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Marcelo B. RibeiroInstituto de Física - UFRJ
EconoFis-Rio
I Oficina Carioca de Econofísica, IF-UFRJ, 26/11/2010
I Oficina Carioca de Econofísica
EconoFis-RioInstituto de Física
26 de novembro de 2010
Marcelo B. RibeiroInstituto de Física - UFRJ
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I Oficina Carioca de Econofísica, IF-UFRJ, 26/11/2010
A Distribuição de Gompertz-Pareto Aplicada à Renda
Individual do BrasilFernanda Chami Figueira
EQ-UFRJ
Newton Jose de Moura JuniorIBGE
Marcelo B. RibeiroIF –
UFRJ
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Distribuição de renda
•
Problema
clássico
estabelecido
por
Vilfredo Pareto em 1897;
•
Foi
o primeiro
a introduzir
leis de potência
nas ciências
sociais, antes mesmo
destas
terem
sido
descobertas
na física;•
Sua
contribuição
foi
anterior inclusive a George
Kingsley Zipf
(1902-1950), que
verificou
que
leis estatísticas
de potência
estão
presentes
em
vários
setores
de atividade
humana, como distribuição
das
letras
em linguagens, estrutura
musical, distribuição
de indústrias, mortalidade em guerras, etc.
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Lei de ParetoLei de Pareto
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Lei de ParetoLei de Pareto
α)()(
ax
AxN+
=
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Lei de Pareto
•
Lei de potência de Pareto para a distribuição de renda da Grã-Bretanha em 1996.
fonte: P.Ball, “Critical Mass” (2004)
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Contribuição dos Economistas
•
Nos últimos ~50 anos os economistas em geral se restringiram a propor descrições
mais detalhadas da distribuição de renda;
•
Grande ênfase em estatística, com uma preocupação muito limitada em propor mecanismos (dinâmica)
para a origem e evolução desta
distribuição;•
Uso extensivo de parametrizações com muitos termos (4, 5, etc, parâmetros) e muitas funções diferentes (log-normal, Singh-Madala, etc) sem uma óbvia prevalência de nenhuma delas;
•
Pouco mudou desde a época dos pioneiros: Pareto (1897), Gini (1912) e Lorenz (1905);
•
Precupação básica em propor políticas governamentais e não em entender os mecanismos do problema -
qual a melhor função e por
que? –
com raríssimas excessões;•
Economistas parecem muito mais interessados em assessorar governos do que fazer ciência;
•
Surgimento da econofísica muda essa tendência!•
Há cerca de uma década aparecem os primeiros modelos inspirados na física estatística.
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ComportamentoComportamento exponencialexponencial + lei de + lei de potênciapotência(Dragulescu & Yakovenko, 2001)
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Distribuição de renda nos EUA sugerem duas classes distintas
Dados de 1983 a 2001“gap” não preenchido
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Nossa abordagem: estudo empírico da distribuição de renda no Brasil
nos últimos 30 anos•
Confirmar a possível lei de Pareto na distribuição de renda brasileira;
•
Inspirados
no estudo
de Dragulescu
e Yakovenko’s
(2001) para a distribuição
de renda
nos
EUA, procuramos
possível
evidência
de uma componente
exponencial
para a a
distribuição
de renda
da
imensa
maioria
da população
brasileira;
•
Verificar
se, assim
como
os EUA, o Brasil
é também formado
por
uma sistema
de duas
classes de renda
individual.
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Os dados
•
IBGE realiza a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio, PNAD, em cerca de 10% das residências durante o mês de setembro de cada ano;
•
Os dados brutos são multiplicados por um índice cujo objetivo é representar toda a população brasileira;
•
A PNAD não é um censo, mas uma amostragem;•
Os dados finais listam o número total de pessoas em um domicílio
e a
renda total desse mesmo domicílio;•
Devido ao período de grande inflação e hiper-inflação (1981-1993), os dados de renda precisam ser homogeneizados de forma a poderem ser comparados com os do período pós-inflacionário (1994-
);
•
Isso foi obtido dividindo-se a renda de cada domicílio pela renda média de toda a população no mês de setembro de cada ano;
•
Obteve-se assim, uma renda final normalizada e sem dimensão monetária•
Assim, é possível comparar o período de alta inflação com diferentes unidades monetárias (cruzeiro, cruzado, cruzeiro novo, etc) com o de baixa inflação (real);
•
A média de cada ano foi convertida em dólares americanos em cotação do dia 15 de setembro de cada ano.
