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SIMP.TCC/Sem.IC. 2018(13); 2152-2172 FACULDADE ICESP / ISSN: 2595-4210 2152 CURSO DE JORNALISMO DOCUMENTÁRIO: A EXTINÇÃO DO JORNAL DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO IMPRESSO E A SUA MIGRAÇÃO PARA O MEIO DIGITAL DOCUMENTARY: THE EXTINCTION OF THE PRINTED EDITIONS OF THE DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO AND YOUR IMMIGRATION TO THE DIGITAL WORLD Larissa Ingrid Saturnino Daniel de Lima Ana Maria Fleury Seidl Pinheiro Resumo Devido às vantagens que o jornalismo digital traz para a imprensa, muitos dos jornais impressos modernizaram-se para acompanhar a revolução tecnológica e não perderem seus espaços na imprensa mundial, e esse foi o caso do jornal Diário Oficial da União que foi documentado. O documentário “A Extinção do jornal Diário Oficial da União e a sua migração para o meio digital’’ tem o objetivo de retratar a história do jornal impresso e por que esse tipo de jornalismo migra gradativamente para a internet. O DOU, no dia 1° de dezembro de 2017 encerrou as edições impressas. Para isso, foi feita uma pesquisa bibliográfica e realizadas entrevistas com os responsáveis pelo jornal e aqueles que vivenciaram a sua fase impressa. Com este produto podemos entender melhor os motivos que levaram a decisão da Imprensa Nacional de extinguir a versão impressa do Diário Oficial da União e como está essa nova fase do jornal digital. Palavras-chave: imprensa; internet; jornalismo; jornalismo digital; jornal impresso; Abstract Due the advantages that the digital journalism brings to the press, many printed newspapers modernized to go along with the technological revolution and to don't miss your space in the world press, and this was the Diário Oficial da União case, that will be documented. The documentary “The extinction of the Diário Oficial da União newspaper and you immigration to the internet” has the main objective to show the history of the printed newspaper and why this type of journalism migrate gradually to the internet. The DOU, on december 1 in 2017 has closed its printed editions. To this work was made researches with those responsible for the newspaper and those who have experienced their printed phase. With this product we can better understand the reasons that led the decision of the National Press to extinguish the printed newspaper of the Diário Oficial da União and how is this new phase of the digital newspaper. Keywords: digital journalism; internet; journalism; press; printed newspaper; EMAIL: [email protected] Introdução O jornal Diário Oficial da União possui mais de 150 anos de história e é considerado um dos mais importantes da comunicação nacional. Ele é um dos veículos pelo qual a Imprensa Nacional torna público todo e qualquer assunto de âmbito federal. Criado no dia 1° de outubro de 1862, o jornal nasceu com a responsabilidade de publicar atos oficiais da Administração Pública: leis, 1 http://www.museus.gov.br/acessoainformacao/o- ibram/legislacao/dou/, acessado em: 27 de maio de 2018 decretos, editais de concursos, licitações, orçamento do governo, nomeações de servidores, etc. 1 Em dezembro de 2017, foi anunciado o fim de sua versão impressa e as edições passaram a ser publicadas apenas na página oficial da Imprensa Nacional, que existe desde o ano 2000. Dessa forma, o documentário “A extinção do jornal Oficial da União e a sua migração para o meio Como citar esse artigo: Saturnino LI, Lima D, Pinheiro AMFS. DOCUMENTÁRIO: A EXTINÇÃO DO JORNAL DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO IMPRESSO E A SUA MIGRAÇÃO PARA O MEIO DIGITAL. Anais do 13 Simpósio de TCC e 6 Seminário de IC da Faculdade ICESP. 2018(13); 2152-2172

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SIMP.TCC/Sem.IC. 2018(13); 2152-2172 FACULDADE ICESP / ISSN: 2595-4210

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CURSO DE JORNALISMO

DOCUMENTÁRIO: A EXTINÇÃO DO JORNAL DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO IMPRESSO E A SUA MIGRAÇÃO PARA O MEIO DIGITAL DOCUMENTARY: THE EXTINCTION OF THE PRINTED EDITIONS OF THE DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO AND YOUR IMMIGRATION TO THE DIGITAL WORLD

Larissa Ingrid Saturnino Daniel de Lima

Ana Maria Fleury Seidl Pinheiro

Resumo Devido às vantagens que o jornalismo digital traz para a imprensa, muitos dos jornais impressos modernizaram-se para acompanhar a revolução tecnológica e não perderem seus espaços na imprensa mundial, e esse foi o caso do jornal Diário Oficial da União que foi documentado. O documentário “A Extinção do jornal Diário Oficial da União e a sua migração para o meio digital’’ tem o objetivo de retratar a história do jornal impresso e por que esse tipo de jornalismo migra gradativamente para a internet. O DOU, no dia 1° de dezembro de 2017 encerrou as edições impressas. Para isso, foi feita uma pesquisa bibliográfica e realizadas entrevistas com os responsáveis pelo jornal e aqueles que vivenciaram a sua fase impressa. Com este produto podemos entender melhor os motivos que levaram a decisão da Imprensa Nacional de extinguir a versão impressa do Diário Oficial da União e como está essa nova fase do jornal digital. Palavras-chave : imprensa; internet; jornalismo; jornalismo digital; jornal impresso; Abstract Due the advantages that the digital journalism brings to the press, many printed newspapers modernized to go along with the technological revolution and to don't miss your space in the world press, and this was the Diário Oficial da União case, that will be documented. The documentary “The extinction of the Diário Oficial da União newspaper and you immigration to the internet” has the main objective to show the history of the printed newspaper and why this type of journalism migrate gradually to the internet. The DOU, on december 1 in 2017 has closed its printed editions. To this work was made researches with those responsible for the newspaper and those who have experienced their printed phase. With this product we can better understand the reasons that led the decision of the National Press to extinguish the printed newspaper of the Diário Oficial da União and how is this new phase of the digital newspaper. Keywords : digital journalism; internet; journalism; press; printed newspaper;

EMAIL: [email protected]

Introdução

O jornal Diário Oficial da União possui mais de 150 anos de história e é considerado um dos mais importantes da comunicação nacional. Ele é um dos veículos pelo qual a Imprensa Nacional torna público todo e qualquer assunto de âmbito federal. Criado no dia 1° de outubro de 1862, o jornal nasceu com a responsabilidade de publicar atos oficiais da Administração Pública: leis,

1http://www.museus.gov.br/acessoainformacao/o-

ibram/legislacao/dou/, acessado em: 27 de maio de 2018

decretos, editais de concursos, licitações, orçamento do governo, nomeações de servidores, etc.1

Em dezembro de 2017, foi anunciado o fim de sua versão impressa e as edições passaram a ser publicadas apenas na página oficial da Imprensa Nacional, que existe desde o ano 2000.

