mecânica psíquica (psicografia kathleen goligher - espírito william jackson crawford)

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    William Jackson Crawford

    Mecnica Psquica

    (Mdium Kathleen Goligher)

    Traduzidos dos Estudos Experimentais do autor: The Reality of Psychic Phenomena (1916), Experiments in Psychic Science (1919), The Psychic

    Strutures in the Galigher Circle (1921).

    Traduo de Hayde de Magalhes

    Superviso Carlos Chaves

    Editora: Ncleo Esprita Caminheiros do Bem

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    Contedo resumido

    Investigaes do Dr. W. J. Crawford, Professor de Engenharia Mecnica da Queen's University de Belfast (Irlanda), que dirigiu uma srie de experincias entre anos de 1914 a 1920, com a mdium de efeitos fsicos Kathleen Goligher sendo que incluem uma vasta fenomenologia esprita catalogada tais como: Materializaes, Levitaes de Mesas, Raps, e outros.

    Sumrio Introduo I - Composio do crculo e organizao das sesses / 15 II - Registro dos sons pelo fongrafo / 24 III - Reao da mesa durante a levitao / 26 IV - Resistncia da mesa e os fenmenos diversos / 36 V - Sob a mesa em levitao / 42 VI - Levitao direta sobre a balana / 46 VII - Medida dos componentes da reao / 50 VIII - Experincias Complementares / 59 IX - Teoria da "alavanca encaixada" / 64 X Raps / 73 XI - Teoria projetiva dos Raps / 76 XII - Experincias Diversas / 83 XIII - Concluses Gerais / 86 XIV - Os novos problemas / 94 XV - Estudo das reaes mecnicas / 97 XVI - Propriedades fsicas das estruturas / 110 XVII - Anlise dos resultados / 116 XVIII - Levitao ao contacto / 125 XIX - Fenmeno de "voz direta" / 130 XX - As impresses psquicas / 137

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    XXI - O problema das meias do mdium / 141 XXII - O mtodo dos corantes e origem das estruturas / 146 XXIII - Visibilidade e fotografia das estruturas / 151

    Fotografia da alavanca psquica (Um acidente quebrou o clich)

    Extrado de As Estruturas psquicas no Circulo Goligher

    Alavanca psquica levantando a mesa Extrado de As Estruturas psquicas no Circulo Goligher

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    Introduo

    No necessrio esperar que a cincia psquica tenha sado do perodo emprico onde ainda se encontra, para se atribuir a W. J. Crawford um lugar proeminente entre os seus codificadores. surpreendente notar que num pas, onde h quarenta anos no existe interesse seno pelas manifestaes intelectuais da mediunidade, sejam as manifestaes fsicas aquelas que o sbio estudou com predileo exclusiva. Ligava-se ele, assim, diretamente a Crookes, e negava as tradies estabelecidas pela Sociedade de Pesquisas Psquicas, iniciando sua famosa enqute sobre a telepatia. Dentre as razes que isto determinaram, est em primeiro lugar a independncia de esprito desse pesquisador, que no segue escola alguma, que conhece apenas os trabalhos de seus predecessores, (ele cita somente os de Schrenck-Notzing) e que parece avesso a toda investigao terica. Primeiramente, Crawford foi professor de mecnica do Instituto Tcnico e da Universidade de Belfast; ensinava ele, no a mecnica racional, que, por suas afinidades com a matemtica pura, permite grandes evases para fora do mundo sensvel, mas a mecnica aplicada, isto , um conjunto de leis prticas, de frmulas semelhantes e numricas, necessrias aos engenheiros para medir em suas construes a resistncia dos materiais. No fiquemos surpresos ao encontrar na lista de suas obras, um Tratado Elementar de Esttica Grfica e Clculos Termodinmicos sobre a Entropia e a Temperatura. Crawford o homem dos clculos e dos diagramas, que exprimem realidades materiais.

    Finalmente, terceira razo, seu mdium, Mlle. Goligher era um mdium de fenmenos fsicos. Bem sei que os mdiuns so um pouco o que deles se faz e que nesta misteriosa comunho do subconsciente, que a essncia da metapsquica, O mdium esposa a personalidade intelectual e afetiva de seu operador. No h dvida de que devemos aceitar, at segunda ordem, a diferena entre a mediunidade intelectual e a fsica; cmoda e corresponde aos fatos. A descoberta acidental de um mdium notvel

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    explica, em concluso, porque Crawford constitui uma singularidade num pas onde todo movimento distncia suspeito e onde to injustamente so tratadas as pessoas que os produzem.

    Onde estava a metapsquica objetiva, antes de Crawford? No comeo da segunda metade do sculo XIX, no existia seno uma teoria cientfica para explicar o movimento das mesas giratrias. Grande foi a emoo, quando o Conde Gasparin demonstrou, em 1854, por meio de uma leve camada de farinha, que uma mesa podia mover-se sem o contacto das mos. Apesar do apoio do professor Thury, de Genebra, negou-se o movimento sem contacto, o qual entrava nas alegaes extravagantes e charlatanescas do magnetismo animal (*). Foram os ingleses que reabilitaram as experincias e as idias de Gasparin. A fora psquica de Crookes, suscetvel de ser transmitida aos corpos materiais atravs da gua e do ar, outra coisa no seno o fludo de Gasparin e a fora ectnica, de Thury. Constitui uma das modalidades do ectoplasma, com a qual Richet e, Morselli estabeleceram a teoria aps as experincias com Euspia Paladino.

    (*) Para detalhes mais amplos sobre a histria desse perodo to interessante, deve-se ler o livro: Introduo Cincia Psquica, de nossa autoria.

    Depois de Crookes, tentou-se medir essa fora, capaz de agir mecanicamente a distncia, de deslocar objetos, de erguer mesas e mant-las no ar sem apoio visvel. Foram ento empregados balanas e dinammetros. Juntaram-se alguns registradores, impelidos por movimentos semelhantes aos dos relgios, de forma a tornar o fenmeno to objetivo quanto possvel. Os sbios italianos haviam j constatado que Euspia podia sem toc-la, tornar mais pesada ou mais leve uma mesa, da qual um dos ngulos estivesse suspenso a uma balana. Nas experincias realizadas no Instituto Psicolgico em Paris, em 1906, Euspia, e completamente atada, conseguiu provocar a levitao de uma mesa, cujos ps, presos em prismas de madeira, pousavam em contactos eltricos. Viu-se pela primeira vez que, colocando-se o mdium, sobre a balana, durante a levitao seu peso aumentaria mais ou menos tanto quanto o peso da

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    mesa: resultado importante que Crawford verificou centenas de vezes e que o ponto de partida de seus estudos.

    O liame "fludico" entre o mdium e os objetos deslocados era quase sempre invisvel; mas, com Euspia, viam-se mos mais ou menos nebulosas pegar esses objetos e transport-los no espao. A teoria da telecinesia, isto , ao a distncia, foi pouco a pouco elaborada. Colocada frente a uma meta a alcanar, o mdium cria os instrumentos necessrios. Com o ectoplasma que ele tem o poder de emitir e que recebe de sua prpria substncia, modela os membros avulsos, os quais so como um prolongamento dos seus. As impresses de seus membros poderiam ser obtidas com argila. Se sua imaginao no muito primitiva, muito antropomrfica, ou simplesmente por economia, limita-se a fabricar barras, pinas, fios, em poucas palavras instrumentos reduzidos a sua forma mecnica essencial. As belas experincias de Ochorowicz e de Scherenck-Notzing com Stanislawa Tomczyk confirmara em todos os pontos estas concluses. Comparando essas experincias aquelas em que o ectoplasma modela figuras, o problema nas materializaes apresentava-se sob um duplo aspeto complementar: as criaes artsticas e as criaes utilitrias, as quais so devidas, segundo os espritas intervenes de espritas desencarnados, ou segundo os animistas, colaborao mais ou menos inconsciente do mdium, ou de seu operador. Tal era a situao da cincia no momento que Crawford comeou suas pesquisas. No entanto, no certo que tenha obtido todos estes resultados.

    ***

    A contribuio que o sbio ingls trouxe a metapsiquica, objetiva, pode levar a trs direes principais: uma teoria sobre a levitao das mesas, uma teoria sobre os raps, e uma teoria sobre o ectoplasma. Como j foi dito, comeou por estabelecer que, numa levitao total, o peso da mesa passa integralmente para o mdium (*). Somente uma pequena parte da reao (3%) sofrida pelos presentes. Omitindo esses 3% que so, alis, erros de experincia, v-se que o mdium forma um todo com a mesa, como se a

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    sustentasse com as mos. Por conseguinte, no necessrio ser muito entendido em mecnica para imaginar que, neste caso, o mdium est preso mesa por um liame rgido, no obstante invisvel: o cantilever, o "levier encastr" de Crawford. No seria de admirar que, depois disto, dedicasse tantas sesses a averiguar se havia um ponto de apoio no solo. Neste caso, com efeito, a reao no seria transportada integralmente para a balana; poderamos mesmo constatar uma diminuio no peso do mdium. Foi realmente o que aconteceu, mas Crawford ficou muito tempo confuso pelas reaes parasticas que se processavam na balana. No o censuremos por seca falta de intuio. Desconfiava das idias preconcebidas e ficava apegado a experincia. Ora, as condies difceis em que trabalhava, com luz vermelha, sem ajuda de um assistente, como tambm fenmenos de carter to complexo, no eram propcios a, um esclarecimento rpido do problema. A estas dificuldades, acrescentava-se a natureza da prpria alavanca, que no uma substncia inerte, mas uma substncia viva, capaz de exercer esforos autnomos, fora de qualquer previso lgica. Devemos, portanto admirar a sua pacincia, que lhe permitiu encontrar a soluo. Quando os corpos eram leves, erguia-os o mdium com seca alavanca ao comprido; quando eram muito pesados e que a esforo o fazia soobrar, dava-lhe a curvatura necessria para que tivesse um ponto de apoio no solo. A alavanca encaixada transformava-se uma simples alavanca de Galileu, aquela que em mecnica se chama atualmente alavanca de primeiro gnero, estando o ponto de apoio entre a fora e a resistncia. A teoria dos raps uma conseqncia da teoria sobre a alavanca. Desde que os "operadores" invisveis, dos quais falaremos mais tarde, criam hastes para erguer a mesa, criam igualmente outro modelo para produzir rudos vrios, desde o choque do martelo at a frico da lixa na madeira. A extremidade destas hastes ou estruturas materializa-se mais ou menos para esse fim. Chegamos assim, naturalmente, teoria do ectoplasma, rigorosamente calcada em fatos. Essa teoria mais ou menos semelhante teoria das "duas distases. A hiptese sobre as substncias psquicas X e Y, no tem outra finalidade seno

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    explica-a a sada e entrada do ectoplasma num corpo: uma hiptese de trabalho. Mais contestvel a afirmao de que seja o mdium aquele que fornece a matria e os assistentes a energia. Na cincia moderna no existe diferena de natureza entre matria e energia e em parte alguma esta, verdade aparece to claramente quanto na metapsquica. As outras experincias relativas ao peso do ectoplasma, s impresses deixadas na argila e o mtodo sobre colorantes, so perfeitamente convincentes. Seria de admirar se um resultado que priori constituiria uma conjetura, de fraude - a trama das meias do mdium marcados na argila - venha a ser, ao contrrio, a mais brilhante, prova da existncia do ectoplasma e de sua origem. Os ltimos trabalhos de Crawford coroam sua obra.

    (*) Este fato foi rigorosamente verificado nas recentes experincias de Schrenck-Notzing e Grunewald, com os aparelhos registradores deste ltimo.

