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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
CURSO DE GEOLOGIA
LUANA AMARAL DA CRUZ
ASPECTOS DE CAMPO, PETROGRAFIA E GEOQUÍMICA
PRELIMINAR DOS DIQUES MÁFICOS DAS PRAIAS JARDIM DE
ALAH, PACIÊNCIA E ONDINA, SALVADOR - BA
Salvador
2013
LUANA AMARAL DA CRUZ
ASPECTOS DE CAMPO, PETROGRAFIA E GEOQUÍMICA
PRELIMINAR DOS DIQUES MÁFICOS DAS PRAIAS JARDIM DE
ALAH, PACIÊNCIA E ONDINA, SALVADOR - BA
Monografia apresentada ao Curso de Geologia, Instituto de
Geociências, Universidade Federal da Bahia, como requisito
parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia.
Orientadora: Profª. Angela Beatriz de Menezes Leal
Salvador
2013
ii
LUANA AMARAL DA CRUZ
ASPECTOS DE CAMPO, PETROGRAFIA E GEOQUÍMICA
PRELIMINAR DOS DIQUES MÁFICOS DAS PRAIAS JARDIM DE
ALAH, PACIÊNCIA E ONDINA, SALVADOR - BA
Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em
Geologia, Universidade Federal da Bahia, pela seguinte banca examinadora:
ANGELA BEATRIZ DE MENEZES LEAL - Orientadora
Doutora em GEOCIÊNCIAS pela UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ANA CAROLINA OLIVEIRA PINHEIRO
Mestre em GEOLOGIA pela UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO ESTADO
DA BAHIA- IFBA
JAILMA SANTOS DE SOUZA
Mestre em GEOLOGIA pela UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
iii
A meus pais
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a minha família. À minha mãe que sempre foi minha amiga,
sempre me deu forças, sempre me guiou, sempre me deu conselhos e me emprestou seu
ombro nos momentos que eu pensei que não seria capaz de seguir em frente. À meu pai que
sempre batalhou para que eu tivesse tudo do bom e do melhor e me incentivou a ser alguém
na vida, sempre foi meu referencial da pessoa que queria ser quando crescesse, sempre me
deu os melhores conselhos e sempre me deu as broncas que eu precisava para me tornar quem
eu sou hoje. A meu irmão que apesar da menor idade sempre foi um referencial de disciplina
e motivação.
Agradeço à minha orientadora Prof.ª Ângela por ter me aceitado como orientanda, por
ter me ajudado com a iniciação científica por três anos, obrigada pela ajuda, orientação,
paciência e conselhos para o melhor resultado deste trabalho e por ter disponibilizado tanto de
seu tempo para mim nesses três anos.
Aos meus amigos e colegas de faculdade que fizeram dos cinco anos de estudo os
melhores da minha vida.
Ás minhas amigas de colégio Tasha, Suzy, Xuxu, Baby, Nikes e Isinha por terem
continuado na minha vida mesmo com a distância, por terem me escutado nos momentos
difíceis. Obrigada pela amizade, pelo carinho, pelos conselhos, pela torcida para o meu
sucesso e pelo apoio e incentivo.
Às minhas amigas Lai e Vane por serem pacientes comigo, por não deixarem de ser
minhas amigas mesmo quando preciso me ausentar por causa dos estudos. Obrigada por todos
os momentos maravilhosos que passamos juntas, por não me esquecerem mesmo com a
minha ausência.
Aos amigos Clarinha, Dan, Daniel Alves, Paulão, MV, Lucas Salles, Carol e
Bunnyman por terem me ajudado em todos os aspectos que precisei com esse trabalho final de
graduação. Sem vocês, provavelmente, eu não conseguiria concluí-lo a tempo. Obrigada.
Aos meus familiares que sempre acreditaram em mim.
Aos professores Haroldo Sá, Maria José, Flávio, Amalvina, Carlson, César, Simone,
Johildo, Olivia, Débora, Jailma, Gisele, Michel, Cristovaldo e Felix, obrigada pelo
conhecimento que tenho hoje e por terem sido responsáveis pelo crescimento da minha
vontade de ser geóloga.
v
Obrigada, muito obrigada a todos que cruzaram meu caminho e que foram importantes
para que eu me tornasse a pessoa que sou hoje e que contribuíram para que minha jornada
chegasse a esse ponto.
vi
RESUMO
Os diques máficos das praias de Jardim de Alah, Paciência e Ondina (atrás do Othon
Palace Hotel) estão inseridos no contexto tectônico do Cráton do São Francisco, intrudindo os
terrenos granulíticos polideformados arqueanos e paleoproterozoicos pertencentes à Cinturão
Salvador-Esplanada. Estes diques máficos fazem parte da Província Litorânea dos Diques
Máficos do Estado da Bahia e ocorrem na orla marítma de Salvador, Bahia.
De modo geral os diques máficos preenchem fraturas distensivas na encaixante
granulítica, principalmente, em direções N-S e E-W e apresentam coloração cinza a preta,
granulometria variando de afanítica a média, são isotrópicos e maciços. Seus contatos com a
encaixante variam de reto a sinuosos com espessuras predominantes variando de poucos
centímetros a 50 metros.
O estudo petrográfico permitiu observar a evolução dos diques da Praia de Jardim de
Alah da encaixante ao centro do corpo filoniano caracterizando texturas porfiríticas com
matriz afanítica até matriz de granulometria fanerítica fina. Nas praias da Paciência e Ondina
os diques máficos possuem granulometria fanerítica fina a média.
Nos litotipos em questão foram identificadas as texturas ofítica, subofítica e
intergranular que mineralogicamente são compostos por plagioclásios que variam de andesina
a labradorita, clinopiroxênio (augita) e subordinadamente têm-se hornblenda, biotita, minerais
opacos e apatita. Processo de alteração como a uralitização está presente nos diques das praias
da Paciência e Ondina transformando augitas em hornblenda + biotita + minerais opacos.
Os diques máficos apresentam, de forma geral, enriquecimento em FeOt em relação
ao MgO (trend de Fenner) e baixas razões sílica/álcalis, características de suítes toleíticas.
Através do comportamento geoquímico dos elementos maiores e traço foi constatada a
importância das fases minerais plagioclásio e clinopiroxênio no fracionamento magmático.
Diagramas de ambiência tectônica utilizando como parâmetros Zr e Zr/Y sugerem que a
colocação dos diques máficos ocorreu em ambiente intraplaca.
Palavras-chave: diques máficos; petrografia; geoquímica.
vii
ABSTRACT
The mafic dykes from the Jardim de Alah, Paciência e Ondina beaches (behind the
Othon Palace Hotel) beaches are placed in the tectonic context of São Francisco Craton,
intruded in granulitic terrains with multiples deformations with Archean and
Paleoproterozoic ages belonging to Salvador-Esplanada belt. These mafic dikes are part of the
Coastal Province of Mafic Dykes of Bahia state and they occur on the edge maritime of
Salvador, Bahia.
Generally the mafic dikes fills dintensive fractures in the granulitic rocks mainly in N-
S and E-W directions and are colored gray to black, with sizes ranging afanítica to average,
are isotropic and massive. Its contacts with the granulitic rocks are from straight to sinuosos
with thicknesses ranging from 1 cm predominant 50 meters.
The petrographic study allowed us to observe the evolution of the center to middle of
the dikes from Jardim de Alah beach and allowed to observe the processes of change in the
minerals due to the presence of water (uralitização) that occurs in the dykes of beaches of
Patience and Ondina.
Were identified ophitic textures, subofítica and intergranular and mineralogically are
composed of andesine to labradorite, clinopyroxene (augite) and in minor scale hornblende,
biotite, opaque minerals and apatite. Change process like uralitização turnes augitas to
hornblende and biotite due to the presence of water. The mafic dykes have, in general,
enrichment FeOt compared to MgO (of Fenner trend) and low ratios silica/alkali tholeiitic
suites features.
Through the geochemical behavior of major and trace elements was observed the
importance of mineral phases plagioclase and clinopyroxene at magmatic fractionation.
Diagrams tectonic atmosphere using as parameters Zr and Zr / Y suggest that placing of mafic
dikes occurred in intraplaque environment.
Keywords: mafic dykes; petrography; geochemistry.
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1: Localização e delimitação geográfica das áreas das principas províncias (1
a 6) e ocorrências (A a D). dos Diques Máficos do Estado da Bahia. Adaptado de
Menezes Leal et al. (2012) 17
Figura 1.2: Mapa de localização da área de estudo no Estado da Bahia (A) e
localização das praias estudadas, representadas por pontos vermelhos (B) 18
Figura 2.1: Mapa Geológico do Cráton do São Francisco destacando as faixas
orogênicas móveis. (Bizzi et al., 2001) 27
Figura 2.2: Mapa de localização do Cinturão Salvador-Esplanada (Barbosa et al.,
2012) 29
Figura 3.1: Mapa de Localização da Praia de Jardim de Alah, Salvador 32
Figura 3.2: Mapa de localização da Praia da Paciência, Salvador 36
Figura 3.3: Mapa de localização da Praia de Ondina, Salvador 38
Figura 5.1: Diagrama de classificação (Cox et al., 1979) para os diques máficos das
praias de Jardim de Alah e Ondina 59
Figura 5.2: Diagrama Nb/Y versus Zr/TiO2 de Winchester & Floyd (1977) para os
diques máficos das praias de Jardim de Alah e Ondina. Símbolos como na fiigura 5.1 59
Figura 5.3: Diagrama A (Na2O), F (FeOt), M (MgO), segundo Irvine & Baragar (1971)
para os diques máficos da Praia de Jardim de Alah e Ondina. Símbolos como na figura
5.1 60
Figura 5.4: Diagrama Zr versus Zr/Y de Pearce & Norry (1979) para os diques máficos
das praias de Jardim de Alah e Ondina. Símbolos como na figura 5.1 61
Figura 5.5: Diagrama de variação entre MgO (% em peso) versus elementos maiores
para os diques máficos das praias de Jardim de Alah e Ondina. Símbolos como na
figura 5.1 63
Figura 5.6: Diagrama de variação entre MgO (% em peso) versus elementos traço
(ppm) para os diques máficos das praias de Jardim de Alah e Ondina. Símbolos como
na figura 5.1 64
ix
LISTA DE FOTOS
Foto 3.1: Dique máfico com espessura média de 70 centímetros. Praia de Jardim de
Alah 33
Foto 3.2: Dique máfico com espessura de 19 metros. Praia de Jardim de Alah. 33
Foto 3.3: Esquema de localização das duas direções de diques máficos da Praia de
Jardim de Alah: (1) N-S e a outra (2) E-W 33
Foto 3.4: Foliação incipiente no corpo filonenano. Praia de Jardim de Alah. 34
Foto 3.5: Contato reto entre dique máfico (lado direito) e encaixante granulítica (lado
esquerdo). Praia de Jardim de Alah 34
Foto 3.6: Contato demonstrando mistura mecânica de magma máfico e félsico. Praia
de Jardim de Alah 34
Foto 3.7: Contato reentrante demonstrando mistura mecânica de magma máfico e
félsico. Praia de Jardim de Alah 34
Foto 3.8: Dique máfico cortado por veio de composição granítica. Praia de Jardim de
Alah 34
Foto 3.9: Esfoliação esferoidal. Praia de Jardim de Alah 34
Foto 3.10: Dique máfico com espessura de 1 metro aproximadamente. Praia da
Paciência 37
Foto 3.11: Contato do dique máfico e encaixante granulítica. Praia da Paciência 37
Foto 3.12: Encaixante granulítica com típico bandamento composicional. Praia da
Paciência 37
Foto 3.13: Feição de mistura mecânica de magma máfico e félsico. Praia da Paciência 37
Foto 3.14: Contato curvo de dique máfico e encaixante granulítica. Praia da Paciência 37
Foto 3.15: Dique máfico com espessura de aproximadamente 50 metros na Praia de
Ondina 39
Foto 3.16: Detalhe do dique máfico com 50 metros de espessura (linha vermelha).
