelle Fernandes lima. curitiba: ibpex, 2013. (Srie Formao do Professor)

    2 Mb ; PdF

    Bibliografia. iSBN 978-85-417-0034-4

    1. cotidiano escolar 2. currculos 3. Professores Formao i. Pinheiro, luciana Ribeiro. ii. lima, Michelle Fernandes. iii. Ttulo. iV. Srie.

    13-01039 cdd370.7107

    dados internacionais de catalogao na Publicao (ciP)(cmara Brasileira do livro, SP, Brasil)

    ndices para catlogo sistemtico:1. Formao de professores(as) e currculo: Educao: Estudo e ensino 370.7107

    av. Vicente Machado, 317 14 andar centrocEP 80420-010 curitiba PR BrasilFone: (41) [email protected]

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    SUMRIOSUMRIO

    0101

    0202

    0303

    Apresentao 77

    Organizao didtico-pedaggica 1111

    Introduo 1515

    Currculo: conceituao do termo 2121Delineando a definio do termo 2424

    Consideraes iniciais sobre o currculo no contexto escolar 2626

    Um breve histrico sobre o currculo 4747

    O currculo e o conhecimento na escola 7373A realidade scio-histrica e a construo curricular na educao brasileira 7878

    Tendncias pedaggicas e teorias do currculo 8888O pensar educativo e a organizao escolar 9696

    A fragmentao dos contedos e a subjetividade na escola 104104O currculo e as novas exigncias socioeducacionais 112112

    Adaptaes curriculares e incluso socioeducacional 123123

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    O currculo e a organizao do trabalho pedaggico 149149A funo social da escola e o currculo: uma reflexo necessria 152152

    Dimenso formal do currculo escolar 163163

    A concretizao do currculo no cotidiano das escolas 172172

    O planejamento como concretizao do currculo 178178

    Consideraes finais 191191

    Referncias 197197

    Bibliografia comentada 207207

    Respostas 213213

    Sobre as autoras 219219

    0404

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    APRESENTAOAPRESENTAO

    Neste livro, apresentamos uma reflexo sobre o currculo escolar por meio de diferentes elementos que definem o queo que, para quepara que e comocomo ensinar nas escolas de educao bsica.

    O pressuposto que norteia essa discusso se pauta na compreenso do currculo como uma produo social que, ao longo da histria da educao brasileira, passou por diversas mudanas que interferiram diretamente na organi-zao do trabalho pedaggico.

    Pensamos esta obra com base nos seguintes aspectos que possibilitam o entendimento do currculo escolar: conceituao e definio de currculo; histria do currculo; o currculo e a apropriao do conhecimento na escola; concretizao do currculo no cenrio escolar.

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    No primeiro captulo, buscamos a definio de currculo, entendendo que diferentes fatores determinam essa concei-tuao e que diferentes teorias explicam a organizao curri-cular. deixamos claro, nesse primeiro momento do livro, que essa organizao no linear e nem concebida em uma nica viso. ainda nesse captulo, voc poder ter elementos sobre as diferentes conceituaes sobre o currculo na concepo de autores que j se dedicaram a essa temtica. Essa discusso inicial oferece as bases para compreender o eixo central da obra A funo do currculo no contexto escolar.

    No segundo captulo, nosso desafio foi compreender o currculo em sua dimenso histrica, tendo como critrio os avanos e os desafios do currculo escolar no cenrio brasi-leiro. Esse breve histrico possibilita o conhecimento sobre as continuidades e rupturas do termo currculo no cenrio educacional brasileiro.

    No terceiro captulo, apresentamos o currculo como ins-trumento de apropriao do conhecimento na escola. Nessa anlise, priorizamos trs vertentes: as tendncias pedaggicas e as diferentes formas de

    organizao escolar; o processo de elaborao do currculo, em sua dimen-

    so estrutural, funcional e organizacional, que define o campo curricular;

    e as novas exigncias sociais que se colocam para orga-nizao escolar no contexto atual, especialmente no que se refere ao distanciamento dos contedos escolares da realidade na qual o aluno est inserido.

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    No quarto e ltimo captulo, nossa tarefa consiste no entendimento da concretizao do currculo no cotidiano escolar, tendo como pressuposto fundamental a ideia de que o currculo no neutro, mas marcado por posies polticas, tericas e histricas. Nessa direo, o texto se organiza em trs eixos: primeiramente, discutimos a funo social da escola e a organizao do currculo; no segundo, tratamos da dimenso formal do currculo e pontuamos os preceitos legais a ele relacionados; por fim, buscamos com-preender a efetivao do currculo no cotidiano escolar, que se d por meio do Projeto Poltico Pedaggico (PPP) e do planejamento.

    Esperamos que essas anlises contribuam de forma efe-tiva para a compreenso do currculo no mbito escolar e que, principalmente, sirvam como um ponto de partida para o entendimento da questo curricular, to necessria na elaborao dos projetos pedaggicos e nos planejamen-tos escolares.

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  • 1111

    ORGANIZAO DIDTICOORGANIZAO DIDTICO--PEDAGGICAPEDAGGICA

    Esta seo tem a finalidade de apresentar os recursos de aprendizagem utilizados no decorrer da obra, de modo a evidenciar os aspectos didtico-pedaggicos que nortearam o planejamento do material e como o aluno/leitor pode tirar o melhor proveito dos contedos para seu aprendizado.

    Pense a respeitoPense a respeitoSo reflexes que fazem um convite leitura, acompanha-das de uma anlise sobre o assunto.

    2222

    Nesse sentido, podemos infer

    ir que os conhecimentos so

    apropriados pela interao co

    m o outro, na relao com os

    objetos, situaes que so fru

    to da elaborao histrica do

    prprio homem. No entanto, e

    ssa apropriao necessita de

    atividades que determinem d

    e certa forma os significados

    sobre as coisas e os outros. E

    nfim, os conhecimentos so

    histrico-culturais, resultado

    de uma histria coletiva do

    homem e em virtude de suas

    necessidades.

    Todavia, podemos perguntar: C

    omo os

    conhecimentos so organizad

    os e sistematizados

    no contexto escolar?

    O currculo responde a esse

    questionamento, pois ele

    define o que, como e para qu

    e os contedos so trabalhado

    s

    nos diferentes nveis de ensin

    o. So muitos os conceitos que

    podemos apresentar sobre o

    currculo, pois essa conceitu

    a-

    o est ligada s diferentes t

    eorias, concepes e interpre-

    taes no campo educacional.

    Essa temtica alvo constante

    de discusso das polticas edu-

    cacionais, dos professores, dos p

    esquisadores, dos pais, dos estu-

    dantes, no entanto, preciso u

    m olhar mais detalhado sobre

    o

    currculo - no simplesmente c

    omo um conjunto de contedos

    ,

    ou formas de ensinar, que ser

    o aplicados pelos professores. O

    currculo traz na sua essncia

    questes econmicas, polticas

    ,

    culturais e histricas que ultrap

    assam a ideia de uma simples

    seleo de contedos disciplinar

    es. (Saviani, 2000).

    No que se refere ao aspecto e

    conmico na organizao do

    currculo, podemos dizer que,

    conforme a escola organiza e

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  • 1212

    ImportanteImportanteNessa seo, voc encontrar trechos destacados para ajud-lo a fixar os con-ceitos mais importantes do captulo.

    SnteseSnteseVoc conta, nesta seo, com um recurso que lhe instiga a fazer uma reflexo sobre os contedos estuda-dos, de modo a contribuir para que as concluses a que voc chegou sejam reafirmadas ou redefinidas.

