espiral do tempo 40

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A revista de quase todos os relógios

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12 Editorial por Hubert de Haro

14 Ficha Técnica/Cúmplices

24 Internet Espiraldotempo.com

26 Internet Surf ‘n tell

28 Breves Contas feitas

30 Breves Tenho dito!

32 Breves Sabia que...

34 Crónica por Rui Cardoso Martins Um belo mundo feroz

36 Entrevista Jaeger-LeCoultre Jérôme Lambert Democracia e exclusividade por Miguel Seabra

42 Reportagem Chopard Animal World Lado Selvagem por Cesarina Sousa

48 Reportagem Le Garde temps O nascimento de um relógio por Carlos Torres

52 Reportagem Patek Philippe NautilusÀ procura de Nemo por Miguel Seabra

58 Reportagem Ralf TechAnfíbio com estilo por Miguel Seabra

64 Reportagem Vacheron Constantin Les Univers InfinisUniverso infinito por Cesarina Sousa

70 Reportagem Porsche Design IndicatorAlta cilindrada por Miguel Seabra

76 Iniciativa Rolex Awards 2012Coroados Rolex 2012 por Cesarina Sousa

tema de capa

16 Um relógio, dois génios!

Comunhão de propósitos e cumplicidade numa entrevista

entre um dos maiores relojoeiros da atualidade e um dos maiores

génios futebolísticos da atualidade. Cristiano Ronaldo e Franck

Muller são, também, dois ícones dos tempos modernos

nas suas áreas de atividade.

SUmáRIo ESpIRal do TEmpo #40 oUToNo 2012

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SUmáRIo ESpIRal do TEmpo #40 oUToNo 2012

82 Tempo livre por Miguel Seabra Por trás de um nome

84 Entrevista Marcolino RelojoeiroA baixa em alta por Paulo Costa Dias

88 dossier CronógrafoCharme desportivo por Miguel Seabra

96 produção A nossa escolha

102 Em Foco

Panerai Luminor Marina 1950 3 days Power Reserve

Franck MullerCintrée Curvex Mariner

A. Lange & Söhne Saxonia Thin

Jaeger-LeCoultre Deep Sea Chronograph

Graham Chronograph oversize Wildlife Black Sahara

112 produção Still LifeAnglage, Perlage... Bricolage.

122 produção ModaTechnologie d'avant-garde

134 Entrevista BMW Sailing AcademyA sustentável leveza de ser BMW por Paulo Costa Dias

138 Gadgets

142 livros

144 Contactos

145 assinaturas

146 Crónica por José Luís Peixoto Que horas são em Nova Iorque?

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EdIToRIal

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Ao chegar às 40 edições, toda a equipa da Espiral do Tempo sentiu uma imperiosa necessidade: celebrar, festejar sem cair na tentação de relembrar o passado ou prometer futuras modificações de grafismo ou de conteúdo. Não. Resolvemos procurar uma figura pública de grande destaque.

Encontrámos em Cristiano Ronaldo a 'vítima' ideal. Conhecedor e verdadeiro apreciador de relógios, o reconhecido futebolista aceitou o desafio proposto pelo mestre relojoeiro Franck Muller de ver realizar sete modelos exclusivos e personalizados, numa série mundial ultra limitada em sua homenagem. o modelo escolhido? Um genial Cintrée Curvex Quantième Perpétuel Bi-Retro Chronographe.

Como só vivemos uma vez, pedimos ao próprio Franck Muller para se juntar à nossa equipa numa entrevista exclusiva a Cristiano Ronaldo, conduzida em Madrid.

Num tom, voluntariamente descontraído, procurámos evitar os temas ligados à atualidade futebolística para nos focarmos na personalidade de Cristiano e tentar encontrar pontos em comum com o enfant terrible da relojoaria, Franck Muller. Um momento especial que soube a pouco.

Mas esta edição não se reduz à entrevista de capa, como poderá ver de seguida.

Saudações relojoeirasHubert de Haro

PS: Aceitámos o desafio da Audemars Piguet de elaborar um suplemento especial monomarca. A marca celebra este ano o 40.º aniversário do seu modelo mítico Royal oak. Feliz coincidência.

Quarentona madura e experiente procura figura pública de destaque para ... a sua capa!

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FICHa TéCnICa alGUnS CúmplICES

diretorHubert de [email protected]

EditoresPaulo Costa [email protected]

Cesarina [email protected]

Editor técnicoMiguel [email protected]

Design gráfico/ilustraçõesPaulo [email protected]

Magda [email protected]

FotografiaNuno Correia

Colaboraram nesta ediçãoCarlos Torres • José Luís Peixoto • Rui Cardoso Martins

ContabilidadeElsa Henriques - [email protected]

Coordenação de publicidade e assinaturas Patrícia Simas: [email protected]

RevisãoLetrário - Serviços de Consultoria e Revisão de Textos

ContactosCorrespondência: Espiral do Tempo, Av. Almirante Reis, 39 -1169-039 Lisboa • Tel: 21 811 08 96

propriedadeTodos os artigos, desenhos e fotografias estão sobre a proteção do código de direitos de autor e não podem ser total ou parcialmente reproduzidos sem a permissão prévia por escrito da empresa editora da revista: Company one, Lda sito na Av. Almirante Reis, 39 – 1169-039 Lisboa. Sede da Redação - Av. Almirante Reis, 39 - 1169-039 LisboaA revista não assume, necessariamente, as opiniões expressas pelos colabo radores.

Distribuição: VASPImpressão: Peres-Soctip, Indústrias Gráficas, SAEstrada Nacional 10, Km 108,3 2135-114 Samora Correia - PortugalPeriodicidade: Quadrimestral Tiragem: 20.000 exemplares Registo pessoa coletiva: 502964332Registo no ICS: 123890Depósito legal Nº 167784/01Registo na ERC - 123890

Nota da redação: A Espiral do Tempo foi redigida ao abrigo do novo acordo ortográfico

Fundador: pedro Torres

Ricardo preto Com formação em diversas áreas da moda, a sua criatividade exprime-se também das mais variadas formas. Como criador, desenhou coleções de roupa, malas, chapéus e acessórios. A par da criação de coleções, tem trabalhado na área de produção de moda para prestigiadas revistas. Na Espiral do Tempo, Ricardo Preto tem dado asas à sua criatividade, abordando de forma única os mais belos instrumentos do tempo.122 produção de moda

Technologie d’avant-garde

miguel Seabra Escreve sobre o que gosta – e considera não haver maior felicidade do que ter as suas duas paixões por profissão. Já percorreu o mundo na cobertura dos maiores torneios de ténis e é um estudioso da relojoaria mecânica contemporânea. «Por mais relógios que tenha, não consigo ganhar tempo», lamenta-se. Licenciado em História de Arte, é o editor técnico da Espiral do Tempo.88 dossier Cronógrafo

Charme desportivo

Rui Cardoso martinsJá lá vai um tempo desde que Rui Cardoso Martins assinou a sua primeira crónica para a Espiral do Tempo, passando a ser uma presença de destaque nas nossas páginas. Escritor, jornalista, argumentista, repórter internacional, foi um dos fundadores do jornal Público e da Produções Fictícias. Ao longo das várias edições tem-nos brindado com a sua arte, mostrando o mundo à luz da sua escrita e, mais recentemente, tem-nos oferecido diferentes perspetivas do tempo numa análise pessoal de grandes obras literárias.34 Um Belo mundo Feroz

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EnTREvISTa dE Capa CRISTIANo RoNALDo/FRANCK MuLLER

veja o vídeo em www.espiraldotempo.com

À quadragésima edição, e pela primeira vez, fizemos uma

entrevista a dois, um mano a mano entre um dos maiores

relojoeiros da atualidade e um dos maiores génios

futebolísticos da atualidade. Cristiano Ronaldo (CR) e

Franck muller (Fm) são, também, dois ícones dos tempos

modernos nas suas áreas de atividade. o primeiro propôs-

-se fazer uma edição limitada dedicada ao segundo e

a comunhão de propósitos, e a cumplicidade que se

desenvolveu entre ambos, tornaram-se notórias nesta

entrevista.

Entrevista Hubert de Haro e Paulo Costa DiasFotos Nuno Correia, realização Ricardo Preto

Um relógio, dois génios.

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Se o trabalho de um relojoeiro é necessariamente meticuloso e fruto de uma enorme capacidade de concentração, não é difícil pensar que é assim que Cristiano Ronaldo está na sua profissão, como um relojoeiro e, talvez por isso, Franck Muller tenha sentido tantas afinidades com o jogador. Também não é dificil ver o CR7 como uma peça de alta-relo-joaria. No corpo de Ronaldo, a mais ínfima peça tem que estar bem oleada e tem de funcionar na perfeição para que se cumpram os seus objetivos de precisão. Nesta conversa, no entanto, preten- deu-se esquecer o futebol, tanto quanto possível, e fazer uma entrevista diferente das muitas que Ro-naldo dá por ano para os media de todo o mundo. Franck Muller voou propositadamente de Nova Iorque para Madrid e a cumplicidade entre os dois entrevistados, que se traduziu na ótima disposição de ambos, facilitou os nossos propósitos.

[ET] li num artigo do Le Monde que uma criança se ri cerca de 150 vezes por dia. Fazes ideia quantas vezes, em média, ri um adulto?[CR] (pausa) Metade, talvez.

[ET] 15 vezes.[CR] (risos) Eu rio-me mais do que 15 vezes por dia.

[ET] Era aí que queríamos chegar. és uma pes-soa com sentido de humor? [CR] Sim, dependendo do enquadramento, das pessoas com quem estou.

[ET] E que é que te faz rir?[CR] Uma boa conversa, uma anedota, uma história…

[ET] o humor britânico?[CR] Prefiro o humor português que me faz mais sentido. É na nossa língua, é mais fácil de entender a lógica ou as referências.

[ET] Qualquer criança tem sonhos. Tirando os sonhos que têm que ver com a tua carreira, que outros sonhos tinhas, em criança?[CR] Por acaso não era muito de sonhar, pelo menos com os olhos fechados. Sempre sonhei

com os olhos abertos. Tirando os sonhos que têm que ver com o futebol, o meu sonho de sempre foi ter um filho, e esse já o realizei.

[ET] E tu Franck, que sonhos de criança tiveste que não realizaste?[Fm] (em francês) – Tenho um sonho desde criança que ainda não realizei, conduzir um trator ou um caterpílar. Sabes que quando fizemos obras em Genthod havia muitos caterpílares no local, já que foi uma obra de 70.000 m2. Ainda pensei em pedir aos operários para me deixarem conduzir um mas depois decidi não o fazer: significava prescin-dir do meu sonho. Assim, ainda o tenho, hoje.

[ET] (para CR) o Franck disse que…[CR] (risos) Eu percebi, eu percebi, queria conduzir um trator.

[ET] E este teu relógio, uma edição limitada a sete exemplares para o mundo inteiro, é a concretização de um sonho?[CR] Tudo o que sejam edições limitadas, sobretu-do da marca Franck Muller que é uma marca que eu já conhecia e da qual já tinha quatro ou cinco relógios, e o facto de ser o próprio Franck Muller a oferecer-mo, uma edição limitada que me home-na geia, acho que é… é espetacular, é algo que qual quer pessoa gostava de ter. Este foi um dia importante, o facto de ter almoçado com ele, de ter convivido com ele, foi fantástico. E aprendi muito.

[ET] o Fm não escolheu um relógio qualquer para esta edição limitada, não chegou ao pé de ti e disse «olha, vou pôr o teu nome num mostrador» e já está. não, sendo o ‘mestre das Complicações’, foi à procura de uma compli-cação, neste caso um calendário perpétuo. Já tinhas um calendário perpétuo na tua coleção?[CR] Não, não tinha. o meu conhecimento relo-joeiro é comum, não sou um profundo conhece-dor. Só com esta edição limitada, e nas conversas com o Franck, é que percebi verdadeiramente a complexidade de uma peça destas. É, sem dúvida nenhuma, um relógio de topo e acho que relógios de topo têm de estar com jogadores de topo.(risos)

EnTREvISTa dE Capa CRISTIANo RoNALDo/FRANCK MuLLER

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[ET] Uma razão para escolher um calendário perpétuo foi o simbolismo que traz o facto de o calendário ser perpétuo, e que fazia espe-cial sentido pela colagem a um nome global que será, todos acreditamos, uma referência durante muitos anos. Também o sentiste dessa forma?[CR] Claro e isso é muito importante para mim. o meu objetivo de carreira é ir o mais longe possível e fazer perdurar este nome durante muito tempo. Além disso acho que este relógio se enquadra na- quilo que nós somos, eu e o Franck. Além de gostar da marca Franck Muller acho que eu e ele temos coisas em comum. Ambos acreditamos nas nossas capacidades, no nosso potencial, e por isso é que ele tem o sucesso que tem.

[ET] o que mais te seduz num relógio?[CR] Gosto de relógios clássicos mas também gosto de viver a minha idade, porque não vou ter 27 anos a vida inteira. Também depende do que usar em termos de roupa, das cores, da disposição.

[ET] E o que é que mudou, naquilo que te atrai num relógio, ao longo dos últimos, digamos, 10 anos. mudou alguma coisa?[CR] Mudou. Eu gostava muito de relógios com muitos diamantes, por exemplo. Agora gosto de outro tipo de peças, mais clássicas, peças elegan-tes, com design. Estas coisas dependem da idade, vamos crescendo, vamos aprendendo, vamos observando, ouvindo opiniões e mudando.

[ET] na tua vida há segundos que demoram mais que segundos?[CR] A minha vida é muito dependente do tempo.

Tudo o que eu faço é derivado ao tempo, ao tempo que eu levo a fazer as coisas e àquilo que faço no tempo que tenho. Num penalti, tudo se decide em frações de segundo. outras vezes, quando esta-mos a ganhar e precisamos daquele resultado, o tempo não passa, cada minuto parece uma hora. A minha vida baseia-se muito nas horas, nos minu-tos, nos segundos, no cumprir de horários. Gosto de estar sempre a horas, gosto de ser pontual, gosto do british time.

[ET] o Jack nicklaus, uma lenda do golfe, terá dito que «quanto mais treino, mais sorte tenho». Concordas?[CR] Acho que ninguém alcança nada se não tra-balhar porque as coisas não caem do céu. Todos os que têm muito sucesso nas suas áreas, são pessoas que trabalham mais que as outras.

[ET] Franck, o que achas?[Fm] A capacidade de trabalho é importante, mas é fundamental fazer o que se gosta e é importante suplantarmo-nos. E é isso que nos junta aqui hoje.

[CR] Pois, eu adoro aquilo que faço.

[ET] Como é que vês outros ícones do despor-to como o michael Jordan, o Usain Bolt ou o michael phelps? Qual é o denominador comum que existe entre tu e eles enquanto atletas de exceção?[CR] (pausa) Há uma coisa que julgo que os une: o gosto por ganhar, a mentalidade vencedora, o caráter e o potencial humano e atlético. os três que mencionaste são atletas que vão ficar para a história porque são os melhores de sempre.

A minha vida baseia-se muito nas horas, no cumprir de horários. Gosto de estar sempre a horas, gosto de ser pontual, gosto do british time.

Cristiano Ronaldo

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EnTREvISTa dE Capa CRISTIANo RoNALDo/FRANCK MuLLER

[ET] Franck, achas que há coisas em comum entre o Cristiano e outros expoentes nas suas áreas, pessoas que tu conheces?[Fm] o talento que as une e a vontade de tomar a vida nas mãos e, de mãos abertas, dar o máximo de si. As pessoas que estão neste patamar, às tantas, “já lutam” não contra os outros, mas contra elas próprias. Têm que ter talento e ser trabalha-do res mas, às tantas, o confronto passa a ser com eles mesmos.

[ET] vimos uma entrevista que deste ao pedro pinto para a Cnn, em que ambos falavam em inglês. aquilo soou-nos estranho, ver dois por-tugueses a fazerem uma entrevista em inglês. Também é estranho para ti quando tens que o fazer?[CR] (risos) Não, é normal. Ele tem que fazer o tra-balho dele e fá-lo para um canal de língua inglesa. Eu prefiro falar português mas, como qualquer português, temos a capacidade e facilidade em falar outras línguas. Nós, portugueses, temos essa disponibilidade, gostamos de aprender e temos de aprender para nos valorizarmos - e eu acho que

o fazemos bem. Em Inglaterra falamos inglês, em Espanha castelhano. Para mim já é um hábito.

[ET] Como é que tomas as tuas decisões, aquelas que têm moldado a tua vida e a tua carreira? pensas muito nas coisas, és rápido a decidir, aconselhas-te, estudas os assuntos, és instintivo?...[CR] Depende das situações. Claro que tenho pes-soas que me aconselham, seja qual for a área.

[ET] E respeitas essas opiniões ou conselhos?[CR] Claro que sim. É uma virtude saber ouvir, e isto é válido não só para mim, mas para todas as pessoas. Quem toma as decisões sou eu. Acer-tadas, menos acertadas ou erradas são sempre as minhas decisões. Mas gosto de ouvir, seja na minha vida pessoal ou profissional.

[ET] E também dás conselhos, também te pedem conselhos?[CR] Claro que sim. Tenho essa disponibilidade, sem dúvida, e não só na minha área mas noutras áreas. Costumo dar conselhos, embora não muitos.

Quantième perpétuel Bi-Retro Chronographe CR7Referência: 9880CCQPBCR7/oVPRVMovimento: Mecânico cronógrafo de corda automática com rotor em platina 950.Funções: Horas, minutos, segundos, cronógrafo, calen dário perpétuo, dia da semana e mês bi-retrógrados, mês, ano e fases da Lua.Caixa: ouro rosa 18kt. Vidro de safira, estanque até 30 metros.Dimensões: 43,3 mm x 60,5 mmBracelete: Pele de aligátor com fivela em ouro rosa 18kt.

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EnTREvISTa dE Capa CRISTIANo RoNALDo/FRANCK MuLLER

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Não convivo com muitas pessoas a quem tenha a oportunidade de dar conselhos, mas os pou cos conselhos que dou, julgo que são adequados.

[ET] Tucídedes, historiador grego, terá escrito há 2500 anos «o segredo da felicidade é a liberdade. o segredo da liberdade é a cora-gem». Tu és uma pessoa, hoje em dia, com a liberdade muito condicionada. Como é que te estás a ver daqui a 30 anos, com mais liber-dade?[CR] Sim, sem dúvida que me vejo, daqui a 30 anos, com muito mais liberdade. ou não, ou não (risos). Para ser sincero, não estou minimamente preocupado com isso. Tento desfrutar o momento, o presente, já que não vale a pena pensar muito no futuro. Mas é claro que, derivado ao que faço hoje, tenho mais pressão do que quando terminar a car-reira e isso reflete-se na minha liberdade. Se calhar, depois de abandonar as chuteiras farei alguma coisa onde também exista alguma pressão, mas não será como agora.

[ET] E tu Franck, alcançaste a tua liberdade?[Fm] Sim, mas sabes que paguei muito caro para

ter a liberdade que tenho hoje. Mas a felicidade é amar, e ser amado, a familia e os que nos são mais próximos.

[ET] Cristiano, achas que vais viver bem o abandonar da carreira, o envelhecimento, sem o reconhecimento constante dos fãs?[CR] Sim, é um processo normal e é bom que seja. A nossa carreira é uma coisa que fazemos durante muitos anos, durante uma grande parte da nossa vida, já que começamos ainda crianças, e ela acompanha o nosso crescimento e a nossa formação como pessoas. Já falei com alguns jogadores que abandonaram o futebol e eles dizem que custou muito acabar a carreira, mas também dizem que vivem melhor agora do que quando jogavam. E isso precisamente por causa dessa liberdade que têm hoje e que antes não tinham. Estou curioso para ver se vou ter a mesma opinião.

[ET] mas ainda não estás ansioso por isso, pois não?[CR] (risos) Não, não, ainda estou muito longe disso.

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24a Espiral do Tempo no FacebookAgora como Página oficial, a Espiral do Tempo também está no Facebook. Se como página regular, o nosso percurso se revelou um sucesso, o objetivo é não parar. Aqui pode descobrir as nossas produções exclusivas, vídeos, mas também muitas curiosidades. Contamos com o seu ‘Like’ para crescer ainda mais.

a Espiral do Tempo onlineSão inúmeras as possibilidades sempre que visita o nosso site, mas há uma rubrica que nos toca particularmente pela sua relação com um passado cheio de histórias para contar. A rubrica ‘Saudade’ foi pensada para relembrar momentos marcantes da vida da Espiral do Tempo, enquanto publicação. A visita de José Mourinho à casa Franck Muller é um exemplo de post que aqui pode encontrar e surge, precisamente, como um dos posts mais visitados de sempre.

a Espiral do Tempo no Record e na visão onlineAtravés dos canais Espiral do Tempo que encontra nos sites da Visão e do Record, o leitor também pode acompanhar o melhor da atualidade relojoeira. No Record, como não poderia deixar de ser, a seleção de conteúdos baseia-se numa única temática: Desporto.

a Espiral do Tempo no YouTubeNo canal de YouTube da Espiral.TV tem acesso à totalidade dos vídeos exclusivos que integram o portefólio da Espiral.TV, desde o seu lançamento. Fáceis de consultar, estão, sempre que possível, organizados por marca.

o site da Espiral do Tempo foi remodelado e está mais ativo do que nunca.