Praia de Ondina 39
Foto 3.17: Contato reto entre dique máfico e encaixante granulítica. Praia de Ondina 39
Foto 3.18: Estrutura indicadora de direção de fluxo magmático. A seta amarela indica a
direção do fluxo e aponta do martelo aponta para o N. Praia de Ondina 39
Foto 4.1: Furo feito pela máquina perfuratriz para coleta de amostras. Praia de Jardim
de Alah 46
x
LISTA DE FOTOMICROGRAFIAS
Fotomicrografia 4.1: Textura subofítica, onde os plagioclásios englobam os piroxênios.
Polarizadores cruzados. Aumento 100 X. Amostra JA-02 43
Fotomicrografia 4.2: Textura porfirítica com matriz fina a afanítica. Sem analisador.
Aumento 25 X. Amostra JA-01 43
Fotomicrografia 4.3: Aglomerado de plagioclásio com geometria em “Y”. Sem
analisador. Aumento de 100 X. Amostra JA-01 44
Fotomicrografia 4.4:. Aglomerado de pagioclásio com geometria em “T”. Sem
analisador. Aumento 100 X. Amostra JA-01 44
Fotomicrografia 4.5: Aglomerado de plagioclásio com geometria em “V”. Sem
analisador. Aumento 100 X. Amostra JA-01 44
Fotomicrografia 4.6: Plagioclásio maclado possinteticamente com geminação albita-
Carlsbad em forma de agulha. Polarizadores cruzados. Aumento 100 X. Amostra JA-
02 45
Fotomicrografia 4.7: Textura ofítica representando plagioclásios (Pl) inclusos em
cristais de augita (Aug). Polarizadores cruzados. Aumento 100 X. Amostra JA-02 45
Fotomicrografia 4.8: Cristal de olivina (Ol) circundado por matriz afanítica, presença
de cristais de plagioclásio (Pl). Polarizadores cruzados. Aumento de 25 X. Amostra
JA-01 46
Fotomicrografia 4.9: Mosaico mostrando a gradação da matriz afanítica junto à
encaixante para matriz fina mais para o centro do dique. Polarizadores Cruzados.
Aumento 25X. Amostra JA-01c 47
Fotomicrografia 4.10: Granulito com presença de piroxênio e biotita. Polarizadores
cruzados. Aumento de 25 X. Amostra JA-03 48
Fotomicrografia 4.11: Contato entre dique máfico e encaixante granulítica.
Polarizadores cruzados. Amento 25 X. Amostra JA-01c 48
Fotomicrografia 4.12: Granulito, rocha encaixante dos diques máficos. Sem analisador,
aumento 25 X. Amostra JA-03 48
Fotomicrografia 4.13: Representação dos piroxênios, anfibólios e plagioclásios com
granulometria média. Sem analisador. Aumento 25 X. Amostra RV-02a 49
Fotomicrografia 4.14: Glômero de plágioclásios em forma triangular caracterizando a
textura intergranular. Polarizadores cruzados. Aumento de 100 X. RV-02b 50
xi
Fotomicrografia 4.15: Glômero de plagioclásios em forma de “V”. Polarizadores
cruzados. Aumento de 25 X. Amostra RV-02b
50
Fotomicrografia 4.16: Glômero de plagioclásios com geometria disforme.
Polarizadores cruzados. Aumento de 25 X. Amostra RV-02b 50
Fotomicrografia 4.17: Plagioclásio com geminação polissintética em forma de agulha
indicado pelo círculo vermelho. Polarizadores cruzados. Aumento de 25 X. Amostra
RV-02 51
Fotomicrografia 4.18: Visão geral da lâmina do dique da Praia de Ondina. Sem
analisador. Aumento 25 X. Amostra OT-01 52
Fotomicrografia 4.19: Aglomerado de plagioclásio em forma triangular envolvendo
piroxênio, anfibólios e biotitas caracterizando a textura intergranular. Sem analisador.
Aumento 100X. Amostra OT-02 53
Fotomicrografia 4.20: Glômero de plagioclásio em forma de “V”. Sem analisador.
Aumento 100X. Amostra OT-02 53
Fotomicrografia 4.21: Glômero de plagioclásio em forma de cruz. Sem analisador.
Aumento 100 X. Amostra OT-02 53
Fotomicrografia 4.22: Grão de plagioclásio com centro mais alterado que borda, dando
um aspecto nublado ao mesmo. Polarizadores cruzados. Aumento de 200 X. Amostra
OT-01
54
Fotomicrografia 4.23: Augita (Aug) sofrendo processo de uralitização e se
transformando em anfibólio (Anf). Sem analisador. Aumento de 100 X. Amostra OT-
01 54
Fotomicrografia 4.24: Contato entre augita (Aug) e anfibólio (Anf) no processo de
uralitização. Sem analisador. Aumento 100 X. Amostra OT-02 55
Fotomicrografia 4.25: Biotita (Bt) associada a anfibólio (Anf) e piroxênio (Aug). Sem
analisador. Aumento 100 X 55
xii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.1: Relação dos pontos visitados na área de estudo. Amostras com abreviação
60_ e 63_, extraídas de Moraes Brito (1992) 21
Tabela 4.1: Composição modal das lâminas petrográficas estudadas. JA=Jardim de
Alah, RV- Praia da Paciência, OT- Praia de Ondina, Pl= Plagioclásio, Ol= Olivina,
Px= Piroxênio, Op= Minerais Opacos, Bt= Biotita, Hbl= Hornblenda, Qtz= Quartzo 42
Tabela 5.1: Análises químicas de elementos maiores (% em peso) e traço (em ppm)
dos diques máficos das praias de Jardim de Alah e Ondina. P.F. = Perda ao Fogo, mg#
= [MgO/(MgO + FeOt)] 58
xiii
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS
v
RESUMO vii
ABSTRACT viii
LISTA DE FIGURAS ix
LISTA DE FOTOS x
LISTA DE FOTOMICROGRAFIAS xi
LISTA DE TABELAS xii
1 CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO 16
1.1. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA 18
1.2. OBJETIVOS 19
1.2.1. Objetivo Geral 19
1.2.2. Objetivos Específicos 19
1.3. MATERIAIS E MÉTODOS 20
2. CAPÍTULO II – GEOLOGIA REGIONAL 22
2.1. GEOLOGIA REGIONAL 22
2.1.1. Cráton do São Francisco 22
2.1.2. Cinturão Salvador-Esplanada 24
2.1.3. Granulitos da Região de Salvador 29
3. CAPÍTULO III – GEOLOGIA LOCAL 30
3.1. DIQUES MÁFICOS DE SALVADOR 30
3.2. PRAIA DE JARDIM DE ALAH 30
3.3. PRAIA DA PACIÊNCIA 34
3.4. PRAIA DE ONDINA (ATRÁS DO OTHON PALACE HOTEL) 37
4. CAPÍTULO IV – PETROGRAFIA 39
4.1. CRITÉRIOS UTILIZADOS PARA DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA 39
4.2. ASPECTOS PETROGRÁFICOS DOS DIQUES MÁFICOS MÁFICOS 40
4.2.1. Praia de Jardim de Alah 40
4.2.2. Praia da Paciência 48
4.2.3. Praia de Ondina 51
5. CAPÍTULO V – GEOQUÍMICA PRELIMINAR 56
5.1. CLASSIFICAÇÃO E NOMENCLATURA 56
5.2. AMBIÊNCIA TECTÔNICA 59
xiv
5.3. COMPORTAMENTO GEOQUÍMICO DOS ELEMENTOS MAIORES E
TRAÇO 60
6. CAPÍTULO VI - CONSIDERAÇÕES FINAIS 64
7. CAPÍTULO VII - REFERÊNCIAS 66
1. CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
Diques máficos são uma das diversas formas que podem ser encontradas as rochas de
composição basáltica. Estão presentes em todo o mundo em períodos que variam desde o
Arqueano até o Eoceno (HALLS, 1982; HALLS & FAHRIG, 1987; PARKER et al., 1990;
BAER & HEIMANN, 1995). Os diques são importantes marcadores de ambiente tectônico e
permitem que se faça um estudo da variação química que o manto sofreu durante sua
formação auxiliando na reconstrução da dinâmica evolutiva de determinada região, sendo,
portanto, de destacada relevância o estudo dos mesmos.
No Estado da Bahia existem diversas províncias filonianas que foram classificadas
inicialmente por Corrêa Gomes et al. (1996). Posteriormente, Menezes Leal et al. (2012)
redividiram os diques máficos do Estado da Bahia em províncias e ocorrências. O termo
província foi aplicado ao conjunto de rochas filonianas que apresentam peculiaridades em
termos de localização e abrangência geográfica, posição cronoestratigráfica e, principalmente,
relação com um determinado evento de tafrogênese. Desta forma, essas províncias foram
classificadas de acordo com suas características químico-mineralógicas, idades, localizações
geográficas e distribuições geométricas (CORRÊA-GOMES, 2000) em número de seis:
Província Uauá - Caratacá (PUC), Província Metamáfica de Salvador (PMS), Província
Chapada Diamantina - Paramirim (PCDP), Provincia Litorânea (PLT), Província Caraíba -
Curaçá (PCC) e Província Itabuna - Itaju do Colônia (PIIC). As ocorrências de diques máficos
do Estado da Bahia abrangem àqueles corpos cartografados, mas que não possuem estudos de
campo, petrográficos, geoquímicos e/ou geocronológicos detalhados (MENEZES LEAL et
al., 2012), são elas : Ocorrência Feira de Santana - Lamarão (OFSL), Ocorrência São José do
Jacuípe - Aroeira (OJA), Ocorrência Juazeiro-Sobradinho (OJS), Ocorrência Coronel João Sá
(OCJS) (Figura 1.1).
