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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA JULIO PRETTO ANALISE DE DOCUMENTARIOS: UM ESTUDO DO GENERO NA TV Curitiba 2006

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA

JULIO PRETTO

ANALISE DE DOCUMENTARIOS:UM ESTUDO DO GENERO NA TV

Curitiba2006

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JiJlio Pretto

ANALISE DE DOCUMENTARIOIS:UM ESTUDO DO GENERO NA TV

Monografia apresentada ao curso deespecializac;ao em Estrategias da Comunicac;aoda Universidade Tuiuti do Parana como requisitoparcial para obtenc;ao do titulo de Especialista emEstrategias da Comunicac;ao, sob orientac;ao doProf. Edenilson Almeida.

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SUMARIO

1 INTRODU<;:Ao......................... . 62 OQUEEDOCUMENTARIO.. . 102.1 0 DOCUMENTARIO NO BRASIL... . 122.1.2 Defini9ao.. . . 123 PLANOS E DEFINI<;:OES.. . . 173.1 A IMAGEM NA TELEVISAo 173.2 COMPOSI<;:AO DA IMAGEM.. . 183.2.1 Elementos que comp6em a imagem 183.3 A LlNGUAGEM.. . 193.3.1 Enquadramento.. . 193.3.2 Pianos em movimento.. . 203.4 PONTUA<;:AOICORTE.. ...233.4.1 Os cortes sao responsaveis pela pontua9ao em uma grava9ao 233.4.2 Dispomos de tres maneiras para efetuar 0 corte nas cameras

profissionais.. . 233.4.3 Corte realizado na mesa de corte 243.5 ELEMENTOS DA LlNGUAGEM.. . 254 ANALISE DOS CANAlS.. . 264.1 GLOBO REP6RTER . 264.2 REP6RTER RECORD.. . 294.3 Compara9ao dos canais.. . ...325 CONSIDERA<;:OES FINAlS 35

REFERENCIAS .. . 36

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RESUMO

o objetivo desse trabalho e tra9ar urn pertil da linguagem que esta sendo usada nos

programas de documentarios da tev€! aberta. Para 0 estudo foram escolhidos as

program as Globo Rep6t1er, da Rede Globo, e Rep6rter Record, da Rede Record de

televisao. 0 estudo toi feita a partir da analise de cinco edic;oes de cada programa.

AII~m de tentar descobrir qual linguagem e usada, procuro estabelecer uma

compara9ao entre as dais program as. A escolha por esse tema deve-se ao fato de

existirem poucos trabalhos desenvolvidos sabre a assunto e ainda per nao existir

nada que tale especificamente sobre a linguagem do documentario na televisao.

Palavras-chave: analise, documentario, comparayao

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INTRODUCAO

A televisao no Brasil

A televisao brasileira surge na decada de 50 meio ao contexte de ~guerra rria~

que apresentava como de fundo a desejo de acompanhar e adquirir as inovavoes

tecnol6gicas dos Parses desenvolvidos. Nesse mesma periodo a industria brasileira

5e encontrava em processo de crescimento e as centres urbanos estavam se

transformando por meio das atividades comerciais, de servic;:os, educac;:ao e

financeira. No cenario politico, Getulio Vargas substituia 0 general Eurico Gaspar

Dutra.

No cem'lrio da comunicac;:ao, 0 radio, que nasceu na dtkada de 20 com a

objetivo de ser urn meio para a elite, atingia agora todas as classes sociais mas naD

representava mais a grande coqueluche nacional. 0 radio estava entrando na fase

final da chamada "era de ouro do radio brasileiro".

Nesse contexte surge a televisao. Com a decHnio do radio, a jornalista Assis

Chateaubriand, dono dos Diarios e Emissoras Associadas, resolvesse investir em

outra area da comunicacao. A televisao.

o ana era 1950. 0 Brasil comeyava a respirar a Copa do Mundo que seria

disputa em terras tupiniquins. 0 sonho do primeiro titulo mundial era esperado par

cerca de 50 milhOes, assim cemo a chegada da TV. Mas enquanto 0 mundial nao

chegava, a "atacante" Assis Chateaubriand dava 0 ponta pe inicial para a instalacao

da primeira emissora de televisao no Brasil. Chateaubriand era urn visionario e

proprietario do maiar imperio da comunicacao do Brasil, englobando varios jornais,

radios e revistas.

o homem dos Diaries Associados tinha cerna caracteristica marcante

enxergar cada vez mais longe. Para muitos, 0 empresario estava arriscando·se

demais, vista que nao possuia nenhum conhecimento sobre a televisao e ate porque

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nos Estados Unidos, Pais pioneiro, este meio ainda era deficitario e apresentava

muitos problemas. Mesmo assim a jornalista resolveu arriscar e implantar a primeira

emissora da America do Sui.

Depois de estudos e viagens aos Estados Unidos para conhecer urn pouco

sabre a nova maravilha da comunicac;ao, Chateaubriand inaugurou a televisao no

Brasil.

Precaria e ex6tica quanta a pioneiro e lnaugurada a televisao no Brasil. As

manchetes dos jornais do dia 18 de setembro de 1950 anunciavam: ~A te/evisao vem

ai. ... nao basta ter apenas voz. Sao necessarios outros predicados".

o locutor e ator Walter Foster fol a responsc'lvel pelo anuncio da inaugurac;aa da TV

Tupi. Com sua val grave e pausada, Foster apareceu na telinha as 21 haras e

anunciou. "Neste momenta entra no ar a primeira emissora de te/evisao da America

do Sui! Esl,; no ar a PRF-3, Televisao Tupi de Sao Paulo".

Em Sao Paulo, a populac;ao estava ansiosa para conferir a maravilha que

estava chegande ao Brasil. Como nao existiam aparelhos receptores, Assis importou

cerca de 200 des Estados Unidos e espalhou em pontos estrategicos, como prac;as

e vitrines de lojas do centro da cidade, permitindo assim que centenas de paulistas

assistissem a primeira transmissao da televisao brasileira.

A seqOencia da inaugurac;ao fol marcada par incertezas e pelo improviso. No

mesmo dia a TV Tupi colocava no ar 0 primeiro programa da televisaa brasileira.

Mas urn problema com uma das tres cameras disponlveis fez com que os

telespectadores tivessem de esperar cerca de 40 minutos, pais a tecnico norte-

americana, responsavel pelos trabalhos, nao estava no local. Segundo a lenda, esta

camera teria sido quebrada com uma garrafada dada par Assis Chateaubriand no

momento da comemoraC;30 da inaugurac;ao.

Solucionado e problema, Cassia no Gabus Mendes comandou 0 TV na Taba,

urn espetaculo que durou quase duas horas e contou com Hebe Camargo,

Mazzaropi, Walter Foster, Lima Duarte, Lia de Aguiar, Lolita Rodrigues e Wilma

Bentivegna, entre outros.

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A partir deste dia 0 Brasil passaria a fazer parte do grupo dos quatro Paises a

contar com uma emissora de TV. A pioneira funcionava em Nova Yorque desde

1940 e as outras duas estavam na Franya e Inglaterra.

Apesar do improviso e da falta de conhecimento, uma segunda televisao viria

a somar·se ao imperio dos Diarios e Emissoras Associadas. Em 20 de janeiro de

1951, dia de Sao Sebastiao, padroeiro da cidade do Rio de Janeiro, a TV Tupi,

canal 6, iniciava suas operac;oes.

