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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical EFEITO DOS SISTEMAS DE PREPARO SOBRE OS ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO E BALANÇO DE CARBONO BASEADO NO DESENVOLVIMENTO DO TRIGO IRRIGADO WININTON MENDES DA SILVA C U I A B Á - MT 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

EFEITO DOS SISTEMAS DE PREPARO SOBRE OS

ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO E BALANÇO DE CARBONO

BASEADO NO DESENVOLVIMENTO DO TRIGO IRRIGADO

WININTON MENDES DA SILVA

C U I A B Á - MT

2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

EFEITO DOS SISTEMAS DE PREPARO SOBRE OS

ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO E BALANÇO DE CARBONO

BASEADO NO DESENVOLVIMENTO DO TRIGO IRRIGADO

WININTON MENDES DA SILVA

Eng° Agrônomo

Orientador: Prof. Dr. ALOÍSIO BIANCHINI

Dissertação apresentada à Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso para obtenção do título de Mestre em Agricultura Tropical

C U I A B Á - MT

2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

TÍTULO: EFEITO DOS SISTEMAS DE PREPARO SOBRE OS ATRIBUTOS

FÍSICOS DO SOLO E BALANÇO DE CARBONO BASEADO NO

DESENVOLVIMENTO DO TRIGO IRRIGADO

Autora: Wininton Mendes da Silva Orientador: Prof. Dr. Aloísio Bianchini Aprovada em 14 de setembro de 2012.

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EPÍGRAFE

Dissertar é uma tentativa de vôo. O autor oscila entre a tentação de Ícaro de

subir além dos limites permitidos pelas suas asas caindo na imensidão do

mar, e o risco, tal como o pássaro que ensaia seus primeiros vôos, é o de

ser surpreendido pelo gato que o espreita a poucos passos de seu ninho.

Talvez seja este o principal desafio e o maior exercício intelectual: buscar o

equilíbrio necessário entre a ambição de Ícaro e o reconhecimento do

terreno mais restrito onde o gato se esconde, para não cair em suas garras

(Gervásio Paulus, 1999). Aos professores que acompanharam mais de

perto a minha vida acadêmica, não preciso dizer qual foi o maior perigo no

meu caso.

Nenhuma pessoa devia esquecer que cada hora e cada minuto a aproxima

mais do momento que há de deixar a terra, e que ela mesma cria, para si

própria, o céu e o inferno, mediante suas vontades e ações! Quem durante a

vida se lembrar da morte, também viverá de tal modo que não precisará

temê-la!...

Roselis Von Sass, 1997. O Livro do Juízo Final. Editora Ordem do Graal

na Terra

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Ao CRIADOR pela oportunidade da vida e

pela Luz que ilumina meus caminhos,

Aos meus pais Valdenir e Valdete,

Meus irmãos Wallas e Mágellan,

A minha Esposa Mariana Barros ,

meu sogro Benedito Domingos de Barros,

minha sogra Rosangela Salles de Barros,

a minha cunhada Juliana Barros e seu Marido Geandré Latorraca

e a minha sobrinha Julia Barros Latorraca, a cada um de

vocês pelo apoio, cuidado, confiança e carinho incondicional.

DEDICO

Aos meus Avôs Sebastião e Geruza, Zélia Mendes, meus Tios, primos, Meu

cunhado Thiago, a todos os meus amigos e colegas.

Minha homenagem

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AGRADECIMENTOS

Aqui expresso meus sinceros agradecimentos a pessoas e instituições que

de alguma forma foram fundamentais na concretização de minhas metas.

Estes que por sua grandeza e importância em minha vida terão sempre o

meu respeito e gratidão.

À Universidade Federal do Mato Grosso pela formação e orientação

profissional.

Ao Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), pela bolsa de mestrado.

À FAPEMAT pelo importante apoio financeiro para compra dos

equipamentos de emissão de gases do solo e pelo financiamento do Projeto

Trigo.

Ao professor Dr. Aloísio Bianchini pela orientação, paciência, genialidade,

amizade e pela possibilidade do convívio enquanto muitos o admiram à

distância.

Ao professor Dr. Cassiano Cremon pela orientação e amizade, ao prof. Dr.

Pedro Hurtado pela paciência e auxílio na estatística deste trabalho, e ao

professor Dr. Francisco de Almeida Lobo pelas idéias que garantiram a

qualidade desta dissertação e a professora Dr. Oscarlina Lúcia dos Santos

Weber pela contribuição e orientação neste trabalho.

Aos professores da Pós-Graduação em Agricultura Tropical pela

transferência de conhecimento.

Ao ICET/UFMT em nome do Prof. Evaldo Ferraz de Oliveira, pela orientação

neste trabalho e pelo total apoio nas analises químicas. Aos professores,

Emílio e Marcio Roque do Laboratório de Física do Solo, pelo apoio nas

análises de física do solo.

Ao meu amigo Pedro em especial pelo total apoio de campo e nas análises

em laboratório, e pela amizade que fica por toda a vida.

Aos amigos que conquistei nesta caminhada e levarei ao longo da vida, em

ordem alfabética, Ana Stieven, Cleonir Andrade, Daniel Valadão, Everton de

Oliveira, Fabio Pittelkow, Frederick Coalhado, Gabriela Kloster, Gilmar

Nunes, Inácio Martins, Liliane Barros, Luiz (chebinha), Maíra Martins,

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Rodrigo Pengo, Rodrigo Daros, Valdeir Soares, obrigado pela amizade e

momentos de descontração.

Aos meus demais colegas da Pós-Graduação e aqueles que não lembrarei

os nomes, minhas desculpas e minha gratidão.

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EFEITO DOS SISTEMAS DE PREPARO SOBRE OS ATRIBUTOS

FÍSICOS DO SOLO E BALANÇO DE CARBONO BASEADO NO

DESENVOLVIMENTO DO TRIGO IRRIGADO

RESUMO- O objetivo deste trabalho foi estudar o efeito dos sistemas de

preparo sobre os atributos físicos do solo e balanço de carbono baseado no

desenvolvimento do trigo irrigado em um Latossolo Vermelho-Escuro típico

de Tangará da Serra – MT. Os tratamentos constituem-se em três preparos

de solo, a saber: preparo convencional, preparo mínimo e semeadura direta.

Os atributos físicos do solo avaliado aos 42 e 97 dias após foram: a

densidade do solo, a porosidade total, a macro e a microporosidade. O

balanço de carbono dentro de cada sistema de preparo foi calculado pela

relação entre a entrada total de carbono no sistema via biomassa da cultura

(parte aérea e raiz) menos a perda total de carbono na forma de C-CO2 do

período correspondente ao ciclo da cultura. Dos índices vegetativos da

cultura foi avaliada a matéria seca da parte aérea, em quatro épocas ao

longo do ciclo da cultura, e o incremento de matéria seca de raiz, que foi

estimado pela relação entre o crescimento da parte aérea e raiz com base

nos graus-dia de desenvolvimento da cultura. Os atributos físicos do solo

nos diferentes preparos apresentaram influência significativa sobre o

acúmulo de matéria seca da parte aérea e raiz da cultura. No balanço de

carbono a semeadura direta apresentou o maior acúmulo de carbono

(p<0,05) dentre os sistemas de preparo e o PM e PC não diferiram entre si.

A perda total acumulada de C-CO2 em sistemas de cultivo de trigo são

maiores no período noturno que no período diurno independente do preparo

de solo adotado. O efluxo de carbono noturno sofre variação significativa

com o incremento de matéria seca da parte aérea da cultura ao longo do seu

desenvolvimento.

Palavras-Chave: Efluxo de C-CO2, retenção de carbono no solo,

temperatura do solo, umidade do solo, Triticum aestivum.

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EFFECTS OF SOILS TILLAGE SYSTEMS ON SOIL PHYSICAL

ATTRIBUTES AND CARBON BALANCE BASED ON THE WHEAT CROP

IRRITATED DEVELOPMENT

ABSTRACT- The objective of this work was to study the effect of tillage

systems on soil physical properties and carbon balance based on the

development of irrigated wheat crop in a Red-Dark typical soil of Tangará da

Serra – MT. The treatments are three soils tillage, namely: conventional

tillage, minimum tillage and non-tillage. The soil physical properties evaluated

at 42 and 97 days were: soil density, total porosity, macro and microporosity.

The carbon balance within each tillage was calculated by the ratio of total

carbon input into the system via crop biomass (shoot and root) minus the

total loss of carbon as C-CO2 from the corresponding period in the crop

cycle. Of the vegetation indices of culture was assessed shoot dry matter, in

four times throughout the crop cycle, and the increase of root dry matter,

which was estimated by the ratio between the growth of shoots and roots

based on degree day of culture development. The soil physical properties in

different tillage had significant influence on the dry matter accumulation of

shoots and roots of culture. In the carbon balance the non-tillage had the

highest carbon accumulation (p <0.05) among tillage systems and PC and

PM did not differ. The total accumulated loss of C-CO2 in the wheat cropping

systems are higher at night than during the day regardless of tillage adopted.

The efflux of carbon nightly suffers significant variation with the increase of

shoot dry matter of culture throughout its development.

Keywords: C-CO2 efflux, soil retention carbon, soil temperature, soil

moisture, Triticum aestivum.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................... 11

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................. 13

2.1. Alguns entendimentos sobre o processo de emissão de C-CO2 do solo13

2.2. Balanço de carbono e mudanças climáticas globais ............................. 19

2.3. Preparos de solo e alterações nas propriedades ligadas a emissão de

C-CO2 ........................................................................................................... 21

2.4. Histórico do trigo e potencial produtivo no cerrado ................................ 24

3. MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................... 28

3.1. Área de Estudo ...................................................................................... 28

3.2. Atributos físicos do solo ......................................................................... 30

3.3. Balanço de C e variáveis do ambiente .................................................. 31

3.4. Avaliação da matéria seca da parte aérea e estimativa da matéria seca

radicular do trigo ........................................................................................... 34

3.5. Delineamento experimental e análise dos dados .................................. 36

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................. 38

4.1. Atributos para caracterização física do solo e desenvolvimento da

cultura ........................................................................................................... 38

4.2. Efluxo de C-CO2 e variáveis do ambiente .............................................. 45

4.3. Estoques de carbono e balanço de entrada e saída nos sistemas ........ 57

4.4. Efluxos de carbono e desenvolvimento vegetativo da cultura ............... 61

5. CONCLUSÕES ...................................................................................... 69

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 71

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1. INTRODUÇÃO

A cultura do trigo tem sido pesquisada no centro oeste como opção de

cultura para rotação nos sistemas de produção graças à possibilidade de um

terceiro cultivo no calendário agrícola, de forma que não comprometa o

cultivo de milho safrinha, geralmente cultivados como 2° safra, além da

possibilidade de obter-se boa qualidade do grão por meio do fornecimento

ideal de água para a cultura via irrigação e a secagem dos grãos no campo e

colheita no período seco. Trabalhos pioneiros na região do cerrado, como os

de Espinoza et al. (1980); Frizzone et al. (1996) e Scalco et al. (2002) tem

mostrado bons índices de produtividade da cultura em sistemas irrigado.

A maior parte dos solos da região do cerrado é ocupada pelos

Latossolos que compõem 46% do total (Jacomine, 1996). Estes solos

apresentam características de boa permeabilidade à água, em função de

sua textura e mineralogia (Ferreira, 1988), boas resposta a adubação

quando corrigidos, pois são naturalmente ácidos, porém, possuem baixa

fertilidade natural, são geralmente ácidos e apresentam problemas de alto

poder de adsorção de fósforo (Novais et al, 1991; Ker, 1995).

Considerando os benefícios da matéria orgânica do solo na melhoria

das propriedades químicas, físicas e biológicas do solo, que

consequentemente reflete em melhor desenvolvimento das culturas, é que

se fazem necessários trabalhos de pesquisa visando à utilização de manejos

para a cultura do trigo no cerrado que priorizem a retenção de carbono no

solo e elevação dos estoques de matéria orgânica. A matéria orgânica é a

chave da produtividade dos solos de cerrado, devido a sua importância

como estoque de nitrogênio, fósforo e enxofre para as plantas, no aumento

da CTC do solo, culminado em maior retenção de nutrientes e menores

perdas por lixiviação e, principalmente, pelos seus benefícios para a

melhoria da qualidade física do solo, garantindo melhor disponibilidade de

água e ar para as plantas (Baumgartl & Horn, 1991).

Conforme a prática de manejo do solo adotada, os sistemas de cultivo

podem funcionar como efetivos drenos de C da atmosfera (Lal & Kimble,

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1997; Al-Kaisi & Yin, 2005; Amado et al., 2006), ou em um potencial emissor

deste elemento para a atmosfera (Reicosky, 1997; La Scala et al., 2005).

Alguns autores tem encontrado maior acúmulo de carbono em sistemas de

manejo conservacionistas do que no ambiente natural não antropizado

(D'andréa et al., 2004; Conceição et al., 2008; Carvalho et al., 2009; Neto et

al., 2010), entretanto, é necessário para isso, à adoção de práticas

conservacionistas e rotação com culturas de boa produção de fitomassa

(Bayer et al., 2001).

O impacto dos sistemas de cultivo sobre os estoques de matéria

orgânica do solo pode ser avaliado, em curto prazo, pelo balanço entre a

perda de C-CO2 durante o manejo do solo e da cultura e pelo conteúdo de C

que entra no sistema solo através dos resíduos da cultura, que constituem

as principais fontes de saída e entrada de carbono do sistema solo em áreas

agrícolas. Os processos de emissão de CO2 do solo se dividem,

principalmente, em variáveis ligadas às condições edafoclimáticas locais

(Wildung et al., 1975; Bunnell et al., 1977), a intensidade do manejo do solo

(Reicosky et al., 1997; La Scala et al., 2005; Teixeira et al., 2010) e

contribuição da cultura via respiração das raízes (Kuzyakov & Larionova,

2006).

Neste sentido, é importante conhecer o grau de influência dos índices

de desenvolvimento da cultura sob manejo no efluxo de C do solo, a fim de

criar modelos matemáticos que permitam estimar com maior precisão suas

emissões totais de C nos sistemas de cultivo.

O objetivo deste trabalho foi estudar o efeito dos sistemas de preparo

sobre os atributos físicos do solo e balanço de carbono baseado no

desenvolvimento do trigo irrigado em um Latossolo Vermelho-Escuro típico

de Tangará da Serra – MT.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Alguns entendimentos sobre o processo de emissão de C-CO2 do

solo

O fluxo de ar do solo ocorre em função de um gradiente de pressão

total causado por fatores como a variação na pressão barométrica, pela

elevação do lençol freático, por mudanças de temperatura ou pelo

deslocamento de ar por causa da infiltração de água, sendo que, este último

fator responde por 10% da causa responsável pela troca de ar entre o solo e

a atmosfera (Lier, 2010) e, 90% restante é controlado pelo processo de

difusão (Jury & Horton, 2004).

De acordo com a segunda Lei de Fick a movimentação dos gases no

solo pode ocorrer por fluxo de massa em função de um gradiente de pressão

total, ou então, por difusão, processo que consiste movimentação de

moléculas (neste caso os gases) entre ambientes que apresentem diferentes

gradiente de concentração do elemento. No solo, por exemplo, em razão do

consumo de O2 e da produção de CO2 por organismos do solo e por raízes

de plantas, há a produção de um gradiente de concentração de CO2 elevado

no solo, fazendo com que o CO2 seja difundido para atmosfera, que

apresenta gradiente de concentração menor. Outro causa de indução de

diferentes gradientes de concentração que dá origem a difusão, é o vapor de

água, dados as diferenças de potencias matriciais entre camas do solo, que

resulta em diferentes pressões de vapor (Lier, 2010).