Dessa forma, o documentário “A extinção do jornal Oficial da União e a sua migração para o meio

Como citar esse artigo: Saturnino LI, Lima D, Pinheiro AMFS. DOCUMENTÁRIO: A EXTINÇÃO DO JORNAL DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO IMPRESSO E A SUA MIGRAÇÃO PARA O MEIO DIGITAL. Anais do 13 Simpósio de TCC e 6 Seminário de IC da Faculdade ICESP. 2018(13); 2152-2172

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digital” é um curta produzido com o propósito de retratar a migração do jornal para a rede. O filme revela por que foi tomada essa decisão, quais as vantagens que a versão online disponibiliza para a imprensa nacional e a população. Além de mostrar o depoimento dos representantes do jornal, o documentário apresenta a visão de pessoas que trabalharam no Diário Oficial da União na época do jornal impresso que nos faz viajar no tempo e entender como era o jornalismo em um passado não tão distante e como está sendo a adaptação para o jornal digital.

Esse trabalho é de grande importância para o cenário jornalístico atual, pois, estudantes que vivenciam essa nova fase podem compreender a história por trás dessas mudanças tecnológicas que o jornalismo sofreu e por que os jornais impressos perderam a sua força atualmente.

METODOLOGIA

A metodologia adotada para a elaboração deste relatório técnico foi à pesquisa bibliográfica e por meio de entrevistas. Uma pesquisa desenvolvida a partir de fontes especializadas e bibliográficas, isto é, de um material já elaborado previamente, como livros, artigos científicos e matérias jornalísticas publicadas na internet.

A pesquisa bibliográfica é o meio de formação por excelência e constitui o procedimento básico para os estudos monográficos, pelos quais se busca domínio do estado da arte sobre determinado tema. Como trabalho científico original, constitui a pesquisa propriamente dita na área das ciências humanas. Como resumo de assunto, constitui geralmente o primeiro passo de qualquer pesquisa científica. Os alunos de todos os níveis acadêmicos devem, portanto, ser iniciados nos métodos e nas técnicas de pesquisa bibliográfica. (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007, p.61).

Com o material bibliográfico coletado, o próximo passo foi organizar as informações e elaborar as ideias de forma coerente e coesa. Buscando, assim, transmitir a história do jornal impresso e do jornalismo digital, as vantagens e desvantagens da migração do Diário Oficial da União, por intermédio de observações e conhecimentos dos especialistas da área. A partir dessa coleta, o procedimento se faz de modo

científico, com hipóteses, enunciados e opiniões organizadas de maneira sistemática. De acordo com os autores Lakartos e Marconi:

O método científico se refere a um conjunto de atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros – traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista. (MARCONI, LAKATOS, 2010, p. 65).

A tarefa desempenhada foi de produzir um relatório que complementa o documentário produzido, mas este em si pode ser considerado de maior importância, pois trás fatos mais detalhados e comprovados da história do jornal impresso, desde o surgimento do papel, com o objetivo de levar conhecimento além dos fatos observados. O trabalho visa examinar a nova fase do jornalismo online e expor as diferenças que ele trás para a profissão jornalística, assim como para a sociedade. Seguindo um procedimento de pesquisas, teorias e discursos sobre o tema, a metodologia nos direciona adentrar na história do jornal Diário Oficial da União.

A metodologia para realização do documentário está detalhada no item produto.

A HISTÓRIA DO JORNAL IMPRESSO

O primeiro jornal que se tem notícia no mundo foi o Acta Diurna. Criado em Roma em 59 A.C. pelo Imperador Júlio César, as Actas tinham o papel de informar os mais importantes acontecimentos sociais e políticos do império. Serviam como um diário oficial para divulgar os atos governamentais, decisões do senado e feitos do imperador.

As Actas eram escritas por magistrados, escravos e funcionários públicos, que podem ser considerados os primeiros jornalistas. Como naquela época não existia tecnologias de impressão e nem mesmo papel em grande quantidade, o Acta Diurna era feito sobre grandes placas de madeira expostas nas principais praças para que todos os cidadãos pudessem ler de graça.

O enorme desenvolvimento político, social, económico, territorial e em numerosos aspectos mais logrado pelo mundo latino provoca o

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nascimento e a utilização dos meios de comunicação dos quais uma comunidade organizada e evoluída não pode prescindir. (CUADRADO, 2007, p. 11).

Segundo Sousa (2008), as Actas Diurnas tiveram algumas características que se assemelham com o jornalismo atual, dentre elas: periodicidade regular, difusão pública de informação, difusão à distância, uso de diferentes suportes para a mesma mensagem (jornal de parede e manuscrito, em papiro), corpo de escribas, os chamados diurmarii ou actuarii, “os primeiros jornalistas” destinados exclusivamente à redação das actas.

Em 1850, o papel deixou de ser produzido por linho e algodão e passou a ser fabricado de resina de árvores, reduzindo assim o problema de escassez de material para a produção. O papel foi fundamental para o início da produção de textos e da comunicação impressa. O espaço público gerou uma demanda pela troca de informações, intensificada cada vez mais pelo acesso da população à leitura e à escrita. A produção do papel foi o que permitiu outra descoberta, o tipógrafo. Segundo Sousa (2003), o que detonou a explosão da comunicação foram os grandes descobrimentos, o crescimento do comércio e a invenção da tipografia.

O jornal impresso e o jornalismo tiveram o seu maior salto tecnológico na Idade Média devido à criação da prensa de papel inventada por volta de 1450 pelo alemão Johannes Gutenberg. Isso possibilitou que o trabalho, antes feito manualmente, pudesse ser produzido por máquina, tornando a publicação de livros mais ampla, rápida e barata. A revolução na época foi tão grande que autores afirmam que a prensa de Gutenberg tirou o mundo de vez da Idade Média, levando-o para a Era da Renascença, com o despertar definitivo da ciência e do jornalismo profissional. A produção da cultura foi acelerada pelo uso do papel e pela impressão em larga escala.

Os meios de comunicação são rodas de fiar no mundo moderno e, ao usar estes meios, os seres humanos fabricam teias de significação para si mesmos. (THOMPSON, 1998, p. 20).

No início do século XVII, a publicação de livros e jornais se tornava cada vez mais popular, devido à disseminação da prensa de papel que começou a ser copiada pelos concorrentes de Gutemberg.

A Suécia foi o primeiro país do mundo a implementar a liberdade de Imprensa, a partir de uma lei criada em 1766, que regulamentou a profissão de jornalista. Já no Brasil, segundo Nelson Werneck Sodré (1978), a censura portuguesa foi intensa, porque só assim seria possível assegurar o domínio colonial, agregada às condições da população, um país analfabeto e sem burguesia interessada em política.

Em 1939, durante o governo Vargas, surge o Departamento de Imprensa e Propaganda. O DIP tinha o objetivo de disseminar ideias do governo e para propagar os ideais nacionalistas efetivamente, ele detinha o controle de várias centrais de divulgação, controlando o que era publicado e censurando os conteúdos nos rádios, teatros, turismo, da imprensa e do cinema.

Assuntos como passeatas ou críticas ao governo eram terminantemente proibidos. O zelo dos censores do DIP reflete-se em algumas estatísticas do período. Um exemplo: em 1940, 108 programas de rádio foram proibidos apenas no Rio de Janeiro. (FERRARETTO, 2001, p.108).

Pelo DIP passavam todo conteúdo midiático que seria reproduzido em território nacional. Fossem em jornais, livros, espetáculos de teatro, cinema ou música. Tudo passava pelo crivo da censura, e qualquer forma notada de crítica ao governo de Vargas era censurada. Portanto esse órgão foi um grande entrave aos artistas que se viam podados pelas garras da ditadura varguista. Entre 1937 e 1945, um grande número de jornais e revistas foram fechados por determinação do Poder Executivo, além disso, muitos jornalistas foram presos por cometerem delitos de imprensa. A liberdade de imprensa foi calada.

