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ANAIS DO II SIMPÓSIO DE ORTOPEDIA EQUINA

GOIÂNIA – GO | 30 E 31 DE AGOSTO

Realização

Escola de Veterinária e Zootecnia (EVZ) Universidade Federal de Goiás (UFG)

Direção Geral

Luciana Ramos Gaston Brandstetter

Comissão Organizadora

Álvaro José de Oliveira Neto

Ana Kellen Lima de Queiroz

Aparecida Lorrany Nunes Sampaio

Artur Antero Silva Amorim

Cíntia Yin Ann Lin

Elissa Ribeiro

Helena Tavares Dutra

Isabella de Sousa Alves

Jéssica Rodrigues Araújo de Melo

Jéssica Sola Quirino da Silva

Jéssyca Ataíde Ferreira

Julia Broers

Kate Moura da Costa Barcelos

Luciana Ramos Gaston Brandstetter

Maria Clara de Sousa Bastos

Maria Luiza Gomes Ferreira da Costa

Mariana Fagundes Bento

Thais Poltronieri dos Santos

Yasmin Borges de Paiva

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Direção Geral da Comissão Científica

Kate Moura da Costa Barcelos

Comissão Científica

Ana Carolina Barros da Rosa Pedroso

Antônio Dionísio Feitosa Noronha Filho

Ingrid Rios Lima Machado

Julia de Miranda Moraes

Comissão Avaliadora

André Luís do Valle de Zoppa

Flávio Desessards De La Corte

Patrocinadores

Apoio

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ÍNDICE

RELATOS DE CASO

ABORDAGEM DE FERIDAS LACERANTES METATARSIANAS EM TRÊS EQUINOS 6

ARTRITE SÉPTICA E SUBLUXAÇÃO DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR EM

EQUINO

9

CISTO NO CÔNDILO MEDIAL DO FÊMUR ASSOCIADO A DEGENERAÇÃO DE MENISCO E

DESMITE DO LIGAMENTO COLATERAL EM ÉGUA DE ENDURO

12

CLAUDICAÇÃO EM MUAR DECORRENTE DE TENDINOPATIA DO FLEXOR DIGITAL

PROFUNDO

16

EVOLUÇÃO CLÍNICA E RADIOGRÁFICA DE ARTRITE SÉPTICA EM POTRO SUBMETIDO A

ARTROTOMIA

19

FRATURA DO 3º METACARPO E RUPTURA PARCIAL DO LIGAMENTO SUSPENSOR DO

BOLETO: DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

23

FRATURA DOS PROCESSOS ARTICULARES LOMBARES (L1/L2 E L2/L3) EM EQUINO 27

IMAGEM DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA DE FRAGMENTOS OSTEOCONDRAIS E LESÕES DE

TECIDOS MOLES ADJACENTES NA ARTICULAÇÃO INTERFALANGEANA DISTAL EM UM

CAVALO

30

INFLAMAÇÃO DA ARTICULAÇÃO ATLANTOOCCIPITAL COM PRESENÇA DE EFUSÃO 33

MIELOPATIA ESTENÓTICA CERVICAL EQUINA 36

OCORRÊNCIA DE FRATURAS VERTEBRAIS TRAUMÁTICAS EM EQUINOS: ESTUDO

RETROSPECTIVO

40

OSTEOSSÍNTESE COM UTILIZAÇÃO DE FIXADOR EXTERNO EM FRATURA COMINUTIVA

BILATERAL DE MANDÍBULA EM EQUINO 44

PODODERMATITE HIPERTRÓFICA EM MINI-HORSE COM DISTORÇÃO DE CÁPSULA DO

CASCO

47

TENODESE DO TENDÃO EXTENSOR DIGITAL LONGO COM PARAFUSO DE INTERFERÊNCIA

EM MUAR 50

USO DE CERCLAGEM NO REPARO DE FRATURA DE OSSOS NASAIS EM POTRA 53

USO DE PLASMA RICO EM PLAQUETAS (PRP) EM DESMITE NA ORIGEM DO LIGAMENTO

SUSPENSÓRIO EM EQUINO 56

UTILIZAÇÃO DA TÉCNICA DOS 3 LS NO TRATAMENTO DE FERIDA COM

EXPOSIÇÃO ÓSSEA NA REGIÃO DO METACARPO

59

ENSAIOS EXPERIMENTAIS

ANÁLISE DAS METALOPROTEINASES MMP 2 E MMP 9 POR TESTE ELISA NO LÍQUIDO

SINOVIAL DE EQUINOS COM SINOVITE INDUZIDA E TRATADOS COM PLASMA RICO EM

PLAQUETAS

63

DESCRIÇÃO DA OCORRÊNCIA E DURACÃO MÉDIA DA ATIVAÇÃO MUSCULAR POR MEIO

DA ANÁLISE ELETROMIOGRÁFICA DE SUPERFÍCIE DO LONGUÍSSIMO DORSAL, RETO

ABDOMINAL E GLÚTEO MÉDIO DURANTE A REALIZAÇÃO DE MANOBRAS REFLEXIVAS

PARA O CORE EQUINO

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RELATOS DE CASO

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ABORDAGEM DE FERIDAS LACERANTES METATARSIANAS EM

TRÊS EQUINOS

Approach of lacerative metatarsal wounds in three horses

Arthur Martins da Serra Vilela Pinto¹, Ana Paula Arruda Souza¹, Verônica Lourença de Souza¹,

Fábio Henrique Bezerra Ximenes¹, Antônio Carlos Lopes Câmara¹

¹Hospital Veterinário de Grandes Animais, Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária. Universidade

de Brasília. Brasília, DF, Brasil. Autor para correspondência: [email protected]

Resumo

Relatam-se três casos de feridas lacerantes metatarsianas por arame liso em equinos. À

avaliação clínica, observou-se lesões tendíneas em todos os casos, variando os graus de

severidade lesional. Foram utilizadas diferentes abordagens clínico-cirúrgicas para tratamento,

de acordo com a contaminação da ferida e tempo de evolução. Todos os animais receberam alta

médica, com tempos distintos de evolução cicatricial e internação hospitalar.

Palavras chave:Arame liso, cavalos, lesões lacerantes.

Abstract

Three cases of lacerative metatarsal wounds by smooth fence wire in horses are reported.

Clinical evaluation revealed tendinous lesions in all cases, with a varying degree of severity.

Different clinical and surgical approaches were performed for treatment, according to the

wound contamination and evolution time. All horses were discharged, with distinct time of

healing evolution and hospitalization.

Keywords: Horses, lacerative wounds, smooth fence wire.

Introdução

Os equídeos são herbívoros de grande porte que apresentam comportamento ativo e de

reações rápidas, o que favorece a ocorrência de acidentes. Além destes fatores, as pastagens

sujas e instalações inadequadas aumentam a probabilidade de lesões traumáticas. As lesões

podem ser classificadas quanto ao grau de dano (lacerações, perfurações, incisões e contusões)

e de acordo com o grau de contaminação (limpas, limpas-contaminadas, contaminadas e sujas

ou infectadas)¹. Diante do exposto, objetiva-se relatar e comparar as abordagens de feridas

lacerantes metatarsianas em três equinos.

Descrição dos casos

Foram encaminhados ao Hospital Veterinário de Grandes Animais da Universidade de

Brasília, três equinos com feridas lacerantes na região de metatarso direito, em momentos

distintos, após histórico de traumatismo em cerca de arame liso.

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O Equino 1 era uma égua da raça Mangalarga Marchador com sete anos, que à

avaliação clínica demonstrou impotência funcional do membro acometido, claudicação mista

de grau IV (escala de I a IV), com ruptura total do tendão extensor digital comum e tendão

extensor digital lateral. O Equino 2 consistia de um macho de dois anos e sem raça definida,

apresentando claudicação de apoio grau III e ruptura total do tendão extensor digital comum na

área mais profunda da laceração. Em ambos os casos, as feridas foram classificadas como

limpas-contaminadas e optou-se pelo tratamento cirúrgico. Os animais foram submetidos a

anestesia geral inalatória e a reparação da lesão foi realizada através de rafia de subcutâneo com

padrão zig-zag para redução de espaço morto com fio Vicryl 2-0 e dermorrafia com padrão

Wolf captonado com fio Nylon 0, e colocação de dreno passivo. Ainda, no Equino 1 realizou-

se tenorrafia com padrão Kessler modificado, e no Equino 2 não foi possível o reparo dos cotos

tendíneos. No pós-cirúrgico imediato, utilizou-se de ferrageamento com extensão de pinça para

auxílio na reabilitação. No quinto dia de pós-cirúrgico, ocorreu deiscência completa das suturas

do Equino 1, sendo a ferida aberta submetida a cicatrização por segunda intenção. Foi

necessária a retirada de parte do periósteo necrosado para a total cicatrização. No Equino 2 a

sutura permaneceu íntegra ocorrendo a cicatrização por primeira intenção. O Equino 3 consistia

de um macho Quarto de Milha de cinco anos, que apresentou claudicação de apoio grau III. A

ferida expunha laceração profunda e extensa com exposição do periósteo e do tendão extensor

digital lateral, havendo ruptura parcial do mesmo. A ferida foi classificada como contaminada

e por haver exposição do periósteo optou-se pelo tratamento clínico, objetivando a cicatrização

por segunda intenção.

O protocolo terapêutico em todos os equinos consistiu de antibiótico de largo espectro

(Ceftiofur: 4 mg.kg-1, IV, SID, 7 dias) e antiinflamatório não-esteroidal (Fenilbutazona: 2,2

mg.kg-1, IV, SID, 3 dias), seguido de Firocoxibe (0,1 mg/kg, VO, SID, 14 dias). Em alguns

casos, foram realizadas como terapia complementar: perfusão regional (1g de amicacina) e

analgesia (Cetamina: 0,3 mg.kg-1, IM, BID ou TID). Nos Equinos 1 e 2, a limpeza era realizada

com solução fisiológica, aplicação tópica de Rifamicina spray e bandagens compressivas, duas

vezes ao dia. Nas feridas abertas (Equinos 2 após deiscência e 3), realizou-se, diariamente, a

limpeza com solução de Clorexidine a 1%, aplicação de pomada Furanil® com açúcar e uso de

bandagens compressivas. À evolução do processo cicatricial do Equino 3, foi necessária a

exérese de tecido de granulação exuberante esporadicamente. O tempo de internação total

alcançou 86, 23 e 94 dias nos Equinos 1, 2 e 3, respectivamente.

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Discussão

Sabe-se a que a cicatrização por primeira intenção ocorre após aproximação dos bordos

da lesão por meio de suturas, e devido a isso é apontada como mais rápida, tendo, no entanto,

a limitação de seu uso em feridas não contaminadas. Já na cicatrização por segunda intenção os

bordos estão distantes, sendo esta uma cicatrização complexa e justificável apenas no manejo

de feridas que possuem alto nível de contaminação, grande quantidade de volume de tecido

perdido e em situações em que a cicatrização por primeira intenção falhou¹. A cicatrização por

terceira intenção consiste no fechamento cirúrgico de uma cicatriz granulosa (segunda intenção)

após remoção do tecido de granulação e reavivamento dos bordos epiteliais.

A abordagem terapêutica de reparo das feridas cutâneas influencia diretamente em

fatores como: tempo de internação, relacionado à velocidade de cicatrização; e aspecto final do

local após a cicatrização completa. Estes fatores explicam o tempo de internação quase quatro

vezes menor no animal com cicatrização por primeira intenção (Equino 2). Salienta-se que a

cicatrização por segunda intenção na porção distal dos membros em equinos pode ser retardada

e complexa, pois estas feridas exibem taxas menores de epitelização e contração, quando

comparadas às feridas no tronco². A utilização do açúcar associado à pomada cicatricial se

baseou no fato deste promover a modulaçãoda resposta inflamatória³ e também atuar de forma

bacteriostática e bactericida devido à alta osmolaridade do xarope formado após algumas horas

da sua aplicação sobre uma ferida4.

Conclusões

Reitera-se a importância da avaliação clínico-cirúrgica de feridas lacerantes em

equinos para o direcionamento correto de tratamento, favorecendo a evolução cicatricial,padrão

estético local, tempo de internação e, consequentemente, custo do tratamento.

Referências

1. Paganela JC, Ribas LM, Santos CA, Feijó LS, Nogueira CEW, Fernandes CG.

Abordagem clínica de feridas cutâneas em equinos. Rev Port Ciênc Vet. 2009; 104: 569-72.

2. Wilmink JM, Van Weeren PR, Stolk PWTH. Differences in second-intention wound

healing betweenhorses and ponies: histological aspects. Equine Vet J. 1999.

31: 61-7. 3. Nakao H, Yamazaki M, Tsuboi R, Ogawa H. Mixture of sugar and povidone--iodine

stimulates wound healing by activating keratinocytes and fibroblast functions. Arch Dermatol

Res. (2006). 298: 175-82.

4. Rahal F, Mimica I, Pereira V, Athie E. O açúcar no tratamento local das infecções de

feridas cirúrgicas.Ver Col Bras Cir. 1983; 10: 135-6.

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ARTRITE SÉPTICA E SUBLUXAÇÃO DA ARTICULAÇÃO

TEMPOROMANDIBULAR EM EQUINO - RELATO DE CASO

Septic arthritis of the temporomandibular and subluxation joint in equine -

case report

Helena Tavares Dutra1, Artur Antero Silva Amorim1, Ana Carolina Barros da Rosa Pedroso1,

Ana Kellen Lima de Queiroz 1, Jéssyca Ataíde Ferreira1, Thais Poltronieri dos Santos2,

Luciana Ramos Gaston Brandstetter1

¹ Universidade Federal de Goiás – [email protected] 2

Universidade de São Paulo.

Resumo

Objetivou-se relatar artrite séptica e subluxação da articulação temporomandibular (ATM) de

égua. Clinicamente observou-se lesão e dor à palpação da órbita ocular direita, ptose, paralisia

labial e má oclusão dentária. Radiograficamente evidenciou-se lise óssea temporal e aumento

do espaço articular da ATM direita. Ultrasonograficamente observou-se edema subcutâneo,

distensão capsular com material ecogênico intra-articular. Diagnosticou-se artrite séptica e

subluxação da ATM.

Palavras chave: ATM, artroscopia, osso temporal, osteíte infecciosa

Abstract

The aim is report a case of septic arthritis and subluxation in temporomandibular joint (TMJ)

in mare. Clinical evaluation was pain in palpation of the right ocular orbit, ptosis, labial

paralysis, dental malocclusion. Radiographic exam was bone lysis at the temporal bone and

increased articular space in right TMJ. Ultrasound presented subcutaneous edema, distension

joint capsule and presence of intra-articular echogenic material. The diagnosis was septic

arthritis and subluxation in the TMJ.

Keywords: TMJ, arthroscopy, temporal bone, infectious osteitis

Introdução

Relatos de casos que confirmam alterações na ATM em equinos são incomuns, porém

não se sabe se a prevalência é realmente baixa ou se há dificuldade de diagnosticar doenças

nessa articulação1,2. Os sinais clínicos mais comuns relacionados à disfunção dessa articulação

são alterações na mastigação ou apreensão de alimentos1,3,4. O diagnóstico é baseado nos sinais

clínicos, exames de imagem e acesso à articulação5,6,7. O prognóstico da doença depende da

gravidade das lesões, das estruturas acometidas e da evolução da doença. Objetivou-se relatar

um caso de artrite séptica e subluxação de ATM em equino.

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Descrição do caso

Foi atendida no Hospital Veterinário da Escola de Veterinária e Zootecnia da

Universidade Federal de Goiás, fêmea equina, de três anos, da raça Mangalarga Marchador,

com histórico de emagrecimento progressivo, dificuldade de apreensão de alimentos e ptose

labial inferior e superior. Houve relato de que o animal foi encontrado com a cabeça presa entre

duas estacas de madeira 40 dias antes do atendimento. Ao exame físico, não houve alteração

clínica, salvo o escore corporal baixo. No exame específico da cabeça foi observada lesão em

fase de cicatrização e dor à palpação no aspecto caudal da órbita ocular direita, ptose e paralisia

labial inferior e superior e má oclusão dentária. A sensibilidade da face e lábios estava

preservada. O animal não conseguia apreender o alimento com os lábios e apresentava

anormalidade mastigatória. Radiograficamente foi evidenciada lise óssea na extremidade do

tubérculo articular do osso temporal e aumento do espaço articular na ATM direita, indicando

presença de osteíte infecciosa. O exame ultrassonográfico evidenciou presença de edema

subcutâneo, distensão da cápsula articular e presença de material ecogênico intra-articular. O

líquido sinovial tinha aspecto serossanguinolento e na cultura houve crescimento de

Streptococcus zooepidemicus, sensível à ciprofloxacina, ceftiofur e doxiciclina. O tratamento

prescrito foi: lavagem articular por meio de artroscopia, antibioticoterapia sistêmica e intra-

articular, anti-inflamatório não esteroidal, dieta especial peletizada e tratamento odontológico.