Uma abordagem tipo blogue, que prima pela simplicidade. vídeos exclusivos,

reportagens, entrevistas, fotos fantásticas e atualizações diárias sempre

com a qualidade que nos caracteriza... Já passou por lá?

InTERnET ESPIRALDoTEMPo.CoM

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InTERnET SURF’N TELL

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Com apenas alguns cliques descobrem-se novidades e espaços

realmente interessantes. Uma breve recolha de curiosidades que

nos chamaram a atenção pelo modo como descobrem a relojoaria.

The Jewellery EditorPara os amantes de joalharia, o Jewellery Editor poderá tornar-se uma verdadeira referência. Aqui são apresentadas as mais recentes novidades do setor, com base numa análise cuidada, sempre com o apoio de imagens de excelente qualidade e de vídeos esclarecedores. Como não poderia deixar de ser, também os relógios são aqui referenciados, embora os relógios-joia assumam maior lugar de destaque. o Jewellery Editor foi fundado em 2011 por Maria Doulton, jornalista de referência nas áreas da relojoaria e joalharia, e por Christine Pasquier, especializada em comunicação.www.thejewelleryeditor.com

a cidade na ponta dos dedosComeçou por ser um blogue. Um blogue de exploração de Lisboa e de dedicação incondicional ao que de melhor a nossa capital tem. Mas com o tempo e com um leque de descobertas tão vasto, o blogue alargou-se e passou a plataforma online de divulgação não apenas de Lisboa, mas do Porto e da marca Portugal por todo o mundo. A ideia partiu de Sancha Trindade e é a própria a responsável pela dinamização deste que já é considerado um espaço de referência para quem quer conhecer e saber mais sobre os nossos lugares, eventos e pessoas. Imperdível.acidadenapontadosdedos.com

Reverso Julião SarmentoUm site exclusivamente dedicado ao recém-lançado Reverso Julião Sarmento da Jaeger-LeCoultre, primando pela sua contextualização no seio da coleção Arte Portuguesa, mas também pela descrição detalhada de ambos os modelos que constituem esta edição limitada. Simples, em língua portuguesa e com uma grande variedade de conteúdos complementares multimédia, será certamente a melhor forma de descobrir a razão pela qual o Reverso Julião Sarmento se tem revelado um grandioso sucesso. os interessados podem ainda descobrir os pontos de venda em Portugal onde podem adquirir cada um dos modelos.www.torresdistrib.com/reversojuliaosarmento

Surf’n tell

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metros quadrados (m2), dimensão da Relojoaria Faria

Penha Longa remodelada

É o número desta página!

BREvES CoNTAS FEITAS

Milhões de francos suíços (CHF). Valor recorde atingido em leilão pelo raro montre plate à deux movements da Breguet, relógio de bolso que funciona com base no princípio da ressonância.

Número total de operações necessárias à montagem do duomètre à Sphérotourbillon da Jaeger-LeCoultre.

número de anos passados desde o nascimento de Jean-Jacques Rousseau, eminente filósofo suíço e descendente de uma família ligada à relojoaria.

milímetros (mm). Diâmetro do turbilhão do Giga Tourbillon da Franck Muller.

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Contas feitasde que números é feito o mundo da relojoaria? dos números

de vendas, dos números de peças, dos números das datas, dos

números dos protagonistas... Reunimos aqui alguns destaques

dos últimos tempos.

É importante para os clientes e para os colaboradores que as lojas façam refreshings ocasionais que lhes permitam melhorar a funcionalidade do espaço, refrescar a imagem e incorporar conceitos de design e de estética atualizados. José Faria Relojoaria Faria Penha Longa

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Em Baselworld, um bom número de pequenos independentes demonstrou a importância da sua presença no panorama geral da relojoaria. Devido à sua criatividade desenfreada eles servem de estímulo e laboratório para toda a profissão. Pierre Maillard Lido na reportagem “And so, BaselWorld 2012…?"

publicada na revista Europa Star, (edição nº313)

Eu sou fiel aos clássicos – tenho um Jaeger-LeCoultre que foi do meu pai e será um dia do meu filho, é uma peça especial que nunca perde originalidade nem estilo! Maria Guedes autora do blogue Stylista, em entrevista à Espiral do Tempo

Quem sabe se a relojoaria, na sua constante necessidade de dirigir e integrar novos talentos, não poderá tornar-se uma referência essencial para outros ramos, para refletir nas novas relações entre a escola e o negócio, cultura e trabalho, instrução e profissão. Franco Cologni Lido na reflexão “Young people, treasures of humanity” em http://journal.hautehorlogerie.org

BREvES TENHo DITo!

o que é que a david Rosas considera que é, hoje em dia, absolutamente essencial uma loja ter para ser uma relojoaria digna de vender peças de alta-relojoaria?

Para a David Rosas é essencial ter um serviço profissional altamente qualificado que transmita confiança ao cliente, explicando todas as funcionalidades de uma peça de alta-relojoaria. Além disso, também é importante dar apoio ao cliente em todo o serviço pós-venda. Aliado ao serviço, também achamos importante ter uma oferta diversificada de peças de alta-relojoaria das principais marcas num ambiente em que se viva o espírito de cada marca.

Tenho dito! porque sobre relojoaria há sempre muito para contar ou comentar,

dedicamos este espaço a novas perspetivas e nova ideias. palavras

de quem sabe bem o que diz.

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BREvES SABIA QUE

Sabia que...... a Rolex reina, sem qualquer dúvida, no

pódio das marcas com maior número de

relógios com certificação do Controlo oficial

Suíço dos Cronómetros (CoSC)?

Há sempre confusão na correta utilização do termo ‘cronómetro’ e este é um tema já por diversas vezes abordado nas páginas da Espiral do Tempo. Neste sentido, remetemos a distinção entre cronómetro, cronógrafo ou cronoscópio para artigos publicados em edições anteriores (edições 37 e 38). Mas, neste caso, interessa-nos apenas deixar bem claro o seguinte: um cronómetro é um relógio – independentemente das funções que ofereça e independentemente de ser mecânico ou de quartzo – equipado com um movimento cuja precisão foi testada e comprovada por rigorosos testes levados a cabo pelo Controlo oficial Suíço dos Cronómetros (CoSC). Esta entidade é responsável por emitir um certificado a todos os movimentos que superam os testes a que são submetidos, registando no certificado os resultados obtidos, e que são garantia de precisão.

Como também já foi referido em edições anteriores (edição 39), existem, em relojoaria, vários selos a que as marcas recorrem para certificação dos instrumentos do tempo produzidos. Algumas casas até optam por criar os seus próprios meios de certificação, mas o CoSC é um dos selos mais conhecidos e é impressionante o número de relógios que chega ao pulso dos clientes com a distinção CoSC. Por exemplo, segundo Joe Thompson*, numa análise a dados do próprio CoSC, se tivermos em conta o período de 2000 a 2009, o CoSC emitiu 7.080.518 certificados de cronómetros só à Rolex. Seguiu-se a omega com 2.333.694 e depois a Breitling com 1.593.597 relógios certificados por esta entidade. No top 5 do período em questão, seguem-se a Panerai e a TAG Heuer, com 354.462 e 216.163, respetivamente.

Como se verifica, os números são bem claros e a Rolex destaca-se, sem margem para dúvidas, das restantes marcas. Em causa está uma lógica produtiva que assenta na garantia de certificação, afinal quase todos os relógios da marca recebem o certificado de cronómetro. Comparando, a Rolex produziu cerca de 1940 cronómetros por dia, entre 2000 e 2009; já a omega produziu 640, a Breitling, 437, e a Panerai, 97.

E o que dizer só do ano de 2011?Segundo o relatório anual do CoSC, o ano de 2011 representou um ano recorde, com um total de 1.631.252 relógios certificados, o que significou um aumento de 27,8%, em comparação com 2010. Ao todo, 5,8 % dos calibres candidatos foram recusados pela entidade. Nestes números, a coroa da Rolex volta a destacar-se das restantes marcas que integram o top 10 dos produtores de relógios com CoSC. Enquanto a omega e a Breitling surgem, respetivamente, em segundo e terceiro lugares, com 509.301 e 154.456 relógios certificados, a Rolex ocupa a posição cimeira com uns avassaladores 751.285 relógios com certificação CoSC. um número superior em comparação a 2010 – ano em que foram certificados 611.424 movimentos da marca.

*WatchTime (fevereiro de 2011)

Mais informações: www.cosc.ch

CoSC Red Seal que acompanha cada Rolex Certificado.

Rolex Sky-dweller

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Inventei uma imagem vaga e comprida para a importância literária de Andrei Platonov (1899-1951). um homem que, nos últimos anos, finalmente editado e traduzido em quase todo o mundo, é tido por muitos como o melhor escritor pós-revolucionário ou, simplesmente, o maior ficcionista russo do século XX. o comboio, no entanto, faz sentido, foi um dos temas em que melhor se mostrou o seu enigmático talento: os caminhos da eletricidade, da industrialização, do automatismo, da medição do tempo, da ligação do humano às grandes leis da física e do Universo. o homem é da mesma matéria dos átomos que compõem as estrelas, os mares, os meteoritos, a madeira e os animais. Poderemos fazer uma máquina elétrica com o poder de virar o mundo ao contrário (literalmente), afundar navios e plantar pepinos, por exemplo. Mas aqui não se trata de ficção científica ou de literatura moral. Apenas de Platonov a contar mais uma ideia que os homens inventaram para estragarem o que dizem querer melhorar.

Mostrou de forma inigualável a tragédia da coletivização soviética decretada por José Estaline: os indivíduos esmagados por uma gigantesca e imparável (falta de) lógica. Platonov era o mais velho de dez irmãos, de origem proletária e muito pobre. Foi mecânico de comboios. No decurso de trabalhos administrativos (como perito de reclamação de terrenos), viajou pelas províncias sugadas pelo Império, como o Mar de Aral. Um lago salgado, com uma histórica frota pesqueira, que acabou seco e quase morto por drenagens. Viu a devastação e os mortos da Grande Fome, ele que parecia acreditar na busca

CRónICa RUI CARDoSo MARTINS

Um comboio sai vazio da estação central de

moscovo. leva só o maquinista e vai pelas estepes,

perseguido pelas autoridades, por caminhos novos

e proibidos, fora dos carris. mas prossegue uma

viagem imparável que dura há décadas e todos os

dias leva mais passageiros, perplexos, assustados,

mas felizes por irem lá dentro. ninguém sabe onde

este comboio vai parar, nem quando.

Um belo mundo feroz

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da felicidade. Escreveu quando era novo: «Sei que sou uma das pessoas mais insignificantes. Terão decerto reparado nisso, mas sei também outra coisa: quanto mais insignificante é uma criatura, mais grata fica por estar viva, porque o merece menos.» Entre milhares de frases ambíguas, desconcertantes — como se a escrita fosse uma carruagem que avança para os dois lados em simultâneo —, dizia também: «Para vocês, ser um homem é apenas um hábito — para mim, é uma alegria, um dia feriado.»

Tenho comigo, há vários anos, duas coletâneas com traduções dos seus contos e novelas. Uma, The Fierce and Beautiful World, de onde retirei, aliás, as citações de cima, comentadas por Tatyana Tolstaya (ed. The New York Review of Books). o conto que dá origem ao título é excelente: um maquinista de primeira classe, manobrando um comboio foguete ‘José Estaline’, cega ao passar por uma tempestade elétrica, mas continua a pensar que vê, e a ver realmente o que não existe, rumo ao desastre... A segunda é francesa, Djann, suivi de Jokh, le Filou (ed. Robert Laffon). os dois livros avisam, nos prefácios, que é um trabalho desesperante colocar noutra língua a riqueza fonética e de significados do russo de Platonov, só comparável ao que se costuma dizer sobre Vladimir Pushkin. A outra dificuldade é a própria matéria romanceada, que tanto parece realismo como pura invenção. Mas tudo faz sentido e não é propriamente mentira: até o urso acusador que estaca diante da casa dos agricultores que têm bens e que por isso são deportados, rio abaixo. Havia ursos nas aldeias que ele conhecia.

Edições portuguesas, que eu saiba, existe A

Escavação, romance traduzido por António Pescada para a Antígona, e assim descrito: «um perturbador romance distópico que retrata um grupo de operários que escava os alicerces de um monstruoso edifício: a casa do proletariado, promessa de um futuro risonho convertida num atroz abismo que suga impiedosamente vidas e almas. Violenta crítica à construção do socialismo soviético e negra reflexão sobre o preço do progresso e os sacrifícios aterradores feitos pelo povo em nome de objectivos absurdos, esta obra, escrita em 1930, foi somente publicada na Rússia em finais dos anos 80, devido à censura.»

Cada obra de Platonov era sujeita a comités de controlo. Pediam que fosse mudando o que escrevia, para o cânone do realismo socialista. Um beco, porque Andrei, como escritor verdadeiro, não escrevia o que queria, mas o que podia. Isto é, por mais esforços que pudesse fazer, cada livro transformava-se numa pedrada em Estaline. Se havia um buraco gigante a fazer, as pessoas deixavam de cultivar a terra para fazer o buraco e, portanto, morriam de fome. o ditador, aliás, escreveu na margem de um dos livros de Platonov o que pensava dele: «sacana». Platonov morreu de tuberculose. o seu último trabalho conhecido foi apanhar as folhas caídas no pátio do Instituto Literário Gorky. Quase nenhum aluno sabia que ali estava um mestre de vassoura na mão.

Sei que sou uma das pessoas mais insignificantes. Terão decerto reparado nisso, mas sei também outra coisa: quanto mais insignificante é uma criatura, mais grata fica por estar viva, porque o merece menos. Andrei Platonov in The Fierce and Beautiful World,

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Jérôme lambert, CEo da Jaeger-leCoultre desde 2002.

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EnTREvISTa JAEGER-LECoULTRE JÉRôME LAMBERT

democracia e exclusividade

a Jaeger-leCoultre apresenta características únicas no seio das manufaturas tradicionais

e é também uma locomotiva económica desse berço da alta-relojoaria que é a vallée de Joux.

Jérôme lambert tem presidido aos seus destinos ao longo da última dúzia de anos e tem

sido sob a sua batuta que a chamada Grande maison cresceu ainda mais para se tornar num

potentado. Eis a entrevista que se impunha.

Em 1997, um promissor jovem entrou para o departamento de controlo de gestão da Jaeger-LeCoultre. Em 2000, tornava-se diretor financeiro e, em 2002, assumia a direção-geral de uma das maiores e mais prestigiadas companhias relojoeiras do Planeta – e ao longo da última década, sob a sua batuta, a Jaeger-LeCoultre não só potenciou a sua herança cultural e multidisciplinaridade técnica como também aumentou e diversificou substancialmente a sua produção. Hoje em dia, é uma das marcas relojoeiras mais respeitadas pelos aficionados de todo o mundo e será mesmo a que apresenta o catálogo mais completo de todas as manufaturas tradicionais – ao passo que, localmente, é a maior entidade empregadora da Vallée de Joux. Jérôme Lambert mostra-se ufano com o estatuto da Jaeger-LeCoultre, mas também poderia estar orgulhoso do incansável trabalho que tem desenvolvido à frente da Grande Maison. Eis o sumário, na primeira pessoa, de uma década de sucesso a vários níveis, desde o dos recursos humanos até ao da mestria técnica.

Por Hubert de Haro e Miguel Seabra, fotos Nuno Correia

O que interessa à Jaeger-LeCoultre é uma característica física que possa ser sustentada ao longo do tempo. Gostamos de soluções que sejam verdadeiras soluções, ao invés de soluções associadas a condicionalismos. É a nossa filosofia e é por isso que não vemos as altas frequências como uma solução.. Jérôme Lambert CEO Jaeger-LeCoultre

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numa década sob a sua batuta, a Jaeger-leCoultre manteve o seu espírito original, mas também mudou muito – começando pelas instalações e pelo número de colaboradores até ao peso económico e social na vallée de Joux.o sobrenome que os locais dão à Manufatura desde há décadas e mesmo séculos é La Grande Maison – e já era a Grande Maison mesmo antes das recentes fases de expansão. o primeiro membro do clã LeCoultre chegou à Vallée de Joux em 1469, a Manufatura propriamente dita arrancou em 1833, no início do século XIX, e, de edifício em edifício, desde o primeiro onde Antoine LeCoultre se instalou, a Manufatura cresceu paralelamente com a população e o desenvolvimento da atividade relojoeira na Vallée de Joux. Hoje em dia, a Manufatura estende-se por 25 mil metros quadrados; teve uma fase de expansão em 1998 e depois uma extensão que representava cerca de quatro mil metros quadrados até que o mais recente aumento da superfície, ocorrido em 2010 e na ordem dos nove mil metros quadrados, elevou ainda mais o total. Costumamos dizer que a Manufatura é constituída por 25 mil metros quadrados dedicados aos 180 mesteres que se exercem por cá. E atualmente emprega mais de 1300 colaboradores, estando a caminho dos 1350, com 54% de senhoras para 46% de homens. Esperamos que a influência da Jaeger-LeCoultre na Vallée de Joux seja a melhor possível, não só no âmbito ambiental e ecológico como também em formatos originais de mobilidade – desde programas de autocarros, partilha de viaturas, desenvolvimento da linha de caminho de ferro para o pessoal e até mesmo a utilização de veículos elétricos.

o que faz da Jaeger-leCoultre uma marca diferente em relação às outras históricas manufaturas relojoeiras?os pontos fortes da Jaeger-LeCoultre e a sua originalidade enquanto manufatura começam desde logo pelo elevado número de mesteres entre as nossas paredes: são 180 especialidades diferentes. o novo Duomètre à Sphérotourbillon exige 3331 operações sucessivas. 180 e 3331 são

dois números que descrevem bem a profundidade da mestria técnica da Manufatura. Não é por acaso que Antoine LeCoultre foi o pai do conceito de Manufatura relojoeira com maiúscula, o que significa que a Jaeger-LeCoultre domina todos os passos da conceção de um relógio e sobretudo o seu coração: o movimento. Ao longo da sua história, a Jaeger-LeCoultre criou mais de 2230 movimentos e todos esses calibres representam a riqueza e a inventividade da marca.

nos quase 180 anos de existência da Jaeger-leCoultre e no meio de tantas criações e patentes, qual delas destacaria como representação emblemática da marca?Mesmo antes das patentes, escolheria o Millionomètre como emblema da marca porque foi o primeiro instrumento capaz de medir o mícron para a construção de componentes relojoeiros mais sofisticados e permitiu a Antoine LeCoultre trazer para baixo do mesmo teto da Manufatura elementos de famílias relojoeiras tradicionais da Vallée de Joux como os Rochat, os Meylan ou os Crétin com o fito comum de conceber os relógios mais precisos. A medida fundamental do mícron alcançada com o Millionomètre explica como é que a JLC pôde lançar tantos calibres com tanta diversidade a partir da primeira metade do século XIX.

Tem-se falado muito em inovação na relojoaria e ao recurso de matérias inovadoras como o silício. por outro lado, temos todo o peso da relojoaria tradicional com componentes como o maillechort. São conciliáveis?Existe a tendência para compararmos o tempo curto ao tempo longo. o maillechort e a âncora suíça, por exemplo, são materiais e procedimentos técnicos que existem num tempo longo e têm durado décadas e séculos – e tende-se a compará-los com invenções muito recentes que ainda estão num enquadramento histórico curto com somente alguns anos e, por isso, ainda estão no domínio do tempo curto. A primeira questão é saber se essas invenções têm a capacidade de passar do tempo curto para o tempo longo – essa capacidade responderá se são ou não conciliáveis.

EnTREvISTa JAEGER-LECoULTRE JÉRôME LAMBERT

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Existe a tendência para compararmos o tempo curto ao tempo longo. A primeira questão é saber se essas invenções têm a capacidade de passar do tempo curto para o tempo longo. Mas são conciliáveis no absoluto porque a relojoaria alimenta-se de invenções. Jérôme Lambert CEO Jaeger-LeCoultre

Jaeger-LeCoultre Duomètre à Sphérotourbillon

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Na Manufatura, uma longa parede evoca todas as operações necessárias à criação do Duomètre à Sphérotourbillon.

Atualmente, a Manufatura Jaeger-leCoultre estende-se por 25 mil metros quadrados.

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Mas são conciliáveis no absoluto porque a relojoaria alimenta-se de invenções e serão conciliáveis porque os novos componentes e as novas invenções permitirão desenvolver funcionalidades e estéticas novas.