    No somente essa obra no contradiz em nada os resultados j obtidos, como as confirma. Todas as experincias realizadas com Euspia Paladino, Stanislawa Tomczyk, Willg S., Eva C., sobre as reaes mecnicas, como sobre a procedncia e os aspectos do ectoplasma, so confirmadas e aperfeioadas, e hoje, podemos dizer que a telecinesia uma, das divises mais slidas da cincia psquica. Deixemos de lado a questo da "voz direta" que o autor estudou a ttulo de curiosidade, com outro mdium, sem no entanto garantir a autenticidade dos fenmenos que se passavam em completa obscuridade. Ele no responde seno pelas experincias feitas com os Goligher, por estar seguro de sua honestidade e, acima de tudo, do rigor de seus mtodos. Seria necessrio ler, em sua forma original, esses trs livros, para apreciar a probidade e a mincia desse pesquisador. Ah! no mstico, o bravo Crawford! isto sim, o homem mais positivo, mais matter-of-fact que podemos encontrar nesse pas pragmtico. No vai alm do testemunho de seus sentidos e, se cr em outro mundo, nada se percebe que ele o possa imaginar edificado em plano diverso do nosso. Assim, quando equilibra uma balana, quando faz a leitura de um termmetro, ou estuda com uma lente as meias do mdium, podemos estar seguros daquilo

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    que anotou em seu carnet. No se satisfaz unicamente com uma experincia, faz duas, trs, e s se detm quando se sente seguro de seu resultado. Segue lentamente, pesadamente mesmo, com um desprezo bem ingls pelo progresso lgico do pensamento, mas com uma tenacidade que, atravs de vrios atalhos, o leva a outras fronteiras. No entanto, longe est de considerar seu mdium um mecanismo, e compreender perfeitamente a necessidade da pesquisa psquica. "Em um laboratrio de mecnica, diz ele, empregamos, por exemplo, a fora de determinada quantidade de libras a uma determinada parte de determinada mquina e podemos sempre esperar o mesmo resultado. No domnio psquico, no acontece necessariamente que uma causa fundamental produza sempre o mesmo resultado. Nossos instrumentos, no trabalho cientfico, obedecem freqentemente a tudo, menos a ns, e os fatores desconhecidos so predominantes. Para estarmos certos de que no esquecemos esses fatores estranhos, no nos podemos julgar com o direito de descuidar o mnimo detalhe na descrio dos fenmenos, sob pretexto de que esse detalhe seja insignificante. Igualmente Crawford nada, nos deixou faltar. Seus livros so a cpia, apenas redigida, de seus carnets de laboratrio. Relata todas as operaes realizadas. Assim, coloca o fongrafo em cima da mesa (acrescentando que essa mesa foi mais tarde, transferida de lugar). Coloca papel por baixo da mesa para amortecer as vibraes. Introduz o rolo no aparelho. Vira a chave a gs da lanterna, etc. Alm dos gestos, grande nmero de medidas teis ou inteis so consignadas. necessrio saber que determinada caixa de pilhas tem 9 cm de comprimento, e 20 cm de largura, que determina vareta de vidro, com a qual tentar a condutibilidade da fora psquica, tem 35 cm de comprimento e 8 mm de dimetro. Quem sabe se esses nmeros nos podem ser teis? Crawford no teme repetir. Despreza elegncias da forma, desde que essa forma no prejudique a compreenso da matria. Enfim, nunca assume um tom categrico e as palavras voltam a cada instante, sob sua pena. Para que os franceses no tenham seus ouvidos molestados, devamos atenuar o que considerarmos imperfeies, mesmo na linguagem cientfica. Sem dvida

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    nada omitimos de essencial; respeitamos, acima de tudo, esse estilo escrupuloso e esse acento de bonomia realista que , algumas vezes, bem, saboroso.

    J no primeiro captulo de sua obra, Crawford aborda claramente a questo da fraude. Enumera as razes de ordem moral e tcnica, os quais, aps seis anos de trabalho (de 1914 a 1920), o levam a repelir tal hiptese, necessrio meditar, mormente agora, que vem de aparecer um pequeno livro atribudo a Fournier d'Albe, o qual insinua que os membros do crculo Goligher, com exceo do experimentador, eram uma famlia de trapaceiros (*). Encarregado pelo executor testamentrio de Crawford de prosseguir com as experincias deste ltimo, organizou em Belfast 20 sesses, de 16 de maio a 29 de agosto de 1921. Ao cabo de trs meses, interrompeu-as e escreveu a Mlle Goligher que as experincias "no forneceram nenhuma prova definida em favor da origem psquica dos inmeros fenmenos" aos quais havia testemunhado e que "por conseguinte, esses fenmenos no tinham nenhum valor cientfico". Em sua exposio, declara ter dado crdito sua, sinceridade durante as seis primeiras sesses. Constatou levitaes, raps, transporte de abjetos, presso em botes eltricos, etc. Uma bola de tnis e uma rolha foram roubadas de um cesto; um boto de porcelana foi retirado de uma garrafa contendo mercrio, o que afasta a hiptese de que a garrafa tivesse cado. Durante a sexta sesso, uma fotografia do ectoplasma foi tirada por simples contacto e sombra sobre papel-bromo. Essa fotografia provocou suspeitas atas em Fournier d'Albe por revelar a estrutura de uma musseline. Suas dvidas se agravaram, quando no conseguia dos "operadores" novos clichs, para compar-los queles do tecido. Posteriormente, fez outras constataes, as quais lhe pareceram suspeitas; mas o que determinou sua convico, foi distinguir, ou crer distinguir, fraca claridade da lanterna vermelha, o p do mdium erguendo um pequeno tamborete. Teve a impresso de que nesse momento, o Sr. Morrison tentava disfarar o embuste.

    (*) The Goligher Cercle (John M. Londres, 1922)

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    Seria necessrio no conhecer a psicologia da suspeita, para no adivinhar que, a partir desse momento, todos os fenmenos lhe pareceram falsos... Seria tambm necessrio ignorar a psicologia da mediunidade para no saber que uma tal suspeita, cada vez mais hostil, agravando-se mais e mais, paralisaria o mdium. Foi justamente o que aconteceu, e as sesses foram suspensas. Mlle Goligher declarou no tomar parte mais em sesses antes de um ano por necessitar de repouso. Fournier d'Albe, embora tarde, percebe todos os sinais da fraude: luz escassa junto ao solo, hbito de cantar hinos para dissimular os preparativos culposas, juno das mos para transmitir mensagens, ordem invarivel dos assistentes para melhor simular a invariabilidade dos fenmenos, auxilio dos "aparadores" para se oporem a qualquer pergunta importuna, enfim o fato de que "todos os membros do crculo so operrios com mos hbeis". Pesando bem todos esses detalhes, conclumos que seu valor mnimo e que no podem, de maneira alguma, ser elevados altura de prova. Fournier d'Albe tenta, sem reflexo, destruir em vinte sesses, to pouco metdicas quanto possvel, um trabalho que custou ao honesto Crawford anos de experincias hbeis e contraprovas severas. O ectoplasma em forma de tecido, sabemos que foi constatado em diversos mdiuns, particularmente em Eva, a quem, coisa estranha, Fournier d'Albe no contesta a autenticidade das materializaes. Quanto ao movimento dos ps ou mos, j no sabemos que os mdiuns os fazem sempre involuntriamente, quando realizam aes a distncia? Crawford havia justamente observado isso. "No crculo Goligher, diz ele, acontecem coisas que podem parecer fraudulentas a um, observador superficial; por exemplo, acontece que o corpo do mdium, ou partes de seu corpo, executam movimentos espasmdicos quando violentos raps se produzem. So simplesmente reaes, mas aquele que procura a fraude, imediatamente as atribui ao embuste. A semelhana acidental entre os fenmenos verdicos e os fenmenos simulados bastante desconcertante para aquele que a experimenta pela primeira vez. Devido a essa semelhana, obras cheias de promessa no domnio psquico foram interrompidas".

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    Alm da autoridade de Crawford, os testemunhos dos visitantes do crculo Goligher so unnimes em afastar a idia de fraude. Os rudos produzidos, dizem eles, excediam aqueles que poderiam ser feitos por todos os assistentes reunidos. Quanto s levitaes, algumas atingiam, com uma mesa sobrecarregada, a altura dos ombros de um homem e prolongavam-se por vrios minutos, malgrado os esforos feitos para empurrar a mesa para, o solo. Teria algum pernas suficientemente slidas para realizar, sob o olhar vigilante dos censores, tais esforos? Posteriormente, inventou Crawford uma mesa de dois ps, tendo ao centro um fundo bem fino, que necessitaria ser tocada por longo tempo, para ser mantida em equilbrio na ponta do dedo do p. O eminente fsico e psquico, Sir William Barret, atesta a autenticidade dos fenmenos. Achando-se a mesa colada ao cho, tentou inutilmente levant-la, certificando-se tambm de que nenhuma presso normal interviria; pouco depois, a mesa levantou-se, por si, retomando seu lugar, sem que ps e mos dos assistentes se houvessem movido. Enfim, Fournier d'Albe nada esclareceu sobre as distncias em que tiveram lugar as experincias, apesar dos insistentes convites de Schrenck-Notzing. No fez a menor tentativa para verificar as experincias realizadas na balana, onde a fraude impossvel de ser concebida. Portanto, podemos admitir o que diz o grande sbio bvaro: "Se alguma coisa pudesse fortalecer minha convico em relao s pesquisas do Dr. Crawford, seria o livro do Dr. Fournier d'Albe".

    As reflexes emitidas no decorrer de suas pesquisas, provam que Crawford nunca deu credito s opinies dos mdiuns e que, no ntimo, era bastante ctico. No dando crdito seno ao testemunho de suas percepes, tinha certo desprezo pelos fenmenos intelectuais. "No me sai do pensamento, dizia ele, que fenmenos tais como a palavra no estado de transe, a clarividncia, a audio, a escrita automtica com prancheta e ouij, no deva seus resultados, em grande parte, ao mdium. Dificilmente compreendemos como o esprito do mdium possa erguer uma mesa que est colocada a uma, distncia de alguns ps e que pesa 50 libras, mas

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    fcil compreender como seu esprito, em estado de subconscincia, possa ser responsvel pelas inpcias declamadas durante o transe, ou nove sobre dez do que se diz em lucidez". O autor no confiava nas vises das pessoas sensveis. Ainda que cite um caso curioso, declara ironicamente que "esperar de nossa clarividncia uma informao qualquer sobre os processos psquicos do crculo Goligher, seria o mesmo que se apoiar num basto quebrado". Quanto as afirmativas daqueles que diziam ter visto os "operadores" erguerem a mesa com as mos durante suas experincias, ria-se: "Isso simplificaria muito, disse ele, o problema da levitao!"

    No entanto, ele cr na existncia desses operadores invisveis. Em uma palavra, esprita. No prefcio de primeiro volume, (*) declara formalmente estar "pessoalmente convencido de que os operadores invisveis so os espritos da seres humanos que passaram para o Alm". Dois anos mais tarde, repete no segundo volume: "Intimamente estou plenamente convencido de que os operadores so homens desencarnados. No me ocupo seno com mtodos pelos quais os fenmenos so produzidas e, pouco me interessa que os operadores sejam o que dizem ser ou elementos disfarados do subconsciente do mdium. "-me suficiente saber que so inteligncias produzindo fenmenos. No entanto, vi e ouvi bastante no crculo Goligher e em outros crculos, para me convencer de que o homem no morre verdadeiramente na morte fsica mas que passa a um outro estado de existncia..... "Portanto, a convico de Crawford no uma crena religiosa, mas uma hiptese cientfica que considera justificada pela experincia e que em nada afeta o rigor de sua observao. Sente-se que adotaria a hiptese materialista, sem esforo. Rejubilando-se com o interesse crescente do pblico pelas manifestaes psquicas, Crawford no se irritava em demasia com a atitude dos jornais que acreditavam lutar contra a superstio, combatendo a nova cincia. "A julgar pelos artigos hostis que, vez ou outra, aparecem na imprensa, uma pessoa mal informada poderia concluir que os fenmenos psquicos, so simples embustes e aqueles que dela se ocupam, farsantes ou iludidos. A atitude superior de

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    grande parte da imprensa muito divertida..." Aos pesquisadores, dizia: "Limitai vossa ateno a um pequeno assunto, pois e to vasto que o homem algum pode abra-lo integralmente. No percais tempo em verificar a realidade dos fenmenos, quando estiverdes convictos de que os fenmenos so autnticos, no tenteis convencer todo o mundo: impossvel."

