a funcao do curriculo no contexto escolar - ibpex digital (1)
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metodologia de ensino curricularTRANSCRIPT
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O selo dialgica da Editora Ibpex faz referncia s publicaes que privi-legiam uma linguagem na qual o autor dialoga com o leitor por meio de recursos textuais e visuais, o que torna o contedo muito mais dinmico. So livros que criam um ambiente de interao com o leitor seu universo cultural, social e de elaborao de conhecimentos , possibi-litando um real processo de interlocuo para que a comunicao se efetive.
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A funo do currculo no contexto escolar
Michelle Fernandes LimaClaudia Maria Petchak Zanlorenzi
Luciana Ribeiro Pinheiro
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Conselho editorial dr. ivo Jos Both, (presidente); dr. Elena godoy; dr. Nelson lus dias; dr. Ulf gregor Baranow
Editor-chefe lindsay azambujaEditor-assistente ariadne Nunes WengerEditor de arte Raphael BernadelliAnlise de informao Jassany Omura gonalvesCapa Slvio gabriel SpannenbergProjeto grfico Bruno de OliveiraIconografia danielle ScholtzIlustrao da capa Znort! ilustradores
informamos que de inteira responsabilidade das autoras a emisso de conceitos.
Nenhuma parte desta publicao poder ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prvia autorizao da Editora ibpex.
a violao dos direitos autorais crime estabelecido na lei n 9.610/1998 e punido pelo art. 184 do cdigo Penal.
Esta obra utilizada como material didtico nos cursos oferecidos pelo grupo Uninter.
1 edio 2013.
Foi feito o depsito legal.
Zanlorenzi, claudia Maria Petchaka funo do currculo no contexto escolar [livro
eletrnico] / claudia Maria Petchak Zanlorenzi, luciana Ribeiro Pinheiro, Michelle Fernandes lima. curitiba: ibpex, 2013. (Srie Formao do Professor)
2 Mb ; PdF
Bibliografia. iSBN 978-85-417-0034-4
1. cotidiano escolar 2. currculos 3. Professores Formao i. Pinheiro, luciana Ribeiro. ii. lima, Michelle Fernandes. iii. Ttulo. iV. Srie.
13-01039 cdd370.7107
dados internacionais de catalogao na Publicao (ciP)(cmara Brasileira do livro, SP, Brasil)
ndices para catlogo sistemtico:1. Formao de professores(as) e currculo: Educao: Estudo e ensino 370.7107
av. Vicente Machado, 317 14 andar centrocEP 80420-010 curitiba PR BrasilFone: (41) [email protected]
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SUMRIOSUMRIO
0101
0202
0303
Apresentao 77
Organizao didtico-pedaggica 1111
Introduo 1515
Currculo: conceituao do termo 2121Delineando a definio do termo 2424
Consideraes iniciais sobre o currculo no contexto escolar 2626
Um breve histrico sobre o currculo 4747
O currculo e o conhecimento na escola 7373A realidade scio-histrica e a construo curricular na educao brasileira 7878
Tendncias pedaggicas e teorias do currculo 8888O pensar educativo e a organizao escolar 9696
A fragmentao dos contedos e a subjetividade na escola 104104O currculo e as novas exigncias socioeducacionais 112112
Adaptaes curriculares e incluso socioeducacional 123123
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O currculo e a organizao do trabalho pedaggico 149149A funo social da escola e o currculo: uma reflexo necessria 152152
Dimenso formal do currculo escolar 163163
A concretizao do currculo no cotidiano das escolas 172172
O planejamento como concretizao do currculo 178178
Consideraes finais 191191
Referncias 197197
Bibliografia comentada 207207
Respostas 213213
Sobre as autoras 219219
0404
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77
APRESENTAOAPRESENTAO
Neste livro, apresentamos uma reflexo sobre o currculo escolar por meio de diferentes elementos que definem o queo que, para quepara que e comocomo ensinar nas escolas de educao bsica.
O pressuposto que norteia essa discusso se pauta na compreenso do currculo como uma produo social que, ao longo da histria da educao brasileira, passou por diversas mudanas que interferiram diretamente na organi-zao do trabalho pedaggico.
Pensamos esta obra com base nos seguintes aspectos que possibilitam o entendimento do currculo escolar: conceituao e definio de currculo; histria do currculo; o currculo e a apropriao do conhecimento na escola; concretizao do currculo no cenrio escolar.
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No primeiro captulo, buscamos a definio de currculo, entendendo que diferentes fatores determinam essa concei-tuao e que diferentes teorias explicam a organizao curri-cular. deixamos claro, nesse primeiro momento do livro, que essa organizao no linear e nem concebida em uma nica viso. ainda nesse captulo, voc poder ter elementos sobre as diferentes conceituaes sobre o currculo na concepo de autores que j se dedicaram a essa temtica. Essa discusso inicial oferece as bases para compreender o eixo central da obra A funo do currculo no contexto escolar.
No segundo captulo, nosso desafio foi compreender o currculo em sua dimenso histrica, tendo como critrio os avanos e os desafios do currculo escolar no cenrio brasi-leiro. Esse breve histrico possibilita o conhecimento sobre as continuidades e rupturas do termo currculo no cenrio educacional brasileiro.
No terceiro captulo, apresentamos o currculo como ins-trumento de apropriao do conhecimento na escola. Nessa anlise, priorizamos trs vertentes: as tendncias pedaggicas e as diferentes formas de
organizao escolar; o processo de elaborao do currculo, em sua dimen-
so estrutural, funcional e organizacional, que define o campo curricular;
e as novas exigncias sociais que se colocam para orga-nizao escolar no contexto atual, especialmente no que se refere ao distanciamento dos contedos escolares da realidade na qual o aluno est inserido.
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No quarto e ltimo captulo, nossa tarefa consiste no entendimento da concretizao do currculo no cotidiano escolar, tendo como pressuposto fundamental a ideia de que o currculo no neutro, mas marcado por posies polticas, tericas e histricas. Nessa direo, o texto se organiza em trs eixos: primeiramente, discutimos a funo social da escola e a organizao do currculo; no segundo, tratamos da dimenso formal do currculo e pontuamos os preceitos legais a ele relacionados; por fim, buscamos com-preender a efetivao do currculo no cotidiano escolar, que se d por meio do Projeto Poltico Pedaggico (PPP) e do planejamento.
Esperamos que essas anlises contribuam de forma efe-tiva para a compreenso do currculo no mbito escolar e que, principalmente, sirvam como um ponto de partida para o entendimento da questo curricular, to necessria na elaborao dos projetos pedaggicos e nos planejamen-tos escolares.
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ORGANIZAO DIDTICOORGANIZAO DIDTICO--PEDAGGICAPEDAGGICA
Esta seo tem a finalidade de apresentar os recursos de aprendizagem utilizados no decorrer da obra, de modo a evidenciar os aspectos didtico-pedaggicos que nortearam o planejamento do material e como o aluno/leitor pode tirar o melhor proveito dos contedos para seu aprendizado.
Pense a respeitoPense a respeitoSo reflexes que fazem um convite leitura, acompanha-das de uma anlise sobre o assunto.
2222
Nesse sentido, podemos infer
ir que os conhecimentos so
apropriados pela interao co
m o outro, na relao com os
objetos, situaes que so fru
to da elaborao histrica do
prprio homem. No entanto, e
ssa apropriao necessita de
atividades que determinem d
e certa forma os significados
sobre as coisas e os outros. E
nfim, os conhecimentos so
histrico-culturais, resultado
de uma histria coletiva do
homem e em virtude de suas
necessidades.