Ultimamente, tem-se falado muito em mecanismos de altas frequências e várias marcas têm seguido essa via com o lançamento de novos calibres. Qual é a perspetiva da Jaeger-leCoultre em relação ao tema?Para nós é um ‘não-debate’. Há muitos modos de conceber um relógio mecânico que seja extremamente preciso e de conseguirmos ganhar primeiros e segundos prémios de precisão em concursos de cronometria recorrendo a frequências tradicionais nos nossos calibres. o que interessa à Jaeger-LeCoultre é uma característica física que possa ser sustentada ao longo do tempo. Se falarmos de altas frequências sem que se incluam materiais como o silício no debate, sabemos que o mecanismo exigirá um consumo maior de óleos – há mais movimento, logo mais fricção, mais perda de energia e consequentemente mais óleo. Na Jaeger-LeCoultre, gostamos de soluções que sejam verdadeiras soluções e não estejam condicionadas, ao invés de soluções associadas a condicionalismos. É a nossa filosofia e é por isso que não vemos as altas frequências como uma solução.

pode dizer-se que a relojoaria tradicional está a atravessar uma excelente fase e nunca houve tanta procura de relógios mecânicos, mesmo numa era em que o tempo está patente em todo o lado à nossa volta e se pode adquirir um qualquer relógio de quartzo por um preço irrisório.É uma magnífica contradição do nosso tempo – o eterno e o efémero. Encontramos o tempo no nosso telemóvel, nos aeroportos, por todo lado… e, ao mesmo tempo, trata-se de um tempo digital e efémero. Consumimos e deitamos fora o tempo,

mas o tempo da relojoaria mecânica é eterno, é um tempo analógico que pelos ponteiros marca acontecimentos, pauta beleza, é um tempo de contemplação e feito de emoções.

a coleção da Jaeger-leCoultre é tão completa e variada que até se poderá dizer que, entre as manufaturas históricas e de prestígio, será a mais democrática das marcas – sendo ao mesmo tempo exclusiva com o caríssimo Hybris mechanica e acessível com modelos em aço dotados de mecanismos próprios... Sim, pode-se entrar no universo da Jaeger--LeCoultre com menos de cinco mil euros. A marca também se caracteriza pela sua relação com os clientes precisamente pela dimensão do seu catálogo. A Jaeger-LeCoultre procura sempre a excelência relojoeira e essa excelência também pode ser perfeitamente alcançada com a pureza e simplicidade de um Reverso em aço com mecanismo de corda manual e uma caixa com mais de cinquenta peças, que requer muitas horas de polimento – e, por outro lado, temos relógios extremamente complexos como a Grande Sonnerie com mais de 1000 componentes que fazem dela não só a mais complicada do mundo, como também o reflexo da absoluta relojoaria com soluções técnicas completamente originais e extraordinárias. Na escolha do infinitamente puro e do infinitamente complexo, é evidente que não temos o mesmo tipo de componentes e de soluções técnicas e isso traduz-se fatalmente no preço – mas a filosofia da Jaeger-LeCoultre exprime-se exatamente da mesma maneira, com o mesmo empenho, a mesma deontologia, o mesmo sentido do tempo e a mesma vontade de dar prazer ao nosso cliente hoje, dentro de 20 anos e dentro de 50 anos. Quem compra um Reverso hoje terá o mesmo prazer em utilizá-lo dentro de 20 ou 50 anos, em personalizar o relógio.

O tempo da relojoaria mecânica é eterno, é um tempo analógico que pelos ponteiros marca acontecimentos, pauta beleza, é um tempo de contemplação e feito de emoções... Jérôme Lambert CEO Jaeger-LeCoultre

EnTREvISTa JAEGER-LECoULTRE JÉRôME LAMBERT

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Chopard Animal WorldColar Tiger

Cada peça animal World da Chopard resulta de um minucioso trabalho ao nível de detalhes. Nesta imagem, a conceção do molde do anel Koala.

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REpoRTaGEm CHoPARD ANIMAL WoRLD

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lado selvagem

Em 2010, no âmbito do seu 150.º aniversário, a Chopard

deslumbrou o mundo com o lançamento da coleção animal

World. no mesmo ano, a marca lançou-se numa parceria

de três anos com a WWF a favor da preservação do tigre,

uma das espécies mais ameaçadas do nosso planeta.

Por Cesarina Sousa, imagens Chopard

2010 – Ano do tigre no calendário chinês. Nesse ano, a Chopard celebrou o seu 150.º aniversário com diversas iniciativas, e a história da marca foi relembrada com orgulho e muitas surpresas. Entre os vários projetos de celebração, o lançamento da coleção Animal World revestiu-se de especial interesse. Um hino extraordinário ao reino animal que consistiu, e consiste ainda hoje, num conjunto de 150 peças de alta-joalharia reveladoras de toda a mestria, perícia e dedicação tão características da marca suíça. o projeto revelou-se ousado. Transformar em joias as mais diversas e inusitadas espécies de animais não seria propriamente uma

tarefa fácil; mas concretizar este objetivo com peças criativas e de qualidade excecional seria algo aparentemente impossível. No entanto, e superando as mais elevadas expectativas, do espírito inventivo e da perícia reconhecida dos mestres Chopard nasceram joias de rara e indiscutível beleza.

pelo Reino animalEntre primatas, ursos, tartarugas, patos, pinguins, coalas e abelhas, cada peça surge realista e cheia de vida numa combinação quase proibitiva de pedras e metais preciosos. Mais importante, foi

Animal World Colar Tiger

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REpoRTaGEm CHoPARD ANIMAL WoRLD

19301910 1960 200019201900s

100.000

3.200

2010/12

2022

-97%

Tigre do CáspioTigre de Bali

A evolução da população de tigres desde 1900 (fonte: WWF)

Tigre de Java Tigre do Sul da China(extinto em ambiente natural)

197019501940 1980 1990

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a razão pela qual o mundo animal foi a temática escolhida: «Sempre fui uma apaixonada pelos animais e sempre me preocupei com a proteção do meio ambiente», referiu na altura Caroline Gruosi-Scheufele. Por isso, a copresidente e diretora criativa da Chopard apostou não só no lançamento da coleção Animal World, como sensibilização para a proteção da biodiversidade do nosso Planeta, como também levou a marca – ancorada no facto de o ano de celebração do aniversário da Chopard ter sido o ano do tigre no calendário chinês – a apoiar durante três anos o projeto Tigre (TX2), iniciativa desenvolvida pela World Wide Fund (WWF), uma das mais conceituadas organizações no domínio da proteção da natureza. Com efeito, de acordo com a própria WWF, «o tigre surge como uma espécie barómetro da saúde dos seus ecossistemas, ecossistemas esses que suportam uma imensa riqueza de biodiversidade e que podem ser protegidos através da proteção do tigre». E a realidade que esta espécie atualmente enfrenta é mais grave do que à partida se poderia pensar.

Em vias de extinçãoSegundo dados de 2010 da WWF, estima-se a existência de cerca de 3200 tigres em ambiente natural em todo o mundo (cf. infografia). uma situação de emergência, ainda para mais se tivermos em conta que, na década de 70, estimava-se a existência de cerca de 40.000

indivíduos. Ainda segundo a mesma organização, desde o início do século passado perdeu-se cerca de 97% da população total de tigres. Pelo caminho ficaram algumas subespécies: o tigre de Bali, o tigre do Cáspio e o tigre de Java estão oficialmente extintos; o tigre do sul da China está extinto em ambiente natural.

Não é difícil imaginar que o perigo é, sem dúvida, iminente. Hoje o maior de todos os felinos está seriamente ameaçado, em especial o famoso tigre da Sumatra. As razões para esta avassaladora realidade são de diversa ordem – desde a destruição e fragmentação do habitat natural, até aos conflitos diretos entre tigres e seres humanos, passando pela perseguição ilegal para efeitos comerciais ou até para fins medicinais. À medida que o habitat é reduzido, os tigres tendem a aproximar-se das populações, atacando animais domésticos e pessoas. Uma aproximação considerada ameaça para as populações locais e que se converte numa ameaça para a própria espécie. Aliás, conflitos deste género são, infelizmente, observados também no que diz respeito a muitas outras espécies, contribuindo de forma significativa para a diminuição da diversidade animal.

projeto Tigre (TX2)Perante esta situação, a WWF fez, assim, do tigre uma das suas espécies de eleição. Através do projeto Tigre (TX2), a organização tem como

O tigre surge como uma espécie barómetro da saúde dos seus ecossistemas, ecossistemas esses que suportam uma imensa riqueza de biodiversidade e que podem ser protegidos através da proteção do tigre. WWF World Wide Fund

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REpoRTaGEm CHoPARD ANIMAL WoRLD

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objetivo duplicar o atual número de tigres até ao ano de 2022, o próximo ano do tigre no calendário chinês. Para tal, está em curso um programa de recuperação com ações nos 13 países que ainda contam com esta espécie no seu ambiente natural. Estas ações centram-se nas causas que estão diretamente associadas aos riscos de extinção do tigre, nomeadamente, na luta contra a caça furtiva e o comércio ilegal de tigres, no planeamento e na gestão das áreas florestais, na promoção do diálogo com os principais protagonistas da destruição do habitat da espécie e no compromisso com os governos dos países em causa. E, em termos práticos, parece que o programa Tigre (TX2) começa já a dar os seus frutos. Com efeito, são muito positivas as notícias que o ano de 2012 tem para dar: Leonardo DiCaprio, personalidade de renome ligada às ações da WWF, anunciou que, desde 2009, o número de tigres num parque do Nepal duplicou de 18 para 37 indivíduos. Números desta ordem serão certamente encorajadores para quem se dedica e para quem apoia uma causa como esta.

Coleção animal WorldApesar de não estar diretamente associada à causa Tigre (TX2), a coleção de alta-joalharia Animal World acaba por assumir um lugar muito especial no portefólio da Chopard, como símbolo

dos 150 anos da marca e como símbolo do dever de proteção da natureza que a própria marca assume. A variedade de animais criados ilustra na perfeição esta faceta da Chopard. Por um lado, muitas das peças concebidas recriam animais exóticos que não é habitual encontrar no domínio da criação relojoeira, por outro lado é impressionante o número de animais reproduzidos em anéis, colares, pulseiras, pendentes ou travessões. o colar Tiger (tigre) é particularmente surpreendente pelo modo realista com que foi reproduzido, já o anel Koala (coala) oferece-nos uma faceta mais amorosa evocando a biodiversidade de países mais longínquos. A Chopard surpreende assim o mundo com uma coleção que, mais do que uma maravilha da alta-joalharia – por todo o trabalho inerente à sua criação e pelo modo como cada peça reproduz fielmente cada um dos animais –, é um verdadeiro compêndio sobre o reino animal e que ainda não parou de crescer. Na verdade, este ano, foi apresentada como nova peça um colar com um pendente no qual dorme, tranquila, uma pantera. Qual será o próximo animal a ser recriado nesta ‘Arca da Chopard’?

47Animal World 1. Peitoral Bee2. Pulseira Gecko3. Pendente monkeys

4. Anel Frog with crown 5. Conceção do anel Koala6. Conceção do colar Frog

Mais informações:worldwildlife.orgwww.chopard.com

Sempre fui uma apaixonada pelos animais e sempre me preocupei com a proteção do meio ambiente. Caroline Gruosi-Scheufele Copresidente e diretora criativa da Chopard

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REpoRTaGEm LE GARDE TEMPS

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o projeto «le Garde Temps, la naissance d’une montre» envolve a criação integral de um relógio, desde os primeiros esboços até ao modelo final e completo.

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o nascimento de um relógio

para preservar um passado que se desvanece para memória futura, um grupo

de mestres relojoeiros de craveira mundial decidiu registar o nascimento de

um relógio, passo a passo, peça a peça.

Por Carlos Torres

o problema é fácil de adivinhar. É rara a manufatura de alta-relojoaria que hoje não se apresente, sala após sala, pejada da mais avançada maquinaria de última geração, onde abundam os CNC de eixos múltiplos e os avançadíssimos aparelhos de erosão por arco elétrico capazes de executar o mais ínfimo componente com uma espantosa precisão. A este fenómeno junta-se a crescente especialização da mão de obra numa tarefa ou num campo específico, e em contraste absoluto com o abrangente termo inglês watchmaker. o relógio transformou-se hoje num objeto que concentra a arte de um pequeno exército de artesãos, cada um especialista na sua área específica, mas ignorando as capacidades necessárias à execução da tarefa do especialista que o sucede na linha de montagem.

Nos dias que correm, e apenas com raras exceções, o plano para a execução de uma peça de alta-relojoaria já não sai da imaginação de um relojoeiro que a passa posteriormente para o papel. Passados 650 anos de o italiano Giovanni de Dondi ter desenhado os planos para o seu famoso LAstrario, esta tarefa cabe hoje a um exército de engenheiros que desenvolvem os complexos sistemas mecânicos sobre um grande ecrã de computador. Antes de o relógio funcionar efetivamente, as primeiras oscilações do seu balanço ocorrem sobre a superfície de um ecrã de

cristais líquidos. o computador irá posteriormente dissecar o relógio virtual, separando-o em centenas de planos minuciosamente detalhados que orientarão cada secção da manufatura na execução irrepreensível dos componentes, onde tolerâncias de um milésimo de milímetro se tornaram norma.

A origem deste estado atual do conhecimento relojoeiro é bem conhecida. A crise do quartzo na segunda metade do século XX teve como principal consequência o desaparecimento de uma geração de relojoeiros cujos conhecimentos e técnicas, em boa parte, se perderam para sempre. Ainda hoje se desconhece a técnica de execução dos balanços bimetálicos termocompensados, responsáveis pela elevadíssima precisão dos cronómetros marítimos que durante o século XIX reinaram sobre os sete mares do Planeta. Relojoeiros como George Daniels ou Derek Pratt (ambos já desaparecidos), que, em boa medida, tiveram êxito na execução integral de todos os componentes necessários ao funcionamento de um relógio, contam-se hoje pelos dedos de uma mão. Mesmo Daniels, com um vasto conhecimento e uma destreza fora do comum, teve de trabalhar como aprendiz durante algumas semanas no atelier de um dos últimos especialistas do seu género para poder aprender a executar as caixas dos seus famosos relógios de bolso.

O Garde Temps será um testemunho concreto da transmissão e da aquisição do saber. Stephen Forsey Greubel Forsey

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REpoRTaGEm LE GARDE TEMPS

o relojoeiro completo, ou o que mais se pode aproximar deste conceito, é hoje verdadeiramente um género em vias de extinção. Demetrio Cabbidu, o diretor técnico da Manufatura Villeret (Montblanc) e um relojoeiro verdadeiramente excecional com uma experiência vastíssima, confessava recentemente que este género de artesão tinha deixado de ser comportável para a indústria da alta-relojoaria. o custo do seu trabalho tornar- -se-ia incomportável e a sua cadência de produção impossibilitariam a existência das manufaturas com o modelo económico que hoje conhecemos.

Torna-se assim claro que a atual excelência da alta-relojoaria assenta, em boa parte, na incrível capacidade do parque de máquinas de cada manufatura, mesmo que cada componente se veja ainda sujeito a uma intervenção indispensável da mão humana. À medida que, já neste século XXI, se avança no domínio do conhecimento técnico em relojoaria, fazendo surgir conceitos complexos como o recente ID2 da Cartier, torna-se evidente que se regride no campo do conhecimento ancestral que deu ao mundo alguns dos relógios mais fascinantes de sempre. Estará assim a

relojoaria condenada a apagar perpetuamente as suas pegadas à medida que avança no seu percurso rumo ao futuro?

A resposta vem, felizmente, ao encontro das expectativas de todos os que admiram o presente, mas não esquecem o passado. o projeto «Le Garde Temps, La Naissance d´une Montre» pretende escrever uma história assente num passado que se desvanece, mas orientada para o futuro. Salvaguardar, perpetuar e transmitir o conhecimento são as palavras de ordem que levaram três das maiores figuras do panorama relojoeiro contemporâneo a assumir o desafio de documentar o nascimento de um relógio mecânico para memória futura. Philippe Dufour, Stephen Forsey e Robert Greubel têm a mesma paixão e a mesma visão no que se refere à relojoaria, o que os levou a assumir um desafio e um projeto sem precedentes. Ao reconhecerem que a prática e o conhecimento relativos a diversas técnicas utilizadas na construção de um relógio clássico estavam a cair num esquecimento profundo e que estas técnicas estavam a ser sistematicamente substituídas por técnicas industriais, o trio decidiu

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agir e iniciar um projeto que envolve a criação integral de um relógio, desde os primeiros esboços até ao modelo final e completo.

«o Garde Temps será um testemunho concreto da transmissão e da aquisição do saber» afirma Stephen Forsey, especificando que, nesta aventura, serão tidas em consideração duas abordagens essenciais: em primeiro lugar, criar o inventário das técnicas de construção relojoeira que merecem ser preservadas e, em segundo lugar, transmitir estas técnicas a um jovem e talentoso relojoeiro com o intuito de as perpetuar. Michel Boulanger, um relojoeiro e restaurador qualificado que leciona na escola de relojoaria de Paris, tornou-se consequentemente uma escolha natural para esta tarefa. Apoiado pelos três iniciadores do projeto, a sua função será a de criar umas quantas, poucas, mas verdadeiras, peças de alta-relojoaria genuinamente feitas à mão. Como herdeiro e fiel depositário desta arte, Boulanger será assim o portador da chama que deverá passar às futuras gerações.

Cada Garde Temps concluído representará o resultado concreto da aquisição e transmissão

de conhecimento. Será um relógio de pulso de corda manual, com três ponteiros e turbilhão, em representação direta de uma fusão contemporânea entre técnicas tradicionais e ancestrais. A partilha de conhecimento decorrente deste projeto deverá assumir três formas distintas. Em primeiro lugar, será criada uma série de filmes em 3D, em que se capturará a intimidade dos gestos e das técnicas aplicadas e se seguirá esta aventura humana de uma forma tanto lúdica como pedagógica. os filmes deverão servir especificamente para preservar o conhecimento atual e para partilhar a aventura com uma audiência que se pretende o mais vasta possível. Em segundo lugar, será atualizado regularmente um blogue. Por fim, será realizada uma mostra internacional, a qual está já planeada. Esta será a melhor forma para o entusiasta da alta-relojoaria tomar contacto com o projeto em primeira mão.

Mais informações: www.legardetemps-nm.org

Salvaguardar, perpetuar e transmitir o conhecimento são as palavras de ordem que levaram três das maiores figuras do panorama relojoeiro contemporâneo a assumir o desafio de documentar o nascimento de um relógio mecânico para memória futura.

philippe dufour, michel Boulanger e Stephen Forsey num projeto sem precedentes.

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Testes de estanqueidade na Manufatura Patek Philippe © Nuno Correia

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À procura de nemo

a patek philippe não faz apenas relógios clássicos de

superlativa qualidade que batem recordes em leilões.

Em 1976, a lendária manufatura genebrina alargou a sua

coleção para águas nunca antes navegadas e embarcou

numa aventura submarina semelhante à do Capitão Nemo

no famoso romance Vinte Mil Léguas Submarinas. Três

décadas e meia depois, o mito do nautilus não para de

crescer – tal como a respetiva coleção.

Por Miguel Seabra, imagens Patek Philippe

REpoRTaGEm PATEK PHILIPPE NAUTILUS

Motores do Nautilus, ilustração de Alphonse de Neuville, originalmente publicada em Vinte Mil Léguas Submarinas, edição de Pierre-Jules Hetzel.

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Anúncio publicitário do modelo Nautilus, usado na imprensa internacional © Patek Philippe

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REpoRTaGEm PATEK PHILIPPE NAUTILUS

desportivas mais exigentes, que também aderia às novas e revolucionárias correntes de design. o novo modelo da Patek Philippe, maior com 42 milímetros de diâmetro de caixa, mas ultraplano, surgiu na altura certa para uma classe abastada que procurava um relógio de luxo moderno e que pudesse ser utilizado tanto num iate em alto mar, como à noite com smoking no casino…

Sinal dos temposo Nautilus nasceu no meio dessa dicotomia, escandalizando os puristas da tradição relojoeira e sendo abraçado pelos modernistas. Foi contestado ainda durante muito tempo, mas entretanto também cimentou a sua posição de ícone no seio da coleção da Patek Philippe e tornou-se muito apreciado entre os clientes da marca que desejavam uma alternativa robusta para os seus delicados Calatrava ou para as grandes complicações vulneráveis a atividades mais radicais.

o ponto de partida para a criação do Nautilus consistia na conceção de um relógio de aço que fosse resistente, mas que tivesse uma base técnica e estética digna da alta-relojoaria – e digna dos

o romance Vinte Mil Léguas Submarinas, de Júlio Verne, tem capturado a imaginação de leitores há mais de um século graças às aventuras do Capitão Nemo – um lírico que cortou relações com a humanidade para passar a viver debaixo de água ao comando do submarino Nautilus, uma obra-prima de engenharia completamente autónoma e movida a eletricidade. E a Patek Philippe não podia ter escolhido melhor nome para batizar um relógio que em 1976 cortou com tudo o que tinha feito anteriormente.

Quando a manufatura genebrina desvelou o primeiro Nautilus, caíram o Carmo e a Trindade do universo relojoeiro. Tratava-se de um modelo iconoclasta – um relógio grande em aço de arquitetura vanguardista que rompia com o passado clássico da Patek Philippe e que foi encarado como sacrílego pelos mais diversos quadrantes… mas que, na altura, representava uma tendência específica que também era procurada por outras tradicionais casas relojoeiras, como a Audemars Piguet. Após os movimentos liberais da década de 60 e o advento do profissionalismo no desporto, nos anos 70 crescia uma nova geração de jet-setters mais desenvolta e com atividades

Quando a manufatura genebrina desvelou o primeiro Nautilus, caíram o Carmo e a Trindade do universo relojoeiro. Tratava-se de um modelo iconoclasta.

Ref. 5980/1, cronógrafo, geração de 2012

Ref. 7010/16-001, versão feminina de 2009, com diamantes na luneta.

