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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIBLIOTECONOMIA
JANAINA REGO DA SILVA LIMA
COMPETÊNCIA EM INFORMAÇÃO NO ÂMBITO ESCOLAR: O PROFESSOR COMO AGENTE DE COMPETÊNCIAS E HABILIDADES INFORMACIONAIS
NATAL-RN
2017
JANAINA REGO DA SILVA LIMA
COMPETÊNCIA EM INFORMAÇÃO NO ÂMBITO ESCOLAR: O PROFESSOR COMO AGENTE DE COMPETÊNCIAS E HABILIDADES INFORMACIONAIS
Monografia apresentada ao departamento de Ciência da Informação como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Orientador: Professora Dr.ª Luciana Moreira Carvalho
NATAL/RN
2017
Catalogação da Publicação na Fonte
UFRN/Biblioteca Setorial do CCSA
JANAINA REGO DA SILVA LIMA
COMPETÊNCIA EM INFORMAÇÃO NO ÂMBITO ESCOLAR: O PROFESSOR COMO AGENTE DE COMPETÊNCIAS E HABILIDADES INFORMACIONAIS
Monografia apresentada ao departamento de Ciência da Informação como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Aprovado em: __/__/___
Prof.ª Dr.ª Luciana Moreira Carvalho
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(Orientadora)
Prof.ª M.ª Antônia de Freitas Neta Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(1ª Examinadora)
Prof.ª Ivanny Rhavenna Medeiros de Oliveira Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(2ª Examinadora)
AGRADECIMENTOS
Nesta universidade, vivi momentos maravilhosos, aqui construí meu alicerce
profissional com a ajuda de todo o corpo docente e coordenação, conheci pessoas
maravilhosas com as quais pude compartilhar também de seus saberes e, em alguns
casos, também da amizade. A essas pessoas ofereço minha gratidão, pois este
trabalho é também fruto de nossas trocas e, por isso, é obra de todos nós.
Agradeço em especial a Dinamene Rego, minha irmã; Gustavo Medeiros, meu
cunhado; Fernanda Costa, Valeska di Sena, Mário Carlos, amigos da vida inteira;
Mariana Teixeira, amiga dedicada; Fátima Rego, minha mãe; meus amados filhos,
que são toda a minha vida, Cadu, Camila e Rafinha; ao meu esposo, Jason Lima.
Ademais, mostro todo o meu agradecimento à minha orientadora, Luciana
Moreira de Carvalho, pelo dedicado ensinamento, orientação, estímulo e amizade e
por ter me transmitido incansáveis informações.
A, dona Ita e seu Genivaldo, pela grande generosidade; e a todos os meus
demais amigos que contribuíram direta ou indiretamente, incentivando-me para a
conclusão de mais esta etapa.
Se as pessoas forem esclarecidas, atuantes e se
comunicarem em todo o mundo; se as empresas
assumirem sua responsabilidade social; se os meios de
comunicação se tornarem mensageiros, e não apenas
mensagem; se os atores políticos reagirem contra a
descrença e restaurarem a fé na democracia; se a
cultura for reconstruída a partir de experiências; se a
humanidade sentir a solidariedade da espécie em todo o
globo; se consolidarmos a solidariedade inter-regional,
vivendo em harmonia com natureza; se partirmos para
exploração de nosso ser interior, tendo feito as pazes
com nós mesmos. Se tudo isso for possibilitado por
nossa decisão bem informada, consciente compartilhada
enquanto ainda há tempo, então talvez, finalmente
possamos ser capazes de viver, amar e ser amado.
Manuel Castells
RESUMO
Analisa o uso das novas tecnologias no contexto escolar e a habilidade em
competência em informação para professores imigrantes digitais, alicerce
indispensável para a interação pedagógica no âmbito educacional. Estabelece
conceito de imigrante digital e nativo digital, destacando o papel da biblioteca escolar
e da competência em informação dos docentes como forma de otimizar as práticas de
ensino, através de mediação do ensino-aprendizagem e a adaptação do professor
imigrante digital com as tecnologias de informação e comunicação. A metodologia da
pesquisa é de natureza qualitativa, e utiliza como método o estudo de caso. Como
técnicas de coleta de dados foram utilizadas a revisão bibliográfica e a entrevista
estruturada, analisando o uso das novas tecnologias e de como os professores se
apropriaram desse novo contexto. Considera que a competência em informação está
conectada ao processo de ensino aprendizagem. Destaca o papel do bibliotecário
como agente mediador entre professor e as fontes de informação. Conclui-se que a
informação na era digital precisa ser direcionada e que os indivíduos envolvidos nesse
processo devem possuir habilidades e competência em informação para que
canalizem sua busca e disseminação, e nesse sentido, os professores imigrantes
digitais devem buscar desenvolver práticas educacionais aliadas às tecnologias
digitais. Além disso, acreditamos que o bibliotecário, atuante em biblioteca escolar é
necessário para o desenvolvimento de habilidades e competência em informação,
através da mediação de conhecimento para professores e alunos.
Palavras-chave: Biblioteca escolar – Bibliotecário. Biblioteca Escolar – Tecnologias digitais. Competência em informação. Mediação da informação. Professor-Imigrante Digital. Professor-Nativo Digital.
ABSTRACT The present work analyzes the use of new technologies in the school context and the skills in competence in information for digital immigrant teachers, an indispensable foundation for pedagogical interaction in education. It also establishes the concept of digital natives and digital immigrants, highlighting the roles of the school library and the competence in information of teachers to optimize teaching and learning practices through mediation and adaptation of the digital immigrant teacher to information and communication technologies. This is a qualitative research that uses the case study methodology. Among the techniques of data collection available in the qualitative paradigm, the bibliographic review and the structured interview were used. In this study, we remark the connection between the competence in information and the process of teaching and learning, as well as the role of the librarian as a mediator between teacher and the sources of information. It is possible to conclude that information in the digital era needs to be goal-oriented and that the individuals involved in this process must possess the skills and competence in information to improve the ways they use to seek and disseminate knowledge, and in this sense, digital immigrant teachers should develop educational practices associated with digital technology tools. In addition, we believe that the librarian, who works in a school library, is a necessary actor for the development of skills and competence in information, through the mediation of knowledge for teachers and students. Key words: School library - librarian. School library - digital technology. Competence
in information. Mediation of information. Digital immigrant teacher. Digital native teacher.
LISTA DE SIGLAS
IFLA - International Federation of Library Associations and Institutions
LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
MEC - Ministério da Educação
PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais
TIC – Tecnologia de Informação e Comunicação
Unesco - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11
2 AS TECNOLOGIAS DIGITAIS NO CONTEXTO INFORMACIONAL .................... 15
3 BIBLIOTECA ESCOLAR ....................................................................................... 19
3.1 MEDIAÇÃO DA INFORMAÇÃO NA BIBLIOTECA ESCOLAR ............................ 22
3.2 EDUCAÇÃO DE USUÁRIO: NATIVOS E IMIGRANTES DIGITAIS .................... 24
4 COMPETÊNCIA INFORMACIONAL NO ÂMBITO DA BIBLIOTECA ESCOLAR 29
4.1 O QUE É COMPETÊNCIA EM INFORMAÇÃO? ................................................. 32
4.2 O BIBLIOTECÁRIO E O USO DA INTERNET NO CONTEXTO EDUCACIONAL
.................................................................................................................................. 34
4.3 O BIBLIOTECÁRIO E A COMPETÊNCIA EM INFORMAÇÃO ............................ 36
5 PERCURSO METODOLÓGICO ............................................................................ 40
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 43
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 51
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 54
APÊNDICE: TRANSCRIÇÃO DAS ENTREVISTAS ................................................. 58
11
1 INTRODUÇÃO
Esta monografia aborda assuntos como sociedade e tecnologia, bem como
mediação da informação em biblioteca escolar, educação de usuário: nativos e
imigrantes digitais, aliados a competência em informação e uso das tecnologias
digitais no contexto educacional de uma escola pública de ensino médio.
Dessa forma a pesquisa de campo se deu por meio de entrevista, e buscou-se
investigar a competência em informação para professores do ensino médio.
O interesse por essa pesquisa se deu a partir de conversas informais com
professores da rede pública de ensino do estado do Rio Grande do Norte, sobre a
dificuldade de efetuar pesquisa e de como realizá-la de forma eficiente e abranger
aprendizagens mais profundas, devido as transformações tecnológicas que a
sociedade presenciou com o surgimento das novas tecnologias de informação e
comunicação.
Tem como objetivo refletir sobre as habilidades no uso das tecnologias por
professores imigrantes digitais e por estudantes, nativos digitais, no contexto da
biblioteca escolar. Em um contexto específico, suas habilidades com as novas
tecnologias, sendo estes, professores imigrantes digitais no auxílio aos alunos nativos
digitais, para produzir o hábito de pesquisa com fonte segura à sua necessidade
informacional específica.
E como objetivo específico, investigar como estão os professores no processo
ensino aprendizagem, se possuem fluência tecnológica, ou seja, se sabem utilizar as
novas tecnologias de informação para produzir conhecimento. Investigar práticas
tradicionais existentes em meio ao uso das tecnologias, e como a biblioteca atua no
contexto educacional.
Vale salientar que o mundo contemporâneo presenciou três revoluções
industriais, sendo que a terceira iniciou-se em meados do século passado, com a
introdução da informática, e, a partir dela, acompanhou uma necessidade de os
indivíduos apreenderem os processos de desenvolvimento da informação por meio da
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tecnologia. Nesse contexto, mudanças significativas vêm ocorrendo e influenciando o
cotidiano de toda a sociedade.
Acompanhamos desde o séc. XIX uma evolução científica e tecnológica que
não veio acompanhada da evolução da educação formal para os indivíduos desta
sociedade. Isso pode ser demonstrado, principalmente, em países com déficits
educacionais, como é o caso do Brasil. Esses dados se fazem importantes, uma vez
que há uma distância entre as ciências e as técnicas e a forma como os indivíduos
recebem a educação formal para poder transformar a realidade em que vivem.
Ora, esse é um dos objetivos primeiros da humanidade, qual seja, transformar
o meio em que vive. Se temos uma sociedade com alto grau de desenvolvimento
tecnológico e, ao mesmo tempo, essa mesma sociedade não socializa esse
conhecimento para os seus membros, é fato que veremos acontecer o que
presenciamos nos dias atuais, problemas cotidianos, desde como se fazer uma
pesquisa informacional simples, e não saber como, até pessoas sem saber lidar com
as TIC de uma maneira geral. Isso acarreta desde transtornos simples até
desemprego em massa.
A partir disso, precisamos revolucionar a educação para que as pessoas
possam estar inseridas nesta nova sociedade. Revolucionar, pois o que se observa é
um distanciamento, muitas vezes cruel, do tipo de educação que se tem nos dias
atuais, para aquilo que realmente a sociedade informacional necessita. As escolas do
século XXI estão com a mentalidade de século XVIII, conteúdos curriculares que não
usam as TIC como suporte informacional e, apesar de haver documentos
embasadores como LDB (Lei de Diretrizes e Bases), PCN (Parâmetro Curricular
Nacional), manifesto da IFLA/Unesco (Internacional Federation of Library Associations
and Institutions) que alertam para o uso das tecnologias de informação e comunicação
a prática do cotidiano denuncia o nó da educação formal em comparação com a
evolução científica e tecnológica.
Antes de se avançar, faz-se necessário o entendimento da competência em
informação, que é a habilidade de compreender matérias, ler criticamente, usar
materiais complexos e aprender por si.
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Outro ponto importante é o do ofício do bibliotecário na sociedade atual. Nos
dias de hoje, esse profissional não é um mero mediador de leitura, como outrora; ele
deverá transpor os muros do tecnicismo bibliotecário e resgatar, através da biblioteca
escolar, por exemplo, seu papel como mediador do uso das tecnologias
informacionais, valorizando a pesquisa como princípio educativo. É preciso, para isso,
termos o que não tivemos ainda: bibliotecários nas escolas para mediar conhecimento
com os professores.
Os professores imigrantes digitais e alunos nativos digitais são o foco da
pesquisa em questão, como assunto embasador, a competência em informação aliada
ao novo contexto educacional.
O capítulo dois trata da sociedade e tecnologia informacional e de como os
processos de avanço tecnológico modificam a sociedade como um todo, que vai
desde a aldeia global até a era digital, a chamada sociedade da informação.
No capitulo três, mostra um breve histórico sobre a biblioteca escolar e suas
características, analisando o seu papel no âmbito escolar, bem como a mediação da
informação e educação de usuário, frisando os conceitos de imigrantes e nativos
digitais.
O capítulo seguinte assinala a competência em informação no ambiente da
escola e o surgimento do conceito em si, sua função pedagógica e o bibliotecário
participando ativamente de todo o processo, considerando o bibliotecário atual e o uso
da internet no contexto escolar e a fomentação da competência em informação no
próprio profissional.
O quinto capítulo se refere à metodologia, explana os métodos utilizados, que
foram o estudo de caso e a entrevista estruturada. Mostra como se deu a análise e
descreve o universo da pesquisa.
O capitulo sexto descreve a análise dos dados coletados e posterior
interpretação das respostas, tendo como embasamento o referencial teórico
apresentado.
Por fim, as considerações finais sustentam o objetivo da pesquisa e nos mostra a
importância do bibliotecário atuar em biblioteca escolar e que o seu papel como
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mediador no processo ensino aprendizagem é fundamental. O papel do professor no
uso das novas tecnologias em sala de aula, sendo este um dos profissionais
responsáveis por selecionar informação. Ninguém melhor que o especialista para
saber o que é bom e o que não é, o bibliotecário é um mediador que pode potencializar
o uso das fontes existentes na biblioteca, fortalecendo assim o ambiente educacional.
