sintese da carta a diogneto

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História do Pensamento Cristão PATRISTICA Inicio: geração pós-apostólica Termino: No Ocidente (Igreja Latina) – até Isidoro de Servilha (560-636) No Oriente (Igreja Grega) – até João Damasceno (675- 749) Pais Apostólicos Os escritos dos pais apostólicos são oito: 1. Clemente de Roma; 2. O Didaquê; 3. Inácio de Antioquia; 4. Policarpo de Esmirna; 5. Papias de Hierapólis; 6. A epístola de Barnabé; 7. O Pastor de Hermas; Clemente de Roma Bispo de Roma, no século I, escreveu a Primeira Epístola aos Coríntios. (96 d.C.). 1 Clemente como é conhecida, é uma carta de igreja (Roma) para igreja (Corinto), sendo seu principal assunto o combate contra a discórdia que nasceu naquela congregação. Esta carta contém simples passagens do AT e muita coisa do estoicismo, tão popular em Roma naqueles dias.

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Page 1: Sintese Da Carta a Diogneto

História do Pensamento Cristão

PATRISTICA

Inicio: geração pós-apostólica

Termino:

No Ocidente (Igreja Latina) – até Isidoro de Servilha (560-636) No Oriente (Igreja Grega) – até João Damasceno (675-749)

Pais Apostólicos

Os escritos dos pais apostólicos são oito:

1. Clemente de Roma;2. O Didaquê;3. Inácio de Antioquia;4. Policarpo de Esmirna;5. Papias de Hierapólis;6. A epístola de Barnabé;7. O Pastor de Hermas;

Clemente de Roma

Bispo de Roma, no século I, escreveu a Primeira Epístola aos Coríntios. (96 d.C.). 1 Clemente como é conhecida, é uma carta de igreja (Roma) para igreja (Corinto), sendo seu principal assunto o combate contra a discórdia que nasceu naquela congregação. Esta carta contém simples passagens do AT e muita coisa do estoicismo, tão popular em Roma naqueles dias.

A Didaquê

Didaquê (gr. Doutrina) ou Doutrina dos doze apóstolos, descoberta em Istambul (1875). Não se sabe ao certo sua composição (se antes ou depois de 70 d.C.). Um das passagens mais famosa neste escrito é sobre o batismo em águas por aspersão, quando não houver água corrente.

Inácio de Antioquia

Page 2: Sintese Da Carta a Diogneto

Escreveu 7 epistolas enquanto viaja a Roma onde seria martirizado. Havia uma preocupação que assolava a mente de Inácio: ameaças internas e externas sob a igreja que agora estava sem liderança em Antioquia. Quatros das cartas foram escritas de Esmirna (para Magnésia, Trales, Éfeso e Roma) e três de Trôade (para Esmirna, bispo Policarpo de Esmirna e Filadelfia). Defendeu a Cristologia em suas cartas. Pela primeira vez chama a igreja de católica.

Policarpo de Esmirna

Escreveu Epistola de Policarpo aos Filipenses. Foi discípulo de João. Foi bispo de Esmirna. Martirizado em 156 d.C. A carta que fala sobre seu martírio é a mais antiga dos mártires e nela está escrito, pela primeira vez, a expressão pai dos cristãos.

Papias de Hierápolis

Discipulo de João e bispo de Hierápolis. Escreveu Exposição dos ditos do Senhor. Trata do milênio após a volta de Cristo.

A epístola de Barnabé

Foi escrita, provavelmente, em 135 d.C. Clemente de Alexandria e Origenes julgavam ser do apostolo do mesmo nome, Eusébio e Jeronimo a consideravam aprocrifa. Na primeira parte é dogmática, fala do valor e significado do AT, a segunda parte é moral, descreve os dois caminhos ou as duas vidas (luz e trevas).