    (*) Malgrado essa declarao, o prefcio insignificante, assim como a do segundo volume e no julgamos til reproduzi-lo.

    Sendo um pesquisador integro, repetimos que sua ambies eram cientficas. Escrevia: "Desejo trabalhar na descoberta das leis psquicas, a fim de que no mais haja mistrio no futuro. Quando deixar de haver mistrio, no mais haver mercadores do mistrio". Talvez o bom Crawford estivesse um pouco enganado e a humanidade no faa questo de se ver livre da preocupao do sobrenatural. Todavia, esse entusiasmo ingnuo no poder desagradar aos homens de cincia que ainda no crem na metafsica; deve inspirar-lhes confiana na obra do professor de mecnica de Belfast. Entretanto, a calnia o seguiu alm-tmulo. Na verdade, Crawford suicidou-se no dia 30 de julho de 1920, durante um acesso de febre cerebral, devido ao esgotamento profissional e as condies criadas pela guerra. Ensinou-se ento, que foi um ato de desespero causado pela descoberta de fraude nas experincias feitas com o crculo Goligher e conseqente desmoronamento de sua obra. Ora, numa carta dirigida a David Gow, diretor da revista Light, quatro dias antes de sua norte, dizia: Estou muito deprimido mentalmente. E h algumas semanas atrs sentia-me to bem!... No so os trabalhos psquicos: fao-os com grande prazer... Sou-lhe reconhecido por dizer que esta obra no morrer. Eu a fiz conscienciosamente demais, para que nela se encontrem lacunas e erros materiais ".

    Essa obra no morrer. A essa concluso chegar o leitor de boa f, quando a tiver lido.

    Ren Sudre

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    Julho de 1922

    I

    Composio do crculo e organizao das sesses

    O crculo que, pela sua cooperao voluntria, me permitiu realizar as experincias aqui consignadas, composto de sete membros: o Sr. Morrison, Sra. Morrison, Srta. Katheleen Goligher, Srta. Lily Goligher, Srta. Ana Goligher, o Sr. Goligher e o jovem Samuel Goligher, enfim, uma famlia composta de pai, quatro filhas, um filho e um genro. So todos mdiuns em diferentes graus e produzem fenmenos tais como o transe verbal, a escrita automtica, movimentos de mesas, etc. A Srta. Kathleen Goligher, a mais moa, o mais notvel entre todos. Esta jovem, nascida no dia 27 de junho de 1898, a mediunidade provavelmente hereditria, pois as tradies de famlia registram faculdades psquicas do lado materno. Essa mediunidade foi descoberta acidentalmente, coisa, alis, muito freqente. H mais ou menos trs anos, os Goligher tentaram obter fenmenos psquicos e formaram o crculo, da forma habitual. Os raps se fizeram ouvir quase que imediatamente e por eliminao, os dons de Kathleen se revelaram. A religio da famlia o espiritualismo (1) e no praticam outro culto. A vida domstica de seus membros simples, sua unio perfeita; so, sob todos os aspectos, dignos de serem os instrumentos dos extraordinrios fenmenos obtidos. A maior parte das sesses dedicadas as minhas experincias, tiveram lugar na gua-furtada da casa onde moram os pais da mdium. Realizaram-se tambm, ocasionalmente, em minha casa e em casa de amigos. No importava onde, os fenmenos se produziam alguns minutos aps a formao do crculo.

    (1) Nos pases anglo-saxes assim chamado o Espiritismo.

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    A pesquisa psquica no se assemelha a nenhuma outra. S podemos esperar resultados interessantes, se reunirmos, da maneira mais perfeita possvel, as seguintes condies:

    a) Um mdium poderoso. b) Um crculo que o apie. c) O mdium e o crculo devem estar imbudos do carter srio e

    excepcional dos fenmenos, comungando no desejo de conseguir o mximo, para o bem geral.

    d) Operadores com pontos de vista idnticos. Pessoas de m f, que no queiram ou no possam cooperar com o executante, devem ser afastadas.

    e) Fenmenos no produzidos espontaneamente mas a pedido. Se o mdium tem como essencial ou nica ambio, o ganho, toda

    pesquisa experimental torna-se praticamente impossvel. absolutamente necessrio, ao menos para mim, que o mdium e os membros do crculo no se deixem levar pela ambio, pois, nesse caso, os fenmenos sero incertos, sem base slida. No entanto, isto no quer dizer que um mdium no deva aceitar uma remunerao honesta.

    As cinco condies acima enumeradas so, a meu ver, essenciais. Se alguma delas for omitida, os resultados sero afetados, sob o ponto de vista cientfico. Esta , sem dvida, a razo pela qual este trabalho to raramente realizado.

    Uma cooperao leal dos "operadores invisveis" (2) tambm necessria, pois os fenmenos espontneos no oferecem interesse algum. Creio que o que mais me causou impresso durante minhas investigaes, foi essa maravilhosa colaborao entre mim e os operadores. Dificilmente nos habituamos, mesmo aps estudar por longo tempo os fenmenos psquicos, a ser obedecidos por seres que escapam totalmente a vista. Tudo o que lhes pedi durante minhas experincias, foi realizado, Evidentemente, estavam desejosos de se submeter a todos os exames cientficos exigidos. Algumas vezes, muito raramente, se alguma coisa era obstculo ao meu pedido, eles o diziam, batendo uma palavra ou uma frase. Em outras

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    ocasies, chamavam minha ateno para partes de uma experincia, que me haviam escapado.

    (2) A respeito desses operadores invisveis, entidades independentes ou criaes subconscientes do mdium, ver a Introduo e o captulo XIII.

    O assoalho do seno, onde habitualmente se realizam as sesses, nu. Cada membro do crculo possui sua prpria cadeira de madeira e salvo alterao, s nela se senta. Alm das cadeiras, h um nico mvel: a mesa, e sobre a chamin, bibels, exceto, naturalmente, os dias em que trago algum aparelho.

    No entanto, na ltima sesso, foi instalado um pequeno gabinete a um canto do quarto para obter materializaes. Uma lanterna com vidros vermelhos, frente e lado mveis, alimentada a gs, ilumina as sesses. Sua intensidade pode ser sensivelmente regulada por meio de uma chave comum. Uma vez habituado luz vermelha, distingue-se nitidamente a maior parte dos objetos da pea. lamentvel que os fenmenos fsicos, em geral, no possam se produzir em plena claridade, mas devemos aceitar as coisas como so, submetendo-nos s condies impostas pela natureza. (3) Para ler os pequenos algarismos e a graduao da balana, muitas vezes usei uma lmpada eltrica de bolso, com o vidro recoberto por papel vermelho transparente.

    (3) Em seu segundo volume, Crawford explica que certa vez substituiu os vidros vermelhos da lanterna, por vidros lils, mas os fenmenos se fizeram esperar longo tempo e foram fracos.

    A sesso comeada com um cntico e uma orao. Pouco depois, pancadas leves se fazem ouvir ao lado do mdium; aumentam rapidamente de intensidade. Em um quarto de hora, algumas vezes, a maior parte dos fenmenos esto em plena atividade. De vez em quando se entoa um cntico durante a sesso e termina-se com uma orao.

    O mtodo dos mais simples. Os assistentes sentam-se mais ou menos em crculo, de mos dadas, formando uma corrente ao redor da mesa. Os resultados so melhores e mais rpidos se a corrente continuar formada mais ou menos meia hora no comeo da sesso; em seguida, no importa que os assistentes se dem as mos ou as coloquem sobre os joelhos. Isso

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    parece indicar uma ao de princpio de movimento, que cessa, uma vez estabelecido o equilbrio psquico.

    Os fenmenos so puramente fsicos, de maneira que os resultados obtidos dependem da ao da fora psquica sobre os corpos materiais. No houve at hoje nenhuma materializao completa ou parcial. Sendo os fenmenos devidos fora psquica podem, portanto, ser estudados com maior preciso do que se oferecessem tipos mais complexos. Estou firmemente convencido de que, se chegarmos a descobrir os processos de aplicao da fora psquica, todo o resto se classificar por si mesmo e se tornar compreensvel.

    O crculo Goligher manifesta essa fora sob seus aspectos mais interessantes. , no somente muito poderosa, mas precisa, disciplinada e varivel ao extremo. Alm disso, todos os movimentos materiais so telecinsicos, isto , produzidos distncia. Em nenhuma das experincias descritas nestas pginas houve o mnimo de contato entre qualquer parte do corpo ou vesturio do mdium ou assistentes, com o objeto sujeito a ao psquica.

    Os fenmenos se dividem em duas categorias: impactos e movimentos de corpos materiais sujeitos frico e gravidade. Os impactos consistem em pancadas (raps) aplicadas com suas variaes e no so causadas pela ao da matria sobre a matria. Assim, um p de mesa que se ergue e bate o solo, fenmeno muitas vezes por mim observado, no um impacto. O impacto um rudo que resulta da aplicao sbita da fora psquica a um corpo material.

    O crculo Goligher d vrios exemplos desse gnero. Eis alguns casos mais freqentes: 1.) raps em todos os graus de energia, dos mais leves aos de um martelo de forja; 2.) combinaes das pancadas: pancadas soltas, pancadas duplas, pancadas triplas (duas rpidas e uma lenta), pancadas em srie, imitaes de rias de msica ou rias de dana (compreendendo as ltimas, a dana da areia, baseada na espcie de frico percebida); 3.) especialidades: rudo de uma mesa que salta muitas vezes (imitao de rara

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    perfeio), frico de fsforos, homem caminhando, cavalo trotando, p de mesa ao ser serrado, lixa no assoalho, etc.

    A segunda categoria pertencem os deslocamentos de corpos materiais, causados pela ao da fora psquica. A levitao da mesa o que h de mais visvel e mais freqente, sendo executados pela mesa toda srie de movimentos no assoalho, movimentos laterais ou de rotao, ou ambos combinados. Uma corneta de metal agitada no ar, uma campainha comea a tocar e os assistentes sentem contatos e apalpadelas.

    Presentemente, grandes nmeros de pessoas assistiram a esses fenmenos e no h ningum que no haja ficado bastante impressionado. Os operadores invisveis parecem ter prazer em convencer crentes e cticos da realidade da fora psquica. O visitante usual habitualmente convidado a entrar no crculo, a segurar a mesa, imvel, e a tentar mant-la quieta. Comea ento a luta. Se o executante dotado de msculos slidos e firmar todo o seu peso exatamente no centro da mesa, poder consegui-lo por um instante. Mas, logo, (mais cedo que tarde) a mesa lhe escapa, salta, inclina-se, vira-se e, se a presso muscular se relaxa, ergue-se acima do solo. Ento, poucas pessoas conseguiro faz-la descer, no obstante os esforos empregados. Aps esta luta, volta tranqilamente ao cho e o visitante convidado a sentar-se sobre ela. No se demora muito tempo. Ao cabo de um momento, ergue-se vagarosamente sobre dois ps e o faz escorregar para o cho. Enfim ele "reconduzido" para fora do crculo por um empurro violento que o obriga a retirar-se.