A construção integrada entre a caixa do relógio e a bracelete

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padrões da Patek Philippe. o formato oval não constituía novidade para a marca: o Ellipse d’or tinha sido lançado em 1968 e o seu formato foi inspirado no ‘número de ouro’ (a divina proporção 1/16181 descoberta pelos matemáticos gregos), mas era um relógio elegante. o Nautilus denotava um caráter diferente e incluiu-se na categoria ‘sport elegance’ que caracterizou os anos 70 e 80, adotando também o tal formato oval para o mostrador – que, na realidade, é mais um octógono com ângulos suavizados acompanhado por duas charneiras laterais (que com o tempo se tornaram ligeiramente curvas para melhor prolongar o perfil da luneta). o visual tem inspiração náutica e reporta-se às escotilhas dos antigos transatlânticos, com sistema de charneira e aparafusamento que fecha hermeticamente as juntas para tornar o relógio estanque a 120 metros – algo de raro nos anos 70.

outro sinal distintivo dos tempos foi a construção integrada entre a caixa do relógio e a bracelete, uma especialidade do designer que assinou não só a autoria do Nautilus como também a de outros modelos dessa década que também exaltavam a escultura do aço (o Royal oak da Audemars Piguet, o Ingenieur SL da IWC). Gerald Genta tinha uma visão modernista e arquitetural que fez dele o mais cobiçado designer relojoeiro da sua era e foi com ele que nasceu o que se pode designar de relógio moderno. o facto de as suas linhas se manterem atuais é um atestado à sua genialidade.

Evolução e novidadeso Nautilus foi desde o início apontado para as elites: «Um dos relógios mais caros do mundo é feito em aço», referia uma das publicidades da época destinada a convencer uma clientela habituada a relógios de luxo em ouro. Surgiram depois as versões em aço/ouro e ouro. Mas a versão em aço prevalecia e, estruturalmente, o Nautilus mudou pouco ao longo dos tempos e na transição do século - apesar da passagem de uma construção de caixa em duas partes para três – manteve sempre os traços da sua

identidade, para além da geometria típica do mostrador com estrias horizontais num fundo escuro esfumado. o modelo original Ref. 3700/1A, de corda automática e denominado Jumbo, era estanque a 120 metros. E em 1997 até deu origem a uma variante mais descontraída: o Aquanaut, que se mantém na coleção da Patek Philippe.

Com o tempo, o enfant terrible passava a objeto de culto. Na década de 80, surgiram as versões midsize e de senhora. Em 1998, surgiu acompanhado da primeira complicação: a indicação de reserva de corda no mostrador. Já no novo milénio, deu-se o (re)lançamento do tamanho original em 2004 e de uma versão com três complicações em 2005 – até que, e por ocasião do 30.º aniversário do Nautilus, em 2006, a linha surgiu completamente renovada. As ‘orelhas’ laterais, que definem esteticamente o Nautilus, mas que são funcionais, porque incluídas no sistema de estanqueidade com dobradiças, foram estilizadas para melhor acompanhar as linhas da luneta; todos os pormenores de construção e acabamento foram revistos e melhorados em modelos que chegam aos 44 milímetros com caixas tripartidas de fundo transparente que substituem a construção original em monocasco com luneta acoplada. E a mais recente adição, já este ano, foi a adoção de mostradores claros pela primeira vez na história do Nautilus – os mostradores de um branco prateado juntam-se aos mostradores degradé nas cores preto/azul e castanho/antracite esfumadas.

A linha Nautilus é formada atualmente pelo modelo automático simples; pelo modelo com fases da Lua e calendário triplo anual; pelo modelo com calendário, fases da Lua e reserva de marcha descentrada; e pelo cronógrafo com monocontador que é alimentado por um calibre automático de manufatura com flyback, roda de colunas e embraiagem de discos vertical. Para além do aço, existem versões em ouro branco ou rosa com correspondentes mostradores exclusivos e correia de pele em vez da característica bracelete.

Qual deles seria o preferido do Capitão Nemo?

REpoRTaGEm PATEK PHILIPPE NAUTILUS

O Nautilus foi desde o início apontado para as elites: «Um dos relógios mais caros do mundo é feito em aço»

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57Testes de estanqueidade na Manufatura Patek Philippe © Nuno Correia

Ref. 5980, Modelo masculino lançado em 2010

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anfíbio com estilo

a Ralf Tech foi elevada a marca de culto entre os mergulhadores graças

a equipamento de grande qualidade e tornou-se natural que desenvolvesse

também uma atraente linha de relógios de mergulho. mas os Ralf Tech

são mais do que instrumentos para profissionais com uma excelente relação

preço/qualidade – e ficam bem tanto fora como dentro de água.

Se antigamente existia uma separação estilística entre os relógios elegantes por um lado e os desportivos ou militares por outro, nas últimas décadas houve uma convergência rumo a novas categorias que se convencionaram chamar de ‘sport elegance’ ou ‘military chic’ – relógios de inspiração desportiva ou militar com características técnicas de bitola profissional, mas usados com orgulho em circunstâncias mais ou menos formais. E os modelos de mergulho acabaram por associar a vertente desportiva ao espírito militar, tornando-se ainda mais populares com a tendência dos relógios sobredimensionados que dominou a viragem do milénio.

Por Miguel Seabra, imagens Ralf Tech

REpoRTaGEm RALF TECH

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REpoRTaGEm RALF TECH

os relógios Ralf Tech são tudo isso: grandes, casualmente desportivos e militarmente chiques. Mas com toda a credibilidade técnica de um instrumento profissional que não pode falhar nas circunstâncias mais exigentes. ou seja: relógios com vocação para as profundezas que se dão bem fora de água. Chamem-lhes anfíbios.

Paixão e diversificaçãoA Ralf Tech é uma marca franco-suíça criada por Frank Huyghe em 1998 no âmbito dos desportos náuticos em geral e do mergulho submarino em particular. Em 2005, estreia-se na relojoaria com o recorde do mundo em mergulho livre (sem assistência nem possibilidade de salvamento em caso de acidente

nas profundezas) até 330 metros de profundidade graças ao inaugural WR1 no pulso de Pascal Barnabé e torna-se fornecedora oficial de relógios para os nadadores de combate da Marinha Francesa em 2010.

Sob a espirituosa batuta ‘Live & Let Dive’, inspirada no título Live and Let Die do universo cinematográfico de James Bond, a Ralf Tech segue especificações técnicas ditadas inteiramente por utilizadores profissionais que participam ativamente no desenvolvimento de produto, e a sua coleção é curta e concentrada, dispensando qualquer dispersão que desvirtue os princípios da marca. Contempla uma linha WRX A (A de Army) inteiramente dedicada aos utilizadores militares e profissionais,

desenvolvida à volta do seu recorde do mundo de profundidade e modificada a pedido dos Comandos da Marinha Francesa para a sua utilização no quotidiano; e uma linha WRX C (C de Classic Series), que parte da mesma arquitetura de caixa mas que tem um espírito mais clássico e glamoroso. Basicamente, a coleção recorre a dois mecanismos tradicionais e a um mecanismo ‘Hybrid’ montados num atelier instalado em Lajoux, no Jura suíço; além de braceletes de silicone ou em têxtil, as correias de pele são fabricadas à mão no Jura francês.

os três diferentes modelos de base são motorizados por dois calibres mecânicos automáticos (o ETA 2824-2 de três ponteiros com data e o Valjoux

No Comando Hubert, os relógios Ralf Tech são instrumentos indispensáveis para os mergulhadores, servindo principalmente para calcular o tempo de navegação e imersão.

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A Ralf Tech segue especificações técnicas ditadas inteiramente por utilizadores profissionais.

WRX “a” Hybrid II

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7750 com cronógrafo, dia e data), que são afinados de modo a serem adaptados à inércia de uma caixa pesada, e pelo calibre híbrido meca-quartzo E-Matic, que produz energia graças ao rotor de elevada velocidade alimentado pelas movimentações do punho associado ao quartzo e apresenta 60 dias de reserva de corda. A caixa sobredimensionada em aço 316 L polido ou escovado com 47,5 milímetros de diâmetro é estanque a 400 metros e faz-se acompanhar de um vidro de safira convexo de grande espessura (5,9 milímetros) e de uma luneta rotativa unidirecional de elevada precisão que dá a volta em 120 cliques. As formas arquitetónicas poderosas foram delineadas pelo fundador da marca, Frank Huyghe, e assentam numa interessante conjugação: um mostrador redondo sobre uma base geométrica caracterizada na indústria relojoeira como carré cambré

(ou cushion) e que permite que o seu acentuado tamanho se adapte melhor até mesmo a pulsos menos grandes.

Operações especiaiso Comando de Ação Submarina Hubert, batizado em nome do tenente Augustin Hubert que morreu em ação após o desembarque aliado nas praias da Normandia, é uma unidade lendária do Comando das operações Especiais e contempla cinquenta nadadores de combate. o relógio é indispensável ao mergulhador e ainda hoje são utilizados relógios em vez de computadores de mergulho; o relógio serve principalmente para calcular o tempo de imersão e de navegação, sendo que os mergulhadores da Marinha Nacional foram equipados no passado com alguns dos mais emblemáticos modelos de mergulho da história da relojoaria, desde o Blancpain

Fifty Fathoms ao Rolex Submariner, passando pelo Tudor Submariner.

Desde 2010, utilizam Ralf Tech, numa associação que começou num encontro entre mergulhadores e teve sequência numa campanha de testes em todos os tipos de condições, desde o mergulho ao paraquedismo em diversos teatros de operações exteriores; as conclusões levaram ao afinar de pormenores, como um vidro de safira mais espesso, um reforço do sistema de fixação das braceletes e um ponteiro dos segundos mais estilizado. As versões militares personalizadas individualmente para cada utilizador não estão disponíveis no mercado civil, que no entanto recebe versões praticamente idênticas.

A Ralf Tech responde a um caderno de encargos mais rigoroso do que a norma suíça ISo 6425 e cada relógio é testado individualmente à pressão de 51

WRX “C” night automatic WRX “C” Sunset automatic Chrono

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atmosferas (500 metros). os relógios de mergulho representam uma importante e especial categoria no universo dos relógios desportivos, já que estão sujeitos a uma enorme pressão e são instrumentos vitais para os próprios mergulhadores: uma falha mecânica ou uma falha na estanqueidade pode ter consequências bem funestas...

Tamanho e estiloo tamanho grande dos Ralf Tech, com um diâmetro de 47,5 milímetros, permite um mostrador grande com indicadores luminescentes SuperLuminova C1 ou C3 de legibilidade ideal nas profundezas. Mas o tamanho também pode ter grande utilidade civil, já que o desenvolvimento físico e a longevidade acompanhados pela perda de qualidade de visão estão relacionados com a principal tendência verificada na indústria relojoeira ao

longo da última década: os relógios tornaram-se cada vez maiores, para melhor se adaptarem a pulsos grandes e serem perfeitamente legíveis por vistas cansadas. No entanto, não foi apenas a necessidade que aguçou o engenho; o crescimento dos instrumentos do tempo é também um exercício de estilo e pode ser considerado um fenómeno de moda.

A indústria cinematográfica ajudou à tendência, com Arnold Schwarzenegger e Sylvester Stallone a usarem deliberadamente relógios enormes nos seus musculados filmes. Mas o crescimento dos instrumentos do tempo é também um exercício de estilo e pode ser considerado um fenómeno de moda. o futuro não será dominado por relógios gigantescos, mas vai ser seguramente caracterizado pela convivência entre modelos mais pequenos e modelos maiores. Como o Ralf Tech, um relógio

grande de uma companhia pequena que mantém uma exclusividade de tiragem (desde séries de 22 e 33 exemplares até às de 250, 300 e 500 para cada versão) a um preço mais acessível que anda sobretudo entre os 1390 e os 3490 euros.

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Ao conquistar o recorde de mergulho livre até 330 metros, em 2005, Pascal Barnabé, usou um WR1 da Ralf Tech no pulso.

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Universo infinito

Será difícil ficar indiferente aos novos

modelos da coleção métiers d’art da

vacheron Constantin. Inspirados em

trabalhos de Escher e concebidos

com recurso a ancestrais artes

decorativas, os mostradores de cada

relógio transmitem uma sensação de

vida eterna. Tal como nos trabalhos

do artista holandês, tudo neles parece

mover-se, sem sair do lugar...

Por Cesarina Sousa, imagens Vacheron Constantin

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Trabalho de guilloché numa base de ouro branco

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Não vamos aconselhar ninguém a andar constantemente com uma cana de pesca ou com uma rede para caçar pássaros, mas perante as três obras de pulso com que a Vacheron Constantin nos brindou este ano, o mais prudente será manter os olhos bem atentos para ter a certeza de que nada escapa do mostrador...

É que, inspirados nos padrões infinitos criados por Escher, o mostrador de cada modelo surge como um painel em ponto pequeno, decorado com figuras complementares que parecem mover-se sem sair do lugar. Para onde quer que se olhe, tudo no mostrador ganha vida. Podemos até tentar fixar o olhar num peixe que parece nadar. Porém, será complicado fixar o olhar apenas nesse peixe, porque um simples piscar de olhos é suficiente para nos fazer desviar o olhar para qualquer um dos outros imensos peixes que preenchem a composição do mostrador.

Se, para nós, os jogos infinitos agora recriados nos mostradores destes novos relógios causam alguma admiração, para o criador que lhes serviu de inspiração brincar com a simetria, com a ilusão ótica ou criar mundos impossíveis tornou-se o seu modo de vida e a sua fonte de prazer. Ainda hoje, os intermináveis padrões e obras de movimento eterno que o artista holandês teve a capacidade de criar têm a particularidade de deixar muitos com a cabeça a andar à roda...

Escher e vacheron ConstantinReza a história que Maurits Cornelis Escher (1898-1972) começou a dedicar-se à arte de criação de padrões infinitos em desenho, depois de se ter deixado maravilhar pelos impressionantes arabescos do Alhambra – o fabuloso complexo palaciano árabe que continua a poder ser explorado na cidade de Granada, em Espanha. Reza também a história que a Vacheron Constantin procura, desde a sua criação (1755), manter-se fiel às artes decorativas e aos ofícios mais antigos no momento da criação relojoeira. Da junção destas duas histórias nasce agora a série Les Univers Infinis da coleção Métiers d’Art.

métiers d’art: espírito criativoApresentada em 2004, a coleção Métiers d’Art foi inaugurada com a série Tributo aos Grandes Exploradores. Seguiu-se, em 2007, a série Les Masques, numa parceria com o Museu Barbier- -Mueller de Genebra, em tributo à arte tribal dos 5 continentes, com o lançamento de 12 instrumentos do tempo em três anos, personalizados com reproduções de máscaras tribais que fazem parte do espólio do museu genebrino.

Em 2010, foi lançada a série La Symbolique des Laques, que incluiu relógios decorados com a ancestral técnica japonesa de lacagem do maki-e, e que tem vindo a ser aos poucos complementada. Ainda este ano, foram apresentados três novos relógios no âmbito desta série.

Mais recentemente, a série Chagall & L’opéra de Paris surgiu como um conjunto que veio apelar aos corações dos amantes da música, da pintura e, claro, da relojoaria. Composta por quinze peças únicas, a série reproduz nos mostradores, utilizando a técnica de esmaltagem Grand Feu, todos os detalhes do teto da Ópera Garnier, pintado por Marc Chagall, em 1964.

Sendo assim, as edições limitadas que fazem parte da coleção Métiers d’Art da Vacheron Constantin revelam-se dignas de uma verdadeira galeria de arte. Com a nova série Les univers Infinis, a galeria é agora enriquecida com um original toque de dinamismo, história e artes gráficas.

Métiers d’Art: Les Univers InfinisA série Les univers Infinis representou um verdadeiro desafio para a Vacheron Constantin. o objetivo foi a reinterpretação dos mundos de Escher à escala do pulso, em padrões de simetria bidimensional (tessellation) com recurso a antigas técnicas de artes decorativas, pelo que os mostradores refletem temas geométricos, num constante e infinito jogo de movimento, cores e brilho que põe à prova a capacidade percetiva do mais atento observador.

Com caixa clássica de 40 milímetros em ouro branco e de formato redondo, cada modelo traduz

O objetivo foi a reinterpretação dos mundos de Escher à escala do pulso, em padrões de simetria bidimensional com recurso a antigas técnicas de artes decorativas.

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pomba, dove, ColombaGravura, esmalte champlevé, cravação e guillochéÉ a variedade e associação de técnicas artesanais utilizadas que contribui para a euforia que o mostrador desta peça deixa transparecer. Com efeito, os três tipos de pomba que encontramos nascem de técnicas distintas. Numa primeira fase, o gravador começa por gravar numa base de ouro amarelo os contornos das pombas que são depois preenchidos com esmalte – uma técnica denominada esmalte champlevé. Segue-se o necessário aquecimento por fogo a altas temperaturas que vai permitir criar um efetivo contraste de cores. A utilização alternada de esmalte translúcido ou opalino dá a sensação de profundidade. Na terceira fase, o cravador destaca uma das pombas, cravando-a com diamantes selecionados pelo seu brilho. o último passo consiste em decorar as restantes pombas com diferentes padrões de guilloché, um processo de extrema dificuldade.

peixe, Fish, poissonGravura, guilloché e esmalte cloisonnéPara dar origem ao vibrante mostrador azul repleto de peixes, o gravador começa por replicar fielmente o contorno do motivo decorativo numa base de ouro branco. Depois, o mestre responsável pelo guilloché procede ao minucioso trabalho decorativo no interior de cada peixe já gravado. Por fim, o esmalte é aplicado segundo a técnica cloisonné que consiste no estabelecimento de limites entre as diferentes figuras com pequenos fios de ouro que são depois preenchidos com a respetiva cor. Terminado este processo, o mostrador é submetido a elevadas temperaturas o número de vezes necessárias para intensificar a cor até ao nível desejado.

Concha, Shell, CoquillageGravura e esmalte champlevéEntre conchas e estrelas-do-mar, o mostrador deste modelo vibra pelo constante movimento e pela luminosidade oferecida pela seleção de cores. Tal como na versão decorada com pombas, o mestre-gravador começa por gravar os motivos decorativos de modo a conseguir criar um efeito de relevo que será depois preenchido com esmalte (esmalte champlevé). Seguidamente, o mostrador é submetido a elevadas temperaturas o número de vezes necessárias até que as cores assumam a luminosidade desejada na distinção entre os vários tipos de conchas. Surpreendente é a ilusão de profundidade que o esmalte sobre a gravação permite alcançar, fazendo com que os padrões criados na gravação inicial pareçam emergir como se fossem relevos e conchas reais. Por fim, o gravador procede à decoração da superfície das estrelas-do-mar – mais um elemento crucial para a luminosidade do mostrador.

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Cada modelo traduz um tema distinto inspirado na natureza – pomba, peixe e concha – e em obras do artista holandês.

um tema distinto inspirado na natureza – pomba, peixe e concha – e em obras específicas do artista holandês, sem qualquer interferência dos elementos para consulta das horas, pois foi perfeita a solução de optar por ponteiros esqueletizados. Já as técnicas de artes decorativas utilizadas variam consoante o mostrador. Esmaltagem cloisonné, esmaltagem Grand Feu champlevé, gravação, guilloché e cravação surgem, desta forma, em três obras-primas, cada uma delas disponível apenas em edições de 20 exemplares individualmente numerados, certificadas pelo Punção de Genebra.

No que diz respeito ao coração que anima os ponteiros, todos os modelos estão equipados com o movimento mecânico de corda automática Calibre 2460 SC, desenvolvido e manufaturado pela Vacheron Constantin, cuja qualidade de acabamentos se encontra em perfeita harmonia com o nível de trabalho exterior da peça. o fundo em vidro de safira permite contemplar esta maravilha da micromecânica.

Seria de todo injusto não referir que o minucioso trabalho artesanal que está por trás da conceção dos hipnotizantes mostradores da série Les Univers

Infinis (ver página 67) só foi possível graças à perícia de mestres especializados que lutam por manter acesa a chama dos trabalhos de artes decorativas, num mundo que em geral apela à simplicidade e ao minimalismo. Felizmente, a evolução da relojoaria tem permitido a coexistência das mais variadas abordagens estilísticas e técnicas, e a Vacheron Constantin assume-se como marca protetora das ancestrais técnicas de artes decorativas. Promover a partilha e transmissão de saberes nestes domínios fazem assim parte da filosofia da marca. A série Les univers Infinis surge, desta forma, como homenagem ao trabalho do artista holandês, mas também como reforço do compromisso da marca para com a valorização do lado criativo humano que permite o desenvolvimento da cultura e das artes – neste caso com a recuperação de ancestrais ofícios artesanais –, propósito maior da coleção Métiers d’Art.

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REpoRTaGEm PoRSCHE DESIGN INDICAToR

alta cilindrada

dos vários calibres cronográficos lançados

pelas mais prestigiadas casas relojoeiras

ao longo da última década, nenhum seguiu

a revolucionária via do Indicator da porsche

Design: indicações analógicas e digitais

motorizadas por um complexo mecanismo

de alta cilindrada com mais de 800 peças.

Por Miguel Seabra

A Porsche Design embrenhou-se na missão de conceber um inovador cronógrafo totalmente mecânico que oferecesse uma leitura diferente e evitasse o habitual esforço do utilizador em decifrar os pequenos totalizadores.