O Pastor de Hermas

É a obra mais extensa. Preocupava-se com a falta de zelo dos crentes e os pecados que ocorriam pós-batismo. É uma coleção de cinco visões, doze mandamentos e dez parábolas.

As cincos visões são uma exortação à penitência e à constância em face à perseguição. Os mandamentos são um resumo dos deveres de um cristão. Incluido no canon,por Irineu, Tertuliano, Clemente de Alexandria e Origenes.

Page 3: Sintese Da Carta a Diogneto

Síntese da Carta a Diogneto.

A carta inicia-se com a alegria do escritor ante o desejo de Diogneto de conhecer sobre os cristãos e a divindade a quem eles cultuam: um culto diferente dos gregos e da religião judaica.

Logo após, o escritor disserta sobre a substâncias dos deuses adorados por eles: ferro, ouro, prata, barro – substâncias comuns e preciosas que são, ao longo do tempo, destrutíveis, e que exigem certo cuidado dos adoradores no manuseio e guarda dessas imagens de acordo com o material feito. Além do conteúdo que é feito os deuses, o autor informa a insignificância dos materiais, logo, os deuses também seriam insignificantes, cegos, inanimados. Devido ser apenas uma obra humana, os cristãos não os adoram.

No capítulo terceiro, paradoxalmente ao culto pagão, é refutado o culto judaico: mesmo os judeus sendo monoteístas, o escritor os compara aos pagãos no ato do sacrifício. Ele acredita que Deus não precisa de sacrifícios, e o homem torna-se tolo se assim o fizer, seja ao Deus verdadeiro, seja aos deuses pagãos.

Os cristãos também rejeitam o ritualismo judaico, tais como a guarda do sábado, a circuncisão, jejum como obrigação, tendo em vista que assim como Deus não aceita sacrifícios de animais tampouco aceita sacrifícios que os homens fazem em si mesmo, por exemplo mutilação.

Na próxima sessão, o escritor inicia falando da vida cristã: o quanto os cristãos são seres humanos e, mesmo assim, são diferentes. Mesmo exercendo sua cidadania terrena, enaltece e preserva a cidadania celestial. Vive o lado humano, sem tirar o pensamento dos céus, com isso ele compara o cristão no mundo como a alma no corpo, e seu ponto alta nessa comparação é quando diz que assim como a alma sustenta o corpo que a contém, o cristão estão presos no mundo, mais são eles que sustentam o mundo.

A base do comportamento cristão, está no envio do seu Salvador à terra: o próprio Deus – Criador dos céus e da terra, veio a este mundo mostra a verdade e os salvar da perdição. Sua missão seria conciliar o homem com Deus através do amor, sem contudo deixar de expressar o julgamento que todo homem passará. Esta verdade, incrustada nos cristãos, os fizeram perseverar na fé, até o ponto de não negarem o Senhor mesmo diante do martírio.

Page 4: Sintese Da Carta a Diogneto

Conclui sua carta enaltecendo a natureza divina e seu favor pelos homens, mostrando que todo o homem tem no amor divino, uma nova vida, uma vida imitando Deus.

Sintese da I Carta de Clemente aos Corintios

Sendo uma carta longa, está dividida em quatro partes.

Na primeira parte, Clemente lembra à Igreja suas qualidades eclesiásticas passadas, culminando em sua santidade como povo de Deus. Paradoxalmente, explica sobre as consequências da discórdias que eles tão bem conheciam.

Na segunda parte, está presente diversas considerações para restabelecer a paz e a união entre os irmãos: obediência, fé, piedade, hospitalidade e humildade são os assuntos abordados, nos quais deveriam se espelhar em Cristo. No entanto, nesta mesma parte a inveja é combatida, o escritos os ensina a como baní-la do meio deles.

A submissão à hierarquia da Igreja é assunto da terceira parte, tendo a metáfora do corpo de Cristo uma evidência que mostrava que cada um é inferior a outra pessoa e que, nesta submissão, persiste a unidade. Os presbíteros são descritos como homens, cujo respeito devem obter da comunidade dos cristãos em Corinto, e que os mesmos são ensinadores da doutrina bíblica.