No solo o CO2 é gerado na decomposição aeróbia da matéria

orgânica e/ou de resíduos vegetais por microrganismos heterotróficos e na

respiração das raízes (Paul & Clark, 1996). A emissão de CO2 do solo a

atmosfera é influenciada por fatores ambientais (climáticos e edáficos) ao

longo do ao e entre anos, e pelas práticas agrícolas inerentes aos diferentes

sistemas de manejo. As variações estacionais da temperatura do ar e do

solo, e da umidade do solo, como resultado de precipitações pluviométricas,

modificam os processos microbianos e a intensidade destes, alterando as

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emissões de CO2, independentemente dos sistemas de manejo do solo

adotado.

Os resíduos vegetais são os principais responsáveis pela deposição

de materiais orgânicos sobre o solo, que constituirá no alimento dos

microrganismos para a manutenção de suas funções vitais. Estes resíduos

apresentam natureza variada e complexa, sendo constituídos por celulose

que representa de 20 a 50% da matéria seca, hemicelulose de 10 à 30%,

lignina de 5 à 30%, proteínas de 2 à 15 % e de substâncias solúveis até

10%, além de outros constituintes como: ceras, graxas, pigmentos e outros

componentes em menores quantidades (Moreira & Siqueira, 2006).

Em geral a decomposição desses resíduos vegetais, constitui-se em

um processo biológico, favorecido por baixo teor de lignina ou compostos

fenólicos; alto teor de materiais solúveis; alto teor de nitrogênio; por

partículas de tamanho reduzido com baixa relação C:N; por temperatura

entre 30° e 35°C; por umidade do solo próxima à capacidade de campo; pela

ausência de fatores tóxicos nos resíduos ou no solo, os quais podem inibir a

atividade de organismos heterotróficos decompositores e por condições

físicas e químicas do solo que maximizem a atividade biológica (Moreira &

Siqueira, 2006).

A umidade e aeração do solo determinam o tipo de metabolismo

energético possível de ser utilizado pelos microrganismos, interferindo na

velocidade de decomposição. A variação da temperatura tanto do ar quanto

do solo determina as espécies presentes em cada condição térmica e suas

taxas de crescimento (Lang, 2000), sendo a temperatura limitante para o

processo de decomposição em torno de 25º C, em que abaixo desta

temperatura ocorre acúmulo de matéria orgânica e acima redução. A

velocidade máxima de decomposição ocorre quando a temperatura

encontra-se entre 30º C e 40 ºC (Siqueira, 1987).

Os fungos, bactérias e a microfauna, são os principais componentes

da biota do solo responsáveis pelos processos bioquímicos envolvidos na

decomposição do material orgânico e liberação de nutrientes (N, P, S), por

apresentarem elevada atividade respiratória. Cabe ressaltar ainda, que esta

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ação promove melhorias no âmbito das características físicas do solo como,

aeração; infiltração; retenção de água e agregação (Fujimaki et al., 2004).

Segundo Primavesi (2002), quanto mais intensa for a decomposição do

material vegetal morto, tanto maior será seu efeito agregante sobre o solo.

Durante o processo de decomposição do material orgânico, os

açúcares, amidos e proteínas são atacados primeiro, e geralmente,

rapidamente decompostos até gás carbônico, água e minerais; a seguir, há

decomposição da proteína bruta e hemicelulose. Outros componentes como

a celulose, a lignina e as gorduras são mais resistentes, podendo, com o

tempo, dar origem às substâncias orgânicas de estrutura química mais

complexa, genericamente denominadas húmus (Matos et al., 1998;

Primavesi, 2002).

Campos et al. (2011) avaliando a mineralização do C em resíduos de

trigo, milho, aveia preta e soja em diferentes sistemas de manejo concluíram

que o processo de mineralização seguiram o modelo exponencial,

independente do tipo de resíduo, entretanto, a mineralização do C para os

resíduos de trigo, milho e aveia preta ocorre de forma mais intensa no

preparo convencional do que sob semeadura direta e para os resíduos de

soja esta mineralização é similar entre os sistemas de preparo.

Diante de todos os fatores expostos anteriormente, podemos dizer

que, a decomposição é um processo complexo que pode durar meses ou

anos até a completa degradação e mineralização dos constituintes

orgânicos, com a produção de grande quantidade de CO2, formação de

húmus e biomassa, constituindo na quebra do material orgânico particulado

em materiais solúveis que são absorvidos pelas células microbianas

(Moreira & Siqueira, 2006).

Dentre os fatores que influencia os processos de emissão de CO2 do

solo as variáveis climáticas têm influencia direta. Neste contexto (Longdoz et

al. 2000) descreve que a emissão de CO2 do solo depende do gradiente

vertical de concentração do gás em profundidade, do gradiente vertical de

pressão do ar e da velocidade horizontal do vento à superfície do solo.

Sendo assim, os principais fatores que controlam este processo são a

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temperatura (do ar e do solo) e o teor de umidade do solo (Duiker & Lal,

2000; Longdoz et al., 2000; Janssens et al., 2001).

Aumentos na temperatura podem elevar exponencialmente as taxas

de respiração do solo (Fang & Moncrieff, 2001; Yim et al., 2002). Neste

sentido, Janssens et al. (2001) verificaram que até 80% das variações

temporais nas emissões de CO2 foram explicadas por variações na

temperatura, em situação de baixo estresse hídrico; Longdoz et al. (2000)

encontraram que 73% da variação nos fluxos de CO2 ocorreu em função da

temperatura; Duiker & Lal (2000) calcularam que 60% das variações nas

emissões de CO2 foram explicadas pela temperatura média diária do solo a

5 cm de profundidade; Yim et al. (2002) verificaram correlações positivas

entre o fluxo médio diário de CO2 e a temperatura média diária do ar e do

solo no horizonte A.

A influência causada pela temperatura do ar e do solo na emissão de

CO2 para a atmosfera é que responde pelas diferenças de produção de CO2

nas diversas regiões do globo, bem como pelas variações sazonais e

temporais deste processo. Diversas pesquisas reportam relações

significativas da temperatura do solo e do ar com as emissões de CO2

(Jabro et al., 2008; Ussiri & Lal, 2009), as quais podem elevar

exponencialmente as taxas de respiração do solo. Em regiões mais quentes,

localizadas nas zonas tropicais, Raich et al. (2003) encontrou emissões

anual de carbono atingindo 14 Mg ha-1. Em regiões de clima temperado,

Maljanen et al. (2002) verificaram um padrão claro de variação diurna nas

emissões de CO2, no verão, em áreas cultivadas de solos orgânicos, com

fluxos maiores por volta do meio-dia e mínimos à noite.

A umidade do solo também é um fator importante para a dinâmica da

emissão de C-CO2 do solo, onde, umidades próximas da capacidade de

campo proporcionam ótimas condições para a atividade microbiana,

incrementa o consumo de oxigênio microbiano e a produção e emissão de

CO2 do solo (Buyanowski & Wagner, 1983). Panosso et al. (2009)

encontraram aumentos significativos da emissão de CO2 após molhamento

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promovido por dois eventos de irrigação em áreas descobertas e períodos

sem chuvas.

La Scala et al. (2000a) mostraram haver interferência da precipitação

pluviométrica sobre os fluxos de CO2 do solo, pois os padrões de

variabilidade das emissões foram alterados no curto prazo, após a

ocorrência de um período chuvoso. A influência da umidade, no entanto, é

diferente da temperatura, pois, a partir de certo teor de água no solo, a

resposta dos fluxos de CO2 é decrescente, até um valor próximo de zero,

perto do ponto de umidade de saturação (Janssens et al., 2001). Isso ocorre

porque um alto conteúdo de água no solo implica em pequena proporção de

poros preenchidos por ar, o que dificulta a troca de gases, além de tornar

mais lenta a decomposição de resíduos orgânicos, diminuindo a produção

de CO2 (Duiker & Lal, 2000). Por outro lado, o baixo teor de umidade do solo

conduz a restrições na produção de CO2 por limitação à atividade

microbiana do solo, quando comparado como mesmo ambiente em regime

com disponibilidade hídrica (Silva et al. 2009).

As propriedades químicas do solo também podem interferir nas

perdas de carbono do solo. La scala et al., (2000b) encontraram incrementos

no efluxo de CO2 do solo em pontos com maior conteúdo de carbono

orgânico e maior CTC, e um decréscimo no efluxo de CO2 em pontos com

maior conteúdo de ferro livre. Para explicar a relação entre o efluxo de CO2 e

o conteúdo de ferro livre no solo, os autores descrevem que, como os

valores de pH do solo estavam abaixo de 7, o conteúdo de ferro livre

aumentou a capacidade de troca de ânions no solo, diminuindo a atividade

microbiana (Bohn et al., 1985). Allaire et al. (2012) encontraram boas

correlações entre o conteúdo de enxofre total no solo na camada de 0-0,15

m com o efluxo de CO2 do solo. O conhecimento de como as propriedades

químicas podem afetar as perdas de C do solo é fundamental para a

identificação de diferenças nos padrões de fluxo de CO2 em solos distintos,

quanto ao grau de intemperismo, classes ou quanto a condições de uso e

manejo.

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Os sistemas de preparo do solo para cultivo podem interferir na

dinâmica do carbono do solo, favorecendo sua retenção ou agindo

diretamente nas propriedades responsáveis pela emissão do solo na forma

de C-CO2. Sob o âmbito da dinâmica do carbono no solo o sistema

convencional causa o fracionamento dos resíduos de plantas na superfície

do solo, aumenta a superfície de contato solo-resíduo, aumenta a aeração

do solo e a temperatura, conduzindo a um aumento da decomposição dos

resíduos de culturas que segue o modelo exponencial de decaimento

(Amado et al., 2000). Jantalia et al. (2007) avaliando o efeito de sistemas de

manejo no estoque de C do solo na região do cerrado brasileiro concluíram

que o intensivo preparo do solo, especialmente se mais de uma vez por ano

e com arado de aiveca, leva a perdas de C do solo na ordem de 30 Mg ha-1.

Maior emissão de CO2 pode ocorrer em solos revolvidos que de um

solo não disturbado (semeadura direta), pois, o revolvimento produz um

microambiente favorável para a aceleração da decomposição microbiana de

resíduos de plantas e animais (Kessavalou et al., 1998; Rochette & Angers,

1999). Reicosky et al. (1997) descrevem o preparo de solo como a maior

causa da emissão de CO2 de sistemas de cultivo. O revolvimento do solo

expõe o C lábil antes protegido pela fração mineral do solo, produzindo

aumentos significativos na emissão de CO2 após o preparo (La Scala et al.,

2009). Teixeira et al. (2010) descrevem aumentos significativos da emissão

de CO2 quanto maior o grau de mobilização do solo.

O sistema de semeadura direta (SD) preconiza o não revolvimento do

solo aliado à praticas de rotação de cultura e manutenção de grandes

quantidades de resíduos em superfície e, por estes aspectos, a SD interfere

menos na taxa de decomposição da MOS, o que favorece a manutenção e

até o acúmulo da mesma (Bayer & Mielniczuk, 1999; Resck et al., 1999).

Como a MOS está relacionada a importantes atributos de qualidade

do solo, como atividade biológica, ciclagem de nutrientes, agregação do

solo, dinâmica da água, resistência à erosão, sua preservação, através da

SD, constitui-se em uma das principais vantagens da adoção dos sistemas

conservacionistas. Carvalho et al. (2009) encontraram tendência de maior

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capacidade de armazenamento de C e menores emissões de C-CO2 sob

sistema de semeadura direta comparado ao cerrado nativo e ao solo sob

cultivo convencional, demonstrando que nas condições de cerrado a adoção

desta prática conservacionista pode ser mais benéfica para a qualidade do

solo quanto a própria vegetação natural.

Além dos fatores que afetam as emissões de CO2 do solo, existe uma

elevada variabilidade espacial e temporal dos fluxos, diretamente

relacionada à variabilidade das propriedades do solo que interferem no

fenômeno, como porosidade, estado de drenagem, conteúdo de carbono

orgânico e populações de microrganismos (Duiker & Lal, 2000). Segundo

Silveira & Cunha (2002), numa área cultivada, além da variabilidade natural,

existem fontes adicionais de heterogeneidade no solo, por causa do manejo

exercido pelo homem das mais variadas formas. Tais variações, mais

pronunciadas nos sistemas convencionais de preparo do solo do que nos

conservacionistas, influenciam principalmente o acúmulo de material

orgânico, a infiltração da água no solo e a erosão hídrica (Bertol et al., 2004).

Entretanto, a contabilização da emissão acumulada de C-CO2,

baseada em avaliações de várias leituras no tempo, permitem a diluição da

variabilidade espacial e temporal da emissão de C-CO2, reduzindo a

dispersão dos dados e permitindo a melhor avaliação do potencial de

emissão de C-CO2 de cada sistema avaliado. O estudo da emissão

acumulada de C-CO2 tem sido reportado por diversos autores na literatura

(Rochette et al., 2004; Bertora et al., 2007; Silva et al., 2009; Silva et al.,

2010).

2.2. Balanço de carbono e mudanças climáticas globais

Em solos agrícolas a redução das emissões de CO2 é um sinônimo do

aumento do estoque de C no solo, um processo usualmente referido como

sequestro de C no solo (Paustian et al., 2000). No sistema solo-planta-

atmosfera o balanço de C, em curto prazo, pode ser determinado pela

diferença líquida do C que entra na forma de resíduos vegetais, com o que é

perdido na forma de C-CO2, que é proveniente principalmente da

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decomposição do C orgânico do solo pelos microrganismos e da respiração

das raízes e rizosfera presentes no sistema. Em longo prazo, perdas de C

proveniente dos processos de erosão do solo e lixiviação do carbono

inorgânico presente na solução do solo, tornam-se importantes sumidouros

de C a serem avaliadas nestes estudos.

Estima-se que, das emissões totais, a agricultura contribui com

aproximadamente 20% da emissão antrópica de gases do efeito estufa

(GEE), sendo que esta pode atuar como fonte ou dreno destas emissões

(Johnson et al., 2005). Três dos principais gases de interesse são dióxido de

carbono (CO2), óxido nitroso (N2O) e metano (CH4), sendo que o fluxo

destes nos agroecossistemas é dependente do manejo e das práticas

agrícolas adotadas. No Brasil, a contribuição da agricultura às emissões de

GEE, é estimada em 75% das emissões de CO2, 91% das emissões de CH4

e 94% das emissões de N2O (Cerri & Cerri, 2007).

O CO2 é o gás do efeito estufa mais estudado no mundo. Esta

preocupação deve-se principalmente devido à quantidade em que é emitida

e suas fontes de emissão. Na superfície do solo o CO2 é produzido

naturalmente através de processos mediados por microrganismos, durante a

decomposição aeróbia da matéria orgânica e respiração do sistema radicular

das plantas. O fluxo de CO2 proveniente da respiração do solo é um dos

principais componentes do ciclo global de carbono (Yim et al., 2002). Os

processos naturais envolvidos são: a fotossíntese, a respiração e a

dissolução, e essa movimentação é um processo cíclico a qual denomina-se

ciclo do carbono. Este ciclo vem sendo alterado há muitos anos, como

resultado da queima de combustíveis fósseis (gasolina, querosene, óleo

diesel), atividade vulcânica (de menor intensidade), mudança no uso da terra

pelo corte da floresta e queima de biomassa. Essa última tem sido

considerada como um sério agravante na liberação de carbono da biosfera

para a atmosfera (Dias, 2006).

