tragedia griega jacqueline de romilly

184
JACQUELINE DE ROMILLY LA TRAGEDIA GRIEGA h CREDOS

Upload: jhonny-felix-vallejos-velarde

Post on 24-Jan-2016

296 views

Category:

Documents


14 download

DESCRIPTION

Tragedia griega

TRANSCRIPT

Page 1: tragedia griega Jacqueline de Romilly

JACQUELINE DE ROMILLY

LA TRA G ED IA

GRIEGA

hC R E D O S

Page 2: tragedia griega Jacqueline de Romilly

E st a o b r a h a si d o p u b l i c ad a co n u n a su b v en c i ó n d e l a D i r ec c i ó n G e n e r a l

d el L i b r o , A r c h i v o s y B i b l i o t ec as d e l M i n i st e r i o d e C u l t u r a , p a r a su p r ést am o

p ú b l i c o en B i b l i o t ec as P ú b l i c a s, d e ac u er d o co n l o p r ev i st o

en el a r t í c u l o 37 .2 d e l a L e y d e P r o p i e d a d I n t e l ec t u al .

T í t u l o o r i g i n a l f r an c és: L a t r agéd ie gr ecqu e.

© P r esses U n i v e r si t a i r e s d e F r a n c e , 19 70 .

© d e l a t r ad u c c i ó n : Jo r d i T e r r é A l o n so , 2 0 11.

© EDITORIAL CREDOS, S. A ., 2 011.

L ó p e z d e H o y o s, 14 1 - 28 0 0 2 M a d r i d .

w w w .e d i t o r i a l g r e d o s.c o m

Pr i m er a ed i c i ó n : o ct u br e d e 2 o u .

V ÍCTOR IG UAL · FO TOCOM POS IC IÓN

L IB ERDÚ PLEX · IM PR E S IÓ N

D E P Ó S I T O l e g a l : B - 3 3 0 9 8 - 2 0 1 1

R E F . : G B E C 002 .

ISBN: 9 7 8 - 8 4 - 2 4 9 - 2 15 2 - 1.

I m pr eso en Españ a. P r i n t ed i n Spa in .

Reser vados t odos los der echos.

Pr o h i b i d o c u a l q u i er t i po d e copia.

Page 3: tragedia griega Jacqueline de Romilly

C O N T E N I D O

I n t r o du cc ió n . L a t r aged ia y los gr i ego s, 9

I . EL GÉNERO TRAGI CO , I 5

1. E l o r i g en d e l a t r ag ed i a , 15

2. L a est r u c t u r a d e l a t r ag ed i a , 26

I I . ESQU I LO O LA TRAGED I A DE LA JU ST I CI A D I V I NA, 5 3

1. D e l l ad o d e l o s d i o ses, 56

2. D e l l ad o d e l o s h o m b r es, 68

I I I . SÓFOCLES O LA TRAGED I A D EL H EROE SOLI TARI O , 8 l

1. D eb er es co n t r ap u est o s, 8 2

2. So l ed ad d e l h ér o e, 9 1

3. E l h ér o e y l o s d i o ses, 9 7

I V. EURÍ PI D ES O LA TRAGED I A DE LAS PASI ONES, 1 13

1. E l t eat r o y l a c i u d ad , 115

2. H u m an o s, d em asi ad o h u m an o s, 12 2

3. L o s j u eg o s d e l a su er t e y l o s j u eg o s d e l o s d i o ses, 138

4. I n n o v ac i ó n y d ec ad en c i a , 14 7

CONCLUSI ÓN . LA TRAGED I A Y LO TRAGI CO , 153.

1. M i t o y p si c o an á l i si s, 154

2. A c t u a l i d a d y c o m p r o m i so , 15 9

3. L o t r ág i c o y l a f a t a l i d ad , 16 4

4. L o t r ág i c o y el ab su r d o , 16 9

B i b l i o g r a f ía , 17 5

7

Page 4: tragedia griega Jacqueline de Romilly

8 Contenido

A n exos

i . C r o n o l o g ía d e l as d i f e r en t es t r ag ed i as c o n ser v ad as, 18 3

i i . A u t o r e s t r ág i c o s d i st i n t o s d e l o s t r es g r an d es, 18 7

n i . P eq u eñ o l éx i c o d e p a l ab r as r e l a t i v as a l a t r ag ed i a g r i eg a , 18 9

I V. í n d i c e d e l as t r ag ed i as est u d i ad as en el t ex t o , 19 1

Page 5: tragedia griega Jacqueline de Romilly

I NTRODUCCI ÓN

L A T R A G E D I A Y L O S G R I E G O S

H a b e r i n v en t ad o l a t r ag ed i a es u n a v a l i o sa d i st i n c i ó n h o n o r í f i c a ;

y esa d i st i n c i ó n l es c o r r esp o n d e a l o s g r i eg o s.

E n ef ec t o , h ay a l g o f asc i n an t e en el éx i t o q u e o b t u v o est e gén er o .

P o r q u e , en l a ac t u a l i d ad , v e i n t i c i n c o si g l o s d esp u és, se si g u en esc r i ­

b i en d o t r ag ed i as. Se esc r i b en en t o d o el m u n d o . A d e m á s, p e r i ó d i c a ­

m en t e , se si g u en r e t o m an d o t em as y p er so n a j es d e l o s g r i eg o s: se es­

c r i b en Elec t r a y A n t i gon a.

E n est e caso , n o se t r at a en ab so l u t o d e u n a si m p l e f i d e l i d ad a u n

p asad o b r i l l an t e . E s ev i d en t e , en ef ec t o , q u e l a i r r ad i ac i ó n d e l a t r a ­

g ed i a g r i e g a r ad i c a en l a am p l i t u d d e l a si g n i f i c ac i ó n y en l a r i q u ez a

d e p en sam i en t o q u e l o s au t o r es su p i er o n i m p r i m i r l e : l a t r ag ed i a

g r i e g a p r esen t ab a , en el l en g u a j e d i r ec t am en t e ac cesi b l e d e l a em o ­

c i ó n , u n a r e f l ex i ó n so b r e el ser h u m an o . Si n d u d a , ese es el m o t i v o

p o r el c u a l , en l as ép o cas d e c r i si s y d e r en o v ac i ó n , c o m o l a n u est r a ,

se si en t e l a n ec esi d ad d e r eg r esa r a est a f o r m a i n i c i a l d el g én er o . Se

p o n en en c u est i ó n l o s est u d i o s h e l en íst i c o s, p er o p o r t o d as p ar t es

se r ep r esen t an l as t r ag ed i as d e E sq u i l o , d e Só f o c l es y d e E u r íp i d es,

p o r q u e en el l as esa r e f l ex i ó n so b r e el h o m b r e b r i l l a co n su f u e r z a

p r i m o r d i a l .

E n ef ec t o , si l o s g r i eg o s i n v en t a r o n l a t r ag ed i a , h ay q u e d ec i r

t am b i én q u e en t r e u n a t r ag ed i a d e E sq u i l o y u n a t r ag ed i a d e R ac i n e

ex i st en p r o f u n d a s d i f e r en c i as. E l m ar c o d e l as r ep r esen t ac i o n es y a

n o es el m i sm o , n i l a est r u c t u r a d e l as o b r as. E l p ú b l i c o n o se p u ed e

y a c o m p ar a r . Y l o q u e m ás h a c am b i ad o es el esp í r i t u i n t er n o . D e l

esq u em a t r ág i c o i n i c i a l , c ad a ép o ca o c ad a p aís p r o p o r c i o n a u n a i n ­

9

Page 6: tragedia griega Jacqueline de Romilly

10 Introducción

t e r p r e t ac i ó n d i f e r en t e . P e r o es en l as o b r as g r i eg a s d o n d e se m a n i ­

f i est a co n m a y o r f u e r z a , p o r q u e en el l as se m u est r a en su d esn u d ez

p r i m i g en i a .