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arXiv:0812.2664
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Análise empírica básica
•
Distribuição cumulativa F(x): probabilidade que um indivíduo receba uma renda igual ou inferior a x;
•
Distribuição cumulativa complementar F(x) - probabilidade que um indivíduo receba uma
renda igual ou superior a x;•
F(x) + F(x) = 100%
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Distribuição cumulativa complementar de renda F(x)
vs. renda normalizada x
no
Brasil de 1978 a 2005
Moura Jr & Ribeiro, Eur. Phys. J. B 67 (2009) 101; arXiv:0812.2664
•
Lei de potência de Pareto é visível nas caudas de todas as amostras; •
apesar dos anos de hiper-inflação, a similaridade das distribuições é surpreendente;
•
comportamento diferente em 1978
e
1979 (antes do início da era inflacionária.
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A função exponencial não se ajusta bem na região de baixa renda: modelo de Dragulesco e
Yakovenko não se aplica ao Brasil
•
Gráficos semi-log
não linearizam os dados, a não ser que sejam removidos os dados relativos às mais baixas rendas (x<2);
•
Estes resultados parecem descartar todas as funções baseadas na exponencial (Gaussiana,
Boltzmann-Gibbs) como ajustes viáveis;
•
A distribuição de renda no Brasil é notoriamente muito desigual,
assim os dados tendem a se acumularem na região de renda muito baixa.
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A curva de Gompertz
•
O próprio gráfico sugere uma função proveniente do segundo logarítimo de F(x);
•
A
and
B
are positive constants;•
O parâmetro indica a transição com a cauda da distribuição descrita pela lei de potência de Pareto.
( )te xxexF
BxA
<≤=−
0)()(
tx
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Ajustando a curva de Gompertz
aos dados de renda do Brasil
Claramente, esta função é uma melhor representação dos dados.
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A lei de potência de Pareto
•
A cauda da distribuição se comporta como uma lei de potência;
•
α
and
β
são constantes positivas;
•
A continuidade através das duas regiões diminui a liberdade paramétrica:
•
A
é
determinado pela condição de contorno F(x=0)=100%
)()( ∞≤≤= − xxxxF tαβ
)( tBxAet ex
−
= αβ
53.1100)0( =→== AFeAe
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Ajustando a lei de potência à cauda da distribuição
•
Existem caudas de Pareto únicas e bem definidas em todos os anos;
•
Amostras relativas a 1978 e 1979 apresentam grandes erros devido a anomalia da distribuição nesses anos.
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Aproximação exponencial da curva de Gompertz
•
Quando a renda normalizada é grande o suficiente, a seguinte aproximação é válida:
•
Assim, removendo-se os valores de renda extremamente baixos, o problema se reduz a uma exponencial, como no caso de Dragulesco e Yakovenko (2001);
•
Gráficos semi-logs
mostram comportamento linear para x>2 (classe média !!)
•
Como a renda no Brasil é muito mal distribuída, valores muito baixos têm peso bastante importante na distribuição de renda, o que a distorce de uma expoencial pura.
);1;(1)( tBxBx xxeABxforexF <<>+≈ −−
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A distribuição de Gompertz-Pareto (DGP) Chami Figueira, Moura Jr & Ribeiro, Physica A, (2010) em impressão;
arXiv:1010.1994
Normalização da densidade de probabilidade
Distribuição cumulativa (não complementar)
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A distribuição de Gompertz-Pareto (2)
média
1o
momento
3 parâmetros caracterizam completamente a DGP
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Curva de Lorenz
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Curvas de Lorenz no Brasil
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Curvas de Lorenz no Brasil
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Curva de Lorenz pela DGP
A função de distribuição cumulativa define o eixo X da curva de Lorenz
O 1o. Momento da distribuição define o eixo Y da curva de Lorenz
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MedidaMedida
de de desigualdadedesigualdade: : coeficientecoeficiente
de de GiniGini
e a DGPe a DGP
0 ≤ Gini ≤ 1
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Reobtendo as curvas de Lorenz do Brasil via a DGP (1981-2007)
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Porcentagem de renda acumulada na região de Gompertz em relação a renda total
•
Tendo estimado os 3 parâmetros da DGP, tal quantidade pode ser calculada, pois equivale ao primeiro momento da distribuição cumulativa;
•
Esse resultado mostra a inter-conexão entre a renda acumulada nas regiões de Pareto e Gompertz.