Após o procedimento cirúrgico, os sinais de dor melhoraram significativamente, entretanto não

houve melhora da oclusão dentária. Um novo exame radiográfico foi realizado e evidenciou

redução da lise óssea e aumento do espaço articular. Concluiu-se que havia um quadro de

subluxação associado à artrite séptica. O animal continuou com dificuldade de apreensão e

mastigação de alimentos, perda de peso e 15 dias após a alta veio a óbito.

Discussão

O histórico de trauma na cabeça, a presença de fístula na região do aspecto caudal da

órbita ocular bilateral e a dificuldade de apreensão de alimentos e mastigação observados no

paciente sugerem alteração na ATM 1,3,4,8. O exame radiográfico do paciente mostrou lise óssea

da extremidade do osso temporal, além de um aumento do espaço articular da ATM direita.

Esses resultados associados à presença de conteúdo com ecogenicidade aumentada no espaço

articular, observada na ultrassonografia, sugerem uma condição séptica dessa articulação. O

agente isolado na cultura do líquido sinovial, S. zooepidermicus, também foi descrito em outros

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relatos de casos de artrite séptica de ATM 3,4. A artroscopia permitiu a inspeção diagnóstica, a

lavagem e debridamento da articulação. A má oclusão dentária é sugestiva de luxação ou

subluxação de ATM 3. Os primeiros exames radiográficos não foram conclusivos quanto à

presença de deslocamentos articulares, entretanto, após a realização do procedimento cirúrgico,

o exame radiográfico mostrou de forma mais evidente o distanciamento articular, evidenciando

quadro de subluxação associado ao processo infeccioso. A paralisia bilateral labial é

consequência da lesão compressiva grave dos ramos bucal ventral e dorsal do nervo facial 10.

A dificuldade de apreensão e mastigação dos alimentos mesmo após a cirurgia indicou um

prognóstico desfavorável. A causa mortis não foi definida.

Conclusões

O desafio na realização de imagens da ATM e a literatura restrita dificultam

diagnóstico e tratamento de alterações nessa articulação. Exame radiográfico, ultrassonográfico

e a artrocentese são ferramentas eficazes para o diagnóstico de alterações na ATM.

Referências

1. Frietman SK,Yan Proosdij ER, Veraa S, Heer N, ter Braake F. A minimally invasive partial

condylectomy and temporal bone resection for the treatment of a suspected chronic synovial

sepsis of the temporomandibular joint in a 3.5-year-old paint horse gelding. Veterinary

Quarterly. 2019; 38 (1):118-124.

2. Carmalt JL. Equine temporomandibular joint (TMJ) disease: Fact or fiction? Equine vet.

Educ. 2014; 26 (2): 64-65.

3. Devine DV, Moll HD, Barh RJ. Fracture, Luxation and Chronic Septic Arthritis of the

Temporomandibular Joint in a Juveline Horse. J Vet Dent. 2005; 22 (2): 96-99.

4. Nagy AD, Simhofer H. Mandibular Condylectomy and Meniscectomy for the Treatment of

Septic Temporomandibular Joint Arthritis in a Horse. Vet Surg. 2006;35: 663–68.

5. Moll HD, May KA. A Review of Conditions of the Equine Temporomandibular Joint. Am

Assoc Equine Pract. 2002; 48: 240-43.

6. Barrett MF, Easley JT. Acquisition and interpretation of radiographs of the equine skull.

Equine vet Educ. 2013; 25 (12): 643-52.

7. Weller R, Cauvin ER, Bowen IM, May SA. Comparison of radiography, scintigraphy and

ultrasonography in the diagnosis of a case of temporomandibular joint arthropathy in a horse.

Vet Rec. 1999; 144:377–79.

8. Barnett TP, Powell SE, Head MJ, Marr CM, Steven WN, Payne R J. Partial mandibular

condylectomy and temporal bone resection for chronic, destructive, septic arthritis of the

temporomandibular joint in a horse. Equine vet. Educ. 2014; 26 (2): 59-63.

9. Jørgensen E, Christophersen MT, Kristoffersen M, Puchalsk S,Verwilghen D. Does

temporomandibular joint pathology affect performance in an equine athlete? Equine vet. Educ.

2015; 27 (3): 126-130.

10. Auer JA, Stick JA. Equine surgery. 4th ed. Elsevier. 2012.

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CISTO NO CÔNDILO MEDIAL DO FÊMUR ASSOCIADO A

DEGENERAÇÃO DE MENISCO E DESMITE DO LIGAMENTO

COLATERAL EM ÉGUA DE ENDURO - RELATO DE CASO

Cystic bone in the medial femoral condyle associated with the degeneration

of medial meniscus and medial collateral ligament in endurance mare - case

report

Barbara Luizi Lage Mendes¹, Jessica Guerra de Oliveira¹, Ana Paula Resende Silva¹ Andressa

da Silveira Batista Xavier¹, Raffaella Bertoni Cavalvanti Teixeira¹, Jorge Tiburcio Barbosa de

Lima¹

¹ Universidade Federal de Minas Gerais – [email protected]

Resumo

Atendida uma égua de enduro, com seis anos de idade e histórico de claudicação de membro

pélvico (MP). Identificada claudicação grau IV (AAEP, 0 a 5) no MP direito (MPD). Observado

cisto ósseo subcondral no côndilo medial do fêmur (CMF), reação na eminência da tíbia

entesopatia do ligamento colateral medial (LCM) e fibrose do menisco medial. Esse relato

descreve um caso de cisto no CMF associada a outras alterações articulares tratado de forma

conservativa, cuja provável origem seja traumática.

Palavras chave: Doença Articular Degenerativa; Císto ósseo; soldra

Abstract

Attended a six-year-old enduro mare and history of pelvic limb claudication (MP). Grade IV

lameness (AAEP, 0 to 5) was identified in the right MP (MPD). Observed subchondral bone

cyst in the medial condyle of the femur (CMF), reaction in the eminence of the tibia medial

collateral ligament enthesopathy (MCL) and fibrosis of the medial meniscus. This report

describes a case of cyst in CMF associated with other articular alterations treated

conservatively, whose probable origin is traumatic.

Keywords: Equine Joint Disease; Cystic Bone; stifle

Introdução

As lesões císticas subcondrais (LCS) podem se apresentar em diversas articulações,

possuindo maior frequência no côndilo medial do fêmur de equinos. Sua ocorrência está

relacionada com às doenças ortopédicas do desenvolvimento (DOD’s), porém, suspeita-se que

os traumas locais também sejam responsáveis na patogênese da doença1,2,3. É encontrada

principalmente em animais jovens na fase de crescimento, variando entre poucos meses até três

anos de idade, com histórico de claudicação leve a moderada, após serem submetidos ao

treinamento1,3. O tratamento das lesões consiste basicamente no manejo da inflamação, pois

quando não tratada as lesões podem persistir e aumentarem devido o efeito de mediadores

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inflamatórios presentes3. O prognóstico para desempenho atlético é variável entre os pacientes

e depende de fatores como localização, idade, extensão e resposta a abordagem terapêutica1, 2,3.

Esse relato descreve um caso de cisto no CMF associada a outras alterações articulares tratado

de forma conservativa, cuja provável origem seja traumática.

Descrição do Caso

Atendeu-se uma égua Árabe, de seis anos de idade, utilizada em provas de enduro,

com histórico de claudicação há dois meses em um dos membros torácicos com indícios de

trauma e dor na região da garupa direita. Na propriedade o animal foi tratado com anti-

inflamatórios por 10 dias, e devido à ausência de melhora foi encaminhado ao hospital

veterinário.

Na inspeção, foi possível identificar claudicação grau IV no MPD, com rigidez na

musculatura semitendinea e semimenbranacea durante a palpação, sem outros focos de aumento

da sensibilidade. Nos testes de flexão, observou-se resposta positiva na articulação FTP. Os

bloqueios perineurais distais não apresentaram resposta de redução da claudicação. Realizaram-

se radiografias das articulações FTP de ambos os MP, nas projeções latero-medial (LM), crânio-

caudal (CC) e latero-medial flexionada (LMF). Na avaliação radiográfica constatou-se presença

de cisto tipo 2B (13,85 mm de profundidade) no MPD, conforme a classificação proposta por

Wallis et al. 2018, na porção cranial do côndilo medial do fêmur e presença de osteófitos na

eminência da tíbia.

Na avaliação ultrassonográfica da região FTP do MPD, identificou-se a presença de

entesopatia na inserção distal do ligamento colateral medial do fêmur com áreas de fibrose,

presença de pontos calcificados no menisco-medial, condromalácea na cartilagem medial da

tíbia e presença de cisto no côndilo medial do fêmur. Devido ao prognostico atlético reservado,

o proprietário do animal optou por tratamento conservativo, sendo então realizada aplicação

intra-articular de 20 mg de triancinolona e 500 mg de amicacina, e recomendado protocolo de

exercícios controlados conforme citado por Davidson, 2016. Houve redução da claudicação e

o animal está sendo utilizado apenas para reprodução.

Discussão

As LCS estão relacionadas às DOD’s, acometendo animais jovens com sinais clínicos

principalmente no inicio de treinamento, porém, o animal deste relato encontrava-se acima da

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faixa etária de maior ocorrência e já era treinado há um longo período1,3. O histórico com

indicios de trauma na região associado ao início agudo da claudicação, reforça a hipótese de

origem traumática do cisto1,2,3. O animal apresentou grau IV de claudicação (severa) e sem

melhora com repouso, o que contrasta com a intensidade leve a moderada relatada por Adams

et al. (2011). O teste de flexão da articulação FTP positivo corrobora com outros autores que

caracterizam casos de LCS no CMF1,2,3.

Conforme o preconizado por Fowlie et al. (2019), o diagnóstico definitivo de LCS se

deu por meio de exame radiográfico nas três projeções LM, CC e LMF realizadas em ambos os

membros pélvicos, devido a possibilidade de casos de DOD’s bilaterais. As projeções

radiográficas foram essenciais para confirmação da lesão, sendo a CC utilizada para

mensuração e classificação do cisto, conforme Willis et al. (2018)1. As imagens

ultrassonográficas da articulação FTP confirmaram as alterações de cartilagem articular e

componentes estruturais da articulação. Segundo Adams et al. (2011) em animais mais velhos

é comum encontrar associada a LCS, osteoartrite com sinais de alterações em tecidos

periarticulares no CMF3.

Depois de instalada a lesão cística, mediadores inflamatórios são produzidos no local,

sustentando o alargamento e persistência do cisto. A terapia com corticoide intra-articular tem

sido utilizada em diversos momentos como primeira opção, isso devido seus efeitos anti-

inflamatórios1, uma vez que animais de diversas idades apresentam boa resposta a terapia

conservativa3.

Conclusões

O caso apresentado contribui para reforçar a provável origem traumática da LCS e a

importância de diagnóstico por exames radiográficos e ultrassonográficos identificando

também outras lesões periarticulares.

Referências

1. Fowlie JG, Richardson DW, Ortved KF, Stifle. In: Auer JA, Stick JA, Kummerle JM, Prange

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CLAUDICAÇÃO EM MUAR DECORRENTE DE TENDINOPATIA DO

FLEXOR DIGITAL PROFUNDO

Lameness in Mule Due to Tendinopathy of the Deep Digital Flexor

Yasmin Borges de Paiva1, Cíntia Yin Ann Lin1, Thais Poltronieri dos Santos2, Histefânia

Costa Alves1, Josyanne Rodrigues de Freitas1, Luciana Ramos Gaston Brandstetter1 1Universidade Federal de Goiás, [email protected] 2Universidade de São Paulo

RESUMO

Um muar, fêmea, de sete anos de idade, foi encaminhado ao HV/EVZ/UFG. Ao exame

dinâmico evidenciou-se claudicação grau 3/5 em MPE. O exame ultrassonográfico revelou uma

região hiperecogênica central e hipoecogênica no bordo plantaro-lateral do tendão flexor digital

profundo, o qual correspondeu a 31% da área tendínea, indicando uma tendinite aguda em área

adjacente a uma lesão crônica. Concluiu-se que afecções tendíneas decorrentes de estresse

biomecânico também têm ocorrência em muares.

PALAVRAS-CHAVE: estresse biomecânico, tendinite, ultrassonografia

ABSTRACT

A seven year old, female mule, was presented at the HV/EVZ/UFG. The dynamic examination

evaluated grade 3/5 lameness in the left hindlimb. In the ultrasound, it was observed a central

hyperechogenic and hypoechogenic region in the plantaro lateral margin of the deep digital

flexor tendon (DDFT), which corresponded to 31% of the tendinous area, indicating an acute

tendonitis in an adjacent area to a cronic lesion. It was concluded that tendinous conditions

resulting of biomechanical stress can also happen in mules.

KEYWORDS: biomechanical stress, tendonitis, ultrasonography

INTRODUÇÃO

O tendão flexor digital profundo (TFDP) do membro pélvico dos equídeos se origina

a partir de três cabeças musculares: músculo tibial caudal e flexores lateral e medial do dígito

e se inserem na superfície flexora da terceira falange. Sua função biomecânica relaciona-se à

flexão do dígito e auxílio na propulsão1,2. A tendinite é uma enfermidade que cursa com a

inflamação do tendão, associada a edema, nos casos agudos, e fibrose, nos casos crônicos3, que

pode ocasionar claudicação, dor à palpação e queda de performance3.

O objetivo deste trabalho é relatar um caso de tendinite do flexor digital profundo em

membro pélvico de um muar.

DESCRIÇÃO DO CASO

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Foi encaminhado ao Hospital Veterinário da Escola de Veterinária e Zootecnia da

Universidade Federal de Goiás (HV/EVZ/UFG) um muar, fêmea, de sete anos de idade, com

aptidão para marcha e utilizada para cavalgadas, que apresentava histórico de claudicação e

apoio em pinça do membro pélvico esquerdo (MPE), de duração de aproximadamente três

semanas. O animal foi tratado, pelo proprietário, com meloxicam durante cinco dias em doses

desconhecidas.

À avaliação estática observou-se que os talões do MPE apresentavam-se mais altos

que os do membro pélvico direito. Havia presença de múltiplas cicatrizes ao longo do metatarso

de ambos os membros pélvicos. O animal não demonstrou dor à palpação digital dos tendões

flexores. À inspeção dinâmica, o muar apresentou claudicação moderada em MPE em linha

reta, que se agravava em círculos para a esquerda (grau 3/5). A flexão completa do MPE, e a

flexão isolada do boleto foram levemente positivas. Não foram realizados bloqueios

anestésicos, em virtude do temperamento do equídeo.

O exame ultrassonográfico da região metatársica distal e do boleto revelou deformação

do TFDP (apresentava forma triangular) e região hipoecogênica no aspecto plantaro-lateral do

mesmo tendão, na região do metatarso distal, a qual correspondeu a 31% da área do TFDP, em

corte transversal. Observou-se também uma área de hiperecogenicidade difusa no TFDP, em

área adjacente, proximal à área hipoecoica.

Com base na avaliação clínica e exames de imagem, diagnosticou-se tendinite do

TFDP. Foi recomendado tratamento específico, mas o proprietário optou pelo tratamento

conservativo. O animal permaneceu em repouso por aproximadamente 90 dias e o tutor, de

forma gradativa, reiniciou o treinamento. Decorridos quatro meses do atendimento, o

proprietário informou que o animal já está em treinamento e não apresenta claudicação.