    Indicaes culturaisIndicaes culturaisao final do captulo, o autor lhe ofe-rece algumas indicaes de livros, fil-mes ou sites que podem ajud-lo a refletir sobre os contedos estudados e permitir o aprofundamento em seu processo de aprendizagem.

    137137

    Indicaes culturaisIndicaes culturais

    ENTRE os muros da escola. Direo: Laurent Cantet. Produo: Caroline Benjo, Carole Scotta, Barbara Letellier e Simon Arnal. Frana: Sony Pictures Classics; Imovision,

    2007. 128 min.O filme apresenta a histria de um professor de ln-gua francesa, Franois Marin, que trabalha numa escola na periferia de Paris. O enredo aponta a difcil tarefa dos professores em conseguir estabelecer uma flexibilidade na proposta curricular de forma que motive os alunos a apren-derem os contedos ao longo do ano. O filme retrata que,

    em uma escola multicultural em que se recebe sujeitos de diferentes lugares e com diferentes bagagens sociocognitivas, necessrio dedicao, persistncia e uma maior aproxima-o da realidade dos educandos. Caso contrrio, cada edu-cando permanecer isolado em seu mundo. Assim, a escola no se torna um ambiente de incluso e o currculo fica res-trito mera transmisso de contedos. Nesses termos, h apenas a integrao de pessoas compartilhando um mesmo ambiente, mas sem que existam trocas multiculturais e de conhecimentos.

    133133

    Nessa perspectiva, o educador deve presta

    r pemanente

    ateno s possibilidades e s necessidad

    es de mudan-

    as, readequaes e flexibilidades pedag

    gicas. Todos os

    momentos e espaos educacionais podem e

    xigir interfern-

    cias e trocas no pensadas ou planejadas. E

    , nesse processo

    educativo em constante mutao, o educ

    ador deve estar

    atento para no prejudicar o educando.

    Gonzalz (2007, p. 29) declara que a

    interveno

    educacional

    somente pode atingir os objetivos propostos d

    e formao

    integral em conhecimentos, destrezas, valor

    es de todos

    os alunos e oferecer a melhor qualidade de vid

    a possvel

    nos mbitos pessoal, profissional e social, etc.,

    mediante as

    adaptaes curriculares apropriadas.

    Na verdade, a educao s uma, mas tem dife

    rentes ajus-

    tes para atender a diversidade das crianas e

    dos adoles-

    centes. O sistema educacional, em seu conjunt

    o, deve ofe-

    recer os meios necessrios para proporcionar

    a ajuda de

    que cada pessoa necessita dentro de um context

    o educativo

    mais normal possvel.

    As adaptaes curriculares devem respond

    er s deman-

    das de interveno educacional especfica.

    O ensino deve

    ser adaptado s crianas, e essas adapta

    es no podem

    deixar de ser realizadas sob desculpa de q

    ue o educando

    est ali somente para se socializar. Como p

    odemos deduzir,

    se as adaptaes no forem realizadas, o pr

    ocesso de socia-

    lizao tambm comprometido.

    A socializao resultado da participao

    no contexto

    da coletividade sob condies de sentimen

    tos de pertena.

    A necessidade de pertencer a um grupo

    inerente ao ser

    humano. O carter positivo das experinci

    as realizadas no

    grupo ajudam no somente os educandos po

    rtadores de ne-

    cessidades educacionais especiais, mas tam

    bm os outros

    educandos. Perceber o outro, conhecer o o

    utro, ajudar ao

    outro, ser ajudado, so situaes que no co

    tidiano escolar

    podem estabelecer a construo de vnculo

    s afetivos. E o

    estabelecimento de vnculos afetivos de

    correntes dessa

    forma de socializar(se) resulta na autoaceita

    o e na aceita-

    o dos outros educandos.

    As adaptaes curriculares, portanto, tamb

    m devem pre-

    ver essa dimenso educacional.

    SnteseSnteseEstudar sobre currcu

    lo e suas implicaes educacionais

    inegavelmente de suma importncia para o

    educador, uma

    vez que o sistema de ensino se fundamenta

    na organizao

    e finalidades contidas na estrutura curricula

    r.

    O ensino brasileiro, ainda enraizado nos p

    rimrdios de

    sua origem, pouco avanou em se tratando d

    o currculo e da

    adequao curricular que atenda s aspira

    es e s necessi-

    dades reais da populao. Dessa forma, os ob

    jetivos da elabo-

    rao curricular se restringem, principalment

    e, organizao

    de contedos em disciplinas isoladas, pouco

    valorizando os

    conhecimentos do cotidiano dos educando

    s e desprezando

    as experincias adquiridas nas diferentes int

    eraes sociais.

    2323

    trabalha os contedos, formado determinado tipo de ser humano, que pode simplesmente ser preparado para o mer-cado de trabalho ou ser algum capaz de compreender a dimenso histrica e ideolgica dos conhecimentos escola-res. O currculo, nessa acepo, uma ponte entre a socie-dade e a escola, haja vista que essa instituio pode ser ape-nas um espao de reproduo de polticas vigentes, quando se prope a desenvolver projetos sem nenhuma anlise e avaliao mais efetiva pela comunidade escolar. importante lembrar que vivemos em um pas marcado pela colonizao, pela escravido, pela imigrao, pela economia dependente e pelo transplante cultural, ou seja, no h como desconsiderar a diversidade que configura a histria do nosso pas.

    Os contedos escolares, organizados por meio do cur-rculo, refletem diretamente as especificidades do cenrio brasileiro. Dessa maneira, preciso historicizar o currculo ao longo de sua construo temporal, de modo a possibilitar a compreenso das diferentes dimenses que o compem.Para uma discusso coerente sobre o currculo escolar, primordial que, antes disso, efetivemos uma discusso do conceito de currculo de modo geral. Para tanto, dividiremos esse captulo em trs momentos: no primeiro, ser discutido o conceito de currculo, para, no segundo momento, discor-rermos sobre a definio de currculo escolar e, no terceiro momento, analisarmos a histria do currculo na educao.

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  • 1313

    Atividades de autoavaliaoAtividades de autoavaliaocom estas questes objetivas, voc mesmo tem a oportuni-dade de verificar o grau de assi-milao dos conceitos examinados, motivando-se a progredir em seus estudos e a se preparar para outras atividades avaliativas.

    Atividades de aprendizagemAtividades de aprendizagemaqui voc dispe de questes cujo objetivo lev-lo a analisar criticamente um determinado assunto e integrar conhecimen-tos tericos e prticos.

    Bibliografia comentadaBibliografia comentadaNesta seo, voc encontra comentrios acerca de algu-mas obras de referncia para o estudo dos temas examinados.

    6868

    Atividades de autoava

    liaoAtividades

    de autoavaliao

    Marque a alternativa c

    orreta de cada questo.

    Saviani (2005) denom

    ina a pedagogia dos jes

    utas como

    1.

    pedagogia braslica. A q

    ue ele se referia?

    adequao ao

    a. Ratio Stud

    iorum.

    Ao plano geral de estu

    dos da Companhia de J

    esus.

    b.

    adequao do ensino

    s condies especfic

    as da

    c.

    colnia.

    Ao trabalho adotado n

    os colgios jesutas na

    Europa.

    d.

    As primeiras expres

    ses sobre o currcu

    lo podem

    2.

    ser encontradas com

    os tericos Dewey,

    Bobbitt e

    Tyler (Pedra, 1997), o

    s quais entendiam qu

    e o foco do

    currculo recaa, respec

    tivamente:

    no aluno, no mtodo e

    na prtica do professo

    r.

    a.

    na prtica do professor

    , no aluno e no mtodo

    .

    b.

    na metodologia de en

    sino, nos contedos e n

    o aluno.

    c.

    no aluno, na prtica do

    professor e nos conte

    dos.

    d.