O poder do Departamento de imprensa começou a ruir com a proximidade do fim da segunda guerra mundial e a vitória dos aliados. Avaliada a inexequibilidade dos objetivos para os quais havia sido criado, e diante da crescente pressão popular pelo fim de todos os órgãos cerceadores da liberdade criados durante a

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vigência do Estado Novo, o DIP foi extinto em 25 de maio de 1945.

Mas foi apenas no dia 03 de abril de 1988 que foi declarado o fim da censura no Brasil, quando a assembleia nacional constituinte deu o decreto que colocaria fim à censura, autorizando assim a manifestação dos ideais de cada indivíduo. O decreto trazia a seguinte frase: “É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente

de censura ou licença.” (BRASIL, Constituição de

1988).

A primeira escola de jornalismo do mundo foi a Washington College, fundada em 1869 pelo general estadunidense Robert E. LEE. A necessidade de criar cursos e escolas especializadas em jornalismo foi “[...] devido às novas competências solicitadas aos produtores de notícias.” (SOUSA, 2008. p. 113).

Na Idade Média, o jornalismo e os jornais atingiram o auge de sua popularidade, dados mostravam que um em cada dois norte-americanos liam jornal pelo menos uma vez ao dia. Por tamanha popularidade, os anos entre 1890 e 1920 são considerados a era de Ouro dos jornais.2

A QUEDA DA POPULARIDADE DO JORNAL IMPRESSO

Um grande salto tecnológico ocorreu após o surgimento do telégrafo, criado e patenteado por Samuel Morse no ano de 1937. Este utilizava de código para transmissão de informações de forma rápida e confiável. O principal código utilizado foi o Morse, também criado por Samuel Morse no mesmo ano da invenção do telégrafo.

Sobre a importância do código Morse, pode-se afirmar que

Refletindo historicamente pode-se perceber que o código Morse foi um primeiro passo na direção desse tipo de comunicação, por se tratar de uma codificação de sinais curtos e longos separados pela ausência de sinal, podendo-se dizer que se

2http://www.anj.org.br/jornais-breve-historia-2/, acessado em:

03 de abril de 2018.

trata de um formato semelhante à condição digital: com sinal e sem sinal. (FERNANDES; FRANCO, p.2, 2011).

Sendo assim, o telégrafo permitia que textos fossem transpassados dos profissionais de jornalismo para as redações em questões de minutos, coisa antes que levava dias para ser feita. Esse artefato também permite uma maior velocidade de transmissão de informação por meio da imprensa: um fato que tivesse acontecido poderia ser noticiado no mesmo dia.

Na década de 1920 surge uma nova invenção que fascinará a sociedade: o rádio. Esse novo meio de comunicação impacta imediatamente o jornalismo impresso no quesito concorrência dos anunciantes e não propriamente pelo conteúdo informativo. O primeiro “jornal falado”, o Jornal da Manhã, é emitido em ondas AM e “baseado no noticiário dos jornais do dia” (BAHIA, 1990, p.200).

Em 1936, surge a mais importante emissora do início da Era de Ouro das Rádios, A Rádio Nacional, responsável por abrir caminho para o radiojornalismo, com uma linguagem diferenciada do impresso. Com isso, o jornal impresso perde sua hegemonia como meio de divulgação de informações, pois a narração auditiva dos fatos tornou a atualização mais imediata, além de criar uma relação de maior proximidade com o espectador.

Graças às pesquisas de inúmeros cientistas surge então a televisão, um forte meio de comunicação que é considerado o mais popular até os dias atuais. Vera Íris Paternostro (1999), aponta que o processo de criação da televisão começou com o cientista Jakob Berzelius, um químico sueco que descobriu em 1817, que a luz modifica a capacidade de um elemento chamado selênio, descoberta essa que abria novos campos para a utilização da energia elétrica. A criação do telégrafo por Samuel Morse em 1838, o sistema de projeção de imagens sucessivas criado por Maurice Le Blanc em 1880, o transmissor mecânico criado em 1884 pelo estudante alemão, Paul Nipkow, a fabricação de um disco perfurado que captava e transmitia

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imagens feitos pelo americano Charles Jenkins e o inglês John Lodgie Baird, são etapas que levaram à criação do maior meio de comunicação de massa da atualidade.

Em outubro de 1925, John Logie Baird,

engenheiro escocês, foi até um escritório londrino, encontrou o office boy William Taynton e o fez sentar diante de luzes quentíssimas e da aparelhagem que já havia montado. Em seguida, Baird foi para outra sala, onde havia outro aparelho e pôde ver o rosto de Taynton, surgindo assim a câmera e o receptor. Três meses depois, em 27 de janeiro de 1926, Baird fez uma apresentação para cientistas na Royal Institution. A qualidade foi criticada, mas o princípio da TV foi aprovado.

[...] em fevereiro de 1928 realizou a primeira transmissão de televisão transatlântica, ligando a estação inglesa de Coulsdon à de Hartsdale, nos Estados Unidos. [...] Foi Baird quem primeiro realizou experiências com a televisão em cores, a partir da exploração das imagens com luz vermelha, verde e azul, princípios que regem a televisão colorida até hoje. (SQUIRRA, 1995, p. 34).

A televisão iniciou com grande popularidade, devido ao fato de trazer imagens. Ela transmitia ao público o sentimento de verdade, de credibilidade. A TV veio para demolir a hegemonia dos jornais impressos, principalmente quando as cores entraram nas produções televisivas: tudo ficava mais bonito, colorido, assim, mais próximo da realidade, fator que deslumbrava a audiência.

[...] entre o final dos anos 40 e o começo dos 50, a TV entrou na vida de praticamente todos os países e se firmou como meio de informação e comunicação de massa. O telespectador tinha a garantia de boa imagem e a indústria passou a se preocupar com os aperfeiçoamentos, que duram até os nossos dias. (PATERNOSTRO, 1999. p. 24).

Diante da grande ameaça, os jornais adotam medidas para modernizar suas publicações e assim reconquistarem sua popularidade: eles adotam a utilização em larga escala de imagens coloridas e grandes, investem em novas técnicas de impressão, passam a escrever seus artigos com linguagem mais popular e também criam sessões dedicadas ao esporte e ao humor. Essas mudanças

foram essenciais para que o jornalismo impresso chegasse nos dias atuais. “A imprensa diária e semanal generaliza a cor, os cadernos, os encartes e os suplementos, com maior capacidade de cópias” (BAHIA, 1990, p.201).

WEBJORNALISMO

No ano de 1980 foi a vez dos computadores ganharem a sua popularidade, mas dessa vez o jornal impresso conseguiu tirar vantagem desse surgimento e se reinventaram neste meio, criando assim o Webjornalismo.

Em um período de aceleração da tecnologia de comunicação, a internet desafiou previsões e trouxe consigo muitas surpresas. ‘Mais fenômenos que fatos’, dizia-se tal como ocorrera com os telefones celulares. Também se declarava que ela era o equivalente, nas comunicações, à ‘fronteira desbravada no Oeste’. (BRIGGS & BURKE, 2006, p.300).