Como prometera Chateaubriand, a televisa:o comec;ava a se desenvolver nos

principais p610s economicos do Brasil. Apesar dos problemas que ainda

apresentava, a televisao comeya a atrair a atenc;ao do publico. Nesse periodo ja

existiam, aproximadamente, sete mil aparelhos entre as cidades de Sao Paulo e Rio

de janeiro.

Mas enos anos 60 que ocorre a consolidac;ao da televisao no Brasil. Grac;as

ao aumento da produ-;ao, 0 prec;o dos televisores foi se tornando acessivel,

possibilitando 0 surgimento de novas emissoras. A essa altura a televisao atingia a

marca de um milhao e meio de telespectadores. 0 sucesso era tao grande que as

tres emissoras de TV Sao Paulo arrecadavam publicitariamente mais que as treze

emissoras de radio.

A decada de 60 marca a chegada de grandes emissoras, como Globo (65) e

Bandeirantes (67). Ainda nesse perfodo ocorreu uma importante evoluC;ao na

televisao brasileira: 0 usa 0 video·tape. Uma tecnica que possibilitaria a edic;ao das

fitas, resultando em melhor qualidade do material gravado. Com 0 vfdeo·tape foi

possivel a criac;ao do sistema de redes de televisao no Pais. Com ele as fitas

passavam a ser gravadas e posteriormente distribuidas as afiliadas por meio de

malates.

A hist6ria da televisao nesses 54 anos teve altos e baixos. Muitas emissoras

foram tingidas por grandes incf§ndios, como no casa da Rede Record. A TV da Barra

Funda foi uma das que mais sofreram perdas, chegando a tirar a programac;aa do ar

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par nao possuir material disponive1. Mas nem tudo e tristeza nesse mais de meio

seculo de televisao no Brasil.

A programayao e a qualidade tecnica melhoraram. Hoje estamos entre as

melhores televisoes do mundo e exportamos nossas imagens para inumeros Paises.

Fomos 0 quarto Pais a inaugurar a TV e hoje contamos com uma das maiores

emissoras de televisao do mundo: A Rede Globo.

Presente em todos os Estados e cobrindo cerca de 100% do territ6rio

nacional, a televisao brasileira surgiu de urn sonho que virou realidade.

Independente de sua peculiaridade e caracteristica, a TV brasileira s6 e 0 que e

grayas ao sonho do "loueD da eomunica98o".

1.1 Analise

A analise da linguagem sera feita a partir de tres para metros: enquadramento,

relayao entre offs e sonoras e durayao do tempo medio das tom ad as. Alem disso,

estarei fazendo uma comparayao dos resultados obtidos com as dais programas. A

comparayao tern como finalidade apontar se existe alguma similaridade entre as

programas Globa Reporter e Rep6rter Record ja que os dais programas tratam

basicamente de urn unico ass unto par ediyao e sao feitos nos mesmos moldes.

o trabalho foi estruturado em 5 capitulos. 0 primeiro e a introdw;ao em si. No

segundo estarei abordando a documentario em si. 0 que e urn documentario,

quando e como surgiu, quais sao as suas caracteristicas e as varias definiyOes que

Ihe sao atribuidas.

o terceiro capitulo e reservado para as definiyoes dos enquadramentos, planas e

demais conceitos que estarao sendo analisados nos documentarios. 0 quarto

capitulo e destinado a analise propriamente dita. E a momenta em que serao

apresentados as resultados da analise realizada. No quinto capitulo, estarei

apresentando as considerayOes finais.

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o QUE E 0 DOCUMENTARIO

o genera documentario tern suas origens na hist6ria do cinema. A classica

imagem dos irmaos Lumiere sabre a chegada do trem na e5ta930 de Ciotat (Entree

d'un train en gare de La Ciatat), que representa 0 nascimento do cinema na virada

do secura, ja tinha can3ter documental. Na Inglaterra, ja em 1896, as britanicos

comec;am a produzir fiJmes de atualidades, documentaries, filmes de viagens e

reportagens, trucagens, comedias e dramas. Os avan90s tecnol6gicos proporcionam

novas OP96es de linguagem discursiva. E a partir desses avanc;;os que Dziga Vertov

propoe urn novo cinema-verdade. Agora e passivel abrir mao do texto em off,

apresentar as particularidades IingOisticas do grupo filmado, aproximando a publico

do ambiente sonora das filmagens. A partir disso, a tecnologia permite que possa ser

aumentado a Wefeitode verdade" do documentario.

Mas a primeira manifesta((80 do que mais tarde e chamado de imprensa

filmada , foi a Journal PatM, criado em 1908 pelo frances Charles PalM, dono de

uma empresa que tinha estDdios de gravaC;ao, fabrica de peliculas, venda e aluguel

de filmes, ah~m do jornal.

o termo documentario surgiu em 1926 quando a ingles Jonh Grierson, em

Cronica para a The New York Sun, utilizou a palavra pela primeira vez ao analisar 0

filme Moana, de R. Flaherty, sobre a vida dos polinesios. Para John Howard Lawson,

o cinema documentcirio e urn genera tao amplo que se tarna quase impassivel defini-

10. Pode abarcar "tudo que existe na terra, as ceus e nas profundezas do mar". Mas

o proprio Lawson cita 0 cronista ingles J. Grierson, para quem 0 dacumentario e 0

"tratamento criader da realidade~.

Sebastiaa Squirra prop6e uma divisao para 0 genera documentario:

Cinejornais, Ideologicos e Propaganda.

Os Cinejornais consistem no jornalismo cinematagrcifica. Como ja dito antes,

surgiu com 0 primeiro Pathe-Journal. "Esse primeiro cinejornal teve como palco de

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II

experimentayao a Segunda Guerra Mundial . Era muito grande, dificil e penoso 0

trabalho dos cinegrafistas da epoea na tentativa de documentar 0 que estava

acontecendo no front. Os equipamentos eram pesados, enormes e desajeitados,

alem de excessivamente frageis" Para Lawson, "0 documentario apresenta

freqOentemente urna estrutura de enredo: a a98.0 pade ser fictlcia, encenada e

muitas vezes representada par atores profissionais", a que se chama de

reconstituiyao.

Na decada de 30, surgem as documentarios de caracteristicas marcadamente

ideol6gicas, tendo como principal caracteristica 0 espirito de emo9ao e ten580. Com

a Segunda Guerra Mundial, surgiu 0 documentario de propaganda, apresentando

como principal caracteristica a manipula9c3.0 das imagens, sendo uma arma eficaz de

persuasao e mudanc;as dos fatos. A cineasta Leni Riefenstahl tornou-se especialista

na produ9ao desse tipo de filme, preduzindo Triunfo da Vontade, em 1934, baseado

na Primeira Conferenela do Partido Nazista, com a inten9ao de divulgar as ideais

nazistas. Nesse tipo de doeumentario, a montagem das cenas apresenta uma nova

realidade dos fatos.

"Naquela epeea, a diretor de cinema sovietleo Serguei Einsensteinja creditava importancia fundamental a montagem dos filmes. Paraele, "a justa posi9aO de duas cenas distintas, interligando-as, naosignifiea apenas a simples soma de duas cenas, e sim urn ato decria9ao" (Squirra, Sebastiao. Aprender Telejornalismo. Sao Paulo,Brasiliense, 1990).