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Entre os aficionados da relojoaria não é raro estabelecer-se um exercício de comparação entre marcas de relógios e de automóveis. Uns dizem que certa manufatura é a Rolls Royce, outros comparam várias outras à Mercedes e por aí fora, consoante o nível de preço ou de sofisticação. Mas nenhuma pode ser comparada à Porsche – porque a escuderia dos arredores de Estugarda tem os seus próprios instrumentos do tempo realizados através do atelier criado há 40 anos para adaptar o seu conceito de design para além da área estritamente automóvel. E a Porsche Design tem mesmo no seu currículo o mais potente dos relógios de pulso: o Indicator.

Imponente e mais dispendioso do que um Boxster ou um Cayman, o exclusivo Indicator nasceu da ideia do

austríaco Ernst F. Seyr, antigo CEo do departamento relojoeiro da Porsche Design. Entusiasta da velocidade e piloto nos tempos livres, sempre considerou que os pequenos totalizadores nos mostradores dos cronógrafos mecânicos eram pouco legíveis em situações extremas. E é precisamente nessas ocasiões difíceis ou de emergência que os cronógrafos se tornam verdadeiramente necessários, como numa situação de falha dos instrumentos de voo no cockpit de um avião: por isso é que os relógios de aviador são geralmente grandes e muitos deles até são de quartzo.

Partindo desse pressuposto, a Porsche Design embrenhou-se na missão de conceber um inovador cronógrafo totalmente mecânico que

No cerne do projeto estava a tal necessidade de legibilidade absoluta. A solução foi encontrada com o recurso a uma dupla janela panorâmica onde vai rodando a indicação digital dos minutos e das horas do cronógrafo.

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oferecesse uma leitura diferente e evitasse o habitual esforço do utilizador em decifrar os pequenos totalizadores; o ‘patrão’ Ferdinand Alexander Porsche deu luz verde ao projeto no início da década passada e não se arrependeu, porque o resultado final acabaria por se tornar numa das mais sensacionais criações jamais produzidas sob a chancela Porsche.

Rotações por minutoo projeto foi demorado, mas chegou a bom porto. Contratou-se Paul Gerber, membro destacado da Academia Relojoeira dos Criadores Independentes e inventor do primeiro mecanismo cronográfico integrado com alarme. A base técnica foi estabelecida e uma dúzia de engenheiros, técnicos e

relojoeiros trabalharam durante quatro anos no desenvolvimento do produto e testaram vários protótipos até que o fenomenal Indicator ficou pronto para conquistar o mundo.

No cerne do projeto estava a tal necessidade de legibilidade absoluta. A solução foi encontrada com o recurso a uma dupla janela panorâmica onde vai rodando a indicação digital dos minutos e das horas do cronógrafo. Para chegar a essa aparentemente óbvia (mas anteriormente impossível de realizar) apresentação de dados num cronógrafo mecânico, foi necessário transformar substancialmente o robusto e fiável calibre de base Valjoux 7750: em vez da opção por um módulo que tornaria a espessura incomportável, a platina e as pontes foram redesenhadas

numa solução integrada com 400 novos componentes – elevando para 800 o número total de peças.

Para uma leitura ótima dos totalizadores digitais, as janelas teriam de ser de consideráveis dimensões; logo, também o diâmetro do mostrador teria de ser bem grande. Assim, o mecanismo adaptado cresceu até aos 36 milímetros de diâmetro e 14,3 de espessura, para poder albergar as oito centenas de peças e os quatro tambores de corda necessários para fornecer a energia exigida (um para o mecanismo do relógio; os outros para cada um dos três discos do cronógrafo digital). Com o balanço a contabilizar as tradicionais 28’800 alternâncias/hora do calibre base Valjoux 7750, o Indicator apresenta uma reserva de marcha reforçada de 46 horas.

De inspiração automobilística Porsche, a coroa do Indicator é um pneu em miniatura e os botões estriados do cronógrafo remetem para os pedais.

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Temática automobilísticaComo na Porsche Design a forma segue sempre a função, a caixa em titânio (antracite ou com revestimento preto em PVD ou ouro rosa) do relógio ostenta um imponente diâmetro de 49 milímetros para 17,8 milímetros de espessura – dimensões verdadeiramente colossais para um autêntico bólide da relojoaria que até assenta bem em pulsos menos grandes. E porque o Indicator foi esteticamente inspirado no parque automóvel da Porsche, o relógio apresenta-se como um autêntico parque temático do Carrera GT!

A simbologia é incontornável. A coroa é um pneu em miniatura; os botões estriados do cronógrafo são modelados à imagem dos pedais e o rotor, que pode ser admirado através de um fundo transparente, é semelhante às jantes radiais; a própria bracelete em borracha vulcanizada apresenta uma textura interior igual à dos pneus, sendo acompanhada de uma espetacular fivela dupla. Mas é o ‘painel de instrumentos’ que mais impressiona pelo seu tecnicismo...

No espetacular mostrador alveolado, a contagem dos segundos é efetuada pelo tradicional ponteiro analógico ao centro; o tracejado dos segundos está gravado no interior do vidro de safira, com o ponteiro do cronógrafo bem levantado para correr perto dessa marcação. A função Indicator – que dá o nome ao relógio – está patente nas duas janelas abertas no mostrador nas 3 horas, com dois discos rotativos a permitirem a apresentação das horas e dos minutos decorridos; atingido o máximo de 9 horas e 59 minutos (959 também é um ‘piscar de olhos’ ao universo Porsche), surge um aviso.

Localizado nas 6 horas, o complexo indicador de reserva de marcha verde e vermelho vai revelando o nível da corda acumulada nos quatro tambores. o pequeno mostrador dos segundos contínuos surge nas 9 horas. E os ponteiros parcialmente esqueletizados são pigmentados com material luminescente SuperLuminova, tal como os enormes algarismos das horas.

o relógio tinha forçosamente de estar consentâneo com a estética da Porsche e da Porsche Design, mas vai ainda mais longe na exposição da filosofia da casa, sendo ‘mais papista do que o papa’: a técnica é mesmo excecional e o visual apresenta-se extremamente desportivo, sendo acentuado por dois materiais emblemáticos que a marca utilizou de modo pioneiro quando fez as primeiras incursões na relojoaria: o titânio e a borracha vulcanizada. A versão em ouro rosa é ainda mais luxuosa e prestigiada, sem perder o espírito racing; a borracha vulcanizada da bracelete permite o uso em quaisquer circunstâncias e permite acompanhar o corpo do relógio nos 50 metros de estanqueidade.

Ter um bólide Porsche é sempre um motivo de orgulho para o seu possuidor. Mas o Porsche Indicator permite ao seu dono levá-lo mesmo para qualquer lado – desde que o seu pulso tenha arcaboiço para ostentar o mais colossal cronógrafo da atualidade!

o indicador de reserva de marcha verde e vermelho situa-se nas 6 horas.o tracejado dos segundos está gravado no interior do vidro de safira, com o ponteiro do cronógrafo bem levantado para correr perto dessa marcação.

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Referência 6910.6944.149

movimento Cronógrafo mecânico de corda automática.

Funções Horas, minutos, segundos, cronógrafo digital, indicador de reserva de corda.

Caixa Ø 49mm ouro rosa 18kt, vidro e fundo de safira estanque até 50m

BraceleteCauchu com fivela em ouro rosa 18kt.

preço € 210.000

A versão em ouro rosa é ainda mais luxuosa e prestigiada, sem perder o espírito racing.

o indicador de reserva de marcha verde e vermelho situa-se nas 6 horas. o fundo transparente permite observar o rotor alusivo às jantes radiais dos desportivos Porsche.

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InICIaTIva RoLEX AWARDS 2012

A edição de 2012 dos Rolex Awards for Enterprise, um programa que tem as suas raízes nas celebrações do 50.º aniversário do modelo oyster da Rolex, em 1976, contou com mais de 3500 candidatos de 154 países, cujos projetos foram avaliados por um júri independente de especialistas internacionais.

Esta iniciativa foi lançada por Andre J. Heiniger e tem o objetivo de premiar individualidades de todo o mundo – com uma contribuição monetária e um relógio Rolex – pelos projetos inovadores desenvolvidos no sentido de estimular o conhecimento e contribuir para uma melhoria da vida no nosso planeta. o programa financia projetos em cinco diferentes áreas: ambiente, património cultural, ciência e medicina, tecnologia e inovação, exploração e descoberta.

«Nesta edição, o júri ficou impressionado com a forma como cada um dos empreendedores está a ajudar os seres humanos a assumirem o controlo na preservação da natureza e da vida daqueles que os cercam», declara Rebecca Irvin, diretora da área de projetos filantrópicos da Rolex. «Na maioria dos casos, eles mobilizam novas tecnologias para defender publicamente uma causa e mudar as coisas para melhor.»

os laureados de 2012 dos Rolex Awards for Enterprise serão homenageados no próximo dia 27 de novembro em Nova Deli, na Índia.

Mais informações: www.rolexawards.com

Coroados Rolex 2012

a Rolex anunciou os cinco laureados da edição de 2012 do programa

Rolex awards for Enterprise. os vencedores são responsáveis por

projetos de intervenção em diversas áreas e recebem, além de 100.000

francos suíços, um relógio Rolex.

Por Cesarina Sousa

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Erika Cuéllar (ambiente)Através de uma abordagem direta dos povos indígenas na Bolívia, no Paraguai e na Argentina, Erika Cuéllar dedica-se a garantir os meios para que seja preservada a biodiversidade da região de Gran Chaco, um dos últimos ecossistemas sul-americanos realmente selvagens.

Barbara Block (tecnologia e inovação)Barbara Block desenvolve um trabalho de rastreio de predadores marinhos ao largo da costa norte-americana, por meio de uma série de recetores submarinos na costa norte-americana.

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Sergei Bereznuk (ambiente)Preservar os últimos tigres siberianos que vivem no extremo leste da Rússia é o objetivo de Sergei Bereznuk. Para tal, aposta numa intervenção junto das gerações mais jovens, com recurso a modernas tecnologias e ações de educação.

aggrey otieno (ciência e medicina)Salvar a vida de centenas de mães e recém-nascidos, que anualmente são vítimas de complicações obstétricas, através da criação de um centro de telemedicina que ofereça plantão de atendimento médico numa favela de Nairóbi é a base do projeto de Aggrey otieno.

mark Kendall (ciência e medicina)Mark Kendall é um bioengenheiro que tem vindo a desenvolver um nanopatch, com o objetivo de substituir o atual sistema de vacinação por meio de agulha e seringa. Uma tecnologia que poderá salvar milhões de vidas nos países em desenvolvimento, pois surge como um método de vacinação indolor, mais seguro, barato e mais eficaz.

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Eu espero mobilizar o público para a proteção das populações e prevenir o desaparecimento de grandes predadores marinhos. Barbara Block

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A incorporação da população local como um pilar essencial tornou-se o paradigma aceite para a conservação em todo o mundo. Erika Cuéllar

©Rolex Awards/Cortesia de Erika Cuéllar

©Rolex Awards/Thierry Grobet

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InICIaTIva RoLEX AWARDS 2012

No momento em que as mulheres grávidas em trabalho de parto têm acesso a alguma forma de intervenção médica de emergência, é, geralmente, já tarde demais. Aggrey Otieno

©Rolex Awards/Julian Kingma

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O nanopatch não exige nem um profissional com formação específica na aplicação, nem refrigeração. Mark Kendall

O nosso programa dedicado ao tigre Amur (siberiano) é também uma luta pelo modo de pensar das pessoas com o intuito de sensibilizá- -las para a beleza da natureza e envolvê-las na conservação. Sergei Bereznuk

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©Rolex Awards/Marc Latzel

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TEmpo lIvRE PoR MIGUEL SEABRA

Talvez tenha lido a peça A Importância de se Chamar Ernesto, de oscar Wilde, demasiadas vezes – porque sempre atribuí aos nomes e à sua etimologia uma importância mágica. Deve ser o primitivo que há em mim, porque acredito piamente que um nome ou uma designação têm um significado transcendente e estão diretamente associados à pessoa em questão.

Foi por essa razão que entrei num animado debate com os meus colegas jornalistas Carlos Torres, Ian Skellern e Elizabeth Doerr e relativamente ao relógio designado Experiment ZR012, no âmbito do projeto C3H5N3o9, estabelecido por Max Büsser e Serge Kriknoff (MB&F), Martin Frei, Felix Baumgartner e Cyrano Devanthey (Urwerk), e pelo designer Eric Giroud. C3H5N3o9? Sim, C3H5N3o9 é a fórmula que representa três átomos de carbono, cinco de hidrogénio, três de nitrogénio e nove de oxigénio para dinamite, mas não quis acreditar numa tal algaraviada (passe a expressão; acho que nenhum algarvio se lembraria de batizar um relógio assim); pensava que o tempo de se batizarem os automóveis Renault com números já pertencia ao passado e confesso que a minha mente se recusou a fixar tão escaganifobético conjunto de números e letras, de tal modo que até tive de o gravar no iPhone para que ficasse memorizado de alguma maneira. Claro que o relógio – espetacular, não há dúvida alguma – teve de ser ‘popularmente’ batizado a posteriori, e o cognome ‘Nitro’ assenta-lhe que nem

os nomes têm algo de mágico e, no jogo da

semântica e da etimologia, um relógio bem

designado torna-se especial e mais fácil de ser

catapultado para a lenda… sobretudo se leva

também com um cognome carismático em cima.

Qual é o relógio mais bem batizado de sempre?

por trás de um nome

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uma luva. Mas é uma alcunha, quando devia ser o nome escolhido à partida e mesmo tendo em conta que os cognomes também dão carisma a um relógio.

Na história da relojoaria, os nomes tiveram sempre uma importância crucial. Quantas vezes um relógio não perdeu força devido a um nome mal atribuído – e quantas vezes não sucedeu o contrário? os relógios que se transformaram em ícones são conhecidos pelo nome próprio e até dispensam ser acompanhados pela designação da marca. E, por vezes, o nome próprio até se confunde mesmo com a marca junto de um público menos conhecedor, como tantas vezes sucedeu com o Royal oak (da Audemars Piguet) e com o Reverso (da Jaeger-LeCoultre). Depois há os nomes de guerra, as alcunhas: o ‘Paul Newman’ é a mais lendária variante dos Rolex Daytona; o ‘Jo Siffert’ é a mais famosa versão do Heuer Autavia – e, já agora, Autavia (contração de automobile e aviation) foi um nome que não pegou bem em Portugal… e nem tinha nada a ver com o treinador octávio Machado ou com o Skoda octavia. A marca Vulcain, famosa pelos seus mecanismos com alarme, não teve sucesso no nosso país devido à comparação com os esquentadores Vulcano.

A alteração pejorativa de um nome é o pior que pode haver para uma marca. E com tantos nomes registados e patenteados, não deve ser fácil inventar novas designações para linhas em geral e para modelos em particular. Mas deve ser um desafio aliciante. Muitos

nomes andam à volta de composições a partir dos termos chrono e master. A Zenith, tão feliz com a designação ‘El Primero’ para o primeiro cronógrafo automático, juntou-os no termo Chronomaster. Depois há o Chronofighter, o Speedmaster, o Chronosplit, o Speedster e tantos outros. E há os nomes que têm a ver com lugares, histórias, lendas, geometrias, parceiros, eventos, datas – como Hampton, Monaco, Nautilus, KonTiki, Squadra, AMVoX, Mille Miglia, 1911. E, claro, há os relógios dotados de grandes complicações que são devidamente refletidas no nome: Audemars Piguet Jules Audemars Calendário Perpétuo com Equação do Tempo e Nascer e Pôr do Sol é um dos casos.

Sou muito esquisito em relação a nomes. Muito mesmo. Nunca poderia ter ou oferecer um relógio chamado Kalparisma (googlem para ver a correspondente marca). E posso sempre dizer que tenho um dos relógios com o nome mais comprido: o Jaeger-LeCoultre Master Compressor Extreme World Alarm Tides of Time. Devia vir com brasão…

Os relógios que se transformaram em ícones são conhecidos pelo nome próprio e até dispensam ser acompanhados pela designação da marca.

C3H5n3o9 Experiment ZR012

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EnTREvISTa MARCoLINo RELoJoEIRo RUI NEVES

a Baixa em altaPor Paulo Costa Dias

Rui neves é o típico comerciante portuense. Extremamente afável, muito bem-disposto, bon

vivant e… bem-sucedido. Gere a marcolino Relojoeiro, empresa que marca o tempo na Invicta

há 85 anos e que agora abriu uma nova loja no cruzamento da Rua passos manuel com a Rua de

Santa Catarina, num dos mais belos e emblemáticos edifícios da Baixa portuense.

A abertura de uma grande e belíssima relojoaria no coração do Porto, num imóvel notável, seria sempre notícia para a Espiral do Tempo, mas, atendendo ao tempo em que vivemos, semelhante visão, arrojo, loucura, inteligência – chame-lhe o que quiser – torna-se incontornável. A excelente disposição de Rui Neves, essa, parece inabalável.

Que espaço é este onde nós nos encontramos?Esta loja pretende ser uma aposta na cidade do Porto e no seu centro. Queremos criar um novo ponto de encontro na Baixa da cidade, que esteja à altura dos grandes investimentos que têm sido efetuados na promoção da cidade, dos seus habitantes e de quem nos visita.

ao todo, a loja tem quantos metros?Neste novo espaço, dispomos de cerca de 300 m2 distribuídos por dois pisos, a que devemos juntar os cerca de 100 m2 da loja anterior.

o que tem de diferente para oferecer nesta loja que não tinha na outra aqui ao lado?Há muita coisa que não vai mudar. Queremos continuar a manter uma ligação estreita de grande simpatia com os nossos clientes, assegurar um serviço técnico de excelência e trabalhar com

as marcas que selecionamos. Mas também há algumas coisas que vão mudar: queremos ter mais visibilidade para quem passa, dar mais conforto a quem nos visita, conquistar novos clientes, quer nacionais quer estrangeiros, e mudar a nossa forma de comunicar.

Quando e como é que surgiu a possibilidade de dar este salto e porque é que o deu?Esta loja é uma evolução em relação à anterior. Sentimos que a concorrência estava a aumentar e fomos percebendo que, se quiséssemos assegurar o nosso futuro, tínhamos de crescer e de ser bastante melhores. Há muito tempo que olhávamos para este espaço vazio, mas sempre o julgámos demasiado grande para nós... até um dia!

Ganharam fama e proveito com marcas de gama mais baixa do que as que agora têm aqui, que apresentam novos desafios e exigências. Como é que sente esse desafio? é que vai passar a ser um dos players da alta-relojoaria no porto… Sempre trabalhámos com marcas topo de gama. Quando existia a AIHH (Associação Interprofissional da Alta-Relojoaria), éramos, em Portugal, a loja que tinha mais marcas membros dessa associação. Dispomos de uns serviços técnicos que devem

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Sinto que estou rodeado de bons colegas que muito têm feito pelo prestígio do setor e com quem tenho aprendido bastante. É possível que este novo projeto venha a motivar outros para continuarem sempre a melhorar. Rui Neves Marcolino Relojoeiro

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ser dos mais concorridos do País. Lidamos com mais de três mil intervenções por ano. o nosso segundo andar estava especializado em marcas de moda, mais viradas para o segmento jovem, mas isso sempre representou uma parte pequena das nossas vendas. A passagem para este novo espaço vai permitir que as marcas apresentadas ‘respirem’ melhor e que se demonstre com mais facilidade as suas capacidades junto dos consumidores.

Foi a vossa relação com os clientes que fez o nome marcolino?o nome Marcolino foi sempre construído à custa da qualidade do serviço que prestamos. De início, mais como relojoeiro reparador, mais tarde, como loja omega, mais tarde, como multimarca de prestígio e, agora, com um espaço de grandes dimensões.

Sente a ameaça comercial dos seus colegas que já estão bem implantados na especificidade de negócio que é o da alta- -relojoaria ou é a marcolino que é uma ameaça para eles? ou há espaço para todos?o mercado está muito competitivo, mas há sempre espaço para quem não se deixe ultrapassar. Sinto que estou rodeado de bons colegas que muito têm feito pelo prestígio do setor e com quem tenho aprendido bastante. É possível que este novo projeto venha a motivar outros para continuarem sempre a melhorar.

nunca embarcou na moda dos centros comerciais, nem dos polos comerciais, como é a Avenida da Boavista aqui no Porto, e ficou sempre pela Baixa. porquê esse apego ou essa estratégia? Chegámos a ter algumas experiências em centros comerciais, que até foram positivas, mas, neste momento, estou convencido de que a dinâmica das cidades está muito mais virada para os seus centros. Já se vê isso em Lisboa e estou certo de que o mesmo vai acontecer no Porto. Quisemos ser pioneiros desse movimento de mudança. Tivemos imenso apoio moral por parte da autarquia e foi com muita honra que recebemos o Presidente da Câmara Municipal do Porto no nosso evento de inauguração.

As modificações no Porto nos últimos anos, que são visíveis, têm favorecido a Baixa?Sem dúvida. A Baixa está cheia de turistas. Existem imensas lojas novas. Temos bons hotéis e bons restaurantes. A noite do Porto já é famosa. o Vinho do Porto é um grande cartão de visita e não se deve esquecer toda a divulgação da cidade, feita pelos triunfos do Futebol Clube do Porto e por vários eventos importantes que aqui acontecem.