    As primeiras iniciat

    ivas de sistematiza

    o do pro-

    3.

    cesso curricular no B

    rasil podem ser observ

    adas com a

    influncia:

    da expulso dos Jesuta

    s, em 1759.

    a.

    do processo de urbaniz

    ao e industrializao

    e da

    b.

    efervescncia das ideia

    s renovadoras na educ

    ao.

    das reformas empreen

    didas nos estados bras

    ileiros.

    c.

    do Estado Novo.

    d.

    145145

    Atividades de aprendizagemAtividades de aprendizagem

    Questes para reflexoQuestes para reflexo

    De acordo com a sua vivncia escolar, quais so os maio-

    1.

    res problemas relacionados ao currculo proposto que um professor enfrenta na sala de aula? Em sua opinio, como ser possvel solucionar esses problemas?A sociedade mudou consideravelmente nos ltimos anos

    2.

    e a escola precisa adequar-se a essas mudanas. Uma das mudanas mais importantes se refere incluso educacio-nal. Pesquise sobre a incluso, a adaptao curricular e as possveis maneiras de organizar os contedos para favore-cer o aprendizado para todos os educandos. Em seguida, elabore um modelo de organizao e estrutura curricular que, em sua opinio, poder desenvolver habilidades, auxiliar na aquisio e (re)construo de conhecimentos e favorecer o senso crtico e reflexivo dos educandos.Atividade aplicada: prtica

    Atividade aplicada: prticaLeia atentamente a crtica a seguir:

    1.

    (...) o universalismo do ensino distancia os alunos do mundo por ser muito formal e, portanto, ineficaz para a vida prtica. O ideal de honnte homme

    honnte homme vincula-se a a um humanismo desencarnado, preocupado com as belas letras e com um sabe por saber tpico dos letrados e erudi-tos. Isso no faz mais sentido num mundo em que a revo-luo nas cincias e nas tcnicas necessita formar o homem

    207207

    BIBLIOGRAFIA COMENTADA

    BIBLIOGRAFIA COMENTADA

    SAVIANI, D. Histria das ideias

    pedaggicas no Brasil

    Histria das ideias pedaggicas no

    Brasil.

    Campinas: Autores Associados, 2007

    . (Coleo Memria da

    Educao).

    Este livro resultado de uma ampla pe

    squisa do autor, sob o

    apoio do CNPq, o qual lhe rendeu o P

    rmio Jabuti de 2008,

    na categoria Educao, Psicologia e Ps

    icanlise. Histria das Histria das

    ideias pedaggicas no Brasil

    ideias pedaggicas no Brasil uma sn

    tese, como o ttulo j

    supe, dos principais ideais pedaggic

    os e prticas da educa-

    o brasileira, desde a chegada dos jesu

    tas ao Brasil at o in-

    cio do sculo XXI, seguida de contextu

    alizaes e relaes da

    sociedade e da educao. Em uma lingu

    agem clara e acessvel,

    o autor aborda de forma magistral as t

    endncias pedaggicas,

    periodicizando-as em quatro partes: as i

    deias pedaggicas entre

    1549 a 1759 (vertente religiosa da ped

    agogia tradicional); de

    1759 a 1932 (vertente religiosa e leiga

    da pedagogia tradicio-

    nal); 1932 a 1969 (pedagogia nova) e

    finalizando entre 1969

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  • 1515

    INTRODUOINTRODUO

    a educao uma prtica social que possibilita a humani-zao dos seres humanos em determinada cultura. O fen-meno educacional pode ser compreendido com base em sua dupla dimenso: a primeira, no que se refere apropria-o dos bens culturais produzidos ao longo da histria; a segunda, possibilidade de criar e recriar novos conheci-mentos, valores e princpios. Em outras palavras, a educao permanncia e transformao em um processo interativo.

    O processo educacional ocorre de maneira informal nas diversas instncias sociais. No entanto, no espao esco-lar, de modo particular, que se d o processo de aprendizagem formal do indivduo. a instituio escolar uma criao humana e, ao longo de sua trajetria, tomou dife-rentes feies e caractersticas e apresenta

    A educao permanncia A educao permanncia

    e transformao em um e transformao em um

    processo interativo.processo interativo.

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  • 1616

    especificidades quanto sua finalidade e organizao e s relaes estabelecidas entre os sujeitos envolvidos no pro-cesso educativo, pois determinada pela concepo de ser humano, sociedade e educao dos envolvidos no processo.

    Muito se discute sobre a funo social da escola; entre-tanto, ainda observamos nos cursos de formao de profes-sores questionamentos sobre o papel da instituio escolar: ela deve preparar para o trabalho, para o vestibular, ou deve, ainda, instrumentalizar os alunos para a vida em sociedade? a clareza da resposta a essas questes deve ser o ponto de partida para qualquer anlise que trate dos aspectos escola-res. Partimos do pressuposto de que educao escolar no pura e simplesmente um reflexo das relaes de produo; nessa direo, entendemos que a funo social da escola deva ser a formao da conscincia humana por meio do conhecimento cientfico.

    Na concepo de Wihby, Favaro e lima (2007, p. 2),

    Ao se pensar na funo social da escola, apresenta-se

    como condio sine qua nonsine qua non remeter-se a uma concepo

    de sociedade e de homem. Isso porque a escola uma ins-

    tituio dessa sociedade e, para ser compreendida precisa

    ser olhada no conjunto das relaes sociais mais comple-

    xas, ou melhor, para incio de conversa, no se pode pen-

    sar a escola por ela mesma. Para evidenciar suas espe-

    cificidades e sua complexidade, necessrio entender a

    intrincada realidade social, um mundo vivido. [grifo do original]

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  • 1717

    Vivemos em uma sociedade marcada por diversas con-tradies sociais, entre as quais podemos apontar o fato de o discurso da igualdade entre os homens no se aplicar na prtica. Um nmero expressivo de pessoas vive abaixo da linha da misria, e o desemprego e a corrupo fazem parte do nosso cotidiano. a escola, nesse contexto, chamada a atender s demandas do mercado de trabalho, como, por exemplo, formar o trabalhador para atender s necessidades dos novos modelos de produo; no entanto, o problema no se resolve nos limites da instituio.

    Na viso de Wihby, Favaro e lima (2007), entre os pro-blemas sociais mais graves vividos hoje esto a perda da capacidade de luta social e a ausncia de reflexes sobre o mundo em que vivemos. as demandas cotidianas se limi-tam quelas impostas pelo mercado e, particularmente, pelos meios de comunicao.

    as mesmas autoras explicam que, com o intuito de supe-rar essa proposio, defende-se que a escola, considerados os seus limites, deve resistir a todas as tentativas de interfe-rncia da ideologia dominante que, alm de misria mate-rial, provoca misria intelectual.

    com base nessas consideraes, propomos a luta pela garantia de uma escola pblica de melhor qualidade, possvel nos dias atuais, bem como a defesa da instituio escolar como um espao de apropriao de conhecimentos sistematizados que possibilitem uma concepo mais elaborada de mundo e a apreenso de suas mltiplas e complexas dimenses, visando a uma atuao humana mais racional e consciente.