Todavia, podemos perguntar: C
omo os
conhecimentos so organizad
os e sistematizados
no contexto escolar?
O currculo responde a esse
questionamento, pois ele
define o que, como e para qu
e os contedos so trabalhado
s
nos diferentes nveis de ensin
o. So muitos os conceitos que
podemos apresentar sobre o
currculo, pois essa conceitu
a-
o est ligada s diferentes t
eorias, concepes e interpre-
taes no campo educacional.
Essa temtica alvo constante
de discusso das polticas edu-
cacionais, dos professores, dos p
esquisadores, dos pais, dos estu-
dantes, no entanto, preciso u
m olhar mais detalhado sobre
o
currculo - no simplesmente c
omo um conjunto de contedos
,
ou formas de ensinar, que ser
o aplicados pelos professores. O
currculo traz na sua essncia
questes econmicas, polticas
,
culturais e histricas que ultrap
assam a ideia de uma simples
seleo de contedos disciplinar
es. (Saviani, 2000).
No que se refere ao aspecto e
conmico na organizao do
currculo, podemos dizer que,
conforme a escola organiza e
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ImportanteImportanteNessa seo, voc encontrar trechos destacados para ajud-lo a fixar os con-ceitos mais importantes do captulo.
SnteseSnteseVoc conta, nesta seo, com um recurso que lhe instiga a fazer uma reflexo sobre os contedos estuda-dos, de modo a contribuir para que as concluses a que voc chegou sejam reafirmadas ou redefinidas.
Indicaes culturaisIndicaes culturaisao final do captulo, o autor lhe ofe-rece algumas indicaes de livros, fil-mes ou sites que podem ajud-lo a refletir sobre os contedos estudados e permitir o aprofundamento em seu processo de aprendizagem.
137137
Indicaes culturaisIndicaes culturais
ENTRE os muros da escola. Direo: Laurent Cantet. Produo: Caroline Benjo, Carole Scotta, Barbara Letellier e Simon Arnal. Frana: Sony Pictures Classics; Imovision,
2007. 128 min.O filme apresenta a histria de um professor de ln-gua francesa, Franois Marin, que trabalha numa escola na periferia de Paris. O enredo aponta a difcil tarefa dos professores em conseguir estabelecer uma flexibilidade na proposta curricular de forma que motive os alunos a apren-derem os contedos ao longo do ano. O filme retrata que,
em uma escola multicultural em que se recebe sujeitos de diferentes lugares e com diferentes bagagens sociocognitivas, necessrio dedicao, persistncia e uma maior aproxima-o da realidade dos educandos. Caso contrrio, cada edu-cando permanecer isolado em seu mundo. Assim, a escola no se torna um ambiente de incluso e o currculo fica res-trito mera transmisso de contedos. Nesses termos, h apenas a integrao de pessoas compartilhando um mesmo ambiente, mas sem que existam trocas multiculturais e de conhecimentos.
133133
Nessa perspectiva, o educador deve presta
r pemanente
ateno s possibilidades e s necessidad
es de mudan-
as, readequaes e flexibilidades pedag
gicas. Todos os
momentos e espaos educacionais podem e
xigir interfern-
cias e trocas no pensadas ou planejadas. E
, nesse processo
educativo em constante mutao, o educ
ador deve estar
atento para no prejudicar o educando.
Gonzalz (2007, p. 29) declara que a
interveno
educacional
somente pode atingir os objetivos propostos d
e formao
integral em conhecimentos, destrezas, valor
es de todos
os alunos e oferecer a melhor qualidade de vid
a possvel
nos mbitos pessoal, profissional e social, etc.,
mediante as
adaptaes curriculares apropriadas.
Na verdade, a educao s uma, mas tem dife
rentes ajus-
tes para atender a diversidade das crianas e
dos adoles-
centes. O sistema educacional, em seu conjunt
o, deve ofe-
recer os meios necessrios para proporcionar
a ajuda de
que cada pessoa necessita dentro de um context
o educativo
mais normal possvel.
As adaptaes curriculares devem respond
er s deman-
das de interveno educacional especfica.
O ensino deve
ser adaptado s crianas, e essas adapta
es no podem
deixar de ser realizadas sob desculpa de q
ue o educando
est ali somente para se socializar. Como p
odemos deduzir,
se as adaptaes no forem realizadas, o pr
ocesso de socia-
lizao tambm comprometido.
A socializao resultado da participao
no contexto
da coletividade sob condies de sentimen
tos de pertena.
A necessidade de pertencer a um grupo
inerente ao ser
humano. O carter positivo das experinci
as realizadas no
grupo ajudam no somente os educandos po
rtadores de ne-
cessidades educacionais especiais, mas tam
bm os outros
educandos. Perceber o outro, conhecer o o
utro, ajudar ao
outro, ser ajudado, so situaes que no co
tidiano escolar
podem estabelecer a construo de vnculo
s afetivos. E o
estabelecimento de vnculos afetivos de
correntes dessa
forma de socializar(se) resulta na autoaceita
o e na aceita-
o dos outros educandos.
As adaptaes curriculares, portanto, tamb
m devem pre-
ver essa dimenso educacional.
SnteseSnteseEstudar sobre currcu
lo e suas implicaes educacionais
inegavelmente de suma importncia para o
educador, uma
vez que o sistema de ensino se fundamenta
na organizao
e finalidades contidas na estrutura curricula
r.
O ensino brasileiro, ainda enraizado nos p
rimrdios de
sua origem, pouco avanou em se tratando d
o currculo e da
adequao curricular que atenda s aspira
es e s necessi-
dades reais da populao. Dessa forma, os ob
jetivos da elabo-
rao curricular se restringem, principalment
e, organizao
de contedos em disciplinas isoladas, pouco
valorizando os
conhecimentos do cotidiano dos educando
s e desprezando
as experincias adquiridas nas diferentes int
eraes sociais.
2323
trabalha os contedos, formado determinado tipo de ser humano, que pode simplesmente ser preparado para o mer-cado de trabalho ou ser algum capaz de compreender a dimenso histrica e ideolgica dos conhecimentos escola-res. O currculo, nessa acepo, uma ponte entre a socie-dade e a escola, haja vista que essa instituio pode ser ape-nas um espao de reproduo de polticas vigentes, quando se prope a desenvolver projetos sem nenhuma anlise e avaliao mais efetiva pela comunidade escolar. importante lembrar que vivemos em um pas marcado pela colonizao, pela escravido, pela imigrao, pela economia dependente e pelo transplante cultural, ou seja, no h como desconsiderar a diversidade que configura a histria do nosso pas.
Os contedos escolares, organizados por meio do cur-rculo, refletem diretamente as especificidades do cenrio brasileiro. Dessa maneira, preciso historicizar o currculo ao longo de sua construo temporal, de modo a possibilitar a compreenso das diferentes dimenses que o compem.Para uma discusso coerente sobre o currculo escolar, primordial que, antes disso, efetivemos uma discusso do conceito de currculo de modo geral. Para tanto, dividiremos esse captulo em trs momentos: no primeiro, ser discutido o conceito de currculo, para, no segundo momento, discor-rermos sobre a definio de currculo escolar e, no terceiro momento, analisarmos a histria do currculo na educao.
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Atividades de autoavaliaoAtividades de autoavaliaocom estas questes objetivas, voc mesmo tem a oportuni-dade de verificar o grau de assi-milao dos conceitos examinados, motivando-se a progredir em seus estudos e a se preparar para outras atividades avaliativas.
Atividades de aprendizagemAtividades de aprendizagemaqui voc dispe de questes cujo objetivo lev-lo a analisar criticamente um determinado assunto e integrar conhecimen-tos tericos e prticos.