Os diques máficos metamórficos e não-metamórficos da cidade de Salvador
pertencem, respectivamente, as Províncias Metamáfica de Salvador e Litorânea (CORRÊA-
GOMES et al., 1996, MENEZES LEAL et al., 2012). O presente trabalho irá abordar as
rochas filonianas localizadas em Salvador nas praias Jardim de Alah, Paciência e Othon nos
aspectos de campo, petrográficos e de geoquímica preliminar, com ênfase nos diques não
metamórficos.
16
17
Figura 1.1: Localização e delimitação geográfica das áreas das principas províncias (1 a 6) e ocorrências (A a D).
dos Diques Máficos do Estado da Bahia. Adaptado de Menezes Leal et al. (2012).
18
1.1. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA
A área de trabalho localiza-se na porção centro-leste do Estado da Bahia,
compreendida entre os paralelos 12°30’ e 13°00’ e os meridianos 38°00’ e 38°30’,
correspondentes a Folha Topográfica de Salvador (SD-24-X-A-V e SD-24-X-A-VI) (Figura
1.2).
Figura 1.2: Mapa de localização da área de estudo no Estado da Bahia (A) e localização das praias estudadas, representadas por pontos vermelhos (B).
19
1.2. OBJETIVOS
1.2.1. Objetivo Geral
O presente trabalho tem como objetivo principal caracterizar os diques máficos não
metamórficos da Província Litorânea, mais especificamente da região de Salvador, quanto aos
aspectos geológicos, petrográficos e geoquímicos preliminares.
1.2.2. Objetivos Específicos
Os objetivos específicos do trabalho são:
1. Levantamento bibliográfico sobre os diques máficos que ocorrem na Orla de
Salvador, especialmente nas Praias Jardim de Alah, Paciência (Rio Vermelho) e Ondina, bem
como da geologia regional e local que envolve a colocação desses corpos filonianos, através
de consultas a publicações em eventos técnico-científicos, periódicos, dissertações, teses,
livros acessados através de bibliotecas físicas ou virtuais (internet);
2. Realizar missões de campo objetivando: (i) cartografia das principais unidades
geológicas que englobam os corpos filonianos da orla de Salvador (praias acima referidas);
(ii) caracterizar a forma de ocorrência dos diques máficos, incluindo medidas de atitude,
espessura, comprimento dos corpos; (iii) criar acervo fotográfico de campo dos diques
máficos e, (iv) coleta de amostras dos diques máficos para estudos petrográficos e
geoquímicos;
3. Estudo petrográfico sistemático das amostras coletadas (identificação dos
minerais constituintes, assim como a descrição de suas relações texturais nos diferentes tipos
de rochas), registrando através de fotografias as relações geométricas e as principais
características mineralógicas;
4. Estudos geoquímicos preliminares, através de diagramas discriminantes
binários e ternários envolvendo elementos maiores e traço, a partir dos dados amostrais
apresentados por Moraes Brito (1992).
20
1.3. MATERIAIS E MÉTODOS
A sistemática utilizada para atingir os objetivos propostos foi desenvolvida em cinco
etapas distintas: (i) Revisão Bibliográfica; (ii) Trabalhos de Campo, (iii) Estudo Petrográfico;
(iv) Estudo Geoquímico e (v) Elaboração da Monografia.
i. Revisão Bibliográfica
Nessa fase foi feita uma pesquisa na literatura existente sobre o contexto geológico
regional, abrangendo especificamente o Cráton do São Francisco e o Cinturão Salvador-
Esplanada, incluindo os granulitos que são as rochas encaixantes dos diques máficos.
Após essa fase de pesquisa sobre o contexto geológico regional/tectônico foi feita
uma busca sobre informações dos diques máficos do Estado da Bahia contemplando os diques
da região de Salvador. Durante essa etapa, o objetivo foi fazer uma seleção de dados mais
específicos das rochas em foco na pesquisa, entre eles petrografia, geoquímica preliminar,
geocronologia, entre outras informações e reuní-los em um banco de dados para facilitar a
consulta posterior.
ii. Trabalhos de Campo
Foram realizadas várias visitas de campo as praias de Jardim de Alah, Paciência e
Ondina (atrás do Othon Palace Hotel) para reconhecimento do contexto geológico no qual os
diques estão inseridos, além de efetuar amostragens sistemáticas das rochas granulíticas
encaixantes, do contato do dique máfico com encaixante e das faces internas do dique para
análises petrográficas e químicas. Para tal utilizou-se a máquina perfuratriz na Praia de Jardim
de Alah e marreta nas Praias da Paciência e Ondina. Foram coletadas doze amostras, dentre as
quais apenas umas delas corresponde a rochas encaixante granulítica, e outra que representa o
contato litológico. A tabela 1.1 mostra a localização dos pontos visitados, as atitudes e as
espessuras dos diques máficos.
Durante essas visitas também foram realizadas medidas de direção, de tamanho e
espessura e registro fotográfico das principais feições destes corpos filonianos e suas
encaixantes. Nas atividades de campo participaram a Professora e Orientadora Ângela Beatriz
de Menezes Leal, MSc. Jailma Souza e os estudantes de graduação em geologia Daniel Alves,
Lucas Salles, Maria Clara Duarte, Letícia Gouveia e Luana Cruz.
PONTO
LOCALIZAÇÃO LITOLOGIA ATITUDE ESPESSURA (m)
LÂMINA
PETROGRÁFICA
ANÁLISE QUÍMICA
DE ROCHA TOTAL
JA-01 Jardim de Alah Dique Máfico E-W 0,70 m X -
JÁ-01a Jardim de Alah Dique Máfico E-W 0,70 m X -
JA-01c Jardim de Alah Contato dique máfico e encaixante E-W 0,70 m X -
JA-02 Jardim de Alah Dique Máfico E-W 0,80 m X -
JA-03 Jardim de Alah Granulito - - X -
6053 Jardim de Alah Dique Máfico N05W 1,2 m - X
6344 Jardim de Alah Dique Máfico N-S 18 m - X
6345 Jardim de Alah Dique Máfico N-S 18 m - X
6348 Jardim de Alah Dique Máfico N-S 18 m - X
6346 Jardim de Alah Dique Máfico N-S 1,4 m - X
RV-01a Rio Vermelho Dique Máfico N100W 1 m X -
RV-01b Rio Vermelho Dique Máfico N100W 1 m X -
RV-01c Rio Vermelho Dique Máfico N100W 1 m X -
RV-02a Rio Vermelho Dique Máfico N75W 1,5 m X -
RV-02b Rio Vermelho Dique Máfico N75W 1,5 m X -
RV-02c Rio Vermelho Dique Máfico N75W 1,5 m X -
OT-01 Ondina Dique Máfico N-S 50 m X -
OT-02 Ondina Dique Máfico N-S 50 m X -
6056 Ondina Dique Máfico N02E 1,5 m - X
6057 Ondina Dique Máfico - - - X
6396 Ondina Dique Máfico N10E 50 m - X
6397 Ondina Dique Máfico - - - X
6398 Ondina Dique Máfico - - - X
6399 Ondina Dique Máfico - - - X
Tabela 1.1: Relação dos pontos visitados na área de estudo. Amostras com números de identificação iniciados com 60_ oue 63_, extraídas de Moraes Brito (1992), a título de
complementação do trabalho.
21
iii. Estudo Petrográfico
As amostras coletadas durante as campanhas de campo (12 amostras dos diques
máficos, dentre as quais uma delas corresponde ao contato dique máfico/rocha encaixante)
foram enviadas para o Laboratório de Preparação de Amostras do Instituto de Geociências
(IGEO) da UFBA para confecção de lâminas delgadas.
O estudo petrográfico foi realizado com auxílio do microscópio binocular da marca
Olympus, modelo BX41, do Laboratório de Mineralogia Óptica e Petrografia do IGEO/UFBA
e consistiu na identificação e estimativa da composição modal das principais fases minerais, e
no reconhecimento das suas relações texturais que são de fundamental importância para a
classificação da rocha e estabelecimento da sequência de cristalização.
iv. Estudo Geoquímico
O estudo geoquímico foi realizado a partir das análises químicas de rocha total de onze
amostras do trabalho de Moraes Brito (1992).
Com as análises químicas de elementos maiores e traço foram feitos diagramas
binários (HARKER, 1909), de classificação e filiação magmática, bem como diagramas de
ambiência tectônica utilizando o programa petrológico Minpet for Windows (versão 2.02,
Minpet Geological Software; RICHARD, 1985), seguida de interpretação desses dados para
conclusão do trabalho.
v. Elaboração da Monografia
Utilizando os dados adquiridos nos trabalhos de campo, juntamente com os estudos
petrográficos e geoquímicos dos diques máficos que ocorrem na Orla de Salvador (praias de
Jardim de Alah, Paciência e Ondina (atrás do Othon Palace Hotel), foi elaborado a
monografia final, que compreende o Trabalho Final de Graduação do curso de graduação em
Geologia.
22
23
2. CAPÍTULO II – GEOLOGIA REGIONAL
2.1. GEOLOGIA REGIONAL
O arcabouço geológico dos filões máficos está inserido na parte sul do Cinturão
Salvador-Esplanada (BARBOSA, 1990) no domínio dos migmatitos e granulitos da Zona
Salvador-Conde, que está contido na parte leste do Cráton do São Francisco (ALMEIDA,
1977).
2.1.1. Cráton do São Francisco
Compreende as partes mais estáveis dos continentes em que o substrato cristalino
(Precambriano) não foi envolvido nas orogêneses do Fanerozoico e que se consolidou em
tempos pré-brasilianos. Possui formas geométricas constituídas de contornos em geral
elípticos e com diâmetros variáveis chegando até milhares de quilômetros. Seu substrato é
formado por núcleos arqueanos e também por rochas mais jovens de idade paleoproterozoica,
ambos submetidos às deformações do Ciclo Transamazônico e metamorfismo variando de
xisto verde a anfibolito chegando a granulito nas porções do Cinturão Itabuna-Salvador-
Curaçá e Cinturão Salvador-Esplanada, nos quais os diques máficos da área de estudo estão
inseridos. Possui relevo, em geral, pouco pronunciado sendo isostaticamente positivo, porém
constituindo baixos topográficos e suas coberturas metassedimentares exibem idades desde o
Paleoproterozoico ao recente, alojando-se em bacias de antepaís, aulacógenos e sinéclises.
Pode ocorrer também antéclises, grandes domos e zonas arqueadas. Possue espessura crustal
superior a média dos continentes devido as suas raízes mantélicas serem espessas e antigas.