    A questo da fraude

    Todas as experincias aqui relatadas s tm valor, por serem os movimentos de mesa, levitaes, pancadas etc., verdadeiros, isto , independentes da ao fraudulenta do mdium ou membros do crculo. E entendo por ao fraudulenta, no somente a trapaa consciente, como tambm a inconsciente; realmente, existem casos em que o mdium

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    emprega, mais ou menos conscientemente, meios assimilveis fraude, para obter os fenmenos.

    Exporei aqui alguns fatos, demonstrando que os fenmenos do crculo Goligher so autnticos e no so devidos, de forma alguma, a trapaas conscientes ou inconscientes do mdium e dos assistentes.

    1.) O mdium e os seus, so pessoas ntegras, religiosas, de ideais elevados. So incapazes de praticar uma ao m nas coisas mnimas da vida. Vem os fenmenos como determinados a provar que a vida continua depois da morte, o que hoje uma realidade absoluta para eles.

    2.) As sesses so consideradas como atos religiosos. Comeam e terminam com uma prece. No tolerada a falta de decoro.

    3.) Todos os membros do crculo so meus amigos pessoais e os freqento intimamente h trs anos. Conheo a fundo sua concepo da vida, suas particularidades de carter, integridade perfeita e sua opinio sobre os fenmenos.

    4.) O mdium o membro menos entusiasta do crculo. A Srta. Kathleen a nica a no dar importncia aos fenmenos em si, no obstante interessar-se por minhas experincias. Creio que se presta a ser mdium, mais por obrigao para com os outros do que para sua prpria satisfao.

    5.) Sendo o mdium pessoa particular, nada pede. Nunca paguei um vintm pelas sesses que me concedeu. A Srta. Kathleen muito pouco inclinada a considerar sua mediunidade um valor comercial. (4)

    4) De 1914 a 1919, Mlle Goligher realmente no recebeu nenhuma remunerao. A partir dessa data, o autor obrigou a famlia, que era pobre, a aceitar uma generosa indenizao.

    6.) No existem sesses sem luz. Esta, em geral, suficientemente forte (quando os olhos j se tiverem habituado luz vermelha) para que sejam vistos, nitidamente, os assistentes. De preferncia, suave, abastecida por uma chama bastante grande de gs comum. O nico inconveniente que h, quando um corpo igual a uma mesa ou outro objeto qualquer, projeta sua sombra por sobre uma parte do solo. Quase sempre podemos distinguir claramente as mos dos assistentes. Alis, enquanto a

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    mesa erguida, simples pedir-lhes que a elevem altura da cabea sem romper a corrente, de forma a estarmos seguros de que no exercem nenhuma influncia. O observador pode encontrar-se no interior do crculo nesse momento, e mover-se por toda a parte, exceto entre a mesa e o mdium, que a nica regio na sombra. Mas, mesmo com uma das mesas maiores, possvel, s vezes, ver perfeitamente em baixo e constatar a imobilidade dos ps, dos corpos e da corrente das mos durante a levitao.

    7.) Durante minhas pesquisas, o mdium esteve sempre consciente; qualquer espcie de fraude seria ento um ato deliberado. Mlle Kathleen interessava-se em geral pelas experincias e preferia esse gnero de sesses as sesses comuns de desenvolvimento. Divertia-me muitas vezes, observando o ardor com que seguia os fenmenos, visivelmente esquecida, nesse momento, de ser ela prpria a causa.

    8.) No importa que os assistentes calcem botas, sapatos, chinelos ou somente meias: o estrondo dos golpes sobre o assoalho, no ser de modo algum atenuado. Aps to grande rumor, foi observado a um ilustre visitante que ali se achava de passagem, que todos traziam escarpins de feltro e suas mos continuavam unidas. Mlle Kathleen descalou seus chinelos para demonstrar que no havia nenhuma substncia slida a dissimulada.

    9.) Grande nmero de pessoas foi convidada a tomar parte nas sesses. Creio poder afirmar que ningum dentre elas, cticos ou indiferentes, partiu sem estar seguro de ser a fora psquica uma realidade. Sem dvida, nem sempre o visitante est certo de que os fenmenos so obra de espritos desencarnados, mas pelo menos est convicto de serem eles verdadeiros e de modo algum devidos ao normal do mdium ou dos membros do crculo.

    10.) Seria necessrio ver para crer na fora dos movimentos da mesa. Atinge s vezes, 50 quilos. Para reproduzi-las, seria necessrio que o mdium se servisse de seus ps, j que as mos e o corpo dos assistentes so nitidamente visveis. Ora, podemos provar que, mesmo que o mdium

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    estivesse atirado em sua cadeira, as pernas estendidas e os ps a 50 cm abaixo da mesa e tentasse mov-la, essa fraude seria imediatamente descoberta. Uma presso insignificante da mesa bastaria para impedi-lo; e j vimos que, mesmo um homem muito vigoroso, no o conseguiria.

    11.) Se o mdium se virasse sobre o espaldar de sua cadeira e tentasse erguer a mesa com os ps, no o poderia fazer a no ser por poucos instantes e sacudindo-a. Ora, as caractersticas da verdadeira levitao so completamente outras e distinguem-se nitidamente da falsa, a qual no pode sobreviver por longo tempo.

    12.) Despendi muitas horas no interior do crculo e ao seu redor. Coloquei instrumentos complicados sob a mesa, passei muitas vezes meu brao entre esta e o mdium, cujos ps e mos encontrei perfeitamente imveis durante todas as levitaes. Finalmente, se Mlle Kathleen quisesse fazer trapaa, por mais que tentasse, no poderia manter a mesa no ar enquanto meus instrumentos funcionassem e eu trabalhasse entre ela e a mesa

    13.) Admitamos o embuste e vejamos os fatos. Na exp. 50, uma grande balana de molas colocada sob a mesa, marca 13 quilos 600, no momento em que a mesa se encontra a 30 cm acima do solo. Para conseguir este resultado, um dos ps do mdium deveria erguer a mesa, enquanto o outro faria presso sobre a balana, coisa verdadeiramente impossvel, mesmo quando ajudamos o mdium, segurando seus braos para impedi-lo de cair. Suponhamos, no entanto, que o mdium o consiga; como explicar que com a mesma mesa e a mesma balana, o peso seja sempre o mesmo, cerca de meia libra, todas as inmeras vezes em que tentei a experincia? Como poderia Mlle Kathleen calcular exatamente a mesma presso? Como poderia exerc-la gradualmente, de maneira a que a mesa se atirasse no ar, exatamente no momento em que a balana marca 13 quilos e 600?

    Na exp. 46 (6.) coloquei minha mo e parte do brao no estrado da balana, durante a levitao. Nada havia e tanto a levitao quanto o registro, no sofreram alterao.

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    Vejamos as exp. 48 e 49. Os ps do mdium achavam-se prximos ao prego onde estava enganchado o dinammetro, sobre o assoalho. Eu mesmo l os coloquei e no se moveram. Houve trs fenmenos simultneos durante essas experincias: levitao da mesa, funcionamento da balana e do dinammetro. Achava-me perto deste ltimo e minhas mos moviam-se continuamente diante dos ps do mdium e entre estes e a mesa. Alm disso, fizemos meia dzia de leituras, e estas poucas diferiam.

    As exp. 51 e 52 demonstram de forma concludente que, quando a mesa em levitao est sobre o estrado, este s reage quando se encontra a 7 ou 8 cm do solo. Portanto, se o mdium faz trapaa, ele ergue a mesa com um dos ps at esta altura, colocando ento seu outro p sobre o estrado, aumentando a presso medida que este se eleva: processo absurdo se fosse possvel. No o , pois o mdium deveria calcar naturalmente sobre o estrado, no momento em que este se encontra mais abaixo; no esperaria que o mesmo se encontrasse a 7 cm acima do solo para exercer uma presso que deveria ser exatamente de 340 grs.

    A experincia 22 demonstra que o peso da mesa pode ser aumentado a tal ponto, que um homem vigoroso no pode ergu-la. Como poderia haver, trapaa, com uma mesa de prateleira simples e quatro ps? Uma prova usual imposta aos visitantes, faz-los segurar a mesa, enquanto se encontra suspensa a uma altura aproximada de 50 cm a fim de impedi-la de voltar ao solo. No o conseguiro. Ora, impossvel obter este resultado com fraude, dadas as condies de nossas sesses.

    V-se nas exp. 34, 35, 36 e 37, que eu movia livremente os braos, mos e minhas varetas sob a mesa em levitao, isto sem encontrar nenhum corpo slido.

    Nas exp. 59 e 60, desloquei livremente os aparelhos no espao compreendido entre o mdium e a mesa, sem deixar de ver todo esse espao, assim como a mesa.

    Em resumo, trabalhei durante quase um ano debaixo e ao redor da mesa em levitao; explorei todo o espao; observei claramente com meus olhos

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    e por meio de instrumentos, tudo que havia de interessante; e agora posso afirmar que, todos os fenmenos levados a efeito no crculo Goligher, so absolutamente verdicos em seus mnimos detalhes.

    II

    Registro dos sons pelo fongrafo

    Exp. 1. - Verificao do carter objetivo dos sons. Um ponto a esclarecer no incio das investigaes, o da objetividade

    dos fenmenos. Um dos argumentos empregados para os negar, atribu-los a falsas impresses dos sentidos, recebidas no estado mais ou menos hipntico, resultante das condies especiais da sesso. Em outras palavras, os raps, levitaes e outras manifestaes, seriam subjetivas e alucinantes. Esta objeo perde todo valor em razo do grande nmero de observaes feitas diariamente por pessoas de bom senso e como conseqncia natural de um conhecimento mais profundo das leis do hipnotismo. Vrios aparelhos foram inventados para demonstrar a realidade dos fenmenos. Fotografias a magnsio foram tiradas das mesas suspensas. Movimentos causados pela energia psquica foram registrados automaticamente. Por conseguinte a hiptese de alucinao coletiva no tem base.

    Servi-me do fongrafo para estabelecer a realidade das manifestaes auditivas. Experincias preliminares foram feitas com M. T. Edens Osborne, especialista em fonografia, em um pequeno quarto sem tapete, no andar superior de sua casa. Colocamos o fongrafo no cho (um "Edison Standard") e constatamos que as imitaes de raps feitas com o cabo de um canivete, foram registradas de forma bastante ntida enquanto os sons no se produziam a mais de 30 cm do pavilho. Fizemos a experincia por longo tempo, variando a intensidade do fongrafo, o carter e direo dos

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    sons. Pronunciei ento algumas palavras diante do instrumento, a fim de que fossem registradas por uma das extremidades do cilindro reservado sesso medinica. Acrescentei o nome do mdium.