A informática foi decisiva para a criação de um novo ambiente no âmbito da comunicação em escala mundial, conduzindo o surgimento de um novo modelo informacional:

[...] distributivo, dinâmico e hipertextual, no sentido de atender os usuários conectados em redes eletrônicas, de modo não mais linear, mas respeitando sua estrutura cognitiva, suas demandas singulares, independentemente da localização geográfica. (TARGINO, 1995, p.3).

Em 2006, o professor da Universidade do Texas, Rosental Calmon Alves, em seu artigo intitulado Jornalismo Digital: Dez anos de Web... E a revolução continua, viu a internet como um meio de transformação da humanidade. Segundo ele, a internet trouxe consequências políticas, econômicas e sociais às quais o jornalismo não escapava. Ao contrário disso, por ser um meio de disseminação de informações, a atividade jornalística seria uma das mais atingidas por essas transformações:

Devido a essas proporções revolucionárias que assinalam o início de uma nova era, além de pensar em midiamorfose, pensemos também em midiacídio – ou seja, a possibilidade de a ruptura tecnológica provocar a morte de meios tradicionais que não tenham capacidade ou não

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saibam se adaptar ao novo meio ambiente midiático em gestação. (ALVES, 2006. p.3).

Para não ser superado pela nova mídia o jornalismo impresso precisava superar seus métodos antiquados de produção e informatizar as suas redações. Antes de iniciarem a transposição para o meio digital, os jornais impressos acompanharam as mudanças nos padrões de leitura, modificando assim a sua apresentação. Foi diagnosticada uma perda de atratividade, já que as novas tecnologias apresentam uma integração hipermídia, com vídeo, som, imagem e uma grande flexibilidade de visualização.

Tentando resistir aos impactos das novas mudanças, muitos veículos realizaram uma reformulação gráfica, na diagramação, nas cores, nas imagens, mudando assim a forma de se comunicar com seu público.

Em 20 de dezembro de 1995, O GLOBO mudou da noite para o dia seguinte. Sempre acompanhando os avanços tecnológicos, o jornal alterou radicalmente a sua apresentação gráfica, com a implantação de um novo projeto, desenvolvido em Nova York pelos designers Milton Glaser e Walter Bernard.3

A autora Luciana Mielniczuk (2001) aponta três fases distintas do jornalismo online. A primeira delas seria a total transposição das edições do jornal impresso para a internet, ou seja, a edição era somente colocada na página da Web, sem uma linguagem diferenciada, sem a possibilidade de atualizações e com notícias com prazo de validade.

Com o início da modernização dentro das redações surge a segunda etapa, onde recursos disponibilizados pelo online começam a ser explorados, como hipertextos, fóruns de interatividade com o leitor, e-mail etc.

A terceira etapa surge com a sofisticação dos meios tecnológicos, maior interação dos usuários na produção dos conteúdos, além do surgimento de dispositivos móveis, como os celulares. Sobre a terceira etapa, Mielniczuk afirma que

3http://memoria.oglobo.globo.com/linha-do-tempo/reforma-

graacutefica-9178726, acessado em: 19 de junho de 2018

O cenário começa a modificar-se com o surgimento de iniciativas tanto empresariais quanto editoriais destinadas exclusivamente para a internet. São sites jornalísticos que extrapolam a ideia de uma simples versão para a Web de um jornal impresso e passam a explorar de forma melhor as potencialidades oferecidas pela rede. Tem-se, então, o webjornalismo. (MIELNICZUK, 2001, p.12).

O primeiro jornal brasileiro a migrar para a internet foi o Jornal do Brasil, em maio de 1995, sendo logo seguido pelo O Globo e Grupo Estado. Esses veículos trazem uma marca histórica para a imprensa brasileira na internet, a centralização da mídia, isto é, uma estrutura baseada em grandes conglomerados. “Esses grupos de mídia são controlados por famílias que, na época, eram chamados informalmente chamados de barões da internet.”. (FERRARI, 2004, p.25).

A utilização da internet para noticiar proporciona diversas vantagens como: uma maior rapidez na hora de informar, um baixo custo de produção e a agilidade na linguagem. Castells (2003) destaca que a cultura estudantil adotou a interconexão entre os computadores como um instrumento da livre comunicação, onde poderia se expressar suas manifestações políticas, e também era utilizado com um meio de liberação que daria às pessoas o poder da informação, às permitindo se desprender do governo e das grandes corporações.

Mas não somente de vantagens vive a internet, o jornal online traz algumas desvantagens para o leitor e para o criador de conteúdo. Alguns leitores acostumados com o jornal impresso acham um incômodo não ter o material impresso em mãos. Devido à rapidez que a sociedade da internet exige, as notícias ficam mais curtas e rápidas de ler, fazendo com que as informações sejam resumidas, sem um embasamento profundo, para que o leitor não perca o interesse em ler. Outra desvantagem é que a internet também permite que qualquer pessoa dissemine notícias em páginas da web, dando o leitor o trabalho de desvendar se a matéria é verdadeira ou não.

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Os tabloides aproveitam dessas mudanças advindas da internet, oferecendo resposta aos problemas com matérias curtas, rápidas e fáceis de serem aprendidas. O jornal cumpre o papel de notificar os riscos e oportunidades diários. Se o leitor quiser um maior aprofundamento sobre o tema, poderá buscar outras fontes especializadas.

Atualmente, a internet é um dos meios de comunicação que mais cresce no mundo, podendo ultrapassar a televisão. A maioria das emissoras de televisão e rádio, produtoras de conteúdo e imprensa escrita, possui um site na rede para divulgar notícias em paralelo com as divulgadas em suas mídias tradicionais. O pesquisador André Lemos (2002), sintetiza as expansões da capacidade humana graças aos meios de comunicação da seguinte forma:

A revolução do impresso, com a invenção de Gutenberg, retirou os livros do monopólio da Igreja, o telefone permitiu uma comunicação instantânea entre as pessoas, a TV e o rádio levaram informações a distância para uma massa de espectadores. A internet cria hoje, uma revolução sem precedentes na história da humanidade. Pela primeira vez o homem pode trocar informações, sob as mais diversas formas, de maneira instantânea e planetária (LEMOS, 2002,p.116).

Hans Magnus Enzensberger (2003, p.12), afirma que ``as novas mídias se relacionam entre si e com os meios mais antigos como a imprensa, o rádio, o cinema, a televisão, o telex, o radar etc. Cada vez mais eles se unem em um sistema universal’’. Hoje, podemos considerar a internet uma mídia universal, pois une a linguagem de todas as outras mídias.

Mas isso não quer dizer que o jornalismo impresso tradicional está extinto, apesar das modernizações dos meios, o jornal impresso ainda ocupa grande destaque no mundo. Uma pesquisa realizada em março de 2014 pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República, publicada nos jornais O Globo e O Dia, revelou que os jornais impressos continuam sendo a mídia de maior credibilidade no Brasil e no mundo. De acordo com essa mesma pesquisa, mesmo com o crescimento da internet, setenta e nove por cento dos leitores brasileiros ainda consomem informações dos jornais impressos.

A WAN (World Association of Newspaper), a associação que cuida das atividades de jornalismo no mundo, afirma que nos dias de hoje, aproximadamente novecentos milhões de pessoas leem jornais diariamente, principalmente no Japão e na China, onde o costume de ler jornal é mais forte (sete entre os dez jornais mais lidos no mundo são orientais).