15
2 AS TECNOLOGIAS DIGITAIS NO CONTEXTO INFORMACIONAL
Durante um longo tempo, a propagação de informações entre indivíduos se dava
de forma bastante morosa. Não havia meios de difusão de conhecimento em massa.
Existia uma tribalização das informações, segundo McLuhan (1998), porque a
abrangência comunicativa se resumia a localidades, havendo uma significativa
lentidão para que acontecesse o espraiamento informativo.
Com o passar do tempo e com os modelos civilizatórios se tornando cada vez
mais complexos e maiores, houve um processo de destribalização, sendo necessária
uma maior difusão e de maior número de informações, porém sem haver um meio
único que concretizasse uma comunicação em massa. Têm-se meios plurais, formas
variadas de se comunicar com grupos.
Porém, alguns acontecimentos histórico-sociais promoveram uma mudança na
forma de propagação comunicativa. Levando em conta fatos como as invenções da
roda e do papel, por exemplo, McLuhan demonstra como a comunicação e o meio
social foram transformados com os avanços tecnológicos. O surgimento do papel
proporcionou a fidelidade e a possível eternização da comunicação. Já a invenção da
roda permitiu diminuir o tempo necessário para cobrir determinadas distâncias para
concretizar uma comunicação.
Todavia, o avanço tecnológico ocasionado pela eletricidade foi, segundo o autor,
o mais significativo. McLuhan, na década de 1960, quando construiu suas teorias,
fazia referência à televisão e aos satélites, que permitiriam a comunicação muito
rápida entre os povos. A partir dessa nova etapa histórica, surge a aldeia global
(1998), conceito desenvolvido pelo teórico canadense, como forma de explicar os
efeitos da comunicação de massa sobre a sociedade contemporânea.
Conforme essa teoria, a extinção das distâncias e do tempo nos levaria a um
processo de retribalização, em que barreiras culturais, étnicas, geográficas, entre
outras, seriam relativizadas, direcionando-nos a uma homogeneização sociocultural.
Assim as pessoas poderiam ser guiadas por ideais comuns de uma “sociedade
mundial”.
É certo que ele não chegou a vivenciar a explosão digital advinda com a internet,
mas previu, de maneira brilhante, a chegada dessa reunificação cultural promovida
por um meio. A era digital proporciona um necessário agrupamento de ideias globais.
16
As pessoas podem se comunicar umas com as outras, sem importar a distância entre
elas.
E já não há como retroceder nesse processo. Segundo Lévy (1999), é um
processo de desterritorialização que é proporcionado pela internet – ou, como prefere
o autor, pelo ciberespaço. O ciberespaço é o mais recente meio de comunicação que
emerge na relação global entre computadores.
O ciberespaço (que também chamarei de “rede”) é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. Quanto ao neologismo “cibercultura”, especifica aqui o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço. (LÉVY, 1999, p. 17).
O ciberespaço é, portanto, um novo meio de comunicação e aprendizagem, que
abarca um âmbito global e não mais local. Nesse sentido, as TIC favorecem novas
formas de acesso à informação, novas formas de aprender e que podem ser
compartilhados entre si, ampliando o potencial de desenvolvimento humano. Dessa
forma, repensar o modelo de ensino aprendizagem no atual contexto se faz essencial
para o amadurecimento dessa nova conjuntura de aprendizagem em rede. A internet
é um meio facilitador das atividades do dia a dia, é possível fazer muita coisa sem que
tenhamos que nos deslocar, mas torna-se necessário adquirir certa capacidade para
se utilizar dessas ferramentas. Segundo Ramos:
As tecnologias da informação e comunicação são o resultado da fusão de três vertentes técnicas: a informática, as telecomunicações e as mídias eletrônicas. Elas criaram no meio social e educacional um encantamento em relação aos conceitos de espaço e distância, como as redes eletrônicas e o telefone celular, que nos proporcionaram ter em nossas mãos o que antes estava a quilômetros de distância. (RAMOS, 2014, p. 3).
Em meio ao advento da internet e dos meios digitais, é fato que as recentes
tecnologias exigem modernas habilidades e que trabalhar novas competências lança
novos desafios social, cultural e educacional, visando a uma maior intimidade com o
meio digital. Nesse mesmo sentido:
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As ferramentas digitais apresentam uma extensa lista de oportunidades, a sociedade em geral vislumbra um período onde todos tem acesso por meio da internet á cursos não presenciais, materiais pedagógicos virtuais, acesso à biblioteca online, banco de dados compartilhados, interação por teleconferência, blogs e grupos de discussão [...] (RAMOS, 2014, p. 3).
Como se nota, as tecnologias digitais estão presentes em todos os aspectos da
vida em sociedade e estão sendo usados por todos os ramos de conhecimento.
Sendo assim, a internet se tornou o meio mais eficaz de transmissão de informação,
atraindo os indivíduos e fazendo com que interajam entre si.
A biblioteca escolar desponta nesse sentido como recurso pedagógico
eficiente, pois conta agora com evidência concretas de que é possível fazer a
diferença na educação, em que a informação e o conhecimento assumem papel de
destaque, e a biblioteca poderá fazer a diferença. Kulthau (2004, p. 99) afirma que
“[…] a tecnologia é vista como instrumento para utilizar informação”, tendo em vista
que o uso desses meios requer um planejamento por parte da escola.
O bibliotecário, como mediador desse processo, poderá auxiliar todo o quadro
de docentes, sendo estes, usuários da biblioteca escolar, propiciando uma atmosfera
de colaboração, o que facilitaria a transformação da informação em conhecimento.
Nesse sentido, Neto e Freire, abordando a questão da educação (NETO; FREIRE
apud FREIRE, 2007, p. 143), afirma que se deve “saber utilizar a informação, criando
conhecimento”, sendo esta a principal competência desejada no professor, a
habilidade em pesquisa.
Vale salientar que para a Organização das Nações Unidas para a Educação,
Ciência e Cultura (Unesco), que possui um objetivo no Brasil de proporcionar acesso
à informação, alerta que, dentre os desafios propostos, está a capacitação de
professores no uso de TIC na educação.
No Brasil, as ações da Unesco nesta área priorizam projetos, programas e
debates centrados nas relações entre as TIC e a educação, fundamentalmente nas
áreas de avaliação de resultados e formação de professores; na garantia do acesso
universal às informações públicas, por meio do fortalecimento da governança
eletrônica, da política de arquivos e bibliotecas e da gestão da informação; no alcance
de um ecossistema midiático plural, com profissionais capacitados e fortalecidos e
com meios (antigos e novos) capazes de solidificar a democracia brasileira.
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O manifesto do IFLA/Unesco conta com algumas estratégias para solidificar e
implementar a atuação do bibliotecário em biblioteca escolar pública. Professores e
bibliotecários trabalham em conjunto para atingir o seguinte:
Desenvolver, instruir e avaliar a aprendizagem dos alunos ao longo do
currículo;
Desenvolver e avaliar as competências dos alunos em literacia da informação
e em conhecimento da informação;
Desenvolver planificações de atividades letivas;
Preparar e conduzir programas de leitura e eventos culturais;
Integrar tecnologias de informação no currículo;
Explicar aos pais a importância da biblioteca escolar.
Dessa forma, a abordagem do papel da biblioteca escolar e sua devida
importância fazem-se necessárias para o desenvolvimento dessas diretrizes. As
expressões-chave são facilitar o acesso à informação e desenvolver habilidades nos
usuários. O trabalho em conjunto com a equipe pedagógica e o corpo docente
facilitarão a apropriação dessas novas formas de aprender.
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3 BIBLIOTECA ESCOLAR
A biblioteca escolar brasileira é uma questão que vem sendo discutida há algum
tempo por pesquisadores que se insurgiram contra a ausência de incentivos a esse
tipo de biblioteca. Macedo (2005, p. 43) afirma que há a necessidade de equacionar
a razão desse indiferentismo em relação à biblioteca escolar e tentar sensibilizar e
engajar a todos os envolvidos no processo.
Tendo em vista a função da biblioteca escolar, vale salientar que ela não é igual
à biblioteca pública, mesmo que esta seja utilizada como escolar, pois, apesar de estar
localizada num ambiente de educação, segundo Macedo:
O objetivo principal de uma biblioteca pública é atender aos vários
segmentos da comunidade: cada grupo tem necessidades e
interesses específicos, e, por conseguinte, os serviços e produtos são
programados de conformidade com esses interesses. Alguns deles
serão dirigidos a escolares (2005, p. 171).
A biblioteca escolar pode ser vista como uma biblioteca especializada (produtos e
serviços específicos) e público-alvo diferenciado. Em relação a usuários, a biblioteca
escolar atende tanto crianças e jovens quanto adultos do ensino técnico ou supletivo
e professores da instituição.
No que se refere à mediação, Macedo (2005, p. 172) mostra que professores e
bibliotecários são atores da biblioteca escolar e, se trabalhassem juntos, poderiam
formar uma equipe desejável, mas que precisariam se apropriar de conhecimentos e
treinamentos específicos para desenvolver habilidades informacionais.
Como mediadora, a biblioteca escolar é uma instituição que organiza a utilização
dos livros, orienta a leitura dos alunos, coopera com a educação e com o
desenvolvimento cultural da comunidade escolar e dá suporte ao atendimento do
currículo da escola (VÁLIO, 1990). A biblioteca escolar é uma faceta de toda a
atividade escolar, e o bibliotecário é tanto um professor como os outros e também um
apoio e complemento para cada professor.
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Ao longo dos anos, o conceito de biblioteca escolar vem se
transformando e tem sido uma questão obrigatória em eventos que
discutem a educação, o currículo, a leitura e a pesquisa em biblioteca
escolar. Relacionar a biblioteca com a melhoria do ensino, utilizando-
a em sua plenitude, como mediadores do processo ensino
aprendizagem, parece ser uma prática ainda não implantada nas
escolas (VÁLIO, 1990, p. 20).
Sendo assim, a mudança de paradigmas e a reestruturação da biblioteca escolar
se tornam necessárias para que a criança, o jovem e o corpo docente tenham total
consciência de que o espaço biblioteca poderá ser de grande importância para o
desenvolvimento e melhor preparação para a sua vida escolar.
São muitas as dificuldades enfrentadas pelas bibliotecas escolares, desde
estrutura até a falta de profissional qualificado, o que prejudica a inserção de novas
técnicas no contexto educacional. Diante dessas limitações, mas pensando em um
melhor aproveitamento desses espaços existentes, entende-se que a competência
informacional poderá ser uma mola propulsora para a estruturação de saberes,
dinamizando o aprendizado e possibilitando que o usuário da biblioteca escolar
aprenda a aprender.
Nesse sentido, o papel da biblioteca escolar seria o de incentivar a leitura
reflexiva e a pesquisa, pois através dela o aluno terá outra concepção do texto, não
como algo estático, desprovido de sentido e de valor, mas como algo vivo, repleto de
significados e informações interessantes. Sob a égide do pensamento de Bakhtin,
podemos atestar que, na biblioteca escolar, o texto deve ser visto como dialógico, fruto
da interação social, algo que é vivo enquanto vivenciado. Para o filósofo russo, um
signo não tem um significado em si, mas receberá significações à medida que sejam
criadas situações reais em que o signo venha a ser usado por usuários social e
historicamente situados (BAKHTIN; VOLOCHINOV, 2009).
A educação tem sido um tema frequente na sociedade pós-moderna. Esta
sociedade se constituiu e se caracterizou como a sociedade do conhecimento pelo
seu desenvolvimento científico e tecnológico. Desse modo, o que se espera dos
cidadãos em idade escolar é que estejam altamente preparados intelectualmente para
que possam se suprir de conteúdo informacional adequado às suas necessidades, e
21
é no âmbito da biblioteca escolar que se podem obter excelentes resultados em
pesquisa e cognição.
Inicialmente, impõem-se os mecanismos da leitura e, a seguir, a compreensão
do que se lê. Se houver falha numa dessas etapas, se não se desenvolverem ações
que priorizem o uso da informação na escola e não dermos ao aluno um bom material,
o ensino-aprendizagem não atingirá o seu completo objetivo. Para isso, a biblioteca
escolar deve estar provida de um acervo, pois se sabe que existe um entrelaçamento
entre a aprendizagem e a prática da leitura, embora tenham sido consideradas as
sugestões vindas de toda a comunidade acadêmica e sobre os mais variados
assuntos, visto que, à medida que o aluno é motivado, a curiosidade pela leitura será
maior para obter sucesso.
Diante disso, a biblioteca escolar torna-se um local diferente dos outros
espaços educativos da escola, pois poderá promover uma interação entre aluno,
professor e bibliotecário, vinculada a uma variada gama de informações, operando
como um laboratório de autoaprendizagem. Para que a biblioteca cumpra a função
de expandir o conhecimento, é preciso diversificar o acervo e tornar possível o acesso
a ferramentas de pesquisa em pontos de consulta online e torná-la um ambiente de
descobertas; e é nesse contexto que entra a competência informacional para tomar o
seu lugar como ferramenta de motivação e incentivo à pesquisa.
Em síntese, a construção de uma educação que privilegie a competência
informacional deverá ser bem estruturada, é algo que requer engajamento e o
desenvolvimento de projetos educacionais voltados para a competência em
informação (DUDZIAK, 2001).
Segundo as Leis de Diretrizes e Bases, Art. 35, inc. III (1996), a biblioteca
escolar terá como finalidade “[…] o aprimoramento do educando como pessoa
humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e
do pensamento crítico”. Dessa forma, a competência informacional se faz necessária
para o desenvolvimento educacional e familiaridade com as novas tecnologias e
principalmente para o aprendizado do uso das informações disponíveis para o seu
desenvolvimento social e pessoal dentro de um universo repleto de informação,
contribuindo de forma efetiva para que os alunos produzam conhecimentos e
desenvolvam autonomia intelectual.