A conclusão é estabelecida através dos últimos conselhos de Clemente, e seu desejo de ver a Igreja em Corinto, uma igreja piedosa, pacifica e cheia de paz.

OS APOLOGISTAS GREGOS

Escreveram para os imperadores afim de defenderem os cristãos das acusações a quais eram submetidos.

As acusações eram de cunhos populares: rumores concernentes aos costumes e cultos cristãos e sofisticadas: demonstrar a incompetência e ignorância dos mestres cristãos.

Aristides

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Sua apologia é a mais antiga encontrada. Suplica em favor dos cristãos. Endereçou para Imperador Adriano, por volta de 138 d.C. Fala das raças que adoram deuses falsos em contraposição aos cristãos que adoram o Deus verdadeiro. Fala ainda do julgamento do porvir e que crianças não têm pecado.

Justino Martir

Após passar por diversas escolas filosóficas, tornou-se cristão. Abriu uma escola em Roma para ensinar doutrina cristã. Restam duas apologias contra os gentios e um dialogo com o judeu Tristão. Foi martirizado em 170 d.C.

Tarciano

Discipulo de Justino. Seus escritos falam da religão barbara dos cristãos que estavam acima da religião dos gregos, tendo em vista que, o Antigo Testamento é antes dos heróis gregos. Fundiu os quatro evangelhos num só texto (Diatessaron) e escreveu Discursos aos Helenos.

Atenagóras

Foi contemporâneo de Tarciano. Na Petição em favor dos Cristãos refuta as três principais acusações dos cristãos: ateísmo, banquetes antropofágicos e incesto. Em seu Tratado sobre a Ressurreição dos Mortos, tenta mostrar que a ressurreição do corpo é possível.

Teófilo de Antioquia

Escreveu Três livros a Autólico, por volta de 180. Tenta persuadir Autólico que o Cristianismo é a verdade. É o primeiro a usar o termo Trindade. Utlizou argumento da antiguidade Moisés que viveu em período anterior a Guerra de Troia e da superioridade da moral cristã. Primeiro autor a defender a inspiração do NT.

Hermías

Escreveu Zombaria dos Filosofos Pagãos. O único valor positivo dos seus escritos é o testemunho do senso de humor de um antigo cristão.

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Epístola a Diogneto

Autor desconhecido. Refuta a religião pagã e os costumes judaicos.

Melito de Sardes

Afirma que Cristo é por natureza Deus e homem.

Irineu de Lião

Discipulo de Policarpo. Apresenta o batismo de crianças em seus textos. Resumi e consolida a Cristologia de seus predecessores.

A LITERATURA PATRÍSTICA DO SECULO II AO CONCÍLIO DE NICÉIA (325)

Contexto

Gnosticismo - Originário da palavra gnose, significa conhecimento. Apresentava uma visão dualista, o que implica a concepção de dois deuses: um ruim e outro bom. O homem estava encarcerado em seu próprio corpo. A salvação passava pela libertação do mundo físico. As diversas correntes gnósticas possuíam pontos comuns com o cristianismo apostólico – aceitavam a ideia de salvação, de uma divindade suprema e de seres espirituais em atividade no universo.

Marcionismo – Movimento formado por Marcião. Rejeitava o judaísmo, porque o Deus do AT era diferente do Deus do NT (bom). Formou o primeiro cânon cristão, composto de dez epístolas paulinas e o Evangelho de Lucas, eliminando as passagens do AT. Ao ser rejeitado pelos cristãos antigos, fundou sua própria igreja.

Marcião compilou o primeiro cânon cristão, composto de dez epístolas paulinas e do evangelho de Lucas.

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Eliminou desses textos as passagens relacionadas ao Antigo Testamento. Ao ser rejeitado pelos cristãos antigos formou sua própria igreja.