    Essa sesso teve lugar dia 11 de junho de 1915, s 8 horas da noite. O instrumento foi colocado no cho diante da mesa, em frente ao mdium. Alis, essa mesa foi retirada. Coloquei alguns jornais sob o fongrafo, para amortecer as vibraes caso as pancadas fossem violentas e introduzi o cilindro. Finalmente, acendemos a luz vermelha. Como de hbito, leves raps se fizeram ouvir prximo ao mdium e aumentaram de intensidade. Os operadores pareciam compreender que a sesso tinha um fim especial, ter feito seus preparativos e estarem vivamente interessados. Por sugesto de um dos assistentes, expliquei-lhes o mecanismo do fongrafo, o que no pareceu de grande utilidade. Pedi ento uma repetio geral. Foi iniciada no mesmo instante. Toda sorte de pancadas foram produzidas e uma pequena campainha ps-se a tilintar de maneira inesperada. Quanto durao, constatei que os operadores eram incapazes de calcular exatamente o minuto e meio que lhes era concedido para cada fonograma. A fim de gui-los, mediu-se o tempo com o auxlio de um relgio. Eu lhes havia pedido que dessem uma pancada quando me fosse permitido entrar no crculo (na ignorncia das condies requeridas, tenho por princpio invarivel deixar sempre os operadores disporem as coisas sua vontade antes de uma experincia, contanto que as condies por mim impostas sejam executadas). Cerca de 5 minutos depois, tendo-se feito ouvir o sinal combinado, entrei no crculo, coloquei o gravador e o dedo sobre a partida. Trs outras pancadas avisaram-me de que tudo estava pronto. Gritei: "Vamos!" No mesmo instante um estrondo ressoou sobre o assoalho e eu pus o fongrafo em andamento. Meia dzia de marteladas, uma srie de pancadas duplas e triplas, frices semelhantes lixa no assoalho, foram ouvidas sucessivamente. A campainha foi suspensa e ps-se a tocar, os ps da mesa ergueram-se, feriram o solo, ouviu-se um serrar de madeira, etc. Continuaram com esse barulho infernal, at eu gritar: "Alto!" Nesse

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    momento, fez-se absoluto silncio. Experimentamos ento o fonograma e vimos que a maior parte dos sons haviam sido registrados. Estando a campainha bastante longe, seu som era apenas perceptvel. Sugeri aos operadores fazerem soar no centro mesmo do crculo e o mais perto possvel da trompa acstica do fongrafo, prometendo no toc-lo para no comprometer as condies de equilbrio dos fenmenos. A campainha ento tocou durante a gravao seguinte a mais ou menos 5 cm de minha mo e to prxima trompa acstica, que nela tocou por acaso e a fez cair. Isto danificou em parte o fonograma, mas tivemos trs outros em boas condies. Demonstrou-se, sem contestao possvel, que os sons dos quais nos ocupamos so normais, perfeitamente objetivos. Sem dvida, os sons reproduzidos nada so comparados aos originais, e a campainha apenas perceptvel, mas os trs fonogramas reproduzem quase toda a escala desses sons, que foram os mais violentos jamais produzidos pelo crculo esses sons foram claramente percebidos dois andares abaixo e mesmo no exterior da casa. (5)

    (5) Os fonogramas, apresentados em uma conferncia de M. Horace Leaf foram claramente ouvidos por 600 pessoas (Light 7 de agosto de 1915).

    III

    Reao da mesa durante a levitao

    Uma das primeiras perguntas que fiz a mim mesmo ao comear minhas experincias, foi naturalmente esta: onde se encontra a sede da reao durante a levitao? Vi a mesa flutuar no ar, por assim dizer, repetidas vezes durante um ano ou mais e, freqentemente, perguntei a mim mesmo se a reao se fazia sobre o assoalho, imediatamente abaixo, se tinha lugar sobre o prprio mdium, ou finalmente se estaria localizada em outra parte. Aps dezoito meses de observaes, ainda ignorava o mecanismo dos

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    fenmenos. Comecei por andar ao acaso, confiando na sorte para chegar ao caminho certo. Decidi que o melhor seria sentar o mdium sobre a balana e verificar seu peso durante a levitao. No sabia se isto impediria a levitao, assim como ignorava as conseqncias da ruptura do crculo, isto , as mos libertas e colocadas sobre os joelhos. Realmente, seria intil registrar o peso do mdium, se este no estivesse completamente isolado das pessoas sentadas ao seu redor.

    Com o risco de me repetir, resumo os movimentos tantas vezes por mim observados, da levitao da mesa. Ela se estabiliza, isto , fica praticamente imvel no ar, sem suporte visvel, durante um minuto ou mais. Creio nunca t-la visto completamente imvel por muito tempo; tem sempre pequenos tremores. Durante a levitao, pode oscilar no sentido vertical ou horizontal, se bem que nesse ltimo movimento, parea rodopiar sobre esta base. Tambm oscila no ar, como um barco balanado num mar agitado. Tal a analogia, que o observador quase v as "ondas" que a levam. Freqentemente observei outros movimentos, com a inclinao de uma das extremidades da mesa, mas os primeiros so os mais importantes sob o ponto de vista experimental. Lembremo-nos que qualquer um deles pode ser obtido facilmente, isto , que o experimentador pea aos operadores invisveis, para obt-lo instantaneamente.

    Material. - Utilizei-me de uma balana cuja fora era de 200 kg sensvel a 50 grs. Sendo seu estrado um pouco estreito, cobri-o com uma prancha de desenho de 60 x 45 cm por 2 cm 1/2 de espessura, que fixei s colunas traseiras da balana. A altura do solo na parte superior da prancha era de 18 cm.

    As mesas por mim utilizadas eram em nmero de quatro: N. 1 - Mesa comum das sesses, retangular, em madeira clara, com

    quatro ps direitos. Parte superior 60 x 43 cm; rea dos ps: 44 x 38 cm altura: 73 cm; peso 4 quilos 700.

    N. 2 - Mesa de vime, octogonal, de quatro ps. Comprimento lateral: 19 cm; rea dos ps: 30 x 30 cm; altura: 69 cm peso: 2 quilos 700.

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    N. 3 - Aparador de vime, para bibelots, com duas prateleiras e quatro ps. Prateleira superior: 43 x 43.; prateleira inferior: 24 x 24 cm; rea dos ps: 30 x 30 cm; altura: 77 cm; peso: 2 quilos 850.

    N. 4 - Tamborete retangular de madeira. Parte superior: 32 x 34 cm; rea dos ps: 20 x 20 cm; altura: 28 cm; peso: 1 quilo 150.

    As experincias de reao prolongaram-se por trs sesses, a fim de eliminar os erros que teriam passado despercebidos no decorrer de uma nica prova.

    Mtodo. - Coloquei uma mesa ao centro do crculo e sentei o mdium em uma cadeira bem ajustada sobre a prancha de desenho. Os ps do mdium achavam-se bem a prumo sobre a prancha. O crculo formou a corrente durante uma meia hora mais ou menos, para permitir energia psquica seu pleno desenvolvimento. Ao fim desse tempo, pedi aos assistentes que desunissem suas mos, colocando-as espalmadas sobre os joelhos. Coloquei eu mesmo as mos do mdium sobre seus joelhos e verifiquei a posio das outras. Pedi a Mlle Goligher que ficasse completamente imvel. No fez nenhum movimento perceptvel durante toda a sesso. Achava-se ento fisicamente isolada de todo o crculo. Coloquei-me sua direita, bem perto.

    Descrevo as experincias segundo as anotaes colhidas nesse momento. O leitor deve esperar repeties, mas experincias sobre levitao, realizadas em condies ideais como aquelas, so raras; portanto, todos os detalhes, a meu ver, devem ser cuidadosamente preservados, e eu no me desculparia. No pensaria em publicar tantas coisas mais ou menos semelhantes se se tratasse de outra categoria de pesquisas, mas estamos bem distante das convenes cientficas comuns desde que abordamos os trabalhos psquicos.

    Exp. 2. - Reao sobre o mdium durante a levitao. A mesa da qual nos servimos era a de N. 1. Equilibrei exatamente o

    peso do mdium, de sua cadeira, e da prancha. Mantendo-se o mdium completamente imvel, pedi aos operadores que erguessem a mesa,

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    mantendo-a o mais estvel quanto possvel enquanto eu faria minhas observaes. Ela ergueu-se imediatamente cerca de 20 cm, estando sua superfcie mais ou menos horizontal (a altura das levitaes, em geral, variavam entre 20 e 30 cm, se bem que com o tamborete possamos chegar a muito mais); ento ela se afigura estacionria. Tendo-se rompido o equilbrio da balana, eu o restabeleci.

    Eis o que foi anotado: Peso do mdium, + cadeira, + prancha, antes da levitao = 59 quilos

    400 Peso do mdium, + cadeira, + prancha, durante a levitao = 63 quilos

    850 Acrscimo.................................... 4 quilos 450 Peso da mesa................................. 4 quilos 700 Concluso: O aumento de peso do mdium devido levitao, cerca de

    250 grs., igual ao peso da mesa. Observao. - A levitao foi to perfeita quanto possvel e dispus de

    todo o meu tempo. Aps minhas observaes, a mesa no se movia; foi necessrio avisar aos operadores que j havia terminado, e pedir-lhes que a fizessem descer, o que foi feito bruscamente.

    Exp. 3. - Reao sobre o mdium durante a levitao. Tabela n. I. Mesmo mtodo que na exp. n. 2. Data: algumas semanas

    mais tarde. Acrscimo de peso do mdium 63 kg. 800 - 59 kg. - 4 kg. 800 Peso da mesa = 4 kg. 700 Concluso: O aumento de peso do mdium durante a levitao, cerca de

    100 grs. igual ao peso da mesa. Observao: Ao fim da experincia refiz a pesagem do mdium e no

    constatei nenhuma alterao. Isto parece provar que o peso do mdium acrescido pelo peso da mesa durante a levitao. No decorrer da exp. 2, constatei uma diferena a menos, de 250 gr., mas nesse dia o jovem Samuel Goligher achava-se em frias. Por conseguinte, possvel que o todo ou

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    parte das 250 grs. tenha sido transportada a ele, a menos que essa diferena seja devida a um erro de observao.

    Exp. 4. - Reao sobre o mdium durante a levitao. Foram utilizadas alternadamente as mesas n. 1, 2. 3 e 4. Tara antes da levitao... 62 kgs. 050. (O Peso do mdium havia aumentado durante o intervalo de cerca de

    trs meses que separam as exp. 2 e 4).

    (6) O peso da mesa n 1 50 grs superior ao peso indicado no inicio, o que pode ser devido ao defeito de sensibilidade da balana. (Nota do autor).

    Portanto, vemos que o peso da mesa em levitao acrescenta-se ao peso do mdium.

    Observao. - Todas as levitaes foram to perfeitas quanto possvel e mantiveram-se tanto tempo quanto o desejei. A levitao do tamborete foi um dos mais belos fenmenos que me foi dado ver. Estava to suspenso no ar, que eu poderia facilmente passar por baixo, inclinando a cabea.

    Comparando o peso da mesa com o peso do mdium nas 6 experincias acima, encontramos as seguintes razes: (7)

    (7) Empregamos as cifras calculadas pelo autor, se bem que talvez no correspondam exatamente aos pesos aqui indicados e que so os "nmeros redondos" dos pesos expressos em medidas inglesas.

    93,9 102,2 96,4 93,7 94, 104,5 das quais a mdia 97,3% Concluses gerais das exp. 2, 3 e 4:

    A) Quando a levitao da mesa feita regularmente, o peso acrescentado quele do mdium sensivelmente igual ao da mesa.

    B) Portanto, a sede da reao parece ser principalmente o mdium mesmo.

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    C) Tirando a mdia dos 6 casos, o acrscimo de peso do mdium parece ser cerca de 3% menor que o da mesa em levitao.

    real a ligeira diminuio de 3%, ou devida simplesmente a um erro de observao?

    Procuremos em primeiro lugar os possveis erros e suas origens durante a experincia.

    1.) Durao. - Os resultados foram registrados sem pressa. A mesa ficava sempre suspensa muito mais tempo que o necessrio. Tive mesmo que pedir todas s vezes aos operadores que a deixassem cair. Em dois ou trs minutos, temos largo tempo para fazer uma pesagem exata.

    2.) Erros devidos ao leve movimento impresso mesa em levitao. - Esta uma das causas de erro bastante sria, contra a qual devemos nos precaver com cuidado. Todo movimento da mesa em levitao altera o peso do mdium. Isto ser por mim examinado detalhadamente mais adiante. Basta que diga aqui, que durante as seis levitaes, a mesa foi suspensa de maneira to regular quanto possvel, salvo alguns pequenos sobressaltos e tremores.