DISCUSSÃO

As descrições de lesões tendíneas em muares são escassas, mas devido à anatomia do

sistema músculo-esquelético, que é bastante similar ao equino, acredita-se que haja relevância

clínica também na espécie. O principal sinal clínico desta afecção é a claudicação4, e em alguns

casos o animal pode não apresentar dor à palpação digital5, o que corrobora com o paciente do

presente relato. Não foram realizados bloqueios anestésicos, devido à índole do animal, o que

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dificulta muito a localização da lesão. Nesses casos, o exame físico e de imagem devem ser

realizados de forma minuciosa.

A região hipoecogênica no aspecto plantaro-lateral, que correspondeu a 31% da área

do TFDP, provavelmente representa uma lesão aguda-adjacente a um processo crônico,

representado, por sua vez, pela hiperecogenicidade difusa e deformação tendínea, em função

da formação de fibrose. Neste caso, é possível que a lesão crônica tenha favorecido o

desenvolvimento de uma lesão aguda adjacente.

Embora tenha sido recomendado tratamento específico, o proprietário optou pelo

conservativo de repouso. O prognóstico nesses casos geralmente é reservado, principalmente

quando uma grande área está acometida. Entretanto, há estudos que demonstram que mais de

61% de animais com lesão no TFDP, retornam à atividade física após o repouso adequado4.

CONCLUSÃO

Afecções tendíneas decorrentes de estresse biomecânico também ocorrem em muares

submetidos a atividades esportivas. A semelhança entre as espécies equina e muar permite que

o conhecimento acerca do sistema músculo-esquelético dos equinos, seja aplicado aos muares.

No presente relato, o repouso adequado permitiu a melhora clínica do animal.

REFERÊNCIAS

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for the equine athlete? LiveStock. 2016; 21 (3): 196-200.

5. O’Sullivan CB; Injuries of the Flexor Tendons:Focus on the Superficial Digital Flexor

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EVOLUÇÃO CLÍNICA E RADIOGRÁFICA DE ARTRITE SÉPTICA

EM POTRO SUBMETIDO A ARTROTOMIA - RELATO DE CASO

Clinical and radiographic evolution of septic arthritis in foal submitted to

arthrotomy - case report

Jordana Cabral Rosa dos Anjos¹, Gilmar Breno Oliveira Guimarães ¹, Pedro Almeida Costa

Casadei Maciel¹, Amanda Macedo Pereira¹, Francisco Claudio Dantas Mota1, Diego José

Zanzarini Delfiol¹, Geison Morel Nogueira¹

Universidade Federal de Uberlândia¹ - [email protected]

Resumo

A artrite séptica é caracterizada como inflamação articular devido à invasão de microrganismos

patogênicos. Em potros está intimamente relacionada à infecção umbilical e falha na

transferência da imunidade passiva. O sucesso do tratamento está interligado com um

diagnóstico eficaz. Relata-se a evolução clínica e radiográfica de um caso de artrite séptica em

potro submetido a artrotomia, antibioticoterapia sistêmica e lavado articular. Houve melhora

clínica do animal e radiográfica aos 30 dias.

Palavras chaves: Lavado articular, onfalite, ortopedia.

Abstract

Septic arthritis is characterized as joint inflammation due to the invasion of pathogenic

microorganisms. In foals it is closely related to umbilical infection and failure to transfer

passive immunity. The success of the treatment is intertwined with an effective diagnosis.We

report the clinical and radiographic evolution of a case of septic arthritis in a foal submitted to

arthrotomy, systemic antibiotic therapy and joint wash. There was clinical improvement of the

animal and radiographic on the 30th day.

Key-words: articular lavage, onphalitis, orthopedic

Introdução

Artrite séptica também conhecida como artrite infecciosa é proveniente da entrada de

microrganismos patogênicos no espaço sinovial de uma articulação1,2. Em potros a maior

incidência de artrite séptica é decorrente da via hematógena, sendo desencadeada

principalmente pela falha na transferência de imunidade passiva e ineficácia na desinfecção do

umbigo1.

O diagnóstico deve ser realizado precocemente por meio dos achados clínicos e

exames de imagem. Como método de diagnóstico definitivo é realizada a análise do líquido

sinovial, obtido por meio de artrocentese1,3.

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O tratamento tem como objetivo o combate aos microrganismos patogênicos na

articulação e eliminação de mediadores inflamatórios e fibrina1. Dentre as técnicas utilizadas

são descritos o lavado articular, terapia antimicrobiana sistêmica, perfusão regional, terapia

anti-inflamatória, artrotomia e artroscopia. Sendo que os últimos os mais eficazes, pela

possibilidade de remoção de fibrina e debris celulares1,4.

Descrição do Caso

Foi atendido junto ao Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia

(HV-UFU), um equino, Mangalarga Marchador, macho, com dois meses de idade, pelagem

zaina, peso corporal 90 kg. O animal apresentava aumento de volume na articulação femuro-

tibiopatelar, claudicação do membro pélvico esquerdo e histórico de onfalite e miíase umbilical.

Ao exame físico observou-se aumento de volume na articulação femuro-tibiopatelar

esquerda, com temperatura aumentada e sensibilidade dolorosa à palpação. Durante a

deambulação verificou-se claudicação do membro pélvico esquerdo grau 4/5.

Foi solicitado hemograma, análise de liquido sinovial e avaliação radiográfica.

Observou-se leucocitose regenerativa com desvio a esquerda. Após artrocentese, a análise

macroscópica do líquido sinovial revelou aumento de viscosidade, turbidez e alteração de

coloração. Ao exame radiográfico, realizado nas projeções caudocranial e lateromedial, foi

possível observar superfície articular troclear irregular, apresentando lise com envolvimento de

osso subcondral. Alteração do posicionamento da patela, projetada ventralmente à superfície

articular e aumento de radiopacidade em tecidos moles adjacentes. Com base nos sinais

clínicos, análise radiográfica e artrocentese realizadas, diagnosticou-se artrite séptica na

articulação femuro-tibiopatelar do membro pélvico esquerdo.

Instituiu-se como tratamento a antibioticoterapia sistêmica e local, e abordagem

cirúrgica por artrotomia para debridamento articular local. Administrou-se ceftriaxona 25,0

mg/kg, IV, BID, por 28 dias; cetoprofeno, 2,2 mg/kg, IV, BID, 5 dias; omeprazol, 4,0 mg/kg,

VO, SID, 5 dias. No período pós-operatório também foi realizado um lavado articular, ao

sétimo, décimo e décimo sexto dias após o procedimento cirúrgico. Nestes foram administrados

solução de DMSO 10 % acrescido 500 mg de amicacina.

Aos 28 dias, no término da terapia antimicrobiana, foi realizado exame radiográfico

de acompanhamento, visualizando-se ainda falha radioluscente na superfície articular troclear,

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decorrente de curetagem local, mas apresentando-se mais superficial, menos irregular e com

ausência de lise óssea.

Observou-se melhora clínica, a partir do trigésimo dia de tratamento, com diminuição

do grau de claudicação, sendo 2/5, ausência de sensibilidade dolorosa à palpação, redução do

edema na região articular. Após estas constatações, o animal teve alta sendo encerrado o seu

tratamento.

Discussão

O lavado articular tem como objetivo a remoção de mediadores da inflamação e

microrganismos, onde a solução de lavagem pode conter antimicrobianos e anti-inflamatórios,

visando o proveito de suas respectivas propriedades. O DMSO é indicado para o lavado

articular por não causar reações inflamatórias significativas nas estruturas sinoviais, além de

possuir propriedades bacteriostáticas e anti-inflamatórias 1,3.

Para a resolução completa da infecção geralmente são realizados debridamento e

drenagem especialmente quando ocorre envolvimento de osso subcondral ou estruturas que

apresentam infecção crônica. Tal procedimento pode ser executado por artroscopia ou incisão

aberta no intuito de reduzir a contagem bacteriana até o momento que os antibióticos possam

ser efetivos5.

A lavagem via artroscopia ou artrotomia apresentam taxa de sucesso semelhante,

sendo a drenagem aberta mais indicada para articulações cronicamente infectadas e que

apresentem resistência aos tratamentos com técnicas fechadas5.

Conclusão

A artrotomia associada ao debridamento local, seguida de lavado articular pós-

operatório, mostrou-se eficaz no presente relato, com base na melhora clínica e radiográfica.

No trigésimo dia de tratamento foi encerrado o mesmo e, o animal recebeu alta.

Referências

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Relacionadas. In: Stashak, T S. Claudicação em equinos segundo Adams. 5ª ed. São Paulo;

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22

2. Maranhão RPA, Brandstetter LRG, Coelho CMM, Amery TT, Evaristo IGB. Enfermidades

gerais. In: Silva LAF, Maranhão RPA, Moreira M, Eurides D, Palhares MS. Aparelho

locomotor equino: Enfermidades e diagnóstico. 5ª ed. Rio de Janeiro; Guanabara Koogan,

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3. Radostitis OM, Gay CC, Blood DC, Hinchcliff KW. Doenças do sistema

musculoesquelético. In: Clínica Veterinária: Um Tratado de Doenças dos Bovinos, Ovinos,

Suínos, Caprino e Equinos. 9ª ed. Rio de Janeiro; Guanabara Koogan, 2002; 493-517.

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FRATURA DO 3º METACARPO E RUPTURA PARCIAL DO

LIGAMENTO SUSPENSOR DO BOLETO: DIAGNÓSTICO POR

IMAGEM– RELATO DE CASO

Third Metacarpal fracture and parcial rupture of the suspensory ligament:

Image Diagnosis – case report

Victória Aschermann Leal¹, Bruno Melo Teixeira¹, Stela Bonadia de Souza Bete¹, Rossi De

Carvalho Ribeiro¹, Vânia Maria de Vasconcelos Machado¹,

¹ UNESP – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia Campus de Botucatu –

[email protected]

Resumo

Foi atendido um cavalo com histórico de claudicação no membro torácico direito. O exame

radiográfico revelou formação de entesófito em topografria de inserção do ligamento colateral

lateral do boleto e fratura por avulsão do côndilo lateral do terceiro metacarpiano(III Mc). A

avaliação ultrassonográfica evidenciou área anecóica e perda do paralelismo das fibras no

aspecto lateral do ligamento suspensor do boleto e efusão adjacente.

Palavras chave: terceiro metacarpiano; raio x; ultrassom.

Abstract

A horse with right front limb lameness was referred to the hospital. Radiographic examination

revealed formation of entesophyte in the topography of the insertion of the lateral collateral

ligament of the fet lock and an avulsion fracture of the lateral condyle of the third metacarpal

bone(III Mc). Ultrasonographic evaluation revealed a loss of pattern fibers and anechoic area

in the lateral aspect of suspensory ligament and surrounding effusion.

Keywords: third metacarpal bone; x ray; ultrasound.

Introdução

As enfermidades do aparelho locomotor são as mais frequentes na espécie equina,

causando claudicação, o que leva a redução do desempenho atlético gerando perdas econômicas

neste setor de mercado. Desta maneira, há demanda de conhecimento específico na área da

medicina esportiva, objetivando conhecer as enfermidades e desenvolver métodos de

diagnóstico de precisão, capazes de identificar de forma precoce as possíveis enfermidades e

estabelecer suas correlações clínicas, com ênfase nas enfermidades do aparelho locomotor 6. O

exame clínico é útil para identificar a região acometida, mas muitas vezes se faz necessário o

uso do exame de imagem para um diagnóstico preciso das lesões.

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As avaliações radiográfica e ultrassonográfica constituem o método mais frequente de

avaliação diagnóstica para essas afecções2, 5, 7, 8 . O raio-x é útil na valiação óssea da região, mas

muitas vezes o tecido mole também está acometido, sendo necessária a avaliação

ultrassonográfica associada.

Descrição do caso

Foi atendido no Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e

Zootecnia (FMVZ) da Unesp, Campus de Botucatu, um equino, macho, de dois anos de idade,

Quarto de Milha, iniciando treinamento para a corrida de três tambores e com histórico de

claudicação do membro torácico direito.

O exame radiográfico revelou irregularidade na superfície óssea do tubérculo lateral

do III Mc e formação de entesófitos em topografia de inserção do ligamento colateral lateral do

boleto. Observou-se fratura por avulsão do côndilo lateral do III Mc e aumento de volume de

tecidos moles bilateral, mais severo lateralmente.

A avaliação ultrassonográfica revelou presença de fragmento ósseo adjacente ao III

Mc e irregularidade da superfície óssea do III Mc em seu aspecto dorsolateral, além de leve

espessamento do ligamento suspensor do boleto, discretas lesões hipoecogênicas, perda da

definição da margem lateral e falta de paralelismo das fibras em borda do ligamento suspensor

do boleto em seu aspecto lateral e efusão adjacente.

Discussão

As articulações metacarpofalângicas e as articulações do tarso são as mais acometidas

por lesões em cavalos de três tambores4. Apesar do aparto suspensor de ambos os lados

sofrerem estresse durante a corrida, observa-se com maior frequência lesões no membro direito

devido ao fato do animal partir em velocidade máxima para o primeiro tambor e ter que reduzir

bruscamente para contorna-lo, à direita9.

Por se tratar de uma região com frequente acomentimento de tecidos moles e ósseo1,

se faz necessário o uso da avaliação radiográfíca associada à avaliação ultrassonográfica, a fim

de um diagnóstico preciso da origem e a extensão das lesões, bem como sua classificação.

Assim como foi realizado nesse caso, em que pelo exame radiográfico diagnosticou-se

formação de entesófito em topografria de inserção do ligamento colateral lateral do boleto e

fratura por avulsão do côndilo lateral do terceiro metacarpiano (III Mc). E pelo exame

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ultrassonográfico observou-se espessamento do ligamento suspensor do boleto, discretas lesões

hipoecogênicas, perda da definição da margem lateral e falta de paralelismo das fibras em borda

do ligamento suspensor do boleto em seu aspecto lateral e efusão adjacente.

Conclusões

O exame radiográfico é a modalidade de diagnóstico de imagem de eleição para

avaliação da estrutura óssea, prejudicado porém pela sobreposição e a falta de diferenciação de

tecidos moles3. Para avaliação de tecidos moles a ultrassonografia é primordial2. A

possibilidade de avaliação dinâmica e em tempo real oferece uma grande vantagem em relação

a outros métodos de avaliação de tecidos moles. Sua principal limitação na avaliação do boleto

é a falta de imagem da superfície articular proximal da falange proximal e a superfície palmar

do III Mc.

Portanto, conclui-se que a associação de diferentes métodos de diagnóstico por

imagem muitas vezes é condição imprescindível para um diagnóstico preciso do acometimento

da região afetada, como descrito nesse caso, o que resulta em uma adequada delimitação de

prognóstico e das possibilidades terapêuticas.

Referências

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Metacarpophalangeal Lesions. Journal of Equine Veterinary Science. 2014; 34: 1218 –

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Equine Practice. 2001; 17: 115–130.

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FRATURA DOS PROCESSOS ARTICULARES LOMBARES (L1/L2 E

L2/L3) EM EQUINO - RELATO DE CASO

Equine low back articular processes (in L1/L2 and L2/L3 vertebrae)

fracture – case report

Rachel de Andrade Tavares1, Brunna Patrícia Almeida da Fonseca1, Maristela de Souza

Clavery1, Nathalia dos Santos Rosse1, Arthur Neves Passos1, Talita Oliveira Maciel Fontes1

1Universidade Federal de Viçosa – [email protected]

Resumo

Atendeu-se um equino com histórico de início de doma há seis meses e que recentemente

começou a recusar a sela. Na avaliação clínica observou-se atrofia muscular e sensibilidade à

palpação nos músculos glúteos, não sendo detectada claudicação em nenhum membro. O exame

ultrassonográfico revelou irregularidade da superfície óssea dos processos articulares lombares

de L1/L2 e L2/L3. A infiltração periarticular com Acetonido de triancinolona e mesoterapia

foram os tratamentos de escolha.

Palavras-chave: dor lombar; infiltração periarticular; mesoterapia;

Abstract

A horse was assisted after it started refusing the saddle in an ongoing six-month tame period.

On its clinical evaluation lameness wasn`t observed in any of its member, muscular atrophy

was observed as well as tenderness on gluteus muscles palpation. The ultrasonographic exam

showed irregularities of low back articular processes of L1/L2 and L2/L3 vertebrae were shown.