Durante urn born tempo, a earaeteristiea fundamental para a genera

documentario fol a busca do realismo. Hoje, ja se fala em uma realidade eonstruida

pela presen9a da camera, que transforma a realidade durante a momenta da

eapta9ao das imagens. Mas, se nao e possivel captar 0 real de forma pura, a

eomprornisso com a verdade ainda e essencial.

"A maxima de urn born documentario e a seu compromisso com averdade. Urn documentario tern de ser, acima de tudo, imparcial;deve tentar infarmar sabre urn aeonteeimenta baseando-se apenasnos fatos. 0 documentario, tal como as materials para as pragramasinfcrmativos, tern a finalidade de repraduzir urn fato tal como e,evitanda interpreta90es subjetivas e pontcs de vista puramente

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pessoais, embera tarnbam exista a possibilidade de escrever urndocumentario de urn ponto de vista puramente pessoal, indicandoque assim foi leito" (Comparato apud Maschio, 2002, p.28).

2.2 0 DOCUMENTARIO NO BRASIL

Segundo a pesquisador Sebastiao Squirra, a cineasta americana John

Grierson foi 0 primeiro a utilizar a termo ~documentarioft, em 1926. Na TV brasileira,

a primeira tentativa de se fazer urn documentario foi 0 G/oba Shell Especial que foi

evoluindo et que em 1973, virou Globe Rep6rter, 0 qual foi muito influenciado pelo

formata de produ~ao cinematografica, principal mente ate a decada de 70, ja que a

maioria dos rep6rteres vinha do Cinema Novo.

De acordo com a pesquisador da Universidade de Sao Paulo, Paulo Militello,

o Globa Rep6rter, que estreou em marc;o de 1973, apresentando urn ass unto par

programa uma vez por mes, passou em setembro do mesmo ana a ser exibida

semanalmente. Em 1982, depois de um ana fora do ar reestreia com formata de

cinedacumentario, produzido em pellcula. totalmente autoral, feito artesanalmente e

influenciado pelo Cinema Novo, um madelo saciol6gico de fazer cinema - uma

maneira pessoal de registrar os problemas da popula.yao brasileira.

~odocumentario e caracterizado por uma linguagem construida apartir das falas de pessoas que representam vazes multiplas,portanto, falas diferenciadas. Assim, 0 documenUtrio e representadopelo cineasta/realizador como urn discurso explicito" (Militello apudMaschio, 2002, p. 24).

2.2.1 Defini~ao

As varias defini<;Oes sobre este programa jornalistico de televisao com a

denominac;ao documentario divergem entre si.

Para Cristina Mello, a documentario naa pode ser definido a partir da simples

presenc;a de tipos textuais fixos ou de enunciados estereotipados, como a descric;ao,

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narrar,;:ao, dissertaC;30 au ainda da injunc;ao. A pesquisadora completa a definic;ao

dizendo que a documentario e urn genera que passu; caracteristicas particulares

Mello diz que somas perfeitamente capazes de identificar e diferenciar urn

documentario de Qutros tipos de prodUC;c30televisiva (filmes de ficc;ao e reportagem

de televisao, par exemplo). Pode acorrer de a telespectador cometer equivocos na

interpretac;ao dos dois generos.

~Os telejornais e documentaries deveriam ser 0 reino dos discursossabre 0 real, enquanto as telenavelas e seriados, a lugar da ficyao.Entretanto, esses generos alem de nao serem puros no modonarrativamente constroem suas representac;oes, convivem com umaserie de Qutros generos que transitam entre dois p610s sem nenhumcompromisso de serem fieis ou coerentes com a realidade ou com aficc;:a.o,e que ficam mergulhados numa regiao cinzentaft (Mello, 2002.P.2).

William Cerozzi pesquisador da UNESP/Bauru, chama de udocumentario"

qualquer programa de televisao com formato jornalistico que esteja documentando

algo. Partindo daf qualquer programa produzido com canUer jornalistico pode ser

chamado de documentario, desde que seja registrado em video, catalog ado,

arquivado e transformado em documento.

Ja para Woile Guimaraes, jornalista e ex-diretor do Globo Rep6rter (apud

Maschio, 2002, 26), uUm documentario e uma pec;:ajornalfstica onde constam, no ato

da produc;:ao, urn argumento (storyline), sinopse, que exige aprofundamento das

informac;:6es tangenciadas pelo argumento, alem de detalhes de produc;:ao, como

9astos, uso de material humano e equipamentos. Consta tambem a presenc;:a de urn

pre-roteiro, que deve ser precedido de urna pre-produc;:ao. E p~r ultimo 0 roteiro,

onde 0 documentario ja deve ser visualizadoft

Tanto Guirnaraes quanto Cerozzi nao se referem a forma de apresentac;:a.o do

docurnentario.

Para Albertino Aor Cunha 0 documentario e urna produc;:ao jornalfstica

compromissada com a verdade, tendo como objetivo tao-sornente documentar urn

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acontecimento com fideJidade, evitando interpretar;:oes subjetivas e maneiras de ser

visto de uma forma pessoal. Para que issa naD aconter;:a, seu tratamento envolve a

pesquisa e a trabalho de campo. Somente depois de recolhidos todos as informes

necessarios e que se pade alinhavar 0 enfoque com que se pade produzi-Io. Urn

born documentario naD deve nunca concluir, fechar quest5es sobre 0 tema

proposto. 0 documentaro deve ser tornado conforme seus angulos. 0 julgamento de

seu enfoque e feito pelo telespeetador. Faze-Io refletir e a que importa.

Roteiristas como Doc Comparatto e pesquisadores como Sebastiao Squirra

vinculam 0 documentario a urn compromjsso com a verdade. Com isso, estabelece-

se uma contradi93o, sendo retirada dos outros formatas jornalisticos 0 dever e a

obrigayao com a atica, ja que nao e exigido deles 0 compromisso com a verdade.

Segundo Cristina Teixeira de Melio, Isaltina Maria Gomes e Vilma Moraes,

pesquisadoras da Universidade Federal de Pernambuco, a impossivel transmitir a

verdade em urn documentario, visto que no jomalismo nao existe fidelidade dos

fatos. 0 que pode ser feito, e a interpretayao da realidade, atraves da seleya.o de

diversas situac;:6es, linguagens e de ate caracteristicas inerentes a alguns formatos

jomalisticos.

~Ao escolher determinadas situac;:Oes, entre tantas, e dar-Ihes umanova roupagem atravas de seu estilo pessoal, 0 jomalista estainterferindo na realidade. Assim, a novo rnundo criado na mente dosleitores au telespectadores e que esta para ser interpretado ja nao amais a mundo ~real~ e sim sua representayao. E essa interpretac;:a.o 56se da por uma ac;:ao mediatizada de percepc;:ao do objeto~ (Melo,Gomes e Morais apud Maschio, 2002, p. 27).

o documentario pode ser considerado uma obra pessoal, ou mais, uma obra

com carater essencialmente autora!. 0 diretor da um rumo aos fatos, deixando

assim, que 0 seu ponto de vista se sobreponha a hist6ria.

Penafria diz que a escolha de urn ponto de vista a encarada como urna

escolha estatica, a que vai acarretar em implicac;:6es no momento das filmagens,

como pianos, tacnica de montagern, entre outros. 1550 e prova da interferencia do

documentarista, e 0 seu ponto de vista que esta sendo levado em conta. Oesta

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forma, 0 documentarista esta criando a interpretayao que ele vislumbra sabre 0

tema. E 0 seu ponto de vista se sobressaindo sabre as opiniOes das demais pessoas

que participam da produ,ao da pe,a.