    3.) Erros comuns de experincia. - So anulados tirando a mdia dos resultados.

    O fato de ser o acrscimo de peso do mdium um pouco inferior ao da mesa em levitao, no , por conseguinte, devido tanto a um erro de observao quanto a uma outra causa fcil de ser adivinhada. A quase totalidade da reao tem lugar sobre o mdium, mas uma pequena parte no teria ela lugar sobre as outras pessoas? A suposio nada tem de insensata. Quis certificar-me se tinha algum fundamento.

    Exp. 5. - Reao parcial sobre os assistentes durante a levitao. Fiz a experincia com M. Morrison que est, no crculo, direita do

    mdium. No fim da sesso, eu o fiz sentar sobre a balana e tenda o mdium retomado o seu lugar, foi feita a levitao nas condies habituais com a mesa n. 1.

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    O acrscimo de peso foi de 50 grs. A diferena mnima para que se possa tirar uma concluso, mas comparando esta experincia seguinte, a dvida no mais permitida.

    Exp. 6. - Efeito do movimento vertical da mesa em levitao. Sendo as condies as mesmas da exp. n. 5, pedi aos operadores que

    puxassem a mesa em levitao, de alto a baixo. O fiel da balana, equilibrado a princpio, subiu e desceu em perfeita harmonia com os movimentos da mesa. Repeti a experincia vrias vezes, at ficar absolutamente seguro do resultado.

    Por conseguinte, uma pequena parte da reao ocorre sobre todos os membros do crculo, ou muitos dentre eles, sem contar o mdium, Assim, como observa o almirante Moore, quando uma mesa est suspensa, o efeito exatamente o mesmo como se o mdium a erguesse com as mos enquanto alguns dos assistentes o ajudam com o dedo, ficando os outros neutros.

    Exp. 7, 8 e 9. - Efeito do movimento vertical da mesa em levitao sobre o peso do mdium.

    O mdium sentado sobre a balana, as mos nos joelhos, como na exp. n. 2, pedi que a mesa (n. 1) fosse erguida mansamente, o que foi feito em seguida. O acrscimo de peso foi de 4 quilos 750. Pedi ento aos operadores que puxassem a mesa de baixo para cima, verticalmente. Assim fizeram instantaneamente e a mesa subiu rapidamente 15 ou 20 cm. Diversas vezes o resultado foi idntico: cada vez que a mesa se erguia, o fiel da balana elevava-se at tocar o buttoir resumindo depois o equilbrio primitivo. O efeito era o mesmo quando a mesa era puxada do alto para baixo.

    Concluso: Quando a levitao da mesa regular, o peso do mdium acrescido do peso da mesa. Se a mesa ento agitada em sentido vertical, sofre o mdium um acrscimo de peso instantneo.

    A mesma experincia, feita alguns meses mais tarde, deu o mesmo resultado.

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    Com o tamborete, obtive o mesmo resultado. Houve somente esta diferena, que os movimentos da mesa faziam subir e descer rapidamente o fiel, ao passo que os do tamborete exerciam sobre ele uma ao muito fraca.

    Alm disso, muitas vezes observei em outras experincias de peso no mdium, enquanto as mesas 1, 2, 3 e 4 que se achavam suspensas, moviam-se verticalmente. Todas minhas observaes confirmaram as precedentes.

    Exp. 10. - Movimentos da mesa sobre o assoalho. O local do crculo onde coloquei a mesa (n. 1) evidentemente no

    agradava aos operadores, no incio das experincias, porquanto esta foi empurrada suavemente sobre o assoalho at atingir o ponto exato e desejado. Achava-se o mdium, nesse momento, sentado sobre a balana, absolutamente imvel, as mos sobre os joelhos, e o fiel em equilbrio. Durante o impulso da mesa, o fiel subiu at o buttoir, a se mantendo enquanto durou o movimento e caindo assim que este cessou. Conseqentemente, o peso do mdium aumenta durante os deslizes da mesa sobre o assoalho. Julguei, pela alterao do fiel, que o acrscimo era de 1.300 a 1.800 grs., o que correspondia fora necessria para impelir o mvel sem frico sobre o assoalho.

    Exp. 11. - Movimentos vrios da mesa. Estando o mdium sobre a balana, pedi aos operadores que

    imprimissem vrios movimentos mesa, desde os mais leves deslizes e suspenses, at a levitao total. Eis o que obtive:

    a) Mesa suspensa nos dois ps, acrscimo de peso do mdium. b) Mesa suspensa a altura superior anterior: variao do peso

    marcado. c) Mesa suspensa sobre trs ps, nova variao do peso marcado. No

    controlei regularmente as alteraes de peso do mdium, mas equilibrei o fiel com o carro. Nenhum desses acrscimos de peso, alcanou o da mesa.

    d) Mesa em movimento sobre o assoalho, virando depois cerca de 30. O peso do mdium aumentou enquanto duravam os movimentos.

  • 34

    Concluso: Todo movimento da mesa, tem por efeito um acrscimo de peso que se acusa no mdium, quer se trate de levitao parcial ou total, ou de movimento sobre o assoalho. Esse acrscimo varia at atingir aproximadamente o peso da mesa.

    Exp. 12. - Progresso da levitao segundo os movimentos do fiel. Observando os movimentos do fiel, percebi os movimentos da mesa,

    sem seguir a levitao desta. Exp: 13. - Suspenso da mesa nos dois ps. Um dia, ao fim das sesses, os operadores fizeram oscilar

    repentinamente a mesa que ficou suspensa nos dois ps cerca de um minuto, no decorrer da prece que terminava a reunio. O mdium achava-se nesse momento, sentado sobre a balana, e observei que seu peso havia aumentado muito; o fiel apoiava-se fortemente contra o buttoir. No entanto eu no anotei esse aumento.

    Exp. 14 e 15. - Transladao da mesa em direo ao mdium. A meu pedido, a mesa avanava ou recuava em direo ao mdium. O

    resultado foi um acrscimo de peso deste ltimo. As concluses a tirar das experincias 6 a 15 so que todos os

    movimentos da mesa, sobre o assoalho ou no ar, provocam um acrscimo de peso temporrio no mdium; em outras palavras, as foras que realizam esses movimentos, tm sempre seu ponto de apoio sobre o corpo do mdium.

    Distncia crtica entre o mdium e a mesa. - Como j disse (exp. 19), a distncia entre a mesa e o mdium parece ser um fator importante na levitao. um erro crer que, quanto mais prximo o mdium estiver da mesa, mais rpida e facilmente se dar o fenmeno parecia haver uma distncia apropriada. Tendo cometido esse erro, estreitei repetidas vezes o crculo, aproximando as cadeiras. Mas, antes que a mesa fizesse algum movimento, a cadeira onde se sentava o mdium foi rechaada a uma distncia de cerca de 30 cm. Fui testemunha vrias vezes desse extraordinrio fenmeno. Perguntamos ento onde estar a reao, nesse

  • 35

    caso. Espero fazer um exame profundo mais tarde. Enfim o dimetro do crculo sendo normal, se a mesa estivesse muito prxima ou muito distante do mdium, ela seria arrastada ou impelida, at ser obtida a distncia conveniente levitao. Um desvio de alguns centmetros tinha importncia. Muito me diverti um dia em que fazia experincias muito delicadas de levitao. Encontrava-me, como de hbito, no interior do crculo, e pensando no estar a mesa onde devia, impeli-a mais ou menos 15 centmetros esquerda. Apenas havia terminado, foi ela restituda ao seu lugar primitivo pelos operadores. Impelindo-a ainda uma vez estouvadamente, foi imediatamente reposta no lugar de onde eu a havia tirado. Por acaso, era sua posio exata, coisa muito rara.

    Concluso: Existe uma distncia crtica, que s ela, permite a levitao. Se o mdium est muito longe os operadores empurram a mesa. Se esto embaraados pelo crculo, empurram o mdium e sua cadeira.

    Altura crtica da levitao. - Ainda a, parece haver uma altura crtica que julgo estar mais ou menos a 20 cm do solo; o gasto de energia psquica encontra-se ento no seu mnimo, pelo menos com mesas pesando de 2 quilos e 500 a 5 quilos. Mas se pedimos uma levitao particularmente alta, ou se os operadores querem fazer uma manifestao impressionante, chega-se a uma altura muito maior, mormente ao fim da sesso. Assim, vi a superfcie da mesa subir ao nvel de meu ombro. Entretanto, nas levitaes elevadas, a estabilidade da mesa bem menor, oscilando esta lentamente de um lado para outro. Os operadores parecem agir com dificuldade; a mesa eleva-se com movimentos bruscos altura pedida, e no por elevao lenta. A levitao mais elevada que observei, foi a do tamborete (exp. 4). A altura mxima das levitaes , tanto quanto pude constatar, de cerca de 1 metro e 20.

    Observei toda sorte de levitaes caprichosas. Por exemplo, um dia em que a mesa ficou no ar cerca de trs minutos, a extremidade dos ps quase ao nvel dos joelhos dos assistentes, ela inclinou-se pouco a pouco at ficar quase vertical, depois, sempre suspensa, veio cadeira onde me achava

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    sentado, colocou sua extremidade inferior sobre meus joelhos, recuou, e caiu novamente por terra.

    Concluso: Parece existir uma altura crtica na qual os operadores podem produzir uma levitao mais fcil, ou pelo menos mais regular e mais prolongada. Tudo que ultrapassa esta altura exige um esforo visvel.

    IV

    Resistncia da mesa e os fenmenos diversos

    Exp. 16. - Presso exercida sob a mesa durante a levitao. A levitao teve lugar pouco depois do incio da sesso e antes que a

    energia psquica chegasse a seu mximo. A mesa (N. 1) agitou-se, ergueu-se nos dois ps, caiu, ergueu-se nos dois outros, caiu novamente, ficou sobre um s p, depois sobre um segundo, fez alguns movimentos rpidos e bruscos, elevando-se completamente de travs, a extremidade mais baixa constantemente impelida para cima, para chegar enfim posio horizontal. A agitao cessou ao fim de 4 minutos e meio, ficando a mesa imvel durante 4 minutos, a cerca de 30 cm do solo: resultado evidentemente desejado pelos operadores, para mostrar que podiam disciplinar a fora psquica. Os segundos foram contados em voz alta durante o primeiro minuto. Os trs minutos restantes foram contados de relgio na mo.

    Admitindo que a levitao seja produzida por uma presso realizada sob a prateleira da mesa, essa presso por unidade de superfcie igual ao peso da mesa, seja 4 quilos e 700 divididos pela rea da prateleira, seja 1,36 cm2 Encontramos assim 0 grs. 34 por cm quadrado, presso mnima e que seria difcil de descobrir por meios mecnicos. Imagino aqui, para as necessidades do raciocnio, uma presso fluida, se bem que a hiptese seja difcil de conceber. Qualquer que seja sua natureza, e, alis, verossmil que

  • 37

    esta presso no age uniformemente, mas sobre uma parte determinada da parte inferior da prateleira. Isto demonstrado pelos movimentos bruscos impressos a tal ou tal extremidade, no comeo da levitao. Pode haver tambm uma presso em dois ou trs pontos diferentes, ou somente no centro de gravidade. Ou ainda, a fora, em lugar de agir sob a mesa, pode se aplicar sob cada um de seus ps (hiptese extravagante). Pode ento consistir em hastes ou raios, projetados pelo mdium e que se agarram aos ps. Pode enfim agir sobre a superfcie mesma da mesa. Menciono todas estas hipteses para fazer compreender ao leitor que nada afirmo levianamente. Sero examinadas mais tarde. Enquanto aguardamos, basearemos nossos clculos sobre a mais razovel, a da fora aplicada sob a mesa e dirigida de baixo para cima.