A cobertura vegetal, apesar de constituir um reservatório limitado de

carbono, é responsável pelo fluxo mais intenso de carbono no ciclo global.

Através da fotossíntese estima-se que a produção primária retire cerca de 60

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a 61 PgC (1 penta grama (Pg)= um bilhão de toneladas) da atmosfera

estocando na fitomassa vegetal anualmente; sendo que 60 PgC retornam

para a atmosfera através da respiração dos tecidos vivos e da

decomposição da matéria orgânica na superfície do solo (Schlesinger,

1997).

A lenta alteração nos estoques de C e a complexidade de processos

químicos e físicos que envolvem a sua dinâmica, associados aos curtos

períodos experimentais, dificultam a visualização do seu comportamento a

médio e longo prazo. Neste sentido, estudar as mudanças na perda de C

ocasionada pelas mudanças nas propriedades físicas do solo pode constituir

em uma ferramenta importante para avaliar o impacto das práticas de

manejo sobre a MOS, podendo auxiliar no planejamento e definição manejos

mais adequados, que promovem maior estoque de C, a médio e longo prazo

e, portanto, mais sustentáveis (Bayer et al., 2000a; Fernandes, 2002).

As medidas de mitigação das mudanças climáticas devem buscar

métodos que aumentem o acúmulo e manutenção do carbono no sistema

produtivo, como manutenção de cobertura vegetal do solo ao longo do ano,

aumento substancial da incorporação de matéria orgânica, implantação de

culturas mais eficientes na fixação do carbono e, a mais efetiva delas, a

adoção de medidas eficazes para a redução das queimadas e

desmatamentos de ecossistemas naturais (Cerri & Cerri, 2007).

2.3. Preparos de solo e alterações nas propriedades ligadas a emissão

de C-CO2

Os sistemas de preparo do solo visam promover um ambiente

adequado ao desenvolvimento e produtividade das culturas, no entanto,

fatores como as a gênese do solo, o clima e as características da cultura

devem ser considerados na escolha do preparo de solo para evitar a

degradação das propriedades físico-hídricas do solo e seus reflexos sobre o

ambiente e produtividade das culturas (Tormena et al., 2004).

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Os preparos de solo mais utilizados são a semeadura direta, o

preparo convencional e o preparo mínimo. Na maioria das áreas

agricultáveis do estado de Mato Grosso ocorre a adoção de sistemas de

preparo com mínimo revolvimento do solo, que mantêm em superfície os

resíduos de culturas em safrinha, e tem sido preconizada por constituir uma

alternativa tecnicamente viável (Oliveira et al., 2001), além de atuar no

controle da erosão, redução da degradação do solo e do meio ambiente.

Em sistemas naturais, os fatores de formação do solo são os

determinantes primários dos processos de ciclagem de C, uma vez que

exercem influência sobre o aporte de resíduos e sobre as saídas de C do

solo (Stevenson, 1994). Em sistemas agrícolas, o uso e o manejo do solo

atuam modificando tanto a entrada como a saída de C do solo para a

atmosfera, em função da produção diferenciada de resíduos, do número de

cultivos, das espécies vegetais, da adubação, dos procedimentos de

colheita, dos métodos adotados de preparo do solo e do manejo dos restos

culturais (Lal & Bruce, 1999).

Segundo Zinn et al. (2005), as maiores taxas de decomposição da

MOS observadas em áreas sob cultivo ocorrem devido às perturbações

físicas do solo, que implicam rompimento dos macroagregados (reduz a

proteção física da MOS), expondo a MOS protegida aos processos

microbianos, contribuindo, dessa forma, para aumentar as taxas de emissão

de CO2 para a atmosfera.

Solos manejados sob plantio convencional, com uso de grade e

arado, ocasionam a redução da MOS pelo rompimento dos agregados,

exposição de “pools” da matéria orgânica ao ataque microbiano e aumento

da oxidação do C orgânico em CO2. Existe um potencial para restaurar os

níveis de C orgânico e reduzir as emissões de CO2 dos solos através de

mudanças nas práticas agrícolas incluindo métodos de preparo, manutenção

da fertilidade com uso de fertilizantes inorgânicos e adubação orgânica, uso

de dejetos de animais, rotação de culturas, culturas de cobertura e manejo

dos resíduos de culturas (Li, 1995). Adicionalmente, as condições climáticas,

através de seus efeitos na temperatura do solo e do ar e no regime de

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umidade do solo, têm um papel importante na regulação das emissões

gasosas (Lal et al., 1995).

O plantio direto apresenta potencial para mitigar a emissão de CO2,

uma vez que a rotação de culturas e a manutenção dos resíduos culturais na

superfície do solo promovem a decomposição lenta e gradual do material

orgânico, que associado com a fração mineral do solo, favorece o estoque

de MOS. A adoção do plantio direto promoveu aumentos significativos no

acumulo de MOS quando comparado com o plantio convencional (Sá et al.,

2001).

As práticas de manejo podem reduzir ou aumentar o estoque de C do

solo. Métodos de preparo do solo com aração e gradagem promovem

perdas de C por meio de vários mecanismos segundo Bayer et al. (2000b;c),

Young & Ritz (2000), Cerri et al. (2004), Reicosky & Archer (2007):

• Fracionamento dos agregados do solo que protegem à matéria

orgânica da decomposição microbiana.

• Ao revolver o solo, aumenta-se a aeração que estimula a atividade

microbiana, resultando na liberação de grandes quantidades de CO2

e outros gases à atmosfera.

• Incorporação de resíduos culturais que ao aumentar a área de

contato, facilita a atividade microbiana sobre os mesmos. A

cobertura do solo é reduzida, deixando-o exposto à radiação solar,

aumentando assim a temperatura e reduzindo a umidade do solo.

Todos os fatores envolvidos nas alterações da estrutura e

propriedades físicas do solo após o manejo aumentam a emissão de CO2

por alterar o microambiente do solo, tornando-o favorável a atividade

microbiana. Além do mais, dependendo da cultura e de suas características

de desenvolvimento, estas podem responder por cerca de 60% das

emissões de CO2 total emitido pelo sistema solo-atmosfera, por meio da

respiração de suas raízes (Kuzyakov & Larionova, 2006), logo, é importante

entender a relação entre os índices de crescimento das culturas no campo e

seus efeitos sobre o efluxo de C-CO2 do solo, para tornar mais precisos os

cálculos de emissão total de C de sistemas de cultivo de trigo na região,

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permitindo avaliar com maior confiabilidade o impacto destes sistemas para

as mudanças climáticas globais.

2.4. Histórico do trigo e potencial produtivo no cerrado

O trigo é uma das culturas de maior adaptação em todo o mundo, sendo

cultivado sob condições extremas de temperatura variando desde – 35°C na

fase vegetativa em Ontário-Canadá, até 40°C durante o enchimento de

grãos, no Sudão-África. Esta ampla capacidade de adaptação permite o

cultivo dessa gramínea em diferentes regiões do mundo (Moreira et. al.,

2006).

O Brasil consome aproximadamente 10 milhões de toneladas anuais de

trigo (Embrapa, 2009), enquanto que a produção nacional na safra

2008/2009 foi de cerca de 5,9 milhões de toneladas, em uma área 2,4

milhões de hectares, basicamente no complexo agrícola Centro-Sul (regiões

Sul, Sudeste e Centro Oeste). O restante do grão consumido é importado de

outros países como Argentina, Canadá e Estados Unidos (Conab, 2009).

A região Centro Oeste, embora apresente área potencial para cultivo

desse cereal equivalente a mais de quatro milhões de hectares, responde

por apenas 4,4 % da área cultivada com trigo. A produção anual de trigo

nessa área, juntamente com Mina Gerais e Bahia, é de 262.600 toneladas

(Conab, 2009), em uma área de aproximadamente 43 mil hectares,

implicando em importação ou busca do produto em outras regiões do país.

A irrigação é o principal fator que determina a produção agrícola, na

região dos cerrados durante o período de maio a setembro. Isso porque,

nesse período, além da alta incidência de radiação solar e da baixa umidade

relativa do ar, que determinam uma grande demanda evapotranspirométrica,

ocorre apenas uma parcela irrisória da precipitação anual (100 a 150 mm), a

qual não é suficiente para suprir as necessidades hídricas das culturas

(Guerra et al., 1994).

Dentre os fatores climáticos, a precipitação pluviométrica é aquela que

frequentemente limita o rendimento das culturas, principalmente nas regiões

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central e sudeste do Brasil. Nesse caso, a irrigação torna-se prática

indispensável para permitir o cultivo na época seca e garantir a produção da

cultura no período das chuvas, quando ocasionalmente, ocorrem períodos

de estiagem. O excesso de água também é prejudicial e, nesse caso, o uso

da irrigação deve ser devidamente manejado, de forma que a quantidade de

água aplicada não provoque dano à cultura.

O cultivo de trigo irrigado no cerrado detém as maiores médias

nacionais de produtividade. O trigo é uma boa opção de diversificação dos

sistemas agrícolas que utilizam o sistema de plantio direto (SPD), em função

de produzir uma palha de ótima qualidade, não acidificadora do solo, e em

quantidade necessária para proporcionar boa cobertura do solo, muito

eficiente na supressão de plantas daninhas na cultura subsequente, com alta

relação carbono/nitrogênio e boa persistência no sistema, efeitos esses que

potencializam o rendimento de outras culturas utilizadas em sistema de

sucessão (Moreira et al., 2006).

Outro fator decisivo à incorporação da cultura do trigo no cerrado,

principalmente no estado de Mato Grosso, está diretamente ligado ao

período do “vazio sanitário”. De acordo com a instrução normativa

INDEA/MT Nº 001 de 10 de junho de 2008 em seu art. 2º fica estabelecido o

prazo de 90 (noventa) dias consecutivos de ausência de plantas vivas de

soja, denominado de “vazio sanitário”, período compreendido entre 15 de

junho a 15 de setembro. Esse período coincide com a época de semeadura

do trigo de inverno.

A região do cerrado do Brasil tem grande potencial para a expansão da

cultura de trigo, por oferecer ótimas condições de clima e solo, posição

estratégica de mercado e capacidade de industrialização, além de poder ser

colhido na entressafra da produção dos estados do sul e da Argentina e,

com características superiores de qualidade industrial para panificação

(Albrecht et al., 2006).

Os solos mais disponíveis para o cultivo nos cerrados são os

Latossolos Vermelho-Amarelo e Vermelho-Escuro. Lopes & Cox (1977) e

Goedert (1983) mostraram que esses solos são extremamente baixos em

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fertilidade natural. Em solos virgens, normalmente, há nível razoável de

matéria orgânica, que decresce com cultivos sucessivos, de tal forma que

torna-se necessário adicionar N ao solo para obter altas produtividade de

culturas não-leguminosas. Os dois principais problemas ligados a estes

solos são: a) pH baixo, com alta saturação de alumínio trocável, e b) nível

baixo de P. Esses dois grandes problemas devem ser resolvidos e a

solução para tal é de custo elevado, portanto, faz-se necessário obter alta

produtividade por cultivo. (MacMahon & Goedert, 1984).

Neste contexto, se faz necessários trabalhos de pesquisa visando à

utilização de manejos para a cultura que priorizem a retenção de carbono no

solo e elevação dos estoques de matéria orgânica, já que a matéria orgânica

do solo é a chave da produtividade dos solos de cerrado, devido a sua

importância como estoque de N, P e S para as plantas, no aumento da CTC

do solo, que garante a retenção de nutrientes diminuindo as perdas por

lixiviação e, principalmente, pelos seus benefícios para a manutenção da

qualidade física do solo pelo processo de agregação, que melhora a

disponibilidade de água e ar para as plantas (Baumgartl & Horn, 1991).

Considerando que a capacidade de retenção da água no solo e a sua

taxa evapotranspirativa sob sistemas de cultivo dependem, de um modo

geral, das características edafoclimáticas locais e do sistema de manejo

adotado, é necessário o desenvolvimento de pesquisas que caracterizem a

necessidade hídrica da cultura do trigo em diferentes sistemas de cultivo

com vista a encontrar os melhores índices de produtividade da cultura com o

menor custo de e consumo de água para irrigação. Pesquisas neste sentido

tem sido conduzidas por Espinoza et al. (1980) que utilizando cultivares de

trigo em Planaltina, obtiveram um consumo de 400 mm de água, com

rendimento de grãos próximo a 4.000 kg/ha. Já Frizzone et al. (1996) em

trabalho conduzido em Latossolo Vermelho-Escuro álico, fase cerrado,

concluíram que a máxima produtividade de trigo é obtida com 274 mm de

irrigação e 80 kg/ha de N. Scalco et al. (2002) em trabalho conduzido em

Latossolo Vermelho-Escuro em Lavras, obtiveram produtividade média de

trigo em torno de 5.697 e 6.569 kg/ha para EMBRAPA 22 e BR 26,

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respectivamente, com aplicação de 352,3 mm de água e doses de N acima

de 120 kg/ha.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Área de Estudo

Este estudo foi executado na estação experimental da Empresa Mato-

Grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural - EMPAER de

Tangará da Serra-MT (14°40’ S e 57°25’ W GrW). O clima da região,

segundo a classificação de Köppen, é predominantemente tropical – Awi,

com dois períodos bem definidos, que são o das chuvas, que vai de

novembro a março, com maior índice pluviométrico nos meses de dezembro

e janeiro, e o da seca, que vai de abril a outubro. A precipitação

pluviométrica média anual é de 1.348 mm (Fietz et al., 2008), e a

temperatura média anual é de 25,2°C. O solo foi classificado como Latossolo

Vermelho-Escuro típico, de acordo com o sistema brasileiro de classificação

de solos (SiBCS-Embrapa, 1999), de textura argilosa, cujas características

químicas estão apresentadas a Tabela 1.

Tabela 1. Valores médios utilizados na caracterização físico-química do

solo da área experimental.

Camada (m)

pH P K Ca+Mg SB CTC V MO Areia Silte Argila

mg dm-3 cmolc dm-3 % g dm-3 g kg-1

0-0,1 6,2 3,8 254 7,53 8,2 14,27 57,53 51,23 178 262 560

0,1-0,2 6,1 1,8 220,7 6,8 7,4 13,3 55,4 48 171 252 577

A área experimental foi cultivada com feijão, como cultura de inverno, a

3 anos antecedentes a condução deste estudo, sendo que, no último ano, foi

cultivado trigo como cultura de inverno, e em seguida, a área foi mantida em

pousio por aproximadamente um ano, de forma que, durante a implantação

dos sistemas de preparo, havia grande quantidade de resíduos orgânicos

em superfície, e que pode ter contribuído para os elevados valores de

saturação de bases.

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Os tratamentos principais avaliados construíram-se em 3 sistemas de

preparo de solo: preparo convencional (PC) com 2 gradagens (1 pesada e

uma leve) com revolvimento a ± 0,2 m; preparo mínimo (PM) com uma

gradagem leve, revolvimento ± 0,1 m e semeadura direta (SD), com 4

repetições e sem aplicação de calcário. Para as análises dos atributos

físicos e carbono orgânico total considerou-se como tratamento secundário

no modelo de análise esquema de parcela, as duas camadas de solo (0-0,1

m e 0,1-0,2 m) e, para análise dos dados de efluxo de C-CO2, efluxo de C-

CO2 acumulado, temperatura do solo e porosidade preenchida com água

considerou-se como tratamento secundário os dois períodos de avaliação

(diurno e noturno).