O Craton do São Francisco (CSF) (Figura 2.1) é um componente importante da
Plataforma Sul-Americana e abrange os Estados da Bahia e Minas Gerais. Segundo Almeida
(1977) o Cráton do São Francisco representa uma das porções continentais em que o substrato
de rochas cristalinas, mais antigas que 1.8 Ga, foi poupado das deformações brasilianas no
final do Neoproterozoico. Assim como todos os outros crátons dos continentes sul-americano
e africano, é de entendimento geral que eles são as porções mais interiores e estáveis das
placas que, ao final do Neoproterozoico, se amalgamaram através de uma série de colisões
diacrônicas para formar a porção ocidental do continente de Gondwana (BRITO NEVES et
al., 1999; CAMPOS NETO, 2000; ALKMIM et al., 2001).
24
Bordejando essa entidade tectônica, Almeida (1977) individualizou as Faixas de
Dobramentos: (i) Faixa Araçuaí, cujo contorno original está posicionado, aproximadamente,
no limite entre os estados da Bahia e Minas Gerais; (ii) a Faixa Brasília; (iii) as Faixas Rio-
Preto e Riacho do Pontal e, (iv) a Faixa Sergipana. Essas faixas foram dobradas durante a
orogênese Brasiliana.
O CSF é constituído por rochas pré-cambrianas e coberturas fanerozóicas. Esses
domínios geológicos são descritos a seguir:
Terrenos graníticos-gnáissicos-magmatíticos arqueanos de médio a alto grau
metamórfico. Estes terrenos formam segmentos crustais, representados pelos Blocos Gavião,
Guanambi-Correntina, Paramirim, Serrinha, Mairi e Jequié (BARBOSA & DOMINGUEZ,
1996; BARBOSA & SABATÉ, 2004). Barbosa et al., (2012) a partir de atualização de dados
individualizou os Blocos Arqueanos em: Jequié, Gavião (norte, sul, oeste e leste), Serrinha e
Uauá.
Sequências vulcanossedimentares do tipo greenstone belts, formadas durante o
Arqueano a Paleoproterozoico, associadas aos terrenos graníticos-gnaissicos-migmatíticos
arqueanos, tendo como exemplo os Greenstone Belts de Mundo Novo, Riacho de Santana,
Umburanas, entre outros (e.g., BASTOS LEAL et al.,1998; BARBOSA et al., 2012);
Cinturão móvel de idade Paleoproterozoica denominado de Itabuna-Salvador-
Curaçá, corresponde a uma mega estrutura existente ao longo da costa brasileira que, no
Estado da Bahia bifurca-se no segmento Salvador-Curaçá, exposto na porção nordeste,
enquanto o segmento Itabuna-Salvador ocorre no sudeste do Estado. Estes segmentos são
formados, principalmente, por tonalitos e charnockitos com enclaves máfico-ultramáficos e,
mais raramente, por rochas supracrustais (Barbosa & Dominguez, 1996; Barbosa & Sabaté,
2004; Barbosa et al., 2012);
Coberturas plataformais de idade Paleo/Mesoproterozoica, constituída por
rochas de origem siliciclástica representadas pelo Supergrupo Espinhaço e as de idade
Neoproterozoica, compostas por rochas de natureza carbonática do Supergrupo São Francisco
(BARBOSA et al., 2003);
25
Coberturas Fanerozoicas, representadas pelo grupo Barreiras na área de estudo,
constituído por arenitos que apresentam baixa maturidade textural e mineralógica, sendo mal
selecionados, com intercalações argilosas e conglomeráticas que ressaltam o acamadamento
horizontalizado. Corresponde a depósitos de leques aluviais amalgamados que se associam a
um sistema fluvial do tipo entrelaçado (PAIXÃO, 2008). São encontradas também as
unidades: Grupo Santa Fé (Permo-Carbonífero) composto pelas Formações Floresta e
Tabuleiro; Grupo Areado (Eocretáceo) constituído pelas formações Abaeté, Quiricó e Três
Barras; Grupo Mata da Corda (Neocretáceo) composto pelas formações Patos e Capacete;
Grupo Urucuia (Neocretáceo), sub-dividido nas formações Posse e Serra das Araras e
Formação Chapadão (Cenozóico), representando as coberturas arenosas inconsolidadas
recentes, de caráter eluvio-coluvionar ou aluvionar (CAMPOS & DARDENNE, 1997).
O metamorfismo associado ao CSF reequilibrou estas rochas de diferentes idades nas
fácies granulito, anfibolito e xisto-verde, constituindo cinturões móveis polideformados como
os de Itabuna, Salvador-Curaçá e Salvador-Esplanada.
2.1.2. Cinturão Salvador-Esplanada
A região mais oriental do Cráton São Francisco, na faixa costeira que se estende de
Salvador (Bahia) até o norte da cidade de Buquim (Sergipe), consiste de um segmento crustal
estruturado na direção NE-SW e limitado por zonas de cisalhamento transcorrentes sinistrais
(SILVA et al., 2002) (Figura 2.2). Oliveira Junior (1990) o subdividiu em dois domínios
tectônicos, a saber:
i) O primeiro domínio ocupa a porção extremo oeste do cinturão e foi
subdividido em: (a) milonitos da Zona Aporá-Itamira e (b) Suíte Granitóide Teotônio-Pela
Porco;
ii) O segundo é composto pela Zona Salvador-Conde que fica próximo a Costa
Atlântica com rochas tanto da fácies anfibolito quanto granulito.
26
a) MILONITOS DA ZONA APORÁ-ITAMIRA
Nessa zona predominam os milonitos retrógrados, porém em regiões com menor
deformação são identificados migmatitos com estruturas dobradas, schilieren e estromáticas
(MEHNERT 1968 apud BARBOSA et al., 2012). Está limitada, a leste, pela Zona de
Cisalhamento de Aporá, de expressão regional e profunda.
Considera-se que migmatitos e granitoides mais antigos foram tranformados em
protomilonitos e augen-milonitos nas partes menos deformadas e ultramilonitos nas partes
mais deformadas. Nos ultramilonitos observam-se boudins e bandas de anfibolitos
(plagioclásio, hornblenda e traços de clinopiroxênio) e bandas quartzo-feldspáticas (quartzo,
plagioclásio, feldspato alcalino e hornblenda) intercaladas. Veios de quartzo e de pegmatitos
aparecem, às vezes, atravessando essas bandas. Oliveira Junior (1990) caracterizou mais
detalhadamente esses cisalhamentos, mostrando que os processos de deformação foram
acompanhados de retrometamorfismo, notando-se que nas partes menos cisalhadas as
paragêneses são de fácies anfibolito, enquanto que nas mais cisalhadas são da fácies xisto-
verde (BARBOSA et al., 2012).
b) SUITE GRANITÓIDE TEOTÔNIO-PELA PORCO
É composta por monzogranitos e quartzo- monzogranitos que estão deformados.
Foram identificados por Silva et al. (2002) núcleos magmáticos nos zircões com idade de
cristalização 207
Pb/206
Pb de 2.924 ±25 Ma e as bordas dos mesmos com idades de 1.926±25
Ma, que pode ser a idade do metamorfismo associado a milonitização, devido a semelhança
dessa idade com a idade K-Ar obtida por Silva Filho et al., (1977) que foi de 1.750±90 Ma.
27
Figura 2.1: Mapa Geológico do Cráton do São Francisco destacando as faixas orogênicas móveis. (Bizzi et al.,
2001).
28
ii) MIGMATITOS E GRANULITOS DA ZONA SALVADOR-CONDE
A região de Salvador se situa ao sul da Zona Salvador-Conde. Segundo Fujimori &
Allard (1966), Fujimori (1968), Sighinolfi & Fujimori (1974), Fujimori & Fyfe (1984) e
Fujimori (1988), as rochas de Salvador foram classificadas como granulitos ácidos e básicos,
incluindo metabasitos e charnockitos.
Verifica-se que as rochas presentes em Salvador mostram uma história geológica
complexa com presença de diversos litotipos de alto grau metamórfico muito deformados de
modo polifásico, tanto no estado dúctil quanto rúptil (BARBOSA et al., 2012). Esses litotipos
são cortados por corpos de monzo-sienogranitos e diques máficos com dimensões
centimétricas a métricas.
Trabalhos recentes (e.g. SOUZA, 2009) identificaram que o embasamento de Salvador
é composto por: (i) granulitos paraderivados, onde estão incluídos os granulitos alumino-
magnesianos, granitos granadíferos, granulitos básicos e quartzitos; (ii) enclaves de granulitos
ultramáficos e máficos (OLIVEIRA, 2010 apud BARBOSA et al., 2012); (iii) granulitos
ortoderivados, compostos de granulitos tonalíticos, granulitos charnoenderbíticos, granulitos
monzo-charnockíticos e granulitos quartzo monzodioríticos (SOUZA et al., 2010); (iv) corpos
e veios monzo-sienograníticos; e (v) diques máficos, metamórficos e não metamórficos
(BARBOSA et al., 2005, 2012).
Fujimori (1988) mostrou que a granulitização dessas rochas atingiu seu pico a 7,5-9
kbar e 800-900 °C concomitantemente às deformações dúcteis. Esse pico é identificado pela
presença de biotita vermelha, ortopiroxênio, plagioclásio e clinopiroxênio em equilíbrio. Já a
etapa regressiva é marcada pela presença de minerais secundários como biotita e hornblenda
esverdeada, formados a partir de piroxênios e opacos (Barbosa et al., 2012).
Na região de Conde, situada ao norte da Zona Salvador-Conde, são encontrados
migmatitos, gnaisses, granitoides e anfibolitos, contendo relíquias de granulitos (BARBOSA
et al., 2012).
29
Figura 2.2: Mapa de localização do Cinturão Salvador-Esplanada. Modificado de Barbosa et al. (2012).