Bibliografia comentadaBibliografia comentadaNesta seo, voc encontra comentrios acerca de algu-mas obras de referncia para o estudo dos temas examinados.
6868
Atividades de autoava
liaoAtividades
de autoavaliao
Marque a alternativa c
orreta de cada questo.
Saviani (2005) denom
ina a pedagogia dos jes
utas como
1.
pedagogia braslica. A q
ue ele se referia?
adequao ao
a. Ratio Stud
iorum.
Ao plano geral de estu
dos da Companhia de J
esus.
b.
adequao do ensino
s condies especfic
as da
c.
colnia.
Ao trabalho adotado n
os colgios jesutas na
Europa.
d.
As primeiras expres
ses sobre o currcu
lo podem
2.
ser encontradas com
os tericos Dewey,
Bobbitt e
Tyler (Pedra, 1997), o
s quais entendiam qu
e o foco do
currculo recaa, respec
tivamente:
no aluno, no mtodo e
na prtica do professo
r.
a.
na prtica do professor
, no aluno e no mtodo
.
b.
na metodologia de en
sino, nos contedos e n
o aluno.
c.
no aluno, na prtica do
professor e nos conte
dos.
d.
As primeiras iniciat
ivas de sistematiza
o do pro-
3.
cesso curricular no B
rasil podem ser observ
adas com a
influncia:
da expulso dos Jesuta
s, em 1759.
a.
do processo de urbaniz
ao e industrializao
e da
b.
efervescncia das ideia
s renovadoras na educ
ao.
das reformas empreen
didas nos estados bras
ileiros.
c.
do Estado Novo.
d.
145145
Atividades de aprendizagemAtividades de aprendizagem
Questes para reflexoQuestes para reflexo
De acordo com a sua vivncia escolar, quais so os maio-
1.
res problemas relacionados ao currculo proposto que um professor enfrenta na sala de aula? Em sua opinio, como ser possvel solucionar esses problemas?A sociedade mudou consideravelmente nos ltimos anos
2.
e a escola precisa adequar-se a essas mudanas. Uma das mudanas mais importantes se refere incluso educacio-nal. Pesquise sobre a incluso, a adaptao curricular e as possveis maneiras de organizar os contedos para favore-cer o aprendizado para todos os educandos. Em seguida, elabore um modelo de organizao e estrutura curricular que, em sua opinio, poder desenvolver habilidades, auxiliar na aquisio e (re)construo de conhecimentos e favorecer o senso crtico e reflexivo dos educandos.Atividade aplicada: prtica
Atividade aplicada: prticaLeia atentamente a crtica a seguir:
1.
(...) o universalismo do ensino distancia os alunos do mundo por ser muito formal e, portanto, ineficaz para a vida prtica. O ideal de honnte homme
honnte homme vincula-se a a um humanismo desencarnado, preocupado com as belas letras e com um sabe por saber tpico dos letrados e erudi-tos. Isso no faz mais sentido num mundo em que a revo-luo nas cincias e nas tcnicas necessita formar o homem
207207
BIBLIOGRAFIA COMENTADA
BIBLIOGRAFIA COMENTADA
SAVIANI, D. Histria das ideias
pedaggicas no Brasil
Histria das ideias pedaggicas no
Brasil.
Campinas: Autores Associados, 2007
. (Coleo Memria da
Educao).
Este livro resultado de uma ampla pe
squisa do autor, sob o
apoio do CNPq, o qual lhe rendeu o P
rmio Jabuti de 2008,
na categoria Educao, Psicologia e Ps
icanlise. Histria das Histria das
ideias pedaggicas no Brasil
ideias pedaggicas no Brasil uma sn
tese, como o ttulo j
supe, dos principais ideais pedaggic
os e prticas da educa-
o brasileira, desde a chegada dos jesu
tas ao Brasil at o in-
cio do sculo XXI, seguida de contextu
alizaes e relaes da
sociedade e da educao. Em uma lingu
agem clara e acessvel,
o autor aborda de forma magistral as t
endncias pedaggicas,
periodicizando-as em quatro partes: as i
deias pedaggicas entre
1549 a 1759 (vertente religiosa da ped
agogia tradicional); de
1759 a 1932 (vertente religiosa e leiga
da pedagogia tradicio-
nal); 1932 a 1969 (pedagogia nova) e
finalizando entre 1969
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INTRODUOINTRODUO
a educao uma prtica social que possibilita a humani-zao dos seres humanos em determinada cultura. O fen-meno educacional pode ser compreendido com base em sua dupla dimenso: a primeira, no que se refere apropria-o dos bens culturais produzidos ao longo da histria; a segunda, possibilidade de criar e recriar novos conheci-mentos, valores e princpios. Em outras palavras, a educao permanncia e transformao em um processo interativo.
O processo educacional ocorre de maneira informal nas diversas instncias sociais. No entanto, no espao esco-lar, de modo particular, que se d o processo de aprendizagem formal do indivduo. a instituio escolar uma criao humana e, ao longo de sua trajetria, tomou dife-rentes feies e caractersticas e apresenta
A educao permanncia A educao permanncia
e transformao em um e transformao em um
processo interativo.processo interativo.
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especificidades quanto sua finalidade e organizao e s relaes estabelecidas entre os sujeitos envolvidos no pro-cesso educativo, pois determinada pela concepo de ser humano, sociedade e educao dos envolvidos no processo.
Muito se discute sobre a funo social da escola; entre-tanto, ainda observamos nos cursos de formao de profes-sores questionamentos sobre o papel da instituio escolar: ela deve preparar para o trabalho, para o vestibular, ou deve, ainda, instrumentalizar os alunos para a vida em sociedade? a clareza da resposta a essas questes deve ser o ponto de partida para qualquer anlise que trate dos aspectos escola-res. Partimos do pressuposto de que educao escolar no pura e simplesmente um reflexo das relaes de produo; nessa direo, entendemos que a funo social da escola deva ser a formao da conscincia humana por meio do conhecimento cientfico.
Na concepo de Wihby, Favaro e lima (2007, p. 2),
Ao se pensar na funo social da escola, apresenta-se
como condio sine qua nonsine qua non remeter-se a uma concepo
de sociedade e de homem. Isso porque a escola uma ins-
tituio dessa sociedade e, para ser compreendida precisa
ser olhada no conjunto das relaes sociais mais comple-
xas, ou melhor, para incio de conversa, no se pode pen-
sar a escola por ela mesma. Para evidenciar suas espe-
cificidades e sua complexidade, necessrio entender a
intrincada realidade social, um mundo vivido. [grifo do original]
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Vivemos em uma sociedade marcada por diversas con-tradies sociais, entre as quais podemos apontar o fato de o discurso da igualdade entre os homens no se aplicar na prtica. Um nmero expressivo de pessoas vive abaixo da linha da misria, e o desemprego e a corrupo fazem parte do nosso cotidiano. a escola, nesse contexto, chamada a atender s demandas do mercado de trabalho, como, por exemplo, formar o trabalhador para atender s necessidades dos novos modelos de produo; no entanto, o problema no se resolve nos limites da instituio.
Na viso de Wihby, Favaro e lima (2007), entre os pro-blemas sociais mais graves vividos hoje esto a perda da capacidade de luta social e a ausncia de reflexes sobre o mundo em que vivemos. as demandas cotidianas se limi-tam quelas impostas pelo mercado e, particularmente, pelos meios de comunicao.
as mesmas autoras explicam que, com o intuito de supe-rar essa proposio, defende-se que a escola, considerados os seus limites, deve resistir a todas as tentativas de interfe-rncia da ideologia dominante que, alm de misria mate-rial, provoca misria intelectual.
com base nessas consideraes, propomos a luta pela garantia de uma escola pblica de melhor qualidade, possvel nos dias atuais, bem como a defesa da instituio escolar como um espao de apropriao de conhecimentos sistematizados que possibilitem uma concepo mais elaborada de mundo e a apreenso de suas mltiplas e complexas dimenses, visando a uma atuao humana mais racional e consciente.