A CRISE DO JORNAL IMPRESSO

Na era da internet o jornal impresso traz uma grande desvantagem em relação aos custos de produção: a circulação diária de edições acarretam em altos custos de impressão, e como atualmente o público está cada vez menos disposto a pagar pelo jornal físico, o lucro para a imprensa é cada vez menor.

Muitos jornais não conseguem se adaptar com as demandas informacionais que a sociedade da internet traz e acabam fechando as portas, como foi o caso do Jornal do Brasil, que em setembro de 2010, parou de circular suas versões impressas.

Além de jornais impressos, as revistas também foram prejudicadas pelo advento da internet, entre elas a revista teen Capricho da editora Abril, que anunciou no dia 2 de abril de 2015 o final de sua versão física, que fez parte da vida de muitas adolescentes por 60 anos. Criada em 1952 por Victor Civita, foi o primeiro título da Editora Abril e a primeira revista feminina do Brasil. Ao ser questionado o porquê dessa decisão, o então presidente da editora, Alexandre Caldini explicou

Esse movimento é muito ousado e marcante para o futuro da Abril neste fascinante mundo da mídia, que não para de se transformar. A partir de agora, a Abril passa a estar em constante evolução em sua oferta de produtos, em seu modo de agir e pensar. É isso que nossos clientes e audiência exigem. E é isso que – com gente arrojada,

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inquieta e muito capaz – estamos fazendo – Alexandre Caldini, 2015.4

Mas o Brasil não foi o único país a sofrer com o declínio das receitas de vendas de impressos aos leitores, essa é uma tendência de âmbito mundial.

Há seis anos, o fundador do influente jornal espanhol, El País, Juan Luis Cebrián, afirmou que considera a extinção do jornal impresso algo inevitável. Para fugir do declínio, em 2009 o jornal anunciou seu plano de sobrevivência, este consistia na junção das versões impressas e online em uma única redação, que passou a produzir conteúdos tanto para o papel, como para a internet.

Em uma entrevista ao jornal Estado de São Paulo em 2010, declarou que o jornal como aquele que conhecemos acabou:

Não significa dizer que deixarão de existir. Esse adiós resulta tão somente da constatação de que os impressos pertencem à sociedade industrial, e não estamos mais nela. Entramos na sociedade digital.5

Percebe-se atualmente uma queda na circulação dos jornais impressos e o aumento de assinaturas digitais. Para isso grandes jornais estão migrando para as redes para garantir a sua receita e não perder sua força no cenário da comunicação.

IMPRENSA NACIONAL NO BRASIL

Com a vinda da família Real Portuguesa para o Brasil, foram trazidos materiais de tipografia necessários para a impressão de documentos. No dia 13 de maio de 1808, foi decretada pelo regente D. João a Impressão Régia, que alguns anos depois veio a receber o nome de Imprensa Nacional.

Com mais de 200 anos dessa instituição pública, a história da Imprensa Nacional e do Brasil

4 Formado em administração pela PUC de São Paulo e com

cursos de educação executiva na INSEAD (França), Harvard University (EUA) e na London Business School (Inglaterra), Alexandre Caldini foi presidente da Editora abril por dois anos, de 2014 à 2016.

5 https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,el-pais-vai-

unir-versoes-impressa-e-online,310940

se misturam e ela se caracteriza como um personagem de grande importância no desenvolvimento da informação e da cultura do país. Foi ela a responsável pelo surgimento da Imprensa no Brasil e também do primeiro jornal impresso no país, a Gazeta do Rio de Janeiro, em 10 de setembro de 1808.

Sua criação é, inquestionavelmente, um dos mais belos legados da transferência da Corte Portuguesa para o Brasil, uma herança que sempre se traduziu em bons e imprescindíveis serviços à sociedade e à Nação.6

Possui uma história singular de serviços ao país: registrando diariamente a vida administrativa do Brasil por meio do jornal Diário Oficial da União. O órgão tem substantiva importância no plano cultural.

A Imprensa Nacional é, verdadeiramente, um elo forte entre Governo e sociedade. Trabalha 24 horas por dia com a mais elevada consciência de espírito público. Consciência registrada nas milhares de páginas diárias do Diário Oficial da União, hoje disponíveis na rede mundial de computadores por meio do Portal da Imprensa Nacional. [...] Situa-se entre os três sítios eletrônicos mais acessados do País e ainda garante acessibilidade a deficientes visuais. Tudo isso para permitir o mais amplo acesso do cidadão aos atos oficiais da Administração Pública Federal. 7

O DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO

Em setembro de 1862, foi criado a partir da Lei Imperial de número 1.177, o Diário Oficial do Império do Brasil, que teve sua primeira circulação em outubro do mesmo ano. Em 1911 um grande incêndio nas instalações do jornal, destruindo documentos, publicações e o acervo da biblioteca. Apesar do acidente, a sede continuou no mesmo endereço até 27 de dezembro de 1940, quando

6http://www.imprensanacional.gov.br/web/guest/institucional,

acessado em: 12 de abril de 2018. 7http://www.imprensanacional.gov.br/web/guest/institucional,

acessado em: 12 de abril de 2018.

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um novo prédio, inaugurado pelo Presidente Getúlio Vargas, abrigou, na Avenida Rodrigues Alves, as atividades do órgão. Foi à última sede no Rio de Janeiro.

Ao longo dos anos o jornal Diário Oficial da União publicou atos históricos do país, dentre eles: A Proclamação da República em 1889, a Lei Áurea em 1888 e a Consolidação das Leis do Trabalho em 1943.

Quando Brasília foi inaugurada, o seu criador e presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek, determinou que o Diário Oficial publicasse os primeiros atos da nova capital do País. Para isso trouxe do Rio de Janeiro, 50 servidores públicos da Imprensa Nacional que, trabalhando dia e noite, rodaram o Diário Oficial, com os primeiros atos de Brasília. O Setor de Indústrias Gráficas foi criado por causa da Imprensa Nacional. O Diário Oficial é rodado em Brasília desde a inauguração da Capital, em 21 de abril de 1960.

Segundo o site do Diário Oficial da União8, a estrutura do jornal é dividida em três seções: A seção 1 é destinada a publicações de atos normativos de interesse geral, como leis, decretos, resoluções, portarias e instruções normativas.

Na seção 2 são publicados atos de interesse dos servidores da Administração Pública Federal, como despachos e portarias.

A seção 3 destinada à publicação de contratos e licitações, avisos e editais. Alguns atos publicados nessa seção são extratos e editais de convocação.

No dia 28 de janeiro de 1997, foi lançado o endereço eletrônico http://www.in.gov.br, que no dia 17 de março do mesmo ano publicou parte da Seção I do Diário Oficial da União. Em dezembro desse mesmo ano, conquistou o título de jornal de formato tabloide com o maior número de páginas pelo Guinness Book, recorde que foi superado em diversas vezes.

8https://e-dou.com.br/2017/03/o-que-e-diario-oficial-da-uniao/

acessado em: 15 de abril de 2018

A inserção da Imprensa na era digital avançou mais um passo. No dia 20 de abril de 2000, nas comemorações dos 40 anos de sua atividade em Brasília foi lançado o Diário Oficial completo na Internet, ampliando o acesso do cidadão às leis.