30
2.1.3. Granulitos da Região de Salvador
Barbosa et al. (2005) dividiram os litotipos de Salvador em: (i) encraves ultramáficos
e máficos granulitizados; (ii) granulitos paraderivados; (iii) granulitos ortoderivados; (iv)
diques máficos; e (v) corpos e veios monzo-sienograníticos e Souza (2009) descreveu
detalhadamente os granulitos tonalíticos, granulitos charnoenderbíticos, granulitos
monzocharnockíticos e granulitos quartzo-monzodioríticos, conforme resumo a seguir:
- Os granulitos tonalíticos foram mapeados entre o Porto da Barra e a Praia da
Paciência. São rochas leucocráticas, com textura de xenoblástica a granoblástica, constituídos
por plagioclásio, quartzo, ortopiroxênio, clinopiroxênio e mesopertita além de minerais
opacos, em geral, a magnetita e em menor proporção a apatita e zircão. A biotita aparece
como produto retrometamórfico nas bordas dos piroxênios e minerais opacos;
- Granulitos charnoenderbíticos predominam no Alto de Salvador e os melhores
afloramentos ocorrem preferencialmente nas pedreiras desativadas de Salvador. São rochas
leucocráticas, com textura granoblástica fina a média, praticamente todos os minerais
possuem extinção ondulante, em função de metamorfismo pós–pico metamórfico,
constituídos por plagioclásio antipertítico, quartzo, mesopertita ou microclina pertítica,
ortopiroxênio e clinopiroxênio, às vezes algumas granadas são observadas no contato com os
granulitos paraderivados. Biotita e hornblenda são secundárias;
- Granulitos monzocharnockíticos são encontrados nas praias de Jardim de Alah e
Costa Azul. São rochas holo a leucocráticas, textura xenoblástica a granoblástica, mineralogia
principal composta por plagioclásio, quartzo, mesopertita, clinopiroxênio e ortopiroxênio,
enquanto a apatita é o mineral acessório mais frequente. Biotita e hornblenda são produtos do
retrometamorfismo;
- Por fim, os granulitos quartzo-monzodioríticos são observados no bairro de Santa
Mônica, no túnel da Avenida Luis Eduardo Magalhães e na Praia de Amaralina. São rochas
leuco a mesocráticas de textura xenoblástica a granoblástica média, constituídas por
plagioclásio, ortopiroxênio, microclina, quartzo, hornblenda verde e clinopiroxênio e em
menores proporções encontra-se apatita e zircão. Biotita e hornblenda são interpretadas como
produtos retrometamórficos.
31
3. CAPÍTULO III – GEOLOGIA LOCAL
3.1. DIQUES MÁFICOS DE SALVADOR
A cidade de Salvador apresenta, pelo menos, duas famílias de rochas filonianas
máficas. A mais antiga é representada por diques máficos metamorfizados que são tabulares
no centro e boudinados nas bordas, pertencem a Província Metamáfica de Salvador e datam
de 1,5 Ga (método K-Ar) (MASCARENHAS et al., 1986).
A família de diques mais jovens, pertencentes a Província Litorânea, ocorrem tanto na
orla de Salvador (FUJIMORI & ALLARD; 1966, FUJIMORI, 1968; TANNER DE
OLIVEIRA & CONCEIÇÃO, 1982; FARIAS & CONCEIÇÃO, 1985; MESTRINHO et al.,
1988; MORAES BRITO, 1992; CORRÊA-GOMES, 1992; CORRÊA-GOMES et al., 1996;
BARBOSA et al., 2012; SOUZA, 2009), como no seu interior (MORAES BRITO, 1992;
CORRÊA-GOMES, 2000; BARBOSA et al., 1996; BARBOSA et al., 2012; SOUZA, 2009) e
possuem idade de 1021±8 Ma a partir de datação da biotita (método 40
Ar/39
Ar) (MORAES
BRITO, 1992).
Trabalhos mais recentes (e.g. CRUZ et al., 2011; CRUZ & MENEZES LEAL, 2012)
envolveram retrabalhamento de dados geoquímicos existentes dos diques máficos
metamórficos e não metamórficos. Trabalhos envolvendo a geologia estrutural em
afloramento da orla marítima de Salvador têm sido realizados, envolvendo fotos aéreas de
detalhe (escala 1:300) (e.g. BARBOSA et al., 2005; SOUZA, 2009; SOUZA et al., 2010;
SOUZA & BARBOSA, 2011) os quais permitiram um detalhamento das encaixantes dos
diques máficos.
Neste capítulo serão detalhados os diques máficos não metamórficos que ocorrem nas
praias de Jardim de Alah, Paciência e Ondina nos aspectos de campo destacando as relações
de contato com a encaixante, determinação de espessura e direção, bem como suas principais
características.
3.2. PRAIA DE JARDIM DE ALAH
A praia de Jardim de Alah está localizada no bairro do Costa Azul, Salvador – Bahia e
está situada no extremo leste da área de estudo (Figura 3.1). Nessa praia são encontrados
diques máficos encaixados em granulitos, principalmente em monzocharnockitos (SOUZA,
2009).
32
Figura 3.1: Mapa de Localização da Praia de Jardim de Alah, Salvador.
Os diques máficos variam de centimétricos a métricos (espessura máxima = 19m)
(Fotos 3.1, 3.2 e 3.3), são finos a afaníticos, por vezes apresentam leve orientação (Foto 3.4),
possuem contatos retos (Foto 3.5) com a encaixante e, subordinadamente, contatos curvos e
reentrantes demonstrando uma mistura mecânica de magma máfico e félsico (Fotos 3.6 e 3.7),
por vezes se mostrando cortados por fraturas e falhas com deslocamento dextral e sinistral e
também por veios de composição granítica (Foto 3.8).
Nesta praia foram observadas duas direções de diques: uma com direção N-S e outra
com direção E-W (Foto 3.3).
33
Foto 3.2: Dique máfico com espessura de 19 metros.
Praia de Jardim de Alah.
Foto 3.3: Esquema de localização das duas direções de diques máficos da Praia de
Jardim de Alah: (1) N-S e a outra (2) E-W ambas com espessura aproxiada de 0,70
m.
Foto 3.1: Dique máfico com espessura média de
70 centímetros. Praia de Jardim de Alah.
34
Foto 3.4: Foliação incipiente no corpo filonenano.
Praia de Jardim de Alah.
Foto 3.5: Contato reto entre dique máfico (lado direito) e encaixante granulítica (lado esquerdo).
Praia de Jardim de Alah.
Foto 3.6: Contato demonstrando mistura mecânica de magma máfico e félsico. Praia de
Jardim de Alah.
Foto 3.7: Contato reentrante demonstrando
mistura mecânica de magma máfico e félsico.
Praia de Jardim de Alah.
Foto 3.8: Dique máfico cortado por veio de
composição granítica. Praia de Jardim de Alah.
Foto 3.9: Esfoliação esferoidal. Praia de Jardim
de Alah.
35
Foi observado a presença de esfoliação esferoidal resultante da desagregação da rocha
gerando, a princípio, formatos poliédricos, segundo um formato arredondado “descascando”
de forma concêntrica. Geralmente a esfoliação esferoidal ocorre em rochas de estrutura
maciça e granulação uniforme e lembra o descascamento de uma cebola (Foto 3.9).
3.3. PRAIA DA PACIÊNCIA
A praia da Paciência se localiza no bairro do Rio Vermelho, Salvador – Bahia, na
parte mais centro-sul da área de estudo (Figura 3.2).
Os diques encontrados nessa praia estão bastante deformados e boudinados
dificultando a diferenciação entre o que é realmente dique e o que é enclave máfico dentro das
encaixantes granulíticas do tipo tonalíticas (SOUZA, 2009).
Os corpos filoneanos aí presentes possuem uma coloração acinzentada, granulometria
fina a afanítica, com espessuras que chegam até um metro aproximadamente (Fotos 3.10 e
3.11). A rocha encaixante granulítica apresenta, muitas vezes, um bandamento composicional
(Foto 3.12), e observam-se frequentemente feições de mistura mecânica de magmas
imiscíveis, entre o magma máfico e o félsico (Foto 3.13). Os contatos dos diques máficos com
as rochas encaixantes são, de forma geral, curvos a sinuosos (Foto 3.14).
Figura 3.2: Mapa de localização da Praia da Paciência, Salvador.
36
Foto 3.10: Dique máfico com espessura de 1
metro aproximadamente. Praia da Paciência.
Foto 3.11: Contato do dique máfico e encaixante
granulítica. Praia da Paciência.
Foto 3.12: Encaixante granulítica com típico
bandamento composicional. Praia da Paciência.
Foto 3.13: Feição de mistura mecânica de magma
máfico e félsico. Praia da Paciência.
Foto 3.14: Contato curvo de dique máfico e
encaixante granulítica. Praia da Paciência.
37
38
3.4. PRAIA DE ONDINA (ATRÁS DO OTHON PALACE HOTEL)
A praia de Ondina se localiza na porção mais oeste da área de estudo (Figura 3.3) e é
onde está localizado o dique mais espesso de toda região litorânea do município de Salvador,
com aproximadamente 50 metros de espessura (Fotos 3.15 e 3.16), localizado mais
precisamente atrás do Othon Palace Hotel.
O dique máfico apresenta granulometria fina a afanítica, coloração cinza-escuro a
preto, contatos retos com a encaixante granulítica (Foto 3.17). Foi possível caracterizar
estruturas indicadoras de fluxo magmático, através da relação dique máfico e encaixante, ou
seja, partes da encaixante granulítica dentro do dique com indicação da direção de
englobamento da mesma (Foto 3.18).
Figura 3.3: Mapa de localização da Praia de Ondina, Salvador.
39
Foto 3.17: Contato reto entre dique máfico e
encaixante granulítica. Praia de Ondina.
Foto 3.15: Dique máfico com espessura de
aproximadamente 50 metros na Praia de Ondina. Foto 3.16: Detalhe do dique máfico com 50 metros
de espessura (linha vermelha). Praia de Ondina.
Foto 3.18: Estrutura indicadora de direção de fluxo
magmático. A seta amarela indica a direção do
fluxo e a ponta do martelo aponta para o N. Praia de
Ondina.
40
4. CAPÍTULO IV – PETROGRAFIA
4.1. CRITÉRIOS UTILIZADOS PARA DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA
Durante as análises petrográficas foram observadas as relações de contato,
granulometria, feições de alterações, entre outras características, que auxiliaram a descrição
das mesmas.
Abaixo estão apresentadas as principais definições (e.g. SIAL & MCREATH, 1984;
WERNICK, 2004; WINTER, 2009) das características petrográficas observadas nesse
trabalho:
Texturas:
- Ofítica: Refere-se a ripas de plagioclásio englobadas por cristais grandes de
piroxênios;
- Sub-Ofítica: Grandes ripas de plagioclásio parcialmente envoltos pelos cristais de
piroxênios;
- Intergranular: Pequenos cristais de piroxênio, olivina, produtos de alteração, etc.,
preenchem interstícios entre as hastes de plagioclásio. A textura dolerítica é um equivalente
de grão mais grosso de textura intergranular das rochas vulcânicas.
