teoria do hipertexto

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Teoria do Hipertexto Artigo base: Hipertexto periodístico: teoría y modelos, Javier Nocí e Ramon Salaverría, in: Manual de Redacción Ciberperiodística (ver bibliografia).

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Aula sobre o hipertexto: abordagens teóricas e estruturas axiais/reticulares

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Page 1: Teoria do Hipertexto

Teoria do HipertextoArtigo base: Hipertexto periodístico: teoría y modelos, Javier Nocí e Ramon Salaverría, in: Manual de Redacción Ciberperiodística

(ver bibliografia).

Page 2: Teoria do Hipertexto

Hipertexto não é novo→ O que é novo é a possibilidade “material” de

representar o hipertexto.

→ Exemplos: Ana Cristina Cesar, na poesia; a Torá

→ Enciclopédias

→ O Talmud

→ Mallarmé, “Um lance de dados jamais abolirá o acaso” e Le Livre à venir

→ Jorge Luís Borges, “O jardim das veredas que se bifurcam”

→ OULIPO – Raymond Queneau, George Perec

Page 3: Teoria do Hipertexto

Hipertexto não é novo→ Roland Barthes: “lexias” (ligação de um bloco de

texto com outros - SZ)

→ Mixagem de DJ´s

→ Livros que oferecem diversos caminhos narrativos a serem percorridos

→ Mídias digitais e textos literários requerem um usuário/leitor ativo e participativo, que atualize os significados do texto a partir de conexões entre conteúdos distintos

Page 4: Teoria do Hipertexto

Hipertexto não é novo

→ George Landow diz que a concepção de textualidade bakhthiniana antecipou o hipertexto: o texto como um todo não é uma identidade acabada, mas sempre uma relação. Portanto, o todo nunca pode ser finalizado, pois quando se pensa que se realizou, percebe-se que ele continua aberto a novas

→ Roland Barthes: Conceito de “texto ideal” desenvolvido por Barthes no livro S/Z, como um conceito primordial para a compreensão deste novo meio: “...neste texto ideal, emanam as redes que se interagem entre si, sem que nenhuma possa impor-se às demais: este texto é uma galáxia de significantes e não uma estrutura de significados.” (Barthes, 1992, p. 39).

Page 5: Teoria do Hipertexto

Hipertexto não é novo→ Lexias - são as unidades de leitura correspondentes

a curtos fragmentos contíguos do texto narrativo, que possibilitam ao interlocutor viver o plural do texto, captar as múltiplas “vozes” que nele ecoam e apreender no fragmento descontínuo a ressonância de outros.

→ As lexias não são características específicas das novas mídias digitais. Na literatura existem textos que apresentam lexias “linkadas” a outras lexias presentes dentro ou fora do seu enunciado. Na maioria das vezes, este processo de relação requer uma atualização de significados e depende da interação do leitor com a obra literária para se constituir.

Page 6: Teoria do Hipertexto

Hipertexto não é novo→ O uso do conceito das lexias é mais adequado ao

campo da Comunicação do que o conceito dos “memes”, termo cunhado por Richard Dawnkins no livro “O gene egoísta”, e usado no Brasil por diversos pesquisadores.

→ Podemos pensar a edição de um texto jornalístico hipertextual com a divisão de lexias. Proposta, por exemplo, de Ramón Salaverría:

Page 7: Teoria do Hipertexto

Lead eResumo da

matéria

DESCRIÇÕES

Sobre o local:dados, fotos, mapasdados demográficos

NARRATIVA

O Fato

Entrevistas comprotagonistas

Entrevistas complementares

ANÁLISES E

OPINIÃOPrincipal

Secundárias

Hiperlinks

Atualizaçãocontínua

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Page 9: Teoria do Hipertexto
Page 10: Teoria do Hipertexto

Stéphane Mallarmé

→ Final do século XIX, 1897: “Um lance de dados jamais abolirá o acaso”. Introduz na literatura (poesia), o verso não-linear

→ Primeiras experiências com tipografia e diagramação

→ Projeto: “Le livre à venir”, orgânico, múltiplo, infinito; máquina geradora de textos

→ Hipertexto sem o suporte da tela

→ Navegação no poema

Page 11: Teoria do Hipertexto

OULIPO: Ouvroir de Littérature Potencielle→ Fundado em 1960, na França

→ Raymond Queneau, François Le Lionnais, Georges Perec, Ítalo Calvino e os matemáticos Jacques Roubaud e Claude Berger

→ Projeto: já com a ajuda do computador como ferramenta de combinatória e permutação, procuram a formação de estruturas literárias artificiais

Page 12: Teoria do Hipertexto

Hipertexto→ Um hipertexto é um ponto de partida para um

metatexto – que o leitor vai construir com o conteúdo e os caminhos sugeridos pelo autor.