22
Segundo definição da Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura – Unesco, a biblioteca escolar cria oportunidades para desenvolver
ensino e aprendizagem com o apoio do profissional capacitado, conforme cita:
O bibliotecário possui conhecimento e habilidades necessárias para proporcionar o provimento e a solução de problemas de informação, além de ser um especialista no uso de todo o tipo de fontes, tanto na forma impressa como eletrônica. Seus conhecimentos, habilidades e especialidade devem atender às demandas de uma determinada comunidade escolar (IFLA/UNESCO, 2009).
Sabemos que, por uma série de razões, os bibliotecários do Rio Grande do
Norte não atuam em bibliotecas públicas escolares, mas vale ressaltar a enorme
importância e a falta que esse profissional faz ao meio escolar. Pensar a biblioteca
por meio de um novo paradigma é muito válido, mas pensar na inserção desse
profissional na escola pública é urgente. Entender a importância da atuação do
bibliotecário nesse âmbito dará o pontapé inicial a uma nova fase do papel desse
profissional nos dias atuais com o enfoque para a biblioteca escolar, visando a um
trabalho colaborativo entre bibliotecários e professores no desenvolvimento de
habilidades informacionais.
De acordo com Kulthau (apud DUDZIAK, 2001, p. 29), o processo de
aprendizado a partir da informação é um conceito-chave na escola atual. Somente
com a visão de processo é que os estudantes podem buscar e construir significados
importantes para o aprendizado, tornando-se assim competentes em informação.
Nesse ínterim, a competência informacional é de grande relevância para a
formação do aluno e se torna fundamental no processo de ensino-aprendizagem; e a
educação precisa se voltar para ela.
3.1 MEDIAÇÃO DA INFORMAÇÃO NA BIBLIOTECA ESCOLAR
Historicamente o serviço de referência e informação teria surgido da
impossibilidade de se conhecer tudo a respeito de determinado assunto por conta do
aumento da produção editorial, do aumento de conhecimento especializado e da
elevação da taxa de alfabetização durante o século XIX, passando então o
bibliotecário a ser requisitado para atuar junto ao usuário no auxílio as suas
23
necessidades informacionais, dispondo o seu conhecimento em fontes de informação
e instrumentos bibliográficos para ajudá-lo a encontrar a informação necessária e
sanar dúvidas (ALMEIDA JÚNIOR, 2015).
Atualmente o serviço de referência tem como meta primordial estabelecer o
contato inicial entre o usuário e a informação adequada para a satisfação de suas
necessidades informacionais. Para atingir essa finalidade a biblioteca deve dispor de
uma séria de produtos e serviços informacionais. A partir da evolução de conceitos e
aplicativos da internet e da maneira como são gerenciados os recursos informacionais
acontece a transformação de uma web 1.0 mais estática e restrita, para uma mais
dinâmica e democrática, surgindo a web 2.0, que possibilitou a interação dos usuários
através da tecnologia, “[…] a arquitetura apresenta-se mais participativa e
democrática e a comunicação multidirecionada, em que todos emitem e todos
recebem informação” (COBOS, 2006).
A web continuou sua evolução e surgiu a web 3.0, que é o desenvolvimento
das tecnologias inteligentes para o atendimento imediato das necessidades do usuário
de forma individual e personalizada, isto é,
A Web 3.0 é a terceira geração da Internet, esta nova geração prevê que os conteúdos online estarão organizados de forma semântica, muito mais personalizados para cada internauta, sites e aplicações inteligentes e publicidade baseada nas pesquisas e nos comportamentos. Esta nova Web também pode ser chamada de “A Web Inteligente”. (WEB 3.0, 2016).
Ao longo dos anos o crescimento do conhecimento científico e tecnológico
resultou em uma transformação no acesso à informação, provocando uma mudança
na internet, como supracitado, sendo um espaço coletivo e facilitador das atividades
realizadas no dia a dia e do acesso a informação, tornando-se um ambiente para a
produção, compartilhamento e disseminação da informação.
Essas mudanças no meio informacional acarretam mudanças no fazer
biblioteconômico, o bibliotecário do século XXI precisa estar atualizado e apto a
trabalhar com as novas tecnologias a fim de servir melhor o seu usuário. O
bibliotecário precisa ser dinâmico e conectado as novas tecnologias, para que possa
efetivar suas habilidades de acordo com a evolução da sociedade em que está
inserido.
24
Nesse sentido o bibliotecário escolar poderá se ver como mediador da
informação sendo este um processo que evolui ao longo da sua carreira. De acordo
com Almeida Júnior (2009 apud ALMEIDA JÚNIOR, 2015, p. 19),
Mediação da informação é toda ação de interferência – realizada pelo profissional da informação –, direta ou indireta; consciente ou inconsciente; individual ou coletiva; que propicia a apropriação de informação que satisfaça, plena ou parcialmente, uma necessidade informacional.
Desse modo, satisfazer a necessidade informacional do usuário é procurar
entender como ela se formula, se é direta ou indireta, que vai desde a seleção de
materiais informacionais até a disponibilização destes e para que isso aconteça é
necessário saber identificar essas necessidades e posteriormente satisfazê-las. E
tendo entendimento que a informação satisfeita sempre ocasionará mais
questionamentos e consequentemente novos anseios.
De acordo com Almeida Júnior (2015, p. 20), o usuário não tem noção da sua
necessidade informacional, não tendo poder de escolher as informações que lhe
interessam, cabendo ao mediador essa tarefa. Sendo assim haverá interferência no
produto final ocasionada pelo mediador, seguida da apropriação que também se dá
de forma inconsciente. Cabe aos profissionais da informação preencher essa lacuna,
fazendo a mediação entre a informação e o seus usuários e trabalhando para que eles
mesmos sejam capazes de identificar e suprir a própria necessidade informacional.
3.2 EDUCAÇÃO DE USUÁRIO: NATIVOS E IMIGRANTES DIGITAIS
O mundo de hoje modificou a vida das pessoas, as novas tecnologias nos
transportaram para uma era digital, facilitando o acesso a comunicação e o
crescimento da cultura em torno dessas tecnologias. Nesse sentido, vale ressaltar
pessoas nativas digitais, que são as que nasceram neste tempo, habituados desde
cedo a utilizarem as novas tecnologias, e os imigrantes digitais, os quais, por sua vez,
não se enquadram nesse meio e são obrigados a interagir com esses nativos,
precisando aprender em meio a tantas inovações tecnológicas (PAULFREY;
GASSER, 2011).
25
A expressão “nativos digitais” foi adotada por Paulfrey e Gasser no livro
“Nascidos na era digital”. Refere-se àqueles nascidos após 1980 e que, portanto,
possuem habilidades para utilizar as novas tecnologias. Os nativos digitais são alunos
inseridos num contexto escolar muitas vezes ultrapassado, eles não são os mesmos
para qual esse sistema foi criado (PRENSKY, 2001). Os alunos de hoje, como afirma
Prensky:
[...] não mudaram apenas em termos de avanço em relação aos do passado, nem simplesmente mudaram as suas gírias, roupas, enfeites corporais, ou estilos como aconteceu entre as gerações anteriores. Aconteceu uma grande descontinuidade. Alguém pode até chama-la de apenas uma “singularidade” – um evento na qual as coisas são tão mudadas que não há volta [...] (2001, p. 1).
Tapscott (2010), em seu livro “A hora da geração digital”, apresenta 8 normas
que caracterizam a geração internet das demais, ou seja nativos e imigrantes digitais:
1. Liberdade: liberdade de escolha para apresentar coisas novas, escolher o que
consumir, onde trabalhar, como trabalhar (Ibidem, p. 95).
2. Customização: de produtos, experiências de compra, da mídia e do
emprego/descrição de cargo (Ibidem, p. 96).
3. Escrutínio: sempre conferindo informações; as informações sobre os produtos
para esta geração devem ser amplas e de fácil acesso; Tapscott alerta para o
escrutínio inverso: as informações privadas divulgadas e muitas vezes
compartilhadas em sites de rede social como o Facebook podem prejudicar
muitos integrantes da geração internet quando se candidatam a um emprego
(Ibidem, p. 101).
4. Integridade: como sinônimo de lealdade, honestidade, respeito, tolerância,
compaixão transparência e fidelidade aos seus compromissos; esperam
integridade também das outras pessoas; não querem trabalhar para uma
organização desonesta nem consumir seus produtos; esperam que as
empresas tenham consideração por seus clientes, funcionários e pelas
comunidades onde atuam; têm consciência do seu mundo, graças à
abundância de informação na internet (Ibidem, p. 105).
5. Colaboração: são pessoas com instinto natural de colaboração e coinovação;
- Gostam de conversas e não de sermões; formam comunidades produtivas
através de tecnologias digitais; criam também produtos e serviços juntamente
26
com as empresas; podemos ver que isso está acontecendo agora, à medida
que a internet deixa de ser uma plataforma para apresentar informações e se
transforma em um lugar no qual você pode colaborar e os indivíduos podem se
organizar formando novas comunidades; a colaboração se estende para outros
aspectos da vida da Geração Internet; no trabalho, os seus integrantes querem
sentir que sua opinião conta. Embora admitam não ter experiência, eles se
percebem com ideias relevantes, especialmente sobre tecnologia e internet, e
querem ter a oportunidade de influenciar decisões e mudar os processos de
trabalho para torná-los mais eficientes; no entanto, para que isto aconteça, é
preciso que haja uma cultura empresarial receptiva e ferramentas de trabalho,
como blogs e wikis, que incentivem a colaboração (Ibidem, p. 111-112).
6. Entretenimento: querem se divertir, até mesmo no trabalho e na escola;
acreditam que devem gostar do que fazem para viver (Ibidem, p. 113)
7. Velocidade: por terem nascido em um ambiente digital, a velocidade é normal
para eles; estão habituados a respostas instantâneas; se um integrante do seu
grupo de amigos não responde instantaneamente, todos ficam irritados e
preocupados. Temem que aquilo possa ser um comentário negativo sobre o
seu status e uma manifestação de desdém; se algum integrante vê o outro
online e este não responde, a pessoa sabe que você a está ignorando; quando
compram um produto esperam recebê-lo em poucos dias; gera
ansiedade/aflição; querem promoções rápidas na carreira (Ibidem, p. 116).
8. Inovação: geração criada em uma cultura de invenção; a inovação acontece
em tempo real; produtos são criados e aperfeiçoados em curto espaço de
tempo (Ibidem, p. 117).
A rápida evolução de novos paradigmas possibilitou essa mudança drástica no
modo de ser desses alunos nativos digitais, os quais representam a primeira geração
que cresceram com as novas tecnologias, tendo acesso a uma infinidade de recursos
tecnológicos, influenciando o seu modo de aprender e de pesquisar. “Os alunos de
hoje pensam e processam as informações bem diferentes das gerações anteriores”
(PRENSKY, 2001, p. 2). Ou seja, os educadores vivem esse dilema de um tempo de
mudanças, foram formados para interagirem oralmente, habituados a interagir no
mesmo espaço e em contato direto com o outro. Segundo Prensky (2001), “[…] os
professores que atuam na escola e possuem mais de 20 anos são imigrantes no
27
ciberespaço”. Ou seja, nasceram em outra época e não estão acostumados a construir
conhecimento a partir das novas tecnologias. Dessa forma, podemos compreender
que o professor imigrante digital não consegue acompanhar a transição no modo de
aprender no seu aluno, que é nativo digital. Os professores queixam-se da falta de
atenção dos alunos em aula e do pouco comprometimento com as atividades
propostas em sala, todavia esses mesmos alunos estão mergulhados em seus
celulares e computadores portáteis, interagindo em redes sociais e jogos online.
“Nossos estudantes, hoje, são todos falantes nativos da linguagem digital”
(PRENSKY, 2001), isto é, são exímios na linguagem dos computadores, dos vídeo
games e da internet, possuem acesso e habilidades para lidar com as TIC, interagindo
de uma forma bem diferente dos alunos de outrora.
A partir disso, encontraremos um dos fossos da educação brasileira na
atualidade que é fruto dessa natureza que se construiu hoje, os alunos como nativos
e os educadores como imigrantes digitais, resultando dessa relação uma verdadeira
falta de conexão do objetivo ensino – aprendizagem. Nesse sentido, a figura do
professor é determinante para o pleno funcionamento desse processo (ensino-
aprendizagem), o professor como imigrante digital necessita de uma transformação.
Segundo Prensky (2001), “[…] é bem improvável que nativos digitais regridam”, ou
seja, muitos professores acreditam que os nativos digitais deveriam aprender as
velhas formas, assim como eles aprenderam no seu tempo. De acordo com Santos et
al.:
Os imigrantes nasceram em outro meio, não dominado pelas tecnologias digitais, seu modo de aprender foi outro. Dessa forma a convivência entre nativos e imigrantes pode ser conflitante. A formação do professor imigrante diverge da forma como seus alunos, Nativos digitais, percebem o conhecimento e o meio em que vivem. (SANTOS et.al., 2011, p .5).
Os imigrantes digitais como educadores precisam se adaptar a essas novas
demandas, não há mais justificativa para se prenderem ao passado e tratarem essa
geração da mesma maneira como foram tratados. Isso insulta tudo o que conhecemos
sobre migração cultural, as crianças nascidas em qualquer nova cultura aprendem a
nova linguagem facilmente (PRENSKY, 2011). Dessa forma, pedir aos nativos digitais
que se comportem como alunos pré-internet, gerará dificuldades no desenvolvimento
do processo ensino-aprendizagem.