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diante disso, os envolvidos no processo educativo podem realizar um trabalho pedaggico pautado na verdadeira funo social da escola: a formao da conscincia humana por meio do acesso aos conhecimentos elaborados pelos homens. No espao escolar, h diferentes profissionais que contribuem para a organizao das atividades escolares, ou seja, para a organizao dos meios de trabalho escolar em funo de sua especificidade e dos objetivos educacionais, propiciando as melhores condies possveis para o desen-volvimento do ensino e da aprendizagem do aluno. So esses profissionais que iro pensar em aes que propiciem o encaminhamento efetivo e coerente do processo ensino-
-aprendizagem, ou melhor, que iro organizar o PPP.
com base nessa ideia inicial que podemos pensar sobre a organizao escolar como um espao privilegiado de apropriao sistemtica dos conhecimentos elaborados pelos homens. Para tanto, necessria uma sistematizao desse percurso, pois na escola no se ensina e se aprende ao bel prazer, de qualquer forma, ou qualquer contedo. So ensinados, sim, os saberes tidos como relevantes humani-dade, o que exige, ento, uma reflexo permanente e efetiva sobre o currculo e sua importncia. Nesse sentido, o que o currculo no ambiente educacional? Qual a necessidade deste no contexto escolar, local de tantas contradies?
Esses questionamentos direcionaram a elaborao deste livro, que tem por objetivo analisar o currculo escolar em
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diante disso, os envolvidos no processo educativo podem realizar um trabalho pedaggico pautado na verdadeira funo social da escola: a formao da conscincia humana por meio do acesso aos conhecimentos elaborados pelos homens. No espao escolar, h diferentes profissionais que contribuem para a organizao das atividades escolares, ou seja, para a organizao dos meios de trabalho escolar em funo de sua especificidade e dos objetivos educacionais, propiciando as melhores condies possveis para o desen-volvimento do ensino e da aprendizagem do aluno. So esses profissionais que iro pensar em aes que propiciem o encaminhamento efetivo e coerente do processo ensino-
-aprendizagem, ou melhor, que iro organizar o PPP.
com base nessa ideia inicial que podemos pensar sobre a organizao escolar como um espao privilegiado de apropriao sistemtica dos conhecimentos elaborados pelos homens. Para tanto, necessria uma sistematizao desse percurso, pois na escola no se ensina e se aprende ao bel prazer, de qualquer forma, ou qualquer contedo. So ensinados, sim, os saberes tidos como relevantes humani-dade, o que exige, ento, uma reflexo permanente e efetiva sobre o currculo e sua importncia. Nesse sentido, o que o currculo no ambiente educacional? Qual a necessidade deste no contexto escolar, local de tantas contradies?
Esses questionamentos direcionaram a elaborao deste livro, que tem por objetivo analisar o currculo escolar em
uma perspectiva histrica, considerando que o currculo no algo neutro, mas um elemento marcado por questes polticas, culturais e econmicas.
Nessa direo, organizamos esta obra em quatro momen-tos, que tratam do conceito de currculo, sua histria, o processo de apropriao do conhecimento escolar e as dife-rentes formas de organizao curricular, o currculo e a organizao do trabalho pedaggico.
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1 1 Currculo: conceituao do termoCurrculo: conceituao do termo
discutir sobre o currculo escolar requer um conhecimento sobre o que o ser humano produziu e produz ao longo da histria, bem como os saberes elaborados por ele que so apropriados e modificados a cada nova gerao.
Partimos do pressuposto, na presente anlise, que o ser humano, por meio do trabalho, modifica a natureza e por ela modificada. ao agir sobre a natureza, ele produz for-mas e instrumentos para atender s necessidades que ele mesmo cria e satisfaz (Marx; Engels, 1979).
Os conhecimentos produzidos pelo homem podem ser apropriados por todos os membros da sociedade por dois caminhos bsicos: pela convivncia e pelo contato com o grupo social ou seja, de maneira informal , e tambm pelo acesso s produes histricas, por meio de uma insti-tuio tambm criada pelo homem, denominada escola.
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Nesse sentido, podemos inferir que os conhecimentos so apropriados pela interao com o outro, na relao com os objetos, situaes que so fruto da elaborao histrica do prprio homem. No entanto, essa apropriao necessita de atividades que determinem de certa forma os significa-dos sobre as coisas e os outros. Enfim, os conhecimentos so histrico-culturais, resultado de uma histria coletiva do homem e em virtude de suas necessidades.
Todavia, podemos perguntar: como os conhecimentos so organizados e sistematizados no contexto escolar?
O currculo responde a esse questionamento, pois ele define o quedefine o que, como e para quecomo e para que os contedos so trabalhados nos diferentes nveis de ensino. So muitos os conceitos que podemos apresentar sobre o currculo, pois essa conceitua-o est ligada s diferentes teorias, concepes e interpre-taes no campo educacional.
Essa temtica alvo constante de discusso das polticas educacionais, dos professores, dos pesquisadores, dos pais e dos estudantes; no entanto, preciso um olhar mais detalhado sobre o currculo no simplesmente como um conjunto de contedos, ou formas de ensinar, que sero aplicados pelos pro-fessores. O currculo traz na sua essncia questes econmicas, polticas, culturais e histricas que ultrapassam a ideia de uma simples seleo de contedos disciplinares (Saviani, 2000).
No que se refere ao aspecto econmico na organiza-o do currculo conforme a escola organiza e trabalha os
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contedos, podemos dizer que formado um determinado tipo de ser humano, que pode simplesmente ser preparado para o mercado de trabalho ou ser algum capaz de compre-ender a dimenso histrica e ideolgica dos conhecimentos escolares. O currculo, nessa acepo, uma ponte entre a sociedade e a escola, pois essa instituio pode ser ape-nas um espao de reproduo de polticas vigentes quando se prope a desenvolver projetos sem nenhuma anlise e nenhuma avaliao mais efetiva pela comunidade escolar.
importante lembrar que vivemos em um pas marcado pela colonizao, pela escravido, pela imigrao, pela economia dependente e pelo transplante cultural, ou seja, no h como desconsiderar a diversidade que configura a histria do nosso pas.
Os contedos escolares, organizados por meio do cur-rculo, refletem diretamente as especificidades do cenrio brasileiro. dessa maneira, preciso historicizar o currculo ao longo de sua construo temporal, de modo a possibilitar a compreenso das diferentes dimenses que o compem.
Para uma discusso coerente sobre o currculo escolar, pri-mordial que, antes disso, efetivemos uma discusso do con-ceito de currculo de modo geral. Para tanto, dividiremos esse captulo em trs temas: no primeiro, ser discutido o conceito de currculo, para, no segundo, discorrermos sobre a definio de currculo escolar e, no terceiro tema, analisaremos a hist-ria do currculo na educao.