→ AUCTORITAS – autoridade/autoria

→ O hipertexto é um conceito para a organização da informação

→ LEXIAS, como já vimos (Barthes)x. Unidades de texto; blocos de texto

→ O hipertexto questiona, digamos, de forma “material” os seguintes pontos:

Page 13: Teoria do Hipertexto

Hipertexto- A sequencialidade

- A existência de um único começo e um único fim para a narração

- A extensão da história, para além dos limites previstos inicialmente pelo autor, e que fica na mão do leitor

- A noção de unidade da obra

→ AARSETH, Espen, em LANDOW, George: Hipertexto. La convergencia de la teoría crítica contemporánea y la tecnología. Barcelona: Paidós, fal da “Poética do hipertexto”. São 4 possíveis atividades por parte do leitor:

Page 14: Teoria do Hipertexto

Hipertexto- Uma atividade exploratória, pela qual se decide os

possíveis itinerários a se seguir;

- Atividade de representação – o leitor adota o papel de um dos personagens, como nas narrativas dos games (MURRAY, Janet. Hamlet no Holodeck)

- Atividade de configuração, na qual parte da estrutura já está definida pelo autor e é necessário seu cumprimento

- Uma atividade poética: o leitor dá sentido à obra final, que, em certa medida, mediante suas eleições, ele mesmo construiu.

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Hipertexto→ Hipertexto + multimídia = hipermídia. Para Jay David

Bolter (“Remediation”, sem tradução no Brasil), o hipertexto pressupõe “escrever com imagens e sons, não só com palavras”. Por isso o conceito de hipertexto basta por si só e não iremos usar a palavra “Hipermídia”.

→ As estruturas hipertextuais (nosso próximo assunto nesta aula) facilitam a produção informativa pois estão previamente definidas.

→ Xavier Berenguer define cinco formas de pensarmos a estruturarmos a narração hipetextual:

Page 16: Teoria do Hipertexto

Hipertexto1) A história é um enigma que é preciso descobrir com

a particapção do usuário-leitor

2) A história é composta por sequencias e argumentos alternativos

3) A história se desenvolve segundo pontos de vista diferentes, à escolha dos usuários

4) A história é composta por múltiplas versões

5) A história é um discurso que o usuário precisa construir a partir de uma série de recursos iniciais, pré definidos pelo autor.

Page 17: Teoria do Hipertexto

Estrutura do hipertexto → Estruturas axiais ou lineares: aquelas que o autor

do hipertexto define um eixo de navegação. São hieraráquicas, possuem uma sequencia principal e nodos, a partir dos quais se ramifica

→ É fechada quando tem UM ponto de partida e UM final, e aberta quando tem múltiplas entradas e várias formas do usuário finalizar – variam não só os itinerários , mas há vários nodos finais (páginas)

→ Multilinear não é o mesmo que não-linear

→ Podem ser lineares, paralelas ou arbóreas

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Estrutura do hipertexto → A entrada única nos textos jornalísticos é mais

familiar

→ A mais típica das estruturas abertas: é a arbórea ou ramificada

→ As estruturas axiais são usadas para organizar conteúdos jornalísticos que de certa forma precisam de alguma ordem narrativa pré estabelecida, como uma narração (relatos, fatos causa-efeito). O leitor encontra algum caminho previamente demarcado (mesmo que multilinear).

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Multilinear

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Arbórea

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Paralela

Page 34: Teoria do Hipertexto

Estrutura do hipertexto

→ Reticulares – não tem uma estrutura central organizada. Tudo está conectado entre si.

→ O paradigma das estruturas reticulares é a própria web.

→ Para aplicação no Jornalismo, as estruturas reticulares são empregadas para organizar conteúdos que não precisam de ordem linear para serem compreendidos, por exemplo: dados, cifras, declarações

→ Admite conteúdos justapostos; o leitor a ler uma parte dos conteúdos, de forma livre.

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Estrutura do hipertexto

→ Assim, antes de organizar um hipertexto informativo, o jornalista precisa saber de que tipo de informação irá apresentar e qual é a estrutura mais adequada a ela.

→ Se for um relato, por exemplo, recorre-se a uma estrutura axial-linear; se forem dados ou declarações sem uma conexão obrigatória entre si, podemos usar uma estrutura reticular.

→ Ou, se a história misturar tipos de informação, conteúdos narrativos/descritivos/expositivos, é possível misturar estruturas axiais ou reticulares.

Page 38: Teoria do Hipertexto

Estrutura do hipertexto

→ Por último, podemos pensar numa “Gramática do Hipertexto”, como propõe o professor norueguês Martin Engebretsen:

1) Coerência intranodal: Coerência própria de cada nodo ou lexia, a unidade mínima de significação hipertextual, que deve ser coerente em si mesma. Em uma estrutura axial, o caminho definido já dá a cada lexia uma coerência dentro do itinerário sugerido (que pode não ser seguido pelo usuário); na estrutura reticular (que não tem um itinerário previamente definido), os nodos ou lexias precisam ter ainda mais coerência por si mesmas.

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Estrutura do hipertexto

2) Coerência internodal: O link (hipervínculo; vínculo) como unidade significtiva. Os links podem ser apresentados: a) de palavras dentro do próprio texto; b) através de uma lista externa, por exemplo, uma lista de links (“Saiba mais”). Reforça o caráter indexal do link.

- Nas estruturas axiais, os links podem ter uma função “conectiva”, que levam de uma lexia a outra, de modo a formar uma sequencia semântica.

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Estrutura do hipertexto

3) Coerência hiperestrutural, a coerência da navegação proposta pelo autor do hipertexto. É a primeira coisa a ser planejada antes de colocar em prática a redação hipertextual. Na estrutura axial, esta coerência é explícita pois está ligada mesmo ao mapa de navegação (e que pode ser também publicada).