    Exp. 17. - Novo clculo da presso sob a mesa. A sesso realizou-se em minha casa, na minha sala. Servimo-nos de

    uma mesa retangular, com quatro ps curvos e dois tampos. Houve vrias levitaes; a mais longa no foi cronometrada, mas durou pouco mais de um minuto.

    O peso da mesa era de 7 quilos 250, sua superfcie 25 dm2, sua altura: 73 cm.

    Admitindo que a presso estivesse uniformemente dividida, por conseguinte era de 2 gr. 8 por cm2.

    Exp. 18. - Fora muscular exercida verticalmente sobre a mesa suspensa.

    Durante uma das levitaes a que nos referimos na exp. 17, ao fim da sesso, no momento em que a energia psquica atingia o mximo, a superfcie da mesa, estando quase ao nvel do meu ombro, entrei no crculo e fiz presso com ambas s mos para faz-la cair. Se bem que empregasse toda minha fora, no o consegui. Um de meus amigos, o qual mede mais de 1 metro e 80, inclinou-se ento para mim, ajudando-me; nossos esforos combinados conseguiram exatamente fazer cair a mesa. A resistncia sofrida era elstica. Em seguida, a mesa ergueu-se nos dois ps. Enrijeci em

  • 38

    vo meus msculos para reconduzi-los ao solo: escusado. Uma almofada de ar comprimido parecia existir sob os ps, no ar.

    Segundo as observaes realizadas h mais de dois anos, e que se estendem sobre centenas de levitaes de toda espcie, estas apresentam sempre as mesmas caractersticas. A energia psquica parece no atingir ao seu mximo seno ao cabo da meia hora, pouco mais ou menos. Freqentemente obtive levitaes ideais, uma hora aps o incio da sesso, sem movimentos bruscos iniciais ou outros quaisquer. Dir-se-ia que os operadores obtiveram os resultados desejados e que as experincias, to freqentes no incio, tornavam-se inteis.

    Exp. 19 e 20. - Duas formas de resistncia para uma mesa em levitao. A mesa era a mesma da qual nos servimos para a experincia 17, e a

    sesso teve lugar em minha casa. No decorrer de uma levitao das mais bem sucedidas, entrei no crculo e inclinei-me sobre a mesa tentando impeli-la verticalmente para o solo; encontrei uma resistncia elstica, como disse mais acima. Tive ento a idia de impeli-la obliquamente para o mdium. Fiquei surpreso ao sentir ai uma outra forma de resistncia, no elstica, mas slida ou rgida; enfim, a mesa parecia estar bloqueada. No determinei a direo exata da presso. Sem dvida varia conforme a altura da levitao.

    Mesma constatao na exp. 20. Era como se eu fizesse presso contra uma haste slida que, saindo do mdium, se houvesse agarrado mesa.

    Exp. 21. - Queda e reerguimento da mesa. A mesa foi colocada, como era hbito, de tal maneira que o lado mais

    comprido fazia face ao mdium. Pedi aos operadores que a deixassem cair e em seguida a reerguessem sobre seus ps. Primeiramente a impeliram at que o lado menor ficasse mais ou menos paralelo ao mdium, ergueram-na suavemente sobre os dois ps, fizeram-na girar, deitando-a no cho conforme eu havia pedido tudo sem rudo e sem agitao. Depois teve lugar a operao contrria: os operadores tentaram reerguer a mesa. Evidentemente era complicado e no ia naturalmente. Sofreu a mesa

  • 39

    choques sbitos, que pareciam dirigidos contra sua extremidade inferior e que, na maior parte ficaram sem efeito. Uma vez somente, a extremidade elevou-se um pouco acima do solo. Enfim, um impulso mais forte, aplicado talvez no lugar adequado, reps a mesa sobre seus quatro ps.

    Nesta experincia, a mesa est quase sempre cada ao cho, esquerda do mdium. Mais adiante discutirei a razo. O fato reproduziu-se uma dzia de vezes pelo menos e em minha prpria casa. Havamos formado o crculo de improviso, a um canto do quarto. Estavam presentes somente o mdium, trs dos nossos membros habituais, minha mulher, uma garota nossa amiga e eu. Uma mesa leve de bambu foi colocada entre ns. Aps algumas levitaes, raps, etc., ela foi derrubada de lado pelos operadores, deslizou sobre o assoalho at alcanar o local escolhido e de um s mpeto, foi erguida. No houve contacto nem insucesso.

    Exp. 22. - Variao do peso da mesa em levitao. Enquanto a mesa encontrava-se no cho, pedi aos operadores que a

    tornassem mais pesada, o que fizeram imediatamente. Realmente procurei ergu-la, sem o conseguir, pois parecia atarraxada ao solo. Da mesma maneira, pedindo-lhes que diminussem o peso, consegui ergu-la com pouco esforo.

    Exp. 23. - Levitao, os ps da mesa no ar. Isto teve lugar ao fim das experincias sobre fosforescncia, etc. O

    compartimento achava-se ento totalmente s escuras. A energia despendida foi tal, que a mesa virou e ergueu-se a bastante altura, com os ps para o ar. Trs dos assistentes e eu, seguramos um p do mvel e procuramos faz-lo descer novamente: foi impossvel. A mesa agitava-se no ar para todos os lados e com tal fora, que da mesma maneira poderamos tentar parar uma locomotiva.

    Exp. 24. - Aderncia da mesa virada ao solo. Tratava-se da mesa n. 1, pesando 4 quilos 700. Estava no cho, em

    desordem e um dos visitantes mais musculosos, foi convidado a ergu-la. No foi capaz. No creio ter jamais visto algum o conseguir. A mesa

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    parece atarraxada ao assoalho, ou a mantida por uma ventosa, explicao esta bastante insuficiente, como vou demonstrar. Esta experincia notvel e das mais importantes para estabelecer uma teoria satisfatria.

    Exp. 25. - Movimentos da mesa, com o pesquisador sentado em cima. Sentei-me na mesa. Esta deslizou e foi impelida de um lado outro,

    sem esforo aparente, apesar da frico considervel. Vi vrias pessoas que se achavam sentadas como eu, serem assim transportadas. Uma das nossas experincias favoritas pedir a um visitante que se sente na mesa e espere tranqilamente os acontecimentos. Ao fim de um minuto apenas, a mesa ergue-se suavemente nos dois ps e o faz deslizar para o cho.

    Exp. 26. - Posio da mesa onde a fora psquica mxima. Quando um visitante convidado a entrar no crculo para segurar a

    mesa e impedi-la de qualquer movimento, esta, antes mesmo que seja tocada, ou imediatamente depois, ergue-se geralmente nos dois ps mais afastados do mdium, fazendo um ngulo cerca de 40 com o solo. Assim permanece uma dezena de segundos e imediatamente depois comea a luta. Esse movimento inicial sobre dois ps, nesse ngulo, no obra do acaso; aparentemente tem como fim permitir, uma projeo dinmica do mdium, agarrar-se mais facilmente parte inferior da mesa. Durante essa experincia, pode o pesquisador manter-se em qualquer lugar prximo mesa, exceto entre esta e o mdium.

    Exp. 27. - Adaptao da fora elevao de uma mesa irregularmente carregada.

    Esta experincia no foi arranjada por mim, mas sim espontaneamente pelos operadores. Eu havia trazido uma caixa de madeira contendo uma campainha eltrica, de pilha seca, da qual me queria servir para outra Experincia. Coloquei-a na extremidade da mesa, a qual foi suspensa repentinamente. Como a mesa pesasse 4 quilos e 700 e a caixa 1 quilo e 600, o centro de gravidade foi transportado a alguma distncia do centro. Contudo, os operadores conseguiram mant-la mais ou menos horizontal, sacudindo fortemente o lado que caa. Pareciam incapazes de situar

  • 41

    exatamente, o novo centro de gravidade. A irregular distribuio de peso, no entanto, parecia ser-lhes desagradvel, porquanto procuravam impelir a caixa para o meio da mesa, sem o conseguir.

    Exp. 28. - Presso sobre o boto de uma campainha. Uma campainha eltrica de pilha seca, foi introduzida em uma caixa e o

    boto de contacto ajustado parte de fora. A distribuio de peso era tal, que nenhum dedo humano poderia acionar a campainha sem fazer cair a caixa, a menos que segurasse esta ntima. Alm disso, a campainha no funcionava a no ser com presso normal no boto. Coloquei a caixa no cho, prxima ao mdium, ali onde julguei que o campo psquico seria mais forte e convidei os operadores a comear. Aps um momento de espera, a caixa foi deslocada ligeiramente e a campainha retiniu rapidamente. Ao cabo de novo instante, ainda se fez ouvir, um pouco mais prolongadamente. Ia cada vez melhor e ao fim da sesso, funcionava perfeitamente. O toque mais prolongado durou cerca de 60 segundos. A caixa ficou a prumo todo o tempo. Fiquei surpreso com a dificuldade encontrada no incio pelos operadores, mas compreendi que a fora mecnica necessria para obter o contacto, era de 235 gr. por cm 2, o que excedia de muito a presso uniforme que a levitao da mesa exige. (Exp. 17) preciso notar que o boto no estava frente ao mdium (a 80 cm mais ou menos) enquanto a campainha funcionava, mas quase em frente a mim. A caixa foi colocada pelos prprios operadores, sem dvida para ser mantida pela parte posterior e no cair de cabea para baixo.

    Exp. 29. - Trao exercida sobre uma trombeta. Possuamos para manifestaes eventuais de "voz direta", (8) uma

    trombeta cnica em metal, de cerca de 45 cm de comprimento, aberta nas duas extremidades, da qual a mais larga tinha 6 cm de dimetro e a mais estreita 3 cm. Eu segurava firmemente essa corneta pela ponta, o orifcio maior apontando para o mdium, fazendo um ngulo de mais ou menos 30 com o horizontal. Pedi aos operadores que comeassem a agir. Nada se passou durante cerca de vinte segundos, depois a trombeta foi atrada to

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    violentamente, que pouco faltou para me ser arrancada. Outras tentativas nesse sentido deram os mesmos resultados. A inclinao da corneta era indiferente.

    (8) Ver captulo XVIII. Exp. 30. - Trao exercida sobre a mesa para impedi-la de voltar ao

    centro do crculo. Algumas vezes a mesa chegava por si mesma ao ngulo extremo do

    crculo, do lado oposto ao mdium. Achava-me sentado do lado de fora, e segurei-a nesse momento, empregando todos os meus esforos para impedi-la de voltar ao centro. Esforo intil, uma fora absorvente e irresistvel atraa-a em sentido contrrio.

    Exp. 31. - Tentativa de deslocao de um leno. Coloquei um leno branco no cho, prximo ao mdium, e pedi aos

    operadores desloc-lo pelo quarto. Ao fim de uma meia hora no se movia. Isso pareceu-me estranho, mas creio hoje saber a razo dessa derrota, da qual falarei mais adiante.

    V

    Sob a mesa em levitao

    O pesquisador est frente a uma mesa imvel, suspensa no ar. Nada de material parece sustent-la, pois em cima, em baixo e ao redor, tudo est vazio. Pergunta a si mesmo como acontece esse estranho fenmeno. A meu ver, no espao acima da mesa, nada se relaciona com a levitao, ou ento essa relao muito secundria. Realmente, o pesquisador pode entrar no crculo, segurar a parte superior da mesa, sentar-se sobre ela, ai colocar objetos e agir vontade enquanto seus braos e busto a dominam. Em segundo lugar, pode projetar sobre a mesa uma luz bastante forte, sem que a

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    levitao seja afetada, ao passo que essa mesma luz projetada por baixo, a faria cair imediatamente. O nico lugar onde pessoa alguma pode passar entre o mdium e a mesa em levitao. A existe uma regio de importncia vital. Mais adiante veremos que todo espao entre a mesa e os assistentes tem sua importncia, secundria, verdade, contudo muito real; e que algumas vezes os operadores podem ocupar uma parte, exceto aquela que se acha frente ao mdium. Quanto ao espao sob a mesa, tambm de importncia capital para a levitao.