~Um documentarista au e autoral au naD e nada. Ninguem podeconfundir urn filme de Flaherty com urn filme de Joris Ivens. Issoacontece porque Flaherty ve a realidade de forma inteiramentediferente de Ivens. A autoria e urna construyao singular da realidade.Logo, e urna visao que me interessa porque nunca sera a minha. Eexatamente isso que espero de qualquer born documentario: naDapenas fatos, mas 0 acesso a outra rnaneira de ver" (Joao MoreiraSalles, apud Mello, 2002, p. 2).

Outre ponto que e discutido em relacyao ao formate do documentar;o refere-se

aos metodos usados para a sua produyao. Na dissertacao A transforma{:8o do

formato cinedocumentario para 0 formato te/edocumentario na te/evisao: 0 Caso

Globo Rep6rter, Paulo Militello, pesquisador da USP, diz que: 0 programa produzido

pela Rede Globo de Televisao sofreu uma mudanya em se tratando de linguagem,

momento este que passou a ser gravada ao inves de filmada.

Militello despreza a presenya do publico, que, em geral, tern pouco

conhecimento sobre os rnetodos de registros, e, desta forma, 1iga as definiyoes das

peyas jornalisticas a ambitos tecnicos.

Silvio Julio Nassar afirma no livro 1000 perguntas-televisao que 0

documentario tem uma liberdade para trabalhar com temas nao factuais, que os

telejornais nao tern, alem de ser mais formal e abrangente. Nassar afirma tambem

que, comumente, os documentarios feitos no Brasil nao devem ser considerados

"purosw, pois contam com a presenl;a de rep6rteres. Esse tipo de documentario e

mais usado geralmente em canais pagos de TV, onde a programal;ao esta 100%dirigida a publico especlfico.

Sebastiao Squirra mostra, por meio de urn estudo, que as redes de TV

americanas ditam regras de como 0 jornalismo deve ser feito no Brasil,

apresentando diferentes tipos de documentarios para televisao: os documentarios de

compilal;ao/arquivo, que sao produzidos com material de arquivo disponivel nas

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emissoras de TV, museus e 6r9a05 governamentais, as culturais, as investigativos e

as especiais.

MOS documentarios investigativos abordam temas relacionadoscom fatos que deram origem a determinadas situa.yoes. Osdocumentarios culturais, que enfocam tendemcias que marcam epocas.Documentarios de pessoas que destacam personalidades que sesobressaem par sua produ9ao intelectual, e as programas especiaissao produzidos em ritmo mais veloz, dispensando os tratamentosesteticos que caracterizarn a maiaria dos anteriores· (Squirra,Sebastiao. Aprender Telejornalismo. Sao Paulo, Brasiliense 1995, pp.88-91).

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PLAN OS E DEFINICOES

Nesse capitulo estou abordando, ou melhor, definindo e explicando as

canceltos tecnicos da linguagem televisiva que serao analisados no proximo

capitulo. As definigOes dadas podem naD coincidir com as de alguns autores, 0 que

naD implica que uma das duas esteja errada. 0 fato e que tambem nesse aspecto ha

definigoes e nomenclaturas diversas, usadas par diversos autores. Entao, e

importante uma boa leltura de inicio, para uma posterior compreensao da analise

feita.

3.1 A IMAGEM NA TELEVISAO

A palavra imagem deriva do latim "Imago" - figura, sombra, imita98o. Nos

dicionarios da lingua portuguesa ela e defrnida como: figura ou representa<;8o de

alguma caisa e, por extensao, a representar;ao mental de alguma caisa percebida

pelos sentidos. A partir desta definic;ao, podemos concluir que a imagem pode

tambem ser sonora, tatil e visual.

Em termos de Teoria da Comunica\=ao OU ainda dentro da chamada

Civilizac;ao da Imagem, quando falamos em imagem estamos nos referindo a

qualquer representac;ao visual que mantenha urna rela\=ao de semelhanc;a com 0

objeto que esta sendo representado.

As imagens televisual podem ser distinguidas em quatro categorias.

As imagens: pessoas, objetos;

As imagens de imagens: quadra, pintura, foto transmitida pela televisao;

As imagens de nao imagens: 0 nome dos atores que aparecem na telinha,

durante a apresentac;ao dos creditos. As letras (caracteres), sern 0 significado

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convencional, naD mantem nenhuma retatrao de semelhanya com as atores; as

palavras captadas pelo telespectador, estas sim, mantem urna relat;ao com a

imagem conhecida e reconhecida dos atores.

Nao imagens de imagens: qualquer descrit;:ao verbal de urna imagem ou as

metatoras visualizadas das tiras de quadrinhos, que podem ser definidas como a

convent;:ao grafica que exprime 0 estado fisica das personagens mediante as sinais

ic6nicos de carater metaf6rico. Par exemplo, ver estrelas significando dor; cabela em

pe, significando medo; raios e serpentes significando palavroes.

3.2 COMPOSIi;AO DA IMAGEM

A composit;:ao da imagem se da a partir da ·ordenayao~ dos elementos dentro

da cena, com a unico objetivo de atrair a atent;:8o do telespectador para 0 "ponto"

que se queira.

3.2.1 Elementos que compoem a imagem

Massa: podern ser os artistas, 0 cemirio, os m6veis, etc.

Unha: sao as lin has visiveis ern cena. Urn agrupamento de pessoas, a direyao do

movimento.

Tom e Cores: e responsavel pela variayao de tons/cores e da luminosidade.

Profundidade: uma profundidade aparente ou real que nos transmite a ilusao de

perspectiva.

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3.3 A LINGUAGEM

Ha muitas maneiras de se gravar a mesma cena com urna camera. Tudo vai

de pender de como voce quer mostra-Ia e a que se pretende com ela. Dais carras se

aproximando: a batida dos carras; as motortstas brigando. Ha milhares de formas de

se contar esse fata, com imagens gravadas por urna camera, mostrar 0

acontecimento pela visao do motorista, tarnar a batida intensa au suave, enfim, no

video se repete aquele ditado de que duas hist6rias naa sao contadas de urna

mesma maneira por duas pessoas.

Segundo Amaral, no video ha regras basicas quanta a linguagem.

Desrespeitar essas regras na~ e urn erro quando se tern intem;5es definidas como

nas experiemcias de linguagem feilas em videos artisticos. Mas para melhor

podermos trabalhar com a linguagem, e preciso conhece-Ia para poder usar

corretamente.

3.3.1 Enquadramento

o enquadramento se refere ao tamanho da imagem que aparece no visor da

camara e conseqOentemente na tela da TV. Ha diversos tipos de pianos que podem

ser enquadrados. Esses sao os pianos que estamos utilizando nesta analise.

Plano Geralzao

Mostra urna grande area a longa distancia. Neste plano, cada elernento da cena nao

fica clara mente definido, tendo-se apenas a visa.o do todo. E urn plano mais

apropriado ao cinema do que ao video em func;:a.oda sua tela pequena. E por isso

que filmes usam muito esse plano.

Plano Geral

Abrange tada a area em que se desenvolve a ac;:ao. 0 plano geral tern referencia

aos demais pianos a ele associados, isto e, pode-se fazer urn plano geral de uma

casa, de um quarto ou de urn homem, par exemplo. Esse plano tambem e chamado

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de plano referencial, pais normalmente e utilizado para apresentar todos as

elementos da cena, orientando quem assiste.