A cultura do trigo foi semeada no dia 04 de junho e colhida em 19 de

setembro de 2011. A semeadura foi realizada com semeadora plantio direto

equipada com 15 linhas espaçadas 0,17 m, a 3 cm de profundidade e

densidade de semeadura de 120 sementes m-1, utilizando a cultivar BRS-

254, de ciclo médio (115-125 dias). A adubação de base consistiu de 500 kg

ha-1 da formulação 04:30:16 mais 10 kg ha-1 de FTE Borogran 10, para o

controle da esterilidade masculina dos grãos. Para adubação de cobertura

aplicou-se manualmente em dose única 60 kg ha-1 de N na forma de uréia,

no perfilhamento da cultura.

O controle de pragas foi realizado aos 13 dias após a emergência

(DAE) com aplicação de acetamiprido, na dose de 375 g do produto

comercial ha-1. O controle de plantas daninhas foi realizado no mesmo dia,

através da aplicação do herbicida metsulfuron metyl, na dose de 6 g do

produto comercial por hectare e as plantas remanescentes foram

controladas através de monda e com o auxílio de capinas, periodicamente.

A cultura foi mantida sob irrigação por aspersão com distribuição de

água uniforme sobre a área até os 30 dias após a semeadura, e após os 30

DAS, a irrigação passou a ser feita por apenas uma linha central, sistema

conhecido como line source, que promove um gradiente decrescente da

lâmina irrigada ao longo do distanciamento perpendicular em relação à linha

central de irrigação. Neste trabalho, foi considerada apenas a lâmina de

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irrigação distanciada entre 6 a 9 m da linha central, que objetivou a aplicação

de uma lâmina de água de 507 mm para todo o ciclo da cultura, sendo o

turno de rega controlado pelo uso de tensiômetros instalados a 0,2 e 0,4 m,

distribuídos nas parcelas experimentais. O esquema representativo do

sistema das lâminas de molhamento, da lâmina considerada nas avaliações

das variáveis deste estudo e a disposição dos sistemas de preparo na área

experimental estão expressos na Figura 1.

Figura 1. Esquema representativo das lâminas de molhamento do

sistema line source, da lâmina considerada nas avaliações das variáveis

deste estudo e disposição dos sistemas de preparo na área experimental.

3.2. Atributos físicos do solo

Os atributos físicos do solo foram: a densidade do solo, a porosidade

total, a macro e a microporosidade, avaliado aos 42 e 97 dias após a

semeadura.

A densidade do solo, a porosidade total, a macro e a microporosidade,

foi avaliada na camada de 0-0,1m e 0,1-0,2m e determinadas por meio de

amostras indeformadas, segundo método descrito por Embrapa (1997).

Lâmina irrigada

de 507mm

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3.3. Balanço de C e variáveis do ambiente

O balanço de C dentro de cada sistema de preparo foi avaliado pela

perda de carbono na forma de C-CO2 e pelo incremento de C no sistema via

fitomassa da cultura.

A emissão de CO2 foi avaliada com o emprego de um analisador de

gases modelo EGM-4 (PP Systems International, Inc., Amesbury, MA, USA)

que apresenta um sensor de umidade do ar interno, acoplado a uma câmara

fechada (PPS-SRC-1 Soil Respiration Chamber) e a um sensor de

temperatura do solo (STP-1 Soil Temperature Probe), conforme Figura 1A,B.

(A) (B)

Figura 1. Modelo do aparelho de avaliação do efluxo de CO2 do solo e esquema para leitura da temperatura do solo e umidade do solo próximo as câmaras de avaliação da emissão de CO2.

O tempo de leitura em cada câmara de avaliação de CO2 instalada no

solo era de 2 minutos e ao final da leitura o aparelho emite um valor de

efluxo em g CO2 m-2 h-1, já considerando a área da câmara fechada

acoplado ao aparelho. Estas leitura foram realizadas durante o dia, entre às

10:00 e 12:00 horas e a noite entre às 23:00 e 01:00 horas, em seis épocas

durante o desenvolvimento da cultura do trigo. Como a emissão de CO2 do

solo apresenta alta variabilidade espacial, para obter médias mais

representativas do potencial de emissão de cada sistema, foi considerada

uma área útil dentro de cada parcela de 3m x 3m, totalizando 9m2, onde

foram implantadas três câmaras para avaliação da emissão de CO2, com

espaçamento entre as câmaras de 0,5 m.

T°C Sensor de Umidade

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Concomitantemente às avaliações de CO2 foi avaliada a temperatura

do solo, a umidade volumétrica e o conteúdo de matéria seca da parte aérea

das plantas, consideradas como variáveis que interferem diretamente na

emissão de C-CO2 dos sistemas estudados.

A temperatura do solo foi avaliada na profundidade de 0-0,15m, através

do sensor acoplado ao equipamento PP System (STP-1 Soil Temperature

Probe). A umidade volumétrica do solo foi avaliada mediante coleta de

amostras indeformadas com anéis volumétricos (Embrapa, 1997) e,

posteriormente, estes valores foram utilizados para o cálculo da porosidade

do solo preenchida com água (PPA), calculado com base nas variáveis

densidade do solo (mg m-3), densidade de partículas (2,65 mg m-3) e

umidade volumétrica do solo (Kg Kg-1) (Franzluebbers et al., 1995).

O potencial de entrada de C no sistema foi medido pelo conteúdo de C

na fitomassa da cultura (parte aérea e raiz), conforme Equação 3.

100% FcCMSRAMSPAEcc (Equação 3)

Onde:

Ecc Entrada de carbono no sistema via fitomassa da cultura (Mg ha-1)

MSPA Matéria seca da parte aérea da cultura (Mg ha-1)

MSRA Matéria seca de raiz da cultura (Mg ha-1)

FcC% Percentual de carbono na fitomassa da cultura

Para estimar o incremento de C no solo pelas raízes do trigo, foi

considerado como sendo proporcional a translocação de C entre a parte

aérea e raiz da cultura (Moureaux et al., 2008), assim, o percentual de C na

fitomassa de matéria seca na raiz foi considerada como sendo a mesma

encontrada na parte aérea da planta.

Para avaliar potencial de perda total de C de cada sistema de preparo

de solo, foi calculada a emissão total acumulada de C-CO2 correspondente

ao período avaliado, utilizando como base de cálculo a área abaixo da curva

de evolução do efluxo de C-CO2 no tempo, considerando a área dos

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trapézios formados entre duas observações no tempo, conforme

apresentado na Equação 4.

IjEfEf

Efacn

k

kk *21

1

(Equação 4)

Em que:

Efac Efluxo acumulado de C-CO2 (Mg ha-1

);

Ef Efluxo de C-CO2 (Mg ha-1

);;

k Momento de leitura do efluxo;

n Número de momento da leitura do efluxo;

j Intervalo de tempo (em dias) entre os momentos de leitura = k –(k-1).

Assim, o balanço de carbono em cada sistema de preparo de solo foi

calculado conforme a Equação 5.

EfacEccBc (Equação 5)

Onde:

Bc Balanço de carbono (Mg ha-1);

Ecc Entrada de carbono no sistema via fitomassa da cultura (Mg ha-1)

Efac Efluxo acumulado de C-CO2 (Mg ha-1

);

No intuito de avaliar o impacto dos sistemas de cultivo nos estoques de

carbono orgânico do solo foi avaliado o conteúdo de C total no solo (COT)

antes da implantação do experimento e após a colheita da cultura. A

determinação do percentual de C por unidade de massa da amostra de solo

e também da fitomassa da cultura foi realizada via combustão a 105°C,

utilizando o analisador HT 1300 Solids module (TOC). Com os valores em

percentual de C no solo, calculou-se o estoque de C para as camadas de 0-

0,1 e 0,1-0,2m, utilizando-se a Equação 6.

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Estoque de C (Mg ha-1) 100% SCEcDap (Equação 6)

Onde:

Dap Densidade aparente do solo (Mg m-3);

Ec Espessura corrigida da camada amostrada (m)

SC% Percentual de carbono no solo

A espessura da camada amostrada foi corrigida para os preparos

mínimo e convencional, utilizando-se como referência a densidade do solo

apresentada pelo sistema de semeadura direta, uma vez que, após o

revolvimento do solo há uma tendência de diminuição da densidade

aparente do solo em função do aumento de espaços vazios, o que ocasiona

erros na determinação do estoque de carbono no solo por alterar a

espessura camada de solo em função de sua densidade. Assim, a correção

da espessura da camada amostrada foi realizada por meio da Equação 7.

EcDaprDapEc (Equação 7)

Onde:

rDap Densidade aparente do solo no sistema de referência (Mg m-3);

cDap Densidade do solo no sistema comparado (Mg m-3) (Preparo

mínimo ou convencional);

E Espessura da camada amostrada (m).

3.4. Avaliação da matéria seca da parte aérea e estimativa da matéria

seca radicular do trigo

A curva de incremento de massa seca da cultura foi avaliado ao coletar

a parte aérea de seis plantas dentro da área amostral (3m x 3m) utilizando-

se de um quadrado de madeira de 1 x 1m e coletando-se as plantas das

linhas centrais, em 4 repetições. O material vegetal representado por hastes,

folhas e espiga foi posto a secar em estufa de circulação de ar forçada a

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70°C até atingir massa constante. O material seco foi pesado em balança

semi-analítica (precisão 0,01g) para determinação da massa seca.

Como raízes do trigo podem crescer além de 2,0 m de profundidade,

não foi coletada a fitomassa das raízes. Ao invés disso, o conteúdo de

matéria seca da raiz foi estimado utilizando a relação de crescimento entre

fitomassa da raiz e a fitomassa total descrita por Baret et al. (1992). Esta

relação tem tendência exponencial com o graus-dia de desenvolvimento da

cultura, assim, o coeficiente de incremento de fitomassa de raiz ao longo do

ciclo da cultura é definido pela Equação 1.

*98,063,015,0*)( er (Equação 1)

Onde:

r Coeficiente de incremento da fitomassa de raiz

* Graus-dias de desenvolvimento do trigo.

O coeficiente de incremento de fitomassa de raiz ( r ), foi calculado

para cinco épocas do desenvolvimento do trigo, que coincide com as épocas

de avaliação da emissão de C-CO2. Para obter o conteúdo de matéria seca

da raiz, o coeficiente de incremento de raiz obtido em cada época de

desenvolvimento da cultura, foi multiplicado pelo conteúdo de matéria seca

da parte aérea medido nas respectivas épocas de avaliação, assim, o

conteúdo total raiz foi calculado pelo somatório do conteúdo de matéria seca

de raiz de cada época avaliada.

O cálculo da soma térmica, em graus-dia de desenvolvimento da

cultura do trigo, foi feito considerando o somatório dos graus-dia acumulados

diariamente, calculados conforme a Equação 2, desde a emergência até a

colheita da cultura.

)2

minmax(

1

TbTT

GDn

i

(Equação 2)

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Onde:

GD Graus-dia de desenvolvimento da cultura;

maxT Temperatura máxima (°C);

minT Temperatura mínima(°C);

Tb Temperatura base da cultura (°C);

A temperatura máxima e a mínima local foi mensurada ao longo do

ciclo da cultura por meio de uma estação meteorológica instalada na área

experimental. Como temperatura base da cultura do trigo foi utilizada a

temperatura de 10°C, conforme descrito pelo trabalho de Junior et al. (2004),

para cultivares de trigo de ciclo médio no estado de São Paulo.

3.5. Delineamento experimental e análise dos dados

O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados com

4 repetições, no esquema de parcelas subdivididas.

Os dados foram submetidos ao teste de Kolmogorov–Smirnov, para

verificar a destruição normal dos dados e ao teste de Cochran a Bartlet para

verificar a homogeneidade de variância.

Na análise de variância em esquema de parcela subdividida para os

dados de efluxo de C-CO2, efluxo acumulado de C-CO2, temperatura e

umidade do solo na porosidade preenchida com água em função do preparo

e período considerou-se como tratamento principal o sistema de preparo de

solo e como secundário o período de avaliação.

Para a variável C total no solo e para os atributos físicos procedeu-se a

análise de variância em função do sistema de preparo e camada de solo.

Neste caso, considerou-se o sistema de preparo e a camada de solo como

tratamentos principal e secundário, respectivamente.

Quando significativo às diferenças entre os tratamentos foram testadas

pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Mediante análise de correlação e

regressão foram ajustadas equações aos dados de efluxo de C-CO2 e de

incremento de matéria seca da parte aérea da cultura do trigo em função das

épocas de avaliação ao longo do ciclo da cultura, considerando-se apenas

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as regressões de coeficientes de determinação significativos a 5% pela

análise de variância da regressão. A análise de distribuição dos resíduos

estandartizados foi adotada para avaliar a ausência de tendências nos

modelos ajustados. As análises estatísticas foram executadas pelo programa

SPSS 16.

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38

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Atributos para caracterização física do solo e desenvolvimento da

cultura

Os dados de macroporosidade, microporosidade e porosidade total do

solo em função do preparo de solo e datas após a semeadura avaliados na

camada de 0-0,1 m e 0,1-0,2 m estão demostrados na Tabela 8.

Tabela 8. Média dos dados de macroporosidade, microporosidade e

porosidade total em função do preparo de solo e data após a semeadura,

avaliado na camada de 0-0,1 m e 0,1-0,2 m.

Preparos Macroporosidade (%) 0-0,1 m 0,1-0,2 m

42 97 Média(b) CV(b) 42 97 Média(b) CV(b)

PC 21,1 aA 21,4 aA 21,3

10,69

15,8 8,7 12,2 a

15,41 PM 22,0 aA 20,5 aA 21,3 15,8 7,9 11,8 ab

SD 12,1 bB 21,3 aA 16,7 13,4 9,0 11,2 b

Média (a) 18,4 21,1 G=19,8 15,0 a 8,53 b G=14,3

CV(a) 8,42 4,43

Preparos Microporosidade (%)

42 97 Média(b) CV(b) 42 97 Média(b) CV(b)

PC 39,5 bA 41,0 aA 40,2

3,49

41,8 aB 45,8 bA 43,8

1,61 PM 40,1 bA 42,0 aA 40,6 42,1 aB 48,0 aA 45,1

SD 43,1 aA 40,5 aB 42,5 43,3 aB 47,0 abA 45,1

Média (a) 41,4 40,8 G=41,1 42,4 46,9 G=44,7

CV(a) 3,59 2,44

Preparos Porosidade Total (%)

42 97 Média(b) CV(b) 42 97 Média(b) CV(b)

PC 60,7 bB 62,4 aA 61,5

1,45

57,6 54,5 56,1 a

2,93 PM 62,2 aA 61,5 aA 61,9 57,9 55,9 56,9 a

SD 57,6 cB 61,8 aA 59,2 56,7 56,0 56,4 a

Média (a) 59,8 61,9 G=60,9 57,4 a 55,5 b G=56,4

CV(a) 1,16 1,77 G= média geral, PC= Preparo convencional, PM= Preparo mínimo, SD= Semeadura direta, CV (%)= coeficiente de variação. Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna indica não diferença entre preparos, e na linha, indica não diferença entre camadas, pelo teste de Tukey a 5%.

Houve interação significativa (p<0,05) entre preparo de solo e data

para a variável macroporosidade na camada de 0-0,1m. A interação revelou

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que aos 42 DAS os preparos com revolvimento do solo apresentavam os

maiores valores de macroporos (p<0,05), como possível resposta ao efeito

da mobilização do solo que segundo Tormena et al. (2002) e Hill & Cruse

(1985) resultam em quebra do agregados e no desenvolvimento de poros,

notamente macroporos. Assim, a hipótese de que o revolvimento do solo

aumenta o volume de poros drenáveis (Tollner et al., 1984) também é

confirmada pelos resultados obtidos para os preparos com revolvimento

neste experimento.