F u e , p o r l o d em ás, en G r e c i a , u n a ec l o si ó n r ep en t i n a , b r ev e y

d esl u m b r an t e .

L a t r ag ed i a g r i eg a , co n su c o sech a d e o b r as m aest r as, d u r ó en

t o t al o ch en t a añ o s.

P o r u n a r e l ac i ó n q u e n o p u ed e ser c asu a l , eso s o ch en t a añ o s se

c o r r esp o n d en ex ac t am en t e co n el m o m en t o d e f l o r ec i m i en t o p o l í t i c o

d e A t en as. L a p r i m e r a r ep r esen t ac i ó n t r ág i c a o f r ec i d a en l as D i o n i -

si as at en i en ses se r em o n t a , al p ar ec er , h ac i a el añ o 534 a .C . , b a j o P i ­

si st r a t o . P e r o l a p r i m e r a t r ag e d i a q u e se c o n ser v a (es d ec i r , q u e l o s

a n t i g u o s c o n si d e r a r o n d i g n a d e ser est u d i ad a) se si t ú a i n m e d i a t a ­

m en t e d esp u és d e l a v i c t o r i a o b t en i d a p o r A t en as so b r e l o s i n v aso r es

p er sas. Y l o q u e es m ás, esa o b r a p er p e t ú a su r ec u er d o : l a v i c t o r i a d e

Sa l a m i n a , q u e f u n d a el p o d er a t en i en se , se p r o d u j o en 4 8 0 a. C . , y l a

p r i m e r a t r ag e d i a q u e se c o n ser v a es d e 4 72 a. C . y se t r a t a p r ec i sa ­

m en t e d e L o s per sas, d e E sq u i l o . L u e g o , l as o b r as m aest r as se su ced en .

C a d a añ o el t eat r o v e c ó m o n u ev as o b r as — r ea l i z ad as p o r E sq u i l o ,

Só f o c l es, E u r í p i d e s— se p r esen t an a c er t am en . L a s f ec h as d e est o s

au t o r es so n p ar ec i d as; su s v i d as t i en en e l em en t o s c o m u n es. E sq u i l o

n ac i ó en 525 a. C . ; Só f o c l es, en 4 9 5 a. C .; E u r íp i d es, h ac i a 4 8 5 o 4 8 0 a. C .

V a r i a s o b r as d e Só f o c l es y casi t o d as l as d e E u r íp i d e s se r ep r esen t ar o n

d esp u és d e l a m u er t e d e P er i c l es, d u r an t e esa g u e r r a d e l P e l o p o n eso

en q u e A t en as, p r i si o n er a d e u n i m p er i o q u e y a n o p o d ía c o n ser v a r ,

su c u m b i ó f i n a l m en t e a l o s a t aq u es d e E sp a r t a . T r a s v e i n t i si e t e añ o s

d e g u e r r a , en 40 4 a. C . , A t en as p er d i ó t o d o el p o d er q u e h ab ía c o n se­

g u i d o a l f i n a l i z a r l as g u e r r a s m éd i c as. E n est a f ec h a , h ac ía y a t r es

añ o s q u e h ab ía m u er t o E u r íp i d e s, y d o s Só f o c l es. Se si g u i e r o n r ep r e ­

sen t an d o a l g u n as d e su s o b r as q u e h ab ían q u ed ad o i n ac ab ad as o t o ­

d a v ía n o se h ab ían r ep r esen t ad o . Y l u eg o , eso f u e t o d o . Si d e j am o s al

m a r g e n Reso , u n a t r ag e d i a q u e l l eg ó h ast a n o so t r o s c o m o p er t en e ­

c i en t e a E u r íp i d e s p er o c u y a au t o r ía es m u y d u d o sa , y a n o p o seem o s,

d esp u és d e 40 4 a. C . , m ás q u e n o m b r es d e au t o r es o d e o b r as, f r a g ­

Page 7: tragedia griega Jacqueline de Romilly

Introducción

m en t o s y a l u si o n es, a v eces sev er as. A p a r t i r d e 4 0 5 a. C ., A r i st ó f an es,

en L a s r an as, n o v e ía o t r a m an er a d e p r e se r v a r el g én er o t r ág i c o q u e

i r a b u sc ar a l o s i n f i e r n o s a u n o d e l o s p o et as d esap ar ec i d o s. C u an d o ,

a m ed i ad o s d e l si g l o i v a. C . el t ea t r o d e D i o n i so se r ec o n st r u y ó en

p i e d r a , se d ec o r ó co n est a t u as d e E sq u i l o , Só f o c l es y E u r íp i d e s. Y ,

a p a r t i r d e 38 6 a. C . (al m en o s es l a f ec h a p r o b ab l e ) , se em p ez ó a i n ­

c l u i r en el p r o g r a m a d e l as D i o n i si as l a r ep o si c i ó n d e u n a t r ag ed i a

an t i g u a . L a v i d a m i sm a d e l a t r ag ed i a se d esv an ec i ó al m i sm o t i em p o

q u e se d esv an ec ía l a g r a n d e z a d e A t en as.

O d i c h o d e o t r o m o d o , c u an d o ac t u a l m en t e h ab l am o s d e t r ag e ­

d i a g r i e g a , n o s b asam o s casi en t e r am en t e en l as o b r as c o n ser v ad as d e

l o s t r es g r a n d e s t r ág i c o s: si et e t r ag ed i as d e E sq u i l o , si et e d e Só f o c l es

y d i ec i o c h o d e E u r íp i d e s (si i n c l u i m o s Reso) . E l e l en c o d e est as t r e i n ­

t a y d o s t r ag ed i as se r em o n t a , ap r o x i m ad am en t e , al r e i n ad o d e

A d r i a n o . '

E s p o c o d esd e c u a l q u i e r p u n t o d e v i st a . E s p o c o si p en sam o s en

t o d o s l o s au t o r es q u e so l o c o n o c em o s i n d i r ec t am en t e y d e l o s q u e

ap en as l o g r am o s h acer n o s u n a i d ea ( en esp ec i al l o s g r an d es p r ed ec e­

so r es: T e sp i s, P r a t i n as y , so b r e t o d o , F r ín i c o ) . E s p o co si p en sam o s en

l o s r i v a l es d e l o s t r es g r an d es ( co m o l o s h i j o s d e P r a t i n as y d e F r ín i c o ,

I ó n d e Q u ío s, N e o f r ó n , N i c ó m a c o y m u c h o s o t r o s, en t r e l o s q u e est a­

b an l o s d o s h i j o s d e E sq u i l o , E u f o r i ó n y E v e ó n , y su so b r i n o F i l o c l es

el V i e j o ) . E s p o c o , en f i n , si p en sam o s en l o s c o n t i n u ad o r es d e E u r í ­

p i d es, en t r e l o s cu al es est ab an Y o f ó n y A r i st ó n , l o s d o s h i j o s d e Só f o ­

c l es, y so b r e t o d o au t o r es c o m o C r i t i a s y A g a t ó n , o , m ás t ar d e, C a r c i -

n o s. Y es m u y p o c o , f i n a l m en t e , si p en sam o s en l a p r o d u c c i ó n m i sm a

d e l o s t r es g r an d es, y a q u e E sq u i l o co m p u so , al p ar ec e r , n o v en t a t r a ­

g ed i as, Só f o c l es esc r i b i ó m ás d e c i en ( A r i st ó f an es d e B i z an c i o c o n o ­

c ía c i en t o t r e i n t a , d e l as q u e si et e se t en ían p o r ap ó c r i f as) y E u r íp i d es,

en f i n , esc r i b i ó n o v en t a y d o s, d e l as q u e seg u ían co n o c i én d o se sesen -

I . E l el en co d e l a ép o ca d e A d r i a n o i n c l u ía l as si et e o b r as d e E sq u i l o , l as

si et e o b r as d e Só f o c l es y d i ez o b r as d e E u r íp i d es; l as o t r as o b r as d e E u r íp i d es se

c o n ser v ar o n d e u n m o d o i n d ep en d i en t e.