Plano Americana

E 0 plano que "cartaH a figura humana na altura dos joel has. Tem esse nome par

causa de sua grande popularidade nas decadas de 30 e 40 em Hollywood. Urn plano

americana pode mostrar dais atores conversando, de perfil para a camera. Mas para

que a composic.;:ao da cena saia bern feita, cada ator deve ter 0 perfil muito bern

trac;ado. E dificilmente urn deles dominarc3 a cena se estiverem igualmente

iluminados. No entanto, essa dominancia torna-se passlvel mudando a posic,;:aodos

atares e/au a iluminac;ao da cena. Segundo Amaral, a plano americana tambem

pode ter a variac.;:ao da cintura para cima (que e a mais usada no Telejornalismo

Brasileiro) ou da canela para cima.

Plano Meio Close

Neste plano, a camera enquadra a figura humana do pelto para cima, constitulndo-

se em urn plano mais util para a filmagem de dialogos.

Plano Close

E urn dos recursos mais enfaticos da linguagem da televlsao. A camera se aproxima

um pouco mais, mostrando apenas os ombros e a cabeya do personagem, com isso

o cenario onde se desenvolve a ayao e praticamente eliminado. E as express6es do

possivel entrevistado tornam-se mais nitidas para a espectador.

Plano Big-close

Este plano enquadra somente os detalhes que vao valorizar a sequencia normal do

filme, como, por exemplo, os olhos do entrevistado, um anel no seu dedo, a fumaya

do seu cigarro, a etiqueta do seu jeans. E 0 plano que costuma designar a maioria

dos objetos pequenos.

Fast Foward

Movimento mecanico de camera rapida.

3.3.2 Pianos em movimento

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PanoramicaTrata-se de movimento no eixo da camara, sem desloca-Ia do lugar. A camara capta

imagens da esquerda para a dire ita e vice-versa, ou ainda de eima para baixo,

cham ada de pan vertical ou tilt. Tambem e passive! a combinat;:ao de movimentos

nestes dais grandes eixos. E a tipo do movimento que delicia quem pega uma

camara e nao tern dominic da linguagem visual com urn todo. Pede-se pensar que

se trata de um movimento amplamente utilizado no cinema ou na televisao, mas

Peter Ruge alerta para urn fato curiosa: ele afirma que Mem uma boa pelicuta

camercial, 0 observador atento podera contar menes de panoramicas", trabalhar

com panoramicas parece muito fadl, mas nao compensan• No telejornalismo, este

tipo de movimento deve ser multo bem dosado e usado proporcionalmente. Nao

deve ser uma constante, ja que, no movimento panoramica, a at;:ao pode durar

inesgotaveis segundos, 0 que pode desinteressar 0 telespectador e dificultar e

edit;:ao. AI!~m disso, 0 movimento panoramico deve comet;:ar por uma imagem fixa e

terminar do mesmo jeito, 0 que vai consumir necessariamente ainda mais tempo.

Travellig

Trata·se de um tipo de movimento particular que, como a pr6pria palavra em ingles

sugere, deve "deslocar-se de um ponto para 0 outron. 0 movimento do travelling e

realizado justamente para aproximar 0 objeto desejado na gravat;:ao com 0

deslocamento da camera em sua diret;:a.o. Chegando perto ou se afastando do alvo

desejado (travelling in e travelling back). Sempre com 0 deslocamento da camera e

do seu operador. Pode tambem combinar movimentos de deslocamento horizontal

da esquerda para a direita (e vice-versa) com movimentos de aproximat;:ao ou

distanciamento do objeto (travelling na paralela). ~ posslvel combinar-se tambem

panoramicas com movimentos de travelling.

Zoom

o termo zoom se refere ao efeito criado pela utilizat;:ao da lente zoom das cameras,

especialmente desenhado para permitir a variat;:ao da distancia focal. (Distancia

entre 0 centro 6tico da lente e a fase frontal do tubo de imagem, determinando 0

angulo de visa.o). 0 zoom pode ser obtido pela manipulat;:ao de um mecanismo da

camera - manual ou automatico. Ha dois tipos de zoom que podem ser realizados.

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o zoom-In e a aproximal;ao da imagem e 0 Zoom-Out e 0 afastamento OU

distanciamento do elemento que esta sendo gravado. Ao se Fazer qualquer tipo de

movimento na camera, deve-se haver urn prop6sito bem definido para isso. 0

movimento deve ser realizado para enriquecer 0 valor da imagem gravada,

mostrando algo que naD veriamos sem esse movimento au criando impacto

emocional que reforee 0 efelta desejado. Ha diferen9as visuals entre 0 movimento de

travelling e urn de uma Pan au ainda urn Zoom. Os movimentos de camera podem

ser descritivos, causadores de impacto, de transi9ao au simplesmente de

manutenc,;::ao do enquadramento.

Angula9ao

A angulaC;2Io se refere a altura da camera em relayao a pessoa au objeto que esta

sendo filmado. Ela pode ser conseguida posicionando-se a camera acima,

trontalmente ou abaixo do elemento, ou ainda mudando a altura do elemento em

relavao a camera.

Camera Baixa - Plonge

Enquadra a pessoa visto de baixo, aumentando a altura da imagem gravada e

acelera seu movimento. Quanto ao seu eteito dramatico, coloca a pessoa gravada

nesse angulo, numa posivao de superioridade ou dinamica. Ao se pretender mostrar

o poder de um general pode-se utilizar essa angulavao. Tambem pode valorizar um

objeto, tazendo com que se de a ele a angulavao especial. Com esse angulo

tambem e possivel que se elimine do quadro os outros objetos, pessoas, cenarios

que nao se queira enquadrar.

Camera Alta - contra plonge

Ela enquadra a pessoa/objeto visto de cima, reduzindo a altura da imagem gravada

e torna seu movimento mais lento. Um carro gravado de cima de um predio, por

exemplo, parece pequeno e que anda lentamente. Essa tomada tambem pode ter

um significado quanto ao seu efeito dramatico, tornando a pessoa gravada nesse

angulo, pequena, inferior, tragil e vulneravel. Ao mostrar um soldado visto pr um

general, por exemplo.

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Camera normal

Nao altera 0 angulo de visao.

3.4 PONTUA9AO/CORTE

o CorteEte consiste em urna alternancia instantanea de urna imagem para Dutra. E a

passagem mais comum, podendo funcionar como urna ligac;ao entre duas cenas au

dentro de urna mesma cena, entre duas tamadas (quando se quer mostrar a mesma

89aO de distancia e angulos diferentes). Os cortes sao importantes para se abter 0

ritmo de urn video, em urn video clipe de urn conjunto de rock, ha urn grande numero

de cortes tornando a sequencia de imagens tao ageis quanta a musica.

3.4.1 as cortes sao respons3veis pela pontualYao em urna graval;ao

Basicamente existem dais tipos de cortes:

Corte seeo: realizado diretamente na camera.

Corte com efeito: efetuado na camera au na mesa de corte.

3.4.2 Oispomos de tres maneiras para efetuar 0 corte nas cameras

profissionais

Gatilho: realizado a partir do botao Play/Rec ou Star. Este corte nao proporciona

nenhum efeito.

Foco: consiste em voce desfocar a imagem antes de desligar a camera ou de

compor a imagem.