Ainda na camada de 0-0,1m, aos 97 DAS não observou-se diferenças

entre os sistemas de preparo de solo e não houve diferenças entre os

valores de macroporos avaliado aos 42 e aos 97 DAS para os preparos com

revolvimento, demonstrando o aumento no volume de macroporos oriundos

do revolvimento do solo tem efeito prolongado até o final do ciclo da cultura

(97DAS), porém, para a SD houve um aumento significativo (p<0,05) no

volume de macroporos dos 42 para os 97 DAS, possivelmente em razão do

crescimento radicular da cultura que por concentrar seu maior volume nas

camadas superficiais podem ter contribuído para o aumento no volume de

macroporos aos 97 DAS.

Na camada de 0,1-0,2m houve efeito significativo (p<0,05) do preparo

de solo e das datas sobre a macroporosidade do solo. De modo similar aos

resultados encontrados para a camada de 0-0,1m o menor volume de

macroporos nesta comada foi encontrado para a SD (p<0,05) demonstrando

que os métodos de revolvimento do solo tiveram efeito significativo na

mobilização do solo também na camada de 0,1-0,2m.

Para o efeito da data após a semeadura na camada de 0,1-0,2m

observou-se uma diminuição significativa no volume de macroporos dos 42

para os 97 DAS, possivelmente como resposta ao efeito de acomodação das

partículas menores do solo mobilizado que com os eventos sucessivos de

irrigação tendem, com o tempo, acomodar-se na interface entre o perfil

mobilizado e o não mobilizado, diminuindo consideravelmente os volumes de

macroporos nesta profundidade, com efeito mais pronunciado nos preparos

com revolvimento, conforme demonstrado na Tabela 8 deste trabalho. Tais

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resultados demonstraram que o decréscimo no volume de macroporos na

camada 0,10-0,20m entre as datas avaliadas foi igual a 32,8% para a SD,

enquanto que para o PM foi de 50% e para o PC foi de 55,1%. Redução do

volume de macroporos em profundidade foi descrito também por Tormena et

al., (2002).

Para a microporosidade houve interação significativa (p<0,05) tanto

para os dados na camada de 0-0,1m como na camada de 0,1-0,2m. Para a

camada de 0-0,1m a interação revelou aos 42 DAS menor volume de

microporos nos preparos onde houve revolvimento do solo (p<0,05) e aos 97

DAS, nenhuma diferença foi encontrada entre os preparos de solo. Na

comparação entre datas, não houve diferenças significativas entre os valores

de microporosidade para os preparos com revolvimento, porém, de forma

contraria aos resultados apresentados para a macroporosidade entre as

datas, houve diminuição significativa no volume de microporos (p<0,05).

Este resultado pode ter ocorrido em virtude da pressão exercida pela

penetração das raízes que rompem os agregados do solo e, ao mesmo

tempo em que aumenta o volume de poros maiores (macroporos) diminuem

os microporos, que são formados intragregados.

Na camada de 0,1-0,2m a interação revelou diferenças significativas

entre preparo de solo apenas aos 97 DAS, onde o maior volume de

microporos foi encontrado no PM, indicando que o revolvimento superficial

do solo (com uma gradagem leve) pode aumentar o volume de microporos

devido à acomodação das partículas menores do solo revolvido nas

camadas subsuperficiais, efeito conhecido como pé-de-grade. O menor

volume de microporos foi encontrado no PC, como efeito do revolvimento do

solo que durante a mobilização do preparo atingiu esta camada,

aumentando o volume de macroporos e diminuindo os microporos.

Ainda na camada de 0,1-0,2m para comparação dos dados de

microporosidade entre datas, percebe-se um aumento significativo no

volume de microporos dos 42 DAS para os 97 DAS, o que parece confirmar

a hipótese de acomodação das frações menores de solo nas camada

subsuperficiais, que ao diminuírem drasticamente o volume de macroporos

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aumentaram de forma significativa o volume de microporos na data final de

avaliação.

Estes resultados demonstram que o revolvimento do solo ao

aumentar o volume de poros drenáveis pode potencializar o processo de

acomodação das partículas de solo e com isso gerar problemas de

compactação subsuperficiais, ao carrear as partículas menores de solo para

interface entre o perfil revolvido e o perfil de solo não mobilizado.

Considerando os valores de macro e microporos na camada de 0-

0,1m observa-se que a distribuição porosa do solo alcançou valores

próximos dos considerados ideais, segundo Reynolds et al. (2002), que

caracterizam como solos de boa qualidade para armazenar água e ar,

quando o espaço poroso na capacidade de campo apresentar 2/3

microporos e 1/3 de macroporos, em relação à porosidade total do solo,

enquanto, entretanto, para a camada de 0,1-0,2m aos 97 DAS os valores de

macroporos encontravam-se abaixo do limite crítico de porosidade de

aeração para desenvolvimento radicular das plantas descrito por Silva et al.,

(1994), e poderia estar afetando o desenvolvimento radicular da cultura

nesta profundidade e período.

Para porosidade total observou-se interação significativa (p<0,05)

entre preparo de solo e datas após a semeadura para a camada de 0-0,1m,

onde maior porosidade total foi encontrada para PM seguido do PC e SD.

Aos 97 DAS não observou-se nenhuma diferença significativa entre preparos

de solo, demonstrando que este período é suficiente para que o solo

recupere as características de porosidade comum do sistema, independente

do sistema de preparo adotado. Entre as datas observou-se aumento

significativo (p<0,05) da porosidade total de 42 para 97 DAS no PC e na SD

e para o PM não houve diferença significativa entre as datas. Esta não

diferença significativa no PM pode ter sido ocasionada pelo baixo

destorroamento do solo, que fez com que as raízes da cultura se

desenvolvessem entre agregado e não intragregados como na SD e, no

caso do PC, onde a mobilização intensiva promoveu maior destorroamento

do solo, pode ter possibilitado um desenvolvimento mais expansivo das

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raízes da cultura, culminando no aumento da porosidade total com tempo de

cultivo.

Para a camada de 0,1-0,2m, houve efeito significativo apenas da data

após a semeadura sobre a porosidade total do solo, onde observou-se

diminuição significativa da porosidade total dos 42 para os 97 DAS,

ocasionada pelos mesmos fatores que promoveram a diminuição da

macroporosidade neste perfil avaliado, conforme discutido acima.

As médias de densidade do solo avaliadas aos 42 e aos 97 DAS em

função dos preparos de solo e camadas estão apresentados na Tabela 9.

Tabela 9. Média dos dados de Densidade aparente (g cm-3) em função dos

sistemas de preparos de solo e camadas, avaliados aos 42 e 97 dias após a

semeadura.

Preparos 0-0,1 m 0,1-0,2 m

42 97 Média (b) CV(b) 42 97 Média (b) CV(b)

PC 0,94 1,00 0,97 b

5,29

1,00 aB 1,10 aA 1,05

3,18 PM 0,95 0,99 0,97 b 1,01 aB 1,08 aA 1,04

SD 1,07 1,03 1,05 a 1,06 bA 1,06 aA 1,06

Média (a) 0,98 a 1,01 a MG=1,00 1,03 1,08 MG=1,05

CV(a) 1,98 3,63 G= média geral, PC= Preparo convencional, PM= Preparo mínimo, SD= Semeadura direta, CV = coeficiente de variação (%). Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna indica não diferença entre preparos, e na linha, indica não diferença entre camadas, pelo teste de Tukey a 5%.

Para a camada 0-0,1 m foi observado efeito significativo do preparo

de solo (p<0,05) sobre a densidade e para as datas não houve efeito

significativo. A maior densidade foi encontrada na SD (p<0,05)

demonstrando que os métodos de preparo com revolvimento foram

eficientes na mobilização do solo neste perfil. O efeito não significativo para

as datas avaliadas demonstra que já aos 42 DAS o solo sofreu uma

acomodação após o revolvimento no preparo, atingindo valores próximos ao

encontrado na SD. Assim, é possível inferir que sob sistemas irrigados 42

dias após o preparo é um intervalo de tempo suficiente para total resiliência

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do solo, ou seja, período necessário para que o solo reorganize,

recuperando-se da perturbação do preparo do solo com revolvimento.

Para a camada de 0,1-0,2 m houve interação significativa (p<0,05)

entre o preparo de solo e datas após a semeadura para a densidade do solo.

A interação revelou que aos 42 DAS à SD apresentava o maior valor de

densidade do solo (p<0,05), o que indica também um efeito significativo dos

métodos de preparo na mobilização do solo neste perfil. Entretanto, aos 97

DAS nenhuma diferença significativa foi observada na densidade do solo

entre os preparos. Entre as datas após a semeadura a interação revelou que

houve um aumento significativo da densidade dos 42 para os 97 DAS

apenas nos preparos com revolvimento do solo, fato que pode ter ocorrido

como possível resposta ao efeito de acomodação das partículas do solo, que

potencializado pelos sucessivos eventos de irrigação tendem a acomodar

nas camadas mais profundas as partículas menores do solo que foram

destruídas durante o preparo com revolvimento.

Buscando relacionar o desenvolvimento da cultura do trigo com os

atributos físicos do solo, é que está apresentado na Tabela 10 o incremento

de matéria seca da parte aérea da cultura em função dos preparos de solo

em 4 datas após a semeadura da cultura.

Tabela 10. Matéria seca da parte aérea do trigo (Mg ha-1) em função das

épocas após a semeadura e dos preparos de solos, número médio de

perfilhos por planta e matéria seca total de raízes (Mg ha-1) avaliado aos 97

dias após a semeadura.

Preparos Dias após a semeadura

perfilhos/planta Matéria seca total de raiz 21 42 71 97

PC 0,18 b 2,88 a 15,62 a 14,06 b 3,67 b 3,79 b PM 0,20 b 3,00 a 16,04 a 14,62 b 3,75 b 3,81 b SD 0,31 a 3,17 a 18,07 a 19,57 a 4,75 a 4,72 a

PC= Preparo convencional, PM= Preparo mínimo, SD= Semeadura direta. Médias seguidas de mesma letra indica não diferença entre preparos de solo, segundo teste de Tukey a 5%.

Percebe-se que diferenças significativas, segundo teste de Tukey

(p<0,05), foram observadas para a matéria seca entre os preparos de solo

aos 21 DAS, tendo o maior conteúdo de matéria seca encontrado para SD,

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que diferiu do PM e PC (p<0,05). Considerando que esta época representa a

fase de perfilhamento da cultura, e que a cultura sobre o sistema SD

apresentou plantas com maior número de perfilhos (p<0,05) comparados

aos demais preparos, logo, fica evidente que o maior conteúdo de matéria

seca neste preparo se deu em função do maior perfilhamento das plantas.

Parece que a cultura do trigo, sobre condições de maior impedimento físico

do solo, emite maior número de perfilhos para garantir boa produção de

matéria seca.

Aos 42 e aos 71 DAS não houve diferenças significativas (p<0,05) no

conteúdo de matéria seca da cultura entre os preparos.

Aos 97 DAS foi evidenciado maior conteúdo de matéria seca na

cultura sobre a SD (p<0,05), e os menores valores de matéria seca

encontrada para o PC e PM. Os menores valores de matéria seca da parte

aérea e de raiz encontrado neste período para os preparos com

revolvimento podem estar relacionado às condições físicas do solo na

camada 0,1-0,2 m, que podem ter prejudicado o desenvolvimento radicular

da cultura devido aos maiores valores de densidade do solo (Tabela 9) e

principalmente aos baixos valores de macroporos encontrado no solo neste

período (Tabela 8), considerado abaixo do valor limitante para o

desenvolvimento radicular das plantas, e estas condições de impedimento

físico resultaram em menor acúmulo de matéria seca na cultura.

Provavelmente o maior conteúdo de matéria seca da parte aérea e da

raiz apresentado pelo sistema de SD pode também estar relacionado à

capacidade do sistema de reter e armazenar mais água para as plantas,

comparado ao PM e PC, o que pode ser afirmado devido aos maiores

valores de microporos encontrados na SD aos 42 DAS (Tabela 8) e, devido

a cobertura de resíduos na superfície do solo que diminui a

evapotranspiração da água no solo, garantindo o maior conteúdo de

umidade no solo na maioria das épocas avaliadas (Tabela 7). Considerando

que os valores de densidade apresentados pelos preparos de solo neste

experimento (Tabela 9) estão abaixo dos valores considerados críticos para

o desenvolvimento radicular, que segundo Argenton et al. (2005)

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constataram valor crítico próximo a 1,30 g cm-3, para Latossolo Vermelho

argiloso, e Klein (2006) baseado no intervalo hídrico ótimo, descreve como

densidade limitante 1,33 g cm-3, para a mesma classe de solo, então, o

maior conteúdo de matéria seca na cultura observado na SD pode estar

mesmo relacionado ao maior conteúdo de água disponível para as plantas,

comparado aos preparos com revolvimento (PM e PC).

Comparando o conteúdo de matéria seca da cultura aos 71 DAS com

o apresentado aos 97 DAS, percebe-se que houve pequeno decréscimo na

matéria seca da parte aérea da cultura nos PC e PM, entretanto, para a SD

houve acúmulo de matéria seca entre estas datas. Este decréscimo no

conteúdo de matéria seca nas fases finais do desenvolvimento da cultura do

trigo foi também observado por Schiettecatte (1993) e De Ghellinck (2003).

4.2. Efluxo de C-CO2 e variáveis do ambiente

A dinâmica do efluxo médio de C-CO2, porosidade do solo preenchida

com água (PPA), temperatura do solo (Ts) e temperatura média do ar (T ar)

durante o período de cultivo do trigo estão apresentados na Figura 1.

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0

5

10

15

20

25

30

{PP

A (

m3

m-3

)/ U

R d

o a

r (d

ecim

al)}

{Efluxo

de

C (

Kg h

a-1

dia

-1)/

tem

pe

ratu

ra d

o s

olo

e d

o a

r (°

C)}

Efluxo Ts T ar PPA UR do ar

Figura 2. Efluxo médio de C-CO2, temperatura do solo e temperatura média

do ar, porosidade do solo preenchida com água e umidade relativa do ar

durante o período de cultivo do trigo em Tangará da Serra – MT.

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Não houve ocorrência de precipitação durante o período de cultivo do

trigo, portanto, as variações na PPA ao longo do período de cultivo do trigo

são decorrentes do fornecimento de água via irrigação. Os dados de PPA

apresentaram correlação inversa e significativa, segundo análise de

correlação de Pearson, com os dados de Ts (R= -0,49; p<0,01), indicando

que nos períodos em que houve aumento na PPA houve diminuição da Ts.

Não houve correlações significativas entre as variáveis Ts, T ar e PPA com o

efluxo médio de C-CO2 nos períodos avaliados.

Quando avaliado separadamente cada preparo de solo e período de

avaliação (diurno e noturno) ao longo de todas as datas avaliadas, observou-

se correlações significativas entre os dados de temperatura do solo,

porosidade do solo preenchida com água e efluxo de C-CO2, conforme

mostra a Tabela 4.

Tabela 2. Matriz de correlação de Pearson entre as variáveis temperatura do

solo (Ts), porosidade do solo preenchida com água (PPA) e efluxo de C em

função dos preparos de solo e período.