Page 8: tragedia griega Jacqueline de Romilly

12 Introducción

t a y si et e en l a ép o ca en q u e se esc r i b i ó su b i o g r a f ía . P o r t an t o , el n a u ­

f r a g i o es i n m en so , y c u an d o h ab l am o s d e l as t r ag ed i as g r i eg as es n e ­

c esar i o n o p er d er d e v i st a q u e, l am en t ab l em en t e , n o c o n o c em o s m ás

q u e u n a t r e i n t en a d e en t r e m ás d e m i l . Y q u e, d esd e l u eg o , si n l a m e ­

n o r d u d a , n o s p ar ec er ían t an h er m o sas co m o l as q u e p o seem o s. D e s­

d e el c o m i en z o , p o r l o d em ás, E sq u i l o , Só f o c l es o E u r íp i d e s n o si em ­

p r e f u er o n l o s v en c ed o r es en l o s c er t ám en es an u al es.

P e r o , p o r ex t r añ o q u e p a r ez c a , est as cer c a d e t r ei n t a o b r as r e p a r ­

t i d as en m en o s d e o ch en t a añ o s d an t est i m o n i o n o so l o d e l o q u e f u e

l a t r ag ed i a g r i eg a , si n o t am b i én d e su h i st o r i a y d e su ev o l u c i ó n .

Q u ed a u n a f r a n j a d e so m b r a m ás acá o m ás a l l á d e l o s d o s l ím i t es

en t r e l o s cu al es se en c i e r r a l a v i d a d e l g én er o a su m ás al t o n i v e l : es­

t o s l ím i t es f o r m an c o m o u n u m b r a l q u e n o se p u ed e t r asp asar si n

c aer en l o q u e t o d av ía n o es, o l o q u e y a n o es, l a t r ag ed i a d i g n a d e

ese n o m b r e . E n t r e l o s d o s, en t r e el « t o d av ía n o » y el « y a d e n i n g u n a

m an e r a» , u n p o d er o so i m p u l so a r r ast r a l a t r ag ed i a en u n m o v i m i e n ­

t o d e r en o v ac i ó n q u e se v a p r ec i san d o añ o t r as añ o . E n m u c h o s as­

p ec t o s, l a d i f e r en c i a en t r e E sq u i l o y E u r íp i d e s es m ay o r y m ás p r o ­

f u n d a q u e l a q u e ex i st e en t r e E u r íp i d e s y R ac i n e.

E st a r en o v ac i ó n i n t e r i o r p r esen t a d o s asp ec t o s c o m p l em en t ar i o s.

E n ef ec t o , el g én er o l i t e r a r i o ev o l u c i o n a , su s m ed i o s se en r i q u ec en ,

su s f o r m as d e ex p r esi ó n v a r ían . Se r í a p o si b l e esc r i b i r u n a h i st o r i a d e

l a t r ag ed i a q u e se p r esen t ar a c o m o c o n t i n u a y p ar ec i er a i n d ep en ­

d i en t e d e l a v i d a d e l a c i u d ad y d e l t em p er am en t o d e l o s au t o r es.

P e r o , p o r o t r a p ar t e , su ced e q u e eso s o ch en t a añ o s, q u e v an d esd e l a

v i c t o r i a d e Sa l a m i n a h ast a l a d e r r o t a d e 40 4 a. C . , m ar c an en t o d o s

l o s t e r r en o s u n f l o r ec i m i en t o i n t e l ec t u al y u n a ev o l u c i ó n m o r a l ab ­

so l u t am en t e si n i g u a l .

L a v i c t o r i a d e Sa l a m i n a h ab ía si d o l o g r ad a p o r u n a d em o c r ac i a

t o t a l m en t e n u ev a y p o r h o m b r es t o d av ía i m p r eg n ad o s en l a en se­

ñ an z a p i ad o sa y a l t am en t e v i r t u o sa d e So l ó n . D esp u és, l a d e m o c r a ­

c i a se d esa r r o l l ó r áp i d am en t e . A t en as f u e t est i g o d e l a l l eg ad a d e l o s

so f i st as, eso s m aest r o s d e p en sam i en t o q u e e r an an t es q u e n ad a

m aest r o s d e r e t ó r i c a , y q u e p o n ían t o d o en t el a d e j u i c i o , p r o p o n i en ­

Page 9: tragedia griega Jacqueline de Romilly

Introducción '1

d o , en l u g a r d e l as v i e j as d o c t r i n as, m i l i d eas n u ev as. F i n a l m en t e ,

A t en as c o n o c i ó , t r as el o r g u l l o d e h ab er a f i r m a d o g l o r i o sam en t e su

h er o ísm o , l o s su f r i m i en t o s d e u n a g u e r r a p r o l o n g ad a , d e u n a g u e r r a

en t r e g r i eg o s. E l c l i m a i n t e l ec t u al y m o r a l d e l o s ú l t i m o s añ o s d el

si g l o es t an f ec u n d o en o b r as y en r e f l ex i o n es c o m o el d e c o m i en z o s

d e si g l o , p er o su ín d o l e n o p u ed e ser m ás d i f e r en t e . Y l a t r ag ed i a

r e f l e j a , añ o t r as añ o , est a t r an sf o r m ac i ó n . V i v e d e e l l a . Se a l i m en t a

d e e l l a . Y l a a m p l i f i c a c o n o b r as m aest r as d i f e r en t es.

E n t r e l a ev o l u c i ó n t o t a l m en t e ex t e r i o r d e l as f o r m as l i t e r a r i as y

l a r en o v ac i ó n d e l as i d eas y l o s sen t i m i en t o s, h ay , c o n t o d a ev i d en c i a ,

u n a r e l ac i ó n . L a f l e x i b i l i d a d d e l o s m ed i o s se ex p l i c a p o r el d eseo d e

ex p r esa r o t r a co sa; y u n d esp l az am i en t o c o n t i n u o d e l o s i n t er eses

i m p l i c a u n a ev o l u c i ó n i g u a l m en t e c o n t i n u a en l o s p r o c ed i m i en t o s

ex p r esi v o s. D i c h o d e o t r a m an er a , l a av en t u r a q u e r e f l e j a l a h i st o r i a

d e l a t r ag ed i a en A t en as es l a m i sm a b i en se o b ser v e al n i v e l d e l as

est r u c t u r as l i t e r a r i as, b i en al d e l as si g n i f i c ac i o n es y d e l a i n sp i r ac i ó n

f i l o só f i c a .

So l o a c o n d i c i ó n d e h ab er seg u i d o , en su i m p u l so i n t e r n o , est a

d o b l e ev o l u c i ó n , se p u ed e a b r i g a r l a esp e r an z a d e c o m p r en d er en

q u é co n si st e el p r i n c i p i o c o m ú n y d i sc er n i r d e esa m an e r a — m ás

a l l á d e l g én e r o t r ág i c o y l o s au t o r es d e t r ag ed i as— q u é es l o q u e

c o n st i t u y e el esp í r i t u m i sm o d e est as o b r as, es d ec i r , l o q u e d esp u és

d e e l l as y a n u n c a h em o s d e j ad o d e l l a m ar l o t r ág i c o .

Page 10: tragedia griega Jacqueline de Romilly

E L G É N E R O T R Á G I C O

I

L a t r ag ed i a g r i e g a es u n g én er o ap ar t e , q u e n o se c o n f u n d e co n n i n ­

g u n a d e l as f o r m as ad o p t ad as p o r el t eat r o m o d er n o .