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Fade

No fade, a imagem vai escurecendo gradualmente ate a chegar no preto (fade-out)

au vai clareando gradual mente a partir do preto (fade-in). Este feito pode ser

conseguido, no casa do Fde-out, fechando a iris da camera ate diminuir a

luminosidade da imagem a zero, deixando 0 video no fade-in, abrindo a iris

completamente, ate a imagem surgir na sua intensidade normal. 0 fade-in pode ser

usado no infcio do seu video, dando urn sentido de abertura de cortina de urn teatro.

Ja 0 Fade-Out pode ser usado no encerramento. A combina~ao d 0 escurecimento

(Fade-Out) com 0 clareamento (Fade-In), pode ser usado entre duas cenas quando

se troea de assunto dentro de urn mesmo video e tambem tern 0 significado

passagem de tempo.

3.4.3 Corte realizado na mesa de corte

Wipes ou cortina: urna irnagem corre sobre a outra;

Fusao: urna irnagem funde-se com urna segunda, ocasionando 0 desaparecirnento

da primeira, com 0 posterior surgimento da segunda. Essa imagem surge de forma

gradual, dando uma sensac;:ao de suavidade;

Sobreposic;:ao: urna imagem se sobrep5e a outra, fazendo com que as duas

permanec;:arn no video. Ex: creditos (Inserts)

Freeze: e 0 congelamento da imagem;

Flash: 0 corte e coberto por urn efeito que da a sensac;:ao de ser um dispara de

maquina fotografica. Esse tipo de corte e 0 mais usado hoje pelos telejornais.

A escolha do angulo: Cada angulo apresentado na seqOencia deve ter urn sentido

exato. Ao se escolher urn angulo, deve se pensar no seu sentido e no efeito que se

pretende causar no espectador. Nos videos onde existe a necessidade de enfatizar

a relac;:ao de poder e subrnissao ente pessoas, e urn born exemplo do uso dos

an9u105.

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3.5 ELEMENTOS DA LlNGUAGEM

A reportagem e composta basicamente par cinco elementos:

Off; Imagens; Sons; Passagem; Sonora;

o Off e a texto oral feito pelo rep6rter com informa~6es captadas no local do

acontecimento. Esse texto e coberto par imagens relativas ao mesma assunto. 0

termo off vern de off the recorde, que signifiea tudo que esta fora da gravac;ao, au

seja, todo e qualquer material que a reporter capta junto a fonte.

Sons: Podem ser inseridos das mais variadas formas na reportagem. Alguns

editores dao preferencia ao som ambiente, captado no local dos acontecimentos. JaQutros, preferem usar sons especiais, como trilhas sonoras prontas.

Passagem: E a gravagao da fala do reporter no local do acontecimento. Costuma-se

dizer que a passagem serve para 0 reporter assinar a materia. 0 que nao significa

que deva ser feita de qualquer forma, muito pelo contrario, deve conter informac;oes

relevantes, caso contrario podera ser cortada pelo editor.

Sonora: 0 entrevistado aparece no video dando uma informaC;ao sobre 0 assunto

que esta sendo retratado. Assim como na passagem, existem inumeras maneiras de

se faze-Ia. A sonora e um dos elementos fundamentais de uma reportagem, pois

passa credibilidade ao mostrar 0 entrevistado, nao ficando apenas nas informac;oes

do reporter.

Os manuais de telejornalismo afirmam que, nos telejornais, 0 tempo medio de uma

sonora e de 20 segundos. Para 0 jornalista Herodoto Barbeiro, esse tempo nao e

mais respeitado, ficando muito abaixo disso. "As pessoas querem ganhar tempo na

TV, e cada vez mais as sonoras ficam men ores"

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4 ANALISE DOS CANAlS

Este capitulo esta reservado a analise dos dais programas: Globe Reporter e

Reporter Record. Ambos as programas apresentam temas variados, abordando

desde assuntos relacionados a natureza ate quest6es humanitarias.

4.1 GLOBO REPORTER

o trabalho de analise sera desenvolvido a partir dos pianos e dos tempos

destinados aos offs e as sonoras e ao numero de tomadas par segundos que

apareceram em maior numero nos documentarios analisados no programa Globa

Rep6rter.

A analise foi feita a partir dos pianos rnais abertos. 0 plano que apareceu

com a maior indiee foi a Geral, ficando em primeiro tugar em quatro dos cinco

program as utilizados. Vale ressaltar que estamos usanda as resultados envolvendo

as pianos fix~s e em movimento.

Nos cinco documentarios, as porcentagens referentes ao plano geral se

mantiveram entre as valores de 27% - minima - e 39% - maximo. Dais

documentarios ficaram com 34% e um com 29%.

Assim como com as demais planas, a Geral nao e apenas a tomada em si,

em alguns casas sao usadas panoramicas, zoom in e zoom out e ate mesmo 0 Tilt,

sendo este ultimo usado em menor porcentagem em relayao a primeira. Esses

movimentos sao usados em casas esporadicos, representado uma pequena

porcentagem dentro do plano Geral.

Pode-se perceber ate a presente momenta que a plano Geral e uma das

caracteristicas marcantes dos documentarios do G/oba Rep6rter. Bam, a leitor deve

estar pensando que 0 proximo plano a ter uma grande porcentagem e a Geralzao,

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certe? Errado. Apesar do grande predomino do plano Geral, 0 plano Geralzao

aparece em pequena porcentagem, ficando atn3s do plano americana.

Dos cinco program as, em apenas urn 0 plano Geralzao apareceu em maior

numero que 0 plano america no. Nos demais, 0 plano americano - predominou sobre

o Geralzao - apresentou as seguintes valores: 21%, 12%, 23%, 9%, 21%.

Urna das caracteristicas marcantes do plano america no e que ele e muito usado em

senoras e em tamadas que envolvam pessoas. IS50 pode ser percebido no

documentario Elo Perdido, que retrata a situac;ao atual de urn pais das ilhas

caribenhas. 0 programa foi composto basicamente por senoras de moradores da

ilha. A maior parte dessas senoras fcram gravadas na tamada americana, e por

meio desse plano que a camera capta os movimentos das pessoas, as gestos. E

atraves desse plano que a documentario nos mostra 0 desespero pel a qual essas

pessoas estao passando.

As tomadas no plano Americana fcram feitas das mais variadas formas. Nao

observou-se nenhuma regra que determinasse qual 0 angulo au angula~ao que as

tomadas fcram gravadas. As tomadas variavam de assunto para assunto. Em alguns

casos elas foram feitas com as pessoas em pe, em outros sentadas e em alguns

casas as pessoas estavam andando. Essa ultima sendo utilizada em raros os casos.

Ainda a respeito das sonoras, a maior parte delas foi feita com a pessoa

olhando para um posslvel entrevistado, nunca olhando diretamente para a camera,

situa~ao vista em programas jornaHsticos, como telejornais, por exemplo. As

sonoras, na sua maioria, eram compostas par apenas respostas, raros casos foram

utilizadas perguntas dentro da sonora.

Encerrados os pianos com caracteristicas abertas - geral, geralzao e

americana - e chegada a vez dos planas que vao nos mostrar os tra~os marcantes,

as imagens com mais detalhes sobre os temas que estao sendo tratados nos

documentarios do Globo Rep6rter.

o primeiro plano a fazer parte desse grupo e 0 Close. Do total de programas

analisados, a plano Close obteve as seguintes valores: 38%, 18%, 14%, 10% e 9%.

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Diferente do plano americana, a close dc'l destaque a parte superior aos ombros de

urna pessoa, par exemplo.