28
Considerando que o momento exige uma quebra de paradigmas dentro do
contexto educacional, inserir o bibliotecário neste âmbito promoverá uma
conscientização crítica dentro do processo de ensino-aprendizagem. O bibliotecário
proporcionará a fluência tecnológica, fazendo com que os professores saibam utilizar
a informação, criando conhecimento no meio virtual. De acordo com Neto e Freire:
O profissional da informação aliado com os professores deve entender todo esse processo, desenvolvendo habilidades operacionais e intelectuais, principalmente no que se refere a busca, organização e uso da informação. (SILVA NETO; FREIRE, 2015, p. 51).
As ações de informação devem ser inseridas no contexto educacional, para que
o educador possa encontrar novas metodologias, o bibliotecário poderá mediar essas
ações inserindo capacidades necessárias aos professores para se adaptarem a
cultura digital. Disso decorre a competência em informação, que é o conceito de
aprender por si, de ser capaz de compreender os meios e processos de disseminação
das ideias de forma autônoma e crítica.
O bibliotecário é imprescindível nesse processo de ensino aprendizagem, pois
sua competência em informação servira como intermédio entre nativos e imigrantes
digitais, resultando em benefícios para a comunidade escolar.
29
4 COMPETÊNCIA INFORMACIONAL NO ÂMBITO DA BIBLIOTECA ESCOLAR
O movimento da competência informacional está ligado ao desenvolvimento da
biblioteconomia e de sua profissionalização, principalmente no que se refere à
perspectiva das novas tecnologias de informática. Sua perspectiva é possibilitar aos
profissionais da área absorver competências e habilidades para interagir no ambiente
digital. Campello (2003, p. 29), mostra que a necessidade, principalmente para os
profissionais do Brasil, é ampliar a função pedagógica (educativa) da biblioteca,
permitindo repensar, conjuntamente, o papel também do bibliotecário.
Se a função cognitiva e pedagógica na biblioteca surgiu como um processo de
“serviço de referência” para se voltar para a instrução dos usuários (principalmente na
década de 1960, nos EUA), segundo Campello:
A biblioteca era então influenciada pelas teorias educacionais que privilegiavam métodos de aprendizagem dinâmicos e centrados no aluno e que tomavam o lugar do ensino verbalista centrado no professor. Essas teorias estimularam a ação dos bibliotecários, que percebiam que a biblioteca tinha contribuição importante a dar no apoio às novas estratégias didáticas. (2003, p. 29).
O bibliotecário, participando ativamente do processo de ensino-aprendizagem,
pôde efetivamente desenvolver novas perspectivas e novos procedimentos
educacionais, levando em consideração seu papel e suas experiências. A década de
1970 ampliará ainda mais esse processo, possibilitando sua participação na
elaboração curricular, assim como a necessidade de construir, junto à população
(numa ênfase cidadã), mecanismos para a construção de competências
informacionais (CAMPELLO, 2003, p. 30).
A ideia se desenvolve, efetivamente, “ligado a uma série de habilidades e
conhecimentos; incluía a localização e uso da informação para a resolução de
problemas e tomadas de decisão” (DUDZIAK, 2003, p. 24). Ou seja, não era apenas
para buscar a informação, mas fazer uso dela para tomar decisões e resolver
problemas.
A década de 1980 viu surgir e se desenvolver uma intensa parceria “entre
professores, dirigentes escolares e bibliotecários no planejamento do programa da
biblioteca, de acordo com as necessidades específicas da escola” (CAMPELLO, 2003,
p. 30). Neste sentido, o bibliotecário passa a assumir também o papel de professor,
30
ensinando não apenas as competências que vinha fazendo anteriormente, tais como
localizar e recuperar informação: a perspectiva agora era ensinar a aprender a
aprender.
O surgimento, a ascensão e a difusão das chamadas “tecnologias da
informação” alteraram “as bases de produção, controle, guarda, disseminação e
acesso a informação, colocando o computador em foco e alterando definitivamente os
sistemas de informação” (DUDZIAK, 2003, p. 25). Neste mesmo sentido,
A concepção da information literacy com o sentido de capacitação em tecnologia da informação se popularizou, principalmente no ambiente profissional, e começava a ser implementada nas escolas secundárias. Admitia-se a necessidade dessa capacitação, porém não havia ainda programas educacionais estruturados. Esta ênfase na tecnologia da informação restringia a noção do que seria information literacy, dando-lhe uma ênfase instrumental. Todavia, a tecnologia da informação era o foco naquele momento. (DUDZIAK, 2003, p. 25).
Com o contínuo desenvolvimento tecnológico, países como Canadá e
Inglaterra também passaram a ampliar o papel e as competências do bibliotecário,
principalmente no que se referia à utilização de uma variedade de fontes e de
tecnologias de informação. Mas, seria dos Estados Unidos, após severas críticas ao
modelo educacional adotado em escolas públicas, que as novas teorias educacionais
passaram a exigir “Que se redesenhassem novas formas de mediação para o
bibliotecário, em um modelo em que o usuário ficaria no centro do processo de
aprendizagem.” (CAMPELLO, 2003, p. 31).
O bibliotecário desponta, neste sentido, como um elo, um mediador do
processo de ensino aprendizagem. A biblioteca não é apenas um receptáculo de
informações, mas um espaço dinâmico do aprender a aprender. Neste ínterim, o
movimento Information Power, surgido no final dos anos 1990, vem exatamente
enfatizar a necessidade de se desenvolver as competências informacionais,
principalmente: “1) competência para lidar com informação; 2) informação para
aprendizagem independente; 3) informação para responsabilidade social”
(CAMPELLO, 2003, p. 31).
Segundo Bernadete Campello, o Information Power:
31
É um discurso de dupla face: de um lado, realça a competência tradicional e única do bibliotecário na abordagem crítica da informação, na sua capacidade para lidar com uma variedade de formatos de informação e na sua sensibilidade para entender as necessidades de informação de diferentes categorias de usuários (AASL, 1998, p. 3); de outro, insiste que o bibliotecário deva mudar, adotando atitudes condizentes com o novo ambiente social. (2003, p. 32).
Na perspectiva de uma sociedade cada vez mais informacional, o paradigma
pedagógico adotado se encaixa cada vez mais, já que possuir competência
informacional é uma necessidade primordial para inserção no mercado de trabalho e
mesmo no próprio ambiente social cada vez mais complexo. Principalmente porque,
a gama infinita de informações surge nas mais variadas formas e tipos de textos e
arquivos, necessitando de aprendizado das tecnologias da informação. Afinal, “se a
sociedade da informação é ambiente de abundância informacional, a tecnologia é o
instrumento que vai permitir lidar com o problema, potencializando o acesso à
informação e conectando as pessoas” (CAMPELLO, 2003, p. 33).
Qual efetivamente é o papel do bibliotecário nisso tudo afinal? Ele é o ator
central nesse processo de formação de competências informacionais, trabalhando
lado a lado com os demais atores pedagógicos. Além de parceiro, ele tem também a
incumbência de liderar o processo, agregando sua expertise tecnológica, mas sem
perder o fio das velhas técnicas e materiais, adaptando-os ao cotidiano e à realidade
de cada escola e ou comunidade.
Não há de se perder o foco crítico de que o bibliotecário não possui o monopólio
da leitura e nem o seu ensino, obviamente. Numa sociedade em rede e cada vez mais
interconectada, o grande desafio não é oferecer “informação”, que existe na nuvem
virtual em abundância. Mas o, que já ressaltado anteriormente, ensinar a usar essa
tecnologia tão antiga, mas ainda absolutamente necessária, que é a leitura. Longe de
apenas ler por ler, a passagem da busca da informação para a busca do saber em si,
é o grande desafio e a grande tarefa cognitiva do bibliotecário enquanto também um
educador.
32
4.1 O QUE É COMPETÊNCIA EM INFORMAÇÃO?
O conceito de competência em informação está intimamente ligado à
necessidade de se estar sempre bem informado. Na sociedade atual, esse é um
requisito essencial para se estar em sintonia com o mundo. Dudziak (2003, p. 23)
mostra que a informação passou a ser reconhecida como elemento-chave, sendo de
grande importância manter-se bem informado. Todavia, a enormidade de informação
disponibilizada, principalmente via internet, promoveram barreiras ao seu acesso,
como o número ilimitado de fontes e também o desconhecimento da seleção da
informação relevante.
A popularização da internet e seu acesso facilitado para milhares de pessoas,
bem como a disponibilização de informação no meio virtual, que antes era restrita a
bibliotecas com material informacional impresso, fomentaram na ciência da
informação a necessidade de atribuir critério e posteriormente selecionar tais
informações. A busca pela informação hoje se dá praticamente por meio virtual, e é
nesse sentido que a competência em informação busca dar parâmetros para adquirir
conhecimento através da seleção de fontes adequadas para cada tipo de necessidade
informacional. Segundo Dudziak,
A competência informacional refere-se à mobilização de conhecimentos, habilidades e atitudes relacionadas ao universo informacional, incluindo a capacidade de leitura e escrita, busca e uso da informação, organização e manipulação de dados visando a produção de novas informações e conhecimentos, sua disseminação e preservação visando reuso futuro. (2001, p. 11 apud CATTS; LAU, 2008).
A competência em informação requer, então, habilidades, atitudes e recursos.
Para Dudziak (2010, p. 12), essas ações devem ser direcionadas para:
Perceber e reconhecer a necessidade da informação e da atualização
constante;
Identificar e definir a informação necessária para a resolução de
problemas, preenchimento de lacunas informacionais e tomada de decisões;
Buscar e achar as informações em diferentes ferramentas e fontes de
informação;
33
Analisar e interpretar, avaliar e organizar a informação pertinente e
relevante, observando a sua origem, autoria e confiabilidade;
Saber como utilizar a informação para resolver problemas e tomar
decisões;
Avaliar o impacto da informação, agir eticamente e respeitar os direitos
autorais;
Saber como apresentar e comunicar a informação produzida a partir de
seus conhecimentos e do aprendizado, utilizando os melhores meios, de
acordo com seus objetivos;
Preservar a informação;
Reutilizar a informação em outras situações, agregando novas
informações e conhecimento.
A ideia se desenvolve a partir de que a competência em informação está
intimamente ligada a um processo de aprendizado, de autonomia e de investigação e
que o mediador poderá proporcionar diretrizes de como produzir conhecimento a partir
da busca e seleção da informação. As necessidades informacionais como elemento
central e posterior produção de conhecimento são o ponto chave para o entendimento
da competência em informação. Ora, sabemos, pois, que a necessidade informacional
nos acompanha desde sempre e que, na atualidade se torna necessário que sejamos
competentes em TIC. É primordial que dominemos o uso dessas novas tecnologias
para que possamos ter acesso à informação em meio digital. Como citado
anteriormente, a maioria das informações se encontram em ambientes virtuais.
As tecnologias da informação e comunicação desempenham papéis
importantes em relação à interação coletiva, pois, dessa forma, a comunicação flui
sem obstáculos. Segundo Levy (1999), novas maneiras de pensar e conviver estão
sendo elaboradas no mundo virtual.
Nesse mesmo sentido, vale salientar que as mudanças sociais impõem ao
profissional bibliotecário e aos demais atores no contexto educacional desafios para
modificar modelos engessados de ensino-aprendizagem e proporcionar essas
reflexões através da mediação da competência em informação. Segundo Freire
(1979):
34
[...] a transição se torna então um tempo de opções. Nutrindo-se de mudanças, a transição é mais que mudanças. Implica realmente na marcha que faz a sociedade na procura de novos temas, de novas tarefas ou, mais precisamente, de sua objetivação. As mudanças se reproduzem numa mesma unidade e tempo, sem afetá-la profundamente. É que se verificam dentro do jogo normal, resultante da própria busca de plenitude que fazem esses temas. (FREIRE, 1979, p. 65).
Adaptar-se às novas tecnologias é crucial para realizar verdadeiras inovações;
e o bibliotecário, como organizador e disseminador de informação, precisa estar
atuando no âmbito da biblioteca escolar, desempenhando o papel de agente facilitador
entre professor e aluno na busca da informação, e se tornar um guia e mediador no
processo do conhecimento.
4.2 O BIBLIOTECÁRIO E O USO DA INTERNET NO CONTEXTO EDUCACIONAL
Ao longo dos anos, o crescimento do conhecimento científico e tecnológico
resultou em uma transformação no acesso à informação, provocando grandes
mudanças. No que diz respeito ao acesso, surgiu a internet como espaço coletivo e
facilitador, mas que necessita de treinamento e formação específicas para serem
utilizadas de forma correta, e é nesse contexto que o termo competência em
informação, deverá ser sublinhado. O acesso a novos saberes se dá quase que
exclusivamente através de leitura. A inserção de usuários na internet requer várias
habilidades e várias alfabetizações (ALMEIDA, 2006, p. 50), o acesso a eles torna-se
dependente de leitura, e o bibliotecário poderá proporcionar essa habilidade no âmbito
escolar.
Todavia o contexto escolar vem se modificando, novos paradigmas surgiram
e a forma de ensino-aprendizagem está se atualizando. Mediante tal transformação,
a sociedade em geral tem acesso a computadores pessoais e smartfones,
acarretando uma certa autonomia. “Certamente, estamos apenas no início de uma
evolução que vai tornando o mundo cada vez mais digital” (MODESTO, 2005, p. 294).
Ou seja, adaptar-se a esse novo contexto é uma emergência, e os bibliotecários não
se eximem das mudanças. Desse modo, a biblioteca escolar se modificaria e passaria
a ser não apenas um lugar onde se guardam informações impressas, mas um lugar
35
que seria o portal de entrada para novas possibilidades e novas formas de se buscar
informação.