DOCUMENTÁRIO

A definição de uma narrativa como documentária, até pouco tempo atrás era negada por alguns críticos. A falta de um conceito específico acarreta na dificuldade do desenvolvimento de algumas ferramentas analíticas, o que comprometeu o horizonte da produção não ficcional. Foi nos anos de 1990, que se criou um consenso de que um documentário vai além de sua narrativa mais clássica, o que permitiu o surgimento de documentários com as mais diferentes narrativas. (RAMOS, 2008, p.22).

O documentário contemporâneo possui uma linha evolutiva que traz consigo uma bagagem de tradições. Ele se diverge do documentário clássico, pois incorpora procedimentos do chamado cinema direto/verdade, sendo composto por imagens manipuladas digitalmente capturadas por câmeras minúsculas e ágeis.

“[...] podemos afirmar que documentário é uma narrativa basicamente composta por imagens-câmera, acompanhadas muitas vezes de imagens de animação, carregadas de ruídos, música e fala, para as quais olhamos em busca de asserções sobre o mundo que nos é exterior, seja esse mundo coisa ou pessoa” (RAMOS, 2008, p. 22).

Podemos então definir documentário como uma narrativa com imagens capturadas que trazem consigo uma visão de mundo externo ao espectador. O importante é que ele receba essa narrativa como uma afirmativa sobre o mundo.

TIPOS DE DOCUMENTÁRIOS

Cada filme ou vídeo documentário possui seu próprio estilo, como uma assinatura ou

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impressão digital de um cineasta ou diretor podendo atestar a sua individualidade na produção.

De acordo com Bill Nichols, existem os modos de documentário expositivo, observativo, participativo, reflexivo, performático e poético, que correspondem a diferentes momentos históricos na evolução da sub linguagem do cinema que gradativamente passou a ser denominado como cinema documentário. Os cineastas são frequentemente atraídos pelos modos de representação do documentário quando querem nos envolver em questões diretamente relacionadas com o mundo histórico que todos compartilhamos.(NICHOLS, 2012, p.20).

A identificação de um modo de documentário pode não ser total, podendo o autor usar diferentes características de outros gêneros, como por exemplo: um documentário reflexivo pode conter alguns recursos do participativo. Mas escolher um modo dominante para o filme ajuda na hora de produzi-lo, pois é ele que dá estrutura e as características da produção. De acordo com Bill Nichols (2005), os documentários são classificados em:

No modo poético a realidade é apresentada de forma fragmentada. Não há preocupação com montagem linear, divisão do tempo e espaço, argumentação, apresentação e caracterização aprofundada dos personagens que apresenta. Este tipo de produção apresenta a realidade tal como ela é, de forma a destacar a integridade formal e estética ao documentário.

O expositivo é o que mais se aproxima do telejornalismo. Neste tipo de documentário são apresentadas imagens visuais que são complementadas com argumentos. A perspectiva do filme é dada pelo comentário feito em voz ‘off’ e as imagens limitam-se a confirmar a argumentação narrada.

O modo observativo é composto apenas pela captação de imagens audiovisuais, sem comentário com voz-over, sem efeitos sonoros complementares, sem legendas. Tem como objetivo apresentar, denunciar ou clarificar algumas situações da vida, sem apresentar argumentos que influenciam o telespectador, sem uma intervenção

explícita. O público vê e interpreta o que está lá, sem os argumentos do documentarista sobre o fato.

O participativo sugere a participação do documentarista, ele passa a fazer parte da realidade que quer apresentar, participa da vida de outras pessoas, habituam-se, então reflete sobre essa experiência. Com isto, o ponto de vista do documentarista fica mais evidente. É comum utilizar entrevistas para enriquecer os assuntos.

O modo reflexivo expõe para o telespectador os procedimentos da filmagem, evidenciando a relação estabelecida entre o grupo filmado e o documentarista. Nos documentários em que esse modo de representação prevalece, nota-se como é a reação do grupo pesquisado diante da câmera e do seu realizador. O objetivo é persuadir o telespectador acerca de um determinado tema.

O modo performático dá ênfase às características subjetivas das experiências de vida e dos relatos de personagens. Há uma mistura entre acontecimentos reais e imaginários, conduzindo o espectador de maneira emocional, e não por argumentos lógicos ou comprovados cientificamente. De acordo com Nichols, o documentário performático “nos convida, como fazem todos os grandes documentários, a ver o mundo com novos olhos e a repensar a nossa relação com ele” (NICHOLS, 2007, p. 176). Ele mistura elementos ficcionais com técnicas da oratória para tratar de questões sociais complexas. Possui algumas características do cinema de vanguarda.

PRODUTO

A produção do documentário: A extinção do jornal Diário Oficial da União Impresso e a sua passagem para o meio digital teve início no começo do semestre, em janeiro com a escolha do tema e do método escolhido para a produção do mesmo. Após o primeiro encontro com a professora responsável pela orientação, Ana Seidl, ficou definido que o presente trabalho seria feito em dupla para a sua melhor execução. O roteiro do documentário já possuía um personagem desde o momento da escolha de seu tema, mas foi preciso pensar em mais fontes e personagens para enriquecer o trabalho. O formato de documentário

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escolhido foi o expositivo por trazer uma maior proximidade com o telejornalismo.

Depois dessa primeira orientação, a dupla fez contato com a Imprensa Nacional, responsável pelo Jornal Diário Oficial da União, para agendar uma visita ao Museu Nacional para podermos conversar com os representantes do jornal e assim, enfim, marcar uma entrevista para fazer as filmagens do documentário.

Posteriormente, entramos em contato com o historiador e servidor público, Gonzaga Negreiros, que seria o personagem que vivenciou a fase impressa do jornal Diário Oficial da União, e marcamos uma entrevista em maio.

O maior desafio da conclusão das filmagens foi de conseguir um dia na agenda de todos os entrevistados que trabalham na Imprensa Nacional. Por ser um local onde ocorre muitos eventos e pelos responsáveis terem a agenda cheia, tivemos por muitas vezes a visita adiada, conseguindo finalizar as gravações apenas no início de junho.

A entrevista com Gonzaga Negreiros foi bastante enriquecedora para o documentário, pois ele expôs muitos fatos da época impressa do DOU, que antes eram desconhecidos pela dupla, declarou também a sua opinião sobre as vantagens do jornal digital e como ex-funcionário e hoje atual espectador, deu ao documentário uma visão de cada fase.

Na imprensa foram entrevistados: Alexandre Machado, coordenador geral de publicação e divulgação; Pedro Antônio Bertone, diretor geral da Imprensa Nacional e Rubens Cavalcante, diretor do museu da Imprensa que atua na área há mais de 30 anos. Eles deram ao documentário bastante conteúdo, fazendo assim com que o objetivo de informar sobre a história do Diário Oficial da União fosse concluído.

Após a obtenção de todas as imagens necessárias, foi realizada a decupagem do material e posteriormente a edição na qual teve a colaboração do professor de edição, Paulo César Gomes Portuguez, que auxiliou o coautor deste trabalho, Daniel de Lima, com seus conhecimentos no programa Première, utilizado para a edição do documentário.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após o surgimento da internet, o jornalismo encontrou muitas possibilidades de modernização e atualmente busca se adaptar a uma sociedade online, que exige uma maior rapidez nas notícias, sintetização das informações e o uso de recursos como os hiperlinks.