Simbolos da Igreja - Respostas às heresias: cânon, credo, sucessão apostólica. A busca de solução aos conflitos doutrinários internos da igreja provocou o desenvolvimento dos símbolos cristãos. No segundo século foi necessário confrontar o gnosticismo cristão. Os líderes gnósticos principais foram Basilides, Valeriano e Marcião.

A resposta da igreja aos diversos movimentos gnósticos fois estabelecer os símbolos da fé – cânon, credo e sucessão apostólica- possibilitando determinar o que era ortodoxo ou heterodoxo. É o inicio do processo de definição dos dogmas cristão.

Escritos sobre a vida cristã em comunidades nos séculos II e III:

1 – DIDAQUE (por volta do ano 100)

Primeira Parte – capitulo 1 a 6: doutrina das duas vias “filho, foge de todo mal e do que se assemelhe a ele”.

Segunda Parte – capitulo 7 a 10: prescrições sobre batismo, jejum e oração. “se não tem água viva, batize em outra água; se não podes em fria (batiza) em quente.”

Terceira Parte – capítulo 11 a 15: como tratar e reconhecer os profetas. “nem todo que fala em espírito é profeta, mas somente os que tenha os modos do Senhor.”

Quarta Parte – capitulo 16: Exortação a vigilância. “vigiai por vossa vida: as vossas lâmpadas não estejam apagadas, mais estai preparados porque não sabeis a hora em que o Senhor há de vir.”

2- Tradição apostólica de Hipólito (inicio do século III)

Parte 1 – Ministérios Ordenados (Bispos, presbíteros e diáconos) e Não ordenados (Confessores, leitores, virgens, subdiáconos e dons de curar). “Deve ser ordenado bispo aquele que tenha sido eleito incontestavelmente por todo o povo.”

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Parte 2 - Catecumenos (Ensinos e profissões proibidas) e Liturgias diversas (Batismo, Confirmação e Eucaristia). “Escolhidos aqueles que receberão o batismo, examinar-se-á suas vidas”.

Parte 3 – Temas e práticas diversas (Jejum, Ágape, Ceia, Bençãos, Enterros e Sinal da Cruz). “Se estes ensinamentos forem recebidos com gratidão e fé ortodoxa, permitirão a edificação da Igreja e a vida eterna àqueles que crerem”.

3- Atas dos mártires

Relatos dos martírios dos cristãos dos Séculos II e III; Narram acontecimentos destacando detalhes da acusação, prisão,

julgamento e execução dos mártires; A partir do século IV surgiram as lendas dos martírios. Nomes principais:

o Policarpo (156) – “Há 86 anos sirvo a Cristo, Cristo nunca me fez mal. Como blasfemaria contra meu Rei e Senhor?”.

o Sanctus, Maturo, Átala, Ponticus, Blandina, Plotino (177/178) – “A bem-aventurada Blandina foi a última toda contente, e na alegria da partida, parecia convidada a um festim de núpcias e não jogada às feras”.

o Perpetua e Felicidade (202/203) – “Agora meus sofrimentos são meus; mas quando tiver que enfrentar as bestas haverá outro que viverá em mim.

A ESCOLA DE ALEXANDRIA

Fundada por Panteno, cerca de 180. Foi sucedido por Clemente de Alexandria que buscava harmonizar a fé com o conhecimento, fonte do perfeito cristão e do verdadeiro gnóstico. Foram preservados três escritos principais deste autor: A exortação aos Gentios, O Pedagogo (três livros) e As Seleções (oito livros).

Origenes - Nasceu em 185, provavelmente em Alexandria. Assumiu a direção da escola de Alexandria em 203. Mudou-se em 231para Cesaréia, na Palestina. Foi preso e martirizado na perseguição ordenada por Décio (250/251). Morreu em 253 devido às consequências das aflições sofridas.