E este é um edifício com história. Este edifício foi desenhado por um grande arquiteto do Porto, Francisco de oliveira Ferreira, no início dos anos 20 do século passado. Na decoração da loja, tivemos a preocupação de aproveitar o mais possível o legado arquitetónico que recebemos.

o espaço SIS da IWC, no entanto, vai permanecer na antiga loja, não é?o espaço IWC foi todo renovado para se apresentar como uma boutique IWC. É um local onde podemos ter acesso a todas as novidades da marca. É um espaço que permitiu um crescimento exponencial das vendas IWC.

Que perspetivas tem da forma como o mercado se vai portar nos próximos tempos?No nosso caso, estamos bastante otimistas em relação ao futuro. Sentimos que criámos algo de diferente que é muito bem recebido pelo público. Ainda temos em carteira alguns projetos que, a seu tempo, irão sendo apresentados, o que irá permitir que continuemos o nosso caminho de inovação.

EnTREvISTa MARCoLINo RELoJoEIRo RUI NEVES

Leia a entrevista completa em: www.espiraldotempo.com

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Este novo espaço vai permitir que as marcas apresentadas ‘respirem’ melhor e que se demonstre com mais facilidade as suas capacidades junto dos consumidores. Rui Neves Marcolino Relojoeiro

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Charme desportivo

o cronógrafo mecânico é um objeto de culto com muito charme desportivo e até uma certa

veia poética: numa era em que o tempo voa, permite-nos agarrar um momento da eternidade e

congelá-lo para sempre – graças à mais popular complicação da relojoaria tradicional. E se tem

sido o brinquedo preferido dos homens nas últimas décadas, o seu estilo está a seduzir cada

vez mais o público feminino.

Por Miguel Seabra

Usain Bolt nos blocos de partida, jogos olímpicos 2012 © Nick J Webb

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TAG Heuer mikrotourbillonS

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Indispensável para uns e mero exercício de estilo para outros, o cronógrafo é um símbolo da era moderna e tem escrito os progressos do homem nos últimos dois séculos...

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Não há volta a dar-lhe: o cronógrafo tem sido e continuará a ser a variante relojoeira de pulso mais popular. o turbilhão pode ser a complexidade mecânica clássica por excelência, os calendários perpétuos levam a contagem do tempo para o domínio astral, e complicações acústicas como as repetições de minutos ou as sonneries dão uma dimensão diferente à relojoaria, mas o cronógrafo mantém-se no topo da popularidade e não é apenas por ser mais acessível: o seu charme desportivo fez dele o acessório de culto mais desejado pelos homens e até as senhoras começam a sucumbir ao seu estilo.

o cronógrafo mecânico funciona sem a ajuda artificial de qualquer pilha e as suas funções possibilitam a medição de intervalos temporários, permitindo dominar os tempos do tempo. Indispensável para uns e mero exercício de estilo para outros, o cronógrafo é um símbolo da era moderna e tem escrito os progressos do homem nos últimos dois séculos... e escrever o tempo é transcrever a história do mundo.

Cronógrafos e cronómetrosCoincidentemente, cronógrafo significa exatamente escrever o tempo. As raízes helénicas da palavra composta chronograph (de graphein, escrever; e chronos, tempo) apontam para a marcação do tempo com a inscrição de uma marca de tinta num mostrador ou folha de papel, pelo que o termo ‘cronógrafo’ não é uma tradução ajustada da sua origem etimológica grega... que realmente significa ‘conspirador do tempo’. Tendo em conta que os relógios existem precisamente para mostrar o tempo, a designação mais correta seria chronoscope (de skopein, olhar o tempo). o próprio Dicionário Profissional Ilustrado da Relojoaria refere que «um cronoscópio mostra intervalos de tempo enquanto um cronógrafo, em sentido estrito, deve registá-los».

E no século XIX até foi idealizado um registo gráfico do tempo para avaliar corridas de cavalos – mas entretanto o cronógrafo evoluiu tecnicamente para se assumir como um cronoscópio, embora mantenha a designação original. A confusão etimológica também se estende à palavra cronómetro, erradamente utilizada na maior parte das vezes, porque um cronómetro é um relógio (que pode ser cronógrafo ou não) cuja elevada precisão é certificada pelo Controlo oficial Suíço

dos Cronómetros. No entanto, o verbo derivado ‘cronometrar’ indica precisamente o ato de medir o tempo com o recurso a um cronógrafo... que deveria chamar-se cronoscópio.

Fascínio do tempoApesar da sua crescente popularidade entre as mulheres, o cronógrafo é sobretudo encarado como o relógio viril por excelência e as razões para um tal fascínio masculino podem ir desde a sua associação ao mundo da velocidade até à conotação aventureira – sendo usado e publicitado tanto por desportistas como pilotos ou astronautas. Mas há outros motivos que capturam o imaginário dos aficionados: a função cronográfica também torna o relógio mais interativo, já que o utilizador pode ‘brincar’ com ele, acionando e parando o mecanismo para medir o tempo de um qualquer acontecimento ou utilizando escalas para calcular médias de velocidade, distâncias ou pulsações. E os submostradores transmitem uma aura visual mais tecnicista. Além da vertente lírica que permite agarrar um momento da eternidade e congelá-lo para sempre numa era em que o tempo voa.o cronógrafo também pode ser acompanhado de outras funções mecânicas, das mais simples às mais complexas: desde o dia, a data, o alarme, o fuso horário suplementar ou o worldtimer, o calendário triplo e as fases da Lua até aos calendários perpétuos ou aos turbilhões, às repetições de minutos ou às sonneries. A solo ou acompanhado, o cronógrafo tem sido declinado com enorme variedade por todas as marcas relojoeiras e enobrecido pelas mais prestigiadas manufaturas com a criação de modelos de grande luxo – desde versões elegantes até às mais radicais, passando pelas desportivas.

Trezentos anosFoi o inglês George Graham quem inventou o primeiro instrumento mecânico capaz de medir espaços de tempo, por volta de 1720; em 1776, o suíço Jean Moïse Pouzait patenteia um sistema que permitia parar o ponteiro dos segundos sem afetar a marcha dos minutos e das horas. Em 1821, o francês Nicolas-Mathieu Rieussec concebeu um mecanismo que marcava espaços de tempo num papel com a ajuda de tinta para medir os tempos de uma corrida de cavalos – melhorando um processo anteriormente idealizado por

1. A. Lange & Söhne Tourbograph “pour le mérite“

2. F.P.Journe CentigrapheS

3. Réplica Cronógrafo nicolas Rieussec

4. Jaeger-leCoultre Duomètre à Chronographe

5. Patente adolphe nicole

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Frédéric-Louis Fatton, um dos melhores pupilos do grande Abraham-Louis Breguet. Mas o sistema dito encreur desse cronógrafo gráfico era pouco prático, sendo necessário substituir o mostrador e recarregar o tinteiro...

o primeiro cronoscópio propriamente dito com um ponteiro de segundos que podia ser acionado para arrancar, parar e regressar a zero foi criado pelo suíço Adolphe Nicolet, que concebeu uma pequena roda em forma de coração capaz de permitir o retorno ao zero do ponteiro do cronógrafo a partir de qualquer posição. o engenhoso sistema cronográfico independente e ativado à vontade do freguês foi desvelado numa exibição em Londres, no ano de 1862, e marcou a génese do cronógrafo dos tempos modernos: tornava-se realidade o instrumento agora largamente divulgado sob o nome de cronógrafo, mas que deveria chamar-se cronoscópio.

o cronógrafo acompanhou a revolução industrial, ajudando a sistematizar os horários de trabalho e a controlar a produtividade; tornou-se companheiro do patrão, do empregado, do engenheiro, do astrónomo, do cientista, do médico, do militar, do explorador, do desportista e até ajudou a salvar os astronautas do Apolo 13 – abrangendo significativamente toda uma sociedade que gradualmente começou a ser avaliada ao segundo. Com o cronógrafo, o homem moderno agarrou

o seu tempo, tornou-se dono da velocidade e da técnica ao longo do século XX.

a passagem para o pulsoA Primeira Guerra Mundial popularizou os relógios de pulso e a firma Moeris foi a primeira a apresentar o cronógrafo de pulso – que não era mais do que a adaptação de um cronógrafo de bolso/mão. A partir de 1910, as manufaturas relojoeiras começaram a miniaturizar os calibres cronográficos para melhor os acomodar às dimensões dos modelos de pulso – que logo se tornaram muito cobiçados nos cenários de guerra e sobretudo nas áreas da aviação e do automobilismo.

os primeiros exemplares cronográficos eram monopulsantes, acionados a partir de um único botão que comanda todas as operações cronográficas. Esse botão único – que, através de uma única pressão, faz regressar os ponteiros cronográficos dos segundos e dos minutos ao ponto de partida – apresenta-se integrado na coroa, assegurando assim a manutenção do equilíbrio estético das linhas da caixa. E por isso continua a ser adotado em alguns modelos de prestígio, embora Léon Breitling tenha inventado, em 1934, o sistema com dois botões (um para acionar o início e a paragem; o outro, para recolocar a zero) a ladear a coroa que se tornaria na configuração mais usual.

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Corda manual ou automáticaUm cronógrafo tem um mecanismo que gera energia, e o sistema de roda de colunas ou de cames aproveita essa potência para desencadear a função cronográfica, tal como no sistema de transmissão de um automóvel. Além da quase obrigatória contabilização dos segundos, a maior parte dos cronógrafos apresenta um ou dois totalizadores que indicam a acumulação do tempo em minutos e horas; as disposições mais habituais de mostrador são as tricompax (três submostradores: um para os segundos contínuos, mais dois acumuladores para os minutos e as horas) e as bicompax (segundos contínuos; totalizador de minutos).

os cronógrafos continuaram a ser alimentados por mecanismos de corda manual mais de uma vintena de anos após surgirem os primeiros mecanismos automáticos, porque a necessidade do rotor dificultava a arquitetura de um cronógrafo automático. Só em 1969, no final de uma corrida a dois que terminou praticamente empatada, a Zenith apresentou o seu calibre El Primero face ao calibre Chronomatic de um consórcio de marcas que incluía a Heuer-Leonidas, a Breitling, a Büren-Hamilton e a Dubois-Dépraz. Se a Segunda Guerra Mundial tinha glorificado e popularizado o cronógrafo, as décadas seguintes assistiram à proliferação dos relógios automáticos e a clientela

da altura deixou de querer dar corda manual aos relógios – pelo que as vendas dos cronógrafos de corda manual baixaram drasticamente, forçando as companhias especializadas a aguçar o engenho e apresentar a solução técnica para o desafio.

Tipologias mecânicasAtualmente, não existem grandes diferenças de qualidade ou mesmo de preço entre os relógios de corda manual e automática – mas, para além dessa distinção entre o fornecimento de energia por via manual ou através de um rotor, existem outros tipos de tipologia na arquitetura dos cronógrafos mecânicos.

Há os mecanismos cronográficos integrados: calibres concebidos de raiz para serem cronógrafos, com o mecanismo do cronógrafo inserido na arquitetura do calibre; e há os cronógrafos modulares, assentes num módulo dotado de todas as peças suplementares relacionadas com a função cronográfica e que é acoplado ao mecanismo de base com horas, minutos e segundos. Pode ver-se se a construção é integrada ou modular através do posicionamento dos botões do cronógrafo em relação à coroa: se não estão ao mesmo nível, é modular, porque os botões estão alinhados com o módulo cronográfico, enquanto a coroa está alinhada com o calibre de base.

1. Esboços Graham Chronofighter

2. Graham Chronofighter oversize diver

3. TAG Heuer F1 mclaren4. Jaeger-LeCoultre

amvoX7 Chronograph

5. Desenhos técnicos, amvoX Chronograph

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Os cronógrafos mecânicos tradicionais continuam a ser a grande variante de culto para os aficionados da relojoaria.

1. A. Lange & Söhne roda de colunas

2. TAG Heuer audi motorsport

3. TAG Heuer mikrogirder

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No cronógrafo de roda de colunas, que equipa calibres cronográficos de grande prestígio, é precisamente uma pequena roda com colunas a controlar o arranque, a paragem, o regresso a zero e o reinício do cronógrafo; os custos de produção são mais elevados e o mecanismo só pode ser montado por um mestre relojoeiro altamente especializado. o cronógrafo de cames, presente nos cronógrafos de preço mais acessível, foi criado para ser alternativa aos calibres com roda de colunas – uma peça que requeria muito trabalho à mão e que encarecia substancialmente a produção.

Flyback e rattrapanteTambém mais valiosas são duas variantes mais aperfeiçoadas dos cronógrafos tradicionais: os que são dotados de flyback (retour en vol, retorno instantâneo) e de rattrapante (ponteiro de recuperação). A função flyback destinava-se a facilitar o manuseamento por parte dos pilotos de aviação, que com um simples carregar de botão faziam regressar o ponteiro do cronógrafo ao zero e retomar instantaneamente uma nova contagem: em vez da tradicional paragem com o botão de cima, retorno ao zero com o botão de baixo e recomeço com o botão de cima, basta carregar no botão de baixo que o ponteiro dos segundos retorna ao zero e instantaneamente começa uma nova contagem. Um cronógrafo com rattrapante tem um segundo ponteiro acoplado ao ponteiro do cronógrafo; esse segundo ponteiro da contagem dos segundos, após ser travado, recupera (rattrape) instantaneamente o atraso de modo a juntar-se ao outro e, graças aos dois ponteiros independentes, permite controlar a duração de duas ou mais sequências iniciadas ao mesmo tempo e calcular a diferença de tempo entre ambas.

Corrida à alta frequênciaHoje em dia, os principais desenvolvimentos técnicos prendem-se com mecanismos que dispensam óleo, que são dotados de uma reserva de corda superior e sobretudo que apresentam um batimento de alta frequência que permite a contagem analógica de pequenas parcelas de segundo. Tradicionalmente, os mecanismos cronográficos funcionavam a uma frequência que ia desde as 18.800 alternâncias/hora dos calibres mais antigos até às 36.000 (medida ao 1/10 de segundo) estabelecidas pelo El Primero, em 1969.

Na década passada, começaram a surgir modelos com ponteiro foudroyante e a TAG Heuer passou a elevar paulatinamente a fasquia.

o seu Calibre 360 decuplicou o índice anterior para 360.000 alternâncias/hora (1/100 de segundo) e, em 2011, o Mikrograph tornava-se no primeiro relógio de pulso a medir tempos até ao centésimo de segundo através de um ponteiro central graças a uma frequência de 360.000 alternâncias/hora (50 Hz), para, logo de seguida, o Mikrotimer apresentar cálculos até ao milésimo de segundo através de 3,6 milhões de alternâncias/hora (500 Hz); este ano, o Mikrogirder 2000 e sobretudo o Mikrogirder 10000 eclipsaram os registos anteriores graças à capacidade de ir para além dos 1/2000 de segundo mediante uma ultrafrequência de 7,2 milhões de alternâncias/hora graças a um calibre tão revolucionário que não tem balanço convencional nem espiral, baseando-se em três varetas de metal que trabalham juntamente com um oscilador linear que vibra de maneira isocrónica num ângulo muito fechado.

leitura originalDevido à sua grande popularidade, praticamente todas as marcas relojoeiras apresentam modelos cronográficos nas respetivas coleções e ultimamente tem havido também a crescente preocupação de conceber cronógrafos com sistemas originais de funcionamento ou leitura que vão para além dos tradicionais submostradores analógicos. Mas o experimentalismo dos fabricantes tem proporcionado variantes bem curiosas – desde a disposição digital do Porsche Indicator aos totalizadores retrógrados da Franck Muller, passando pelo gatilho de acionamento através da protuberante alavanca dos Graham Chronofighter e pelo acionamento vertical com pressão sobre a própria caixa nos modelos AMVoX da Jaeger-LeCoultre.

Claro que o advento dos mecanismos cronográficos de quartzo proporcionou diferentes soluções (sendo as variantes ana-digi as mais interessantes) e até conjugações híbridas com calibres mecânicos. Mas são escassos os modelos de quartzo com pedigree para poderem ser considerados juntamente com os cronógrafos mecânicos tradicionais, que continuam a ser a grande variante de culto para os aficionados da relojoaria.

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a nossa escolhaNuma sociedade que gradualmente começou a ser avaliada ao segundo, o homem moderno agarrou o seu tempo – tornando-se dono da velocidade e da técnica ao longo do século XX. o cronógrafo mecânico satisfaz esses parâmetros e personifica a mestria do tempo; dá a conhecer as horas e possibilita a medição de intervalos temporários na vida diária ou na atividade desportiva. A função cronográfica também torna o relógio mais interativo, e logo mais apelativo: o utilizador pode ‘brincar’ com ele, acionando e parando o mecanismo; pode medir o tempo do parquímetro, a cozedura de um ovo, a duração de uma viagem, a frequência da pulsação, a média de velocidade por quilómetro, a distância de uma tempestade que se aproxima... e fazer boa figura. Eis uma seleção de cinco cronógrafos que fazem a ponte entre o passado, o presente e o futuro.

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ponteiro centesimal TaG Heuer mikrographReferência: CAR5040.FC8177 | preço: € 50.000

o Mikrograph inspirou-se no cronógrafo de mão Mikrograph de 1916 (o primeiro instrumento do tempo a medir parcelas até ao 1/100º de segundo) e adotou a caixa do Carrera para se tornar no primeiro relógio de pulso com ponteiro cronográfico central a medir o 1/100º de segundo. Mecanismo cronográfico híbrido com certificado CoSC.

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Chocolate suíço

Rolex Cosmograph daytonaReferência: 116515LN | preço: € 23.950

o famoso cronógrafo Daytona surgiu recentemente declinado em duas versões com caixa em ouro rosa equipadas com luneta preta em Cerachrom que evidencia a escala taquimétrica. A versão com mostrador chocolate tornou-se especialmente cobiçada pela conjugação de cores quentes. Mecanismo cronográfico automático Rolex.

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pulsação elegante

patek philippeReferência: 5170J-001 | preço: € 66.340

Equipado com o calibre de corda manual CH 29-535 PS, este modelo é o paradigma do cronógrafo clássico de prestígio: em ouro amarelo, de proporções elegantes (39mm), mostrador branco opalino de grande clareza e escala de pulsações como nos relógios dos médicos de outrora. Tudo embrulhado com o Punção Patek Philippe.

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Terceira geração

Breguet Type XXIIReferência: 3880ST/H2/3XV | preço: € 17.500

Desenhado na década de 50 para os oficiais da marinha aeronaval francesa, o Type XX foi reeditado com sucesso e surge agora acompanhado da versão Type XXII, alimentada por um mecanismo de alta frequência (10 Hz: 72'000 alt/h) e escape/espiral em silício, com totalizador flyback ao centro e segundo fuso horário.

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peça de culto a. lange & Söhne datograph auf/aubReferência: 405.035 | preço: € 71.300

o Datograph é um dos cronógrafos de culto da alta-relojoaria e o seu mecanismo de corda manual foi considerado como um dos mais belos de sempre. Renovado recentemente, foi rebatizado Datograph Auf/Ab devido à inclusão de um indicador de reserva de corda; a caixa em platina também aumentou ligeiramente dos 39 para os 41 milímetros.

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Classe e perspetiva histórica com uma auréola neo-vintage perfeita e um

sofisticado mecanismo de manufatura.

Desde que foi recuperada como marca relojoeira de culto, a Panerai tem mantido uma notável trajetória – seguindo a mesma filosofia de estilo e aperfeiçoando-a até à exaustão com muita classe e perspetiva histórica. Especializada em relógios militares que ganharam notoriedade ao equipar os famosos mergulhadores italianos da Segunda Guerra Mundial e se tornaram cobiçadas preciosidades para os colecionadores, a marca fundada em Florença no ano de 1860 refloresceu a partir da década de 90 e logo influenciou a relojoaria contemporânea, não só graças à popularização dos tamanhos sobredimensionados, mas também pelo lançamento de reedições históricas ou reinterpretações de modelos do passado com uma utilização criteriosa de códigos estéticos bem definidos. o Luminor Marina 1950 3 Days Power Reserve insere-se perfeitamente nesse contexto e todos os detalhes lhe dão uma auréola neo-vintage perfeita. E se a vertente estética é de realçar, a parte mecânica não lhe fica atrás, com um sofisticado mecanismo de manufatura.

Exercício neo-vintageReferência PAM00423

movimento Mecânico de corda manual calibre Panerai P.3002; 21’600 alt/h; 3 dias de reserva de corda.

Funções Horas, minutos, pequenos segundos, indicador de reserva de corda, reset dos segundos.

Caixa Ø 47mmAço polido AISI 316L. Fundo em vidro de safira. Estanque até 100m.

mostrador Preto com numerais e indexes luminescentes. Pequenos segundos nas 9h e indicador de reserva de corda nas 4h.