Quando a dupla decidiu realizar esse trabalho, escolhemos justamente o jornal Diário Oficial da União, pois o mesmo, em busca de se modernizar, havia recentemente migrado para o mundo virtual. Com isso, o documentário tem o intuito de manter o público e principalmente os estudantes de jornalismo por dentro das transformações que esse tipo de transição traz para a profissão jornalística.

Além de tudo, como jornalistas, os integrantes queriam levar aos espectadores as respostas de todos os questionamentos propostos. Assim, a produção do documentário “A extinção do jornal Diário Oficial da União e a sua migração para o meio digital” foi toda arquitetada para trazer a nova realidade do jornalismo, suas vantagens, desvantagens e principais mudanças, assim como história de um dos principais jornais do Distrito Federal.

AGRADECIMENTOS

Gostaríamos primeiramente de agradecer a Deus por nos conceder a oportunidade de vivenciar essas experiências, de conhecer novas histórias que fazem parte da construção da nossa nação. Por nos permitir chegar à faculdade e ter essa oportunidade de adquirir conhecimento com essa linda profissão.

Em segundo, aos familiares, que sempre acreditaram na nossa capacidade e estavam sempre ao nosso lado durante essa caminhada, principalmente à nossas mães que nos apoiam em cada escolha. Em cada vontade de jogar tudo para cima, elas estavam ali para colocar os nossos pés no chão novamente. Obrigada por sempre demonstrarem orgulho por nossas conquistas e por nos amar incondicionalmente.

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Em terceiro, aos professores e profissionais da faculdade que estiveram com a gente durante esses três anos e meio de muita luta, conhecimento e companheirismo. Um agradecimento especial para a professora e jornalista Ana Seidl, por acreditar na gente e acreditar nesse projeto desde a escolha do tema. Sua ajuda foi de extrema importância para que esse produto saísse do papel e foi graças aos seus conhecimentos passados a nós, que fomos capazes de concluir com sucesso. Agradecemos também, às professoras Lindiane dos Reis e Francisca Oleniva, por aceitarem o convite de estarem na nossa banca, avaliando e apontando os itens a serem corrigidos, que são necessários para que possamos nos tornar excelentes profissionais.

Agradecemos à Faculdade ICESP, sua direção e administração por ter nos acolhido e por ter colocado profissionais capacitados que nós passaram experiências e conhecimentos que nós ajudaram a crescer como pessoa e como futuros jornalistas.

E por último, mas não menos importante, gostaríamos de agradecer aos nossos colegas de turma que compartilharam conosco muitos momentos, sendo eles, alegres, tristes ou desesperadores, mas sempre passando por cima disso tudo para podermos manter uma turma harmoniosa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXOS ROTEIRO DOCUMENTÁRIO A extinção do jornal Diário Oficial da União impre sso e sua migração para o meio digital Personagem Pedro Antônio Bertone - Diretor Geral da Imprensa Nacional O jornal foi concebido desde 1862 quando ele foi criado para publicar os atos oficiais de qualquer natureza do governo federal, na época do império o jornal dos anos recentes da década de 80 para cá ele foi subdividido em três seções, a seção 1°do jornal é a sessão que publica todos os atos normativos federais, então leis decretos portarias e instruções regulamentos de qualquer natureza de qualquer órgão que tenha citações direta e indiretas, autarquias então todo ato normativo dos governos federais só tem força de lei se publicar no diário oficial, a gente diz costuma brincar aqui na imprensa que a imprensa emite a certidão de nascimento de qualquer por qualquer política pública, para nascer tem que estar publicado no Diário Oficial, e no caso dessas políticas na seção 1, na seção 2 ela publicar atos de gestão de pessoas movimentação de pessoas processo de nomeação liberação do Servidor para ser viagem ao exterior, são publicados geralmente na seção 2 e a Seção 3 é uma sessão que publica toda e qualquer ato voltado a editais avisos licitações de qualquer órgão da órgãos estaduais e municipais quando este processo digital envolve e na sua execução recurso de federais. Personagem Alexandre Machado - Coordenador geral de publicação e divulgação da Imprensa nacional Nós temos o Diário Oficial da União outros países têm em jornais com outras denominações mas nunca sem Diário Oficial, ele é um instrumento de estado de Transparência pública de presunção do conhecimento das leis principalmente isso, no código jurídico existe uma disposição que é o seguinte: o cidadão nunca pode usar-se de obedecer a lei alegando desconhecer e quem permite, o que permite essa disposição é o Diário Oficial da União então é um instrumento de grande importância tanto é que na história antiga da imprensa nacional é interessante o fato que aconteceu com a fuga de Dom João sexto fugindo de Napoleão, mesmo na pressa aquele momento de fuga ele não deixou de levar consigo um prelo na caixa importado da Inglaterra, então ele tinha pretensões de manter o comando Império na colônia e por isso ela ele teria que contar com imprensa e daí ele vem a gente vê a dimensão do Diário Oficial e de lá para cá a gente reconhece muitas leis que estão publicados nas páginas do Diário Oficial Inclusive a lei Áurea, Código Civil, Lei Maria da Penha, lei de acesso à informação e tantas outras. Personagem Pedro Antônio Bertone - Diretor Geral da Imprensa Nacional Evidentemente pela função social que o diário tem hoje Se fosse um custo justificado no meio da chegada do elemento físico do Jornal, o usuário seria regiões mais remotas com acesso dificultado da internet até faria sentido, Mas as maioria dos 6 mil unidades ia ser distribuída para capitais para órgãos públicos federais ou estaduais distribuído para alguns escritórios de engenharia de advocacia ou seja o conjunto tem o acesso facilitado à internet então não fazia hábito aí eu acho que o estado não pode ficar fazendo esse tipo de desperdício, então foi por esse motivo a mudança de paradigmas que a gente fala do analógico para o digital que a gente avaliou o que seria o momento para tomar essa decisão lá em 30 de novembro de 2017. Personagem: Alexandre Machado - Coordenador geral de publicação e divulgação da Imprensa nacional