Origenes entendia Deus como realidade intelectual e espiritual. Definia a segunda pessoa da Trindade como Sabedoria de Deus substancialmente subsistente. Considerava o Filho com duas naturezas, verdadeiro Deus e

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verdadeiro Homem. Estudou pela primeira vez o Espírito Santo caracterizando sua atividade primordial na ação santificante.

Aderiu ao subordinacionismo quanto às relações das pessoas da Trindade. Sua concepção de criação era complexa, na qual enfatizava o livre-arbitrio das criaturas para justificar a distinção entre homens, anjos e demônios.

Entre seu textos conservados destacamos: Os Hexapla (Bíblia que dispunha em seis colunas, seis traduções diferentes), Contra celso (apologia em oito livros), Da oração, além de homílias, cartas e comentários.

A ESCOLA LATINA

Os Pais latinos foram poucos influenciados pela filosofia grega. Alguns eram hostis ao pensamento filosófico, por exemplo, Tertuliano afirmava que “Atenas e Jerusálem nada têm comum: fé em Cristo e sabedoria humana se contradizem”.

Tertuliano – Nasce em Cartago, cerca do ano 160, formou-se em Direito e Retórica. Aderiu ao montanhismo em 207. Morreu em sua cidade natal em 220. Escreveu o Apolegeticum, aos Pagaos, De spetaculus e Cultu Feminarum. Escreveu Ad Martyris, texto de conforto e estimulo aos mártires e encarcerados cristãos. Contra o marcionismo escreveu uma obra de cinco livros.

Hipolito de Roma – Nasceu cerca do ano 170 no Oriente, e morreu martirizado em 236 na Sardenha. Em sua obra principal , Traditio Apostolica resgata a tradição litúrgica do final do segundo e inicio do terceiro século. Entre suas obras destacam-se A Cronica, O Anticristo, Comentário de Daniel, O comentário de Cantico dos cânticos e alguns fragmentos.

Cipriano de Cartago – Nasceu cerca de 205 em Cartago. Morreu durante a perseguição de Valeriano em 258, decapitado. Escreveu de Ecclesiae Unitate em que defente a idéia de uma igreja única, católica, fora da qual não há salvação. No texto De Lapsis afirma que a reconciliação dos traidores somente séria possível após penitência. Escreveu diversas cartas pastorais e outros livros. Foi o escritor eclesiástico mais influente até Agostinho.

ANÁLISE DE TEXTO – “DISCURSO CONTRA OS GREGOS”, DE TACIANO, O SÍRIO – CAPS XVI A XVIII

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O capítulo XVI a XVIII, Taciano trata sobre a possessão, as doenças e suas curas.

No capítulo 16, ele disserta afirmando que as possessões não têm origem nas almas que morreram, argumenta que é impossível uma alma adquirir mais conhecimento após a morte do que tinha em vida. Ele afirma que as possessões tem como fonte os demônios.

Algumas religiões também creem da mesma forma: dizem que as possessões são instrumentalizadas por almas que já partiram e que ainda estão neste plano terreno.

O capitulo XVII fala que as doenças também vem dos demônios. Essa crença também é encontrada na atualidade, onde algumas doenças são vistas como origem maligna e demoníaca, tirando a culpa do próprio ser humano, quando muitas vezes foi exposto a mesma.

O capítulo XVIII afirma que a cura dessas doenças vem de Deus, desprezando o efeito que alguns medicamentos da época também produziam. Este argumento hoje está desarmonizado: de uma lado vemos pessoas que expõem sua fé apenas em Deus desprezando os médicos e seu conhecimento, enquanto outros só buscam a divindade se, por acaso, a doença for incurável, colocando sob a responsabilidade da Medicina a cura das outras, e até depois de curado, o louvor também é dirigido aos médicos.