The chosen treatment was periarticular infiltration with Triamcinolone acetonide and

mesotherapy.

Key words: low back pain, periarticular infiltration, mesotheraphy;

Introdução

As afecções de coluna em equinos são consideradas uma das grandes causas de

diminuição de desempenho em cavalos atletas, podendo ser consequência de traumas, uso

incorreto da sela e/ou treinamento inadequado. A lombalgia é resultado de uma desordem

estrutural ou funcional na coluna vertebral dos equinos, estas podem representar entre 4,35%2

e 32%5 da casuística das enfermidades locomotoras. As afecções de coluna são pouco

diagnosticadas devido à falta de conhecimento anatômico da região e dificuldade de acesso às

estruturas afetadas pela palpação e pelos métodos de diagnóstico por imagem3.

Descrição do caso

Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Viçosa (HOV-UFV)

um equino, macho, de 2 anos e 10 meses de idade, da raça Mangalarga Marchador (MM) com

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o histórico de que há aproximadamente um mês começou a recusar a sela e “pular” ao ser

montado, chegando a se jogar no chão. O proprietário também relatou que após ser aquecido o

animal realiza cavalgadas sem nenhum problema. Ao exame físico observou-se atrofia

moderada de diversos músculos e algia na inserção dos principais músculos do sacro (glúteo

médio, bíceps femoral e semitendinoso).

A termografia revelou áreas frias na região na lombar e nos músculos glúteos,

principalmente no antímero direito. Ao exame ultrassonográfico transcutâneo observou-se

perda da linha óssea nos processos articulares de L1 (principalmente no antímero direito) e L2

(principalmente antímero esquerdo) e o exame ultrassonográfico transretal revelou

irregularidade e hiperecogenicidade nas articulações lombossacras.

O tratamento eleito foi a infiltração periarticular bilateral de Retardoesteróide®

(Acetonido de triancinolona) nas articulações T18/L1, L1/L2 e L2/L3 utilizando-se em cada

infiltração 2ml (4mg) de Acetonido de triancinolona sendo que na articulação lombossacra

utilizou-se 10ml (20mg) por ponto. Por fim, como terapia complementar, a mesoterapia (20 ml

de lidocaína 2%, 20ml de Acetonido de triancinolona e 20ml de diluente) foi utilizada desde a

transição toracolombar até a região caudal ao sacro. Para o retorno à atividade atlética montou-

se um programa de exercícios progressivos precedidos por exercícios de mobilização cervical.

O animal apresentou melhora na dor e começou a apresentar hipertrofia dos músculos

acometidos. Após um ano do tratamento o animal apresenta bom desenvolvimento muscular,

sendo capaz de realizar cavalgadas de distancias moderadas.

Discussão

Fraturas na região lombar de cavalos são comumente relatadas em animais de corrida,

sendo consideradas a terceira maior causa de óbitos relacionados ao sistema

musculoesquelético em cavalos Quarto de Milha7. Existe a possibilidade de que as fraturas

vertebrais aconteçam devido a uma anormalidade pré-existente e que raramente são causadas

por algum trauma externo 7. Essa anormalidade pode ser causada pela sobrecarga das estruturas

nos treinos e nas corridas, levando a uma adaptação fisiológica óssea, aumentando a fragilidade

da região7. Sendo assim, se faz necessário um diagnóstico e tratamento precoce das lesões que

podem levar a uma fragilidade óssea, evitando assim que consequências mais graves

aconteçam.

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Deve-se levar em consideração que o MM não realiza o mesmo trabalho de velocidade

e explosão que um animal de corrida. Dessa forma, os traumas também devem ser considerados

como causa de fraturas nessa raça (MM). Neste caso específico, havia o histórico do animal

cair junto com a sela de costas repetidas vezes durante a doma.

O diagnóstico preciso exige um histórico detalhado, associado a um exame físico

completo (envolvendo avaliação em estação e em movimento, palpação das estruturas e os

testes de mobilização) e a utilização dos exames complementares, como termografia e

ultrassonografia1.

O objetivo do tratamento é diminuir ou eliminar a dor do animal, permitindo que ele

possa ser exercitado, evitando a perda de massa muscular e do condicionamento físico3.

Conclusão

As fraturas nos processos articulares lombares devem sempre ser consideradas como

diagnóstico diferencial nas lombalgias, principalmente nos casos em que há relato de um

possível trauma na coluna vertebral do animal. Deve-se enfatizar que o diagnóstico preciso das

lesões é essencial para o tratamento adequado, que envolve uso de corticoides locais e

fisioterapia para a melhor recuperação do animal.

Referências 1. Fantini P, Palhares SM. Lombalgia em equinos. Acta Veterinaria Brasilica 2011; 5 (4), 359-363.

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IMAGEM DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA DE FRAGMENTOS

OSTEOCONDRAIS E LESÕES DE TECIDOS MOLES ADJACENTES

NA ARTICULAÇÃO INTERFALANGEANA DISTAL EM UM CAVALO

- RELATO DE CASO

MRI of osteochondral fragments and adjacent soft tissue injuries at distal

interphalangeal joint in a horse - case report

Victória Aschermann Leal¹, Gustavo Fernandes Viana¹, Rossi De Carvalho Ribeiro¹, José

Nicolau Próspero Puoli Filho¹, Vânia Maria de Vasconcelos Machado¹,

¹ UNESP – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia Campus de Botucatu –

[email protected]

Resumo

Foi atendido um equino com claudicação aguda no membro torácico esquerdo. O exame

radiográfico revelou um fragmento osteocondral na articulação interfalangeana distal.

Realizou-se exame de ressonância magnética do aparato podotroclear, notou-se fragmentação

osteocondral, sinovite, tendinite do tendão flexor digital profundo e desmite do ligamento colateral sesdamoideo e do ligamento sesamoideo distal.

Palavras chave:Ressonância Magnética;articulação interfalangeana distal;fragmento

osteocondral.

Abstract

A horse with left front limb acute lameness was referred to the hospital. Radiographic

evaluation revealed osteochondral fragment in the distal interphalangeal joint. MRI was

performed of the podothroclear apparatus. The findings revealed osteochondral fragmentation

combined with synovitis and deep digital flexor tendon tendinitis, collateral sesamoidean

ligament and distal sesamoidean impar ligament desmitis.

Keywords: MRI; distal interphalangeal joint; osteochondral fragment .

Introdução

Lesões osteocondrais também podem ocorrer na articulação interfalangeana distal

(AIFD) em cavalos, embora pouco usuais. A dor em região distal do membro é uma causa

comum de claudicação em equinos e, apesar da dor ser facilmene localizada, existem limitações

significativas dos métodos disponíveis de diagnóstico preciso devido a sua complexidade

anatômica4.

A radiografia é cerceada a estruturas mineralizadas e a ultrassonografia é limitada e

podem ocorrer artefatos que interferem na sua interpretação1,2,5. Embora esses exames possam

ser usados em uma ampla variedade de casos, eles não fornecem a mesma qualidade de

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informação da AIFD e dos tecidos adjacentes que a imagem por ressonância magnética (MRI),

acarretando em diagnósticos restritos e/ou falsos negativos.

Descrição do caso

Foi atendido no Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e

Zootecnia (FMVZ) da Unesp, Campus de Botucatu, um equino, macho, de oito anos de idade,

raça Brasileiro de Hipismo, com histórico de claudicação aguda grau 3/5 do membro torácico

esquerdo após treinamento.

O exame radiográfico revelou somente um fragmento osteocondral no recesso dorsal

da AIFD. Sendo assim, o animal foi encaminhado para avaliação por MRI do aparato

podotroclear do membro torácico esquerdo.

Foi usado equipamento de Ressonância Magnética de baixo campo magnético e foi

feita a sequência em T2 ponderada (T2), proton density (PD) e STIR. Nas imagens em T2, STIR

e PD foi possível observar dois pequenos fragmentos ósseos na AIFD, um proximal ao processo

extensor da falange distal e o outro no recesso proximal palmar da AIFD. Observou-se uma

pequena distensão articular da AIFD associado com espessamento da parede capsular e redução

de sinal. A borda distal do osso navicular apresentava-se irregular e os canais vasculares

dilatados, além de um aumento focal de sinal em imagens de T2, STIR e PD na inserção do

ligamento sesamoideo distal impar (LSDI). O LSDI e tendão flexor digital profundo(TFDP)

tiveram aumento de sinal em imagens de T2, STIR e PD , associado com perda de definição

entre TFDP, osso navicular e ligamento colateral sesamoideo (LCS).

Discussão

Os achados do exame de MRI indicam fragmentação osteocondral juntamente com

sinovite da AIFD, além de tendinite do TFDP e desmite do LCS e LSDI. Devido ao excelente

contraste de tecidos moles e sua capacidade multiplanar, a MRI permite uma completa

visualização das estruturas contidas dentro do casco, incluindo tecidos moles e ósseo6.

A desmite do ligamento colateral é uma causa comum de claudicação distal em cavalos

e apesar do exame radiográfico e ultrassonográfico serem úteis, a ocorrência de falso negativo

é elevada3. Sendo assim, a MRI é útil tanto para caracterização da lesão quanto para

identificação de lesões secundárias.

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O presente caso está de acordo com os achados de DYSON (2003)4, que relata que a

MRI foi essencial para diagnosticar anormalidades na cartilagem da AIFD, distensão da capsula

da AIFD, distensão da bainha do TFD, lesões no TFDP e sinal anormal do navicular em 15

cavalos de esporte, uma vez que não foi possível notar alterações no exame radiográfico. Relata

também que através da MRI foi possível identificar fragmentos mineralizados na AIFD e no

exame radiográfico os fragmentos não eram visíveis.

Conclusões

O exame de ressonância magnética foi efetivo nesse caso, pois permitiu a identificação

dos dois fragmentos osteocondrais e demais alterações de tecidos moles não diagnosticadas no

exame radiográfico simples. Portanto a MRI pode apresentar importante contribuição para a

medicina esportiva equina, uma vez que é extremamente eficaz para avaliar lesões musculo

esqueléticas de equinos atletas.

Referências

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a transcuneal approach: technique and reference images. Vet. Radiol. Ultrasound. 2001; 42:

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INFLAMAÇÃO DA ARTICULAÇÃO ATLANTOOCCIPITAL COM

PRESENÇA DE EFUSÃO: RELATO DE CASO

Atlantooccipital joint inflammation with presence of effusion: case report

Nathalia dos Santos Rosse1, Brunna Patrícia Almeida da Fonseca1, Aline de Oliveira Ferreira1

1 Universidade Federal de Viçosa – [email protected]

Resumo

Foi atendido um equino na CCGA/UFV com histórico de rigidez e dor no pescoço. No exame

clínico notou-se dificuldade em realizar círculo para direita, diminuição da rotação entre C1-

C2, lateroflexão entre C2-C3, extensão da cervical, além de dor. A ultrassonografia evidenciou

efusão nas articulações atlantooccipitais e sinovite nos processos articulares cervicais. Foi

prescrito mobilização dinâmica, relaxante muscular e terapia local. O animal teve alta com

retorno agendado para 30 dias.

Palavras-chave: coluna cervical, sinovite e mobilização cervical

Abstract

A horse with stiffness and neck pain history was referred to the CCGA/UFV. The clinical exam

showed diffilcuty of the horse to turn right at the circle and pain when executing lateral flexion

between C1-C2, between C2-C3 and extention of the cervical spine. Ultrasonography revealed

effusion of the atlantooccipital joint as well as synovitis in the cervical joint processes. Dynamic

mobilisation, muscle relaxant, and local therapy were prescribed. The animal was discharged

with scheduled return to 30 days.

Keywords: cervical spine, synovitis, cervical mobilisation

Introdução

A coluna cervical do equino é composta por 7 vértebras, sendo a primeira e a segunda

de morfologia diferenciada, o atlas e o axis, respectivamente1. Estas duas vértebras são

responsáveis, principalmente, pelo movimento de rotação da cabeça2. No arco ventral do atlas

estão as faces articulares craniais que se articulam com os côndilos do osso occipital1, sítio da

afecção descrita neste trabalho. A ultrassonografia da região da nuca é um método essencial

para o diagnóstico desta lesão, permitindo a visualização das partes moles ao redor da

articulação que não são possíveis através do exame radiográfico3.

Descrição do caso

Foi atendido na Clínica e Cirurgia de Grandes Animais da Universidade Federal de

Viçosa (CCGA/UFV) um equino da raça Mangalarga Marchador, macho, de 2 anos de idade

com histórico de rigidez no pescoço e dor ao movimentar o mesmo para direita, sem causa

aparente, há 15 dias. Foi realizado exame clínico completo da coluna cervical, tendo sido

evidenciado, ao exame em movimento, uma leve dificuldade do animal para realizar o círculo

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à direita. Ao exame de mobilização passiva foi notado movimento diminuído e dolorido na

flexão atlantooccipital, lateroflexão das vértebras C1-C2 para ambos os lados e no movimento

de extensão; na mobilização ativa, utilizando ração como estímulo, o animal apresentou sinais

de dor ao realizar as lateroflexões cranial, média e caudal para o lado direito.

O exame ultrassonográfico da coluna cervical evidenciou acentuada efusão na

articulação atlantooccipital (AO), sendo o antímero direito mais acometido por líquido e o

esquerdo tendo a sinóvia visível, diagnosticando, então, inflamação da articulação AO.

Também foi realizado o exame radiográfico, porém não foram encontradas alterações nas

bordas ósseas, apenas um distanciamento anormal entre o atlas e os côndilos occipitais.

Recomendou-se um grupo de exercícios de mobilização cervical incluindo laterolexão,

extensão e flexão das articulações intervertebrais cervicais, além de alongamento muscular,

devendo ser realizado duas vezes ao dia até o retorno do animal. Ainda, foi prescrito o uso

sistêmico de tiocolchicosídeo na dose de 0,04 mg/kg, e terapia local com gelo e diclofenaco

dietilamônio após os exercícios citados acima.

O animal retornou à CCGA/UFV após 30 dias sem alterações no andamento e

posicionamento de cabeça e pescoço, já apresentando melhor grau de mobilidade cervical. No

exame ultrassonográfico da articulação AO foi percebida menor quantidade de líquido no

antímero direito e praticamente ausência no antímero esquerdo, já sem visualização da sinóvia.

Foi agendado um novo retorno para 90 dias e recomendado continuação dos exercícios por mais

15 dias.

Discussão

A articulação AO é citada como um possível local de sinovite séptica secundária a

osteomielite por Rhodococcos equi4, má-formação congênita5, traumatismo6 e outros, porém

não existem estudos específicos ou descrição na literatura a respeito de inflamação nestas

articulações sendo a origem asséptica e/ou biomecânica. No caso relatado, não houve causa

aparente para o início dos sinais clínicos, e como o animal ainda não se encontrava em

treinamento, acreditou-se ser proveniente de trauma mecânico.

A inflamação desta região pode levar a hesitação do animal em realizar movimentos

de flexão, extensão, lateroflexão e rotação do pescoço, sendo por dor e/ou redução da amplitude

destes movimentos for fatores mecânicos, além de rigidez muscular7. Esses sinais foram

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35

observados de forma marcada no animal avaliado, sugerindo que a inflamação da articulação

AO é uma causa de baixa performance em equinos, sendo um tema importante a ser estudado.

A mobilização cervical dinâmica, além de trabalhar as articulações da coluna

cervical7,8, têm efeito nos músculos epaxiais e hipaxiais7. O tratamento prescrito foi efetivo,

visto que notou-se marcada melhora nos sinais clínicos após 30 dias. Não foi realizada

infiltração da articulação AO por se tratar de um animal jovem e ainda sem atividade esportiva

em andamento.

Conclusão

A ultrassonografia da coluna cervical foi um instrumento essencial para a elucidação

do diagnóstico. Este trabalho demonstrou que a inflamação da articulação AO leva à perda de

desempenho do animal, e que exercícios de mobilização cervical e relaxante muscular foram

eficientes no tratamento deste. Esta afecção ainda é pouco estudada, sendo necessário abordar

ainda possíveis causas etiológicas e tratamentos de lesões mais severas e/ou crônicas.