N o s g u st a r ía p o d er d esc r i b i r su n ac i m i en t o , c o n el f i n d e c o m ­

p r en d e r u n p o c o m e j o r q u é es l o q u e h a p o d i d o su sc i t a r u n éx i t o t an

ex t r ao r d i n a r i o . N o escasean l o s l i b r o s n i l o s a r t í c u l o s q u e i n t en t an

d esc r i b i r est e n ac i m i en t o . P e r o l a r az ó n d e l c u an t i o so n ú m er o d e

en say o s est r i b a p r ec i sam en t e en l a au sen c i a d e c er t ez as. D e h ec h o ,

m u c h a o sc u r i d ad p l an ea so b r e eso s c o m i en z o s.

A l m en o s, p o seem o s u n a o d o s i n d i c ac i o n es seg u r as, q u e se r e v e ­

l an en l a m an e r a m i sm a en q u e se r ep r esen t ab an l as t r ag ed i as y q u e,

m ás a l l á d e est as r ep r esen t ac i o n es, ex p l i c an el n i v e l en q u e se si t ú a l a

t r ag ed i a .

I . EL O R I GEN D E LA TRAGED I A

D i o n i so y A t en a s

A n t es q u e n ad a — c o m o se h a d i c h o y r ep et i d o — , l a t r ag ed i a g r i eg a

t i en e u n o r i g en r e l i g i o so .

E st e o r i g en t o d av ía se p o d ía o b ser v a r c o n i n t en si d ad en l as r e ­

p r esen t ac i o n es d e l a A t en as c l ási c a. Y est as d e r i v a n ab i e r t am en t e d e l

c u l t o d e D i o n i so .

So l o se r ep r esen t an t r ag ed i as en l as f i est as d e ese d i o s. L a g r a n

o casi ó n e r a , en l a ép o ca c l ási c a, l a f i est a d e l as D i o n i si a s u r b an as, q u e

!5

Page 11: tragedia griega Jacqueline de Romilly

ι ό La tragedia griega

se c e l eb r ab a en p r i m a v e r a , p er o t am b i én h ab ía c er t ám en es d e t r a g e ­

d i as en l a f i est a d e l as L en ea s, q u e se c e l eb r ab a h ac i a f i n a l es d e d i ­

c i em b r e . L a r ep r esen t ac i ó n m i sm a est ab a i n t e r c a l ad a en u n c o n j u n ­

t o em i n en t em en t e r e l i g i o so , e i b a ac o m p añ ad a d e p r o cesi o n es y

sac r i f i c i o s. P o r o t r a p ar t e , el t eat r o d o n d e t en ía l u g a r , y c u y o s r est o s

se si g u en v i si t an d o en l a ac t u a l i d ad , f u e r ec o n st r u i d o en v a r i as o c a ­

si o n es, p er o si em p r e se t r a t ab a d e l « t ea t r o d e D i o n i so » , co n u n h e r ­

m o so asi en t o d e p i ed r a p ar a el sac er d o t e d e D i o n i so y u n a l t a r d el

d i o s en el c en t r o , d o n d e se m o v ía el co r o . E st e m i sm o c o r o , p o r su

so l a p r esen c i a , r ec o r d ab a el l i r i sm o r e l i g i o so . Y l as m ásc ar as q u e l l e ­

v ab an l o s c o r eu t as y ac t o r es n o s h ac en p en sar co n b ast an t e f ac i l i d ad

en f i est as r i t u a l es d e t i p o ar c a i c o .

T o d o est o d e l a t a u n o r i g en l i g a d o a l c u l t o y p u ed e c o n c i l l a r ­

se b ast an t e b i en co n l o q u e d i c e A r i st ó t e l es ( Poét i ca, 14 4 9 a) : seg ú n él ,

l a t r ag ed i a h ab r ía n ac i d o d e i m p r o v i sac i o n es; h ab r ía su r g i d o d e f o r ­

m as l í r i c as c o m o el d i t i r a m b o ( q u e e r a u n c an t o c o r a l en h o n o r

d e D i o n i so ) ; ser ía, p o r t an t o , al i g u a l q u e l a c o m ed i a, l a am p l i ac i ó n d e

u n r i t o .

Si f u e r a así , l a i n sp i r ac i ó n f u er t em en t e r e l i g i o sa d e l o s g r an d es

au t o r es d e t r ag ed i as se si t u ar ía en t o n ces en l a p r o l o n g ac i ó n d e u n

i m p u l so p r i m er o . D esd e l u eg o , n o en c o n t r am o s n ad a en su s o b r as

q u e r ec u er d e esp ec i a l m en t e a D i o n i so , el d i o s d e l v i n o y d e l as p r o c e ­

si o n es f á l i c as, n i si q u i e r a el d i o s q u e m u er e y r en ace co n l a v eg et ac i ó n ,

p er o sí en c o n t r am o s en el l as si em p r e a l g u n a f o r m a d e p r esen c i a d e l o

sag r ad o , q u e se r e f l e j a en el j u eg o m i sm o d e l a v i d a y d e l a m u er t e .

Si n em b ar g o , c u an d o se h ab l a d e u n a f i est a r e l i g i o sa , en A t en as,

h ay q u e ev i t a r i m a g i n a r u n a sep ar ac i ó n co m o l a q u e p u ed e d ar se en

n u est r o s est ad o s m o d er n o s. P o r q u e est a f i est a d e D i o n i so er a asi m i s­

m o u n a f i est a n ac i o n al .

E n t r e l o s g r i eg o s, n o se i b a al t eat r o c o m o se p u ed e i r en l a ac t u a ­

l i d ad : e l i g i en d o el d ía y el esp ec t ácu l o y asi st i en d o a u n a r ep r esen t a ­

c i ó n q u e se r ep i t e c o t i d i an am en t e a l o l a r g o d el añ o . H a b ía d o s f i e s­

t as an u a l es en q u e se i n t er p r e t ab an t r ag ed i as. C a d a f i est a i n c l u ía u n

c er t am en q u e d u r ab a t r es d ías. Y c ad a d ía , u n au t o r , se l ec c i o n ad o

Page 12: tragedia griega Jacqueline de Romilly

El género trágico

co n m u c h o t i em p o d e an t i c i p ac i ó n , h ac ía r ep r esen t a r t r es t r ag ed i as

seg u i d as. E r a el E st a d o el q u e se c u i d ab a d e p r e v e r y o r g an i z a r l a

r ep r esen t ac i ó n , y a q u e e r a u n o d e l o s al t o s m ag i st r ad o s d e l a c i u d ad

q u i en d eb ía e l eg i r l o s p o et as y e l eg i r , i g u a l m en t e , a l o s r i co s c i u d ad a ­

n o s en c ar g ad o s d e su f r a g a r t o d o s l o s g ast o s. F i n a l m e n t e , el d ía d e l a

r ep r esen t ac i ó n , se i n v i t ab a a t o d o el p u eb l o a a c u d i r al esp ec t ácu l o :

d esd e l a ép o c a d e P er i c l es, l o s c i u d ad an o s p o b r es p o d ían i n c l u so c o ­

b r a r , a est o s ef ec t o s, u n p eq u eñ o su b si d i o .

E n c o n sec u en c i a , est e esp ec t ácu l o r ev est ía el c a r ác t e r d e u n a m a ­

n i f est ac i ó n n ac i o n a l . Y est e h ech o ex p l i c a , si n n i n g u n a d u d a , a l g u ­

n o s r asg o s en l a i n sp i r ac i ó n m i sm a d e l o s au t o r es t r ág i c o s. E st o s se

d i r i g í a n si em p r e a u n p ú b l i c o m u y am p l i o , r eu n i d o p a r a u n a o casi ó n

so l em n e: es n o r m a l q u e h ay an i n t en t ad o l l e g a r a él e i n t e r esar l e . E s ­

c r i b ían , p u es, c o m o c i u d ad an o s q u e se d i r i g e n a o t r o s c i u d ad an o s.