ANÁLISE DO TEXTO – O PASTOR DE HERMAS

Na primeira visão, onde Hermas é questionado sobre o pensamento sobre Rosa, ele fala que o pecado não está apenas na ação, e, sim, na intenção do coração, e contra isso o justo deveria lutar para ter apenas pensamentos justos.

Na segunda visão, percebe-se que Hermas recebeu uma palavra de juízo contra sua família e seu povo, no entanto, a penitência era a solução para o perdão das pessoas, desde que elas insistissem no caminho reto, pois existe limite para a petição. Nesta visão também ocorre a revelação de quem seria a senhora idosa: a Igreja, fundada antes do começo do mundo.

A terceira visão ele vê uma torre sendo construída por seis jovens. Nesta visão ele recebe a interpretação desta visão, a torre é a igreja, onde cada pedra é um membro: sejam alguém com cargo eclesiástico, seja um leigo. Os construtores são os anjos. As pedras que não estavam na construção necessitavam de realizar penitência. Nesta terceira visão vê-se uma preocupação em fazer caridade: ajudar os pobres.

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A quarta visão fala da tribulação que estava para chegar, e que a penitência seria o melhor caminha para passar pela tribulação sem ser atingido.

A quinta visão, dada por um pastor, mostra os mandamentos que Hermas escreveu ao longo do seu texto.

A ERA DE OURO DA PATRISTICA, OS MOVIMENTOS HERÉTICOS E A FORMAÇÃO DAS DOUTRINAS

A liberdade religiosa obtida a partir de Constantino (313) permitiu a institucionalização da igreja, a convocação de concílios e a elaboração dos respectivos cânones.

A formação das doutrinas cristãs

A formação da doutrina cristã ocorreu através de debates teológicos entre líderes com diferentes concepções doutrinárias que, após o final dos concílios, foram designados de ortodoxos ou hereges.

Ocidente X Oriente - Um imperador, um império, uma fé e duas culturas – ocidental e oriental. A diferença não era somente dos idiomas latim e grego, havia diferente cosmovisão, que era refletida também na produção teológica.

Ocidente

Ambrosio de Milão – (339-397) Nascido em nobre família romana, recebeu formação retórica e jurídica em Roma. Em 370 foi nomeado governador de Ligúria e Emília, com residência em Milão. Sua mãe, Marcelina, era cristã piedosa. Sucedeu o bispo ariano Auxêncio, em 374. Oito dias após ser batizado, consagraram-no bispo de Milão.

Tornou-se conselheiro de imperadores. Escreveu obras exegéticas, morais, dogmáticas, catequéticas, discursos e cartas. Foi o criador do canto de hinos litúrgicos na Igreja do Ocidente. Defensor da fé nicena, combateu o arianismo.

Jerônimo – (347-419/420) Nascida em abastada família cristã da Dalmácia. Estudou em Roma, gramática, retórica e filosofia. Viveu como eremita no deserto de Cálcis (375-378). Estudou grego e hebraico. Em 382, regressou a

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Roma como secretário do papa Dâmaso. Nesse período, iniciou a revisão da versão latina da Bíblia (Vulgata).

Após a morte do papa no ano 385, foi para Belém, onde, apoiado por duas senhoras da nobreza romana, Marcela e Paula, fundou dois mosteiros femininos e um masculino, além de albergues e uma escola. Produziu textos exegéticos, dogmáticos, polêmicos, homilias e cartas. Morreu em Belém no ano 419 ou 420.

Agostinho – (354-430) Nasceu na cidade de Tagaste, filho de Patricio, que possuía importante cargo municipal e de Mônica, cristã piedosa. Estudou retórica em Cartago. Em 387 foi batizado por Ambrósio. Foi ordenado sacerdote em Hipona (391) e bispo de Hipona em 395.