Assim como a plano geral mostra urna infinidade de coisas, 0 plano close se

restringe a urna pequena parcela, objetivando apenas alguns detalhes do objeto que

esta sendo gravado. Notamos que esse plano foi muito utilizado no documentario

Entre a Vida e a Morte, cujas imagens mostravam, com detalhes, as faces das

pessoas, suas rea~Oes.

Mas 0 plano close nao se restringiu a apenas servir de coadjuvante para

mostrar detalhes. 0 plano tambem toi usado - em poucos casas - para sonoras.

Como ja dissemos anteriormente, ele e muito utilizado para destacar as emo90es

das pessoas, e nada mais apropriado que a plano close.

o plano Meio-close vem na sequemcia do plano Close, com os seguintes

valores: 15%, 13%, 12%, 6% e 5%. A exemplo do plano close, 0 plano Meio-close

tem como objetivo mostrar detalhes de um objeto, por exemplo, mas com menos

intensidade que 0 plano Close. Alguns editores de telejornais chegam a usa-Io nas

sonoras, pois, assim como 0 plano america no, mostra boa parte do entrevistado, a

que ja e suficiente para apresentar a pessaa aos telespectadores.

o ultimo plano fixo diz respeita aa plano Big-Close. Assim como os demais

closes, eles tem como objetivo mostrar mais detalhes de alga que fa9a parte de uma

cena. E, como todos os outros tipos de close, os pianos Big-Close tambem foram

utilizados com pouca frequencia, 0 que vern reforc;ar a tese de que 0 plano geral, em

especial, e 0 mais usado para esses tipos de documentarios.

Dos cinco documentarios analisados, apenas em quatro 0 plano Big-Close foi

usado, e rnesmo assim com pouca freqGencia, com os respectivos valores: 5%, 4%,

3%e1%.

Encerrados os pianos fixos, e momenta de analisarmos os pianos em

rnovimento. Estaremos fazendo a analise dos pianos Tilt e Panoramica, os unicos

dais que foram detectados nos documentarios que estao sendo estudados. Os

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movimentos de zoom in e zoom out tambem fcram inseridos aos demais pianos,

sendo que a maior usa foi verificado nos pianos mais fechados, como close e meio

close. 0 grande usa e verificado em programas que retratam assuntos ligados a

descobertas, par exemplo, sao temas que necessitam de tamadas que mostrem

melhor 0 fata em s1.

Como todo trabalho televisivD, a dOGumentario tambem se utiliza dos pianos

em movimento. E par meio deles que a tamada ganha vida, passa a dar perspectiva

de profundidade, descreve de urna melhor maneira a cena. E. em documentarios

que tratam de assuntos relacionados a animais e expedic;6es, nada melhor que fazer

o usa desse tipo de plano.

Dos dais pianos, a Panoramica foi a mais utHizada, restando-Ihe quase que a

totalidade dos pianos em movimento usados nas pec;as. Veja os numeros: 18%,

16%,14%,13% 3%.

Os valores referentes ao Tilt foram: 9%, 5%, 4%, 4% e 1%. Como ja foi dito

anteriormente, 0 Tilt tern 0 seu "papel" nos programas, mas aparecem de forma

tim ida.

4.2 REPORTER RECORD

A analise desses documentarios foi feita a partir dos pianos fixos em maior

uso, chegando ao final com os pianos em movimento mais usados.

A exemplo dos documentarios veiculados no canal Globo Reporter, os

documentarios exibidos no Rep6rter Record tambem tratam de temas variados,

como animais, descobertas hist6ricas e expedic;oes por lugares ex6ticos. Nas

pr6ximas paginas estarei mostrando a analise que foi feita dos cinco programas

estudados. Alerto desde ja que nao e mera coincidencia as duas analises

apresentarem praticamente os mesmos resultados. 0 fator responsavel par isso,

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acredito, se deve aos assuntos que estao sendo tratados. Como as dais canais

mostram programas com tematicas parecidas, nada mais comum que utitizarem as

mesmos pianos, au quem sabe, pianos parecidos para as mesmos tipos de

documentarios.

Mais urna vez a plano Gerat predominou sabre as demais pianos - 54%,51%,

30%, 30%, 21% - tanto sabre as pianos em movimento quanta sabre as pianos fixes.

~ a prova de que para temas como as que estao sendo tratados nesses

documentarios e mais recomendavel fazer a usa do plano gera!.

Urn exemplo do usa macitr0 do plano geral e a documentario A Lei da

sobrevivencia. Nele, sao retratadas as dificuldades de S6 viver nos desertos do

Continente Africano.

Assim como nos documentarios do canal Globa Rep6rter, a segundo plano a

ser mais usado e 0 plano america no - 24%, 23%, 22%, 14%, 6%. Mesmo tratando

de assuntos diferentes do primeiro canal, os documentarios do Rep6rter Record

apresentam os mesmos estilos de uso do plano america no, merecendo especial

atenc;ao em se tratando de sonoras, onde 0 plano americana aparece com maior

freqOemcia.

E justa mente nelas que 0 plano se destaca dos demais. Mesmo dando grande

atenc;a.o aos pianos abertos, como Geral e Geralzao, as sonoras sao, em muitos

casos, 0 tripe que da sustentac;ao aos documentarios. Apesar de retratarem

assuntos que nao fac;am parte do dia-a-dia da populaC;ao, as sonoras sao de

fundamental importancia dentro dos documentarios.

Como nos documentarios do Globa Reporter, as sonoras deste canal sao

feitas, na maior parte, com as pessoas sentadas, raros casos as mesmas esta.o

andando ou fazendo alguma coisa que rem eta ao assunto em questao. 0

documentario A Princesa e 0 Mendigo e um exemplo de sonoras onde as pessoas

estao andando, send a composto na maior parte par esse tipo de sonora. Nos

demais programas sao raros os casos em que sao registradas s~noras realizadas

nesse formato.

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o plano americana naD esta sendo usado apenas para as senoras, muito pelo

contrario. Ele esta e pode ser usado em diversas outras situat;:oes, a que vale aqui e

a criatividade do camera e do editor do programa.

as dois pianos analisados ate 0 momento respondem pela maior parte dos

pianos usados nos cinco documentarios do canal Reporter Record. Ap6s dais pianos

considerados abertos chega a vez de urn plano mais "Iechado". Estamos lalando doplano close - 19%, 11%, 11%, 8%, 2%.

A exemplo dos documentarios analisados no Globa Reporter - que tambem

tratam de assuntos relacionados a animais, expedieyoes, descobertas, entre outros -

as documentarios do Reporter Record usaram em grande quantia a plano meio-

close - 14%, 12%, 5%, 5%, 5%. Acredito que tal fato se deva ao animal, por

exemplo, que esta sendo retratado. E 0 assunto em si que vai ditar que linguagem

sera usada em maior ou em menor numero.

Outro exemplo do grande uso do plano meio-close pode ser visto no

documentario Planeta Selvagem, onde e retratada a vida dos seres marinhos. Posso

dizer que houve 0 perfeito casamento entre plano e tema. Nao teria porque os

produtores usarem outro tipo de plano para mostrar imagens de alga que necessite

de um enquadramento mais fechado ou ainda quando a informat;:ao se concentra no

pr6prio ser, nesse caso os animais marinhos.