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1.1 Delineando a definio do termo1.1 Delineando a definio do termoEtimologicamente, currculo vem do latim curriculum, que significa ato de correr, atalho, corte (cunha, 1986, p. 235). Fazendo uma analogia, podemos comparar o currculo com um caminho a ser feito por barcos em um rio. Passando por curvas, corredeiras, troncos, cada barco vai fazendo seu percurso conforme as condies dos envolvidos, sejam essas condies fsicas, emocionais, cognitivas ou outras. alguns barcos podem percorrer o caminho sem dificuldade, porm outros podem consider-lo de difcil acesso, impossvel.
analisando com mais afinco essa analogia, podemos ob-servar as questes que permeiam esse processo. O barco, o que o faz ser confivel e seguro? deve ser bem feito, sem rachaduras, o que envolve conhecimentos de engenharia, matemtica, fsica, entre outros, alm de um planejamento sobre a quantidade de combustvel necessrio para seguir o caminho.
Seguindo na nossa analogia, o que necessrio para o bar-queiro tambm ser confivel e ter segurana? O condutor do barco no precisa, necessariamente, ter conhecimentos sobre a produo de um barco; entretanto, os conhecimentos com os quais ele deve contar se referem navegao, natureza, direo, experincia, sua histria, s suas crenas, traje-tria, ao curso do rio, ao caminho, entre outros.
agora, precisamente, analisemos o caminho. assim, ao olharmos para trs, veremos o trajeto que j foi percorrido, percebendo o que j alcanamos, o que conquistamos, os percalos pelos quais passamos, os conhecimentos que foram
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utilizados e como foram utilizados. Olhando para frente, veremos um caminho ainda no efetivado, um processo e, com ele, as incertezas, as dvidas desse movimento, que, embora conte com um planejamento bem elaborado, no temos certeza de que chegaremos ao fim, o que nos leva a crer que o percurso deve ser sempre questionado e reavaliado.
Enfim, o currculo, ou o percurso a ser realizado, no linear, mas construdo por aqueles que participam dessa caminhada, a depender das condies que possuem, das suas concepes, dos conhecimentos de que se apropriaram nas suas vivncias e daquelas experincias que iro ainda construir diante das contradies que sero encontradas, haja vista as incertezas que acometem o caminho.
currculo transformao, no apenas no que se refere a mudar o sentido, de ir por outro caminho, mas de buscar novas alternativas, novas solues, novas conquistas. O cur-rculo consiste em transformar o impreciso em conhecido, e tal fato envolve um ensino e uma aprendizagem. como ento empregar essa analogia para o currculo escolar?
O currculo representa a caminhada que o sujeito ir fazer ao longo de sua vida escolar, tanto em relao aos contedos apropriados quanto s atividades realizadas sob a sistematizao da escola. Nesse sentido, Sacristn e gmez (1998, p. 125) afirmam que a escolaridade um percurso para os alunos/as, e o currculo seu recheio, seu contedo, o guia de seu progresso pela escolaridade.
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assim, o aluno seria o barqueiro, descobrindo o caminho; o barco seria a escola e a segurana dos envolvidos nesse processo; o rio, por sua vez, corresponderia aos conheci-mentos a serem apropriados ao longo do percurso, ou seja, vida escolar do aluno.
de acordo com Krug (2001, p. 56),
O currculo surge, ento, em uma dimenso ampla que
o entende em sua funo socializadora e cultural, bem
como forma de apropriao da experincia social acumu-
lada e trabalhada a partir do conhecimento formal que a
escola escolhe, organiza e prope como centro as atividades
escolares.
diante desses apontamentos iniciais, podemos destacar que o currculo escolar deve ser pensado, refletido e com-preendido como prxis pedaggica. a sua concretizao se realiza no fazer pedaggico, o qual deve ser pautado nos prin-cpios estabelecidos no Projeto Poltico Pedaggico (PPP), pois este envolve toda a comunidade escolar: professores, alu-nos, pais e funcionrios que, direta ou indiretamente, esto envolvidos no processo pedaggico.
1.2 Consideraes iniciais sobre o currculo 1.2 Consideraes iniciais sobre o currculo no contexto escolarno contexto escolarconforme o Dicionrio Aurlio da lngua portuguesa (Ferreira, 1986, p. 512), define-se currculo como a parte de um curso literrio; as matrias constantes de um curso. de acordo com Zotti (2008), o termo foi utilizado pela primeira vez, para
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caracterizar um plano estruturado de estudos, em 1963, no Oxford English Dictionary.
Em se tratando especificamente do currculo escolar, vrios so os autores que discutem esse tema, tais como Moreira e Silva (1994), Moreira (2001), libneo (2004), Tozzi (1995), Warde (1995), Pedra (1997), Saviani (2007), Silva (1995) e Sacristn (2000). a preocupao com essa temtica vista desde a dcada de 1920, ampliando-se consideravelmente. O campo curricular brasileiro se estruturou tendo como refe-rncia o campo curricular americano, por meio dos acordos estabelecidos entre esses pases, especialmente nos governos militares. Os autores brasileiros que discutem o currculo se apropriaram, na maioria das vezes, da produ-o estrangeira para propor polticas pblicas para a educao, que influenciaram direta-mente na concepo curricular.
O currculo assume diferentes definies e, entre essas, destacamos a afirmao de Sacristn (2000, p. 14), quando aponta algu-mas consideraes e impresses que normal-mente so relacionadas ao currculo, a saber:
o currculo como conjunto de conhecimentos ou matrias
a serem superadas pelo aluno dentro de um ciclo nvel
educativo ou modalidade de ensino a acepo mais
clssica e desenvolvida; o currculo como programa de
atividades planejadas, devidamente sequencializadas,
ordenadas metodologicamente tal como se mostram num
manual ou num guia do professor; o currculo, tambm
O campo curricular O campo curricular
brasileiro se estruturou brasileiro se estruturou
tendo como referncia o tendo como referncia o
campo curricular americano, campo curricular americano,
por meio dos acordos por meio dos acordos
estabelecidos entre esses estabelecidos entre esses
pases, especialmente nos pases, especialmente nos
governos militares. governos militares.
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foi entendido, s vezes, como resultados pretendidos de
aprendizagem; [...].
dessas atribuies dadas ao currculo, possvel inferir que o seu sentido, especificamente, est relacionado buro-cracia, a uma exigncia dos rgos superiores ou a uma lista de contedos a serem seguidos. conforme Zotti (2008),
Esta conotao guarda estreita relao com plano de estu-dos, tratado como o conjunto das matrias a serem ensi-nadas em cada curso ou srie e o tempo reservado a cada uma. as questes sociais, ideolgicas, culturais, polticas e histricas que permeiam o processo educativo no so consideradas.
Esse sentido pode fornecer pistas sobre a funo do cur-rculo e sua aplicao como simples esquema tcnico para alcanar os objetivos propostos, ou seja, tecnicamente, as metas, os meios e os fins. O currculo seria, ento, de acordo com Saviani (2003, p. 23), o conjunto de atividades desen-volvidas pela escola. Portanto, currculo se diferencia de programa ou de elenco de disciplinas; segundo essa acepo, currculo tudo o que a escola faz; assim, no faria sentido falar em atividades extracurriculares.
No entanto, preciso compreendermos que, para o aluno adquirir o conhecimento elaborado pelo ser humano his-toricamente situado, necessria a compreenso crtica da realidade e no somente a repetio de contedos sem uma verdadeira reflexo.
dando continuidade, segue outra definio, de Sacristn (2000, p. 14):
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o currculo como concretizao do plano reprodutor para a
escola de determinada sociedade, contendo conhecimentos,
valores e atitudes; o currculo como experincia recriada
nos alunos por meio da qual podem desenvolver-se; o cur-
rculo como tarefa e habilidade a serem dominadas, como
o caso da formao profissional; [...].
No currculo adotado como reproduo, no so consi-deradas as questes sociais, ideolgicas, culturais, polti-cas e histricas que permeiam o processo educativo, e sim uma viso unilateral que leva em considerao apenas uma sociedade ideal, perfeita, em que os alunos devem estar pre-parados para agir nesse contexto.