Delimitar o papel da biblioteca escolar hoje se torna fundamental para a
construção de bases sólidas e para que identifiquemos o papel do bibliotecário nesse
novo contexto. O ambiente escolar precisa de mudanças significativas e que
contemplem a melhoria e evolução das suas atividades. Como afirma Almeida:
O bibliotecário adequado é aquele que está em constante questionamento; é aquele que procura conhecer sua área de atuação; é aquele que tem consciência de que o usuário é seu fim último; que sabe que as informações com as quais lida não são neutras e imparciais; que está sempre procurando conhecer os motivos, o que há por trás de suas ações; é aquele que sabe que a informação é imprescindível para a formação do cidadão. (2006, p. 54).
O bibliotecário escolar necessita reinventar-se, e consequentemente observar
que as mudanças tecnológicas se dão com muita rapidez. E passar por essa transição
nos fortalece como profissionais. Dessa forma, o bibliotecário atuaria como
dinamizador e intermediaria o acesso às informações no meio digital. Deve haver “[…]
mudança no perfil do bibliotecário escolar para adequação ao ambiente tecnológico-
educativo” (BLATTMANN apud MODESTO, 2005)
Literacia computacional:
Ser capaz de interagir em redes de computadores;
Selecionar equipamentos, softwares e programas de treinamento;
Definir políticas de segurança e manutenção da rede, dos equipamentos e
dos conteúdos;
Trabalhar em equipes multidisciplinares para desenvolvimento de
conteúdos.
Literacia em internet:
Conhecer a aplicar recursos de rede no ambiente informacional: e-mail,
chat, videoconferência;
Conhecer os recursos do mecanismo de busca;
Adotar etiquetas na internet;
Adotar ou elaborar critérios de avaliação para documentos hipermídia.
36
No entanto, nem sempre se poderá contar com todo esse aparato para que
bibliotecários atuem em bibliotecas escolares. A rede pública de ensino muitas vezes
não conta com profissionais da área e tampouco com laboratórios equipados para
este fim. Mas, de um modo geral, as bibliotecas públicas escolares vêm ganhando
notoriedade, desde a implantação da lei 12.244 de 24 de maio de 2010, aprovada pela
Câmara dos Deputados, que obriga a existência de bibliotecas nas instituições de
ensino em todo o Brasil, e a inserção de bibliotecários em escolas públicas ou privadas
se faz necessária para o cumprimento do nosso papel mediante a comunidade
escolar. Assim sendo vale ressaltar os seguintes artigos:
Art. 1º As instituições de ensino públicas e privadas de todos os sistemas de ensino do País contarão com bibliotecas, nos termos desta Lei. Art. 2º Para os fins desta Lei considera-se biblioteca escolar a coleção de livros, materiais videográficos e documentos registrados em qualquer suporte destinados a consulta, pesquisa, estudo ou leitura. Parágrafo único. Será obrigatório um acervo de livros na biblioteca de, no mínimo, um título para cada aluno matriculado, cabendo ao respectivo sistema de ensino determinar a ampliação deste acervo conforme sua realidade, bem como divulgar orientações de guarda, preservação, organização e funcionamento das bibliotecas escolares. Art. 3º Os sistemas de ensino do País deverão desenvolver esforços progressivos para que a universalização das bibliotecas escolares, nos termos previstos nesta Lei, seja efetivada num prazo máximo de dez anos, respeitada à profissão de Bibliotecário, disciplinada pelas Leis nos 4.084, de 30 de junho de 1962 de 25 de junho de 1998. Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Mediante a lei, os bibliotecários poderão atuar em bibliotecas escolares
públicas e privadas, e precisarão “[…] revitalizar as bibliotecas já existentes e
reestruturar as ‘salas de leitura’, implantando nas escolas centros dinâmicos de
informação, educativo e cultural” (ANTUNES, ,2005, p. 271). Ou seja, o bibliotecário
vem se adaptando ao mundo das novas tecnologias e terá que estar inserido no
contexto da informação e das tecnologias disponíveis.
4.3 O BIBLIOTECÁRIO E A COMPETÊNCIA EM INFORMAÇÃO
Buscam-se, cada vez mais, profissionais qualificados, que se adaptem ao
tempo atual, sejam capazes de utilizar novos processos de conhecimento e estejam
inseridos no contexto informacional e das novas tecnologias de informação e
37
comunicação. Como mediador, o bibliotecário poderá iniciar os processos culturais de
transformação da educação e da comunidade escolar. Desse modo, as competências
necessárias para a atuação do bibliotecário hoje não são diferentes das de outros
profissionais, o conceito de aprender a aprender é evidente nesse momento em que
temos disponíveis tanta informação. Como mostram Mata e Casarin (2010, p. 302),
“[…] focando a informação como recurso educacional, buscando contribuir para a
aprendizagem dos indivíduos [...]”. O bibliotecário deve direcionar seu trabalho para a
mediação do aprendizado. Nesse mesmo sentido:
A competência informacional volta-se para a formação do indivíduo, colocando-o no centro do processo de aprendizagem. Procura habilitá-lo a usar a informação, fazendo-o tomar conhecimento dos suportes em que a informação encontra-se disponível para poder localizá-la, selecioná-la e por fim usá-la Desse modo possibilita-lhe conquistar a sua autonomia, orientando-o para o aprender a aprender. (MATA; CASARIN, 2010, p. 302).
Essas competências, de um modo geral, podem ser classificadas em básicas,
genéricas e específicas. As básicas são aquelas essenciais para viver em sociedade,
como a capacidade de interpretar, de argumentar e de propor ideias. As genéricas
são as habilidades inerentes à profissão, que compreendem a gestão de recursos, o
trabalho em equipe, a gestão da informação, a compreensão sistêmica etc. Por fim,
as competências específicas são próprias de uma determinada profissão, pois
precisam de alto grau de especialização (TEJADA ARTIGAS; TÓBON, 2006, p. 36).
O Ministério de Educação e Cultura (MEC) determina que os profissionais
bibliotecários devam ter as seguintes competências e habilidades gerais (BRASIL,
2001):
Gerar produtos a partir dos conhecimentos adquiridos e divulgá-los;
Formular e executar políticas institucionais; ·
Elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos;
Utilizar racionalmente os recursos disponíveis;
Desenvolver e utilizar novas tecnologias;
Traduzir as necessidades de indivíduos, grupos e comunidades nas
respectivas áreas de atuação;
38
Desenvolver atividades profissionais autônomas, de modo a orientar, dirigir,
assessorar, prestar consultoria, realizar perícias e emitir laudos técnicos e
pareceres;
Responder a demandas sociais de informação produzidas pelas
transformações tecnológicas que caracterizam o mundo contemporâneo.
Quantos às habilidades específicas determinam-se as seguintes:
Gerar produtos a partir dos conhecimentos adquiridos e divulgá-los;
Formular e executar políticas institucionais;
Elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos;
Utilizar racionalmente os recursos disponíveis;
Desenvolver e utilizar novas tecnologias;
Traduzir as necessidades de indivíduos, grupos e comunidades nas
respectivas áreas de atuação;
Desenvolver atividades profissionais autônomas, de modo a orientar, dirigir,
assessorar, prestar consultoria, realizar perícias e emitir laudos técnicos e
pareceres;
Responder a demandas sociais de informação produzidas pelas
transformações tecnológicas que caracterizam o mundo contemporâneo.
Assim, a formação do profissional bibliotecário depende do seu perfil e de que
área desejaria atuar, “[…] o bibliotecário nessa nova circunstância, para não ser
apenas um bibliófilo, deverá assumir novas funções que exigirão, também, novos
conhecimentos [...]” (MILANESI, 2002). Hoje temos infinitas possibilidades de
atuação, todavia a competência em informação é algo que se dá ao longo da sua
atuação profissional.
Antes de o bibliotecário ser mediador em informação, precisa ser competente
nesse sentido. A formação continuada é essencial para desenvolver habilidades
específicas, ou seja, “A competência em informação é a habilidade de compreender
assuntos, ler criticamente, usar material complexo e ter autonomia, ou seja, aprender
por si mesmo.” (CAMPELLO, 2009).
Portanto, a competência em informação deve fazer parte da construção e da
formação acadêmica do futuro profissional e também dos que já estão no mercado de
39
trabalho e sintam a necessidade de se especializarem, pois a atuação em ambientes
em constante mutação requer habilidades específicas. Adaptar-se a esse novo
contexto é garantir reconhecimento e colaborar para o progresso da comunidade
escolar ao qual está inserido.
40
5 PERCURSO METODOLÓGICO
Este capítulo se refere à construção da pesquisa e à forma como foi elaborada.
O projeto inicial para elaboração da monografia foi de grande importância para a
realização eficiente de todos os passos previamente pensados. A monografia,
segundo Filho:
É uma síntese de leituras, observações, reflexões e críticas, desenvolvidas de forma metódica e sistemática por um pesquisador que relata a um ou mais destinatários um determinado escrito que seja o resultado de duas investigações, as quais, por sua vez, têm origem em suas inquietações acadêmicas. (1995, p. 79).
Depois da escolha do tema, é importante escolher o método, para que seja
alcançado o objetivo, traçando o caminho a ser seguido. O método escolhido foi o
indutivo, que é o “[…] raciocínio que, após considerar um número suficiente de casos
particulares, conclui uma verdade provável” (LAKATOS; MARCONI, 1991, p. 86).
Dessa forma, a análise particular de um corpo docente e do uso da biblioteca escolar
possibilitou a descoberta de conceitos gerais.
O método de abordagem foi o monográfico, pois trata-se de um estudo de caso.
Nesse contexto, a definição do problema de pesquisa foi crucial para o
desenvolvimento desta, uma pergunta mal formulada poderia pôr a perder todo o
trabalho. O estudo foi delimitado a uma escola específica com um contexto particular.
Segundo Lakatos e Marconi (1991, p. 108):
O método monográfico consiste no estudo de determinados indivíduos, profissões, condições, instituições, grupos ou comunidades, com a finalidade de obter generalizações. A investigação deve examinar o tema escolhido, observando todos os fatores que o influenciaram.
A pesquisa bibliográfica e de campo são fundamentais nesse processo, pois
dessa forma é possível construir o referencial teórico, “[…] a pesquisa bibliográfica,
ou de fontes secundárias, abrange toda a bibliografia já tornada pública em relação
ao tema de estudo” (LAKATOS, 1991, p. 183). A fundamentação teórica também
41
[...] consiste em explicitar os conceitos fundamentais que serão utilizados para proceder-se a análise, bem como as categorias e os pressupostos teóricos que balizarão todo o desenvolvimento da pesquisa. (INÁCIO FILHO, 1995, p. 63).
A técnica utilizada foi a entrevista estruturada, seguindo um roteiro
previamente estabelecido, isto é, a entrevista foi predeterminada, e os entrevistados
foram selecionados de acordo com o propósito da pesquisa. “[…] o motivo da
padronização dos dados é obter dos entrevistados, respostas das mesmas perguntas,
permitindo que haja uma comparação com o mesmo conjunto de perguntas, e que as
diferenças sejam só das respostas” (LAKATOS; MARCONI, 1991 apud LODI, 1974).
Os dados foram coletados com uma taxa de respondência de 100%, havendo
posterior análise de resultados. A entrevista é:
[...] uma técnica de pesquisa para coleta de informações, dados e evidências, cujo objetivo básico é entender e compreender o significado que os entrevistados atribuem a questões e situações, em contexto que não foram estruturados anteriormente, com base nas suposições e conjecturas do pesquisador. (MARTINS, 2007, p. 86).
Nesse caso, o estudo se direcionou para a análise do uso das novas
tecnologias de informação e comunicação e de como os professores se apropriaram
desse novo contexto, se as fontes específicas para o contexto escolar eram
conhecidas e de que forma utilizavam essa ferramenta, bem como a interação com os
alunos e a utilização da biblioteca nesse contexto.
Como universo da pesquisa, foi escolhida uma escola de ensino médio da rede
pública do estado do Rio Grande do Norte, situada no município de Parnamirim.
Participaram da entrevista 7 (sete) docentes da mesma instituição. Os sujeitos da
pesquisa foram escolhidos para ressaltar a importância da biblioteca escolar para os
professores e alunos, imigrantes e nativos digitais respectivamente, ressaltando a
competência em informação e o papel do professor - mediador nesse processo de
incentivo a pesquisa no contexto escolar. Desse modo, busca-se uma nova
concepção do papel da biblioteca na escola, e para isso é necessário fazer uma
reflexão sobre o comportamento dos profissionais atuantes nesse espaço e de
usuários da comunidade escolar. Havendo dificuldade no processo de disseminação
42
e até busca informacional, procurou-se saber qual seria o impedimento para seu bom
desenvolvimento.
A pesquisa para a fundamentação teórica se deu através de fontes diversas,
como livros, artigos, portal de informação, bibliotecas digitais, internet, monografias,
dissertações e teses. O referencial teórico embasou a interpretação dos dados
coletados e possibilitou um diálogo enriquecedor com os teóricos estudados.
A coleta de dados e a transcrição das entrevistas possibilitaram uma análise de
dados substancial. O universo da pesquisa foi a Escola Estadual Antônio de Souza,
situada em Parnamirim, município do Rio Grande do Norte. A escola oferece apenas
o ensino médio, nos turnos matutino e vespertino, a mesma possui 13 turmas com
cerca de 40 alunos por sala de aula e conta com um quadro de 22 professores. Possui
uma biblioteca, sala de multimídia e internet banda larga, mas com o alcance restrito
para o grupo escolar, devido a problemas estruturais e técnicos. Quanto ás
dependências a escola possui: sala de diretoria, sala de professores, laboratório de
ciências, sala de recursos multifuncionais para atendimento educacional
especializado, quadra de esportes descoberta, alimentação escolar para os alunos,
cozinha, banheiro dentro do prédio e para alunos com mobilidade reduzida e sala de
secretaria. A escola é subsidiada pelo governo do estado.