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  • 1818

    diante disso, os envolvidos no processo educativo podem realizar um trabalho pedaggico pautado na verdadeira funo social da escola: a formao da conscincia humana por meio do acesso aos conhecimentos elaborados pelos homens. No espao escolar, h diferentes profissionais que contribuem para a organizao das atividades escolares, ou seja, para a organizao dos meios de trabalho escolar em funo de sua especificidade e dos objetivos educacionais, propiciando as melhores condies possveis para o desen-volvimento do ensino e da aprendizagem do aluno. So esses profissionais que iro pensar em aes que propiciem o encaminhamento efetivo e coerente do processo ensino-

    -aprendizagem, ou melhor, que iro organizar o PPP.

    com base nessa ideia inicial que podemos pensar sobre a organizao escolar como um espao privilegiado de apropriao sistemtica dos conhecimentos elaborados pelos homens. Para tanto, necessria uma sistematizao desse percurso, pois na escola no se ensina e se aprende ao bel prazer, de qualquer forma, ou qualquer contedo. So ensinados, sim, os saberes tidos como relevantes humani-dade, o que exige, ento, uma reflexo permanente e efetiva sobre o currculo e sua importncia. Nesse sentido, o que o currculo no ambiente educacional? Qual a necessidade deste no contexto escolar, local de tantas contradies?

    Esses questionamentos direcionaram a elaborao deste livro, que tem por objetivo analisar o currculo escolar em

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  • 1919

    diante disso, os envolvidos no processo educativo podem realizar um trabalho pedaggico pautado na verdadeira funo social da escola: a formao da conscincia humana por meio do acesso aos conhecimentos elaborados pelos homens. No espao escolar, h diferentes profissionais que contribuem para a organizao das atividades escolares, ou seja, para a organizao dos meios de trabalho escolar em funo de sua especificidade e dos objetivos educacionais, propiciando as melhores condies possveis para o desen-volvimento do ensino e da aprendizagem do aluno. So esses profissionais que iro pensar em aes que propiciem o encaminhamento efetivo e coerente do processo ensino-

    -aprendizagem, ou melhor, que iro organizar o PPP.

    com base nessa ideia inicial que podemos pensar sobre a organizao escolar como um espao privilegiado de apropriao sistemtica dos conhecimentos elaborados pelos homens. Para tanto, necessria uma sistematizao desse percurso, pois na escola no se ensina e se aprende ao bel prazer, de qualquer forma, ou qualquer contedo. So ensinados, sim, os saberes tidos como relevantes humani-dade, o que exige, ento, uma reflexo permanente e efetiva sobre o currculo e sua importncia. Nesse sentido, o que o currculo no ambiente educacional? Qual a necessidade deste no contexto escolar, local de tantas contradies?

    Esses questionamentos direcionaram a elaborao deste livro, que tem por objetivo analisar o currculo escolar em

    uma perspectiva histrica, considerando que o currculo no algo neutro, mas um elemento marcado por questes polticas, culturais e econmicas.

    Nessa direo, organizamos esta obra em quatro momen-tos, que tratam do conceito de currculo, sua histria, o processo de apropriao do conhecimento escolar e as dife-rentes formas de organizao curricular, o currculo e a organizao do trabalho pedaggico.

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  • 2121

    1 1 Currculo: conceituao do termoCurrculo: conceituao do termo

    discutir sobre o currculo escolar requer um conhecimento sobre o que o ser humano produziu e produz ao longo da histria, bem como os saberes elaborados por ele que so apropriados e modificados a cada nova gerao.

    Partimos do pressuposto, na presente anlise, que o ser humano, por meio do trabalho, modifica a natureza e por ela modificada. ao agir sobre a natureza, ele produz for-mas e instrumentos para atender s necessidades que ele mesmo cria e satisfaz (Marx; Engels, 1979).

    Os conhecimentos produzidos pelo homem podem ser apropriados por todos os membros da sociedade por dois caminhos bsicos: pela convivncia e pelo contato com o grupo social ou seja, de maneira informal , e tambm pelo acesso s produes histricas, por meio de uma insti-tuio tambm criada pelo homem, denominada escola.

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  • 2222

    Nesse sentido, podemos inferir que os conhecimentos so apropriados pela interao com o outro, na relao com os objetos, situaes que so fruto da elaborao histrica do prprio homem. No entanto, essa apropriao necessita de atividades que determinem de certa forma os significa-dos sobre as coisas e os outros. Enfim, os conhecimentos so histrico-culturais, resultado de uma histria coletiva do homem e em virtude de suas necessidades.

    Todavia, podemos perguntar: como os conhecimentos so organizados e sistematizados no contexto escolar?

    O currculo responde a esse questionamento, pois ele define o quedefine o que, como e para quecomo e para que os contedos so trabalhados nos diferentes nveis de ensino. So muitos os conceitos que podemos apresentar sobre o currculo, pois essa conceitua-o est ligada s diferentes teorias, concepes e interpre-taes no campo educacional.

    Essa temtica alvo constante de discusso das polticas educacionais, dos professores, dos pesquisadores, dos pais e dos estudantes; no entanto, preciso um olhar mais detalhado sobre o currculo no simplesmente como um conjunto de contedos, ou formas de ensinar, que sero aplicados pelos pro-fessores. O currculo traz na sua essncia questes econmicas, polticas, culturais e histricas que ultrapassam a ideia de uma simples seleo de contedos disciplinares (Saviani, 2000).

    No que se refere ao aspecto econmico na organiza-o do currculo conforme a escola organiza e trabalha os

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  • 2323

    contedos, podemos dizer que formado um determinado tipo de ser humano, que pode simplesmente ser preparado para o mercado de trabalho ou ser algum capaz de compre-ender a dimenso histrica e ideolgica dos conhecimentos escolares. O currculo, nessa acepo, uma ponte entre a sociedade e a escola, pois essa instituio pode ser ape-nas um espao de reproduo de polticas vigentes quando se prope a desenvolver projetos sem nenhuma anlise e nenhuma avaliao mais efetiva pela comunidade escolar.

    importante lembrar que vivemos em um pas marcado pela colonizao, pela escravido, pela imigrao, pela economia dependente e pelo transplante cultural, ou seja, no h como desconsiderar a diversidade que configura a histria do nosso pas.

    Os contedos escolares, organizados por meio do cur-rculo, refletem diretamente as especificidades do cenrio brasileiro. dessa maneira, preciso historicizar o currculo ao longo de sua construo temporal, de modo a possibilitar a compreenso das diferentes dimenses que o compem.

    Para uma discusso coerente sobre o currculo escolar, pri-mordial que, antes disso, efetivemos uma discusso do con-ceito de currculo de modo geral. Para tanto, dividiremos esse captulo em trs temas: no primeiro, ser discutido o conceito de currculo, para, no segundo, discorrermos sobre a definio de currculo escolar e, no terceiro tema, analisaremos a hist-ria do currculo na educao.

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    1.1 Delineando a definio do termo1.1 Delineando a definio do termoEtimologicamente, currculo vem do latim curriculum, que significa ato de correr, atalho, corte (cunha, 1986, p. 235). Fazendo uma analogia, podemos comparar o currculo com um caminho a ser feito por barcos em um rio. Passando por curvas, corredeiras, troncos, cada barco vai fazendo seu percurso conforme as condies dos envolvidos, sejam essas condies fsicas, emocionais, cognitivas ou outras. alguns barcos podem percorrer o caminho sem dificuldade, porm outros podem consider-lo de difcil acesso, impossvel.

    analisando com mais afinco essa analogia, podemos ob-servar as questes que permeiam esse processo. O barco, o que o faz ser confivel e seguro? deve ser bem feito, sem rachaduras, o que envolve conhecimentos de engenharia, matemtica, fsica, entre outros, alm de um planejamento sobre a quantidade de combustvel necessrio para seguir o caminho.