Podemos deduzir dessa definio a viso liberal de indivi-dualidade e meritocracia, na qual aquele que conseguir repro-duzir os conhecimentos, os valores e as atitudes impostas, de preferncia sem fazer a crtica necessria, ser o sujeito ideal para a reproduo e a mo-de-obra adequada para o mundo do trabalho, ou seja, segundo Soares (1989, p. 10), para perpetuar a ideologia do dom, na qual
as causas do sucesso ou do fracasso devem ser buscadas nas
caractersticas dos indivduos: a escola oferece igualdade de
oportunidades; o bom aproveitamento dessas oportunida-
des depender do domdom aptido, inteligncia, talento de cada um. [...] dessa forma, no seria a escola a responsvel
pelo fracasso do aluno; a causa estaria na ausncia, neste,
de condies bsicas para a aprendizagem, condies que
s ocorreriam na presena de determinadas caractersticas
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indispensveis ao bom aproveitamento daquilo que a
escola oferece. [grifo do original]
Mais adiante, Sacristn (2000, p. 14) fornece outra definio: o currculo como programa que proporciona contedos e valores para que os alunos melhorem a sociedade em relao reconstruo social da mesma. a perspectiva presente nessa acepo a da escola reden-tora: pela aquisio dos conhecimentos tecni-
camente selecionados, os alunos seriam capazes de melhorar a sociedade, como se apenas a aquisio de contedos, previa-mente selecionados por um grupo de especialistas, sem a devida reflexo, significasse sinnimo de mudana social.
Sem refletir muito sobre o assunto, possvel verificar-mos que a escola no e nem pode ser smbolo nico e exclusivo de mudana da construo social. como exemplo, podemos citar o caso dos conhecimentos sobre linguagem indicados no currculo. acredita-se que a escola, ao tra-balhar e enaltecer exclusivamente a lngua padro, esque-cendo-se das variaes lingusticas, est pretensamente pensando que assim poder sanar as mazelas presentes na sociedade, pois todos estariam aptos a se expressar adequa-damente. No entanto, para Soares (1989, p. 72),
a escola, ao negar s classes populares o uso de sua pr-
pria linguagem (que censura e rejeita), ao mesmo tempo
que fracassa em lev-las ao domnio da linguagem
de prestgio, est cumprindo seu papel de manter as
Sem refletir muito sobre Sem refletir muito sobre
o assunto, possvel o assunto, possvel
verificarmos que a escola no verificarmos que a escola no
e nem pode ser smbolo e nem pode ser smbolo
nico e exclusivo de mudana nico e exclusivo de mudana
da construo social. da construo social.
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discriminaes e a marginalizao e, portanto, de repro-
duzir as desigualdades.
importante salientarmos que no estamos fazendo apologia afirmao de que no devemos ensinar o portu-gus padro, tendo como pressuposto que seria uma violn-cia impor a um grupo outros valores contrrios aos seus, um equvoco poltico-cultural. Tampouco concordamos que o ensino obrigatrio da lngua-padro seria o nico vlido.
preciso compreender que o acesso a outra forma de falar e escrever ou seja, um ensino fundamentado no uso e na funo da escrita s pode trazer benefcios. Todavia, o que preciso ficar claro a forma com que se processa esse ensino e, nesse caso, como o currculo vem a contribuir para o acesso aos elementos culturais que precisam ser assimi-lados pelos indivduos da espcie humana para que eles se tornem humanos e, de outro lado e concomitante, desco-berta das formas mais adequadas para atingir esse objetivo (Saviani, 2003, p. 21).
Nesse sentido, para respondermos o que currculo no mbito escolar, imprescindvel tambm relacionarmos a inteno poltica que envolve o currculo, ou seja, que tipo de ser humano queremos formar e, consequentemente, como o professor poder realizar, dentro desse parmetro, a sua prtica docente. O professor, como mediador do conhecimento, deve estar consciente da sua funo e das concepes
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de ser humano, sociedade e educao que condicionam o fazer docente.
assim, o currculo deve ultrapassar o carter impositivo, verticalizado, centralizado e pensado nos gabinetes, que fica margem dos debates que envolvem professores, alu-nos e comunidades, resumindo-se a um simples documento vindo a se unir aos demais documentos que integram as gavetas das escolas. conforme Saviani, (2003, p. 26),
Ora, clssico na escola a transmisso-assimilao do saber
sistematizado. Este o fim a atingir. a que cabe encon-
trar a fonte natural para elaborar os mtodos e as formas
de organizao do conjunto das atividades da escola, isto
, do currculo. E aqui ns podemos recuperar o conceito
abrangente de currculo (organizao do conjunto das ati-
vidades nucleares distribudas no espao e tempo escolares).
Um currculo , pois, uma escola funcionando, quer dizer,
uma escola desempenhando a funo que lhe prpria.
Embora haja uma vasta teoria que trata a escola por um vis mais crtico, ainda se faz necessria essa busca inces-sante de coerncia e transposio entre o que se propem nas pesquisas sobre o currculo e a real condio da escola, bem como analisar o currculo luz da histria.
Nesse sentido, estaremos compreendendo o currculo como espao de produo cultural, para alm de uma hierarquizao, seja de polticas educacionais verticaliza-das, seja da horizontalidade de considerar a escola como espao nico e isento de contradies, sem compreender as
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influncias polticas, econmicas, sociais, culturais e ideol-gicas que permeiam o mbito escolar, ou seja, a dicotomia entre o planejamento e a aplicao, pois no trabalhamos com uma escola idealizada, mas concreta.
a citao a seguir, de Saviani (2003, p. 23), com clareza demonstra o pressuposto de currculo no qual acreditamos:
A escola existe, pois, para propiciar a aquisio dos instru-
mentos que possibilitam o acesso ao saber elaborado (cin-
cia), bem como o prprio acesso aos rudimentos desse saber.
As atividades da escola bsica devem se organizar a partir
dessa questo. Se chamarmos isso de currculo, poderemos
ento afirmar que a partir do saber sistematizado que se
estrutura o currculo da escola elementar. Ora, o saber sis-
tematizado, a cultura erudita, uma cultura letrada. Da
que a primeira exigncia para o acesso a esse tipo de saber
aprender a ler e a escrever. Alm disso, preciso tam-
bm aprender a linguagem dos nmeros, a linguagem da
natureza e a linguagem da sociedade. Est a o contedo
fundamental da escola elementar: ler, escrever, contar, os
rudimentos das cincias naturais e das cincias sociais
(histria e geografia humanas).
Essa compreenso de currculo como produo, e no como um documento burocrtico, requer a busca constante do conhecimento sistematizado e da compreenso efetiva da realidade socioeconmica e cultural que influencia e condiciona o processo educacional.
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Outro autor que vem a contribuir com a definio de currculo Pedra (1997). O referido autor discute a polis-semia do termo currculo, ou melhor, os vrios sentidos, os vrios significados que ele representa, o que nos leva a crer que no existe um conceito predefinido, pois diferentes variaes surgiram em relao ao vocbulo na rea peda-ggica, a depender, como j foi exposto anteriormente, das vises filosficas de mundo, ser humano, histria e educa-o que permeiam o processo educacional e seus sujeitos. Nesse sentido, podemos relacionar a polissemia do termo currculo com a citao de Marx e Engels (1979, p. 25), quando afirmam que a produo de ideias, de representa-es e da conscincia est em primeiro lugar direta e inti-mamente ligada atividade material e ao comrcio mate-rial dos homens: a linguagem da vida real.