43
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Este capítulo mostra as opiniões dos entrevistados em relação ao
conhecimento das fontes de informação e suas ferramentas; ao valor da biblioteca
escolar e se ela fornece insumos para construção de conhecimento e se encontram
dificuldade para buscar informação no âmbito da biblioteca e também no ambiente
virtual. Revela-se ainda como os professores, imigrantes digitais, estão lidando com
esse novo contexto informacional, que é a utilização de suportes informacionais em
sala de aula pelos alunos nativos digitais, e como os docentes utilizam as novas
tecnologias.
Foram entrevistados 7 (sete) professores da Escola Estadual Antônio de
Souza, situada em Santos Reis, no município de Parnamirim, que responderam a 7
(sete) questões embasadas no referencial teórico deste trabalho. A faixa etária
compreende entre 33 e 56 anos de idade, maioritariamente os entrevistados são do
gênero masculino, sendo apenas 2 (dois) do gênero feminino. Todos graduados, 3
(três) são especialistas e 1 (um) é doutor em Neurociência. Possuem entre 8 (oito) e
33 (trinta e três) anos de docência.
Na entrevista ou na análise qualitativa, “[…] os dados são coletados como
declarações, experiências ou impressões, sendo geralmente registrados como
palavras” (GABLER, 2015, p. 75.). A entrevista nos possibilita conhecer o objeto de
estudo com mais profundidade, e é possível fazer constatações à luz da teoria. De
acordo com Lakatos:
A entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional. É um procedimento utilizado na investigação social, para a coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema social. (LAKATOS, 1991, p. 195).
Sendo assim, a análise do modo como os professores estão ambientados com
as novas tecnologias e de como as utilizam, são de grande importância para a
compreensão deste estudo.
Em relação às perguntas 1 e 2 (“Você está familiarizado com os suportes
informacionais e suas ferramentas?” e “O que são fontes de informação?”), pode-se
44
entender que a maioria está familiarizada com as novas tecnologias e conhece as
fontes disponíveis, de uma forma mínima, mas que necessitam de um suporte maior
para o entendimento desse novo contexto e que o processo de transição desses
professores imigrantes digitais pode ser algo mais demorado, mas perfeitamente
compreensível tendo em vista que a internet é algo que veio para “desterritorializar”
(LEVY, 1999).
O ciberespaço é o mais recente meio de comunicação que emerge na relação
global entre computadores, sendo este um novo meio de informação e comunicação
e que, portanto, algo novo para esses professores imigrantes digitais que sabem da
importância de possuir habilidades e competências no ambiente digital, mas que
muitas vezes, por falta de estrutura, não conseguem realizar um bom trabalho nesse
sentido. No entanto, esse profissional faz uso do que está ao seu alcance, como
respondeu o professor 7:
Assim... eu tive muita dificuldade quando a gente fez essa transição, mas me empenhei muito, quase todas as minhas aulas eu utilizo a internet pra fazer pesquisa, pra fazer um trabalho diferente, coloco os alunos nesses contexto pra pesquisar e pra apresentar trabalhos. Não fiquei limitada ao livro, apesar de não podermos utilizar a internet em sala de aula por questões de estrutura, eles pesquisam em casa e trazem pra sala de aula.
Dessa forma, a internet seria um meio facilitador para as atividades diárias e
de interação entre professor e aluno no contexto escolar. Em contrapartida, o
professor 2 considera-se totalmente familiarizado e usa as fontes e suas ferramentas
de forma integral. Ele considera-se um nativo digital, pois utiliza os suportes
informacionais e fontes desde muito novo, pois nasceu na década de 1980 e possui
habilidades para utilizar as novas tecnologias sem grande dificuldade, como explicita:
Sim, estou familiarizado, uso todas elas, integralmente, acho que são poucas as plataformas que eu não uso, inclusive eu tenho o hábito de alimentar conteúdos para a internet, umas das coisas nas quais eu estou me especializando é de produzir conteúdos didáticos, para o alunos que não quer aprender via escola, então estou familiarizado sim, produzo conteúdo pra Youtube, principalmente no Facebook e Instagram (Professor 2).
45
E é nesse sentido que a biblioteca escolar pode fazer parte do contexto
educacional e proporcionar a continuidade do que se vê em sala de aula, a importância
desse instrumento se faz cada dia mais necessário como complemento da educação.
A biblioteca escolar poderá fazer a diferença e dar apoio tanto aos professores como
os alunos. Frisar a importância da biblioteca nas escolas e defender que é necessário
que haja um profissional qualificado para atuar nesse espaço é cada dia mais
evidente. O espaço existe nas escolas públicas do nosso estado, mas é pouco
utilizado pelo grupo escolar. A pergunta sobre a frequência à biblioteca da escola nos
mostra que o lugar é pouco utilizado e não possui acervo atualizado, mas, ainda
assim, alguns professores fazem uso e conseguem aproveitar o que ela tem de
melhor, como explica o professor 7:
Sim. Faço uso dos livros de lá, tem muita coisa boa e muitos professores nem sabem, tem um tesouro dentro daquela biblioteca, só falta um pouco de divulgação.
Sabemos que, para haver um bom funcionamento da biblioteca na escola, é
preciso que haja engajamento de todo a comunidade escolar. Macedo (2005, p. 43)
afirma que há a necessidade de equacionar a razão desse indiferentismo em relação
à biblioteca escolar e tentar sensibilizar e engajar a todos os envolvidos no processo.
A biblioteca da escola passa por um momento de reformulação, até por que a nossa informática aqui é um tanto defasada, nós temos computadores aqui do pregão de 2006 e estão totalmente defasados, então estamos tentando colocar uma máquina melhor em funcionamento e instalar um programinha de biblioteca para fazer o cadastramento dos livros e agilizar o trabalho da pessoa que fica na biblioteca (Professor 4).
As dificuldades enfrentadas pela biblioteca escolar pública vão desde a falta de
estrutura à ausência de pessoal qualificado para o desenvolvimento adequado das
suas atividades, prejudicando em muito a inserção de novas técnicas nesse espaço.
É o que mostra o resultado da pergunta 4 sobre se a biblioteca fornece o acervo
impresso e eletrônico de que necessitam para auxiliá-los na ampliação do
conhecimento, e se suprem as necessidades informacionais. Nessa questão, observa-
se a deficiência da biblioteca nesse sentido e de como essa ausência de profissional
46
qualificado reflete no papel desempenhado pelo professor, como ressalta o professor
2:
Não, de maneira alguma, a biblioteca não tem nada de eletrônico, só tem acervo físico e totalmente insuficiente, eu nunca usei uma coisa da biblioteca para preparar uma aula ou me especializar, todas elas eu faço com recurso próprio na internet, principalmente em plataformas de periódicos, que é o que mais utilizo, na maioria das vezes utilizando artifícios revolucionários como o Google Schoolar e Sci Hub que são plataformas de democratização da ciência, que disponibilizam esses periódicos que são caros e inacessíveis e que eles fazem de uma maneira ilícita, vamos dizer assim pra adquirir esse conhecimento, e eu sou um grande fã dessas medidas e utilizo com frequência, na biblioteca da escola a gente não tem nem uma ilha digital, tem um computador, mas está subutilizado e nem pra fazer cadastro nos livros ele é usado, a biblioteca realmente é muito ruim.
Os respondentes têm opiniões iguais em relação ao acervo digital, que é
inexistente, mas em relação ao acervo impresso alguns acham que ajudam e
satisfazem em partes as suas necessidades informacionais, como mostra o professor
3:
Sim, mas de forma tradicional, eletrônico não. Com esse avanço louco das mídias digitais, com um pacote de dados dá pra ter aplicativos, acesso ao Youtube. E muito melhor utilizar o dicionário em meio eletrônico, é mais interessante e outras fontes também, mas utilizo as fontes tradicionais ainda.
Nesse sentido, ressalta-se a importância de haver essa mediação entre
bibliotecários e professores na biblioteca escolar, frisando que profissionais
bibliotecários, de acordo com o manifesto do IFLA/Unesco para a biblioteca escolar
possuem habilidades para lidar com a informação, além de ser um especialista no uso
de fontes, tanto impressa como eletrônica, dessa forma o bibliotecário poderá suprir
essa demanda nas bibliotecas públicas escolares e desempenhar junto à comunidade
escolar o papel de mediador da informação, onde:
O envolvimento do bibliotecário com a pesquisa escolar se dá de diferentes maneiras... Maior envolvimento ocorre quando orienta os usuários na utilização de fontes de informação, mostrando possibilidades de acesso e explicando detalhes sobre seu uso; ensinando-lhes, por exemplo, a utilizar índices de enciclopédias e almanaques.... Em países adiantados bibliotecários que atuam no ensino básico tem tido maior envolvimento na pesquisa escolar (CAMPELLO, 2009, p. 41).
47
Vale ressaltar o conceito de competência em informação, que é a necessidade
de se estar sempre bem informado e que para bibliotecários a ideia é ampliar a função
pedagógica da biblioteca. O grande desafio não é oferecer informação qualquer, pois
esta se encontra em abundância em meio virtual, mas de se fazer mediador no
processo de aprender a identificar a boa informação, para gerar conhecimento. Não é
só identificar a informação, mas é necessário fazer uso dela, transformá-la em algo.
Nesse ínterim, a pergunta 5, que é sobre as dificuldades de se selecionar fontes de
informação, mostra que os respondentes encontram alguma dificuldade na busca da
informação, porém conseguem recuperar algo relevante, mas não é o suficiente,
alguns não sabem identificar as fontes relevantes para o uso em sala de aula, como
relata o professor 5:
Encontro, muita. Eu nunca sei qual é a fonte verdadeira, não sei onde eles foram buscar aquela informação pra disponibilizar ali, não sei quais são as fontes verdadeiras.
Vale ressaltar que a dificuldade sentida por alguns respondentes é fruto da
inabilidade em lidar com as novas tecnologias e, consequentemente, produzir
conhecimento a partir de informação, e que o profissional bibliotecário poderá fazer
no âmbito escolar, é criar uma ponte entre novas tecnologias e informação adequada,
fazendo uso das fontes de informação específicas e da competência em informação.
A internet surgiu como espaço democrático e facilitador, mas que necessitam
de uma certa habilidade para fazer bom uso dela, o acesso à internet torna-se
dependente da leitura e é nesse parâmetro que o termo competência em informação
deverá ser ressaltado. No que tange à questão 6, que reflete o uso da internet para a
elaboração das aulas e se utilizam algum site ou repositório de informação, mais da
metade dos respondentes afirma usar a internet para elaborar as suas aulas e que a
utilizam com frequência, mas alguns professores afirmaram não utilizar a rede por
falta de hábito. Quanto aos que utilizam com frequência, vale salientar os que estão
mais familiarizados com o uso das novas tecnologias e a maneira como usam a
internet. Podemos perceber que são professores que já estavam inseridos nesse novo
contexto e que, portanto, sentem-se à vontade com o novo processo educacional,
como enfatiza o professor 2:
48
Sim, totalmente, eu uso com frequência a internet para elaborar minhas aulas, inclusive uma das maneiras que utilizo para fazer meu planejamento, estou aqui na sala dos professores que tem um mínimo de acesso à internet pra tentar usar, mas mesmo assim não é boa. E pra pesquisar e montar minhas aulas uso muito periódicos, e utilizo muito Youtube e Netflix, que possuem programas de divulgação científica e que são feitas de maneira séria, como o cosmos e documentários que posso usar nas aulas e uso também a Wikipédia em inglês, pois tem maior credibilidade, e tem uma discussão muito grande por trás, inclusive faço trabalhos com alunos para eles escreverem a Wikipédia, alimentar a Wikipédia com a pesquisa que eles fizeram.
Mas constatou-se, por meio desta pesquisa, que a utilização da internet para a
elaboração das aulas e, consequentemente, a sua utilização em sala de aula ainda é
algo distante e, por falta de apoio pedagógico, não é possível realizar, como mostra o
professor 7:
Não, apesar de fazer uso da internet eu não uso com tanta frequência, eu me respaldo muito no livro didático e em outras fontes, mas não lá na internet, a gente sabe que nem tudo lá é 100% e que existem falhas. Ainda estou muito no livro impresso.
Contudo faz-se necessário voltar à discussão e dar significado ao termos
nativos e imigrantes digitais. Os respondentes em sua maioria são imigrantes digitais,
isto é, nasceram em outra época e não estão acostumados a produzir conhecimento
a partir das novas tecnologias, mas que isso não é uma condição permanente. Pode-
se observar o intuito de buscar formação continuada e adaptação a essa nova maneira
de produzir conhecimento a partir do meio virtual. Assim, o modo de aprender e os
alunos, nativos digitais, os que nasceram na era digital e estão familiarizados com o
uso das novas tecnologias também se modificaram. A pergunta de número 7 aborda
qual seria a maior dificuldade em lidar com os alunos (nativos digitais), nesse novo
contexto de tecnologia da informação, e se já pensaram em utilizar essa
competência/habilidade como instrumento de aprendizagem no ambiente da sala de
aula e como complemento de conteúdo da disciplina. Os professores responderam
que pensam em utilizar sim as novas tecnologias e que muitas vezes por falta de
estrutura ficam impossibilitados de realizar as atividades, como enfatiza o professor 4:
49
Nós temos aqui dois paradoxos interessantes que interagem muito bem com as novas tecnologias, até mais que alguns professores que só se utilizam do projetor e esquecem ali tem toda uma gama de informação a ser trabalhada com os alunos, por outra parte a questão do acesso, foi tão propagado mas o acesso não está a contento, mas os alunos em si sabem mexer na internet, mas ainda não tem as nuances da pesquisa, falta instrução para eles, os professores precisam interferir nesse lado. A internet é boa mas também traz muita desinformação, é uma faca de dois gumes, é necessário saber usar.