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MIELOPATIA ESTENÓTICA CERVICAL EQUINA

Equine cervical stenotic mielopathy

Ana Kellen Lima de Queiroz1, Thais Poltronieri dos Santos 2, Jéssyca Ataíde Ferreira 3,

Helena Tavares Dutra3, Bruno Benetti Junta Torres3, Luciana Ramos Gaston Brandstetter3

1 – Escola de veterinária e Zootecnia, UFG - GO; [email protected]

2 – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, USP- SP. 3 - Escola de veterinária e Zootecnia, UFG – GO

Resumo

Um equino, de cinco meses, foi encaminhado ao Hospital Veterinário (EVZ- UFG) com

histórico de ataxia, com duração de quatro dias. Uma avaliação neurológica evidenciou ataxia

sensorial proprioceptiva, com tetraparesia ambulatorial. Realizou-se radiografia simples da

região cervical, onde foram observados achados compatíveis com mielopatia estenótica

vertebral cervical em C5, C6 e C7. O animal recebeu tratamento conservativo e recebeu alta

hospitalar com melhora moderada dos sinais clínicos.

Palavras-chave: Ataxia, mielografia, neurológico, radiografia, síndrome de Wobbler

Abstract

A, five-month-old colt, was referred to the Veterinary Hospital (EVZ-UFG) with a history of

ataxia of four days duration. A neurological evaluation evidenced proprioceptive sensorial

ataxia, and tetraparesis. A cervical radiography revealed changes compatible with cervical

vertebral stenotic myelopathy in C5, C6 and C7. The horse was treated conservatively and was

discharged with moderate improvement of clinical signs.

Keywords: Ataxia, myelography, neurological, radiography, Wobbler syndrome

Introdução

A mielopatia estenótica cervical equina (MEC) é uma causa comum de ataxia em

cavalos jovens e consiste em compressão da medula espinhal, causando dor e desconforto ao

animal1,2. Sua origem não é totalmente conhecida, mas acredita-se que esteja relacionada,

principalmente, à predisposição genética e fatores nutricionais3. Os principais sinais clínicos

apresentados são paresia simétrica e ataxia proprioceptiva 2,3.

A MEC é classificada como dinâmica ou estática e o diagnóstico pode ser realizado

por meio de radiografia simples, mielografia4, tomografia computadorizada, ressonância

magnética e mieloscopia, sempre associado ao histórico, anamnese e sinais clínicos. O

tratamento pode ser conservativo ou cirúrgico e varia, principalmente, de acordo com a idade e

grau de comprometimento5,6. O presente trabalho tem como objetivo relatar o caso de

Mielopatia Estenótica Cervical em um potro.

Relato de caso

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Um equino, macho, da raça Quarto de Milha, de cinco meses de idade, pesando 150

kg, com porte e peso acima da média para a raça, deu entrada no Hospital Veterinário da Escola

de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás (EVZ-UFG), com histórico de

ataxia de quatro dias de duração. A avaliação neurológica evidenciou marcha anormal, com

ataxia sensorial, mais acentuada nos membros pélvicos e tetraparesia ambulatorial. Realizou-

se colheita de líquor e soro para exames laboratoriais de mieloencefalite protozoária equina

(MEP) e Herpes vírus. Como havia suspeita de MEP, foi iniciado tratamento com diclazuril,

até o conhecimento acerca dos resultados de exames. Estabeleceu-se tratamento suporte com

fluidoterapia, flunixim meglumine, omeprazol e dimetilsulfóxido. Os resultados do exame do

líquor foram negativos para Herpes e MEP e o tratamento com diclazuril foi interrompido

imediatamente.

Foi realizado exame radiográfico simples da região cervical, com projeções

laterolaterais. As medidas das proporções sagitais intravertebrais encontradas indicaram

estenose do forame vertebral cervical de C5, C6 e C7, que eram compatíveis com mielopatia

estenótica vertebral cervical do tipo estática. Já as proporções sagitais intervertebrais não foram

significativas. Com o intuito de se identificar com precisão os locais de compressão,

recomendou-se a realização da mielografia. O procedimento foi realizado, com o animal

anestesiado em decúbito lateral esquerdo, utilizando contraste iodado iopamidol. Embora o

procedimento tenha sido realizado com êxito, as imagens obtidas não trouxeram informações

adicionais àquelas observadas nas radiografias simples.

Optou-se, então, pelo tratamento conservativo, com restrição no consumo de proteínas

e carboidratos, com o intuito de retardar o crescimento ósseo, além de suplementação com

vitamina E e restrição de exercícios. O animal recebeu alta hospitalar em bom estado de saúde

e com melhora moderada dos sinais neurológicos. Após nove meses da alta hospitalar o

proprietário relatou continuação do tratamento recomendado e melhora considerável dos sinais

clínicos.

Discussão

As características e sinais clínicos do animal assemelham-se às encontradas na

literatura para esta enfermidade3,7,8. Embora a razão sagital intervertebral seja considerada, por

alguns autores, mais precisa que a razão intravertebral para diagnóstico presuntivo da MEC9,

no presente relato somente a razão intravertebral apresentou medidas compatíveis com MEC.

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É importante ter cautela ao se utilizar, como critério de diagnóstico, unicamente a razão

intervertebral. Um estudo realizado por Scrivani et. al.10 demonstrou que pode haver erros de

medição e que estas inconsistências são ligeiramente superiores quando comparados às razões

intravertebrais. Embora a mielografia seja considerada de grande valia para determinar o local

de compressão, no presente estudo ela não foi elucidativa. Além disso, sua interpretação deve

ser cautelosa e ser associada a outras informações disponíveis, incluindo histórico, gravidade

dos sinais, radiografias simples e exames complementares para descartar outras doenças3,11. A

terapia de suporte e o tratamento conservativo realizados seguiram as recomendações descritas

por outros autores. O animal apresentou melhora moderada do quadro de ataxia em pouco mais

de 48 horas de tratamento. Além disso, os sinais se tornaram mais brandos no decorrer do tempo

11.

Conclusão

Para que haja um tratamento adequado a MEC, é de extrema importância a realização

do diagnóstico preciso desta enfermidade. Apesar de indicada, a mielografia nem sempre é

elucidativa, além disso, a radiografia simples deve ser utilizada, por se tratar de método não

invasivo, de fácil realização e acessibilidade e que, muitas vezes, pode ser o único método de

diagnóstico disponível.

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OCORRÊNCIA DE FRATURAS VERTEBRAIS TRAUMÁTICAS EM

EQUINOS: ESTUDO RETROSPECTIVO

Occurrence of traumatic vertebral fractures in equines: retrospective study

Ana Paula Arruda Souza¹, Arthur Martins da Serra Vilela Pinto¹,Verônica Lourença de Souza¹,

Antônio Carlos Lopes Câmara¹

¹Hospital Veterinário de Grandes Animais, Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária. Universidade

de Brasília. Brasília, DF, Brasil. Autor para correspondência: [email protected]

Resumo

Relata-se a ocorrência de fraturas vertebrais traumáticas em equinos, no período de 2009 a

2019, correlacionando os principais segmentos afetados e a ocorrência ou não de trauma

medular com os sinais clínicos encontrados. Em todos os casos, o diagnóstico foi confirmado

por exame radiográfico e/ou necropsia. Concluiu-se que, em animais com histórico de trauma

e alterações que causem ataxia e sintomas neurológicos as fraturas vertebrais devem fazer parte

da lista de diagnósticos diferenciais.

Palavras chave: coluna espinhal, fratura vertebral, trauma medular.

Abstract

It is reported the occurrence of traumatic vertebral fractures in equines from 2009 to 2019,

correlating the main affected segments and the occurrence or non-existence of spinal cord

trauma with the clinical signs found. In all cases, the diagnosis was confirmed by radiographic

examination and / or necropsy. It was concluded that, in animals with a history of trauma and

alterations that cause ataxia and neurological symptoms, vertebral fractures should be included

in the list of differential diagnoses.

Keywords: spinal column, spinal cord trauma, vertebral fracture.

Introdução

A ocorrência de fraturas vertebrais, com comprometimento medular ou não, em

decorrência de traumas é uma afecção frequente na clínica veterinária de equídeos, apesar da

baixa descrição na literatura¹. Em se tratando de animais com instinto de fuga, facilmente o

cavalo pode envolver-se em situações traumáticas de alta complexidade como atropelamentos

e quedas acidentais. Com isso, esse resumo tem por objetivo relatar a ocorrência de fraturas

vertebrais em cinco equinos do Distrito Federal e entorno, atendidos pelo Hospital Veterinário

de Grandes Animais da Universidade de Brasília (HVET-UnB) no período de 2009 a 2019,

correlacionando os principais segmentos afetados e a ocorrência ou não de trauma medular com

os sinais clínicos encontrados.

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Descrição dos casos

Foram encaminhados ao HVET- UnB cinco equinos com fraturas vertebrais, em

momentos distintos, no período de 2009 a 2019, após histórico de traumatismo envolvendo

acidentes durante transporte ou atropelamentos em vias públicas, cujos dados de sexo, idade

aproximada, locais das fraturas e ocorrência ou não trauma medular estão descritos na tabela

1.Todos os animais foram analisados quanto aos sinais clínicos e segmentos vertebrais e/ou

medulares afetados. Em todos os casos o diagnóstico foi confirmado por exame radiográfico

e/ou necropsia.

Tabela1. Distribuição das fraturas vertebrais segundo o sexo, idade aproximada, local da fratura e ocorrência ou

não de trauma medular, em cinco animais encaminhados ao HVET- UnB/ Brasília no período de 2009 a 2019.

F= fêmea; M= macho; T=vértebra torácica, L= vértebra lombar

Com relação aos sinais clínicos, os animais ao serem recebidos apresentaram-se em

decúbito lateral permanente em quatro dos cinco casos, sendo que em um animal a lesão não

levou à alteração de posicionamento e o mesmo foi recebido em estação (Animal 5). Todos os

animais apresentavam-se alerta durante o exame físico inicial e a vocalização foi observada

como sinal característico de dor extrema nos animais 4 e 5 pós palpação no local da fratura. Em

três animais (1, 4 e 5) foi observado aumento de volume na região afetada, com flutuação

variando de ausente à moderada e no Animal 5 havia uma ferida exposta com drenagem de

secreção com aspecto supurativo.

Três animais (1, 2 e 4) apresentaram paresia hipotônica de membros pélvicos e

paralisia espástica de membros torácicos. A hipoestesia do reflexo espinhal (ao teste do

panículo) demonstrou ausência de sensibilidade superficial – a partir da região afetada seguindo

para a regiãocaudal – em todos os animais e a diminuição do reflexo flexor também foi

diagnosticada em dois casos (animais 1 e 4) . A ruptura e/ou fragmentação da medula óssea

Animal Sexo Idade aproximada Local da Fratura Trauma medular

1 F 9 anos T10-T11 Não

2 F Não informada L1-L3 Sim

3 M 4 anos T9 Sim

4 M Não informada T8-T9 Sim

5 F Não informada T5-T7 Não

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ocorreu em 60% (3/5) dos casos (animais 2, 3 e 4). Ainda, o animal 1, apesar de não apresentar

ruptura de medula óssea, constatou-se, a partir de exame histopatológico, mielomalácia da

região torácica cranial à fratura até o início da cauda equina.

Discussão

Os traumatismos espinhais e vertebrais ocorrem em equinos devido a concussões e

contusões por queda ou colisão contra grandes objetos¹. Neste estudo retrospectivo, todas as

fraturas apresentaram possível origem traumática, com início súbito dos sinais clínicos. O

segmento torácico foi o mais afetado (4/5), seguido do segmento lombar (1/5). Estes achados

correspondem ao descrito na literatura por Borges et al.4 e reforçam uma maior propensão da

área torácica às fraturas, uma vez que esta região apresenta-se em uma área central do eixo

longilíneo, possuindo uma maior amplitude de deslocamento dorso-ventral, além de

corresponder ao local de maior concentraçãoe apoio do peso corporal².

A presença de certos sinais clínicos e sua gravidade foram variáveis, de acordo com o

local da lesão e segmentos espinhais afetados, como relatado por Borges et al.4, visto que estes

dependem de fatores como extensão, profundidade da lesão no segmento da medula espinhal,

grau de compressão medular e do envolvimento dos tratos anatômicos espinhais³. Lesões na

medula espinhal causam diversos graus de debilidade, ataxia, alterações nociceptivas e do

sistema nervoso autônomo5.

Conclusões

Conclui-se que no período de dez anos foram atendidos cinco casos de fraturas

vertebrais sendo três delas com comprometimento medular. Logo, sugere-se incluir fraturas

vertebrais como parte de diagnóstico diferencial em animais com histórico de trauma e

alterações que causem ataxia e sintomas neurológicos.

Referências

1.Matthews HK. Traumatismo espinhal, vertebral e intracraniano. In: Medicina Interna Equina.

Editores: Reed SM e Bayly WM. Rio de Janeiro: Guanabara

Koogan, 2000; .394-402.

2.Hahn CN; Mayhew, IG; Mackay, RJ. Diseases of multiple or unknown sites. In: Colahan, PT;

Merritt AM; Moore, JN. et al. Equine medicine and surgery. 1999; v.1. 5.ed. 947-950.

3.George, LW. Diseases producing spinal cord or peripheral nerve injuries. In: SMITH, B.P.

Large animal internal medicine.2.ed. St. Louis: Mosby, 1996. 2040.

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4.Borges AS, Silva DPG, Gonçalves RC, Chiacchio SB, Amorin RM, Kuchembuck MRG,

Vulcano LC, Bandarra EP, Lopes RS.Fraturas vertebrais em grandes animais: estudo

retrospectivo de 39 casos (1987-2002). ArqBrasMedVet Zootec. 2003; 55(2), 127-132.

5.Riet-Correa, F.; Riet-Correa, G.; Schild, AL. Importância do exame clínico

para o diagnóstico das enfermidades do sistema nervoso em ruminantes e equídeos. Pesqui.

Vet. Bras. 2002; 22.161-168.

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OSTEOSSÍNTESE COM UTILIZAÇÃO DE FIXADOR EXTERNO EM

FRATURA COMINUTIVA BILATERAL DE MANDÍBULA EM EQUINO

- RELATO DE CASO

Osteossynthesis using external fixator in bilateral comminuted jaw fracture

in equine - case report

Maria Guilliana Rocha Santos¹, Otton Fernando Pacheco Santos¹, Wemerson Pereira Silva¹,

Poliana Rocha Fraga Botelho2, Pedro Guimarães Lage², Raul Felipe Dornas²

¹ Graduando em Medicina Veterinária - Faculdades Integradas do Norte de Minas – FUNORTE –

[email protected]

² Professor(a) das Faculdades Integradas do Norte de Minas – FUNORTE

Resumo

Foi atendido um equino macho, da raça Quarto de Milha, com oito anos de idade, pesando

410kg, apresentando-se com edema facial com maior evidência na região mandibular,

anoréxico e taquicardíaco. No exame radiográfico foi constatado uma fratura cominutiva

bilateral de mandíbula; o quadro clínico do animal foi estabilizado na clínica e em decorrência

da gravidade da afecção, o animal fora encaminhado para a cirurgia de redução de fratura

mandibular utilizando-se da técnica de fixação externa.

Palavras chave: Fratura cominutiva; Mandíbula; Fixação externa.

Abstract

It was attended at the Veterinary Hospital Renato of Andrade of the Integrated Colleges of

North of Minas, an eight-year-old male, of the Quarter Horse breed, weighing 410kg, presenting

with facial edema, anorexic and tachycardia. In the radiographic examination a bilateral

comminuted jaw fracture was observed; the animal was stabilized in the clinic and due to the

severity of the condition, the animal was referred for mandibular fracture reduction surgery

using the external fixation technique.

Keywords: Comminuted fracture; Jaw; External fixation.

Introdução

Os equídeos são frequentemente expostos a traumas faciais devido a atividades

atléticas, condições de manejo ou temperamento¹. Normalmente, esses traumas resultam em

fraturas nas regiões anteriores da maxila ou mandíbula, o que limita ou impede a preensão e

trituração dos alimentos podendo levar a graus variáveis de morbidade devido à inapetência ou

à anorexia ocasionadas pelo desalinhamento dentário e pela dor². As osteossínteses

mandibulares devem restaurar a morfologia óssea e o alinhamento dentário mediante

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imobilização das extremidades fraturadas, bem como o retorno precoce da função mastigatória,

ambos fundamentais para minimizar o tempo de recuperação óssea3,4.