    Seguindo na nossa analogia, o que necessrio para o bar-queiro tambm ser confivel e ter segurana? O condutor do barco no precisa, necessariamente, ter conhecimentos sobre a produo de um barco; entretanto, os conhecimentos com os quais ele deve contar se referem navegao, natureza, direo, experincia, sua histria, s suas crenas, traje-tria, ao curso do rio, ao caminho, entre outros.

    agora, precisamente, analisemos o caminho. assim, ao olharmos para trs, veremos o trajeto que j foi percorrido, percebendo o que j alcanamos, o que conquistamos, os percalos pelos quais passamos, os conhecimentos que foram

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    utilizados e como foram utilizados. Olhando para frente, veremos um caminho ainda no efetivado, um processo e, com ele, as incertezas, as dvidas desse movimento, que, embora conte com um planejamento bem elaborado, no temos certeza de que chegaremos ao fim, o que nos leva a crer que o percurso deve ser sempre questionado e reavaliado.

    Enfim, o currculo, ou o percurso a ser realizado, no linear, mas construdo por aqueles que participam dessa caminhada, a depender das condies que possuem, das suas concepes, dos conhecimentos de que se apropriaram nas suas vivncias e daquelas experincias que iro ainda construir diante das contradies que sero encontradas, haja vista as incertezas que acometem o caminho.

    currculo transformao, no apenas no que se refere a mudar o sentido, de ir por outro caminho, mas de buscar novas alternativas, novas solues, novas conquistas. O cur-rculo consiste em transformar o impreciso em conhecido, e tal fato envolve um ensino e uma aprendizagem. como ento empregar essa analogia para o currculo escolar?

    O currculo representa a caminhada que o sujeito ir fazer ao longo de sua vida escolar, tanto em relao aos contedos apropriados quanto s atividades realizadas sob a sistematizao da escola. Nesse sentido, Sacristn e gmez (1998, p. 125) afirmam que a escolaridade um percurso para os alunos/as, e o currculo seu recheio, seu contedo, o guia de seu progresso pela escolaridade.

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    assim, o aluno seria o barqueiro, descobrindo o caminho; o barco seria a escola e a segurana dos envolvidos nesse processo; o rio, por sua vez, corresponderia aos conheci-mentos a serem apropriados ao longo do percurso, ou seja, vida escolar do aluno.

    de acordo com Krug (2001, p. 56),

    O currculo surge, ento, em uma dimenso ampla que

    o entende em sua funo socializadora e cultural, bem

    como forma de apropriao da experincia social acumu-

    lada e trabalhada a partir do conhecimento formal que a

    escola escolhe, organiza e prope como centro as atividades

    escolares.

    diante desses apontamentos iniciais, podemos destacar que o currculo escolar deve ser pensado, refletido e com-preendido como prxis pedaggica. a sua concretizao se realiza no fazer pedaggico, o qual deve ser pautado nos prin-cpios estabelecidos no Projeto Poltico Pedaggico (PPP), pois este envolve toda a comunidade escolar: professores, alu-nos, pais e funcionrios que, direta ou indiretamente, esto envolvidos no processo pedaggico.

    1.2 Consideraes iniciais sobre o currculo 1.2 Consideraes iniciais sobre o currculo no contexto escolarno contexto escolarconforme o Dicionrio Aurlio da lngua portuguesa (Ferreira, 1986, p. 512), define-se currculo como a parte de um curso literrio; as matrias constantes de um curso. de acordo com Zotti (2008), o termo foi utilizado pela primeira vez, para

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    caracterizar um plano estruturado de estudos, em 1963, no Oxford English Dictionary.

    Em se tratando especificamente do currculo escolar, vrios so os autores que discutem esse tema, tais como Moreira e Silva (1994), Moreira (2001), libneo (2004), Tozzi (1995), Warde (1995), Pedra (1997), Saviani (2007), Silva (1995) e Sacristn (2000). a preocupao com essa temtica vista desde a dcada de 1920, ampliando-se consideravelmente. O campo curricular brasileiro se estruturou tendo como refe-rncia o campo curricular americano, por meio dos acordos estabelecidos entre esses pases, especialmente nos governos militares. Os autores brasileiros que discutem o currculo se apropriaram, na maioria das vezes, da produ-o estrangeira para propor polticas pblicas para a educao, que influenciaram direta-mente na concepo curricular.

    O currculo assume diferentes definies e, entre essas, destacamos a afirmao de Sacristn (2000, p. 14), quando aponta algu-mas consideraes e impresses que normal-mente so relacionadas ao currculo, a saber:

    o currculo como conjunto de conhecimentos ou matrias

    a serem superadas pelo aluno dentro de um ciclo nvel

    educativo ou modalidade de ensino a acepo mais

    clssica e desenvolvida; o currculo como programa de

    atividades planejadas, devidamente sequencializadas,

    ordenadas metodologicamente tal como se mostram num

    manual ou num guia do professor; o currculo, tambm

    O campo curricular O campo curricular

    brasileiro se estruturou brasileiro se estruturou

    tendo como referncia o tendo como referncia o

    campo curricular americano, campo curricular americano,

    por meio dos acordos por meio dos acordos

    estabelecidos entre esses estabelecidos entre esses

    pases, especialmente nos pases, especialmente nos

    governos militares. governos militares.

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    foi entendido, s vezes, como resultados pretendidos de

    aprendizagem; [...].

    dessas atribuies dadas ao currculo, possvel inferir que o seu sentido, especificamente, est relacionado buro-cracia, a uma exigncia dos rgos superiores ou a uma lista de contedos a serem seguidos. conforme Zotti (2008),

    Esta conotao guarda estreita relao com plano de estu-dos, tratado como o conjunto das matrias a serem ensi-nadas em cada curso ou srie e o tempo reservado a cada uma. as questes sociais, ideolgicas, culturais, polticas e histricas que permeiam o processo educativo no so consideradas.

    Esse sentido pode fornecer pistas sobre a funo do cur-rculo e sua aplicao como simples esquema tcnico para alcanar os objetivos propostos, ou seja, tecnicamente, as metas, os meios e os fins. O currculo seria, ento, de acordo com Saviani (2003, p. 23), o conjunto de atividades desen-volvidas pela escola. Portanto, currculo se diferencia de programa ou de elenco de disciplinas; segundo essa acepo, currculo tudo o que a escola faz; assim, no faria sentido falar em atividades extracurriculares.

    No entanto, preciso compreendermos que, para o aluno adquirir o conhecimento elaborado pelo ser humano his-toricamente situado, necessria a compreenso crtica da realidade e no somente a repetio de contedos sem uma verdadeira reflexo.

    dando continuidade, segue outra definio, de Sacristn (2000, p. 14):

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    o currculo como concretizao do plano reprodutor para a

    escola de determinada sociedade, contendo conhecimentos,

    valores e atitudes; o currculo como experincia recriada

    nos alunos por meio da qual podem desenvolver-se; o cur-

    rculo como tarefa e habilidade a serem dominadas, como

    o caso da formao profissional; [...].

    No currculo adotado como reproduo, no so consi-deradas as questes sociais, ideolgicas, culturais, polti-cas e histricas que permeiam o processo educativo, e sim uma viso unilateral que leva em considerao apenas uma sociedade ideal, perfeita, em que os alunos devem estar pre-parados para agir nesse contexto.