Em contrapartida, vale explicitar a resposta do professor 2, nativo digital, e o quão
está habituado a esse novo contexto:
Sim, então eu me considero um nativo digital, eu cresci e muito novo tive acesso as primeiras conexões de internet no Brasil, então faz parte do meu dia a dia, sem o meu computador eu não trabalho, eu tenho essa prática de fazer pesquisa e venho com os alunos pra cá (sala dos professores), aonde tem alguma internet, pra eles fazerem as pesquisas, e utilizo também o Whatsapp, para fazer desafios, é... numa época em que precisei viajar mantive as aulas no Whatsapp e fiz uma espécie de gamificação das aulas e temos um grupo de biologia aonde se troca muita informação nesse ambiente. Eu lido com as mídias digitais muito facilmente e faço até revisões no Whatsapp, mas dessa forma tenho algum receio também, pois acabo excluindo alguns alunos, pois nem todos possuem os suportes adequados e internet em casa. Por causa disso não faço com muita frequência, para não prejudicar quem não tem acesso.
Observando esta última resposta, o acesso à internet e aos suportes
informacionais não são de fácil acesso para alguns alunos e que utilizar só esse meio
poderia excluí-los do processo ensino aprendizagem. A utilização desses meios
requer um aparato por parte da escola, a pesquisa mostra que há interesse por parte
dos professores em utilizar as novas tecnologias, mas que não possuem respaldo
estrutural para a realização e implementação dessa nova realidade, como mostra o
professor 6:
Já pensei demais e inclusive já defendi, mas nem todos tem acesso ao wi-fi, precisa tornar o acesso fácil, disponibilizar os suportes e as ferramentas para todos nós alunos e professores.
Portanto, a biblioteca escolar pública se encontra em situação de transformação,
a necessidade de uma mudança nesse ambiente propício a descobertas faz-se
urgente, e é importante frisar a importância do papel do bibliotecário e sua atuação na
50
biblioteca da escola. A mudança de paradigmas e a reestruturação da biblioteca
escolar se tornam necessárias para que o jovem (nativo digital) e o corpo docente
(imigrantes digitais) tenham total consciência de que o espaço biblioteca poderá ser
de grande importância para o desenvolvimento e melhor preparação para a sua vida
escolar. O bibliotecário, como mediador desse processo, deve visar ao trabalho
colaborativo no desenvolvimento de habilidades informacionais.
51
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O propósito desta pesquisa foi perceber, em um contexto específico, o
comportamento do indivíduo na era digital, especificamente professores imigrantes
digitais e como utilizam as novas tecnologias no contexto escolar. A problemática em
questão foi: os professores, imigrantes digitais estão familiarizados com as novas
tecnologias de informação e comunicação? E qual seria a dificuldade em realizar
pesquisa a partir da internet e sua relação com os alunos nativos digitais
Dessa forma, buscou investigar como os professores realizavam suas
pesquisas, se conheciam as fontes de informação e como as utilizavam, e se
buscavam algum apoio na biblioteca da escola.
A partir dessa proposta de pesquisa, observou-se que os sujeitos pesquisados
em sua maioria conheciam as TIC e estavam bastante preocupados em adquirir tais
habilidades.
O destaque da utilização das novas tecnologias na sociedade aliada a
biblioteca escolar como mediadora entre professores e alunos no processo de
aprendizagem e o papel do bibliotecário nesse novo contexto, mostra a necessidade
da inserção desse profissional atuando em bibliotecas escolares.
A quantidade de informação na rede é imensa, sendo assim o professor precisa
estar inserido no contexto digital, no que se refere a busca da informação e sua
utilização na sala de aula, embora ainda alguns dos entrevistados não estejam
familiarizados ou não dispusessem de amparo tecnológico para realizar as atividades
a que se propunham a partir da internet e de suportes adequados para esse fim. Em
relação à familiarização dos suportes podemos perceber que parte dos entrevistados
diz estar habituado e as utiliza com frequência e outra parte não, ainda possuem uma
certa resistência aliada a dificuldade estrutural.
No que se refere às fontes de informação, todos conhecem o termo e sabem
utilizá-las, ao mesmo tempo saber se frequentam a biblioteca da escola foi
esclarecedor em alguns aspectos, tais como, detecção de acervo defasado e
dificuldade no acesso a fontes de informação digitais e bibliográficas. No entanto
alguns entrevistados sentiam-se a vontade com o acervo da biblioteca.
52
Sendo assim, a questão que aborda se a biblioteca fornece acervo impresso e
eletrônico de que necessitam, explica o motivo da não frequência por todos os
entrevistados, os que possuem fluência tecnológica não se encontram respaldados
na biblioteca da escola, já os entrevistados que revelaram pouca habilidade no
manuseio das novas tecnologias sentem-se atendidos em suas necessidades
informacionais no que se refere ao acervo impresso. O acervo digital não existe por
questões práticas e estruturais.
No entanto não há dificuldade para encontrar fontes de informação fora da
biblioteca escolar, todos conhecem minimamente como acessar a informação, já
outros possuem habilidades mais complexas e já trabalham com as novas tecnologias
em sala de aula, como elucida a questão referente a utilização da internet para a
elaboração das aulas. Nesse aspecto, a maioria dos entrevistados usa a internet para
a busca de informação, mas não consegue utilizá-las em sala de aula por questões
estruturais e de acesso, mas incentivam o uso pertinente em sala de aula. Em
contrapartida alguns entrevistados preferem a maneira tradicional de elaborar
informação.
E, por fim, questionou-se qual seria a maior dificuldade em lidar com alunos
nativos digitais nesse novo contexto de tecnologia da informação, e pode-se perceber
que o principal entrave é o acesso restrito da internet na escola, um dos entrevistados
ressaltou a angústia de lidar com esses novos alunos, nativos digitais e de como eles
estão à frente do contexto educacional, muitas vezes ultrapassado. Vale salientar que
existe algum receio por parte dos professores imigrantes digitais em lidar com esse
novo modo de aprender, e a informação na rede, segundo alguns entrevistados não é
confiável e que por isso necessitam adquirir certas competências informacionais em
seu processo formativo.
Todavia quase todos estavam familiarizados com as tecnologias e todos
mostraram interesse e reconhecimento da importância da utilização das ferramentas
de informação e comunicação no contexto educacional. De acordo com Marc Prensky
(2001) o mundo está dividido entre imigrantes digitais e nativos digitais, estes já
nasceram nesse mundo e os imigrantes tentam adaptar-se. Os professores
pesquisados acabam por se acostumar a esse mundo, porém encontram alguma
dificuldade ou ainda não possuem o hábito para sobreviver no mundo virtual. O
professor não domina ainda o meio digital, sua prática é oral, mas enfrenta os desafios
53
de conviver e inserir os novos contextos na sua prática, é um desafio atual aprender
e aplicar novos conhecimentos através das tecnologias digitais.
O resultado da pesquisa apontou que os professores imigrantes digitais estão
sim, a par das novas tecnologias e as usam sempre que tem oportunidade, mas que
o conhecimento em relação a boa utilização dessas ferramentas informacionais ainda
é muito tímido e que não as utilizam com frequência, também, por falta de estrutura e
do difícil acesso no ambiente da escola ao qual estão inseridos. Apesar da escola
contar com um projeto da metrópole digital e possuir alguns terminais de consulta, o
acesso à internet é muito precário e não chega as salas de aula.
E é nesse momento que reconhecem que a biblioteca não oferece o suporte
informacional que necessitam no âmbito digital e para alguns existe carência de
suportes informacionais impressos, todavia constatou-se que a biblioteca da escola é
um espaço pouco explorado e que não há uma mediação eficaz para professores e
alunos. No entanto, apesar desse cenário, e a partir de novas aquisições por parte de
um professor em particular, a rotatividade de empréstimos aumentou
consideravelmente.
Vale ressaltar que a importância do bibliotecário atuando em biblioteca escolar
poderá fazer a diferença, no que se refere a educação de usuários e posterior
desenvolvimento em competência informacional. A ciência da informação e a
educação são áreas correlatas e que a partir das temáticas já estudadas, podem
colaborar para melhorar as suas práticas visando sempre o compartilhamento da
informação e a inclusão dos sujeitos envolvidos nesse processo.
54
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APÊNDICE: TRANSCRIÇÃO DAS ENTREVISTAS
Tabela 1 – Respostas à 1ª pergunta feita aos entrevistados da pesquisa.
Pergunta Numeração Respostas
Você está
familiarizado com os
suportes
informacionais e
suas ferramentas?
Professor 1
Na verdade, eu tive muita dificuldade, pois vim
de outra área, fui despachante da Varig e ai
decidi pela área da educação. Me identifiquei
de cara, mas essas novas tecnologias foram
muito difíceis pra mim, precisei me reciclar,
ingressei na educação em 2000 e já fui fazer
pedagogia e a pós graduação em novas
tecnologias, na UnP. E sei que nós
precisamos transformar informação em
conhecimento, então já tenho um trabalho já
feito nessa área. Mas há entraves com a
infraestrutura em relação ao governo do
estado, não há investimentos nessa área. Mas
eu uso tablets em sala de aula.
Professor 2 Sim.
Professor 3 Sim, algumas.
Professor 4 Eu utilizo sim para pesquisa e alguns
professores também utilizam em sala de aula.
Professor 5 Não.
Professor 6
Sim, algumas ferramentas, não em todas, eu
me acho um pouco preparado, pois sabemos
que a tecnologia avança a cada momento.
Quanto a informação não posso garantir que
seja precisa ou que seja aquela mais atual,
ainda preciso me adaptar.
Professor 7
Assim... eu tive muita dificuldade quando a
gente fez essa transição, mas me empenhei
muito, quase todas as minhas aulas eu utilizo
a internet pra fazer pesquisa, pra fazer um
59
trabalho diferente, coloco os alunos nesses
contexto pra pesquisar e pra apresentar
trabalhos. Não fiquei limitada ao livro, apesar
de não podermos utilizar a internet em sala de
aula por questões de estrutura, eles
pesquisam em casa e trazem pra sala de aula.
Fonte: Dados de pesquisa (2017).
Tabela 2 – Respostas à 2ª. pergunta feita aos entrevistados da pesquisa.
Pergunta Numeração Respostas
Você sabe o que
são fontes de
informação? Se
sim, cite alguns
exemplos.
Professor 1
Sim, sei, tanto literárias como manuscritos e
editados, como fontes de sites e e-mails, mas
tem muita fonte duvidosa e eu procuro sempre
buscar uma fonte segura, a gente intercambia
com alguns professores da área também. As
fontes que conheço e utilizo mais são o G1, as
fontes televisivas, o café filosófico e o jw.org
que é uma fonte educacional religiosa, lá tem
muitos temas que utilizo, como bullying,
drogas, sexo antes do tempo, orientação pra
jovens.
Professor 2
Sim, estou familiarizado, uso todas elas,
integralmente, acho que são poucas as
plataformas que eu não uso, inclusive eu tenho
o hábito de alimentar conteúdos para a internet,
umas das coisas nas quais eu estou me
especializando é de produzir conteúdos
didáticos, para o alunos que não quer aprender
via escola, então estou familiarizado sim,
produzo conteúdo pra Youtube, principalmente
no Facebook e Instagram.
60
Professor 3 Sim, dicionários da Longman, Oxford, em
relação a pronúncia são excelentes.
Professor 4
Nós temos, nas TIC, os vários campos de
pesquisa, Google, sites de bibliotecas que são
mais específicas para pesquisas científicas, eu
utilizo plataformas mais avançadas na área da
pesquisa, entro muito nas bibliotecas
estrangeiras, da Alemanha, da Bretanha, por
que minha área de pesquisa é em metafísica e
o filósofo que eu estudo é inglês, então eu
tenho que entrar mais em inglês e alemão, e,
quando você pega uma pesquisa em
português, geralmente ela vem um tanto, como
posso dizer... mal traduzida. As melhores
traduções são em espanhol, infelizmente é
assim, a língua portuguesa é mal utilizada no
campo científico, infelizmente.
Professor 5 Sim, eu utilizo bastante o Google e o Youtube.
Professor 6
Pra mim a fonte de informação hoje, se for o
que estou pensando, quando você me
pergunta o que é fonte de informação entendo
que sejam as televisivas, os jornais a
tecnológica, a internet e outras mais.
Professor 7
Sim, sei, eu faço uso do Sigeduc, pois a vida
escolar está atrelada a ele, mas eu busco
outros recursos como o mundo educação.
Fonte: Dados de pesquisa (2017).
61
Tabela 3 – Respostas à 3ª. pergunta feita aos entrevistados da pesquisa.
Pergunta Numeração Respostas
Você
frequenta a
biblioteca da
escola?
Professor 1
Eu frequento no peito e na marra, frequento e faço
uso, inclusive faço alguma baldeação do município
para o estado (de livros), eu utilizo muito o material
que a biblioteca dispõe.
Professor 2
Sim, frequento, mas apenas para orientar meus
alunos em relação ao novo acervo e me certificar que
eles estão conseguindo fazer os empréstimos.
Professor 3 Muito pouco.