P e r o est e asp ec t o d e l a r ep r esen t ac i ó n r em i t e t am b i én a l o s o r í ­

g en es d e l a t r ag ed i a : p ar ec e c i er t o , en e f ec t o , q u e l a t r ag ed i a so l o

p o d ía n ac er a p a r t i r d e l m o m en t o en q u e esas i m p r o v i sac i o n es r e l i ­

g i o sas, d e d o n d e d eb ía su r g i r , f u e r an asu m i d as y r eo r g an i z ad as p o r

u n a au t o r i d ad p o l í t i c a q u e se b asar a en el p u eb l o . E s u n r asg o b as­

t an t e ex t r a o r d i n a r i o q u e el n ac i m i en t o d e l a t r ag ed i a est é v i n c u l ad o ,

casi en t o d as p ar t es, a l a ex i st en c i a d e l a t i r an ía , es d ec i r , d e u n r é g i ­

m en f u e r t e q u e se ap o y a en el p u eb l o c o n t r a l a a r i st o c r ac i a . L o s esca­

so s t ex t o s q u e se t o m an c o m o f u n d am en t o p ar a r em o n t ar se m ás

a r r i b a q u e l a t r ag ed i a á t i c a c o n d u c en t o d o s a t i r an o s. U n a t r ad i c i ó n ,

a t r i b u i d a a So l ó n , c u en t a q u e l a p r i m e r a r ep r esen t ac i ó n t r ág i c a se

h ab r ía d eb i d o al p o et a A r i ó n .1 A h o r a b i en , A r i ó n v i v í a en C o r i n t o

b a j o el r e i n ad o d e l t i r an o P e r i an d r o ( f i n a l es d e l si g l o v i i - c o m i en z o s

d el si g l o v i a. C .) . E l p r i m e r caso en q u e H e r ó d o t o c i t a co r o s « t r á g i ­

co s» es el d e l o s co r o s q u e , en Si c i o n a , c an t ab an l as d esd i c h as d e

A d r a st o y q u e f u e r o n « r est i t u i d o s a D i o n i so » ;2 ah o r a b i en , q u i en l o s

1. V éase Jean D i ac r e , t ex t o c i t ad o en Rh ein i sch es M u seu m , 19 0 8 , p ág . 150 , y l a

Su d a.

2. V éase H er ó d o t o , V , 6 7.

Page 13: tragedia griega Jacqueline de Romilly

ι 8 La tragedia griega

r est i t u y ó a D i o n i so f u e C l íst en es, t i r an o d e esa c i u d ad ( c o m i en z o s

d e l si g l o v i a. C .) . Si n d u d a , n o se d a ah í t o d av ía m ás q u e u n esb o z o

d e t r ag ed i a . P e r o l a v e r d ad e r a t r ag e d i a n ac e d e l a m i sm a m an er a .

D esp u és d e est as t en t a t i v as t i t u b ean t es en v ar i o s p u n t o s d e l P e l o p o -

n eso , u n b u en d ía su r g i ó l a t r ag ed i a en el Á t i c a : t u v i e r o n q u e ex i st i r

an t es a l g u n o s p r i m e r o s en say o s, p er o h u b o u n a p ar t i d a o f i c i a l , q u e

es c o m o el ac t o d e n ac i m i en t o d e l a t r ag ed i a : en t r e 536 y 5 33 a. C .,

p o r p r i m e r a v e z , T e sp i s p r o d u j o u n a t r ag ed i a p ar a l a g r a n f i est a d e

l as D i o n i si a s.3 A h o r a b i en , en esa ép o ca r e i n ab a en A t en as el t i r an o

P i si st r a t o , el ú n i c o q u e t u v o j am ás.

E st a f ec h a t i en e, p ar a n o so t r o s, a l g o c o n m o v ed o r : n o t o d o s l o s

g én er o s p o seen u n est ad o c i v i l t an p r ec i so , y es i n i m ag i n ab l e o t r a

f o r m a d e ex p r esi ó n q u e p e r m i t i e r a c er em o n i as c o m o l as q u e t u v i e ­

r o n l u g a r en G r ec i a , h ac e a l g u n o s añ o s, co n o casi ó n d el 2 .50 0 a n i v e r ­

sar i o d e l a t r ag ed i a .

P er o , al m i sm o t i em p o , m ás a l l á d e l a p r ec i si ó n d e est o s c o m i en ­

z o s, l a f ec h a t i en e en sí m i sm a su p r o p i o i n t er és.

L a t r ag ed i a , q u e en t r ó en l a v i d a at en i en se c o m o c o n sec u en c i a d e

u n a d ec i si ó n o f i c i a l y se i n ser t ó en t o d a u n a p o l í t i c a d e ex p an si ó n p o ­

p u l a r , ap ar ec e l i g ad a d esd e su s c o m i en z o s a l a ac t i v i d ad c ív i c a. Y est e

v ín c u l o so l o p o d ía est r ec h ar se c u an d o est e p u eb l o , así r e u n i d o en

el t ea t r o , se c o n v i r t i ó en el á r b i t r o d e su p r o p i o d est i n o . E l l o ex p l i c a

q u e el g én er o t r ág i c o se en c u en t r e l i g a d o al p l en o d esar r o l l o p o l í t i co .

Y ex p l i c a el l u g a r q u e o c u p an , en l as t r ag ed i as g r i eg a s, l o s g r an d es

p r o b l e m as n ac i o n a l es d e l a g u e r r a y d e l a p az , d e l a j u st i c i a y d e l c i ­

v i sm o . P o r l a i m p o r t an c i a q u e l es c o n c ed en , l o s g r an d es p o et as se si ­

t ú an , t am b i én en est o , en l a p r o l o n g ac i ó n d e l i m p u l so p r i m er o .

P o r o t r a p ar t e , ex i st e u n a r e l ac i ó n co n el o r i g en , en t r e est o s d o s

asp ec t o s d e l a t r ag ed i a . P o r q u e P i si st r a t o , en u n sen t i d o , es D i o n i so .

E l t i r an o at en i en se h ab ía d esa r r o l l ad o el cu l t o d e D i o n i so . H a b ía

l ev an t ad o , al p i e d e l a A c r ó p o l i s, u n t em p l o a D i o n i so E l e u t e r i o , y

3. V éase M ár m o l d e P ar o s: I G X I I , 5 , 1, 444 , y C a r ó n d e L ám p sac o , en Jean

D i ac r e , v éase n . i .

Page 14: tragedia griega Jacqueline de Romilly

El género trágico *9

h ab ía f u n d a d o en su h o n o r l a f i est a d e l as D i o n i si as u r b an as, q u e

h ab r ía d e ser l a d e l a t r ag ed i a . Q u e l a t r ag ed i a h ay a en t r ad o b a jo su

r e i n ad o en el m ar c o o f i c i a l d e l cu l t o a ese d i o s si m b o l i z a , p u es, l a

u n i ó n d e l o s d o s g r an d es p ad r i n az g o s b a j o l o s cu al es se co l o c ab a est e

n ac i m i en t o : el d e D i o n i so y el d e A t en as.

A sí se o b t i en en d o s p u n t o s d e p a r t i d a h er m an ad o s, c u y a c o m b i ­

n ac i ó n p ar ec e h ab er si d o f u n d am en t a l en el n ac i m i en t o d e l a t r ag e ­

d i a . E st o n o q u i e r e d ec i r , p o r d esg r ac i a , q u e l a p ar t e d e u n o y d e o t r o

en est a c o m b i n ac i ó n , n i l a f o r m a en q u e se l l ev ó a cab o , se n o s p r e ­

sen t en c o n c l a r i d ad . Y en t r e l as i m p r o v i sac i o n es r e l i g i o sas d e l o s c o ­

m i en z o s y l a r ep r esen t ac i ó n o f i c i a l , q u e es l a ú n i c a q u e co n o cem o s,

n o s f a l t an l as t r an si c i o n es: n o s v em o s r ed u c i d o s a l as h i p ó t esi s, y su s

m o d a l i d ad es se en v u e l v en d e m i st er i o .