    Podemos deduzir dessa definio a viso liberal de indivi-dualidade e meritocracia, na qual aquele que conseguir repro-duzir os conhecimentos, os valores e as atitudes impostas, de preferncia sem fazer a crtica necessria, ser o sujeito ideal para a reproduo e a mo-de-obra adequada para o mundo do trabalho, ou seja, segundo Soares (1989, p. 10), para perpetuar a ideologia do dom, na qual

    as causas do sucesso ou do fracasso devem ser buscadas nas

    caractersticas dos indivduos: a escola oferece igualdade de

    oportunidades; o bom aproveitamento dessas oportunida-

    des depender do domdom aptido, inteligncia, talento de cada um. [...] dessa forma, no seria a escola a responsvel

    pelo fracasso do aluno; a causa estaria na ausncia, neste,

    de condies bsicas para a aprendizagem, condies que

    s ocorreriam na presena de determinadas caractersticas

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    indispensveis ao bom aproveitamento daquilo que a

    escola oferece. [grifo do original]

    Mais adiante, Sacristn (2000, p. 14) fornece outra definio: o currculo como programa que proporciona contedos e valores para que os alunos melhorem a sociedade em relao reconstruo social da mesma. a perspectiva presente nessa acepo a da escola reden-tora: pela aquisio dos conhecimentos tecni-

    camente selecionados, os alunos seriam capazes de melhorar a sociedade, como se apenas a aquisio de contedos, previa-mente selecionados por um grupo de especialistas, sem a devida reflexo, significasse sinnimo de mudana social.

    Sem refletir muito sobre o assunto, possvel verificar-mos que a escola no e nem pode ser smbolo nico e exclusivo de mudana da construo social. como exemplo, podemos citar o caso dos conhecimentos sobre linguagem indicados no currculo. acredita-se que a escola, ao tra-balhar e enaltecer exclusivamente a lngua padro, esque-cendo-se das variaes lingusticas, est pretensamente pensando que assim poder sanar as mazelas presentes na sociedade, pois todos estariam aptos a se expressar adequa-damente. No entanto, para Soares (1989, p. 72),

    a escola, ao negar s classes populares o uso de sua pr-

    pria linguagem (que censura e rejeita), ao mesmo tempo

    que fracassa em lev-las ao domnio da linguagem

    de prestgio, est cumprindo seu papel de manter as

    Sem refletir muito sobre Sem refletir muito sobre

    o assunto, possvel o assunto, possvel

    verificarmos que a escola no verificarmos que a escola no

    e nem pode ser smbolo e nem pode ser smbolo

    nico e exclusivo de mudana nico e exclusivo de mudana

    da construo social. da construo social.

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  • 3131

    discriminaes e a marginalizao e, portanto, de repro-

    duzir as desigualdades.

    importante salientarmos que no estamos fazendo apologia afirmao de que no devemos ensinar o portu-gus padro, tendo como pressuposto que seria uma violn-cia impor a um grupo outros valores contrrios aos seus, um equvoco poltico-cultural. Tampouco concordamos que o ensino obrigatrio da lngua-padro seria o nico vlido.

    preciso compreender que o acesso a outra forma de falar e escrever ou seja, um ensino fundamentado no uso e na funo da escrita s pode trazer benefcios. Todavia, o que preciso ficar claro a forma com que se processa esse ensino e, nesse caso, como o currculo vem a contribuir para o acesso aos elementos culturais que precisam ser assimi-lados pelos indivduos da espcie humana para que eles se tornem humanos e, de outro lado e concomitante, desco-berta das formas mais adequadas para atingir esse objetivo (Saviani, 2003, p. 21).

    Nesse sentido, para respondermos o que currculo no mbito escolar, imprescindvel tambm relacionarmos a inteno poltica que envolve o currculo, ou seja, que tipo de ser humano queremos formar e, consequentemente, como o professor poder realizar, dentro desse parmetro, a sua prtica docente. O professor, como mediador do conhecimento, deve estar consciente da sua funo e das concepes

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    de ser humano, sociedade e educao que condicionam o fazer docente.

    assim, o currculo deve ultrapassar o carter impositivo, verticalizado, centralizado e pensado nos gabinetes, que fica margem dos debates que envolvem professores, alu-nos e comunidades, resumindo-se a um simples documento vindo a se unir aos demais documentos que integram as gavetas das escolas. conforme Saviani, (2003, p. 26),

    Ora, clssico na escola a transmisso-assimilao do saber

    sistematizado. Este o fim a atingir. a que cabe encon-

    trar a fonte natural para elaborar os mtodos e as formas

    de organizao do conjunto das atividades da escola, isto

    , do currculo. E aqui ns podemos recuperar o conceito

    abrangente de currculo (organizao do conjunto das ati-

    vidades nucleares distribudas no espao e tempo escolares).

    Um currculo , pois, uma escola funcionando, quer dizer,

    uma escola desempenhando a funo que lhe prpria.

    Embora haja uma vasta teoria que trata a escola por um vis mais crtico, ainda se faz necessria essa busca inces-sante de coerncia e transposio entre o que se propem nas pesquisas sobre o currculo e a real condio da escola, bem como analisar o currculo luz da histria.

    Nesse sentido, estaremos compreendendo o currculo como espao de produo cultural, para alm de uma hierarquizao, seja de polticas educacionais verticaliza-das, seja da horizontalidade de considerar a escola como espao nico e isento de contradies, sem compreender as

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  • 3333

    influncias polticas, econmicas, sociais, culturais e ideol-gicas que permeiam o mbito escolar, ou seja, a dicotomia entre o planejamento e a aplicao, pois no trabalhamos com uma escola idealizada, mas concreta.

    a citao a seguir, de Saviani (2003, p. 23), com clareza demonstra o pressuposto de currculo no qual acreditamos:

    A escola existe, pois, para propiciar a aquisio dos instru-

    mentos que possibilitam o acesso ao saber elaborado (cin-

    cia), bem como o prprio acesso aos rudimentos desse saber.

    As atividades da escola bsica devem se organizar a partir

    dessa questo. Se chamarmos isso de currculo, poderemos

    ento afirmar que a partir do saber sistematizado que se

    estrutura o currculo da escola elementar. Ora, o saber sis-

    tematizado, a cultura erudita, uma cultura letrada. Da

    que a primeira exigncia para o acesso a esse tipo de saber

    aprender a ler e a escrever. Alm disso, preciso tam-

    bm aprender a linguagem dos nmeros, a linguagem da

    natureza e a linguagem da sociedade. Est a o contedo

    fundamental da escola elementar: ler, escrever, contar, os

    rudimentos das cincias naturais e das cincias sociais

    (histria e geografia humanas).

    Essa compreenso de currculo como produo, e no como um documento burocrtico, requer a busca constante do conhecimento sistematizado e da compreenso efetiva da realidade socioeconmica e cultural que influencia e condiciona o processo educacional.

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    Outro autor que vem a contribuir com a definio de currculo Pedra (1997). O referido autor discute a polis-semia do termo currculo, ou melhor, os vrios sentidos, os vrios significados que ele representa, o que nos leva a crer que no existe um conceito predefinido, pois diferentes variaes surgiram em relao ao vocbulo na rea peda-ggica, a depender, como j foi exposto anteriormente, das vises filosficas de mundo, ser humano, histria e educa-o que permeiam o processo educacional e seus sujeitos. Nesse sentido, podemos relacionar a polissemia do termo currculo com a citao de Marx e Engels (1979, p. 25), quando afirmam que a produo de ideias, de representa-es e da conscincia est em primeiro lugar direta e inti-mamente ligada atividade material e ao comrcio mate-rial dos homens: a linguagem da vida real.