Professor 4
A biblioteca da escola passa por um momento de
reformulação, até por que a nossa informática aqui é
um tanto defasada, nós temos computadores aqui do
pregão de 2006 e estão totalmente defasados, então
estamos tentando colocar uma máquina melhor em
funcionamento e instalar um programinha de
biblioteca para fazer o cadastramento dos livros e
agilizar o trabalho da pessoa que fica na biblioteca.
Professor 5 Não.
Professor 6 Às vezes.
Professor 7
Sim. Faço uso dos livros de lá, tem muita coisa boa e
muitos professores nem sabem, tem um tesouro
dentro daquela biblioteca, só falta um pouco de
divulgação.
Fonte: Dados de pesquisa (2017).
62
Tabela 4 – Respostas à 4ª. pergunta feita aos entrevistados da pesquisa.
Pergunta Numeração Respostas
Na sua opinião a
biblioteca fornece o
acervo impresso e
eletrônico de que
você necessita para
auxiliá-la na
ampliação do seu
conhecimento, isto
é, ela supre as suas
necessidades
informacionais?
Justifique.
Professor 1
Basicamente não todas, alguns terminais
são com senhas restritas, não é muito
descentralizado, o menino digitalizador tem
mais acesso que a gente... Só tem livros e
o material digital não existe.
Professor 2
Não, de maneira alguma, a biblioteca não
tem nada de eletrônico, só tem acervo físico
e totalmente insuficiente, eu nunca usei
uma coisa da biblioteca para preparar uma
aula ou me especializar, todas elas eu faço
com recurso próprio na internet,
principalmente em plataformas de
periódicos, que é o que mais utilizo, na
maioria das vezes utilizando artifícios
revolucionários como o Google Schoolar e
Sci Hub que são plataformas de
democratização da ciência, que
disponibilizam esses periódicos que são
caros e inacessíveis e que eles fazem de
uma maneira ilícita, vamos dizer assim pra
adquirir esse conhecimento, e eu sou um
grande fã dessas medidas e utilizo com
frequência, na biblioteca da escola a gente
não tem nem uma ilha digital, tem um
computador, mas está subutilizado e nem
pra fazer cadastro nos livros ele é usado, a
biblioteca realmente é muito ruim.
Professor 3
Sim, mas de forma tradicional, eletrônico
não. Com esse avanço louco das mídias
digitais, com um pacote de dados dá pra ter
aplicativos, acesso ao Youtube. E muito
63
melhor utilizar o dicionário em meio
eletrônico, é mais interessante e outras
fontes também, mas utilizo as fontes
tradicionais ainda.
Professor 4
Não, mas os livros que tem lá serve para os
alunos. O acervo que temos não é o
correto, mas tem um mínimo necessário.
Professor 5
Não, porque não tem recursos financeiros
aqui pra escola e a biblioteca se ressente
disso. É um problema da educação
brasileira como um todo e a biblioteca é
penalizada. Então na minha opinião a
biblioteca não supre minhas necessidades.
A escola já recebeu um acervo do ministério
da educação riquíssimo, mas houve um
saque e nós ficamos sem esse material.
Professor 6
O impresso sim. Mas a digital não, as
informações impressas da biblioteca não
são tão precisas, mas ajudam.
Professor 7
Não, não supre, mas ajuda muito. Agora
mudou a gestão da biblioteca e está lá um
professor com desvio de função.... e ele
organizou e achou muita coisa boa. Só que
ainda não tive tempo de ver tudo.
Fonte: Dados de pesquisa (2017).
64
Tabela 5 – Respostas à 5ª. pergunta feita aos entrevistados da pesquisa.
Pergunta Numeração Respostas
Você encontra
dificuldades para
selecionar fontes de
informação?
Professor 1
Não encontro, não, porque, lá em casa eu
não tenho internet. Ora, se eu não sou
reconhecido pelo Estado, não tenho
condições financeiras, então vou à lan
house. Mas conheço as fontes sim.
Professor 2 Na biblioteca daqui sim, mas fora daqui
não.
Professor 3 Não.
Professor 4
Às vezes, devido as nossas plataformas de
pesquisa deixarem um pouco a desejar.
Preciso entrar em outros sites mais
interessantes, mas nem sempre é
permitido, pois são periódicos caros. A
nossa informática ainda está engatinhando
em comparação a outros países, se bem
que nós temos aqui o desenvolvimento de
software livre na área de Pernambuco, de
desenvolvimento tecnológico interessante.
Mas está longe do ideal.
Professor 5
Encontro, muita. Eu nunca sei qual é a fonte
verdadeira, não sei onde eles foram buscar
aquela informação pra disponibilizar ali, não
sei quais são as fontes verdadeiras.
Professor 6 Não, hoje não. Mas é preciso saber o
básico.
Professor 7
Às vezes sim, quando eu não consigo eu
uso uma estratégia de colocar um título e
ver o que serve ou não. Mas aparece muita
coisa inútil, eu ainda fico receosa quanto a
busca da informação.
Fonte: Dados de pesquisa (2017).
65
Tabela 6 – Respostas à 6ª. pergunta feita aos entrevistados da pesquisa.
Pergunta Numeração Respostas
Você costuma usar a
internet para elaborar
suas aulas? Se sim,
como você a utiliza?
Há algum site, ou
repositório de
informação que
utiliza com
frequência? Qual ou
quais?
Professor 1
Não, não cheguei a esse nível. Meu
planejamento é comum, é simples, mas a
escola me dá o suporte, tem as ferramentas
com o datashow e o tablet, e ai a gente
utiliza pequenos vídeos, não muito
extensos pra não virar hora do cinema, mas
não gosto muito, apesar da escola ter o
suporte e disponibilizar as ferramentas.
Professor 2
Sim, totalmente, eu uso com frequência a
internet para elaborar minhas aulas,
inclusive uma das maneiras que utilizo para
fazer meu planejamento, estou aqui na sala
dos professores que tem um mínimo de
acesso à internet pra tentar usar, mas
mesmo assim não é boa. E pra pesquisar e
montar minhas aulas uso muito periódicos,
e utilizo muito Youtube e Netflix, que
possuem programas de divulgação
científica e que são feitas de maneira séria,
como o cosmos e documentários que posso
usar nas aulas e uso também a Wikipédia
em inglês, pois tem maior credibilidade, e
tem uma discussão muito grande por trás,
inclusive faço trabalhos com alunos para
eles escreverem a Wikipédia, alimentar a
Wikipédia com a pesquisa que eles fizeram.
Professor 3
Tem sim, eu utilizo vídeos, o Youtube nos
dá isso de forma bem prática, o English
Town também é um site muito acessível e
eu indico pros alunos e eles usam.
66
Professor 4
Sim, as editoras disponibilizam o seus sites,
onde nós encontramos bancos de
questões, aulas e planejamento de aula. As
editoras promovem esse acesso a todas as
disciplinas quando distribuem os livros
didáticos. Além do próprio ministério da
educação também mantém a TV escola e
outros sites de pesquisa, e o próprio
Sigeduc que tem os links de ligação para
você formatar essas aulas e promover algo
mais interessante para os alunos. Mas a
grande maioria não se utiliza dessas
ferramentas e a sala de aula ainda deixa
muito a desejar. A internet na escola deixa
a muito a desejar, instalaram aqui esse
equipamento mas não há alcance nas salas
de aula, o metrópole digital instalou essa
coisa toda aqui, mas eles estão passando
nas escolas e querendo fazer um
orçamento por fora para possibilitar a
ampliação do sinal para todos os alunos e
professores, quer dizer o governo federal se
engaja no projeto junto com o governo do
estado, fazem toda uma propaganda, mas
na realidade é isso que se vê.
Professor 5
Não uso não. A minha base pra elaborar
minhas aulas são os livros didáticos. Eu
tenho consciência de que preciso me
especializar, mas enquanto não acontece
prefiro ir pelo certo do que ficar navegando
na internet e trazendo material que pode ser
impreciso também.
67
Professor 6
Eu gosto muito de entrar em sites, no
Sigeduc, no site do Ministério da Educação
e na UFRN, pois me atualizo bastante e sei
o que estão fazendo de novo na minha
área.
Professor 7
Não, apesar de fazer uso da internet eu não
uso com tanta frequência, eu me respaldo
muito no livro didático e em outras fontes,
mas não lá na internet, a gente sabe que
nem tudo lá é 100% e que existem falhas.
Ainda estou muito no livro impresso.
Fonte: Dados de pesquisa (2017).
Tabela 7 – Respostas à 7ª. pergunta feita aos entrevistados da pesquisa.
Pergunta Numeração Respostas
Qual a maior
dificuldade em lidar
com os alunos (nativos
digitais), nesse novo
contexto de tecnologia
da informação? Já
pensou em utilizar essa
competência/habilidade
como instrumento de
aprendizagem no
ambiente da sala de
aula e como
complemento de
conteúdo da disciplina?
Professor 1
Pronto, é o que estou te falando, aqui de
tarde é ensino médio, pensando e
aproveitando esse gancho da internet pra
sala de aula, Wikipédia, dicionários, mas
ainda não tem sinal de wi-fi nas salas de
aula e assim fica bem difícil pra os alunos.
Mas era necessário que se liberasse a
senha para que os alunos pudessem ter
acesso e junto com os professores tornar
a aula mais atrativa pra eles com uso da
internet.
Professor 2
Sim, então eu me considero um nativo
digital, eu cresci e muito novo tive acesso
as primeiras conexões de internet no
Brasil, então faz parte do meu dia a dia,
sem o meu computador eu não trabalho,
eu tenho essa prática de fazer pesquisa e
68
venho com os alunos pra cá (sala dos
professores), aonde tem alguma internet,
pra eles fazerem as pesquisas, e utilizo
também o Whatsapp, para fazer desafios,
é... numa época em que precisei viajar
mantive as aulas no Whatsapp e fiz uma
espécie de gamificação das aulas e
temos um grupo de biologia aonde se
troca muita informação nesse ambiente.
Eu lido com as mídias digitais muito
facilmente e faço até revisões no
Whatsapp, mas dessa forma tenho algum
receio também, pois acabo excluindo
alguns alunos, pois nem todos possuem
os suportes adequados e internet em
casa. Por causa disso não faço com muita
frequência, para não prejudicar quem não
tem acesso.
Professor 3
Sim, claro. A dificuldade é que nem todos
tem acesso, e aqueles que tem acesso
usam de forma desvirtuada, não usam
para adquirir conhecimento em sala de
aula e na escola ainda não tem um wi-fi
que pegue em toda escola e contar com o
pacote de dados dos alunos é algo
impraticável.
Professor 4
Nós temos aqui dois paradoxos
interessantes que interagem muito bem
com as novas tecnologias, até mais que
alguns professores que só se utilizam do
projetor e esquecem ali tem toda uma
gama de informação a ser trabalhada com
os alunos, por outra parte a questão do
69
acesso, foi tão propagado mas o acesso
não está a contento, mas os alunos em si
sabem mexer na internet, mas ainda não
tem as nuances da pesquisa, falta
instrução para eles, os professores
precisam interferir nesse lado. A internet
é boa mas também traz muita
desinformação, é uma faca de dois
gumes, é necessário saber usar.
Professor 5
Isso é uma das minhas principais
angústias, eles tem um ritmo
diferenciado, a nossa geração ainda
conseguia “aprender” baixando a cabeça
e sem muitos questionamentos, essa
geração não foi ensinada assim, com
essas aulas enfadonhas que a gente dá.
Não pensei em utilizar por que não
domino ainda as ferramentas.
Professor 6
Já pensei demais e inclusive já defendi,
mas nem todos tem acesso ao wi-fi,
precisa tornar o acesso fácil,
disponibilizar os suportes e as
ferramentas para todos nós alunos e
professores.
Professor 7
Já sim. Trabalhando a questão do
dicionário para a ampliação vocabular, os
alunos tem acesso à internet, possuem os
meios, mas não sabem utilizar de forma
correta para o aprendizado em sala de
aula, se a aula esta enfadonha eles
acham que podem entrar na internet e
ficam lá no mundinho deles, já trouxe
textos mostrando a importância de
70
separar os momentos de entrar na
internet e participar da sala de aula. Em
casa deve ser cada um no seu mundo,
por que não há interação com os colegas
e cada um fica no seu mundo virtual. Mas
eles são muito sabidos, as vezes passo a
atividade e eles vão pra internet saber a
resposta.
Fonte: Dados de pesquisa (2017)
Professor 1
Gênero: Masculino.
Idade: 53.
Tempo que leciona: 16 anos.
Graduação em Sociologia e filosofia.
Especialista em educação – Novas tecnologias (UnP).
Conselheiro escolar (UNB).
Professor 2
Gênero: Masculino.
Idade: 43.
Tempo que leciona: 20 anos.
Graduação em Língua Inglesa e em Licenciatura plena Língua Portuguesa (UFRN).
71
Professor 3
Gênero: Masculino.
Idade: 33 anos.
Tempo que leciona: 8 anos.
Licenciado em Biologia.
Mestre em Psicologia.
Doutor em Neurociência.
Professor 4
Gênero: Masculino.
Idade: 53.
Tempo que leciona: 35 anos.
Licenciado em Filosofia.
Especialista em metafísica.
Professor 5
Gênero: Feminino
Idade: 39
Tempo que leciona: 10 anos
Graduada em Ciências Sociais, bacharel em Sociologia e licenciada em Ciências
Sociais pela UFRN.
72
Professor 6
Gênero: Masculino.
Idade: 55.
Tempo que leciona: 30 anos.
Graduado em Educação Física pela UFRN, especialista em Atividade Lúdica.
Professor 7
Gênero: feminino.
Idade: 56.
Tempo que leciona: 32 anos.
Graduada em Letras - Língua Portuguesa pela UFRN.