H u el l a s d e l cu l t o y d e l a ep op ey a

Y en p r i m e r l u g a r , est á ese n o m b r e — l a t r ag-cedia— q u e si g n i f i c a

« el can t o d e l m ac h o c ab r ío » . ¿C ó m o p o d em o s en t en d er est e n o m ­

b r e? ¿Y q u é h ac er co n est e m ac h o c ab r ío ?

L a h i p ó t esi s m ás ex t en d i d a co n si st e en a sem e j a r est e m ac h o c a­

b r ío co n sá t i r o s, n o r m a l m en t e aso c i ad o s al c u l t o d e D i o n i so , y en

ac ep t a r l as d o s i n d i c ac i o n es d e A r i st ó t e l es, q u e , p r i m e r o , en l a Po ét i ­

ca , 1.4 4 9 a 1 P ar ece r em o n t ar l a t r ag ed i a a l o s au t o r es d e d i t i r am b o s

(es d ec i r , d e o b r as co r a l es e j ec u t ad as so b r e t o d o en h o n o r d e D i o n i ­

so) y q u e, m ás ad e l an t e, p r ec i sa , en 14 4 9 a 20 : « L a t r ag ed i a a l c an z ó

ex t en si ó n , ab an d o n an d o l a f áb u l a b r ev e y l a ex p r esi ó n b u r l esc a d e ­

r i v a d a d e su o r i g en sa t í r i c o y a d q u i r i ó m ás t a r d e su m a j est ad » . P o r

t an t o , t en d r íam o s p a r a l a t r ag ed i a u n o r i g en m u y p a r ec i d o al d e l a

c o m ed i a: b an d as d e f i el es d e D i o n i so , q u e r ep r esen t an sát i r o s, y c u y o

asp ec t o o v est i m en t a r ec o r d a r ía al m ac h o cab r ío .

E st a h i p ó t esi s es c o h er en t e y , en c i er t o s asp ec t o s, sed u c t o r a . Si n

em b ar g o , p r esen t a d o s d i f i c u l t ad es. L a p r i m e r a es t éc n i ca: r esi d e en

el h ech o p r ec i so d e q u e l o s sát i r o s n u n c a f u er o n asi m i l ad o s a m ac h o s

Page 15: tragedia griega Jacqueline de Romilly

20 La tragedia griega

cab r ío s. E s n ec esar i o , p u es, en c o n t r a r u n a ex p l i c ac i ó n . Y si se ap e l a a

l a l asc i v i a c o m ú n a u n o s y a o t r o s, n o sa l i m o s d e l a p r i m e r a d i f i c u l ­

t ad si n o p ar a a g r a v a r l a seg u n d a. E st a seg u n d a d i f i c u l t ad es, en e f ec ­

t o , q u e l a g én esi s así r ec o n st r u i d a se r ía l a d el d r am a sat í r i c o m u c h o

m ás q u e l a d e l a t r ag ed i a , y q u e n o p er m i t e i m ag i n a r en ab so l u t o

c ó m o eso s can t o s d e sát i r o s m ás o m en o s l asc i v o s h an p o d i d o d a r

n ac i m i en t o a l a t r ag ed i a , q u e, p o r su p ar t e , n o er a en ab so l u t o l asc i v a

y n o c o n t en ía n i n g u n a h u e l l a d e sát i r o s.

P o r eso , d esd e l a A n t i g ü ed a d , h u b o q u i en es p r e f i r i e r o n i n t er p r e ­

t a r d e o t r a m an er a el n o m b r e d e l a t r ag ed i a . P en sar o n q u e el m ac h o

c ab r ío er a o b i en el p r em i o o f r ec i d o a l m e j o r p ar t i c i p an t e,4 o b i en l a

v íc t i m a o f r ec i d a en sac r i f i c i o . M . F e r n a n d R o b er t i n c l u so h a i d o m ás

l e j o s, al d a r a est e m ac h o c ab r ío u n v a l o r cat ár t i co — c o n v i r t i én d o l o en

c h i v o ex p i a t o r i o — y al r est i t u i r d e ese m o d o u n al can ce r e l i g i o so y

so l em n e a l as d i f e r en t es m an i f est ac i o n es v i n c u l ad as co n est e sac r i f i ­

c i o .5 E n est e caso , el d i t i r am b o n o h ab r ía ser v i d o si n o co m o m o d el o

f o r m a l , al m i sm o t i em p o a l a t r ag ed i a y al d r am a sat í r i co ,6 q u e co n st i ­

t u i r ían gén er o s p ar a l e l o s, au n q u e d e i n sp i r ac i ó n t o t a l m en t e d i st i n t a.

E st a i n t er p r e t ac i ó n p r esen t a el g r a n m ér i t o d e r esp et ar l a d i f e r en c i a

en t r e est o s d o s g én er o s, y d e ap u n t a r d i r ec t am en t e a l o q u e co n st i t u y e

l a o r i g i n a l i d ad i n t r ín seca d el g én er o t r ág i co . Si n em b ar g o , eso n o q u i e ­

r e d ec i r en ab so l u t o q u e n o p r esen t e d i f i c u l t ad es. L a p r i m er a es, e v i ­

d en t em en t e, q u e r ec h az a u n a p ar t e d e l t est i m o n i o d e A r i st ó t e l es, en

u n t e r r en o en q u e l os t est i m o n i o s y a so n t an escaso s. L a seg u n d a es q u e

se b asa en t er am en t e en el sen t i d o q u e h ay q u e c o n ced er al sac r i f i c i o d el

m ac h o cab r ío ; si n em b ar g o , a p esar d e a l g u n o s e j em p l o s b ast an t e r e l e ­

v an t es, el cu l t o d e D i o n i so p ar ece est ar m u c h o m ás l i g ad o a l o s p av o s

r eal es y a l as c i er v as q u e a n u est r o d esv en t u r ad o m ac h o c ab r ío .7

4. V éase M ár m o l d e P ar o s, a p r o p ó si t o d e T esp i s, y E u seb i o , Cr ón i ca , O l i m ­

p i ad a 4 7, 2; asi m i sm o , H o r ac i o , A r t e poét i ca , 220 .

5. V éase L es ét udes classiqu es, 19 6 4 , p ágs. 9 7 - 12 9 .

6. P r a t i n as d e F l i u n t e h ab r ía l l ev ad o el d r am a sat í r i c o a A t en as al co m i en z o

d el si g l o V a .C .

7. E l au t o r c i t a cu at r o e j em p l o s e i n si st e so b r e t o d o en d o s ep í t et o s d e D i o n i -

Page 16: tragedia griega Jacqueline de Romilly

El género trágico 21

Sea c u al sea l a so l u c i ó n , p o r l o d em ás, si g u e si en d o ab r u p t o el

p aso en t r e eso s r i t o s p r i m i t i v o s y l a f o r m a l i t e r a r i a en l a cu a l d esem ­

b o car o n . E n u n caso , es n ec esar i o i m a g i n a r u n c am b i o p r o f u n d o d e

t o n o y d e o r i en t ac i ó n . Y en el o t r o , l a ev o l u c i ó n es m en o s i l ó g i c a ,

p er o el c am i n o q u e h ay q u e r ec o r r e r si g u e si en d o p ar t i c u l a r m en t e

l a r g o .