Variáveis correlacionadas

Sistemas de preparo de solo

Convencional

Mínimo

Semeadura direta

Diurno Noturno Diurno Noturno Diurno Noturno

PPA x Ts -0,41** -0,62** -0,30n.s -0,54** 0,02n.s -0,23n.s Ts x Efluxo -0,48** -0,25n.s -0,17n.s 0,54** 0,11n.s 0,43* PPA x Efluxo 0,35* 0,13n.s -0,00n.s 0,53** 0,13n.s -0,42*

n.s= não significativo. ** significativo ao nível de 1%. * significativo ao nível de 5%, pelo teste de correlação de Pearson.

Através da matriz de correlação de Pearson observa-se que o

aumento na porosidade preenchida com água explicou 41% da diminuição

na temperatura do solo para período diurno e 62% no período noturno para o

PC, enquanto que para o PM, não observou-se correlações significativa para

entre a PPA e Ts no período diurno, e no período noturno houve correlação

moderada e negativa, demonstrando que o aumento da PPA explicou 54%

da diminuição da Ts nas datas avaliadas. Para a SD não houve correlações

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significativas entre PPA e Ts para nenhum dos períodos avaliados,

possivelmente como resposta ao efeito do não revolvimento do solo e a

manutenção dos resíduos de cobertura no solo, dado que, os resíduos de

cobertura tem efeito na diminuição da incidência direta dos raios solares

sobre o solo, reduzindo a perda de umidade (Bragagnolo & Mielniczuk,

1990a,b; Salton & Mielniczuk, 1995), e diminuindo o efeito as variações da

temperatura e umidade do solo.

Para as correlações entre a Ts e Efluxo de C-CO2 observou-se

correlação negativa, fraca, porém significativa (p<0,01) entre a Ts diurna e

Efluxo de C diurno, enquanto que para o período noturno não houve

correlação significativa entre estas variáveis para o PC, sendo o mesmo

comportamento observado para correlações em PPA e efluxo de C.

Correlações negativas do efluxo de C com a temperatura do solo foram

também encontradas por Borges et al., (2006) e por Escobar (2008).

No PM e SD, não observou-se correlações significativas entre a Ts

diurna com o efluxo de C diurno, porém, em ambos os preparos observam-

se correlações significativas entre as variações na Ts noturno com o efluxo

de C noturno, indicando as variações da temperatura para este período

explicou 54% e 43% das variações no efluxo de C noturno nos preparos PM

e SD, respectivamente. O mesmo comportamento foi observado para as

correlações entre PPA noturno e Efluxo noturno para o PM e SD, em que as

variações na PPA explicaram 53% e 42% das variações no efluxo de C

noturno. Em condições de clima tropical, alguns trabalhos tem observado

relação significativa entre a emissão de CO2 e a umidade do solo, e não com

a temperatura, que no geral, apresenta valores próximos do ideal para a

atividade microbiana (Hashimoto et al., 2004; schwendenmann et al., 2003).

Provavelmente a maior proteção do solo pela massa de resíduo em

superfície e a menor mobilização do solo no PM e SD, contribuiu para

diminuir a troca de calor do solo com a atmosfera, ocasionando menor

variação da temperatura e umidade do solo, o que não permitiu correlações

significativas entre a Ts e PPA com o efluxo diurno de C do solo nestes

sistemas de preparo. Oliveira et al., (2005) descrevem maior amplitude diária

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de variação da temperatura do solo em preparos sem cobertura vegetal

comparados a preparos com cobertura de mucuna, milho e vegetação

espontânea. Para Salton & Mielniczuck (1995) a amplitude diária de variação

da temperatura do solo depende do nível de cobertura, da capacidade

calorífica do solo e da temperatura do ar.

As médias dos dados de temperatura do solo e porosidade do solo

preenchida com água em função dos preparos de solo e período (diurno e

noturno) em cada época avaliada estão apresentadas na Tabela 6 e Tabela

7, respectivamente.

Tabela 6. Médias de temperatura do solo (Ts) em função do preparo de solo

e período em cada época de avaliação.

Dias após a semeadura

Período

Sistemas de preparo de solo Média

(b) CV(b)

Convencional Mínimo Semeadura

direta

-1

Diurno 27,58 27,50 27,66 27,58 A 2,20

Noturno 25,58 24,66 24,50 24,92 B

Média (a) 26,54 a 26,08 a 26,08 a

CV(a) 2,70 G= 26,69

07

Diurno 23,4 23,5 23,7 23,5 A 2,77

Noturno 21,8 21,7 22,1 21,9 B

Média (a) 22,6 a 22,6 a 22,9 a G= 22,68

CV(a) 1,19

21

Diurno 25,4 25,1 24,3 24,9 B 0,04

Noturno 25,9 25,5 24,8 25,4 A

Média (a) 25,6 a 25,3 ab 24,5 b G= 25,15

CV(a) 2,42

42

Diurno 22,2 22,4 22,1 22,2 A 4,30

Noturno 21,6 21,7 21,7 21,7 A

Média (a) 21,9 a 22,0 a 21,9 a G= 21,95

CV(a) 2,50

71

Diurno 22,7 22,8 22,7 22,75 A 3,48

Noturno 22,9 23,3 22,6 22,92 A

Média (a) 22,83 ab 23,04 a 22,62 b G= 22,83

CV(a) 0,62

97

Diurno 25,1 25,1 24,3 24,83 B 1,12

Noturno 25,7 25,6 24,8 25,36 A

Média (a) 25,37 a 25,33 a 24,58 b G= 25,10

CV(a) 1,94 * G= Média geral. Média (a)= médias para os preparos de solo independente de períodos. Média (b)= Média para os períodos independente dos preparos de solo. Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha indica não diferença preparos, e maiúscula na coluna, indica não diferença entre períodos, segundo teste de Tukey a 5%.

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Tabela 7. Médias de porosidade do solo preenchida (PPA) com água em

função dos preparo de solo e período em cada época de avaliação.

Dias após a semeadura

Período

Sistemas de preparo de solo

Média (b) CV(b) Convencional Mínimo

Semeadura direta

-1

Diurno 0,43 0,46 0,41 0,43 b 4,84

Noturno 0,48 0,51 0,51 0,50 a

Média (a) 0,45 a 0,48 a 0,46 a

CV(a) 8,96 G= 0,42

07

Diurno 0,38 0,45 0,44 0,43 b 11,30

Noturno 0,54 0,53 0,51 0,52 a

Média (a) 0,46 a 0,49 a 0,48 a G=0,48

CV(a) 6,40

21

Diurno 0,38 0,41 0,37 0,39 b 9,07

Noturno 0,46 0,45 0,49 0,47 a

Média 0,42 a 0,43 a 0,43 a G=0,43

CV(a) 9,85

42

Diurno 0,57 0,63 0,54 0,58 a 4,05

Noturno 0,60 0,59 0,56 0,58 a

Média 0,58 a 0,61 a 0,55 a

CV(a) 7,60

71

Diurno 0,45 0,46 0,42 0,44 a 6,44

Noturno 0,46 0,46 0,40 0,44 a

Média 0,45 a 0,46 a 0,41 a G= 0,44

CV(a) 8,76

97

Diurno 0,43 0,43 0,43 0,43 a 3,41

Noturno 0,42 0,44 0,44 0,43 a

Média 0,43 a 0,43 a 0,43 a G=0,43

CV(a) 12,76 * G= Média geral. Média (a)= médias para os preparos de solo independente de períodos. Média (b)= Média para os períodos independente dos preparos de solo. Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha indica não diferença preparos, e maiúscula na coluna, indica não diferença entre períodos, segundo teste de Tukey a 5%.

Não houve interação significativa (p<0,05) para a temperatura do solo

em função do preparo de solo e período para nenhuma das épocas

avaliadas. Analisando os dados de temperatura do solo dentro do preparo de

solo independente do período, aos 21, 71 e 97 DAS, a maior temperatura do

solo foi encontrado nos preparos com revolvimento (PC e PM), e a SD

apresentou os menores valores, que pode estar relacionado a maior

cobertura do solo com resíduos de plantas, principalmente no período de 21

DAS, que pode diminuir a exposição do solo a radiação solar diminuído a Ts,

e também, ao efeito do não revolvimento, que ao preservar a estrutura do

solo tende a manter menor volume de macroporos, diminuindo as trocas

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gasosas e de calor com o ambiente, diminuindo assim a temperatura em

relação as preparos com revolvimento, que com maiores volumes de

macroporos trocam mais calor com a atmosfera.

Dentro do período independente de preparo, diferenças significativas

na temperatura do solo foram encontradas nas épocas 0, 7, 21 e 97 DAS. Ao

0 e 7 DAS os maiores valores de temperatura foram encontradas no período

diurno, e corresponde ao período de baixo sombreamento do solo pela parte

aérea da cultura, o que justifica tal resultado. Aos 21 e 97 DAS às maiores

temperaturas do solo foram encontradas no período noturno, o que parece

demostrar que nestas épocas a cobertura do solo pela parte aérea da cultura

atua diminuindo a perda de calor acumulado durante o dia, já que as

avaliações foram realizadas entre 23 e 01 hora da manhã. Aos 42 e 71 DAS,

não houve efeito significativo de nenhum dos fatores analisados sobre a

temperatura do solo, onde tal resultado parece indicar que a proteção do

solo pela fitomassa aérea da cultura nestas épocas é eficiente ao ponto de

não permitir mudanças significativas na temperatura do solo dos sistemas.

Não houve interação significativa (p<0,05) para a PPA em função do

preparo de solo e período para nenhuma das épocas avaliadas (Tabela 7).

Analisando os dados de PPA dentro de preparo de solo independente de

período, observa-se que não houve diferenças significativas entre os

preparos (p<0,05) para nenhuma das datas avaliadas, demonstrando que

sob sistemas irrigados os métodos de preparo de solo não exerce efeitos

significativos na umidade contida na porosidade total do solo.

Analisando o efeito do período independente do preparo de solo na

PPA, percebe-se que houve diferenças significativas para as médias entre

períodos (p<0,05) nas datas de -1, 7 e 21 DAS, onde as maiores umidades

na PPA do solo foram observadas no período noturno. Considerando que as

determinações da PPA do solo foram feitas entre as 23 e 1 hora da manhã e

que nestas datas observaram-se valores consideráveis altos de UR do ar,

pode-se inferir que a PPA pode ter apresentado tal variação entre períodos

em função da ocorrência de orvalhos no período noturno, que podem estar

elevando a umidade na PPA do solo.

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Analisando conjuntamente o efeito do período independente do

preparo de solo sobre a temperatura do solo e sobre a PPA, percebe-se que

diferenças significativas comuns nas datas -1, 7, 21 e 97 DAS, demostrando

que no início do desenvolvimento da cultura, quanto à fitomassa da parte

aérea da planta não está bem desenvolvida, as variações de temperatura e

umidade do solo são significativas em decorrência do baixo sombreamento

do solo pela cultura, que o torna mais vulnerável às flutuações da

temperatura e umidade relativa do ambiente, e à medida que há um

incremento da fitomassa aérea e maior sombreamento e proteção do solo,

as variações entre períodos não são significativas, conforme observa-se nas

não significâncias entre períodos para a temperatura e PPA no solo aos 42 e

71 DAS (Tabela 6 e 7, respectivamente). Entretanto, após a maturação da

planta, as folhas secam e deixam de exercer sombreamento eficiente do

solo, e as variações na temperatura do solo entre períodos tornam-se

significativas novamente.

De modo geral, os resultados deste trabalho demonstraram que o

revolvimento tende a elevar a temperatura do solo, enquanto que, a

semeadura direta reduz a temperatura do solo devido à manutenção dos

resíduos de cobertura (Curtin et al., 2000; Calderon & Jackson, 2002; Al-

Kaisi & Yin, 2005). Ao mesmo tempo em que os sistemas de cultivo podem

reduzir a temperatura do solo pelo fornecimento de sombra com o

crescimento das plantas, estas podem reduzir o conteúdo de água no solo

pelo aumento da evapotranspiração (Amost et al, 2005)

As médias dos dados de efluxo de C em função do preparo de solo e

período (diurno e noturno) em cada época avaliada estão apresentadas na

Tabela 7.

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Tabela 7. Médias do efluxo de C (kg ha-1 dia-1) em função do preparo de

solo e período em cada época de avaliação.

Dias após a semeadura

Período

Sistemas de preparo de solo

Média (b) CV(b) Convencional Mínimo

Semeadura direta

-1

Diurno 12,35 n.s 11,64 n.s 12,63 n.s 12,21 n.s 22,62

Noturno 13,31 n.s 16,20 n.s 10,61 n.s 13,37 n.s

Média (a) 12,83 n.s 13,92 n.s 11,62 n.s G= 12,79

CV(a) 23,34

07

Diurno 17,41 aB 19,94 aA 10,19 bA 15,84 19,26

Noturno 23,11 aA 9,86 bB 9,55 bA 14,17

Média (a) 20,26 14,90 9,87 G= 15,01

CV(a) 23,06

21

Diurno 13,61 aB 11,33 abB 8,60 bA 11,18 1,71

Noturno 16,27 aA 13,14 abA 9,47 bA 12,96

Média (a) 14,94 12,24 9,04 G= 12,07

CV(a) 22,08

42

Diurno 15,54 12,39 11,15 13,03 A 13,30

Noturno 12,59 10,54 9,12 10,75 B

Média (a) 14,07 a 11,47 b 10,14 b G= 11,89

CV(a) 33,50

71

Diurno 15,26 12,99 12,89 13,71 B 7,83

Noturno 17,44 17,54 17,44 17,47 A

Média (a) 16,35 a 15,27 a 15,16 a G= 15,59

CV(a) 13,82

97

Diurno 14,04 12,78 12,61 13,14 B 13,25

Noturno 16,65 15,37 19,62 17,21 A

Média (a) 15,35 a 14,07 a 16,11 a G= 15,18

CV(a) 12,39 * G= Média geral. Média (a)= médias para os preparos de solo independente de períodos. Média (b)= Média para os períodos independente dos preparos de solo. n.s = não significativo. Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha indica não diferença preparos, e maiúscula na coluna, indica não diferença entre períodos, segundo teste de Tukey a 5%.

A análise de variância em esquema de parcela subdividida não

encontrou nenhuma diferença significativa entre os fatores estudados sobre

o efluxo de C-CO2 na avaliação antes do preparo de solo (-1 DAS),

entretanto, revelou interação significativa (p<0,05) do preparo de solo e

período para o efluxo nas datas de 7 e 21 DAS.

A não significância entre os fatores para a avaliação antes do

revolvimento do solo pode ser explicada pela alta cobertura do solo com

resíduos de plantas que o protegia da insolação direta dos raios solares, e

garantia uma emissão de C-CO2 homogênea em toda a área.

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A interação significativa entre os fatores aos 7 e 21 DAS demostram

uma sensibilidade maior do efluxo de C dos sistemas estudados aos efeitos

das flutuações nas variáveis do ambiente, visto que, em ambas as épocas

houve tendência de maiores emissão de C-CO2 para os preparos com

revolvimento e diferenças significativas no efluxo de C entre período nestes

sistemas de preparo de solo. Esta tendência pode ter ocorrido por influência

de dois fatores em conjunto: 1- devido ao fato de que a cultura estava em

seu estágio inicial de desenvolvimento e exercia pouco sombreamento sobre

o solo, tornando o efluxo de C bastante controlado pelas flutuações diária

das variáveis do ambiente, principalmente nos preparos com revolvimento

onde a troca de calor solo-atmosfera é mais intensa e, 2- pelo efeito

prolongado do revolvimento do solo na perda induzida de C do solo, como

resultado da exposição do C lábil e pela incorporação dos resíduos de

cobertura. Percebe-se para estas datas, que a menor emissão de C foi

sempre encontrada na SD, o que pode estar associada ao não revolvimento

do solo.