Bracelete Correia personalizada em pele.

preço € 7.900

Em FoCo PANERAI luminor marina 1950 3 days power Reserve 47 mm

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Com caixa em aço inspirada num modelo histórico dos anos 40, que ditou o nascimento da caixa Luminor, este relógio apresenta o calibre P.3002, manufaturado pela Panerai, com indicação da reserva de corda. Saliento o óbvio estilo vintage e militar, reforçado pela correia, que em tudo é reflexo da identidade da marca italiana. Nuno Torres Anselmo 1910

Calibre de manufaturaA Panerai já na década de 40 procurava dotar os seus modelos de uma maior reserva de marcha e ao longo dos últimos anos tem insistido numa maior autonomia dos seus mecanismos de manufatura. o Luminor Marina 1950 3 Days Power Reserve tem um fundo transparente que deixa apreciar o calibre P.3002, com dois tambores de corda, balanço Glucydur de grande dimensão e dispositivo amortecedor Incabloc.

ponte sobre o tempoA coleção Panerai assenta maioritariamente em dois tipos de caixa: o Radiomir e o Luminor. A linha Radiomir tem a particularidade de apresentar um sistema especial de fixação da correia, enquanto os modelos Luminor identificam-se facilmente pela estrutura associada à coroa: uma espécie de ponte com uma pequena alavanca que, ao ser acionada, liberta a coroa para que se possa acertar ou dar corda ao relógio. o sistema, funcional e patenteado, contribui para uma estanqueidade perfeita.

Sanduíche envelhecidao destaque imediato do mostrador vai para o tom envelhecido da matéria luminescente utilizada nas indicações. o mostrador é elaborado segundo os parâmetros habituais da Panerai e consiste numa construção em sanduíche com dois discos intervalados por SuperLuminova. o disco superior negro apresenta as ranhuras para os indexes e algarismos de cor cáqui. o grafismo de inspiração militar inclui o tradicional submostrador para os segundos contínuos nas 9h e um indicador adicional de reserva de corda. Protegido por um vidro de safira com 3 mm de espessura.

Instrumento sobredimensionadoMesmo que também apresente modelos em matérias tão medievais como o bronze e tão avançadas como a cerâmica ou tão preciosas como o ouro e a platina, o aço é o metal de eleição para a Panerai – que utiliza sempre o melhor aço anticorrosão AISI 316L, esculpido no tradicional formato cushion, com o diâmetro sobredimensionado de 47 mm e com a sua superfície completamente polida, à exceção da ponte da coroa no caso do Luminor Marina 1950 3 Days Power Reserve. A forma característica dos Panerai permite-lhes não asfixiar os pulsos mais pequenos, mesmo nas versões maiores.

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Em FoCo FRANCK MULLER mariner Chronograph

a Casa Franck muller lançou a linha mariner, uma temática marítima adornada

com elementos simbólicos como a bússola e a rosa dos ventos..

Foi pela altura em que os Sitiados tornaram popular o tema «Vida de marinheiro» que a Franck Muller floresceu – o mestre genebrino teve a ousadia (para a altura) de lançar uma marca de alta-relojoaria com o seu próprio nome no início dos anos 90 e logo se tornou um fenómeno, por um lado, alicerçado pelas fascinantes complicações mecânicas de algumas das suas criações e, por outro, graças ao sucesso de uma linha que se tornaria emblemática: a Casablanca. E foi com base na linha Casablanca e no famoso formato Cintrée Curvex, mas passando da paleta cromática inspirada no Magrebe para uma temática marítima, que a casa Franck Muller lançou a linha Mariner, composta por relógios de três ponteiros e cronógrafos em aço ou ouro. As versões em aço são pintalgadas de um náutico azul; as versões em ouro rosa apresentam um espetacular contraste entre o preto e o dourado no mostrador, adornado com elementos simbólicos típicos do mar, como a bússola e a rosa dos ventos. Com um Mariner no pulso, a vida de marinheiro não dá cabo de ninguém...

Heróis do mar

Distinto, elegante e poderoso. O novo Mariner é o exemplo perfeito de como a caixa Cintrée Curvex aliada ao calor do ouro rosa surge como a moldura certa para um mostrador negro que se distingue pela beleza dos detalhes – em particular os motivos marítimos e o requinte da decoração. José Teixeira Ourivesaria Camanga

Referência 9080CCDTRELMAR/oVPR

movimento Mecânico de corda automática; reserva de corda de 46 horas.

Funções Horas, minutos, segundos, data, cronógrafo.

Caixa ouro rosa 18 kt. Vidro de safira. Estanque até 30 metros.

Dimensões 43,3 mm x 60,5 mm

Bracelete Cauchu com fecho de báscula em PVD e com o símbolo da FM em ouro ou em pele de aligátor com fivela em ouro rosa 18 kt.

preço € 38.020

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Suporte à prova de marA linha Mariner faz-se acompanhar de braceletes negras em borracha vulcanizada à prova de água, sal e sol. As características antialérgicas e moldáveis do cauchu também fazem com que a bracelete – que está equipada com um fecho de báscula personalizado e no mesmo material precioso da caixa – seja confortável e se adapte bem ao pulso, sobretudo no calor do verão e na humidade provocada pelo suor ou pelas circunstâncias marítimas. Mas também se pode encomendar correias em pele de aligátor com fivela em ouro para um look mais formal.

Força motrizA especificidade mecânica é transposta para o mostrador através de dois submostradores: na posição das 3h, encontra-se o totalizador dos minutos do cronógrafo e, na das 9h, os pequenos segundos contínuos. o ponteiro de contagem dos segundos do cronógrafo está situado ao centro. Nas 6h, uma janela desvela a data.

para não perder o norteNo mostrador negro, com decoração guilloché soleil e pormenores em dourado, sobressaem os elementos náuticos associados à coleção: os pontos cardeais e uma rosa dos ventos. Em destaque, surgem ainda os algarismos estilizados Franck Muller de cor dourada debruados a branco. Todos os ponteiros têm revestimento luminescente.

Detalhes específicoso Mariner Chronograph alia o espírito desportivo da função cronográfica à excelência do ouro rosa num relógio de grande prestígio. A emblemática caixa Cintrée Curvex, idealizada por Franck Muller a partir de três eixos e de complexa construção, surge num formato possante e acompanhada de elementos distintivos na linha Mariner: uma plataforma lateral onde estão inseridos a coroa e os botões do cronógrafo revestidos a cauchu negro para melhor contrastar com o dourado da caixa.

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Em FoCo A. LANGE & SöHNE Saxonia Thin

o mais plano relógio feito pela a. lange & Söhne que traduz fielmente as suas

raízes germânicas num visual frio, minimalista e sofisticado.

Mesmo que ao longo da última década se tenha verificado um aumento na média do diâmetro dos relógios de qualidade e a proliferação de modelos sobredimensionados ou desportivos, as versões mais elegantes nunca passaram de moda – e até se tem assistido ultimamente a um forte regresso aos códigos da chamada relojoaria clássica, que vão desde uma estética depurada no mostrador até à espessura mínima possível. o Saxonia Thin da A. Lange & Söhne representa tudo isso e está também disponível numa combinação em ouro branco que traduz fielmente as suas raízes germânicas graças a um visual frio, minimalista e sofisticado. Trata-se do mais plano relógio jamais feito pela histórica manufatura de Glashütte, medindo apenas 5,9 milímetros de espessura – graças a um mecanismo de apenas 2,9 milímetros! – contra os 7,8 milímetros dos seus ‘primos’ da linha Saxonia, tanto o de corda manual como o automático. o diâmetro de 40 milímetros é ideal para pulsos modernos, e a conjugação das proporções com os elementos de estilo torna a pureza do Saxonia Thin irrepreensível.

Referência 211.026

movimento Mecânico de corda manual calibre L093.1; 21’600 alt/h; 72 horas de reserva de corda.

Funções Horas e minutos.

mostrador Prateado com indexes em ouro branco.

Caixa Ø 40 mmouro branco. Vidro e fundo de safira. 5,9 mm de espessura.

Bracelete Pele negra de crocodilo cosida à mão.

preço € 20.500

Fina elegância

Pureza e simplicidade de linhas num relógio de pulso excecional. A caixa impressiona, mas é o interior que tem mais a dizer: afinal, em termos de relojoaria mecânica, só um calibre minuciosamente trabalhado tem lugar numa caixa de espessura tão reduzida. E o fundo permite contemplar esta maravilha em funcionamento. Paulo Torres Torres Joalheiros

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Excelência e prestígioA manufatura A. Lange & Söhne é a única a rivalizar com as melhores marcas suíças no pináculo da alta-relojoaria. A sua história é épica e inclui a sobrevivência aos bombardeamentos da Segunda Guerra Mundial e o asfixiamento face ao jugo comunista da Alemanha de Leste durante várias décadas até à queda do Muro de Berlim. Quando os herdeiros da dinastia Lange puderam regressar às origens, deu-se uma notável ressurreição e tanto a qualidade estética como mecânica dos relógios de pulso contemporâneos mais do que respeitaram a excelência das criações destinadas aos imperadores de outrora.

discreto charmeo Saxonia Thin está somente disponível em metal precioso – caixas em ouro branco ou rosa, com uma proporção clássica que é simultaneamente moderna graças aos seus 40 mm de diâmetro que não desequilibram em nada os escassos 5,9 de espessura. A superfície alternadamente polida e escovada oferece excelentes jogos de luz que abrilhantam a sobriedade do conjunto, que se faz acompanhar de uma correia de pele de crocodilo da Luisiana com fivela de ouro personalizada.

ouro com prata maciçaA intransigência da manufatura germânica quanto aos seus princípios estéticos revela-se num mostrador que se cinge ao que é absolutamente essencial. Construído em prata maciça, dispensa mesmo qualquer indicação dos segundos e a utilização de algarismos que pudessem beliscar a pureza do mostrador. os ponteiros em ouro são galvanizados e combinam perfeitamente com os indexes das horas.

Extrema delgadezo Saxonia Thin mostra um emagrecimento de quase 2 mm na espessura. o segredo pode ser conhecido através do fundo transparente, que desvela o calibre ultraplano de corda manual com 2,9 mm de altura, composto por 167 peças, 21 rubis e 3 chatôns de ouro aparafusados. o mecanismo assenta numa platina de três quartos em prata e é decorado à mão segundo os elevados padrões ancestrais de Glashütte.

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Em FoCo JAEGER-LECoULTRE deep Sea Chronograph

a melhor sequência ao deep Sea vintage Chronograph num exercício de estilo tornado num atraente clássico moderno: o deep Sea Chronograph

Costuma dizer-se que os clássicos são eternos – e a Jaeger-LeCoultre voltou a comprová-lo no ano passado com o Memovox Tribute to Deep Sea Alarm, um relógio despertador em tiragem limitada que homenageou um original de 1959 e cujo sucesso inspirou posteriormente o Deep Sea Vintage Chronograph, um cronógrafo que nunca antes tinha existido no catálogo da marca, mas que foi concebido com os mesmos códigos estéticos da reedição. Mais recentemente, a histórica manufatura de Le Sentier deu a melhor sequência ao Deep Sea Vintage Chronograph num exercício de estilo tornado num atraente clássico moderno: o Deep Sea Chronograph, que mistura um visual da velha guarda com pormenores contemporâneos. Maior e mais desportivo do que os seus antecessores com a chancela Deep Sea, mas evocando sempre o espírito reminiscente de um período épico na história dos cronógrafos de pulso, apresenta os critérios impostos aos relógios de mergulho pelo parâmetro ISo 6425 e não perde nunca a elegância... seja sob a manga de um fato ou em ambiente subaquático!

Clássico modernoReferência 2068570

movimento Mecânico de corda automática calibre JLC 758; 28’800 alt/h; 65 horas de reserva de corda.

Funções Horas, minutos e pequenos segundos, cronógrafo e indicador de funcionamento do cronógrafo.

mostrador Preto com numerais e indexes luminescentes. Indicador de funcionamento do cronógrafo acima dos ponteiros.

Caixa Ø 42mmAço. Fundo em vidro de safira. Estanque até 100 metros.

Bracelete Correia personalizada em pele com fivela.

preço € 9.000

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Apelando ao coração dos amantes da relojoaria, a reedição do Memovox Deep Sea apela também aos apaixonados mais saudosistas. É por isso que uma nova versão cronográfica com elementos contemporâneos e testada em condições reais de mergulho está a ser muito bem recebida. António Machado Machado Joalheiros

Um detalhe aeronáuticoo mostrador negro tricompax (por oposição ao bicompax Deep Sea Vintage Chronograph) exibe um detalhe especial: um disco vermelho e branco que surge numa abertura nas 12h e que se inspira no Chronoflight, cronógrafo que equipava os painéis de instrumentos de aviões civis militares na década de 30. Quando o processo de cronometragem está em marcha, o disco roda e existe uma alternância entre o branco e o vermelho que é visível mesmo debaixo de água; quando o cronógrafo está parado e pronto para ser ativado, o indicador exibe apenas a cor branca.

do vintage ao contemporâneoos dois modelos Deep Sea de características vintage apresentavam vidros plexiglass convexos e pintura luminescente artificialmente envelhecida para um visual antigo. o Deep Sea Chronograph conjuga o retro com o moderno, com materiais e soluções contemporâneas: vidro de safira, luneta rotativa unidirecional, luminescência branca que permite a leitura em águas turvas, estanqueidade até 100 metros, propriedades antimagnéticas e 1,5 mm acrescentados ao diâmetro.

motor submarinoo Calibre 758, mecanismo cronográfico integrado, inteiramente concebido na manufatura com roda de colunas. A função cronográfica, que pode ser ativada debaixo de água, é legível através de totalizadores das horas (nas 9h) e dos minutos (nas 3h), com ponteiro dos segundos ao centro. o submostrador nas 6h está reservado para os segundos contínuos.

Caixa e equipamentoA caixa é adornada por uma luneta preta e por botões circulares que ladeiam a coroa. A correia de pele escolhida tem um revestimento que a torna impermeável e é perfurada para evocar de maneira exata as correias que equipavam o modelo Deep Sea Alarm de 1959. A estética neo-retro é mais elegante do que o caráter mais radical e desportivo dos modelos Master Compressor Extreme ou Master Compressor Diving da Jaeger-LeCoultre.

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Em FoCo GRAHAM Chronofighter oversize Wildlife Black Sahara

o Chronofighter surge agora numa linha Wildlife que tresanda a aventura e que

tem alguns elementos de estilo militar à mistura.

Grande ícone da Graham, o Chronofighter tem vindo a ser declinado, sobretudo, em diversas versões urbanas ou desportivas – desde o modelo base inspirado na aviação até ao Chronofighter GMT, com segundo fuso horário, e o Chronofighter oversize Diver, para mergulho. Mas a família do emblemático cronógrafo com alavanca de acionamento não para de crescer e surge agora dotada de uma linha Wildlife que tresanda a aventura e que tem alguns elementos de estilo militar à mistura, com modelos dotados de arquitetura e de motorização diferentes. De todos eles, o Chronofighter Black Sahara destaca-se e evoca o imaginário dos filmes Lawrence da Arábia e O Paciente Inglês. «Apesar do visual marcante, desenvolvemos os novos modelos mais como engenheiros do que como designers e tendo em vista uma excecional relação preço/qualidade», confessou o CEo da marca, Eric Loth. A combinação entre a caixa e a alavanca é distinta, os materiais usados também e a estética final dá vontade de partir num safari... ou de alistar na Legião Estrangeira!

Instrumento de aventuraReferência 2CCAU.B02A

movimento Cronógrafo mecânico de corda automática calibre G1747; 48 horas de reserva de corda; 28’800 alt/h; 25 rubis.

Funções Horas, minutos, segundos, data, cronógrafo com botão de reset e alavanca start & stop.

mostrador Ponteiros e números com SuperLuminova bege.

Caixa Ø 47mmAço com tratamento PVD preto. Luneta em cerâmica preta. Vidro de safira (tratamento antirreflexos dos 2 lados), estanque até 100 m.

Bracelete Tecido com fivela (cerâmica preta).

preço € 4.800

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Bem conseguida a renovação da linha Chronofighter Oversize com modelos de estilo particularmente aventureiro. Na versão Black Sahara, o misto de classe oferecido pelas cores e de arrojo determinado pelas novidades técnicas fazem deste um modelo para pulsos destemidos, tanto no escritório, como em pleno deserto. Pedro Rosas David Rosas

nova motorizaçãoo Chronofighter oversize Black Sahara é alimentado pelo calibre G1747, baseado no fiável Valjoux 7750. A disposição dos submostradores também é diferente do habitual na coleção Chronofighter: totalizador dos minutos nas 6h e pequenos segundos contínuos nas 3h; o ponteiro cronográfico dos segundos é central e a data surge num pequeno óculo aberto entre as 8/9h.

mostrador de exploradoro visual evoca conquista e aventura – a começar pela conjugação cromática entre o preto, o bege e o cáqui. o mostrador é estilizado com algarismos romanos com pintura luminescente SuperLuminova bege e faz-se acompanhar de uma escala telemétrica, em vez do taquímetro nas versões racing do Chronofighter, permitindo medir uma distância em quilómetros com base na velocidade do som: inicia-se a cronometragem quando se avista um relâmpago e para-se quando se ouve o trovão; o ponteiro do cronógrafo indica, na escala telemétrica, a distância que separa o observador do local onde ocorreu o fenómeno.

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Gatilho rápidoA alavanca de acionamento é construída à base de uma única e sofisticada peça de carbono. Inspira-se nos cronógrafos dos pilotos da Segunda Guerra Mundial, que só podiam ser manejados com luvas a temperaturas de -30º e a 10km de altitude – daí a alavanca, idealizada com princípios ergonómicos para otimizar a utilização das funções cronográficas através do dedo mais rápido: o polegar, que, sendo independente dos restantes dedos, reage algumas décimas de segundo mais depressa para o processo arranque/paragem da cronometragem.

nova personalidadeo diâmetro de 47 mm também pode ser encontrado em outras linhas Chronofighter, mas tanto a caixa (em aço com PVD negro) como a luneta (em cerâmica negra) e a alavanca (um monobloco de carbono esculpido) são concebidos de modo distinto. A bracelete em têxtil técnico é o complemento ideal, não só na cor como na matéria.

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Limar, chanfrar, aparafusar, polir, montar, cravar, ligar... A alta-relojoaria continua, ainda hoje, a resultar dos mais variados ofícios tradicionais e artes decorativas. Cada peça é minuciosamente trabalhada para, aliada a outros elementos, dar vida a um relógio supremo. Como os modelos aqui reunidos...

anglage, perlage... bricolage

a. lange & Söhnedatograph perpetualRef: 410.025preço: sob consulta

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Chopardl.U.C Chrono oneRef: 168520-3001preço: € 12.160

Fotografia: Nuno CorreiaRealização: Ricardo Preto pós-produção: Miguel Curto

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patek philippe 10 Jours Tourbillon / Referência: 5101 / preço: Sob consulta

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Franck muller Casablanca automatic Chronograph / Referência: 8880CCCDT/oVSAPR / preço: € 26.740

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116Jaeger-leCoultre master Grande Tradition Tourbillon à Quantième PerpetuelRef: Q500242Apreço: € 110.000

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Franck mullervintageRef: 7421BS6/oVBRVpreço: € 13.500

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118montblanc villeret vintage Chronograph / Ref: 106167 / preço: € 40.600

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Breguet Classique / Ref: 5327BR 1E 9V6 / preço: € 61.200

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120Jaeger-leCoultremaster Compressor diving pro GeographicRef: Q185T770preço: € 23.100

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TaG Heuer Carrera Calibre 17 Jack HeuerRef: CV2119.FC6310preço: € 4.750

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Performance e fiabilidade são conceitos que fazem parte da matriz da TAG Heuer, empresa marcada pelo desenvolvimento tecnológico, pela constante procura de novas soluções que acrescentem precisão aos seus produtos. Mas é também conhecida pela beleza dos seus modelos de linhas intemporais, ou pela sedução e pelo arrojo associados à sua imagem, que esperamos ter sabido reproduzir.

Realização: Ricardo PretoFotografia: Nuno Correiamake-up: Náná BenjaminCabelos: Helena Vaz Pereiramodelo: Aline Boko@L’agence

Technologie d'avant-garde

TaG Heuer Grand Carrera Calibre 8 RS GmTReferência: WAV5111.BA0901preço: € 4.600

Casaco Lanvin na Loja das Meias

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TaG Heuer Carrera Chronograph Calibre 1887Referência: CAR2014.FC6235preço: € 5.800

Vestido Nuno Baltazar

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TaG Heuer Formula 1 Ceramic pavéeReferência: WAH1219.BA0859preço: € 4.350

Ponche Dior na Loja das Meias Cuecas IntimissimoMeias CalzedoniaBotas João onofre

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TaG Heuer Formula 1 CeramicReferência: WAH1210.BA0859preço: € 1.500

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TaG Heuer Grand Carrera Caliper Calibre 36 RSReferência: CAV5186.FC6304preço: € 9.350

Gola em pelo Dries Van Noten

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TaG Heuer monaco Calibre 12Referência: CAW211K.FC6311preço: € 5.650

Calção La Perla

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TaG Heuer aquaracer Quartz ladyReferência: WAF1320.BB0820preço: € 2.950

TaG Heuer Carrera Chronograph 1887Referência: CAR2111.FC6291preço: € 4.750

Blusão Nike Saia Malene Birger

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TaG Heuer Carrera Chronograph Calibre 1887Referência: CAR2012.FC6236preço: € 5.800

TaG Heuer Grand Carrera Calibre 8 RS GmTReferência: WAV5112.FC6231preço: € 4.600

Meias Calzedonia

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© BMW

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EnTREvISTa BMW SAILING ACADEMY

a sustentável leveza de ser BmWPor Paulo Costa Dias

Competição, performance, desafio, liberdade, paixão ou prazer são termos e conceitos que

facilmente associamos à marca BMW e aos automóveis que produz. O termo ‘vento’ nem por isso.

no entanto, nunca o vento e tudo o que ele ensina foram tão importantes para a marca alemã, e

não só no que respeita ao desporto da vela e à formação que a BMW Sailing Academy proporciona.