Descrição do caso

Foi atendido no Hospital Veterinário Renato de Andrade das Faculdades Unidas do

Norte de Minas, um equino macho da raça Quarto de Milha, com oito anos de idade, pesando

410 kg. Ao exame físico, o animal apresentou-se apático, taquipneico, anoréxico, em estado

febril e com aumento de volume em toda face, sendo mais evidenciado na região mandibular.

Ao exame radiográfico, através da projeção laterolateral comprovou-se fratura cominutiva

bilateral de mandíbula.

Para o animal adotou-se como terapia a utilização de Ceftiofur (2,2 mg/kg, IM,

SID), Flunixim (1,1 mg/kg, EV, BID), Dimetil Sulfoxido (DMSO, 150ml diluído em 1L de

Ringer com Lactato, EV, SID), Bionew (diluído 20 ml em 1L de Ringer Lactato, EV, SID),

Vitamina B1 (1 mg/kg, IM, SID), Omeprazol (4 mg/kg, VO, SID), Pentoxifilina (7,5mg/kg,

VO, BID), Metronidazol (25 mg/kg, VO, BID).

Em decorrência da afecção o animal foi encaminhado para a cirurgia de redução de

fratura mandibular. Adotou-se como medicação pré-anestésica (MPA), EGG (100mg/kg, EV),

Xilazina (1,1 mg/kg, IV) e Detomidina (0,02 mg/100kg, IV). A indução anestésica foi realizada

com a administração de Cetamina (2 mg/kg, IV). A manutenção foi a base de Isoflurano

volatilizado em oxigênio. Foi feito o bloqueio anestésico dos nervos mandibulares alveolares

para a anestesia da região mandibular fazendo-se uso de Lidocaína (5 ml/kg) perineural. Para a

redução da fratura mandibular, a técnica escolhida foi o fixador externo. A fim de promover a

estabilização da fratura cominutiva bilateral, utilizou-se fixação percutânea híbrida com pinos

de steinmann 5mm não rosqueáveis e com pontas trifacetadas. Os pinos rostral e nucais foram

inseridos formando um ângulo de 90 graus em relação ao eixo da mandíbula, uni e bilaterais

respectivamente. Os demais foram inseridos com angulação entre 30 e 45 graus em relação ao

eixo da mandíbula, em posições compatíveis com o foco da fratura, totalizando dois pontos de

fixação em cada fragmento da fratura. Para estabilização do aparelho foi utilizado

polimetilmetacrilato (PMMA) bilateralmente.

Discussão

Fraturas bilaterais de mandíbula são muito instáveis e quase sempre requerem o uso

da banda de tensão com cerclagem, suporte na forma de tala intraoral (barra em “U”) ou fixador

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externo5. A técnica de fixação externa escolhida teve por objetivo a manutenção do alinhamento

axial, limitação da mobilidade latero-lateral, prevenindo o colapso da redução da fratura,

promovendo a facilidade de remoção dos implantes e boa estabilização da fratura6. Pinos de

steinman não rosqueáveis são de fácil remoção e por isso, optou-se pela inserção de 4 pinos

com angulação entre 30 e 45 graus em relação ao eixo da mandíbula porque aumenta a

resistência e estabilidade do aparelho, contribuindo para evitar o deslizamento e

desprendimento acidental ou intencional dos pinos7. Esta técnica é considerada minimamente

invasiva, sem interferência com raízes dentárias e sem que haja inserção de implantes no sítio

de fratura. As desvantagens da referida técnica são o tempo de pós-operatório devido ao grande

aparelho inserido na face externa da mandíbula e o risco de remoção intencional8.

Conclusões

O uso da técnica de osteossíntese com utilização de fixador externo é capaz de reduzir

e estabilizar a fratura, permitindo um rápido retorno das funções fisiológicas de vital

importância para o paciente levando-se em consideração a estrutura afetada.

Referências

1. Ragle CA. Head trauma. Vet. Clin. N. Am.: Equine Pract.1993; 9. 171-183.

2. Valadão CAA, Marques JA, Padilha filho JG et al. Uso de cerclageme resina acrílica em

fraturas mandibulares d os eqüideos. Cienc. Rural.1994. 24. 323-327.

3. Tremaine WH. Management of equine mandibular injuries. Equine Vet. Educ.1998. 10. 146-

154.

4. Auer JA. Principles of Fracture Treatment. In Equine Surgery ed. Auer, J.A. & Stick, J.A.,

Saunders Elsevier, EUA, ISBN: 978-1-4377-0867-7.2012. 1047-1079

5. Auer JA, Fackelman GE. In AO Principles of Equine Osteosynthesis ed. Fackelman, G.E.,

6. Auer, J.A. & Nunamaker, D.M., Georg Thieme Verlag, Alemanha.1999.

7. Alves GES et al. Fraturas odontomaxilares e mandibulares em eqüídeos tratados por

diferentes técnicas de osteossíntese. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec.2008. 60 (6), 1382-1387.

8. Júnior MNS, Schossler JE. Deambulação após o uso de aparelhos de fixação externa ou pinos

intramedulares na tíbia de cães sadios. Ciência Rural. 2002; 56. 123-123.

9. Okeson JP. Anatomia Funcional. In: Tratamento das desordens temporomandibulares e

oclusão. 4. ed. São Paulo: Artes Médicas, 2000.

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PODODERMATITE HIPERTRÓFICA EM MINI-HORSE COM

DISTORÇÃO DE CÁPSULA DO CASCO

Hypertrophic Pododermatitis in Mini-Horse with hoof capsule distortion -

case report

Anaïs de Castro Benitez¹, Bárbara Luizi Lage Mendes¹, Larissa Costa Andrade¹, Raffaella

Teixeira¹, Priscila Fantini¹, Jorge Tiburcio Barbosa de Lima¹.

¹ Universidade Federal de Minas Gerais – [email protected]

Resumo

Foi recebido um Mini Horse fêmea no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Minas

Gerais (HV-UFMG) com sangramento na ranilha, sendo diagnosticado com Cancro. Na

radiografia dos cascos foi detectada distorção de cápsula. Este relato visa explanar um caso de

Cancro em que o paciente apresentava fatores predisponentes como distorção de cápsula do

casco associada ao ambiente contaminado. O tratamento contou com o uso de órtese de EVA,

metronidazol tópico e casqueamento corretivo.

Palavras chave: Cancro, casco, mini-horse, equino, ranilha.

Abstract

A Mini-horse was admitted in the Veterinary Teaching Hospital of the Federal University of

Minas Gerais with bleeding from her frog and diagnosed with Canker. Capsule distortion was

detected on hoof’s radiograph. This report aims to demonstrate a case of Canker in which the

patient presented predisposing factors such as hoof capsule distortion associated with a

contaminated environment. The treatment included the use of EVA bracing, topical

metronidazole and hoof management.

Keywords: Canker, hoof, mini-horse, equine, frog.

Introdução

A Pododermatite Hipertrófica, doença também conhecida como Cancro, é definida

como um processo infeccioso que resulta em desenvolvimento crônico, hipertrófico de tecido

córneo, com pododermatite úmida nas seções palmares/plantares dos cascos. Normalmente se

origina na ranilha e pode apresentar desde áreas focais de tecido de granulação, que sangra

facilmente, até projeções filamentosas de tecido córneo¹. A lesão inicia-se com a invasão local

por micro-organismos, seguido de sua ação queratolítica, que leva à degeneração e ruptura do

tecido da ranilha, facilitando sua propagação para estruturas mais profundas². Equinos afetados,

frequentemente, encontram-se em pastos úmidos ou em condições pouco higiênicas³. O Cancro

não tem predileção por raça, sexo ou idade, podendo ocorrer em um ou múltiplos cascos¹.

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Descrição do caso

Foi atendido no Hospital Veterinário da UFMG, um Mini Horse, fêmea, de nove anos,

com histórico de ocorrência de podridão da ranilha com três meses de evolução, que se iniciou

após casqueamento. O mesmo permanecia em baia de cimento sem cama, em contato constante

com matéria orgânica e umidade. O paciente recebeu tratamento veterinário na propriedade

com uso de antisséptico local Dakin, antibioticoterapia local com Oxitetraciclina, antibiótico

sistêmico (princípio ativo e dose desconhecidos) e flunixina meglumina. Devido à piora do

quadro realizou-se o encaminhamento ao HV-UFMG.

Durante o exame admissional a paciente apresentou relutância ao movimento e

redução de apoio de peso nos membros torácicos, pulso digital, aspecto friável e sangramento

durante a manipulação na região de ranilha em todos os membros, além de desequilíbrio

acentuado tanto mediolateral quanto dorsopalmar/plantar dos cascos. O animal foi enquadrado

com escore corporal 4 em uma escala de 0 a 5. Como exames complementares, foram realizadas

radiografias dos cascos dos quatro membros nas projeções latero-mediais e dorso-

palmares/plantares, observando-se distorções capsulares de casco e desequilíbrio de eixo-

podofalângico de todos os membros. Com base nos achados do exame clínico e avaliação

radiográfica, constatou-se a pododermatite hipertrófica associada à distorção capsular do casco.

Como tratamento houve retirada do tecido friável da ranilha dos quatro membros,

limpeza com PVPI degermante, secagem e aplicação tópica de dois comprimidos de 250mg de

metronidazol, associado ao equilíbrio de todos os cascos através de casqueamento corretivo.

Junto ao curativo, foi feita órtese podal de EVA sob medida, fixada por bandagem e trocada a

cada três dias. Durante os dias iniciais do tratamento realizou-se administração de fenilbutazona

na dose 4,4 mg/kg, via oral (VO), uma vez ao dia (SID) por três dias, seguido de 10 dias de

Maxican Gel® na dose de 0,5mg/kg, VO, SID, além de omeprazol na dose de 2mg/kg, VO,

SID durante os dias de administração de anti-inflamatório não esteroidal. Devido ao alto escore

corporal, a dieta foi ajustada diminuindo-se a quantidade de alimento oferecido.

Duas semanas após a admissão, o animal apresentou conforto à movimentação, dessa

forma optou-se pela remoção das órteses podais de EVA e para novo curativo utilizou-se apenas

iodo 10% tópico e bandagem dos cascos. Foi feito novo casqueamento para restabelecimento

de equilíbrio dos cascos.

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Discussão

O diagnóstico foi feito de acordo com a sintomatologia do animal, considerando que

o diagnóstico presuntivo para o Cancro é baseado na exclusão da presença da Podridão de

Ranilha, na aparência grosseira do tecido córneo afetado cobrindo a ranilha, presença de odor

fétido e na facilidade com que o tecido sangra quando é manipulado¹.

Além disso, a distorção de cápsula do casco constatada no paciente é uma causa de

deterioração de estruturas do casco pelo desequilíbrio biomecânico no momento da pisadura. A

cápsula do casco é a primeira linha de defesa dos tecidos mais sensíveis das proximidades e a

sua distorção pode causar rachaduras no casco4, o que é um fator predisponente para a entrada

de patógenos. Ademais, os aspectos do ambiente relatados são fatores predisponentes para a

afecção, visto que a presença de cama com excretas ou enlameadas são consideradas condições

de risco³. O alto escore corporal do animal também foi considerado fator de risco, por

sobrecarregar estruturas do casco, e, neste aspecto, a dieta será fundamental.

O tratamento do Cancro consiste no debridamento do tecido afetado e terapia tópica

diária até que a doença seja resolvida5. No paciente, o tratamento tópico foi intervalado, sendo

o curativo trocado entre três e quatro dias, pois permaneceu seco e limpo. A órtese de EVA teve

papel importante na absorção do impacto que seria transmitido diretamente para o casco do

animal, o qual se encontrava em desequilíbrio pela distorção de cápsula. No entando, por

possuir distorção das cápsulas do casco, o animal precisará de manejo constante dos cascos para

manter a saúde da ranilha e evitar recidivas do Cancro.

Conclusões

O tratamento feito foi bem-sucedido e solucionou o crescimento alterado do tecido

córneo.

Referências

1. O’Grady, Stephen E. An Overview of Equine Canker. The American Farriers Journal.2018.

44 (7).

2. Booth L, White D. Pathologic Conditions Of The External Hoof Capsule. In: Floyd, A., &

Mansmann, R. Equine Podiatry.ed. Elsevier Health Sciences. 2007. 228-256.

3. Adam’s R, Stashak T. Adam’s Lameness in Horses: 6th ed. Wiley Blackwell. 2011. 4. Redden RF. Hoof capsule distortion: understanding the mechanisms as a basis for rational

management. Veterinary Clinics: Equine Practice. 2003. 19 (2) 443-462.

5. O’Grady, Stephen E, John B. How to treat equine canker. Proceedings of the American Ass

Equine Practioners. 2004. 50. 202-205.

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TENODESE DO TENDÃO EXTENSOR DIGITAL LONGO COM

PARAFUSO DE INTERFERÊNCIA EM MUAR – RELATO DE CASO

Tenodesis on long digital extensor tendon with interference screw in mule –

case report

Lorena Pereira Guimarães¹, Alexandra Gonçalves de Oliveira¹, Dara Santos Alves¹, Diego

José Zanzarini Delfiol1, Francisco Claudio Dantas Mota1, Geison Morel Nogueira¹,

¹ Universidade Federal de Uberlândia – [email protected]

Resumo

Foi atendido no Hospital Veterinário (HV/UFU), um muar, fêmea, de 5 meses de idade, com

115 kg, com histórico de trauma nos membros pélvicos decorrente de colisão com cerca de

arame liso. Foi observada claudicação grau 5/5 em membro pélvico direito, além de feridas

lacerantes, com ruptura total de tendão extensor digital longo. O animal foi submetido à

tenodese do tendão extensor digital longo do membro pélvico direito ao III metatarsiano, por

meio do uso de parafuso de interferência de 6 mm.

Palavras chave: Equídeos, ortopedia, ruptura, tendão.

Abstract

At the HV/UFU, was attended a female mule 5 moths of age, and 115 kilograms, with history

of collision with flat wire fence causing a trauma on the pelvic limbs. In clinic examination

claudication 5/5 degree and lacerated wounds were observed. The right pelvic limb had a total

rupture in long digital extensor tendon. The animal was submetted a tenodesis on long digital

extensor tendon of right pelvic limb in III metatarsal, by means of utilization the 6 milimeter

interference screw.

Keywords: Equines, orthopedics, rupture, tendon.

Introdução

Os equídeos são frequentemente acometidos por rupturas tendíneas em decorrência,

principalmente, de traumas nos membros. Essas lesões se apresentam como lacerações cutâneas

extensas e profundas, e o animal pode exibir sinais de dificuldade locomotora e de apoio do

membro afetado. O prognóstico dessas afecções é reservado e demanda meses de recuperação,

gerando perdas econômicas e funcionais. Neste contexto é de grande importância a busca por

abordagens terapêuticas que melhorem a qualidade de vida do animal e possibilitem retorno

precoce à condição clínica normal¹, 6.

Descrição do caso

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Foi encaminhado ao Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (HV-

UFU), um muar, fêmea, de 5 meses de idade, com 115 kg. O animal apresentou histórico de

trauma em membros pélvicos por arame liso há dois dias e impotência funcional do membro

pélvico direito (MPD). Ao exame clínico observou-se claudicação grau 5/5 em MPD, ferida

lacerada infectada em terço distal da tíbia, superfície crânio-lateral do tarso e plantar do tendão

calcanear em ambos os membros. Havia flexão articular metatarsofalangeana direita, com apoio

sobre a superfície dorsal desta e incapacidade de extensão deste dígito. À inspeção detalhada

da ferida em MPD, foi possível a observação de área de exposição músculotendínea com

ruptura total do tendão extensor digital longo. Com base na apresentação dos sinais clínicos,

diagnosticou-se ruptura total de tendão extensor digital longo em MPD. As avaliações

radiográficas bilaterais do tarso, e da articulação metatarsofalangeana direita não revelaram

alterações osteoarticulares.