Tal fato explica por que muitos posicionamentos conserva-dores, mesmo que no explcitos, esto presentes no contexto escolar, como tambm o fato de ser, de certa forma, deter-minada uma definio precisa sobre o currculo, pois implica uma opo poltica. Segundo Moreira e Silva (1994, p. 7),
O currculo h muito tempo deixou de ser apenas uma rea
meramente tcnica, voltada para questes relativas a proce-
dimentos, tcnicas, mtodos. J se pode falar agora em uma
tradio crtica de currculo, guiada por questes sociol-
gicas, polticas e epistemolgicas. Embora questes relati-
vas ao currculo continuem importantes, elas s adquirem
sentido dentro de uma perspectiva que as considere em sua
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relao com questes que perguntem pelo porqu das for-
mas de organizao do conhecimento escolar.
Outro fato que vem nos dar um entendimento sobre a polis-semia do termo currculo que este est relacionado viso dos tericos que discutem sobre o tema. Estes podem dar mais nfase ao currculo como resultado, como experincia ou como princpio, pois, de acordo com Pedra (1997, p. 31), os variados conceitos atribudos ao termo currculo no descrevem reali-dades diferentes, apenas informam sobre a interpretao que determinado autor ou escola terica lhe deu.
Todavia, para um melhor entendimento, podemos con-siderar que as definies de currculo, at o final do sculo XiX, referiam-se restritamente matria, conforme indica Zotti (2008):
Inserido no campo pedaggico, o termo passou por
diversas definies ao longo da histria da educao.
Tradicionalmente o currculo significou uma relao de
matrias/disciplinas com seu corpo de conhecimento orga-
nizado numa sequncia lgica, com o respectivo tempo de
cada uma (grade ou matriz curricular). Esta conotao
guarda estreita relao com plano de estudos, tratado
como o conjunto das matrias a serem ensinadas em cada
curso ou srie e o tempo reservado a cada uma.
aps esse marco, o significado de currculo vai tomando outra proporo, o que inclui no apenas o conhecimento escolar, mas tambm as experincias de aprendizagem. Sendo assim, o currculo envolve tanto a construo quanto
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o aprimoramento necessrio para o desenvolvimento do sujeito. Segundo Moreira e candau (2008, p. 18),
currculo associa-se, assim, ao conjunto de esforos peda-
ggicos desenvolvidos com as intenes educativas. Por
esse motivo, a palavra tem sido usada para todo e qual-
quer espao organizado para afetar e educar pessoas, o
que explica o uso de expresses como o currculo da mdia,
o currculo da priso, etc. Ns, contudo, estamos empre-
gando a palavra currculo apenas para nos referirmos s
atividades organizadas por instituies escolares. Ou seja,
para nos referirmos escola.
Podemos entender que, ao falarmos de currculo, estamos tratando da escola, ou seja, a maneira como os contedos so dosados e sequenciados no processo pedaggico. No existe um currculo nico a ser seguido por todas as escolas brasilei-ras, pois em seu art. 26 a lei n 9.394/1996* (lei de diretrizes e Bases da Educao Nacional ldBEN) define uma base nacional comum e uma parte diversificada, mas indica que compete escola a elaborao de sua proposta pedaggica.
contudo, conforme indica arroyo (2008, p. 23), pre-ciso considerar que
o ordenamento curricular no neutro, condicionado
por essa pluralidade de imagens sociais que nos chegam
de fora. Imagens sociais de crianas, adolescentes, jovens
ou adultos nas hierarquias sociais, raciais ou de gnero,
no campo e na cidade ou nas ruas e morros. Essas ima-
gens sociais so a matria-prima com que configuramos
* Para consultar
na ntegra a Lei
n 9.394, de 20 de
dezembro de 1996,
acesse: .Ne
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as imagens e prottipos de alunos. Imagens sociais,
docentes escolares, com que arquitetamos os currculos.
Toda tentativa de reorientao curricular exige rever
essas imagens sociais dos educandos, indagando-nos
como condicionam os currculos.
com base nas palavras do autor, podemos nos questionar:
Qual conhecimento, qual cultura pode garantir um real direito de acesso produo humana sem cair em preconceitos e rtulos, como escola
pobre para aluno pobre, ou seja, um ensino superficial para os que esto afastados da produo cultural?
defendemos, nessa discusso, a possibilidade de forma-o da conscincia humana por meio da escola, a partir do que de melhor o ser humano produziu.
lima (2008, p. 22) define que o conhecimento um bem comum, devendo portanto ser socializado a todos os seres humanos. O currculo o instrumento por excelncia dessa socializao. Essa afirmao se refere necessidade do conhecimento formal na escola. Mas o que esse conhe-cimento? ainda de acordo com lima (2008, p. 23),
todo o conhecimento sistematizado criado a partir do
desenvolvimento cultural da humanidade. Todas as for-
mas de arte so conhecimentos sistematizados, assim como
todas as categorias de cincias. No h dicotomia entre
arte e cincias, elas tm entre si vrios pontos que as apro-
ximam e na formao escolar importante que ambas
sejam igualmente valorizadas no currculo.
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independente de classe social, de instituio pblica ou privada, a escola considerada como espao privilegiado de apropriao do saber. Podemos observar constantemente a confuso entre conhecimento e informao. Esta ltima, disponvel na mdia em geral, na internet, nos demais ve-culos de comunicao, no pode ser considerada como um conhecimento formal, pois a informao precisa ser anali-sada, interpretada e mediada pelo professor.
Sobre essa questo, lima (2008, p. 23) considera que,
necessrio superar, tambm, a concepo de que o conhe-
cimento seja apenas informao. O conhecimento resulta
da organizao de informaes e redes de significados.
Esta organizao no uma organizao qualquer, pois
deve ser passvel de ser ampliada por novos atos de conhe-
cimento, por outras informaes ou, ainda, ser reorgani-
zada em funo de atividades especficas apropriao do
conhecimento. Quando ao ser humano ensinado algum
contedo de alguma rea de conhecimento formalmente
organizado, ele estabelece formas de pensamento (concei-
tual) muito diversas das que constitui nas atividades da
vida cotidiana.
Sendo assim, para uma melhor compreenso sobre o currculo no contexto atual, salutar fazermos uma breve retrospectiva sobre a histria do currculo, assunto do pr-ximo captulo.
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SnteseSnteseNeste captulo, iniciamos a discusso tendo como base o seguinte questionamento: como os conhecimentos so orga-nizados e sistematizados no contexto escolar? discutimos que a compreenso sobre o currculo responde a esse ques-tionamento, em virtude de que este define o que, como e para que os contedos so trabalhados nos diferentes nveis de ensino. Em seguida, fizemos uma anlise sobre a eti-mologia da palavra currculo, que vem do latim currere, que significa percurso a ser percorrido, carreira. aproveitamos tal definio para fazermos uma analogia, comparando o currculo e as questes que permeiam o processo de sua pro-duo a um caminho a ser feito por barcos em um rio, para que possamos estabelecer relao com nossas prprias vivn-cias. Finalizando essa primeira parte, refletimos especifica-mente sobre o currculo escolar e suas definies, conforme os autores que tratam do tema, e as implicaes presentes no uso do termo currculo.
Indicao culturalIndicao cultural
O caRTEiRO e o poeta. direo: Michael Radford. Produo: Mario cecchi gori, Vittorio cecchi gori e gaetano daniele. itlia: Miramax Films, 1994. 109 min.