    Tal fato explica por que muitos posicionamentos conserva-dores, mesmo que no explcitos, esto presentes no contexto escolar, como tambm o fato de ser, de certa forma, deter-minada uma definio precisa sobre o currculo, pois implica uma opo poltica. Segundo Moreira e Silva (1994, p. 7),

    O currculo h muito tempo deixou de ser apenas uma rea

    meramente tcnica, voltada para questes relativas a proce-

    dimentos, tcnicas, mtodos. J se pode falar agora em uma

    tradio crtica de currculo, guiada por questes sociol-

    gicas, polticas e epistemolgicas. Embora questes relati-

    vas ao currculo continuem importantes, elas s adquirem

    sentido dentro de uma perspectiva que as considere em sua

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    relao com questes que perguntem pelo porqu das for-

    mas de organizao do conhecimento escolar.

    Outro fato que vem nos dar um entendimento sobre a polis-semia do termo currculo que este est relacionado viso dos tericos que discutem sobre o tema. Estes podem dar mais nfase ao currculo como resultado, como experincia ou como princpio, pois, de acordo com Pedra (1997, p. 31), os variados conceitos atribudos ao termo currculo no descrevem reali-dades diferentes, apenas informam sobre a interpretao que determinado autor ou escola terica lhe deu.

    Todavia, para um melhor entendimento, podemos con-siderar que as definies de currculo, at o final do sculo XiX, referiam-se restritamente matria, conforme indica Zotti (2008):

    Inserido no campo pedaggico, o termo passou por

    diversas definies ao longo da histria da educao.

    Tradicionalmente o currculo significou uma relao de

    matrias/disciplinas com seu corpo de conhecimento orga-

    nizado numa sequncia lgica, com o respectivo tempo de

    cada uma (grade ou matriz curricular). Esta conotao

    guarda estreita relao com plano de estudos, tratado

    como o conjunto das matrias a serem ensinadas em cada

    curso ou srie e o tempo reservado a cada uma.

    aps esse marco, o significado de currculo vai tomando outra proporo, o que inclui no apenas o conhecimento escolar, mas tambm as experincias de aprendizagem. Sendo assim, o currculo envolve tanto a construo quanto

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    o aprimoramento necessrio para o desenvolvimento do sujeito. Segundo Moreira e candau (2008, p. 18),

    currculo associa-se, assim, ao conjunto de esforos peda-

    ggicos desenvolvidos com as intenes educativas. Por

    esse motivo, a palavra tem sido usada para todo e qual-

    quer espao organizado para afetar e educar pessoas, o

    que explica o uso de expresses como o currculo da mdia,

    o currculo da priso, etc. Ns, contudo, estamos empre-

    gando a palavra currculo apenas para nos referirmos s

    atividades organizadas por instituies escolares. Ou seja,

    para nos referirmos escola.

    Podemos entender que, ao falarmos de currculo, estamos tratando da escola, ou seja, a maneira como os contedos so dosados e sequenciados no processo pedaggico. No existe um currculo nico a ser seguido por todas as escolas brasilei-ras, pois em seu art. 26 a lei n 9.394/1996* (lei de diretrizes e Bases da Educao Nacional ldBEN) define uma base nacional comum e uma parte diversificada, mas indica que compete escola a elaborao de sua proposta pedaggica.

    contudo, conforme indica arroyo (2008, p. 23), pre-ciso considerar que

    o ordenamento curricular no neutro, condicionado

    por essa pluralidade de imagens sociais que nos chegam

    de fora. Imagens sociais de crianas, adolescentes, jovens

    ou adultos nas hierarquias sociais, raciais ou de gnero,

    no campo e na cidade ou nas ruas e morros. Essas ima-

    gens sociais so a matria-prima com que configuramos

    * Para consultar

    na ntegra a Lei

    n 9.394, de 20 de

    dezembro de 1996,

    acesse: .Ne

    nhum

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    as imagens e prottipos de alunos. Imagens sociais,

    docentes escolares, com que arquitetamos os currculos.

    Toda tentativa de reorientao curricular exige rever

    essas imagens sociais dos educandos, indagando-nos

    como condicionam os currculos.

    com base nas palavras do autor, podemos nos questionar:

    Qual conhecimento, qual cultura pode garantir um real direito de acesso produo humana sem cair em preconceitos e rtulos, como escola

    pobre para aluno pobre, ou seja, um ensino superficial para os que esto afastados da produo cultural?

    defendemos, nessa discusso, a possibilidade de forma-o da conscincia humana por meio da escola, a partir do que de melhor o ser humano produziu.

    lima (2008, p. 22) define que o conhecimento um bem comum, devendo portanto ser socializado a todos os seres humanos. O currculo o instrumento por excelncia dessa socializao. Essa afirmao se refere necessidade do conhecimento formal na escola. Mas o que esse conhe-cimento? ainda de acordo com lima (2008, p. 23),

    todo o conhecimento sistematizado criado a partir do

    desenvolvimento cultural da humanidade. Todas as for-

    mas de arte so conhecimentos sistematizados, assim como

    todas as categorias de cincias. No h dicotomia entre

    arte e cincias, elas tm entre si vrios pontos que as apro-

    ximam e na formao escolar importante que ambas

    sejam igualmente valorizadas no currculo.

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    independente de classe social, de instituio pblica ou privada, a escola considerada como espao privilegiado de apropriao do saber. Podemos observar constantemente a confuso entre conhecimento e informao. Esta ltima, disponvel na mdia em geral, na internet, nos demais ve-culos de comunicao, no pode ser considerada como um conhecimento formal, pois a informao precisa ser anali-sada, interpretada e mediada pelo professor.

    Sobre essa questo, lima (2008, p. 23) considera que,

    necessrio superar, tambm, a concepo de que o conhe-

    cimento seja apenas informao. O conhecimento resulta

    da organizao de informaes e redes de significados.

    Esta organizao no uma organizao qualquer, pois

    deve ser passvel de ser ampliada por novos atos de conhe-

    cimento, por outras informaes ou, ainda, ser reorgani-

    zada em funo de atividades especficas apropriao do

    conhecimento. Quando ao ser humano ensinado algum

    contedo de alguma rea de conhecimento formalmente

    organizado, ele estabelece formas de pensamento (concei-

    tual) muito diversas das que constitui nas atividades da

    vida cotidiana.

    Sendo assim, para uma melhor compreenso sobre o currculo no contexto atual, salutar fazermos uma breve retrospectiva sobre a histria do currculo, assunto do pr-ximo captulo.

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    SnteseSnteseNeste captulo, iniciamos a discusso tendo como base o seguinte questionamento: como os conhecimentos so orga-nizados e sistematizados no contexto escolar? discutimos que a compreenso sobre o currculo responde a esse ques-tionamento, em virtude de que este define o que, como e para que os contedos so trabalhados nos diferentes nveis de ensino. Em seguida, fizemos uma anlise sobre a eti-mologia da palavra currculo, que vem do latim currere, que significa percurso a ser percorrido, carreira. aproveitamos tal definio para fazermos uma analogia, comparando o currculo e as questes que permeiam o processo de sua pro-duo a um caminho a ser feito por barcos em um rio, para que possamos estabelecer relao com nossas prprias vivn-cias. Finalizando essa primeira parte, refletimos especifica-mente sobre o currculo escolar e suas definies, conforme os autores que tratam do tema, e as implicaes presentes no uso do termo currculo.

    Indicao culturalIndicao cultural

    O caRTEiRO e o poeta. direo: Michael Radford. Produo: Mario cecchi gori, Vittorio cecchi gori e gaetano daniele. itlia: Miramax Films, 1994. 109 min.