Processos de alteração:
- Saussuritização: É a alteração do plagioclásio para minerais de epídoto e saussurita;
- Sericitização: É o processo pelo qual minerais de feldspato são hidratados para
produzir sericita. Estágios incipientes podem ser reconhecidos pelo surgimento de uma fina
poeira de feldspatos em luz plano polarizada;
- Uralitização: Alteração deutérica de piroxênio para anfibólio, devido à entrada de
água numa temperatura moderada;
Granulometria
- Muito fina (O ≤ 0,1 mm);
- Fina (0,1 < O ≤ 1,0 mm)
- Média ( 1,0 < O ≤ 5,0 mm)
- Grossa ( 5,0 < O ≤ 20,0 mm)
- Muito Grossa (O ≥ 20,0 mm)
41
Tamanho do Cristal
- Matriz (O ≤ 0,1 mm)
- Microfenocristal (0,2 < O ≤ 0,5 mm)
- Fenocristal (0,5 < O ≤ 2,0 mm)
- Macrofenocristal (2,0 < O ≤ 10,0 mm)
Conteúdo em Fenocristal (F)
- Fracamente porfirítica: F ≤ 5%
- Moderadamente porfirítica: 5,0 < F ≤ 10%
- Fortemente porfirítico: F ≥ 10%
Convém ressaltar que as abreviações dos minerais seguiram as recomendações de
Kretz (1983); Spear (1993); Fettes (2007).
Na Tabela 4.1 é apresentada as proporções modais dos diques máficos das praias de
Jardim de Alah, Paciência e Ondina.
4.2. ASPECTOS PETROGRÁFICOS DOS DIQUES MÁFICOS
4.2.1. Praia de Jardim de Alah
Foram confeccionadas quatro lâminas dos corpos filoneanos da praia de Jardim de
Alah, as saber JA-01, JA-01a, JA-01c, JA-02, enquanto apenas uma representa a rocha
encaixante granulítica, a JA-03. Observou-se os que diques máficos são holocristalinos e
granulometria predominantemente fina (tamanho máximo = 1,0 mm) e subordinadamente
média. Há predominância de textura subofítica (Fotomicrografia 4.1) a intergranular e,
subordinadamente, a textura ofítica. Em geral, os cristais estão dispostos como micro
(tamanho médio <0,4 mm) a fenocristais (tamanho médio = 1 mm). Frequentemente observa-
se também nas lâminas a textura porfirítica (Fotomicrografia 4.2) com fenocristais de
plagioclásio (tamanho médio= 0,8 mm), piroxênio (tamanho médio= 0,5 mm) e olivina com
iddingsita (tamanho médio = 0,5 mm) dispersos em uma matriz fanerítica muito fina a
afanítica de plagioclásio e piroxênio.
Tabela 4.1: Composição modal das lâminas petrográficas estudadas. JA=Jardim de Alah, RV- Praia da Paciência, OT- Praia de Ondina, Pl= Plagioclásio, Ol= Olivina, Px=
Piroxênio, Op= Minerais Opacos, Bt= Biotita, Hbl= Hornblenda, Qtz= Quartzo.
JA-01 JA-01a JA-01c JA-02 JA-03 RV-01a RV-01b RV-01c RV-02a RV-02b RV-02c 0T-01 0T-02
Matriz Pl 57% 30% 80%
Matriz
Afanítica
22%
- - - - - - - - -
Ol 1% 5% 4% - - - - - - - - -
Px 14% 15% - - - - - - - - - -
Op 3% 10% 16% - - - - - - - - -
Fenocristais
Pl 15% 25% 5% 20% 2% 70% 65% 59% 42% 37% 41% 43% 42%
Ol 4% 1% - 8% - - - - - - - - -
Px 5% 10% 69% 25% 80% - - - 20% 42% 40% 30% 35%
Bt - - 2% 2% 5% 13% 15% 20% 1% 1% 1% 2% 1%
Hbl - - - - - 15% 18% 20% 6% 10% 8% 15% 10%
Op 1% 4% 1% 2% 4% 2% 2% 1% 5% 10% 10% 10% 12%
Qtz - - 25% 21% 9% - - - - - - - -
42
A associação mineralógica de fenocristais é constituída por plagioclásio (compõem
aproximadamente 20% do volume da rocha), piroxênio (5% da rocha total) e olivina (< 3%).
A matriz ocorre em maior proporção na rocha chegando até 75% do volume total, formada
por cristais de plagioclásio, piroxênio, olivina e minerais opacos.
Os cristais de plagioclásio representam cerca de 20% da rocha, com dimensões
variando de 0,5 a 1,5 mm quando fenocristais e, com tamanho de 0,2 mm (microfenocristais)
quando presentes na matriz. De um modo geral, apresentam-se como ripas euédricas a
subédricas com hábitos curtos ou alongados, dispostos em glômeros formando a geometria
em “Y” (Fotomicrografia 4.3), em forma de “T” (Fotomicrografia 4.4) e em forma de “V”
(Fotomicrografia 4.5). Possuem contatos entre si retos e bordas corroídas e os contatos com os
piroxênios são curvos.
Fotomicrografia 4.1: Textura subofítica, onde os
plagioclásios englobam os piroxênios. Polarizadores
cruzados. Aumento 100 X. Amostra JA-02.
Fotomicrografia 4.2: Textura porfirítica com matriz
fina a afanítica. Sem analisador. Aumento 25 X.
Amostra JA-01.
43
44
Os cristais de plagioclásio encontram-se maclados polissinteticamente segundo a lei
albita e albita-Carlsbad, sendo que muitas vezes as lamelas de geminação mostram-se
completas, parciais, ausentes ou em formato de agulha (Fotomicrografia 4.6) formando nos
grãos áreas não geminadas e microfraturadas. Suas composições obtidas através dos
geminados albita, pelo método Michel-Levy (KERR, 1959) forneceram valores que se
referem a variação andesina-labradorita (An 60-41%). Os cristais apresentam-se
microfraturados e com extinção ondulante.
Fotomicrografia 4.3: Aglomerado de plagioclásio com
geometria em “Y”. Sem analisador. Aumento de 100 X.
Amostra JA-01.
Fotomicrografia 4.4: Aglomerado de plagioclásio
com geometria em “T”. Sem analisador. Aumento
100 X. Amostra JA-01.
Fotomicrografia 4.5: Aglomerado de plagioclásio com geometria em “V”. Sem analisador. Aumento 100 X.
Amostra JA-01.
45
Os piroxênios são classificados como augita e ocupam cerca de 10% da rocha total.
São representados predominantemente por microfenocristais (tamanho médio = 0,5 mm) e
fenocristais (tamanho médio = 1,5 mm) de augita.
Os cristais de augita com tamanho variando entre 0,5 a 1,5 mm caracterizam-se por
seu relevo médio. Geralmente apresentam-se anedrais a subedrais e frequentemente são
circundadas pelos plagioclásios gerando a textura subofítica e, subordinadamente, englobam
parcialmente os plagioclásios caracterizando a textura ofítica (Fotomicrografia 4.7). Os
cristais apresentam-se microfraturados.
Os cristais de olivina ocupam cerca de 3% da rocha quando estão presentes na matriz e
cerca de 4% quando fenocristais. Possuem tamanho médio em torno de 1,0 mm quando
fenocristais e tamanho médio de 0,3 mm quando presentes na matriz. Apresentam-se anedrais,
com formatos arredondados (Fotomicrografia 4.8).
Fotomicrografia 4.6: Plagioclásio maclado
possinteticamente com geminação albita-Carlsbad em
forma de agulha. Polarizadores cruzados. Aumento 100
X. Amostra JA-02.
Fotomicrografia 4.7: Textura ofítica representando
plagioclásios (Pl) inclusos em cristais de augita (Aug).
Polarizadores cruzados. Aumento 100 X. Amostra JA-
02.
46
Foi possível coletar amostras representativas do contato com a rocha granulítica
(Amostra JA-01c) com a ajuda da máquina perfuratriz (Foto 4.1). As amostras JA-03, JA-01c,
JA-01 e JA-02 representam respectivamente a migração da borda para o centro do dique
máfico (Fotomicrografias 4.9 e 4.11). A amostra JA-01c mostra claramente a gradação da
matriz afanítica para fina a medida que se afasta do contato com a encaixante
(Fotomicrografia 4.9).
Foto 4.1: Furo feito pela máquina perfuratriz para coleta de
amostras. Praia de Jardim de Alah.
Fotomicrografia 4.8: Cristal de olivina (Ol) circundado por
matriz afanítica, presença de cristais de plagioclásio (Pl).
Polarizadores cruzados. Aumento de 25 X. Amostra JA-01.
Fotomicrografia 4.9: Mosaico mostrando a gradação da matriz afanítica (B) junto à encaixante (A) para matriz fina (C) mais para o centro do dique. Polarizadores Cruzados.
Aumento 25X. Amostra JA-01c.
A B C
47
A encaixante granulítica (Fotomicrografias 4.10 e 4.12) é caracterizada pela presença
de piroxênio (80% da rocha total), quartzo (9%), biotita (5%), minerais opacos (4%) e
plagioclásio (2%).
Fotomicrografia 4.11: Contato entre dique máfico e
encaixante granulítica. Polarizadores Cruzados. Aumento
25 X. Amostra JA-01c.
Fotomicrografia 4.10: Granulito com presença de orto e
clinopiroxênio e biotita. Polarizadores Cruzados.
Aumento de 25 X. Amostra JA-03.
Fotomicrografia 4.12: Granulito, rocha encaixante dos
diques máficos. Sem analisador. Aumento 25 X. Amostra
JA-03.
47
49
4.2.1.1. Ordem de Cristalização
As relações texturais indicaram a seguinte ordem de cristalização: olivina –
plagioclásio – augita – minerais opacos (raros) – alteração das fases primárias (plagioclásio,
piroxênio e olivinas).
4.2.2. Praia da Paciência
Os diques da Praia da Paciência são representados por seis lâminas, com
granulometria média (tamanho máximo = 1,5 mm). Predomina a textura subofítica e
intergranular e os cristais estão dispostos na forma de micro a fenocristais.
A associação mineralógica é constituída em média por plagioclásio (45%), piroxênio
(34%), anfibólio (10%), biotita (6%) e minerais opacos(5%) (Fotomicrografia 4.13).
Os cristais de plagioclásio possuem uma representação volumétrica em torno de 45%
da rocha total, com dimensões variando de 0,1 a 3 mm, com predomínio médio de 1,5 mm.
Ocorrem dominantemente como fenocristais. Apresentam-se em ripas euédricas a subédricas
com hábitos curtos a alongados ou como grãos arredondados nas amostras mais deformadas.
São observados na forma de glômeros com geometria triangular (Fotomicrografia 4.14), na
forma de “V” (Fotomicrografia 4.15) ou em glômeros disformes (Fotomicrografia 4.16).
Fotomicrografia 4.13: Representação dos piroxênios
(Px), anfibólios (Anf) e plagioclásios (Pl) com
granulometria média. Sem analisador. Aumento 25 X.
Amostra RV-02a.
50
Possuem contatos retos, curvos, embaiados ou com bordas corroídas entre si e curvos,
embaiados com os piroxênios e anfibólios e retos, curvos ou embaiados com as biotitas.