Escreveu textos filosóficos, apologéticos, dogmáticos (Trindade, Cristologia, Soteriologia, Eclesiologia, doutrina do Estado, Sacramento, Graça e Predestinação), pastorais, regras monásticas, homilias, poesias e cartas. Mais importante escritor do período patrístico influenciou todas as correntes de pensamento cristão posteriores.

Gregório Magno (540-604) – Nasceu em Roma, descendia da nobreza senatorial. Tornou-se prefeito de Roma em 572-573. Ingressou na ordem beneditina em 575. Transformou o palácio da família, no mosteiro de Santo André e fundou seis novos mosteiros em suas terras na Sicília. De 579 a 585 serviu como núncio apostólico em Constantinopla.

Foi eleito papa em 590. Combateu a simonia, as heresias e o paganismo. Reformulou a liturgia , promoveu a codificação do cantochão e inicou ação missionária. Atuou como diplomata junto aos lombardos . Escreveu o livro de Regra Pastoral, Biografias, Dialógos, comentários, cartas e homilias.

Oriente

Atanásio – (295-373) Nasceu em Alexandria recebendo sólida formação cultural. Principal defensor da fé nicena. Eleito bispo de Alexandria em 328 foi exilado cinco vezes devido sua oposição ao arianismo, permanecendo 17 anos, em 45 de episcopado, fora de sua cidade.

Ganhou destaque na definição da doutrina da Trindade. Forte opositor do arianismo não aceitava batismos destes por não fazê-lo em nome da Trindade. Considerava que o Espírito Santo procede do Pai pelo Filho. Produziu textos apologéticos, dogmáticos, históricos, exegéticos, homilias e cartas.

Basílio Magino (329-379) – Nasceu na Capadócia, filho de latifundiário, sua família destacava-se pela piedade cristã de sua avó, Macrina e de sua mãe Emélia. Formou-se em retórica nas escolas de Constantinopla e de Atenas. Foi

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ordenado presbítero em 364, por Eusébio de Cesáreia. Em 370 tornou-se bispo de Cesáreia.

Combateu o arianismo. Desenvolveu doutrina trinitária e do Espírito Santo. Escreveu regras monásticas que se transformaram referência para toda a Cristandade. Produziu textos dogmáticos, regras monásticas, homilias, discursos e cartas. Reformou a liturgia estabelecendo modelo ainda hoje em uso.

Gregório de Nazianzo (329-390) – Natural de Arianzo, vila próxima de Nazianzo, Capadócia. Filho de Gregório, o Velho, bispo de Nazianzo e de Nona, piedosa cristã. Estudou em Cesaréia da Capadócia, Cesaréia na Palestina, Alexandria e Atenas. Foi ordenado presbítero em 362, e consagrado bispo de Constantinopla em 381.

Destacou-se na luta contra o arianismo e na doutrina trinitária. Participou do concílio de Constantinopla (381). Escreveu 45 sermões, 245 cartas e poemas. Um dos principais teóricos das doutrinas da Trindade, Cristologia e dos Sacramentos.

João Crisóstomo (347-407) – Nasceu em Antioquia, filho de família ilustre. Sua mãe, Antusa, piedosa cristã, introduziu seus estudos. Formou-se em filosofia e retórica. Foi batizado em 372, ordenado diácono em 381, presbítero em 386. E 398, contra sua vontade foi designado patriarca de Constantinopla.

Devido sua firme atitude em defesa da austeridade e da moral foi exilado diversas vezes. Desenvolveu a maior produção patrística do oriente (homilias exegéticas, sermões, tratados e cartas). Renovou liturgia que continua em uso na Igreja Ortodoxa Grega.

ARIANISMO

Ário, nascido na Líbia, na metade do terceiro século, afirmava a existência de um único Deus, absoluto e incomunicável. Para criar, serviu-se de um instrumento de sua criação, o logos. Jesus não era coeterno, nem consubstancial a Deus, era tão somente uma criatura que recebera o logos divino.