E l h ec h o es q u e est as f i est as r i t u a l es, c u a l q u i e r a q u e sea el sesgo

q u e h ay an ad o p t ad o , so n m ás o m en o s i n c u m b en c i a d e l a so c i o l o g ía ,

m i en t r as q u e el n ac i m i en t o d e l a t r ag ed i a si g u e si en d o u n ac o n t ec i ­

m i en t o ú n i c o , q u e n o t i en e eq u i v a l en t e en n i n g ú n o t r o p aís n i en

n i n g u n a o t r a ép o ca. D e l m i sm o m o d o , l as i m p r o v i sac i o n es d e l o s

p ast o r es se h an d ad o si n l u g a r a d u d as en m u c h o s p u eb l o s, y se h an

p o d i d o h ac er su g er en t es c o m p ar ac i o n es co n l a t r ag ed i a . P er o l o s

p ast o r es, l o s sacer d o t es y l o s c am p esi n o s n o i n v en t a r o n en o t r o s l u ­

g ar es l a t r ag ed i a . Y t o d as l as h i p ó t esi s so b r e el o r i g en d e l a t r ag ed i a ,

d e l as p eo r es a l as m e j o r es, n o n o s su m i n i st r an — au n c u an d o est én

en l o c i e r t o — l a c l av e d e est e m i st er i o .

D e h ec h o , el g én er o l i t e r a r i o q u e es l a t r ag ed i a n o p u ed e e x p l i ­

car se m ás q u e en t ér m i n o s l i t e r a r i o s.8 Y , d ad o q u e l as t r ag ed i as q u e

se c o n ser v an n o n o s h ab l an n i d e m ac h o s c ab r ío s n i d e sá t i r o s, h ay

q u e a d m i t i r n ec esar i am en t e q u e su a l i m en t o f u n d am en t a l n o p r o c e­

d e n i d e ese c u l t o n i d e eso s d i v er t i m en t o s. P u d i e r o n c o n st i t u i r su

o casi ó n . P u d i e r o n i n sp i r a r l a i d ea d e esa m ez c l a d e can t o s y d e d i á ­

l o g o s en t r e p er so n as d i sf r az ad as, q u e i m i t an u n a ac c i ó n m ít i c a si t u a­

d a f u e r a d el t i em p o . P u d i e r o n i n c l u so i l u m i n a r l a c o n u n a l u z m ás

r e l i g i o sa. P e r o n o h i c i e r o n m ás. Y l a t r ag ed i a , c o m o g én er o l i t er ar i o ,

so l o ap ar ec i ó en l a m ed i d a en q u e esas f i est as en h o n o r a D i o n i so

f u er o n a b u sc ar d e l i b e r ad am en t e l a su st an c i a m i sm a d e su s r ep r e ­

sen t ac i o n es en u n t er r en o ex t r an j e r o al en t o r n o d e ese d i o s.

so : D i o n i so A i g o b o l o s ( m at ad o r d e cab r as) y D i o n i so M e l an a i g i s ( co n p i el d e c a­

b r a n egr a) . N a t u r a l m en t e , n o s sen t i r íam o s m ás sat i sf ech o s si el t ér m i n o em p l ead o

f u er a t ragos.

8. V éase G . F . E l se , T h e O r igi n a n d Ea r l y Fo r m o f Greeks T r aged y , M ar t i n

C l assi ca l L ec t u r es, X X , 19 6 5, p ág . 3 1.

Page 17: tragedia griega Jacqueline de Romilly

2 2 La tragedia griega

E l p asa j e en el q u e H e r ó d o t o h ab l a d e A r i ó n m en c i o n a l as r e ­

p r esen t ac i o n es q u e i l u st r an l as d esv en t u r as d e A d r a st o , u n o d e l o s

h ér o es r e l ac i o n ad o s co n el c i c l o t eb an o . C l í st en es, d i c e H er ó d o t o ,

d ev o l v i ó est o s co r o s a D i o n i so . ¿Q u i e r e acaso d ec i r q u e o r d en ó c o n ­

v e r t i r a D i o n i so en el h ér o e d e l a r ep r esen t ac i ó n m i sm a? E s l íc i t o

p o n er l o en d u d a. C l í st en es p u ed e h ab er r e l ac i o n ad o si m p l em en t e el

c o n ju n t o d e l a f i est a c o n el c u l t o d e D i o n i so . E n c u a l q u i e r caso , u n a

co sa es seg u r a : q u e l a t r ag ed i a so l o a d q u i r i ó ex i st en c i a l i t e r a r i a el d ía

en q u e su m at er i a f u e i g u a l m en t e l i t e r a r i a y en q u e se i n sp i r ó , d i r e c ­

t a y am p l i am en t e , en l o s d at o s d e l o s q u e y a t r at ab a l a ep o p ey a.

E se e r a u n t e r c er e l em en t o , c o m o u n c u er p o ex t r añ o en el c u l ­

t o d e D i o n i so . Y u n p r o v e r b i o a m en u d o c i t ad o l o d ec ía, b a j o l a f o r m a

d e u n a c r í t i c a o , t al v e z , d e u n aso m b r o : « A h í n o h ay n ad a q u e c o n ­

c i e r n a a D i o n i so » .9

L a ep o p ey a y l a t r ag ed i a t r a t an , e f ec t i v am en t e , l a m i sm a m at er i a .

C i e r t am en t e , h u b o a l g u n as o b r as r e l a t i v as a l o s m i t o s d e D i o n i so ( l as

Bacan t es, d e E u r í p i d e s, so n p a r a n o so t r o s su ú n i c o e j em p l o ) , c o m o

t am b i én h u b o a l g u n as o b r as r e l a t i v as a h ech o s d ec i si v o s d e l a h i st o r i a

c o n t em p o r án ea ( L os per sas d e E sq u i l o so n p a r a n o so t r o s su ú n i c o

e j em p l o ) , p er o , n o r m a l m en t e , l a t r ag e d i a se c o n sag r ó a l o s m i sm o s

m i t o s q u e l a ep o p ey a : a l a g u e r r a d e T r o y a , a l as h az añ as d e H é r c u ­

l es, a l as d esv en t u r as d e E d i p o y d e su est i r p e . Sa l v o l o s d o s e j em p l o s

c i t ad o s, t o d as l as o b r as q u e se c o n ser v an en c u en t r an ah í su m a t er i a

p r i m a.

N o h ay n ad a d e ex t r añ o en el l o : l a ep o p ey a h ab ía si d o d u r an t e si ­

g l o s el g én er o l i t e r ar i o p o r ex c el en c i a . T a m b i é n l a l í r i c a ex t r a j o d e el l a

su a l i m en t o . Y l a m at er i a ép i ca h ab ía si d o l a m at er i a n o r m a l d e c u a l ­

q u i e r o b r a d e ar t e . L o m ás aso m b r o so , d e h ec h o , es q u e si g u i e r a si en ­

d o l a d e l a t r ag ed i a , y n o so l o en l a A t en as d el si g l o v a. C . , si n o d es­

p u és d e l o s g r i eg o s y h ast a l a ép o c a m o d er n a.

9. V éase P l u t a r c o , Cu est ion es de ban qu et e, 6 15 a; Z en o b i u s, V , 40 , y l a Su d a ,

a d ver b . E l r ep r o ch e se ap l i ca a d i f er en t es au t o r es d e t r ag ed i as, en t r e el l o s a T esp i s

y a E u r íp i d es.

Page 18: tragedia griega Jacqueline de Romilly

El género trágico3 .