    Exp. 32. - Efeito de uma luz colocada sobre a mesa em levitao. Peguei uma lanterna eltrica de bolso, cobri a lente com algumas

    espessuras de papel vermelho transparente, e coloquei-a em p sobre a mesa em levitao. Assim ficou por um instante, enquanto a mesa subia e descia suavemente. Somente com duas espessuras de papel vermelho, a levitao foi impossvel, porque a lanterna iluminava muito diretamente o mdium.

    Em geral, uma luz bastante fraca, concentrada perto do mdium, contrria aos fenmenos, mas uma luz difusa, partindo de uma superfcie maior, como a de uma chama, menos nociva.

    Com a lanterna deitada, estando luz em direo oposta ao mdium, realizou-se logo a levitao e manteve-se por longo tempo. A mesa (aquela de minha sala) tinha uma prateleira inferior, mais ou menos a 20 cm do solo. A lanterna a foi colocada em seguida e da mesma forma. Nova levitao bastante prolongada mas mais difcil. Seria ento, a parte inferior do corpo do mdium que tem papel mais importante na produo do fenmeno. Essas experincias demonstram tambm que a extremidade da mesa mais prxima ao mdium, e a regio inferior vizinha, so as mais afetadas durante a levitao.

    Exp. 33. - Efeito de um corpo volumoso sob a mesa em levitao. A mesa (n. 1) estando bem suspensa impeli suavemente para baixo

    dela, uma balana de 20 cm de altura, cujo prato retangular media 20 x 15 cm Nenhum ponto da balana achava-se em contacto com a mesa. Havia no mnimo, 45 cm entre o prato de uma e a parte inferior da outra. O resultado

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    foi claro: A mesa elevou-se alguns centmetros acima do solo, debateu-se no ar como um pssaro ferido ( o nico termo que traduz o movimento) e caiu suavemente no cho.

    Concluso: O espao ocupado pela balana um fator na levitao produzido por uma fora ascendente, operando sob a prateleira da mesa.

    De um modo geral, o espao sob a mesa dever ficar numa relativa obscuridade, se quisermos obter fenmenos interessantes. Ser coisa fcil com uma mesa grande, pela sombra projetada, mas existe um inconveniente. todavia, a luz suficiente para o conjunto de observaes, e ainda que no seja possvel ler as indicaes da balana, veremos que o sentido do tacto as substituem.

    Exp. 34. - Pesquisa sob os ps da mesa em levitao. Se a fora psquica agisse somente sob os ps da mesa, haveria sob cada

    um deles uma fora ascendente de cerca de 1 quilo 180 (mesa n. 1). Colocando-se a mo sob um dos ps, a reao deveria ser muito sensvel. Ora, eu no senti a mnima presso, seja por minha mo estar sob o p, seja por eu a ter erguido do cho at o p. A levitao, por conseguinte, no devida a uma fora atuando sob cada um dos ps, ou ento esta fraca em relao fora principal.

    Exp. 35. - Pesquisa sob a mesa em levitaro. Durante uma levitao normal, coloquei minha mo em diferentes

    pontos do assoalho, a palma aberta em direo ao campo psquico, assim como sob a prateleira da mesa, sem sentir em lugar algum a mnima resistncia. Mas, como uma presso de 34 gramas por cm2 (cf. exp. 16) sobre a pequena extenso da palma no daria grande coisa, esse resultado nada tem de surpreendente. Passando meu brao sob a mesa, tambm no senti presso alguma.

    Explica-se porque eu no encontrava nenhuma resistncia enquanto tocava diversos pontos sob a prateleira da mesa:

    1.) A fora ascendente era muito fraca.

  • 45

    2.) A fora ascendente era real, mas estava neutralizada, acima da mo e do brao, pela aura, (9) em compensao sua intensidade aumentava um pouco nos outros pontos. O volume da mo e parte do brao que se achavam sob a mesa, era sem dvida muito fraco para embaraar seriamente a levitao. (Exp. 33.)

    (9) Muitos estudiosos do psiquismo pensam que o corpo humano emite determinada energia radiosa, que os sensitivos vem sob a forma de uma atmosfera luminosa ou aura.

    Exp. 36. - Pesquisa por meio de uma vareta de vidro sob a mesa em levitao.

    Peguei uma vareta de vidro de 8 mms de dimetro e 35 cm de comprimento, e a fiz correr sob a mesa em levitao, a diferentes alturas. Em seguida eu a fiz descrever um largo movimento sob os ps da mesa e mais alm, at tocar um a um os ps dos assistentes. A levitao no foi afetada.

    Concluso: Um corpo pouco volumoso e de pequena superfcie, pode ser colocado sob a mesa durante a levitao sem perturbar o fenmeno. Todavia, penso que isso exato somente quando a levitao poderosa: Um observador ignorante poderia duvidar da existncia de uma fora que mais ou menos se consome, e crer que a levitao exige uma fora constante. Seria um ponto de vista errado. s vezes parece haver somente fora suficiente para a levitao e nesse caso, uma coisa mnima, a mo colocada sobre mesa, por exemplo, a faria cair. Outras vezes, e isso mais freqente, dir-se-ia que existe uma reserva qual recorremos para imediatamente reparar o menor acidente e manter a levitao.

    Exp. 37. - Pesquisa sob a mesa por meio de um manmetro. O manmetro do qual me servi, era um instrumento muito sensvel,

    empregado nas caldeiras. Devido ao seu registro, a diferena de presso podia ser estabilizada a qualquer momento da medio. Ora, passeando sua extremidade sob todos os pontos da mesa, no constatei nenhum desnvel. Por conseguinte, a levitao no devida presso esttica de um fluido.

    Exp. 38. - Reao sobre o assoalho ou nas suas imediaes.

  • 46

    O dispositivo consiste em uma campainha eltrica, sobre cujo boto fixamos uma placa de madeira delgada de 7 cm2, cuja superfcie guarnecida de um pano grosso vermelho, a fim de facilitar a ao da fora psquica. A mnima presso em um ponto qualquer desta pequena chapa estabelecia o contacto e a campainha funcionava. A altura do aparelho no excedia 5 cm.

    A sesso teve lugar em minha casa, com a mesa de dois tampos. Quando estava no ar, a 30 cm do solo, impeli meu aparelho em baixo, mas a campainha no soou em parte alguma.

    Concluso: No h reao sobre o assoalho sob a mesa em levitao. Resultado capital e to importante, que verifiquei com cuidado no decorrer de trs outras experincias (51, 52, 61).

    Exp. 39. Sons por ao direta da fora psquica. Coloquei o aparelho no cho, a certa distncia da mesa e pedi aos

    operadores que respondessem s minhas perguntas por meio de sons, em lugar de bater no assoalho como tinham por hbito. Os sons ressoaram logo aps e durante todo o resto da sesso comunicaram-se conosco por esse meio (que pareceu lhes ser agradvel). Desejaram-nos boa noite por meio de sons prolongados em lugar de o fazerem por meio dos raps habituais.

    VI

    Levitao direta sobre a balana

    Exp. 40. - Experincia preliminar. Essa experincia foi realizada somente na presena de quatro membros

    do crculo, inclusive o mdium. A mesa descansava sobre a prancha fixa ao estrado da balana. O mdium fazia face ao comprimento da mesa e via de perfil as elevaes da balana.

  • 47

    A tara (peso da mesa e da prancha) era de 7 quilos. Aps longo espao de tempo, a mesa ergueu-se nos dois ps. O fiel da balana tocou imediatamente o buttoir, indicando um acrscimo de peso marcante. Tendo obtido com freqncia esse fenmeno, uma vez consegui equilibrar a balana 11 quilos e 800. Pareceu-me ser o peso to maior, que os ps elevavam-se mais alto. A levitao total no se realizou. Julguei obt-la se o crculo estivesse completo. Assim, na experincia seguinte os membros estiveram todos presentes.

    Exp. 41. - Reao da mesa em levitao sobre a balana. No havia mas de 2 a 5 cm de intervalo entre os ps da mesa e a beira

    do estrado, o que no permitia nem movimentos excntricos, nem manipulaes. O fiel da balana marcava 7 quilos.

    Depois de alguns minutos ps-se oscilar. A mesa agitou-se com movimentos bruscos sobre sua estreita plataforma e, de vez em quando, uma de suas extremidades erguia-se ligeiramente, para cair logo aps. Isto durou um quarto de hora, de maneira que pensei no poderem os operadores efetuar a levitao desejada. Sete ou oito pancadas foram dadas sobre o assoalho; era o sinal combinado para anunciar seu desejo em nos dizer alguma coisa. Por meio de raps, nos foi comunicada a seguinte frase: "Cubra a prancha com um pano escuro". Esta era branca, no tendo sido a madeira natural nem pintada nem envernizada, e o obstculo devia ser causado pelos raios refletidos por essa superfcie (exp. 31). O crculo foi ento rompido por alguns minutos para executar o que havia sido pedido, e a experincia continuou com maior xito. A mesa oscilou novamente, erguendo-se depois nos dois ps.

    Essa elevao coincidiu com um acrscimo de peso que nunca excedeu 6 quilos 350 (exp. 40). A levitao total s se realizou cerca de 40 minutos aps o incio da sesso, no durou seno 5 ou 6 segundos e foi muito agitada. Era evidente que o fenmeno processava-se com dificuldade, sem dvida por estarem a superfcie da base da mesa e a do estrado da balana, muito prximas para permitir uma fcil manipulao.

  • 48

    Mas, logo aps levitao, o acrscimo de peso, acusado um minuto antes e sem dvida devido elevao inicial precedendo a levitao, decresceu, e o fiel, equilibrado, marcou mais ou menos a tara primitiva. As levitaes sucederam-se em seguida e tornaram-se cada vez mais regulares. Finalmente obtivemos uma levitao quase perfeita, a uma altura de 15 cm. Durou pelo menos meio minuto, a mesa quase no nvel, mais ou menos imvel e cobrindo o estrado da balana. Salvo um outro caso do qual falarei mais adiante, uma das levitaes mais notveis a que testemunhei.

    Desde que ela teve lugar, conservou-se o fiel em equilbrio a mais ou menos 7 quilos com oscilaes de uma libra, para mais ou para menos, o que devia corresponder aos leves movimentos da mesa no ar.

    Concluses: 1.) A mesa, estando erguida sobre dois ps, produziu uma reao na balana ultrapassando o peso esttico de vrios quilos e aumentando com a altura, esse resultado semelhante ao da experincia 40.

    2.) Durante uma levitao normal, a reao sobre o estrado parece mais ou menos igual ao peso da mesa.

    3.) Os movimentos da mesa no ar, acima do estrado, produzem reaes de muitos quilos.

    Exp. 42. - Reao da mesa em levitaro sobre a balana. Substitui a mesa n. 1, de difcil locomoo, pela mesa menor de vime

    (n. 2). A tara era de 5 quilos. A sesso chegava ao fim e a energia psquica, estando em seu ponto culminante, a levitao seria mantida por vrios minutos se eu o desejasse.

    Excetuando algumas variaes, que no ultrapassaram meio quilo e que pareciam corresponder s pequenas sacudidelas da mesa em levitao, a balana marcou sempre o peso inicial.

    Concluso: Como na exp. 41, a reao sobre o estrado da balana pa