Para além da importância do vento e do mar nas artes de navegação, estes elementos influenciam hoje a construção automóvel da marca bávara como nos disseram Paulo Almeida [pa], diretor de marketing da BMW, João Trincheiras [jt], diretor de comunicação da BMW e Bernardo Queiroz [bq], gestor da Sailing Academy (Terra Incógnita).

de onde vem a relação da BmW com a vela?[pa] Em 2002, surgiu a primeira colaboração com a oracle Racing Team para participar na America’s Cup (AC), com o objetivo de ganhar a competição desportiva mais difícil, mais prestigiada e mais antiga do mundo. Esta ligação à água e a tudo o que rodeia o tema ‘planeta e as práticas ambientais’ é muito querida à BMW e, portanto, apesar da saída da AC depois da vitória, a ligação à vela manteve-se a nível global.

a BmW Sailing academy surge dessa necessidade de dar continuidade ao posicionamento da marca neste setor desportivo?[pa] Sim, foi dessa necessidade que criámos a BMW Sailing Academy em Portugal, em 2009, com dois objetivos: a competição e a formação. A questão competitiva domina todos os desportos e, por isso, sentimos muito orgulho por termos das melhores competições de vela nacionais, a BMW Sailing Cup. o vencedor anual vai à final internacional, que, no ano passado, foi na Turquia, há dois anos, em Cascais, e há três anos, na Nova Zelândia. Em todas elas, Portugal tem ficado muito bem

Há muitas marcas que estão associadas ao golfe, enquanto a vela, neste momento, é uma atividade mais diferenciadora. João Trincheiras Diretor de comunicação da BMW Group

classificado – no ano passado, ficou em primeiro lugar e, há dois anos, em segundo lugar. Somos, de facto, um país com uma ligação à vela de que nos podemos orgulhar. ora, a BMW Sailing Academy permite, por um lado, organizar estas regatas, fazer parte deste mundo de competição e, por outro lado, permite criar velejadores e incentivar o desporto da vela no País.

Transferiram o vosso foco para os amantes da vela, em vez dos do golfe?[pa] Não, temos uma ligação forte ao golfe que se mantém em Portugal. o mercado está a cair 42 % em junho e, portanto, há que tomar decisões que gostaríamos de não tomar. Com o orçamento restrito que temos, dedicámo-lo à vela enquanto atividade fora do desporto automóvel, mas eu gostava de dizer que não é uma decisão definitiva, porque vamos retomar o golfe rapidamente. Decidimos agora ir para outras paragens, navegar outras águas, por razões de posicionamento da marca, mas, sobretudo, por razões económicas.

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A colaboração com a Oracle para a AC deu-nos muita experiência a trabalhar o carbono, a engenharia ultralight, o design, e tirámos disto muitos ensinamentos tecnológicos. No que respeita aos aspetos ecológicos, de design e de aerodinâmica, a vela tem muitos ensinamentos a dar. Paulo Almeida Marketing Manager da BMW

[jt] E achamos que há muitas marcas que estão associadas ao golfe, enquanto a vela, neste momento, é uma atividade mais diferenciadora.

Com a sorte de ter o Tejo dentro da cidade…[pa] É uma coisa espetacular. Por exemplo, mesmo quando não está vento em Lisboa, na enseada de Algés está sempre, e, com estas condições, nunca houve nenhum evento que não tivesse sido feito por falta de vento.

[jt] E, tirando o Mar da Palha, o Tejo tem sempre profundidade, tem o mar ali à frente, está dentro da cidade e é uma zona muito versátil para quem anda a ganhar experiência.

[bq] Estamos ao pé de Cascais, um dos melhores sítios do mundo para fazer vela, onde todos os grandes eventos náuticos mundiais aportam. Mas Cascais tem um problema: é mar aberto e, quando há ventos de sudoeste, entra vaga, entra vento e fica intransitável. Dentro do rio, podemos navegar o dia inteiro, que é o que queremos para os clientes da BMW. Estamos perto do oceano, perto de um excelente local de regatas e, ao mesmo tempo, estamos dentro do rio, o que nos permite, no inverno, ter águas abrigadas.

Em que medida é que a vela de recreio se enquadra na filosofia de performance e de tecnologia da BMW?[pa] Para os entendidos e mesmo para os iniciados, o desporto da vela tem um grau de exigência muito, muito grande e tem as suas bases concetuais muito ligadas ao design e à precisão. o design é claramente um dos pontos centrais que pretendemos melhorar na produção de automóveis, e fazemo-lo sempre que lançamos um produto novo. Por outro lado, temos o apelo ao Planeta e à sua sustentabilidade. Este é um desporto não poluente, e nós temos dos motores mais limpos do mundo. A colaboração com a oracle para a AC deu-nos muita experiência

a trabalhar o carbono, a engenharia ultralight, o design, e tirámos disto muitos ensinamentos tecnológicos. No que respeita aos aspetos ecológicos, de design e de aerodinâmica, a vela tem muitos ensinamentos a dar. Daqui a pouco, vamos lançar uma submarca onde é tudo pensado na ótica da poluição zero, desde a produção, passando pela utilização e terminando no fim do ciclo de vida do automóvel. E depois, um casco a rasgar a água é das coisas mais bonitas de se ver.

[jt] É a nossa forma de estar nesta indústria, com uma perspetiva de futuro. Vamos utilizar muita tecnologia de materiais compósitos nos novos produtos da BMW, que vão ter, por exemplo, o chassis feito integralmente em fibra de carbono, uma tecnologia muito comum na vela.

Ou seja, o que dantes iam buscar à F1, vão agora buscar à vela...(risos) [pa] Acho que se podem ir buscar coisas diferentes a sítios diferentes. A F1 foi uma colaboração de dez anos de grande sucesso, nomeadamente na construção de motores, embora não tenhamos ganhado em competição – o que é importante para nós. Com alguma vaidade, podemos dizer que fazemos dos melhores motores do mundo, e os prémios anuais que recebemos sublinham esse esforço. Por exemplo, fomos a marca com os melhores índices de sustentabilidade durante seis anos consecutivos. Fazemos investimentos brutais para nos prepararmos para o futuro, para sermos bem recebidos pela sociedade. Tirámos muitos e bons ensinamentos da F1, mas agora estamos na vela.

EnTREvISTa BMW SAILING ACADEMY

Leia a entrevista completa em: www.espiraldotempo.com

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paulo almeida [pa]Marketing Manager da BMW

João Trincheiras [jt]Diretor de comunicação da BMW Group

Bernardo Queiroz [bq]Gestor da Sailing Academy (Terra Incógnita)

Instalações BMW Sailing AcademyDoca de Santo Amaro

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GadGETS

Espírito urbanoAgora disponível em Portugal, o novo Freelancer Urban Black da Raymond Weil é um cronógrafo de linhas urbanas que vem oferecer à coleção Freelancer um toque de sofisticação e de atualidade. o preto, como look total, é a grande aposta, mas os apontamentos em vermelho forte nos ponteiros do cronógrafo e na escala taquimétrica, bem como o branco contrastante dos números contribuem, sem qualquer dúvida, para o caráter simultaneamente elegante e desportivo desta peça.

Raymond Weil Freelancer Urban BlackMais informações: www.torresdistrib.com

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Eco high techPorque ajudar a manter o equilíbrio no nosso Planeta está nas mãos de cada um, a Audi sugere uma solução ecológica e inovadora para a mobilidade urbana que une técnicas artesanais e tecnologia de vanguarda. A Audi Duo Bicycle foi o resultado da parceria da divisão americana da Audi com a Renovo Hardwood Bicycles – uma empresa especializada na criação de quadros de bicicleta em madeira. Como seria de esperar, o grande segredo desta bicicleta é precisamente o quadro monobloco integralmente concebido em madeira e que garante uma ótima absorção de impactos e vibrações. De salientar, ainda, a extrema e inesperada leveza e um design muito apelativo. Está disponível em três diferentes versões.

Bicicleta audi duoMais informações: www.audi-collection.com

Touch meA Apple apresentou o iPod nano de sétima geração, com linhas totalmente redesenhadas e uma espessura de apenas 5,4 mm – quase 40% mais fino do que a versão anterior. Disponível em diversas e animadas cores, pesa 31 gramas e tem agora um ecrã multitoque maior de 2,5’’, um botão ‘Home’ e uma autonomia de 30 horas de reprodução de música. os amantes do desporto vão gostar de saber que inclui um sintonizador FM e um pedómetro, bem como os auriculares Earpod da Apple, agora redesenhados.

apple ipod nanoMais informações: www.apple.com

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GadGETS

viajante do tempoSe a coleção TimeWalker da Montblanc reflete, desde o seu lançamento, o lado mais moderno da casa suíça, o cronógrafo Twinfly reflete o seu lado mais desportivo. Equipado com um movimento próprio Montblanc, distingue-se pelos tons acinzentados e por um mostrador de dimensões respeitáveis que garante excelente legibilidade. Aqui apresentado na variante Chronovoyager UTC, oferece, além das horas e cronógrafo flyback, um indicador de 24 horas com segundo fuso horário e indicador dia/noite.

montblanc TimeWalker Chronovoyager UTCMais informações: www.montblanc.com

pureza de somA Ferguson Hill surge como uma lufada de ar fresco no domínio das tecnologias de som. Prova disso mesmo é o FH 007 Mini Speaker System, um fantástico sistema de som que desperta curiosidade pelas suas linhas inovadoras e original design que aposta na transparência para evitar ao máximo a interferência com o espaço. As quatro colunas são concebidas num material acrílico e moldadas em forma de funil e de esfera garantindo um som cristalino e a projeção com clareza dos mínimos ruídos. Este sistema é compatível com computador, televisão e iPhone.

FH 007 mini Speaker SystemMais informações: www.fergusonhill.co.uk

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Comunicação de vanguardaDepois do MERIDIIST e do TAG Heuer Link, a TAG Heuer desafia agora os amantes da tecnologia de vanguarda com o TAG Heuer Racer. Um smartphone inspirado na competição automóvel e na aeronáutica que se distingue não só pelas linhas inovadoras, como também pelos materiais utilizados – titânio grau 2, fibra de carbono, PVD preto, aço inoxidável 316L... Projetado na Suíça, construído em França e dotado do sistema operativo Android, o novo TAG Heuer Racer surge com um novo, rápido e completamente personalizável interface 3D. Detalhe de exceção: inclui, como widget, um relógio TAG Heuer animado com base em alguns modelos da coleção de relógios TAG Heuer.

TaG Heuer night Racer TitaniumMais informações: www.torresdistrib.com

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a. lange & SöhneGreat Timepieces from Saxony

/ Textos Reinhard Meis / Edição Antique Collectors´ Club, 2012

Dois volumes dedicados em exclusivo à história e aos instrumentos do tempo da casa A. Lange & Söhne com o rigor de um conceituado nome no que diz respeito às publicações sobre relojoaria. Reinhard Meis embarca numa viagem no tempo ao encontro das origens da marca saxónica, desde a sua fundação, e traça a sua evolução e o modo como se desenvolveu longe dos ditos grandes centros de efervescência relojoeira – Suíça, Inglaterra e França – , sempre nas mãos de várias gerações da família fundadora, até ao seu renascimento em 1990, por ocasião da reunificação alemã. Profusamente animados por ilustrações de grande qualidade, os dois volumes oferecem assim uma visão detalhada da história da marca em dois diferentes momentos: o primeiro volume faz um retrato da indústria relojoeira em Glashütte depois do estabelecimento da marca; o segundo volume descreve a saga que foi a vida de Ferdinand A. Lange e todo o percurso da marca até aos dias de hoje. Em destaque também o elenco minucioso de relógios, patentes e designs únicos, bem como um apanhado de grandes peças do atual portefólio da A. Lange & Söhne, que surge em jeito de conclusão de modo a salientar o papel da marca como referência indiscutível no atual panorama da indústria relojoeira.

lIvRoS

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Five Jaeger-leCoultre Yearbook 2012

/ Textos Vários autores; Prefácio de Jérôme Lambert

/ Edição Jaeger-LeCoultre, 2012

É sempre uma obra aguardada com grande expectativa. o lançamento anual de um livro Jaeger-LeCoultre dedicado a uma ou várias temáticas constitui um acontecimento para os aficionados da marca. Em causa está uma compilação absolutamente fantástica de imagens, combinada com soluções gráficas e textos originais. Este ano, o tema selecionado foi o Reverso, no seguimento das celebrações do 80º aniversário do relógio reversível de pulso. o desafio foi a abordagem deste ícone da marca através daquele elemento que o torna único: a dualidade. Sempre em grande formato, uma obra imprescindível em qualquer biblioteca relojoeira.

Royal oakaudemars piguet

/ Textos Martin K. Wehrli e Heinz Heimanni/ Edição Audemars Piguet, 2012

Para comemorar o 40.º aniversário do Royal oak, o primeiro relógio desportivo de luxo, a Audemars Piguet lançou um livro de 300 páginas consagrado à história deste perene e lendário modelo, desenhado por Gerald Genta. A obra traça os 137 anos de história da manufatura Audemars Piguet e narra as quatro décadas do Royal oak, desde a sua criação, em 1972. o livro surge no contexto da exposição itinerante sobre o 40.º aniversário do modelo, que se iniciou em Nova Iorque, e que passa por Milão, Paris, Beijing, Singapura e Dubai.

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a. lanGE & SöHnE www.alange-soehne.comTorres Joalheiros www.torres.pt 213 472 753

aUdEmaRS pIGUET www.audemarspiguet.com

David Rosas www.davidrosas.com 226 061 060Machado Joalheiro

www.machadojoalheiro.com 226 101 283Ourivesaria Camanga

www.camanga.com 217 955 245Relojoaria Faria www.relojoariafaria.pt

219 105 580Torres Joalheiros www.torres.pt 213 472 753

BREGUET www.breguet.comBoutique dos Relógios Plus

www.boutiquedosrelogios.pt 218 311 243Torres Joalheiros www.torres.pt 213 472 753

CHopaRd www.chopard.comDavid Rosas www.davidrosas.com 226 061 060EdJóia www.edjoia.com 289 392 334Gilles Joalheiros

www.gilesjoalheiros.com 218 951 238M.F. Ribeiro 227 340 051Ourivesaria Pimenta www.torres.pt 213 424 564Torres Joalheiros www.torres.pt 213 472 753

FRanCK mUllER www.franckmuller.comTorres Distribuição

www.torresdistrib.com 218 110 896

F.p.JoURnE – InvEnIT E FECIT www.fpjourne.com

Torres Distribuição www.torresdistrib.com 218 110 896

GRaHam – london www.graham-london.com

Torres Distribuição www.torresdistrib.com 218 110 896

JaEGER-lECoUlTRE www.jaeger-lecoultre.com

Torres Distribuição www.torresdistrib.com 218 110 896

monTBlanC www.montblanc.com (Canetas, Relógios)

Boutique Montblanc Av. Liberdade 213 259 825

Boutique Montblanc El Corte Inglés

panERaI www.panerai.comAnselmo 1910 www.anselmo1910.com

217 165 512Joalharia Cunha

www.joalhariacunha.com.pt 251 800 702Machado Joalheiro

www.machadojoalheiro.com 226 101 283Margarido Joalheiros

margaridojoalheiros.com 284 323 252

paTEK pHIlIppE www.patek.comDavid Rosas www.davidrosas.com 226 061 060

poRSCHE dESIGn www.porsche-design.com (Relógios)

Torres Distribuição www.torresdistrib.com 218 110 896

RalF TECH www.ralftech.comTorres Distribuição

www.torresdistrib.com 218 110 896

RaYmond WEIl www.raymond-weil.comTorres Distribuição

www.torresdistrib.com 218 110 896

RolEX www.rolex.comBoutique Rolex C.C. Colombo 210 079 290Aquaverdi 222 037 525David Rosas www.davidrosas.com 226 061 060Ourivesaria Portugal

www.ourivesaria-portugal.pt 213 231 986Pires Joalheiros 253 201 280Pimenta joalheiros

www.saldanhaepimenta.pt 213 852 190Torres Joalheiros www.torres.pt 213 472 753

TaG HEUER www.tagheuer.com (Relógios, Telemóveis)

Boutique TAG Heuer El Corte InglésTorres Distribuição

www.torresdistrib.com 218 110 896

vaCHERon ConSTanTIn www.vacheron-constantin.com

David Rosas www.davidrosas.com 226 061 060Machado Joalheiro

www.machadojoalheiro.com 226 101 283Marcolino Relojoeiro

www.marcolino.com.pt 222 001 606Relojoaria Faria www.relojoariafaria.pt

219 105 580

ondE CompRaR

Contactos das marcas mencionadas nesta edição

Participaram nos Em Foco desta edição

machado Joalheiro www.machadojoalheiro.com 226 101 283ourivesaria Camanga www.camanga.com 217 955 245 Torres Joalheiros www.torres.pt 213 472 753 anselmo 1910 www.anselmo1910.com 217 165 512david Rosaswww.davidrosas.com226 061 060

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aSSInaTURa

assinaturas

Assinatura para 8 edições: Portugal € 28 | Europa € 60 | Resto do mundo € 80Fotocopie este questionário, preencha, junte um cheque emitido/endereçado a: Company One, Publicações Lda.Av. Almirante Reis, 39 1169-039 - Lisboa - PortugalMais informações: [email protected]

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Caso queira encomendar um número anterior da Espiral do Tempo, envie-nos uma carta para: Av. Almirante Reis, 391169-039 Lisboa, juntando a quantia respetiva em cheque. Não esquecer de colocar remetente. o cheque deverá ser emitido em nome de: Company one, Publicações Lda.

Edições disponíveis: N.º s 16 - 30 € 3,5 N.º s 1 - 15 / 31 - 39 € 5 esgotados

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CRónICa JoSÉ LuIS PEIXoTo

onde queres estar daqui a um ano? E daqui a dez anos? o tempo passa

mais depressa que o estalar de um dedo. Trato-te por tu porque sou a tua

consciência. Esperavas que a tua própria consciência te tratasse por você,

como tratas os teus filhos?

Que horas são em nova Iorque?

Toca o despertador. A voz de um locutor de rádio, uma música mal sintonizada, o relato do estado do trânsito na segunda circular irrompem pelos meus sonhos adentro. Durante segundos, lembro-me de alguma coisa que estava a sonhar, sinto ainda a lembrança breve de uma emoção que antes, no sonho, estava a sentir plenamente. Em instantes, vai-se desgastando. Não vale a pena tentar segurá-la, vai-se escoando.

ou pior. De repente, como um tiro no coração, o buzz do despertador. Nesse caso, os sonhos são decepados com um cutelo. o choque é demasiado grande. Como uma sirene de incêndio, como a buzina de um cargueiro no Tejo, toneladas de contentores. Levanto-me na cama, carrego no botão e, no escuro, cheio de perguntas, olho para os dois lados.

Comer qualquer coisa. Vestir a camisa, vestir as calças, vestir o casaco. Quando tomo o pequeno-almoço, já não estou ali naquela mesa. A luz da manhã ilumina os meus gestos, mas não me ilumina a mim. Mentalmente, estou na minha agenda. A fazer. No escritório, quando lá chegar, quando o computador estiver ligado à minha frente, os emails e o telefone. No carro, o trânsito. Houve algum dia do passado em que prestei atenção ao trânsito. Tenho suspeitas acerca de qual a faixa mais rápida e tenho pressa. As minhas mãos e os meus pés fazem tudo o que é necessário fazer no volante e no acelerador. Estou já a repetir para mim próprio aquilo que vou dizer na reunião depois de almoço. Não vou almoçar. Hoje, não vou almoçar.

No fim do ano, vou estar preparado. Só já faltam três meses, nada, não falta nada. Lista de tarefas a fazer. Não há margem para não atingir os objetivos para este mês. Estou já a pensar nos objetivos do mês que vem. Que dia é hoje? Está quase a acabar o mês, já não falta quase nada para acabar o mês, nada, não falta nada, o mês já acabou.

É preciso cumprir os prazos. Nós estamos em algum lugar, não interessa onde, e os prazos avançam na nossa direção. os prazos são paredes invisíveis que avançam para nos esmagar. Não adianta escondermo-nos, os prazos encontram-nos sempre porque não vêem mais nada, só nos vêem a nós. Existem numa dimensão não física, mas que tem resultados físicos porque aperta a garganta como uma mão, sufoca; porque aperta os músculos dos ombros e constrói dores nas costas que nenhum médico ou homeopata é capaz de desembaraçar.

Por isso, mesmo que me vejas aqui, mesmo que tenhamos conversas estruturadas, polidas, cheias de «faça favor», «como preferir», «ora essa», fica sabendo que não estou realmente aqui, apesar da minha imagem, apesar do meu sorriso ocasional, apesar dos meus botões de punho, apesar do perfume do meu aftershave. Eu estou lá longe, invisível, a lutar com os prazos, estou em amanhã, estou no próximo mês, no próximo ano.

Essa é a realidade verdadeira. Agora é uma memória do que sonhei ontem. Mas depois acordei. Tocou o despertador.

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