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Para imprensa nacional os benefícios principais foram econômicos, como eu falei a produção física do Diário Oficial ela é volumosa ela envolve maquinário, pessoas, envolve custos e insumos gráficos ou seja para tintas papéis materiais das Chapas tem custo de distribuição também e tudo isso é um valor substancial, então hoje a gente pode direcionar esse recurso para desenvolvimento de ferramenta de pesquisa e ferramentas da internet e outros serviços. Personagem: Luiz Gonzaga - servidor público Quando nós trabalhamos e vislumbramos a transição saindo do papel para informatização nós tínhamos uma perspectiva primeira, primeira perspectiva era a desburocratização era desbloquear a o cidadão levava muitos papéis para publicar uma matéria, levava 3 vias, ofício matéria em duas vias, quando nós passamos a compreender que poderíamos facilitar a vida do cidadão nós também estávamos preocupados em contribuir com o meio ambiente porque nós estamos eliminando os papéis, porque você pensa que cada edição diária de um jornal de um Diário Oficial da União que sai com mais de duas mil páginas Seção 1 Seção 2 da Seção 3 agora você imagina a quantidade de papéis diários que se acumulavam, nós já estávamos usando o benefício da Internet fazendo preparo para transição nós vamos eliminar uma quantidade de hoje imensurável de papéis mas mais a cada jornal de 100 páginas 1000 folhas cada jornal de 100 páginas e folhas você economizar a cada 100 páginas agora você imagina se um diário tem mais duas mil páginas quantas folhas de papéis mas não passaremos a economizar. Personagem: Rubens Cavalcante - Diretor do Museu Já vinha sendo feito um estudo pelo governo para o fim do Diário Oficial impresso, pela questão de número de acesso como eles falaram da versão da internet dos acessos, mas eu fico um pouco entristecido por que eu vejo que não só o diário oficial, mas como outros jornais de Brasília estão em risco de extinção para migrar apenas para a plataforma digital eu acredito que mesmo que um pouco de jornais deveriam ser feitos uma pequena tiragem para apenas as bibliotecas preservarem porque é o meio mais seguro, a gente não sabe se o que é pode acarretar no futuro de perda de memória e acervo no futuro próximo a gente não sabe quanto tempo um HD de um cd-rom enfim vai sobreviver na história. Imagens do Museu da imprensa, imagens dos maquinári os antigos. Personagem: Pedro Antônio Bertone - Diretor Geral da Imprensa Nacional Então essa versão digital na verdade o nosso juízo ela tem um potencial até maior que a imprensa do passado para universalizar o acesso ao diário, a gente produzia 100. 000 diários, habitantes tem que parar para pensar desses 200 milhões de habitantes adultos quase universalidade de acesso fácil à internet então a gente já se aproxima muito mais nessa universalização a um custo menor curto bem melhor e infinitamente menor física e além do custo financeiro uma economia mental muito grande, você deixa de consumir um volume enorme de papel 720 toneladas, lado de papel você deixa de consumir energia na produção desse Jornal A gente avalia que os que os gastos eram maiores que os ganhos. Personagem: Alexandre Machado - Coordenador geral de publicação e divulgação da Imprensa nacional Antes disso já existia e segue uma tendência muito forte de migração tradicional física papel na medida eletrônica e principalmente com a internet com o advento da internet cada vez mais as pessoas buscam informações por esse meio certo então o papel foi entrando em desuso e uma vez que você tem celular uma produção numerosa há muito tempo já questionado, então algum momento essa decisão deve ser tomada e foi tomar de 2017 para o final do mês de novembro a gente encerrar a impressão do Diário Oficial.

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Personagem: Pedro Antônio Bertone - Diretor Geral da Imprensa Nacional As publicações importantes acho que até pelo universo tão grande que a gente publica que a gente já falou aqui é óbvio que a gente falar que os grandes faz história do país seus fatos publicados no Diário Oficial por exemplo a lei áurea foi publicada no diário, pelo desembarque no nosso mundo da Imprensa todos os atos do período República Velha e estado novo a edição dos atos constitucionais todos esses dados publicados no Diário Oficial, Lei da Anistia abrir o processo de redemocratização do país, os processos de afastamento do presidente da república por impeachment tivemos recentemente da presidente Dilma e do Collor os atos de nomeação todos os estados e políticas públicas enfim é impossível imaginar uma política público sem o Diário Oficial da União que completou seus 162 anos de História. Imagens do Museu da imprensa, imagens dos maquinári os antigos. Personagem Alexandre Machado - Coordenador geral de publicação e divulgação da Imprensa nacional Assim o jornal Ele sempre foi lembrado caracterizado pelo seu volume o jornal , hoje nós temos o diário oficial três seções totalizam cerca de 560 páginas de divulgação é volume diferente na época em que era em próximo eles se consumia duas toneladas e meia por dia só com essa 600 páginas diárias uma tiragem de 6000 mil pares e na hora do jornal da Justiça, volume de papel era maior e nós temos um recorde que está registrado no Guinness está registrado no ano de 1997 esse recorde registrado como o maior jornal Diário do mundo esse recorde de inclusive foi quebrado seguidas vezes nós temos uma publicação que a gente nunca sabe o tamanho de amanhã, edição de domingo por exemplo o diário oficial não é assim tão incerto e a gente é um recorde que foi naturalmente quebrado várias vezes mas não chegou a ser registrados de modo que eu considero uma e sua curiosidades interessantes. Imagens do Museu da imprensa, imagens dos maquinári os antigos. Luiz Gonzaga - servidor público Na informatização do Diário Oficial da União quando se preparou a transição e se fazia testes que na época, se você procurar na imprensa da época a imprensa escrita a grande mídia você vai ali já achasse pesquisar era sobre um contrato que fizeram uma experiência sobre Pelé é Xuxa, sobre a primeira teste experiência de envio de matéria eletrônica e aquilo ali os servidores não tiveram a criatividade do seu momento estava um pouco bem vivo na memória deles eles simularam que o Pelé estava fazendo um contrato com a Xuxa e foi publicado, e no dia seguinte teve que fazer uma publicação oficial do tornando sem efeito aquela matéria mostrando que aquilo era é só um teste então na época que na empresa da época 94 95, se você procura na mente na grande mídia você vai achar isso então fica com essa marca coisa marcou a gente na transição da implantação do programa e nos causou uma certa expectativa de poder está vulnerável a essa dos hackers e divulgado pela matéria e era a matéria mais sigilosa, mas uma coisa que me marcou naquela época. Rubens Cavalcante - Diretor do Museu O museu ele foi criado em 1982 para guardar toda a memória do Brasil e para nós aqui do museu é muito gratificante trabalhar aqui na empresa Nacional, por que não são todas as empresas que têm em um museu para contar sua história, então a gente tenta contar essa história desde Dom João até os dias de hoje, mas tem várias rotativas vários processos que era utilizado no jornal que são preservados aquele número da Imprensa. Luiz Gonzaga - servidor público

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Experiência de trabalhar no jornal impresso uma faculdade, ela nos ensina porque nós trabalhamos e vimos desde que trabalhava no Jornal de Brasília, só trabalhava naquela época com preto e branco e em seguida lançaram que é o colorido que é uma grande revolução como a internet imagina como você vê as coisas na internet, nós passamos tantas coisas em tempo real todas as sociedades sem burocracia porque antes porque se chamava os vertedores revendedores de jornais do jornal impresso atravessadores de Jornal, hoje em dia Jornal Oficial ele vinha com valor x imaginava que ele era distribuidor Mas quem precisava não queria saber do valor ele só queria ser atendido e ele começa no jornal que era venda de papéis papel de formação de Jornais oficiais. Rubens Cavalcante - Diretor do Museu A impressão do primeiro diário oficial em Brasília no dia no dia da inauguração o Presidente Juscelino Kubitschek fez questão de que fosse impresso aqui na capital, a rotativa foi desmontada no Rio de Janeiro no final de 1959 e veio para cá saindo daqui do Rio foram 40 dias para chegar aqui na imprensa nacional, ela veio em cinco caminhões com 5 mecânicos chegando aqui eles montaram e no dia 21 de março de 960 portanto 30 dias dos dias antes de inaugurar a Nova Capital foi feito um teste e foi levado até o Presidente Juscelino que assinou esse teste. Fotos de acervos do Museu.

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FOTOS DE ACERVOS DO MUSEU

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