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Testes de consistência
•
O coeficiente de Gini é calculado independentemente da DGP;
•
Pode-se obter o coeficiente via a DGP e comparar com os valores originais obtidos de forma independente;
•
Esse método permite determinar error sistemáticos no cálculo dos 3 parâmetros da DGP: B, α, β
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Comparando Gini
original com Gini calculado usando a DGP
Diferença de no máximo 7%1989 é o valor com maior discrepância (plano Collor)
Erros sistemáticos de cerca de 7%
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Teste de consistência com u
•
Teste de consistência similar pode ser feito com a variável u;
•
Ela necessita do valor xt
, mas uma vez conhecido, o valor de u pode ser obtido independente da DGP;
•
O parâmetro xt é estimado por meio da melhor aproximação do valor de contorno A= ln ln 100= 1,527;
•
Após linearizar a região de Gompertz, procura- se a reta cujo coeficiente linear ajustado melhor
se aproxime desse valor de contorno
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Comparação entre u
original e valor obtido via DGP
Diferença de no máximo 7% é mantida
Parece confirmar erros sistemáticos de 7% nos parâmetros da DGP
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A dinâmica da distribuição de renda
•
R.M. Goodwin propôs em 1967 uma dinâmica para renda e emprego inspirada na “luta de classes” de Karl Marx;
•
Marx, em “O Capital”: a diminuição de desemprego aumenta o poder de barganha dos trabalhadores, o que gera uma queda nos lucros, que por sua vez gera maior desemprego, que por sua vez aumenta os lucros, gerando mais investimentos e empregos, que então diminui o desemprego...
•
É a dinâmica do “exército trabalhador de reserva” discutido por Marx;
•
Goodwin associou essa dinâmica ao modelo clássico de presa- predador de Lotka-Volterra;
•
Zebras e leões: muitos leões comem muitas zebras. A população de leões aumenta com abundância de alimentos e a de zebras diminui. Menos zebras implica em leões passando fome e por sua vez
menos leões, o que faz com que mais zebras sobrevivam, gerando mais alimentos para os leões, que aumentam em número, etc...
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A dinâmica macro-econômica de Goodwin
•
Goodwin propôs uma competição entre:•
u –
percentagem de participação dos “trabalhadores” na renda total:
indica o
ganho da classe trabalhadora;•
v –
índice de emprego: indica indiretamente o lucro dos “capitalistas”;
•
O processo deve ser cíclico, com fases de crescimento seguidos de crise, de forma similar às populações de zebras e leões;
•
No modelo puramente clássico e determinístico de Goodwin os ciclos e crises se alternam, com u
e v
fora de fase.
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Dinâmica de Goodwin (Lotka-Volterra)
•
Sistema de EDO de 1a ordem;
•
Solução paramétrica em forma de órbitas
•
a1
, a2
, b1
, b2
, parâmetros que determinam o centro da órbita
uvbadtdu
vubadtdv
)(
)(
22
11
−−=
−=
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Diagrama uv de órbitas
Sistema estruturalmente instável: “choques” mudam o raio das órbitas, mas não modificam a dinâmica em si
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Modelo de Goodwin no Brasil?
•
Harvey (2001) mostrou ciclos aproximados para os países europeus;
•
Desai (1982) mostrou ciclos semelhantes para os EUA;•
Utilizando a DGP, associamos a região de Gompertz com a “classe trabalhadora”;
•
Desemprego a partir da PNAD foi obtido como cerca de 1/5 do salário mínimo, para obter índices semelhantes aos índices de desemprego obtidos independentemente pelo IBGE.
Diagrama uv para o Brasil Moura Jr & Ribeiro (2010), em preparação
Há ciclos aproximados!!!
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Conclusões1.
Dados de renda do Brasil são bem representados pela combinação da curva de Gompertz, representando 99% da população, e pela lei de
potência de Pareto, representando o 1% restante da população;2.
A função exponencial não representa bem os dados brasileiros porque as desigualdades de renda são fortes, o que faz com que os pontos observados tendam a se agrupar em regiões de baixa renda;
3.
Esse mesmo comportamento pode ser válido em outros países onde as desigualdades na distribuição de renda sejam muito grandes;
4.
Somente ao se remover esses valores de renda muito baixa a exponencial se torna uma aproximação razoável;
5.
Assim como os EUA e Inglaterra, o Brasil parece ser caracterizado por uma distribuição de renda formada por duas classes distintas, sendo que a “classe média” é definida como a parte média e superior da
região de Gompertz;6.
A dinâmica de Goodwin, baseada no modelo clássico de presa-
predador de Lotka-Volterra, parece ser válido em linhas gerais com os dados do Brasil, embora uma correspondência empírica mais precisa irá exigir modificações no modelo original.