    Este filme retrata a histria de um poeta, Pablo Neruda (Philippe Noiret), que, por razes polticas, exila-se em uma ilha na itlia, local de exuberante paisagens. O poeta encon-tra um desempregado (Massimo Troisi), quase analfabeto,

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    e o contrata como carteiro extra, encarregado de cuidar da correspondncia do poeta. dessa relao, forma-se uma slida amizade. Todavia, alm desse lao de amizade, o filme retrata uma relao de ensino e aprendizagem, pois o poeta a pedido do jovem carteiro, que pretendia escrever cartas sua namorada passa a lhe ensinar a ler e a escrever. a partir desse caminho, o carteiro, ao se apropriar gradati-vamente da linguagem escrita, tambm modifica sua viso de mundo, pois as reflexes instigadas pelo poeta lhe fazem analisar a sociedade de uma forma mais crtica.

    Atividades de autoavaliaoAtividades de autoavaliao

    assinale a alternativa corretacorreta para cada questo.

    1. a dupla dimenso do fenmeno educacional pode ser compreendida por qual alternativa?a. Permanncia e apropriao.b. criao e transformao.c. Ensino e transformao.d. Permanncia e transformao.

    2. no espao escolar, de modo particular, que o processo de ensino e aprendizagem ocorre de maneira formal. Esse processo determinado:a. pelas relaes estabelecidas entre os envolvidos no

    processo educativo.b. pelas concepes de ser humano, sociedade e

    educao dos envolvidos no processo.c. pela organizao do espao escolar.

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    d. pelas caractersticas do contexto escolar.

    3. Vrios autores discutem atualmente sobre o tema curcur--rculorculo. Entretanto, essa temtica vem sendo refletida e ampliada com base em situaes ocorridas na sociedade brasileira, na dcada de 1980, em virtude:a. das novas reformas na sociedade e no sistema escolar,

    especificamente.b. da abertura poltica e das novas leis do sistema de

    ensino.c. do processo de redemocratizao e das crticas feitas

    ao sistema escolar visto como hegemnico.d. da continuidade da hegemonia na escola.

    4. O autor Pedra (1997) discute a polissemia do termo currculo. Tal afirmao pode ser verificada em virtude:a. dos vrios sentidos e vises filosficas de ser

    humano, histria e educao de determinado terico ou escola terica que discute currculo.

    b. dos vrios sentidos que o termo pode adquirir no contexto escolar.

    c. do momento histrico e da poltica educacional.d. das vrias teorias que juntas integram o currculo

    escolar.

    5. at o final de sculo XiX, as definies de currculo eram restritas matria que seria lecionada em sala de aula. com base nessa afirmao, podemos pressupor que a nfase maior era dada para:a. as experincias de aprendizagem.

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    b. o conhecimento escolar.c. a metodologia.d. o processo de ensino e de aprendizagem.

    Atividades de aprendizagemAtividades de aprendizagem

    Questes para reflexoQuestes para reflexo

    1. aps a leitura complementar, reflita sobre a relao exis-tente entre o currculo e o contexto social. Em seguida, faa uma comparao entre dois professores que marca-ram seu processo de ensino, um positivamente e outro negativamente. analise a forma como eles abordavam os contedos e como direcionavam sua prtica docente.

    Leitura complementarLeitura complementar

    Texto ITexto I

    Currculo dos tigres-de-dente-de-sabreCurrculo dos tigres-de-dente-de-sabre

    Uma tribo paleoltica, reconhecendo que a sua sobrevivncia dependeria da capacidade de impedir o ataque dos tigres-

    -de-dente-de-sabre e da pesca nas lagoas lmpidas, inven-tou a educao. as crianas da tribo, em lugar de passarem seu tempo em folguedos, aprendiam a arte de afugentar os tigres com tochas de fogo acesas e como agarrar peixes com as mos nos lagos. a inveno teve um enorme xito. as crianas adoravam a atividade e a tribo florescia.

    Todavia, o clima mudou. Uma grande geleira desceu sobre o vale onde a tribo vivia. Os tigres-de-dente-de-sabre

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    desapareceram. Vieram os ursos que no temiam o fogo e, portanto, no podiam ser afugentados desse modo. E as lagoas se tornaram to lodosas que os peixes no podiam mais ser vistos e apanhados com as mos.

    No demorou muito para que os membros da tribo de mais iniciativa e mais recursos se adaptassem a essa nova circunstncia. descobriram que podiam caar os ursos, cavando fossas nas trilhas da floresta e que tambm podiam pescar nas guas barrentas usando redes. Uma vez mais, eram senhores do seu ambiente contemporneo.

    Mas as escolas ainda continuavam a ensinar as artes de afugentar tigres e apanhar peixes com a mo. O chefe da educao conseguiu capturar um velho tigre e mant-lo em uma jaula para que as crianas pudessem ter material para praticar a velha arte. Ento, um radical qualquer sugeriu que essas habilidades fossem retiradas do currculo e que, em seu lugar, as escolas ensinassem a arte de fazer redes de pesca e a cavar fossos para caar ursos. a sugesto foi rece-bida com horror pelas autoridades. Ensinar a tecer redes e a cavar fossos: isso no era educao; seria, quando muito, aprendizagem vocacional.

    Ser um dia negro para as escolas, diziam eles, quando abandonarmos as matrias fundamentais de nossa cultura, tais como afugentar tigres e apanhar peixes com as mos. Naturalmente, ningum sonha mais em apanhar peixes com as mos na vida real, nesta poca, e no h mais tigres para serem afugentados; essas matrias so ricas em tradies de nossa tribo. Elas ensinam os princpios da coragem e gosto.

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    O currculo j est sobrecarregado e ns no podemos intro-duzir matrias como tecelagem de redes e caada de ursos, que no possuem valor cultural algum.

    Fonte: Adaptado de Benjamin, 1971.

    como j foi discutido, currculo, em qualquer tempo e espao, no neutro. assim, reflita sobre quais condicio-nantes podem influenciar a organizao curricular.

    Atividade aplicada: prticaAtividade aplicada: prtica

    1. como j foi exposto anteriormente, o termo currculocurrculo vem do latim currere, que significa caminho. a par-tir desse pressuposto, organize em uma linha de tempo uma retrospectiva histrica sobre sua caminhada educa-tiva desde as sries iniciais at os dias atuais. Em forma de relato, coloque tanto a educao formal como outras iniciativas que voc participou e que no necessaria-mente foram na escola.

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    2 2 Um breve histrico sobre o currculoUm breve histrico sobre o currculo

    Muitos tericos que estudam o currculo no Brasil, como Pedra (1997) e Moreira e Silva (1994), comentam sobre a influncia de teorias de outros pases na organizao curri-cular nacional, denominando tal fato de transferncia ou transplante cultural. No entanto, salutar fazermos uma anlise dessa questo.

    ao estudarmos as bases histricas que compem os pro-gramas e os currculos do ensino brasileiro, com base em uma viso macro, evidente a influncia primeiramente francesa e, posteriormente, americana permeando as ideias sobre o currculo, pois, segundo indica Pedra (1997, p. 33),

    A inteligncia nacional no conseguiu criar pensamento

    autonmico sobre o currculo, mesmo porque a tradio

    brasileira fora a de programas (mais o feitio francs) e

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    no a de currculo (ideia possvel aos norte-americanos

    em virtude da grande descentralizao do seu sistema

    escolar). Assim, no restaram muitas alternativas seno

    a de buscar nos textos norte-americanos o contedo e a

    forma do pensar e fazer currculo.

    Todavia, no podemos considerar essas influncias como uma mera cpia, em uma viso reducionista, pois, em virtude das peculiaridades do contexto brasileiro, verificamos que houve adaptaes. conforme Moreira e Silva (1994, p. 42),

    A tradio curricular americana no poderia ter sido

    introduzida em nossas universidades sem ter sido con-

    taminada pela maneira como nossos educadores lidavam

    com questes curriculares, filtrada pelas idiossincrasias

    das tradies histricas, culturais, polti