Instituiu-se terapia sistêmica com ceftriaxona 25,0 mg/kg, IM, BID, por 15 dias;

cetoprofeno 2,2 mg/kg, intramuscular, BID, durante 3 dias; além de omeprazol 4,0 mg/kg, VO,

SID, durante 3 dias. Foram realizados curativos locais com aplicação de bandagens nas áreas

afetadas e aplicação de tala simples na região metatarsofalangeana direita. Decorridos sete dias,

o animal foi encaminhado para procedimento cirúrgico de tenodese do tendão extensor digital

longo direito, com parafuso de interfência de 6 mm.

Com o equídeo submetido a protocolo de anestesia geral inalatória, e posicionado em

decúbito lateral esquerdo, procedeu-se o acesso cirúrgico para aplicação do implante. Foi

realizada incisão de pele em superfície dorsal do III metatarsiano direito, sobre o tendão

extensor digital longo. Após individualização do mesmo, foi realizada perfuração em terço

diafisário médio do III metatarsiano, com broca de 5,5 mm, em angulação dorso-plantar de 60

graus, para passagem do tendão através das duas corticais ósseas. Com o mesmo sob tensão e

mantido o dígito estendido, foi então aplicado parafuso de interferência de 6 mm.

Posteriormente realizou-se rafia de subcutâneo, para abolição do espaço morto, com fio de

poliglactina n.0, e pele com fio de náilon n.0 em padrão Wolff.

Ao término do procedimento foram colocadas bandagem e tala simples, com

manutenção de antibioticoterapia já instituída e curativos diários. No décimo dia de pós-

operatório, contudo, observou-se possibilidade de flexão articular metatarsofalangeana, durante

a troca de bandagem. Visto isso a tala foi recolocada e permaneceu por mais 15 dias, e a partir

de então, observou-se incapacidade de flexão articular metatarsofalangeana direita.

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Discussão

As lesões lacerantes da região do tarso, ocasionadas por arames ou objetos de corte,

comumente envolvem o tendão extensor digital longo. Quando há acometimento do tendão,

observa-se lesão cutânea extensa e profunda, normalmente por avulsão. A lacerações dos

tendões extensores geralmente não causam anormalidades significativas, entretanto em alguns

casos, promovem ao animal uma dificuldade locomotora, com arrastar de pinça do membro

acometido1,6.

No tratamento, caso a lesão tenha até seis horas de evolução e não haja contaminação,

pode-se optar pela tenorrafia. Todavia, em condições infectadas e com perda de material

tendíneo, há indicação de cicatrização por segunda intenção, com a desvantagem do longo

período de recuperação, em que o restabelecimento completo da função pode levar mais de seis

meses5.

Atualmente, o parafuso de interferência, metálico ou bioabsorvível, é um dispositivo

de fixação extremamente utilizado nas cirurgias de reconstruções tendíneas e ligamentares em

humanos. Possui rosca total que possibilita a fixação por interferência. Este implante promove

alta resistência mecânica inicial e uma reabilitação mais precoce, já que promove uma rápida

integração óssea do enxerto2,3.

Conclusões

O tratamento da ruptura do tendão extensor digital longo com parafuso de

interferência, no diâmetro e angulação óssea empregados, não foi efetivo neste caso, sendo

necessária a utilização de tala simples para completa recuperação do animal.

Referências

1. Auer JA, Stick JA. Equine surgery. 3a ed. Philadelphia: Saunders Elsevier; 2006.

2. Kurosaka M, Yoshiya S, Andrish JT. A biomechanical comparison of different surgical

techniques of graft fixation in anterior cruciate ligament reconstruction. American

Journal of Sports Medicine. 1987; 15 (3) : 225–229.

3. Shelbourne K, Nitz P. Accelerated rehabilitation after anterior cruciate ligament

reconstruction. American Journal of Sports Medicine. 1990; 18 (3) 292–299.

4. Stashak T S. Claudicação em Equinos segundo Adams. 5a ed. São Paulo: Roca; 2014.

417-601.

5. Thomassian A. Enfermidades dos cavalos. 4a ed. São Paulo: Livraria Varela; 2005.

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USO DE CERCLAGEM NO REPARO DE FRATURA DE OSSOS

NASAIS EM POTRA - RELATO DE CASO

Use of cerclage to repair fracture of the nasal bones in filly - case report

Dara Santos Alves¹, Fabiana Maddalena de Gaspari Oquendo², Pedro Sanches Oquendo

Júnior³ ¹ Universidade Federal de Uberlândia – [email protected]

² Gallop – Medicina Veterinária Equina

³ Centro Universitário do Triângulo

Resumo

Potra quarto de milha (QM) com histórico de colisão com cerca de arame liso foi avaliada

clinicamente, detectando-se laceração de pele no terço médio do osso nasal com fratura

cominutiva do mesmo, confirmada pelo exame radiográfico. Procedeu-se a reparação da fratura

através de cerclagem dos ossos nasais e posterior síntese da pele com suturas em padrão

captonada e X´. O tratamento clínico foi realizado diáriamente até a remissão total da lesão.

Palavras chave: Crânio; Fratura; Cerclagem.

Abstract

With the history of collision with flat wire fence a Quarter Horse filly was clinically evaluated.

The exam indicated skin laceration in the middle portion of the nasal bone, with involvement

of the bone, which has been confirmed as a comminuted fracture of the nasal bones by

radiographic study. Therefore, the fracture repair was done by cerclage of the nasal bones and

consecutive skin synthesis with sutures in captonated and `X' pattern. The animal was

maintained in daily clinical treatment until total remission of the lesion.

Keywords: Skull; Fracture; Cerclage.

Introdução

Os equídeos estão frequentemente sujeitos a traumas faciais devido a atividades

atléticas, condições de manejo ou temperamento. Essas afecções são preocupantes devido à

gravidade das lesões, principalmente quando não são tratadas em tempo hábil. Sendo assim,

objetivou-se relatar uso de cerclagem no reparo de fratura de ossos nasais em potra.

Descrição do caso

Foi atendido na Gallop - Medicina Veterinária Equina, em 13 de março de 2019, uma

potra de 36 meses de idade, QM, com histórico de colisão com cerca de arame liso nesse mesmo

dia. O proprietário do animal relatou que durante o manejo diário a potra havia escapado do

cabresto e ao correr colidiu com cerca de arame liso no piquete. Ao exame clínico, observou-

se normalidade dos parâmetros fisiológicos vitais e, ao exame físico grande sujidade e sangue

no terço médio da face, em região de chanfro, com a presença de ossos expostos. O animal foi

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submetido à sedação com Detomidina na dose de 30mcg/kg via intravenosa, em seguida

utilizou-se Clorexidina 2% e água corrente para limpeza. Após a remoção das sujidades e

fragmentos ósseos, foi realizado estudo radiográfico que revelou fratura completa no terço

médio dos ossos nasais.

Para correção da fratura foi realizada uma cerclagem com fio de aço 1,5mm para unir

as extremidades dos ossos nasais. Após a fixação da fratura procedeu-se a sutura da pele com

fio de sutura Nylon 0 em padrão captonada (utilizando-se pedaços de equipo para tal padrão) e

em “x”. Para evitar acúmulo exsudato no subcutâneo, fixou-se um dreno de Penrose.

Ao final do procedimento, a potra recebeu uma dose intramuscular de soro antitetânico

(5.000 UI) como forma preventiva da doença. Foi estabelecido antibioticoteparia com 10.000

UI Benzilpenicilina Procaína, 4,0mg Diidroestreptomicina e 0,3mg Piroxicam e 0,86mg de

Procaína por kg de peso corporal (Agrovet Plus®), por via intramuscular, a cada 12 horas, por

9 dias consecutivos e Flunixina Meglumine como anti-inflamatório não esteroidal na dose de

1,1mg/kg , a cada 12 horas, por via intravenosa por 9 dias consecutivos. Para os curativos

tópicos diários, utilizou-se Clorexidina 2% e água corrente para a limpeza da ferida e pomada

tópica Ganadol® associada ao óleo de girassol ozonizado. O dreno de Penrose foi removido no

7º dia pós-sutura e algumas suturas no 16º dia, porém as cerclagens permaneceram até o 30º dia

quando então foram removidas. Após 43 dias de tratamento, já com a remissão total da lesão, a

potra recebeu alta.

Discussão

As fraturas da cavidade nasal e dos seios paranasais são comumente relacionadas aos

traumas diretos, que provocam o deslocamento ósseo para os espaços aéreos. Estas estruturas

são difíceis de serem identificadas nas radiografias, sendo necessários posicionamentos

oblíquos para indetificação e classificação da fratura. É importante avaliar a fratura

minunciosamente para descartar a presença de sequestros ósseos provenientes da perda de

suprimento sanguíneo e infecção do fragmento¹.

O diagnóstico dessas fraturas são baseados no histórico, no exame clínico do animal,

que pode incluir o exame endoscópico das vias aéreas superiores, bem como exames

neurológicos e oculares, para avaliar traumatismos não detectados adicionais, e nas

radiografias, ressaltando a importância do exame radiográfico para determinar a gravidade da

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fratura, sendo que a extensão e o grau de deslocamento dos fragmentos podem ser determinados

por meio da palpação ².

Fraturas dos ossos nasais, mesmo que não tenha lesão na pele, devem ser consideradas

fraturas abertas, pois a penetração de fragmentos osseos no seio paranasal e na mucosa nasal

geralmente ocorre. As lacerações cutâneas devem ser reparadas imediatamente para evitar

infecções dos tecidos moles ².

É importante administrar um anti-inflamatório para diminuir a inflamação e a terapia

antimicrobiana, no caso de fratura exposta ou fratura que se comunique com os seios da face.

A profilaxia do tétano é indicada em todos os casos ².

A cirurgia de reconstrução deve ser realizada o quanto antes, para que se obtenham

melhores resultados estéticos, sendo que algumas fraturas podem se curar espontaneamente,

porém a falta de tratamento pode resultar em sinusite crônica, sequestro ósseo, feridas que não

cicatrizam, deformidade facial e espessamento ou necrose septal secundária ².

Utiliza-se para realização da cirurgia um pino Steinmann (1,6 mm) e um mandril

manual ou uma broca de 2 mm são usados para pré-perfurar orifícios de fio de cerclagem de

0,8 a 1,0 mm, em seguida realiza a sutura da pele. No pós-operatório, pode – se utilizar

bandagem compressiva, antiinflamatórios, antimicrobianos de amplo espectro conforme

necessário para tratar infecções de tecidos moles e sinus prevenindo infecções por implantes ².

Conclusões

Conhecimento anatômico, atendimento rápido e o empenho da equipe foram de suma

importância na recuperação e remissão total da lesão, sendo assim, conclui-se que o uso de

cerclagem foi efetivo como método de tratamento de fratura de ossos nasais.

Referências

1. Thrall D. Diagnóstico de radiologia veterinária. 5ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

2. Auer JA, Stick JA. Equine sugery. 4ª ed. Philadelphia: W.B. Saunders Co; 2012.

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USO DE PLASMA RICO EM PLAQUETAS (PRP) EM DESMITE NA

ORIGEM DO LIGAMENTO SUSPENSÓRIO EM EQUINO - RELATO

DE CASO

Use of platelet-rich plasma (prp) in desmiti in the origin of the suspensory

ligament in equine - case report

Wemerson Pereira Silva¹; Christine Araujo Simões¹; Maria Guilliana Rocha Santos¹; Otton

Fernando Pacheco Santos¹; Poliana Rocha Fraga Botelho²; Nathan Misael Costa Souza¹.

¹ Faculdades Integradas do Norte de Minas – [email protected]

² Professora assistente do curso de Medicina Veterinária, FUNORTE, Montes Claros – MG.

Resumo

Injeções de Plasma Rico em Plaquetas(PRP) são comumente utilizadas para acelerar o processo

de regeneração e cicatrização. Relata-se o tratamento com uso de PRP no ligamento do

suspensório do boleto(LSB) em equino apresentando claudicação grau 3/5, sendo identificado

desalinhamento e espessamento da origem do LSB em US. Utilizou-se 5 aplicações de PRP

com intervalos de 30 dias, acompanhado de reabilitação com caminhadas. Após 5 meses de

tratamento, houve remissão dos sintomas.

Palavras chave: Claudicação; PRP perilesional; Reabilitação.

Abstract

The ligament lesions have slow healing, therefore, Platelet Rich Plasma injection(PRP) is

commonly used to accelerate the regeneration and healing process. The treatment with the use

of PRP in the billet suspender ligament(LSB) in horse with grade 3/5 claudication is reported,

with misalignment and thickening of LSB origin in the US. Five PRP applications were used

with 30-day intervals, accompanied by rehabilitation with walking. After 5 months of treatment,

there was remission of symptoms.

Keywords: Lameness; Perilesion PRP; Rehabilitation.

Introdução

Enfermidades de tecidos moles envolvendo tendões e ligamentos, podem ocasionar

grandes prejuízos quando se considera a necessidade de um tempo prolongado para o

tratamento além do tecido reparado possuir propriedade diferente do original tornando-o

predisponente à recidivas.

As lesões ligamentares podem ser do tipo intrínsecas ou extrínsecas. São consideradas

como intrínsecas as alterações que podem ocorrer como consequência de processo degenerativo

enquanto as extrínsecas estão associadas a lacerações ou impactos traumáticos, provindos, por

exemplo, de exercícios que excedem o limite de elasticidade do tecido ou forças de tensão

repetitivas, não havendo tempo suficiente para ação do mecanismo de reposição, gerando um

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estado acumulativo de dano1. A busca por alternativas que abreviem o tempo necessário para o

tratamento e favoreçam a recuperação completa das lesões têm enfatizado as terapias celulares,

incluindo o Plasma Rico em Plaquetas (PRP)2.

O presente relato de caso tem como objetivo relatar a ocorrência do tratamento

utilizando PRP em desmite da origem do ligamento suspensório em cavalo atendido no Hospital

Veterinário Universitário Renato de Andrade situado na cidade de Montes Claros, Minas

Gerais.

Descrição do caso

Foi encaminhado ao Hospital Veterinário Renato de Andrade da FUNORTE, em

Montes Claros/MG, um garanhão da raça Mangalarga Marchador, com 3 anos de idade,

pesando 445Kg, apresentando claudicação do membro anterior esquerdo (MAE), com grau de

claudicação 3/5 quando em marcha. No exame estático possuía moderada efusão da bainha

tendínea e discreta sensibilidade na região do ligamento suspensório (LS) nos membros

anteriores (MA’s). Ao exame dinâmico, o teste de flexão para desmite do ligamento suspensório

do boleto foi positivo. Nos bloqueios anestésicos de quatro pontos altos (QPA) obteve melhora

de 100% após 5 minutos de efeito anestésico. Em exame ultrassonográfico (US), com probe

disposta transversalmente, foram diagnosticados desalinhamento e espessamento na origem do

ligamento suspensório. Com protocolo instituído baseado no uso de 3 ml de PRP pela via

perilesional guiada por US, 5 vezes com intervalos de 30 dias, acompanhado de reabilitação

com caminhada durante cinco minutos 2 vezes ao dia, 3 vezes por semana em baixa intensidade,

com aumento progressivo ao decorrer das semanas de acordo com o limite de esforço do animal.

Para obtenção do PRP foi coletado sangue do animal com tubo de citrato de sódio, levado para

centrifugação na rotação de 2000 RPM/10 minutos, sendo 8 minutos centrifugando e 2 minutos

de desaceleração e logo após, coletado a fração rica em plaquetas e aplicada de forma estéril na

lesão. No primeiro retorno foi observado diminuição no grau de claudicação, diminuição do

espessamento do ligamento suspensório do boleto e contorno do osso sem muitas alterações.

Até a última aplicação, o animal melhorou a condição de claudicação chegando a grau 0 (0/5)

e ao exame ultrassonográfico, sem nenhuma alteração aparente e nem funcional no LS.

Discussão

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O PRP é obtido a partir do sangue não coagulado através de centrifugação do mesmo3.

Acredita-se que o tratamento com PRP promova a recuperação da função de tendões e

ligamentos após lesões, melhorando a qualidade do tecido neoformado, mas existem poucos

estudos que comprovem essa eficácia4. Corroborando com Trindade-Suedam5, o citrato de

sódio é o mais adequado para o preparo do PRP, tendo em vista que este preserva a integridade

da membrana das plaquetas.