Nas amostras RV- 02a/b e c, os cristais de plagioclásio encontram-se com geminação
albita e albita-Carlsbad, sendo que muitas vezes as lamelas mostram-se completas, parciais
ou em forma de agulha (Fotomicrografia 4.17). Os grãos encontram-se microfraturados.
Fotomicrografia 4.14: Glômero de plagioclásios (Pl)
em forma triangular caracterizando a textura intergranular. Polarizadores cruzados. Aumento de 100
X. RV-02b.
Fotomicrografia 4.15: Glômero de plagioclásios (Pl) em
forma de “V”. Polarizadores cruzados. Aumento de 25 X. Amostra RV-02b.
Fotomicrografia 4.16: Glômero de plagioclásios (Pl) com
geometria disforme. Polarizadores cruzados. Aumento de
25 X. Amostra RV-02b.
51
Os cristais de piroxênio estão presentes em todas as amostras. Ocupam em média 34%
do volume total da rocha, moda feita pela média das lâminas da respectiva praia. São
representados por macro a fenocristais. São classificados como augita, devido a sua extinção
inclinada, ângulo 2V em torno de 43°, sua birrefringência alta e relevo médio.
O anfibólio, nas amostras RV-01a, b e c, encontra-se disperso pela lâmina e associado
às biotitas. Já nas amostras RV-02a, b e c ocorre nas bordas dos piroxênios caracterizando o
processo de uralitização. É classificado como hornblenda, apresenta-se anédrico e possue
coloração esverdeada.
Os cristais de biotita se encontram na forma de grãos subédricos a anédricos
associados ou não à hornblenda (processo de uralitização) nas amostras RV-01a, b e c.
Ocupam cerca de 3% do volume da rocha.
A apatita está inclusa nos plagioclásios, biotitas e anfibólios. É pouco expressiva nas
lâminas, ocupa menos de 1% do volume total das lâminas.
4.2.2.1. Ordem de Cristalização
As relações texturais indicaram a seguinte ordem de cristalização: plagioclásio –
augita – minerais opacos – alteração das fases minerais primárias (plagioclásio –
saussuritização, augita – hornblenda – biotita e minerais opacos).
Fotomicrografia 4.17: Plagioclásio com geminação
polissintética em forma de agulha indicado pelo círculo
vermelho. Polarizadores cruzados. Aumento de 25 X.
Amostra RV-02c.
52
4.2.3. Praia de Ondina
O dique máfico da Praia de Ondina é representado por duas lâminas (OT-01 e OT-02),
com granulometria média (tamanho máximo 1,5 mm). Predomina a textura subofítica e,
subordinadamente, a intergranular e ofítica, sendo que os cristais estão dispostos em macro
(tamanho médio = 5 mm), fenocristais (tamanho médio = 1mm) e microfenocristais (tamanho
médio = 0,5 mm).
A associação mineralógica principal da rocha é constituída por plagioclásio, piroxênio
e anfibólio, tendo a biotita e minerais opacos de forma subordinadas (Fotomicrografia 4.18).
Os cristais de plagioclásios possuem uma representação expressiva (em média 43% do
volume da rocha), dimensões variando entre 0,3 e 5 mm, com predomínio médio em torno de
1 mm e ocorrem dominantemente como macro e fenocristais. Apresentam-se em ripas
subédricas a anédricas, mas ocorrem na forma euédrica também. Hábitos curtos a alongados
dispostos em aglomerados englobando piroxênio e anfibólio, em forma triangular, caracteriza
a textura intergranular (Fotomicrografia 4.19). Ocorrem também em glômeros na forma de
“V” (Fotomicrografia 4.20) e na forma de cruz (Fotomicrografia 4.21). Possuem contatos
retos, curvos e embaiados entre si e contatos curvos, reentrantes e com bordas corroídas com
cristais de piroxênio.
Fotomicrografia 4.18: Visão geral da lâmina do dique da Praia de Ondina. Sem analisador. Aumento 25 X. Amostra
OT-01.
53
Os cristais de plagioclásio encontram-se ainda maclados polissinteticamente segundo a
lei da albita e albita-Carlsbad, sendo que muitas vezes as lamelas mostram-se completas ou
parciais. Suas composições obtidas através dos geminados albita-Carlsbad, pelo método
Michel-Levy (KERR, 1959) forneceram valores que se referem a variação andesina-
labradorita (An 46-64%). Os grãos encontram-se bastante microfraturados. Alguns grãos
apresentam o centro mais alterado do que as bordas dando um aspecto nublado, classificado
Fotomicrografia 4.19: Aglomerado de plagioclásio em
forma triangular envolvendo piroxênio (Px), anfibólio
(Anf) e biotitas caracterizando a textura intergranular.
Sem analisador. Aumento 100X. Amostra OT-02.
Fotomicrografia 4.20: Glômero de plagioclásio (Pl) em
forma de “V”. Ocorre ainda piroxênio (Px), anfibólio
(Anf) e biotita (Bt). Sem analisador. Aumento 100X.
Amostra OT-02.
Fotomicrografia 4.21: Glômero de plagioclásio (Pl) em
forma de cruz. Sem analisador. Aumento 100 X. Amostra OT-02.
54
como saussurituzação, ao centro do cristal, lembrando um zoneamento (Fotomicrografia
4.22).
Os cristais de piroxênio ocupam cerca de 32% do volume da rocha, são representados
dominantemente por macrofenocristais (tamanho médio = 5mm). São classificados como
augita, possuem extinção inclinada, ângulo 2V em torno de 56°. Ocorrem em cristais
anédricos e mostram-se muito fraturados. Observa-se a alteração dos cristais de piroxênio
para anfibólio caracterizando o processo de uralitização (Fotomocrografia 4.23).
Fotomicrografia 4.22: Grão de plagioclásio com centro mais
alterado que borda, dando um aspecto nublado ao mesmo. Polarizadores cruzados. Aumento de 200 X. Amostra OT-01.
Fotomicrografia 4.23: Augita (Aug) sofrendo processo de
uralitização e se transformando em anfibólio (Anf), mineral
opaco (Op) presente. Sem analisador. Aumento de 100 X.
Amostra OT-01.
55
O anfibólio ocupa 12% do volume da rocha total e restringe-se as bordas da augita,
normalmente em lamelas anédricas de coloração verde com fraco pleocroísmo, às vezes
aparecendo interdigitado com cristais subédricos a anédricos de biotita. O contato com o
piroxênio sugere que são produtos de alteração dos mesmos (Fotomicrografia 4.24).
A biotita ocupa 1% do volume da rocha total e ocorre como grãos subédricos a
anédricos, com coloração castanha a castanho-esverdeada interdigitados com os cristais de
anfibólio (Fotomicrografia 4.25).
Fotomicrografia 4.24: Contato entre augita (Aug) e
anfibólio (Anf) no processo de uralitização. Sem
analisador. Aumento 100 X. Amostra OT-02.
Fotomicrografia 4.25: Biotita (Bt) associada a anfibólio
(Anf) e piroxênio (Aug), minerais opacos (Op) presentes.
Sem analisador. Aumento 100 X.
56
Os minerais opacos representam 11% do volume total da rocha. Apresentam-se
preferencialmente na forma de micro a fenocristais de forma subédrica a anédrica
(Fotomicrografias 4.21 e 4.23).
A apatita é pouco representativa na rocha, não passando de 1% do volume total da
amostra. Ocorre em forma acicular como inclusões no plagioclásio.
4.2.3.1. Ordem de Cristalização
As relações texturais indicaram a seguinte ordem de cristalização: plagioclásio –
augita – minerais opacos – alteração das fases minerais primárias (plagioclásio –
saussuritização, augita – hornblenda + biotita+ minerais opacos).
57
5. CAPÍTULO V – GEOQUÍMICA PRELIMINAR
Para análise do comportamento geoquímico dos diques máficos das praias de Jardim
de Alah e Ondina foram utilizados os dados químicos de elementos maiores e traço de Moraes
Brito (1992) (Tabela 5.1). Para a Praia da Paciência não foi possível fazer esse estudo, devido
à falta de dados químicos.
Devido ao número restrito de análises químicas (seis análises dos diques máficos da
praia de Jardim de Alah e seis análises químicas da Praia de Ondina), o tratamento de dados
foi realizado em conjunto.
5.1. CLASSIFICAÇÃO E NOMENCLATURA
Para a classificação e nomenclatura foram utilizados os diagramas sílica versus álcalis
total (TAS) (COX et al., 1979), A (Na2O + K2O) – F (FeOt) – M (MgO) (IRVINE &
BARAGAR, 1971) e Log Nb/Y versus Log Zr/TiO2 (WINCHESTER & FLOYD, 1977).
O diagrama TAS, proposto por Cox et al. (1979), foi recomendado pela Subcomissão
de Sistemática de Rochas Ígneas como um esquema classificatório internacionalmente aceito
para todas as rochas vulcânicas. Para seu uso, todos os óxidos de elementos maiores foram
normalizados para 100%, em base anidra.
Na Figura 5.1, observa-se que os diques máficos das praias de Jardim de Alah e
Ondina plotam no campo dos basaltos. De forma geral, as razões álcalis/sílica mostram-se
baixas, caracterizando o caráter toleítico das amostras estudadas.
Praia Praia de Jardim de Alah Praia de Ondina
Elementos Maiores
Amostra 6053 6344 6345 6346 6348 6056 6057 6396 6397 6398 6399
SiO2 44,42 48,32 48,86 46,16 48,73 46,6 45,77 48,33 50,48 47,88 52,18
TiO2 2,74 2,68 2,64 2,51 2,58 2,88 3,32 3,55 2,37 3,37 2,42
Al2O3 13,51 14,82 14,98 13,29 15,14 14,3 13,26 13,01 16,98 12,37 13,38
Fe2O3 3,82 0,91 3,58 2,78 1,76 2,86 3,22 3,24 2,37 3,36 2,98
FeO 10,6 11,32 8,79 9,94 11,18 11,32 11,98 12,07 8,91 11,87 10,47
FeOT 14,04 12,14 12,01 12,44 12,76 13,89 14,88 14,99 11,04 14,89 13,15
Fe2O3T 15,6 13,49 13,35 13,82 14,18 15,44 16,53 16,65 12,27 16,55 14,61
MnO 0,23 0,21 0,21 0,23 0,2 0,24 0,24 0,24 0,19 0,24 0,23
MgO 6,87 5,76 5,52 6,48 5,71 5,33 5,63 5,32 3,73 6,73 4,22
CaO 8,66 9,41 9,51 10,04 9,56 9,49 9,21 9,14 9,1 8,83 6,84
Na2O 2,54 2,99 2,99 2,61 3,03 2,67 2,59 2,53 3,05 2,25 2,82
K2O 0,71 0,59 0,51 0,41 0,52 0,81 0,83 0,89 0,84 0,75 1,63
P2O5 0,92 0,51 0,48 0,3 0,49 0,64 0,54 0,76 0,64 0,57 0,98
P.F. 3,80 1,56 1,01 4,72 1,19 1,59 2,07 1,15 1,49 2,03 2,06
mg# 0,33 0,32 0,31 0,34 0,31 0,28 0,27 0,26 0,25 0,31 0,24
Total 98,82 99,08 99,08 99,47 100,09 99,74 98,67 100,23 100,15 100,25 100,21
Elementos Traço
Cr 63 114 95 164 107 103 109 61 18 61 20
Ni 108 48 57 55 51 53 57 37 20 35 14
Rb 23 20 17 23 20 24 28 24 23 22 43
Ba 537 243 271 187 271 419 400 337 366 302 708
Sr 302 282 284 284 286 268 246 285 369 269 323
Nb 21 22 21 23 21 24 23 28 24 24 35
Zr 187 185 177 183 178 184 197 280 251 243 416
Y 44 46 39 46 44 55 55 52 46 47 69
La 36 25 28 22 25 30 32 19 18 13 46
Ce 76 51 39 38 41 64 69 46 43 36 76
Nd 0 32 27 26 24 0 0 24 26 19 39
Tabela 5.1: Análises químicas de elementos maiores (% em peso) e traço (em ppm) dos diques máficos das praias de Jardim de Alah e Ondina.