DONATISMO

Surgiu com a questão de como tratar os lapsi após as perseguições romanas. Donato não admitia a volta dos excomungados, considerava que uma igreja

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verdadeira não poderia conter desertores. Ciciliano, bispo de Cartago, defendia o retorno dos lapsi apontando à misericórdia divina.

Sob a influência de Constantino reuniu-se o Sínodo de Arles, em 314, que condenou os donatistas e acolheu os lapsi. Surgiu uma nova igreja, separada de Roma, que cresceu entre o povo simples e os camponeses de Cartago e da Numídia.

EUTIQUISMO

Movimento inicado com um monge chamado Êutiques, que defendia ter Cristo uma única natureza (monofisismo). O Eutiquismo considerava a encarnação de Cristo apenas aparente e que seu Corpo era pseudo-real (docetismo).

O Concílio de Calcedônia (451) condenou o Eutiquismo por heresia. Os cânones afirmavam a existência, em Jesus, de duas naturezas, a natureza divina consubstancial a Deus e a natureza humana consubstancial ao gênero humano.

MANIQUEISMO

Doutrina de Mani (215-276) que definia a origem do bem e do mal através da existência de dois princípios: o deus do bem - Ormuzde e o deus do mal – Ahrimã.

Para Agostinho o erro fundamental do Maniqueísmo consistia em busca pela origem do mal. Importava antes de se perguntar sobre sua origem saber o que era. Agostinho nos mostra que o mal é a oposição à natureza. Desse modo se o mal é a oposição à substância , ele não pode ser substância. O mal não é um ser , mas a privação das qualidades das coisas criadas.

NESTORIANISMO

Nestório, originário da Síria, afirmava que onde há pessoa, há natureza. Deste modo, Jesus Cristo teria duas naturezas e duas pessoas. A controvérsia foi discutida no Concílio de Éfeso, em 431.

No Concílio de Calcedônia (451), a Cristologia toma sua forma definitiva. Declara-se que em Jesus Cristo existem duas naturezas distintas, numa única pessoa.

PELAGIANISMO

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Pelágio, monge bretão, afirmava a necessidade de uma vida de santificação para ser salvo e que a liberdade do ser humano em escolher o seu destino era absoluta, não necessitando da graça sobrenatural.

SINTESE DE “COMENTÁRIOS ÀS CARTAS DE SÃO PAULO” DE JOAO CRISOSTOMO.

João Crisóstomo inicia sua homilia afirmando que o amor ao dinheiro tudo subverte, fazendo com que muitas pessoa entre em questões judiciais por causa do amor ao dinheiro, e argumenta, de acordo com o que Paulo escreveu que a lei é para os iníquos e rebeldes, ressaltando também o que Cristo falou no sermão do monte sobre nossas reinvidicações.

Logo depois ele mostra o comportamento do patriarca Jó que mesmo possuidor de bens materiais, sociais e familiares, perdeu tudo, até mesmo a saúde. Mesmo diante de um estado deplorável, foi vencedor porque suportou com louvor a injustiça, ensinando que aquele que se desapega dos bens materiais com certeza também irá tolerar as injúrias.

Mesmo diante da tão pesada situação que é passar por sofrimento, o escritor afirma que é muito melhor adquirir confiança divina do que está cheio de riquezas. E com isso ser imitador de Deus. Finalizando ele coloca o exemplo do apostolo Paulo em evidência, dissertando o quanto o apostolo padeceu pelo Evangelho, não desistindo em nenhuma situação.

A ESCOLÁSTICA

Designa o pensamento cristão desenvolvido entre os séculos IX e XV.

O nome deriva dos locais de ensino, as escolas monásticas, catedrais e palatinas, que posteriormente se transformaram nas universidades da Europa Ocidental.

Pode ser dividida em 4 etapas:

1) Século IX e X – formação

2) Séculos XI e XII (místicos e dialéticos)

3) Século XIII (tomismo)

4) Século XIV e XV (declínio).

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