Este filme retrata a histria de um poeta, Pablo Neruda (Philippe Noiret), que, por razes polticas, exila-se em uma ilha na itlia, local de exuberante paisagens. O poeta encon-tra um desempregado (Massimo Troisi), quase analfabeto,
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e o contrata como carteiro extra, encarregado de cuidar da correspondncia do poeta. dessa relao, forma-se uma slida amizade. Todavia, alm desse lao de amizade, o filme retrata uma relao de ensino e aprendizagem, pois o poeta a pedido do jovem carteiro, que pretendia escrever cartas sua namorada passa a lhe ensinar a ler e a escrever. a partir desse caminho, o carteiro, ao se apropriar gradati-vamente da linguagem escrita, tambm modifica sua viso de mundo, pois as reflexes instigadas pelo poeta lhe fazem analisar a sociedade de uma forma mais crtica.
Atividades de autoavaliaoAtividades de autoavaliao
assinale a alternativa corretacorreta para cada questo.
1. a dupla dimenso do fenmeno educacional pode ser compreendida por qual alternativa?a. Permanncia e apropriao.b. criao e transformao.c. Ensino e transformao.d. Permanncia e transformao.
2. no espao escolar, de modo particular, que o processo de ensino e aprendizagem ocorre de maneira formal. Esse processo determinado:a. pelas relaes estabelecidas entre os envolvidos no
processo educativo.b. pelas concepes de ser humano, sociedade e
educao dos envolvidos no processo.c. pela organizao do espao escolar.
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d. pelas caractersticas do contexto escolar.
3. Vrios autores discutem atualmente sobre o tema curcur--rculorculo. Entretanto, essa temtica vem sendo refletida e ampliada com base em situaes ocorridas na sociedade brasileira, na dcada de 1980, em virtude:a. das novas reformas na sociedade e no sistema escolar,
especificamente.b. da abertura poltica e das novas leis do sistema de
ensino.c. do processo de redemocratizao e das crticas feitas
ao sistema escolar visto como hegemnico.d. da continuidade da hegemonia na escola.
4. O autor Pedra (1997) discute a polissemia do termo currculo. Tal afirmao pode ser verificada em virtude:a. dos vrios sentidos e vises filosficas de ser
humano, histria e educao de determinado terico ou escola terica que discute currculo.
b. dos vrios sentidos que o termo pode adquirir no contexto escolar.
c. do momento histrico e da poltica educacional.d. das vrias teorias que juntas integram o currculo
escolar.
5. at o final de sculo XiX, as definies de currculo eram restritas matria que seria lecionada em sala de aula. com base nessa afirmao, podemos pressupor que a nfase maior era dada para:a. as experincias de aprendizagem.
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b. o conhecimento escolar.c. a metodologia.d. o processo de ensino e de aprendizagem.
Atividades de aprendizagemAtividades de aprendizagem
Questes para reflexoQuestes para reflexo
1. aps a leitura complementar, reflita sobre a relao exis-tente entre o currculo e o contexto social. Em seguida, faa uma comparao entre dois professores que marca-ram seu processo de ensino, um positivamente e outro negativamente. analise a forma como eles abordavam os contedos e como direcionavam sua prtica docente.
Leitura complementarLeitura complementar
Texto ITexto I
Currculo dos tigres-de-dente-de-sabreCurrculo dos tigres-de-dente-de-sabre
Uma tribo paleoltica, reconhecendo que a sua sobrevivncia dependeria da capacidade de impedir o ataque dos tigres-
-de-dente-de-sabre e da pesca nas lagoas lmpidas, inven-tou a educao. as crianas da tribo, em lugar de passarem seu tempo em folguedos, aprendiam a arte de afugentar os tigres com tochas de fogo acesas e como agarrar peixes com as mos nos lagos. a inveno teve um enorme xito. as crianas adoravam a atividade e a tribo florescia.
Todavia, o clima mudou. Uma grande geleira desceu sobre o vale onde a tribo vivia. Os tigres-de-dente-de-sabre
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desapareceram. Vieram os ursos que no temiam o fogo e, portanto, no podiam ser afugentados desse modo. E as lagoas se tornaram to lodosas que os peixes no podiam mais ser vistos e apanhados com as mos.
No demorou muito para que os membros da tribo de mais iniciativa e mais recursos se adaptassem a essa nova circunstncia. descobriram que podiam caar os ursos, cavando fossas nas trilhas da floresta e que tambm podiam pescar nas guas barrentas usando redes. Uma vez mais, eram senhores do seu ambiente contemporneo.
Mas as escolas ainda continuavam a ensinar as artes de afugentar tigres e apanhar peixes com a mo. O chefe da educao conseguiu capturar um velho tigre e mant-lo em uma jaula para que as crianas pudessem ter material para praticar a velha arte. Ento, um radical qualquer sugeriu que essas habilidades fossem retiradas do currculo e que, em seu lugar, as escolas ensinassem a arte de fazer redes de pesca e a cavar fossos para caar ursos. a sugesto foi rece-bida com horror pelas autoridades. Ensinar a tecer redes e a cavar fossos: isso no era educao; seria, quando muito, aprendizagem vocacional.
Ser um dia negro para as escolas, diziam eles, quando abandonarmos as matrias fundamentais de nossa cultura, tais como afugentar tigres e apanhar peixes com as mos. Naturalmente, ningum sonha mais em apanhar peixes com as mos na vida real, nesta poca, e no h mais tigres para serem afugentados; essas matrias so ricas em tradies de nossa tribo. Elas ensinam os princpios da coragem e gosto.
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O currculo j est sobrecarregado e ns no podemos intro-duzir matrias como tecelagem de redes e caada de ursos, que no possuem valor cultural algum.
Fonte: Adaptado de Benjamin, 1971.
como j foi discutido, currculo, em qualquer tempo e espao, no neutro. assim, reflita sobre quais condicio-nantes podem influenciar a organizao curricular.
Atividade aplicada: prticaAtividade aplicada: prtica
1. como j foi exposto anteriormente, o termo currculocurrculo vem do latim currere, que significa caminho. a par-tir desse pressuposto, organize em uma linha de tempo uma retrospectiva histrica sobre sua caminhada educa-tiva desde as sries iniciais at os dias atuais. Em forma de relato, coloque tanto a educao formal como outras iniciativas que voc participou e que no necessaria-mente foram na escola.
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2 2 Um breve histrico sobre o currculoUm breve histrico sobre o currculo
Muitos tericos que estudam o currculo no Brasil, como Pedra (1997) e Moreira e Silva (1994), comentam sobre a influncia de teorias de outros pases na organizao curri-cular nacional, denominando tal fato de transferncia ou transplante cultural. No entanto, salutar fazermos uma anlise dessa questo.
ao estudarmos as bases histricas que compem os pro-gramas e os currculos do ensino brasileiro, com base em uma viso macro, evidente a influncia primeiramente francesa e, posteriormente, americana permeando as ideias sobre o currculo, pois, segundo indica Pedra (1997, p. 33),
A inteligncia nacional no conseguiu criar pensamento
autonmico sobre o currculo, mesmo porque a tradio
brasileira fora a de programas (mais o feitio francs) e
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no a de currculo (ideia possvel aos norte-americanos
em virtude da grande descentralizao do seu sistema
escolar). Assim, no restaram muitas alternativas seno
a de buscar nos textos norte-americanos o contedo e a
forma do pensar e fazer currculo.
Todavia, no podemos considerar essas influncias como uma mera cpia, em uma viso reducionista, pois, em virtude das peculiaridades do contexto brasileiro, verificamos que houve adaptaes. conforme Moreira e Silva (1994, p. 42),
A tradio curricular americana no poderia ter sido
introduzida em nossas universidades sem ter sido con-
taminada pela maneira como nossos educadores lidavam
com questes curriculares, filtrada pelas idiossincrasias
das tradies histricas, culturais, polti