Entre períodos, houve tendência de se encontrar maiores emissões

de C durante a noite, possivelmente como resposta do aumento da umidade

na PPA durante a noite nestas épocas, conforme mostra a Tabela 6, bem

como também do possível aumento na respiração das plantas que podem

estar estimulando aumentos na respiração das raízes das plantas,

contribuindo para o maior efluxo de C neste período.

Aos 42 DAS, houve efeito significativo do preparo de solo e do

período (p<0,05) sobre o efluxo de C do solo, onde a maior emissão ocorreu

no PC, que diferiu significativamente do PM e SD (p<0,05), e as maiores

emissões ocorreram durante o dia (p<0,05). A maior emissão de C

encontrada no PC pode ser justificada pelo revolvimento intensivo durante o

preparo, que aumentou a atividade microbiana de degradação do C no solo,

e a maior emissão diurna encontrada pode ter ocorrido em função do pouco

sombreamento do solo pela parte aérea da cultura.

Aos 71 e 97 DAS houve efeito significativo (p<0,05) apenas do

período, sobre o efluxo de C do solo, revelando maiores efluxos de C no

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período noturno (p<0,05), o que parece ter sido influenciado pela maior

intensidade de respiração das raízes das plantas, que aumentaram as

emissões totais do solo neste período, comparado ao período diurno. No

período diurno, as plantas estão em alta atividade fotossintética e as raízes

podem estar respirando menos e mais voltada ao acúmulo de

fotoassimilados, resultando em menores emissões de C durante o dia, para

estas datas. Observa-se ainda nestas datas que não houve diferenças

significativas entre os preparos de solo independente de período o que

parece ser resultado da acomodação do solo nos preparos com revolvimento

e recuperação das características físicas comum do sistema.

Analisando conjuntamente todas as épocas de avaliação, percebe-se

que diferenças no efluxo de C entre preparos foram identificadas apenas até

aos 42 DAS, e após esta época, não foram encontradas diferenças

significativas para o efluxo de C-CO2 entre os preparos. Este resultado

parece indicar que até os 42 DAS o efluxo de C dos sistemas é controlado

pelas propriedades do solo em conjunto com as variáveis do ambiente

(temperatura e umidade do solo e do ar) que, por sua vez, são influenciadas

pelos métodos de preparo de solo adotados e, a partir desta época, as

variáveis do ambiente não exercem mais efeito significativo sobre o efluxo

de C dos sistemas, tanto que, entre 71 e 97 DAS não foram observadas

diferenças significativas dos preparos sobre o efluxo de C-CO2,

possivelmente em detrimento das boas condições químicas e mineralógicas

do solo, como alto conteúdo de matéria orgânica, alta CTC e conteúdo de

argila (Tabela 1), que podem ter contribuído para a rápida resiliência dos

sistemas de preparo com revolvimento até que atingissem patamar comum

de emissão C do sistema solo nas condições edafoclimáticas local.

As emissões totais de carbono acumulada equivalente ao período

diurno e noturno foram avaliadas separadamente neste trabalho e os

resultados estão expressos na Tabela 5. São reportados também modelos

de ajustes de regressão entre os dados de efluxo de C diurno acumulado e

efluxo de C noturno acumulado, determinados pela dispersão de 60 pontos

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de amostragem para cada preparo de solo, considerando o intervalo de 0 até

97 dias após a semeadura do trigo.

Tabela 5. Efluxo de carbono acumulado diurno e noturno (kg ha-1dia-1) e

modelo de ajuste linear para estimativa do efluxo de C acumulado noturno

(y) a partir do efluxo de C acumulado diurno (x), em sistemas de preparo de

solo no cultivo de trigo irrigado.

Preparos Média acumulada

Média (a) CV (b) Modelo correção R2 Dia Noite

PC 2187,27 2381,08 2284,17 A

13,79

y = 1,047x** + 49,23 0,99

PM 1991,68 2071,71 2031,69 AB y = 1,039x** - 66,95 0,97

SD 1701,99 1941,67 1821,83 B y = 1,106x** - 27,33 0,97

Média (b) 1960,31 b 2131,49 a MG= 2045,90

CV(a) 3,91 - - -

= desvio padrão; CV(%)= coeficiente de variação. Médias seguidas de mesma

letra maiúscula na coluna indica não diferença entre preparos, e minúscula na linha

indica não diferença entre os períodos, segundo o teste de Tukey a 5%.

Não houve interação significativa (p<0,05) para os dados de efluxo

acumulado de C em função dos preparo de solo e período, entretanto, houve

efeito significativo do preparo de solo e do período sobre o efluxo acumulado

de C. Para o preparo de solo independente do período, a ordem das médias

de emissão total de C foi PC>PM>SD, seguindo a ordem dos níveis de

revolvimento do solo. Estes resultados estão de acordo com a assertiva de

La scala et al. (2001) ao descreverem que a magnitude da perda de CO2 dos

solos está diretamente relacionada com a frequência e a intensidade do grau

de perturbação do solo causada pelos implementos de preparo. Os sistemas

conservacionistas ou de menor perturbação do solo durante o preparo são

consideradas boa prática alternativa de preparo para reduzir as emissões de

CO2 para a atmosfera (Reicosky & Lindstrom, 1993; LaL & Kimble, 1997),

entretanto, a escolha do método de preparo deve considerar a cultura e seu

modo de desenvolvimento no campo, de forma a não submetê-la a estresses

durante seu desenvolvimento inicial.

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Para o período independente do preparo, a emissão de C foi

significativamente menor (p<0,05) no período diurno que no período noturno.

Esta diferença possivelmente está associada a um aumento na taxa de

respiração das raízes, induzida pelo aumento na taxa de respiração da

planta durante a noite. Este resultado indica que o sistema se comporta

como dreno de C da atmosfera durante o dia, quando a atividade

fotossintética é intensa, e como fonte de emissão durante a noite, dado ao

aumento da taxa de respiração das plantas no sistema, principalmente nas

fases finais de desenvolvimento da cultura.

Escobar (2008), avaliando a emissão diária do fluxo de C-CO2 em

sistemas de cultivo de soja, também encontrou maior emissão de C-CO2

durante o período noturno, associando este ao aumento da taxa respiratória

das plantas, uma vez que, após as 18 horas, quando a fotossíntese começa

a cessar, observou-se aumento na liberação de C-CO2 do sistema. A cultura

da soja, assim como o trigo, apresenta metabolismo C3, logo, a maior

emissão de C do período noturno encontrado neste trabalho em sistemas de

solo-trigo, pode ser comparados aos encontrados em sistemas solo-soja,

disponíveis em alguns trabalhos na literatura (Carneiro, 2007; Escobar,

2008), que, por conseguinte, também apresentaram maiores emissões

noturnas de C-CO2 do sistema. Estas diferenças entre períodos reforçam a

hipótese da dependência do efluxo de C noturno com o conteúdo de matéria

seca da cultura, conforme discutido anteriormente.

Foram propostos ajustes de modelo linear para correção das médias

diárias de emissão acumulado de C dos diferentes sistemas de preparo do

solo estudados. Os modelos permitem que ao inserir os dados de efluxo de

C diurno acumulado, possa-se estimar o efluxo acumulado noturno, para o

intervalo de crescimento da cultura estudado. Os modelos mostraram-se

significativos (P<0,01), segundo análise de variância da regressão, e

demostraram bom ajuste para representação dados, sendo que, para o PC o

coeficiente de determinação do modelo (R2) foi de 0,99; para o PM R2= 0,97

e para a SD R2= 0,97. De maneira geral, os modelos apresentados acima

podem constituir-se como importantes ferramentas na correção das médias

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diárias de emissão acumulada de C dos sistemas estudados, principalmente

em trabalhos onde o monitoramento do efluxo de C é feito apenas no

período diurno e extrapolado como representativo para o efluxo diário,

prática comum em trabalhos envolvendo o estudo da emissão de C em

sistemas de produção agrícolas em diferentes continentes e condições

edafoclimáticas (Alluvione et al, 2010; Jabro et al., 2008; Sainju et al., 2008;

La Scala et al., 2001).

4.3. Estoques de carbono e balanço de entrada e saída nos sistemas

O estoque de carbono no solo antes e depois da implantação do

experimento em cada preparo de solo está apresentados na Tabela 11.

Tabela 11. Estoque de carbono no solo antes e depois da implantação do

experimento em Tangará da Serra-MT.

Preparos

Estoque de C no solo (Mg ha-1)

0-0,1 m 0,1-0,2 m

Antes Depois Média (b) CV(b) Antes Depois Média

(b) CV(b)

PC 41,37 35,86 38,62 a

9,76

31,87 36,67 34,27 a

7,69 PM 41,59 35,18 38,39 a 35,35 38,07 36,71 a

SD 41,61 37,20 39,40 a 33,84 37,98 35,91 a

Média (a) 41,52 a 36,08 b G= 38,80 33,69 b 37,57 a G= 33,63

CV(a) 5,50 6,84 PC= Preparo convencional, PM= Preparo mínimo, SD= Semeadura direta, CV = coeficiente de variação (%). Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna indica não diferença entre preparos, e na linha, indica não diferença entre camadas, pelo teste de Tukey a 5%.

Não houve interação significativa (p<0,05) do preparo de solo e época

de amostragem no estoque de C em nenhuma das camadas avaliadas.

Houve efeito significativo (p<0,05) apenas da época de amostragem sobre

os estoques de C nas camadas avaliadas, onde na camada de 0-0,1m

observou-se maior estoque de C na amostragem feita antes da implantação

da cultura (p<0,05), e na camada de 0,1-0,2m, observou-se maior estoque

de C na amostragem depois da implantação da cultura. A redução no valor

médio do estoque de C das épocas independente do preparo de solo na

camada de 0-0,1m foi de aproximadamente 13%, enquanto que o

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incremento no estoque de C entre as datas na camada de 0,1-0,2m foi de

aproximadamente 10%.

Este resultado pode ser explicado, em parte, pelos preparos de solo

com revolvimento, que ao inverter a leiva do perfil de solo tendem a

incorporar os resíduos em superfície para as camadas subsuperficiais, o que

aumentaram as médias do estoque de C na camada subsuperficial,

entretanto, observou-se também a mesma tendência para o sistema de

preparo sem revolvimento (SD), o que neste caso, parece ser resultado de

um processo de lixiviação do C orgânico dissolvido na solução do solo para

as camadas mais profundas, potencializado pelos sucessivos eventos de

irrigação, embora tenha sido curto o período de avaliação. Tais prerrogativas

baseiam-se em trabalhos como o de Beesley (2002) onde o autor descreve

alta mobilidade do C orgânico dissolvido até os 0,3 m do perfil do solo, além

de diversos picos de produção ao longo do ano neste perfil, o que pode

contribuir para sua lixiviação. Kindler et al., (2011) descrevem que lixiviação

de C orgânico dissolvido respondem por aproximadamente 25% do saldo

líquida de carbono em ecossistemas agrícolas e de pastagem.

Diversos autores (Bayer et al., 2000; Sá et al., 2001; Lovato et al.,

2004; Sisti et al., 2004; Diekow et al., 2005) verificaram aumentos no

estoque de C em camadas mais profundas com o tempo de cultivo sob

sistema plantio direto.

Na camada superficial (0-0,1m) a redução da média dos estoques de

C podem ser explicadas pelo processo de emissão de C-CO2, dado que

nesta camada, o processo de degradação do C pelos microrganismos do

solo é mais ativo que nas camadas subsuperficial, devido principalmente a

maior aeração e temperatura. É evidente que os métodos de preparo de solo

com revolvimento contribuíram significativamente para redução da média do

estoque de C nesta camada por aumentarem a perda induzida de C-CO2 do

solo, tendência também observada em diversos trabalhos na literatura

(Reycosky et al., 1997; La scala et al., 2001; La scala et al., 2005; Teixeira et

al., 2010), entretanto, outras fontes de perda também podem ter contribuído

para redução do C nesta camada ao longo das datas avaliadas, como

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perdas por erosão (Silva et al., 2005) que podem ser potencializadas em

áreas irrigadas, bem como por processos de lixiviação do C dissolvido, que

podem ser uma importante causa da diminuição do C da camada 0-0,1m e

aumento na camada de 0,1-0,2m neste trabalho, conforme relatado acima.

De maneira geral, sistemas de preparo alteram o estoque de C do

solo nas camadas avaliadas com o tempo de cultivo, e estas alterações são

influenciadas pelo revolvimento do solo.

O balanço de C dos sistemas, medido pelo potencial de acúmulo de C

no solo pela fitomassa da parte aérea e raiz da cultura do trigo (Mg ha-1) e

pela perda total de C na forma de C-CO2 (Mg ha-1) em cada preparo de solo

estão apresentadas na Tabela 12.

Tabela 12. Carbono total na fitomassa da parte aérea e raiz do trigo, perda

de C na forma de C-CO2 e balanço de C no sistema solo-atmosfera em cada

preparo de solo estudado.

Preparo C total no trigo (Mg ha-1) C emitido Balanço do C

Parte aérea Raiz ------- Mg ha-1 -------

PC + 5,61 b + 1,52 b - 4,56 b + 2,57 b PM + 5,72 b + 1,49 b - 3,91 ab + 3,30 b SD + 7,65 a + 1,87 a - 3,46 a + 6,06 a

σ 0,73 0,17 0,30 -

CV(%) 11,77 10,89 13,47 - PC= Preparo convencional, PM= Preparo mínimo, SD= Semeadura direta, σ = desvio padrão. CV = coeficiente de variação (%). Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna indica não diferença entre preparos, e na linha, indica não diferença entre camadas, pelo teste de Tukey a 5%.

Os sistemas de preparo do solo tiveram efeito sobre no acúmulo de C

na fitomassa da cultura, tanto da parte aérea quanto da raiz. O acúmulo de

C da parte aérea e da raiz da cultura do trigo sobre o sistema de SD

apresentou o maior conteúdo de C total (p<0,05), comparado ao PM e PC

que não diferiram entre si. Este comportamento era esperado, uma vez que,

a cultura sobre o sistema SD apresentou também o maior acúmulo de

matéria seca da parte aérea e raiz (Tabela 10), o que consequentemente

aumenta seu potencial de incremento de C no solo.

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A perda total de C, avaliado pela emissão de C-CO2 entre preparos,

apresentaram diferenças significativas, onde o potencial de emissão de

carbono dos sistemas seguiu a ordem da intensidade de revolvimento do

solo durante o preparo sendo SD<PM<PC. Diversos autores descrevem a

ação mecânica de revolvimento um dos principais responsáveis pelo

aumento das perdas de CO2 do solo (Reicosky et al., 1997; La Scala et al.,

2001; Reicosky & Ascher, 2007). Os resultados de emissão de C-CO2 neste

trabalho corroboraram com os de Teixeira et al., (2010) que também

encontraram maior emissão de C-CO2 quando maior a intensidade de

revolvimento no preparo de solo.

O balanço de C dos sistemas, calculado a partir do potencial de

incremento de C pela fitomassa da cultura e do potencial de perda na forma

de C-CO2 em cada sistema de preparo, apresentou valores positivos para

todos os preparos, visto que, o potencial de incremento de C pela fitomassa

da cultura (parte aérea e raiz) foi maior que a perda de C na forma de C-

CO2, entretanto, este sistema de cálculo é importante para evidenciar o

potencial dos sistemas de preparo em conservar C e aumentar seu estoque

no solo.