Como ja relatei, as documentarios deste canal priorizaram as planas geral e

americana, em se tratando de pianos "mais abertos" Enquanto isso, a plano

Geralzao foi usado em menar quantia, 0 que comprova mais uma vez que sao

desprezadas as grandes tomadas - 11%, 7%, 7%, 7%. 0 maior usa do plano

geralzao foi no documentario A Lei da Sobrevivencia, ocasiao em que e retratada a

vida e as costumes da populat;:ao do Tibet, pais do Continente Africano.

o plano Geralzao foi usado em tomadas que tinham como objetivo mostram

grandes areas que compoem a Pais. Essas tamadas foram feitas nas mais diversas

formas, usando zoom in, zoom out e ate mesmo os movimentos de panonlmica e tilt.

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Os pianos fixos responderam, ate a momento, pela maior parte dos pianos

usados nos documentarios. Como ja citei aeima, a grande usa desse tipo de plano

pade ser entendido como urna das caracteristicas marcantes dos programas.

Os documentarios apresentaram dois pianos em movimento: A panoramica e

a tilt sao as principais pianos em movimento, sendo que a primeira aparece em

maior numero que 0 segundo plano. Mas vale ressaltar que temes ainda as

movimentos de zoom in e zoom out, sendo que as mesmas fcram incorporados aos

demais pianos, tanto fixes quanta em movimento. Verificou-se urn maior predominio

entre as pianos rna is fechados, como close e meia-close. Acredito que tal fata se

deva ao assunto que esta sendo retratado, que este mere~a urn plano em

movimento.

A panoramica - 26%, 19% 14%, 10%, 8%, - foi usada em maior quantia nos

documentarios que tratam de assuntos relacionados a natureza e a expedi~oes a

lugares nunca antes mostrados. Esses movimentos foram usados nos mais diversos

tipos de pianos, mas a maior quantia foi registrada nos movimentos de plano geraL A

justificativa pelo grande uso de panoramica nesse plano se deve ao fato de que emais recomendavel usar panoramicas em planas abertos do que em pianos

fechados.

A mesma situa~ao e percebida no movimento do tilt -10%,6%,4%,3%, 1%.

~ par meio do plano geral que 0 movimento do tilt e aplicado no programa. Podemos

dizer que a maior parte, se nao a totalidade, dos planas de tilt sao passados atraves

do plano geral.

4.3 Compara<;:ao dos canais

Os dez programas analisados apresentam assuntos parecidos, 0 que nos da

indicios de que as mesmos possam apresentar pianos parecidos, ou ate mesmo os

mesmos planas. Os documentarios tratam de assuntos relacionados it natureza -

vida selvagem, expedi~6es, descobertas, fen6menos naturais, entre outros.

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o plano geral apareceu em maior porcentagem em nove dos dez

documentarios analisados. Houve casas em que 0 plano obteve mais de 50% do

total de planas usados. Tanto no canal Globo Rep6rterquanto no Rep6rter Record a

plano geral se sobressaiu sabre as demais pianos. Vale ressaltar que a analise foi

realizada levando em conta as pianos fix~s e em movimento.

o grande usa do plano geral pode ser notado em documentarios que lidam

com assuntos relacionados a natureza, em especial. Essa caracteristica foi nctada

nos dois canais analisados.

Assim como a plano geral apareceu em primeiro nos dais canais, 0 plano

americana foi 0 segundo mais usa do, tambem nos dois canais analisados.

o plano geral toi muito usado em documentaries que falam sabre a natureza,

ja a plano americana em documentarios que retratam descobertas, fen6menos

naturais. Os valores correspondentes ao plano americana tambem sao parecidos

entre as dais canais analisados.

Como pede ser notado ate a momenta, os dois canais estao usando os

mesmos pianos na mesma ordem - geral, americana. As combinagees nao se

devem apenas aos planas, mas sim tambem ao assunto que esta sendo retratado,

fator que faz com que ocorra essa igualdade no uso dos pianos.

Mas essa combina9aO e notada apenas com as dois primeiros planas. A partir

do terceiro plano as coisas come9am a mudar, as planas usados nos dais

documentarios sao diferentes uns dos outros.

Esse fato e notado com as planas close e meio-close. Nos documentarios do

Globo Rep6rter 0 plano close e a terceiro mais usado, enquanto nos do Rep6rter

Record da-se preferencia ao plano meio-close.

Na seqOencia os fatores invertem de posi~6es. Enquanto que no Globo

Rep6rer 0 meio-close e a quarto mais usado, no Rep6rter Record 0 close e a quarto

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mais utilizado. Pode-se natar que as pianos estao sendo usados praticamente nas

mesmas propor~5es, 0 que ocorre e apenas urna inversao de posic;6es.

o plano geralz30 foi urna surpresa para nos, pais esperavamos que seu usa

fosse em grande numero - em fun~o dos assuntos tratados - fatcr que naD veia a

ser comprovar. No Globa Rep6rter ele e 0 terceiro colocado, ja no Rep6rter Record eo quinto, vindo atras de pianos como a close e meio-close, sendo que nesse ultimo

canal 0 plano apareceu em apenas quatro dos cinco programas analisados.

As informac;:6es apresentadas acima mostram que naD sao necessarios

pianos tao abertos para assuntos que tratem de temas que, a principia, parecem

necessitar de pianos como a geralz3o.

o big-close foi a plano que apareceu em menor porcentagem entre as dez

documentarios analisados. Esse plano e usado para mostrar detalhes de algo, fato

pouco notado dentre as documentarios.

As tomadas de panoramica e tilt sao os unicos pianos em movimento que

estao sendo usados nos documentarios do Reponer Record e Globo Reporter (vale

ressaltar que eles fazern a uso do zoom in e zoom out, urna tomada em movimento

com outro recurso de movimento). Os movimentos sao usados nos mesmos tipos de

planas como, por exemplo, a plano gera!. As porcentagens tambem sao

praticamente idemticas de um canal para a outro.

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5 CONSIDERACOES FINAlS

Ao final do trabalho, posso considerar que a plano geral e urna das

caracteristicas principais dos documentarios, tanto nos programas do Globa

Rep6rter quanta no Reporter Record. Acredito que 0 motivo que leva ao grande usa

do plano gera1 seja 0 assunto retratado, ja que as documentarios abordam em

grande numero temas relacionados a natureza.

Outra caracteristica que cham au a atenc;ao foi a respeito do plano americana,

o segundo mais usado. Mais urna vez fica clara a intenc;ao do usa dos pianos mais

abertos em relary80 aos pianos mais fechados. Como as programas Tambem

trabalhando com urn tema ligado a natureza 0 usa de pianos mais abertos

(americana e geral) foi superior aDs pianos mais fechados (big~close e close). Isso

prova que para temas relacionados a natureza e recomendilvel usa de planas mais

abertos.

Ficou claro que os programas que tratam de assuntos relacionados a

natureza usam pianos mais abertos, enquanto que programas que envolvem

expedir;:5es, descobertas, pro exemplo, utilizam mais os pianos fechados.

Assim como nao existe uma f6rmula para as planas tambem nao ha uma regra que

determine os tempos das seneras e des efts. Eles variam dentro de proprio

programa e tambem de um documentario para outro. Notei que a maioria deles faz 0

usa de ofts e sonoras mas nao se atem a urn tempo media para cada um. Pode

haver um off de 2n, por exemplo, e na sequencia um de 50".

Foi muito gratificante fazer esse trabalhe de analise, pais pude perceber 0

trabalho que deve dar para se produzir um documentario, sendo que os assuntos

tratadas sao as mais inusitados. Apesar de existir pouca bibliografia sebre 0 assunto

acredito que estou contribuindo - um pouco - para as estudos sebre documentaries.

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