P.F. = Perda ao Fogo, mg# = [MgO/(Mgo + FeOt)].
58
O diagrama da Figura 5.2 mostra a classificação e nomenclatura baseada nos
elementos Nb/Y versus Zr/TiO2 * 0,001, segundo Winchester & Floyd (1977), no qual as
amostras dos diques máficos das praias de Jardim de Alah e Ondina plotaram no campo dos
basaltos sub-alcalinos, com apenas uma amostra (6396) tendendo ao campo dos andesitos.
Figura 5.2: Diagrama Nb/Y versus Zr/TiO2 de Winchester & Floyd
(1977) para os diques máficos das praias de Jardim de Alah e Ondina.
Símbolos como na fiigura 5.1.
Figura 5.1: Diagrama de classificação SiO2 versus álcalis (TAS) (Cox et. al., 1979) para os
diques máficos das praias de Jardim de Alah e Ondina.
59
60
No diagrama AFM (Figura 5.3), as amostras de diques das praias de Jardim de Alah e
Ondina seguem o trend da suíte toleítica do Havaí, destacando um enriquecimento em FeOt
em relação ao MgO, típica de suítes evoluídas a baixa fO2. Percebe-se que os diques de
Jardim de Alah são menos evoluídos que os diques da Praia de Ondina, isso é notado pelo
número de magnésio (Tabela 5.1).
5.2. AMBIÊNCIA TECTÔNICA
O ambiente tectônico para as rochas filoneanas foi definido pelo diagrama Pearce &
Norry (1979) que relaciona Zr versus Zr/Y (Figura 5.4), e mostrou que todos os diques
máficos das praias de Jardim de Alah e Ondina são intraplaca.
Figura 5.3: Diagrama A (Na2O),F (FeOt), M (MgO),
segundo Irvine & Baragar (1971) para os diques máficos
da Praia de Jardim de Alah e Ondina. Símbolos como na figura 5.1.
61
10 100 10001
10
20
A - Basaltos Intraplaca
B - Basaltos de Arco de Ilha
C - Basaltos de Cordilheira Meso
Oceânica
A
B C
Zr
Zr
/Y
5.3. COMPORTAMENTO GEOQUÍMICO DOS ELEMENTOS MAIORES E
TRAÇO
Para a análise da evolução magmática dos filões máficos das praias de Jardim de Alah
e Ondina foram feitos diagramas binários que permitiram analisar o comportamento dos
elementos maiores e traço em relação ao magnésio (MgO), utilizado como índice de evolução.
Os valores de MgO são inversamente proporcionais à evolução magmática, ou seja à
medida que vai diminuindo a concentração de magnésio, maior é o fracionamento do magma.
Em Jardim de Alah os teores de MgO variaram de 5,52 % a 6,87 %, e os valores de SiO2 entre
46,16 % a 48,86 %, enquanto que para os diques máficos da praia de Ondina, os teores de
MgO foram de 3,73% a 6,73% e SiO2 entre 45,77% a 52,18% (Tabela 5.1), comprovando o
que foi dito no AFM.
O número de magnésio (mg# = [MgO/(Mgo + FeOt)]) para magmas basálticos
primários variam de 0,74 a 0,95 (JACQUES & GREEN, 1980). Os diques máficos das praias
de Jardim de Alah (mg# = 0,31 a 0,34) e Ondina (mg# = 0,24-0,31) são mais evoluídos. No
entanto, observa-se que os diques máficos de Jardim de Alah são menos evoluídos que os de
Ondina, corroborando com a descrição petrográfica, na qual, os diques máficos de Jardim de
Figura 5.4: Diagrama Zr versus Zr/Y de Pearce & Norry (1979) para
os diques máficos das praias de Jardim de Alah e Ondina. Símbolos
como na figura 5.1.
62
Alah possuem olivina presente e nos diques máficos de Ondina não foi observada essa fase
mineral.
A partir da análise dos elementos maiores de acordo com os diagramas binários
Harker (1909) (Figura 5.5), percebeu-se, para ambos os grupos, que Al2O3, Na2O, K2O e SiO2
aumentam seus teores à medida que o magma vai fracionando, apresentando, portanto, um
comportamento esperado sendo que é notável a diferença no comportamento entre os dois
diques. Já os elementos CaO e FeOt mantêm suas concentrações estáveis durante a evolução
magmática, com uma leve tendência ao empobrecimento refletindo o fracionamento da
olivina, piroxênio e plagioclásio. O TiO2 e P2O5 apresentam comportamento difuso mas
percebeu-se acompanham o sentido da evolução. O comportamento de CaO e Al2O3 sugere a
importância do plagioclásio no fracionamento magmático.
Os elementos traço compatíveis (Figura 5.6) como Ni e Cr diminuem seus teores à
medida que diminui o teor de MgO, isso sugerindo a cristalização de minerais como olivina e
clinopiroxênio. Os elementos incompatíveis chamados HFS (High Field Strenth – Alto Carga
de Valência) como Zr, Ti e Nb aumentam seus teores à medida que o magma vai fracionando.
O terra rara leve Ce apresenta uma leve dispersão porém é possível admitir um trend
crescente à medida que o magma evolui, comprovando a incompatibilidade do mesmo.
Para os elementos incompatíveis chamados LIL (Large Ion Litophile – Grandes Íons
Litófilos) como o Ba, Sr e Rb há um aumento de seus teores durante o fracionamento. O
comportamento do Ba e do Rb sugere a pouca importância do k-feldspato no fracionamento
dos diques máficos, e o Sr ao fracionamento de plagioclásio. O Nb e o Y apresentam o mesmo
comportamento dos LILE.
63
Figura 5.5: Diagrama de variação entre MgO (% em peso) versus óxidos de elementos maiores para os
diques máficos das praias de Jardim de Alah e Ondina. Símbolos como na figura 5.1.
Figura 5.6: Diagrama de variação entre MgO (% em peso) versus elementos traço (ppm) para os diques máficos das praias de Jardim de
Alah e Ondina. Símbolos como na figura 5.1.
64
Y
6. CAPÍTULO VI - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho foi apresentado o estudo dos aspectos de campo, petrográfico e
geoquímico preliminar dos diques máficos não metamórficos das praias de Jardim de Alah,
Paciência e Ondina. O tratamento desses dados permitiu fazer as seguintes considerações:
- Os diques máficos não-metamórficos das Praias de Jardim de Alah, Paciência e
Ondina pertencem a Província Litorânea, de idade 1021 ± 8 Ma datada a partir de biotita pelo
método Ar-Ar, são encaixados em rochas metamórficas de alto grau que estão inseridas na
Faixa Salvador-Esplanada na porção leste do Cráton do São Francisco;
- Os aspectos de campo dos diques máficos das praias de Jardim de Alah, Paciência e
Ondina mostraram que, de forma geral, são de cor preta, finos a afaníticos, tabulares, verticais
com contatos retos, curvos a sinuosos com a encaixante e suas espessuras podem variar de
poucos centímetros a 50 m (Praia de Ondina);
- Os diques máficos da Praia de Jardim de Alah são porfiríticos, com fenocristais de
plagioclásio, augita e olivina, com matriz afanítica a fina de plagioclásio, augita e minerais
opacos. Apresentam além da textura porfirítica, a subofítica, intergranular e ofítica. As
relações texturais permitiram indicar como ordem de cristalização dos minerais: olivina –
plagioclásio – augita – minerais opacos, seguida dos minerais de alteração, provenientes da
diminuição da temperatura;
- Os diques máficos da Praia da Paciência são compostos por cristais de plagioclásio,
augita e minerais opacos e apresentam granulometria média. Apresentam textura subofítica e
intergranular. Observou-se o processo de uralitização responsável pela alteração da fase
mineral primária (plagioclásio – saussuritização, augita – hornblenda+biotita+minerais
opacos). As relações texturais permitiram indicar a seguinte ordem de cristalização dos
minerais: plagioclásio – augita – minerais opacos – minerais de alteração (hornblenda, biotita,
minerais opacos e saussuritização).
- Os diques máficos da Praia de Ondina são compostos por plagioclásio, augita e
minerais opacos e apresentam granulometria média. Apresentam textura subofítica,
intergranular e ofítica. As relações texturais permitiram indicar a ordem de cristalização dos
minerais: plagioclásio – augita – minerais opacos – alteração das fases minerais primárias
(processo de uralitização: augita – hornblenda – biotita – minerais opacos);
- A geoquímica preliminar dos diques máficos das praias de Jardim de Alah e Ondina,
permitiu classificá-los como basaltos intraplaca de caráter toleítico. Observou-se que os
65
66
diques máficos da praia de Jardim de Alah são menos evoluídos que àqueles da praia de
Ondina;
- O comportamento dos elementos SiO2, Na2O, K2O e Al2O3 aumentam seus teores
com a evolução magmática, enquanto que FeOt e CaO mantêm seus valores estáveis ou com
leve empobrecimento. Este comportamento caracteriza a cristalização de plagioclásio e
piroxênio como fases minerais importantes e está de acordo com o esperado;
- Cr e Ni possuem comportamento compatível com a evolução magmática o que
sugere a cristalização de olivina e clinopiroxênio, enquanto que os elementos HFS (Zr e Nb) e
LIL (Ba, Sr e Rb) se comportam de forma incompatível, tendo seus teores aumentados no
líquido residual.
67
7. CAPÍTULO VII - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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