Neste aspecto, a SD apresentou o maior potencial de incremento C

no solo (p<0,05) e os preparos com revolvimento do solo não diferiram entre

si para o balanço de C. O maior acúmulo de matéria seca por planta e a

ausência de revolvimento do solo conferiram a SD o maior potencial de

acumulo de C calculo do balanço entre a sua entrada e saída no sistema. O

aumento nos estoques de C e o potencial para mitigar emissões de CO2 em

sistemas de semeadura direta, têm sido reportados em diversos estudos

(Leite et al., 2003; Bayer et al., 2006) e são associados ao incremento no

aporte de resíduo e à ausência do preparo do solo, o qual diminui a

exposição do C protegido nos agregados à comunidade microbiana,

retardando o processo de decomposição (Al-Kaisi & Yin, 2005). Sistemas de

manejo que aumentem a adição de resíduos vegetais e a retenção de C no

solo se constituem em alternativas importantes para aumentar a capacidade

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de dreno de C-CO2 atmosférico e mitigação do aquecimento global (Amado

et al., 2001; Bayer et al., 2006).

4.4. Efluxos de carbono e desenvolvimento vegetativo da cultura

Os dados de efluxo de C (Kg ha-1 dia-1) medidos no período diurno e

noturno e o conteúdo de C na matéria seca da parte aérea e da raiz (Mg ha-

1) em função dos preparos de solo e época de avaliação estão apresentados

na Figura 4a, b, c.

Dias após a semeadura

Eflu

xo

de

C (

kg h

a-1

dia

-1)

a

b

c

C n

a M

SR

A e

MS

PA

(M

g h

a-1

)

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Figura 3. Efluxo de C diurno e noturno e conteúdo de C na matéria seca da

parte aérea (MSPA) e da matéria seca da raiz (MSRA) do trigo para o PC

(a), PM (b) e SD (c) em cada época de avaliação estudada.

Percebe-se que para o PC e PM o revolvimento do solo aumentou a

perda induzida de C do solo até aos 21 DAS, comparado a SD sem

revolvimento. Nota-se ainda que o revolvimento do solo nestes sistemas

aumentaram a variação entre o efluxo diurno e noturno, provavelmente como

resultado de um conjunto de fatores, que são: 1- pela incorporação dos

resíduos em superfície, que aumentam a superfície de contato do material

orgânico com o solo, facilitando o processo de degradação, ao mesmo

tempo em que, deixa o solo desprotegido da insolação direta dos raios

solares, aumentando a troca de calor do solo com o ambiente e aumentando

assim a variabilidade temporal e espacial da emissão de C-CO2 no solo; 2-

pela exposição do C lábil protegido, que aumenta a atividade microbiana do

solo e induz a elevada perda de C-CO2 em períodos próximos ao preparo do

solo (La Scala et al., 2009); 3- pela alteração das propriedades do solo

causada pela destruição de sua estrutura, implicando em efeitos diretos

sobre o microclima no solo e que alteram a dinâmica de emissão de C

durante o dia e a noite.

Para o sistema de SD, percebe-se que o efluxo de C-CO2 manteve-se

estável até aos 42 DAS, e após este período, houve um acréscimo

considerável deste efluxo, ao mesmo tempo em que houve acréscimo no

acúmulo de C na matéria seca da cultura. Tal resultado indica que o

incremente de matéria seca da cultura contribui para maiores efluxos de C

do solo por meio do aumento no conteúdo de raízes ativas no sistema,

tornando-se assim, uma variável importante a ser monitorada para obterem-

se estimativas mais precisas sobre a contribuição dos sistemas de cultivo de

trigo na emissão de C para a atmosfera.

Aos 71 e 97 DAS houve aumento considerável no efluxo de C noturno

comparado ao observado aos 42 DAS em todos os preparos, enquanto que,

o efluxo diurno manteve médias próximas ao observado aos 42 DAS.

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Provavelmente, os maiores efluxos de C noturno observado nas datas finais

para todos os preparos de solo ocorreu em resposta a maior intensidade de

respiração da planta no período noturno, que podem também estar

promovendo respiração mais intensiva do sistema radicular, enquanto que,

durante o dia a contribuição da respiração das raízes para o efluxo total de C

no solo é minimizada em função da maior atividade fotossintética e acúmulo

de reserva pela da planta. Percebe-se, no entanto, que a contribuição da

cultura no aumento do efluxo total de C do solo parece ser significativa

apenas nas datas finais do desenvolvimento da cultura, que compreende os

períodos de maior acúmulo de matéria seca das plantas.

Benvinda (2005) descreve que a influência da umidade e temperatura

do solo pode não explicar completamente o efluxo de CO2, pois existem

outros parâmetros a serem observados como raízes e microorganismos que

podem responder diferentemente a níveis de umidade e temperatura do

solo, e conforme os dados deste trabalho, os sistemas de preparo de solo e

sua influência sobre as propriedades do solo e sobre o desenvolvimento da

cultura, alteram a dinâmica de emissão de C no tempo, sendo parte desta

dinâmica explicada pelas mudanças no microclima do solo e parte pela

presença da cultura no sistema.

De modo geral, os resultados apresentados até o momento

permitem inferir que até aos 42 DAS o efluxo de C parece ser mais

controlado pelos sistemas de preparo e seus efeitos sobre as variações o

microclima no solo, enquanto que, após este época, o efluxo passa a ser

controlado pela presença da cultura, por meio do seu acúmulo de matéria

seca, seja da parte aérea, que protegem o solo da incidência direta dos raios

solares e assim diminuem a amplitude de variação diária da temperatura e

umidade do solo, seja pelo acúmulo de raízes, que aumenta a emissão total

de CO2 do solo (Amost et al., 2005).

Buscando evidenciar a dependência da dinâmica dos dados de efluxo

de C em função do conteúdo de matéria seca da parte aérea e do

incremento de matéria seca de raiz da cultura do trigo, é que foi realizada a

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análise de correlação linear de Pearson para estas variáveis, e os resultados

estão expressos na Tabela 13.

Tabela 13. Correlação de Pearson para as variáveis efluxo de C, matéria

seca da parte aérea (MSPA) e matéria seca da raiz (MSRA) em função dos

preparo de solo e período avaliados.

Variáveis correlacionadas

Sistemas de preparo de solo

Convencional

Mínimo

Semeadura direta

Diurno Noturno Diurno Noturno Diurno Noturno

Ef de C x MSPA 0,23 n.s 0,82** 0,39* 0,84** 0,43** 0,88**

Ef de C x MSRA 0,07 n.s 0,76** 0,32* 0,74** 0,42** 0,86**

n.s= não significativo. ** significativo ao nível de 1%. * significativo ao nível de 5%, pelo teste de correlação de Pearson.

O efluxo de C noturno mostrou correlações forte e significativa

(p<0,01) com os dados de matéria seca da parte aérea para todos os

preparos e, correlação moderada e significativa (p<0,01) para o efluxo de C

noturno com os dados de incremento de matéria seca da raiz no PC e PM e

correlação forte e significativa (p<0,01) para a SD. O efluxo diurno

apresentou correlação não significativa com os dados de matéria seca da

parte aérea e incremento de raiz no PC e correlações fracas, porém

significativas (p<0,05), entre estas variáveis, para o PM e SD. Estes

resultados reforçam a hipótese de que o efluxo de C diurno dos sistemas

estudos é controlado pelas variáveis ambientes e pouco controlado pelo

incremento de matéria seca da cultura.

As fortes correlações encontradas para os dados de efluxo de C

noturno e matéria seca da parte aérea do trigo mostram que independente

do preparo de solo utilizados no cultivo de trigo, o efluxo noturno de C é

fortemente controlado pelo conteúdo de matéria seca da cultura, pois este

está estreitamente ligado ao volume de raízes presentes no solo, que estão

contribuindo ativamente para a emissão total de C-CO2 do sistema solo-

atmosfera.

Uma vez constatado a forte correlação linear entre a variável efluxo

de C noturno com a matéria seca da parte aérea da cultura, foram proposto

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ajustes de regressão para representar a dinâmica da relação entre estas

variáveis durante o ciclo do trigo e os modelos estão expressos na Figura 5.

y= a-b*exp(-c*xd) R2= 0,65 (p<0,01) n=40

Parâmetros da equação

Erro padrão

a= 24,1063 27,1633 b= 12,7215 27,5214 c=0,02688 0,03668 d= 1,1987 0,9269

y= a-b*exp(-c*xd) R2= 0,73 (p<0,01) n=40

Parâmetros da equação

Erro padrão

a= 19,2557 3,3423 b= 9,9910 3,5998 c=0,0042 0,0130 d= 2,0813 1,3340

y= a-b*exp(-c*xd) R2= 0,84 (p<0,01) n=40

Parâmetros da equação

Erro padrão

a= 19,2401 0,5404 b= 10,9321 0,8595 c=0,000094 0,0012 d= 5,9710 10,8247

a

Matéria seca da parte aérea (Mg ha-1)

Eflu

xo d

e C

notu

rno (

kg

ha

-1 d

ia -

1)

b

c

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Figura 4. Ajustes de regressão para os dados de efluxo de C noturno (y)

com matéria seca da parte aérea (x) para PC (a), PM (b) e SD (c).

O modelo de weibull mostrou se ajustar bem para a representação

dos resultados, uma vez que o mesmo acompanhou a etapa de lento

incremento do efluxo de C noturno nas fases iniciais de desenvolvimento da

cultura, seguido da fase de rápido incremento do efluxo, controlado pela fase

de rápido crescimento da cultura, até atingir a etapa de estabilização do

efluxo, que corresponde à fase de máximo acúmulo de matéria seca nas

fases finais de desenvolvimento do trigo.

No modelo apresentado para o PC, o coeficiente de determinação do

modelo (R2) foi de 0,65, para o PM (R2= 0,73) e para SD (R2=0,84). O ajuste

de weibull foi significativo (p<0,01) para todos os preparos de solo, segundo

análise de variância da regressão.

Os menores coeficientes de determinação dos modelos encontrados

para os preparos com revolvimento do solo, é resultado da maior dispersão

dos dados, provavelmente ocasionada pela maior variabilidade espacial das

propriedades do solo causadas pela destruição da estrutura do solo, quebra

dos agregados e incorporação dos resíduos em superfície durante o

revolvimento, o que aumenta também a variabilidade espacial das variáveis

que controlam o efluxo de C do sistema, como a temperatura e umidade do

solo, teor de C lábil, aeração, retenção da água no solo, dentre outros.

Segundo Silveira & Cunha (2002), numa área cultivada, além da

variabilidade natural, existem fontes adicionais de heterogeneidade no solo,

por causa do manejo exercido pelo homem das mais variadas formas. Tais

variações, mais pronunciadas nos sistemas convencionais de preparo do

solo do que nos conservacionistas, influenciam principalmente o acúmulo de

material orgânico, a infiltração da água no solo e a erosão hídrica (Bertol et

al., 2004).

A hipótese de que o revolvimento aumenta a variabilidade espacial

das propriedades do solo que controlam o efluxo de C pode ser confirmada

ao se observar o maior coeficiente de determinação do modelo de weibull

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apresentado pela SD em comparação ao PC e PM, resultado da menor

dispersão dos dados, que pode estar ligado à menor variabilidade espacial

das propriedades do solo devido à preservação da estrutura pelo não

revolvimento, e também pela proteção do solo exercida pelo maior volume

de resíduos em superfície, que gera um microambiente estável na interface

solo-atmosfera, diminuindo a variabilidade espacial das variáveis ambientes

que controlam o efluxo de C do solo.

Esta forte dependência encontrada para o efluxo de C noturno com a

matéria seca da parte aérea da cultura do trigo demonstra que o incremento

de matéria seca da cultura é uma variáveis importantes a ser controladas

nos estudos sobre a emissão de C em sistemas de manejo de trigo, a fim de

se obter médias mais precisas do efluxo total nestes sistemas. Neste

sentido, os modelos propostos neste trabalho podem constituir-se em

ferramentas importante para correção das médias diárias, principalmente em

situações onde as avaliações de efluxo de C são feita apenas no período

diurno, pois estes modelos permitem estimar com boa precisão as médias

de efluxo noturno através dos dados de matéria seca da parte aérea da

cultura, que por sua vez, pode ser facilmente avaliada ao longo do

desenvolvimento da cultura.

Buscando avaliar a precisão do modelo e verificar se a distribuição

dos erros em cada modelo foi aleatória e não apresentaram tendências é

que são apresentados na figura 7 os gráficos da distribuição dos resíduos,

calculado da diferença entre os valores de efluxo noturno observado com os

valores estimados pelo modelo de weibull em função do incremento no

conteúdo de matéria seca da parte aérea da planta.

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Figura 7. Distribuição dos resíduos (y) (Mg ha-1) calculado da diferença entre os

valores de efluxo observado com os valores estimados pelos dados de matéria

seca da parte aérea da cultura (Mg ha-1) no PC (a), PM (b) e SD (c).

a

Matéria Seca da parte aérea (Mg ha-1)

Resíd

uo

s e

sta

nda

rdiz

ad

os

b

c

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Os gráficos de distribuição de resíduos estandardizados apresentaram

boa homogeneidade na distribuição dos erros nas avaliações do efluxo

noturno em função do incremento de matéria seca da parte aérea da cultura.

Este resultado demostra que o modelo não apresentou tendências de

superestimar ou subestimar os dados obtidos ao longo do desenvolvimento

da cultura. Segundo Montgomery et al. (2004) se 95 % dos resíduos

padronizados caírem no intervalo de 2 e -2 os erros do modelo estão

distribuídos normalmente e, os resíduos que estiverem fora deste intervalo

podem indicar a presença de um outlier, ou seja, uma observação que não é

típica do resto dos dados.

Para os preparos PC e PM, dois valores dos de resíduos

estandardizados estiveram fora deste intervalo, e para a SD apenas 1 valor,

demostrando que os resíduos, oriundo da diferença entre os valores de

efluxo noturno observado com os valores de efluxo noturno estimados pelos

dados de matéria seca da parte aérea da cultura através dos modelos

propostos para cada sistema, apresentaram boa precisão na representação

dos resultados, sendo assim, podem ser utilizados, com boa confiabilidade,

para correções do efluxo médio diário em sistemas de cultivo de trigo nas

condições edafoclimáticas locais.

5. CONCLUSÕES

- Os atributos físicos do solo nos diferentes sistemas de preparo influenciam

no acúmulo de matéria seca da parte aérea e raiz da cultura, bem como o

número de perfilhos por planta;

- Para o balanço de carbono a semeadura direta é a melhor opção de

manejo visando a retenção de carbono no solo em sistemas de cultivo de

trigo.

- A perda total acumulada de C-CO2 em sistemas de cultivo de trigo são

maiores no período noturno que no período diurno independente do preparo

de solo adotado.

- Os modelos lineares propostos a partir da relação entre a emissão

acumulada de carbono diurno e emissão acumulada noturna podem ser

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aplicados com precisão para corrigir a média diária de emissão de CO2 nos

diferentes preparos de solo estudados.

- O efluxo de carbono noturno sofre variação significativa com o incremento

de matéria seca da parte aérea da cultura ao longo do seu desenvolvimento.

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71

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Cerrado do Brasil Central. Planaltina: Embrapa Cerrados, 2006. 18p.

AL-KAISI, M.M.; YIN, X.H. Tillage and crop residue effects on soil carbon and

carbon dioxide emission in corn-soybean rotations. Journal of

Environmental Quality, v.34, p.437-445, 2005.

ALLUVIONE, F.; BERTORA, C.; ZAVATTARO, L.; GRIGNANI, C. Nitrous

Oxide and Carbon Dioxide Emissions Following Green Manure and Compost

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