Embora a literatura proponha o número de quatro aplicações com intervalo de 1 ou 2

semanas, optou-se por fazer 5 aplicações intervaladas de 30 dias e com avaliação

ultrassonográfica imediatamente antes da nova aplicação de PRP. Segundo Carmona et al.6, o

tratamento é seguro, não induz reações adversas e pode ser aplicado em qualquer momento de

evolução das lesões.

Conclusão

A utilização do Plasma rico em Plaquetas (PRP), auxilia a cicatrização,

remodelamento e reparação de lesões ligamentares, é seguro e não possui reações adversas. No

caso exposto obteve-se eficácia no tratamento, visto que houve melhora e retorno do animal a

atividade, sendo o prognóstico totalmente favorável.

Referências

1. Dahlgren LA. Pathobiology of Tendon and Ligament Injuries. Clinical Techniques in

Equine Practice.2007. 6. 168-173.

2. Brossi PM, Moreira JJ, Machado TSL, Baccarin RYA. Platelet-rich Plasma in

orthopedic therapy: a comparative systematic reviewof clinical and experimental data in equine

and human musculoskeletal lesions. BMC Veterinary Research. 2015.

3. Vendruscolo CP, Watanabe MJ, Maia L, Carvalho AM, Alves ALG. Plasma rico em

plaquetas: uma nova prespectiva terapêutica para medicina equina. Veterinária e

Zootecnia.2012. 9. 033-043.

4. Brossi PM, Moreira JJ, Machado TSL, Baccarin RYA. Platelet-rich Plasma in

orthopedic therapy: a comparative systematic review of clinical and experimental data in equine

and human musculoskeletal lesions. BMC Veterinary Research. 2015. 98. 11.

5. Trindade-Suedam IK, Leite FRM, Morais JAND, Leite ERM, Marcantonio E et.al.

Avoiding leukocyte contamination and early platelet activation in platelet-rich plasma. J. Oral

Implant.2007. 33. 334-339. 6. Carmona JU, López C, Giraldo CE. Uso de concentrados autólogos de plaquetas como

terapia regenerativa de enfermidades crônicas del aparato musculoesquelético equino. Archivos

de Medicina Veterinária, Caldas. 2011. 43. (1). 1-10.

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UTILIZAÇÃO DA TÉCNICA DOS 3 LS NO TRATAMENTO DE

FERIDA COM EXPOSIÇÃO ÓSSEA NA REGIÃO DO METACARPO -

RELATO DE CASO

Use of the 3 Ls technique in wound treatment with bone exposure and

tendon rupture in the metacarpal region – case report

Mariana Quinan Bittar1, Maria Inês Gay da F. Allgayer Diano 2, Bruna Fernandes1, Helena

Tavares Dutra3, Ana Karolina Camargo4

¹ EquusCenter [email protected] 2

Therapy 4 Horses 3 Universidade Federal de Goiás 4 Saúde Rural

Resumo

Na clínica de equinos as lacerações são frequentes e o tratamento muitas vezes é difícil em

função de vários fatores complicadores. Foi atendido um cavalo com histórico laceração de

membro torácico esquerdo. Na avalição específica foi observada ferida na região dorsal do

metatarso, com exposição óssea e ruptura do tendão extensor. O tratamento prescrito foi de lavagem com solução fisiológica e aplicação da técnica dos 3Ls, por meio de Low Friction,

Laseterapia de baixa potência e mel a base de Leptospermum scoparium.

Palavras chave: cicatrização, equinos, laserterapia, Leptospermum scoparium.

Abstract

In equine clinics wounds are frequent and treatment is often difficult due to many complicating

factors. A horse with a history of left thoracic limb was attended. In the specific evaluation, a

wound was observed in the dorsal region of the metatarsus, with bone exposure and rupture of

the extensor tendon. The prescribed treatment was lavage with physiological solution and

application of the 3L technique, by means of Low Friction, Laser therapy, and honey based on

Leptospermum scoparium.

Keywords: healing, equine, laser therapy, Leptospermum scoparium.

Introdução

As lacerações em membro representam uma das mais frequentes ocorrências na clínica

de equinos. Quando acometem o membro distal podem não evoluir como o esperado, pois essa

região possui complicações, como falta de tecido de revestimento, má circulação, movimentos

articulares e predisposição para contaminação e infecção1. O processo de cicatrização ocorre

em 3 fases, fase inflamatória, fase proliferativa e fase de remodelação. Elementos como os

neutrófilos, responsáveis pela limpeza do tecido, os fibroblastos, responsáveis pela epitelização,

o colágeno responsável pela contração da ferida, estão diretamente relacionados a uma boa

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cicatrização1,2. Conhecer os processos envolvidos na cicatrização e as formas de tratar cada fase

é imprescindível para que ocorra uma cicatrização saudável e rápida do tecido lesionado2. A

técnica dos 3 Ls, consiste na utilização de laserterapia, mel Medhoney derivado de

Leptospermum scoparium e Low Friction.

Este relato tem como objetivo apresentar a técnica dos 3ls, seu mecanismo de ação

bem como suas vantagens em tratamentos de feridas.

Descrição do caso

Foi atendido a campo um equino, macho, 15 anos de idade, da raça Apaloosa, com

histórico de laceração na região dorsal do terço médio do metacarpo do membro torácico

esquerdo. Ao exame físico o animal apresentava escoriações por todo corpo. No exame

específico foi observado claudicação moderada e ferida de aproximadamente 10 cm, com

exposição óssea. No exame radiográfico foi evidenciado área irregular no periósteo dorsal do

osso metacarpo. O tratamento prescrito foi de lavagem com solução fisiológica e aplicação da

técnica dos 3Ls, por meio de limpeza com soro fisiológico e gaze com movimentos leves e

baixa fricção, Low Friciton, laseterapia com intervalo de dois dias, dose de 2 joules por área

por sob toda extensão da ferida e aplicação de mel a base de Leptospermum scoparium. A ferida

era mantida fechada com bandagem e os curativos eram realizados com o intervalo de dois dias.

Após 35 dias do início do tratamento o animal apresentou cicatrização completa da ferida.

Discussão

A cicatrização de feridas do membro distal em equinos é um desafio clínico para

médicos veterinários. Terapias alternativas são buscadas com o objetivo de acelerar a processo

cicatricial, manter uma granulação saudável e, consequentemente, uma boa repitelização1. No

intuito de se obter uma cicatrização adequada e mais rápida optou-se pela técnica dos 3Ls como

tratamento nesse paciente.

A laserterapia utilizando o laser em baixa frequência tem efeitos anti-inflamatórios

através da liberação de endorfina, estimula a produção de linfócitos e ATP através das

mitocôndrias, aumenta a proliferação de fibroblastos e liberação de colágeno3,4.

O controle da infecção em feridas cutâneas geralmente é realizado utilizando

antibióticos, tanto de uso sistêmico quanto tópico, neste caso foi utilizado apenas o mel de

Leptospermum scoparium. De forma geral os méis possuem efeitos antibacterianos devido a

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algumas características como presença de peróxido de hidrogênio, osmolaridade e acidez, que

impedem o crescimento bacteriano 5,6. Diferente de outros méis, o proveniente da L. Soparium,

possui, Metilglioxal (MGO), uma enzima não sensível a luz, ao calor ou a fluidos corporais

responsável pela ação antibacteriana através de ações anti-peroxidases, resultando em controle

da infecção e em uma cicatrização saudável5,6.

Agentes e técnicas utilizados na limpeza das feridas podem causar traumas químicos

ou mecânicos no leito da lesão. Portanto a limpeza deve ser realziada de forma leve e sem

fricções7. A ferida manteve granulação saudável durante todo processo de cicatrização, sem

granulação exuberante. Essa característica está relacionada a baixa fricção utilizada, uma vez

que tecidos hiperestimulados tendem a granular de forma desordenada. A escolha de solução

fisiológica NaCL 0,9% para a limpeza da ferida promove um pH próximo ao da pele

estimulando a reepitelização saudável7.

Conclusões

O manejo adequado da ferida associado ao emprego da técnica dos 3L’s

proporcionou uma cicatrização mais rápida, com um tecido mais organizado e saudável.

Referências

1. Paganela JC. Abordagem clínica de feridas cutâneas em equinos. Revista Portuguesa de

Ciências Veterinárias, Pelotas. 2009; 104: 13-18.

2. Oliveira IVPM.; Dias RVC. Cicatrização de feridas: fases e fatores de influência. Acta

Veterinária Brasilica. 2005; 6 (4): 267-271.

3. Posten W, Wrone DA, Dover JS, Arndt KA, Silapuht S, Alam M. Low-Level Laser

Therapy for Wound Healing: Mechanism and Efficacy. Dermatol Surg. 2005; 31: 334-

340.

4. Lins RDAU, Dantas EM, Lucena KCP, Granville-Garcia AF, Silva JSP. Aplicação do

laser de baixa potência na cicatrização de feridas. Odontol. Clin. Cientifica. 2011.

Suplemento 511-516.

5. Stephens JMC. The factors responsible for the varying levels of UMF in manuka

(Leptospermum scoparium) honey. Tese. New Zeland: Curso de Biological Sciences,

University Of Waikato; 2006.

6. Davis C. The use of Australian Honey is Moist Wound Management. A Report for the

Rural Industries Research and Develompent Corporation. 2002; 159 (5):1-34.

7. Hendrickson D. Went back to basics, describing effective and ineffective wound-

cleaning agents. American Association of Equine Practioners Convention. 2015.

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ENSAIOS EXPERIMENTAIS

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ANÁLISE DAS METALOPROTEINASES MMP 2 E MMP 9 POR TESTE ELISA NO

LÍQUIDO SINOVIAL DE EQUINOS COM SINOVITE INDUZIDA E TRATADOS

COM PLASMA RICO EM PLAQUETAS

Analysis of methaloproteinases MMP 2 and MMP 9 by ELISA test in the synovial liquid

of horses with induced synovitis and healed with platelet rich plasma

Jéssica Sola Quirino da Silva¹1, Andreia Costa Peixoto¹, Helena Tavares Dutra¹, Elissa

Ribeiro¹, Luciana Ramos Gaston Brandstetter¹

Processos inflamatórios e imunomediados cursam com diversas enfermidades que

acometem o sistema musculoesquelético dos equinos, em especial as articulações. Esses

processos podem provocar hiperexpressão de fatores de degradação no líquido sinovial, sendo

as metaloproteinases (MMP) um dos principais fatores envolvidos. Objetivando avaliar o efeito

do plasma rico em plaquetas (PRP) sobre as MMPs, foram utilizados 12 equinos hígidos

divididos em grupo controle e grupo de tratamento. Foi induzida sinovite experimental, por

meio de aplicação intra-articular de lipopolissacarídeo na articulação radiocárpica esquerda de

todos os animais e, três horas depois, o grupo tratamento recebeu PRP intra-articular. Amostras

de líquido sinovial foram colhidas antes da indução, três, seis, 24 e 48 horas após a indução da

sinovite, quando também foram realizadas avaliações clínicas que incluíram palpação, inspeção

estática e inspeção dinâmica, determinando-se o grau de claudicação. As concentrações de

MMP 2 e MMP 9 foram determinadas pelo método de ELISA e a análise estatística foi realizada

por teste não paramétrico de Kruskal-Wallis. De acordo com a escala de graduação da American

Association Of Equine Practitioners, que classifica o grau de claudicação de 0 a 5, nenhum

animal apresentou grau superior a 3 e não houve discrepância entre os grupos de controle e

tratamento. À palpação da região articular, após a indução da sinovite, em comparação com o

membro contralateral, foi possível observar aumento de temperatura, presença de dor e efusão

em todos os animais. No grupo tratado o nível da MMP-2 se manteve elevado até 9 horas após

a indução da sinovite, apresentando redução posteriormente a esse período, porém, essa redução

não pode ser atribuída ao efeito do PRP, uma vez que a sinovite induzida é transitória. O uso

do PRP intra-articular não demonstrou interferência nos níveis de MMP-9, no período de 48

horas após sua aplicação. Conclui-se que o PRP não tem ação anti-inflamatória imediata,

entretanto pode auxiliar como modulador da resposta imune favorecendo a regeneração

tecidual. Nesse contexto, mais estudos seriam necessários para investigar o tempo de ação,

assim como o grau de inflamação necessário para elevação da concentração das MMPs.

Palavras Chave: artropatias, terapia celular, fatores de degradação

1 Universidade Federal de Goiás – [email protected]

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DESCRIÇÃO DA OCORRÊNCIA E DURACÃO MÉDIA DA ATIVAÇÃO

MUSCULAR POR MEIO DA ANÁLISE ELETROMIOGRÁFICA DE

SUPERFÍCIE DO LONGUÍSSIMO DORSAL, RETO ABDOMINAL E

GLÚTEO MÉDIO DURANTE A REALIZAÇÃO DE MANOBRAS

REFLEXIVAS PARA O CORE EQUINO

Description of the occurrence and average duration of muscle activation

through electromyographic surface analysis of longissimus dorsi, rectus

abdominus and gluteus medius, during performance of reflective manures

for equine core

Rodrigo Ribeiro Barsanti1, Natália Almeida Martins¹, Elaine Gomes Vieira2, Nathalia dos

Santos Rosse¹, Samuel Pereira Simonato¹, Amanda Piaia Silvatti¹, Brunna Patrícia Almeida

Da Fonseca¹

Manobras para ativação do core equino podem ser diferenciais para saúde física e psíquica dos

animais. Apesar de serem recomendadas e praticadas, ainda existem poucas pesquisas

comprovando a eficácia direta da indução destes reflexos. Nesse sentido, este resumo tem como

objetivo descrever por meio da eletromiografia de superfície as ocorrências e durações médias

das ativações musculares do longuíssimo dorsal, reto abdominal e glúteo médio durante a

realização das manobras de flexão toracolombar, flexão lombar e lombossacra, flexão global

(toracolombar e lombossacra) e tração de cauda. Para isso, sete equinos adultos e hígidos de

três raças realizaram estas quatro manobras para ativar o core equino, com cinco repetições e

manutenção do estímulo reflexivo por 5 segundos. Durante a realização, a atividade

eletromiográfica foi capturada com a utilização de sensores superficiais posicionados de forma

não invasiva em regiões cutâneas referentes a cada músculo. A sequência de manobras completa

foi realizada uma vez por cada animal para adquirir os dados da ativação muscular por meio da

eletromiografia de superfície. Posteriormente, os dados de duas repetições de cada animal foram

selecionados e trabalhados no software MatLab. A partir da tabulação foram descritos os

achados eletromiográficos durante cada manobra. Os quatro reflexos provocaram ativações

musculares no longuíssimo dorsal, reto abdominal e glúteo médio, confirmando sobre a

capacidade destas manobras ativarem músculos do core equino. O reflexo provocado pela

1 Universidade Federal de Viçosa (UFV); [email protected] 2 União de Ensino Superior de Viçosa (Univiçosa)

Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)

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tração de cauda foi a manobra que mais se aproximou ao esperado com relação à ativação de

grupos musculares. Já o estímulo digital na tuberosidade isquiática para promover a manobra

de flexão lombar e lombossacra foi o que ativou por mais tempo os retos abdominais e glúteos

médios. Semelhante a resultados com humanos em plataformas vibratórias, as respostas

musculares não apresentaram padrão evidente com relação à ocorrência e duração média das

ativações musculares, por isso suspeita-se que as manobras praticadas nesse experimento

melhorem o desempenho atlético do equino por estimular principalmente o equilíbrio corporal

dos equinos frente às perturbações externas aplicadas. Para aplicação prática das manobras, a

tração de cauda e flexão lombar e lombossacra pelo estimulo digital na tuberosidade isquiática

são as mais eficazes em promover ativação muscular, sendo recomendado realizar mais do que

duas repetições com durações superiores a cinco segundos para buscar ativação de maior

número de músculos devido a variabilidade encontrada nos dados eletromiográficos. Além

disso, corroborando com outras pesquisadoras, as características dos achados sugerem serem

exercícios interessantes no pré-aquecimento para prática de esportes equestres.

Palavras Chave: EMG, núcleo, pré-aquecimento.

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Expediente V.2 (ago.2019)

Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG

Avenida Esperança, s/n, Campus Universitário Campus Samambaia Goiânia GO BR

74690900, Av. Esperança, Goiânia – GO

Disponível em: http://soequianais.com/

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