N o cab e l a m en o r d u d a d e q u e , en v a r i o s p aíses, se p r o d u j e r o n

t r ag ed i as h i st ó r i c as. P e r o , en esas t r ag ed i as, l a h i st o r i a se t r at a u n

p o c o a l a m an e r a d e u n m i t o : si r v e c o m o e j em p l o , so l o se r e t i en e su

sen t i d o h u m an o , se m o d i f i c a a c o n v en i en c i a . A l c o n t r a r i o , h ay q u e

d ec i r q u e l o s m i t o s g r i eg o s y a se c o n si d er ab an , en su o r i g en , co m o l a

r eesc r i t u r a d e u n a h i st o r i a , l e j an a y h er o i c a , p er o , en l ín eas g en e r a ­

l es, v e r íd i c a . D e m o d o q u e l a d i f e r en c i a n o es r ad i c a l : d e c u a l q u i e r

f o r m a , se t r at a d e p er so n a j es q u e p er t en ec en a u n p asad o h er o i c o y

q u e est án r ev est i d o s d e a l g u n a g r an d ez a .

E st a g r a n d e z a , p r o ced en t e d e l a ep o p ey a g r i e g a , i b a a p er m an e ­

c er p ar a si em p r e v i n c u l ad a co n el g én er o t r ág i c o . E st e g én er o , d e ­

c ían a v eces l o s au t o r es d el si g l o x x , es « p ar a l o s r ey es» : eso s r ey es so n

l o s h ér o es d e H o m e r o q u e , t r as en t r a r u n d ía en l a t r ag ed i a , n u n c a l a

ab an d o n ar ían .

A sí se ex p l i c an l as Elec t r a y l o s O r est e q u e se si g u en esc r i b i en d o

en l a ac t u a l i d ad . L a i m i t ac i ó n es l eg í t i m a . Y r esp o n d e a u n a c o st u m ­

b r e an t i g u a , q u e n o car ec e d e i n t er és p ar a ex p l i c a r l a f o r t u n a d el

g én er o .

E sas l ey en d as, en ef ec t o , e r an co n o c i d as. L o s n i ñ o s d e A t en as l as

h ab ían ap r en d i d o co n l a ep o p ey a. E l p ú b l i c o d e l as r ep r esen t ac i o n es

co n o c ía su s e l em en t o s. U n au t o r t r ág i c o l as r e t o m ab a, y o t r o , d esp u és

d e él , v o l v í a so b r e el m i sm o t em a. A h o r a b i en , est o si g n i f i c a q u e l a

o r i g i n a l i d a d d e l o s au t o r es r ad i c a en o t r a p ar t e : n o se si t u ab a al n i v e l

d e l o s ac o n t ec i m i en t o s, d e l a ac c i ó n , d el d esen l ac e, si n o al n i v e l d e l a

i n t er p r e t ac i ó n p er so n a l . C o n si st ía en q u e el au t o r p o n ía d e m an i f i es­

t o u n a em o c i ó n , u n a e x p l i c ac i ó n , u n a si g n i f i c a c i ó n q u e n o h ab ían

si d o l e íd as h ast a él . A sí se d esar r o l l ó u n a esp ec i e d e d i st an c i a , d e a l e ­

j am i en t o co n r esp ec t o al t em a, q u e p ar ec e h ab er c o n t r i b u i d o a ac r e ­

c en t a r aú n m ás l a m a jest ad d e l a t r ag ed i a y a c o n f e r i r l e u n a d i m en ­

si ó n esp ec i a l . P o r q u e so l o u t i l i z a u n a ac c i ó n d ad a c o m o u n a esp ec i e

d e l e n g u a j e , p o r m ed i o d el c u al el p o et a p u ed e d ec i r l o q u e l e af ec t a o

b i en l e c o n t r a r ía .

Sea c o m o sea, l o s au t o r es d e t r ag ed i as t o m ar o n l a m a t er i a d e su s

o b r as d e l a ep o p ey a. Y n o cab e d u d a d e q u e ad o p t a r o n , al m i sm o

Page 19: tragedia griega Jacqueline de Romilly

24La tragedia griega

t i em p o , el ar t e d e c o n st r u i r p er so n a j es y escen as c ap aces d e c o n m o ­

v e r . P r o d u c i r u n a sen sac i ó n d e v i d a , i n sp i r a r t e r r o r y p i ed ad , o b l i g a r

a c o m p ar t i r u n su f r i m i en t o o u n a an si ed ad : l a ep o p ey a si em p r e l o

h ab ía h ec h o y f u e q u i en en señ ó a l o s t r ág i c o s a h acer l o . P o r eso p o ­

d r í a d ec i r se q u e , si l a f i est a c r eó el g én er o t r ág i c o , f u e g r ac i as a l a

i n f l u e n c i a d e l a ep o p ey a, q u e se c o n v i r t i ó en u n g én er o l i t e r ar i o .

P er o l a ep o p ey a, así t r an sp l an t ad a , se v o l v i ó u n a co sa n u ev a . L a

ep o p ey a r e l a t ab a; l a t r ag ed i a m o st r ó . A h o r a b i en , est o m i sm o i m p l i ­

ca u n a ser i e d e i n n o v ac i o n es. E n l a t r ag ed i a , en ef ec t o , t o d o est á ah í ,

an t e l a v i st a , r ea l , p r ó x i m o , i n m ed i a t o . Se c r ee en el l o . Se si en t e t e ­

m o r . Y sab em o s, a t r av és d e l t est i m o n i o d e l o s an t i g u o s, h ast a q u é

p u n t o a l g u n o s esp ec t ácu l o s a t e r r ab an a l o s esp ec t ad o r es. L a t r ag ed i a

ex t r ae su f u e r z a , co n r esp ec t o a l a ep o p ey a, d e ser t an t an g i b l e y t e ­

r r i b l e .

P o r o t r a p ar t e , l a l i m i t ac i ó n i m p u est a al au t o r l e o b l i g ab a a e l e ­

g i r u n ep i so d i o , u n o so l o , c u y o d esar r o l l o p u d i e r an seg u i r l o s esp ec ­

t ad o r es en su c o n t i n u i d ad , p asan d o así p o r t o d as l as f ases d e l a esp e­

r a n z a y el t em o r , si n d i sm i n u c i ó n d e l i n t er és. L a t r ag ed i a ex t r ae

t am b i én su f u e r z a d e est a c o n c en t r ac i ó n d e l a at en c i ó n en u n a ac c i ó n

ú n i c a .

E n f i n , l as p r o p i as c o n d i c i o n es d e l a r ep r esen t ac i ó n g u i ab an n a ­

t u r a l m en t e a l o s au t o r es al en g r an d ec i m i en t o d e l o s h ér o es y l o s t e ­

m as. C o n v i e n e r ec o r d a r l o , p o r q u e n u est r o t eat r o (y y a el t eat r o l a t i ­

n o ) d i f i e r e en est e p u n t o d e l o q u e er a el t eat r o g r i eg o . T e a t r o al a i r e

l i b r e , est e ú l t i m o se d est i n ab a a r ep r esen t ac i o n es ex c ep c i o n al es, q u e

r eu n ían a u n p ú b l i c o en o r m e. L o s r o st r o s se d i si m u l ab an co n m ásc a­

r as y l o s p ap el es f em en i n o s er an r ep r esen t ad o s p o r h o m b r es. T o d o

est o ex c l u y e p o r p r i n c i p i o u n t eat r o d e g r an d es m at i c es, c o n sag r ad o

a l a p si c o l o g ía y a l o s c ar ac t e r es. C o n t r a r i a m en t e a l o q u e est o s t é r ­

m i n o s p o d r ían su g e r i r a u n m o d er n o , el t eat r o er a , en t r e l o s g r i eg o s,

m en o s ín t i m o q u e l a ep o p ey a .

D a d o q u e m o st r ab a en l u g a r d e r e l a t a r , y p o r l as c o n d i c i o n es

m i sm as en l as q u e m o st r ab a , l a t r ag ed i a p o d ía ex t r ae r d e l o s t em as

ép i co s u n e f ec t o m ás i n m ed i a t o y u n a l ecc i ó n m ás so l em n e. E st o

Page 20: tragedia griega Jacqueline de Romilly

El género trágico25

c o n c o r d ab a d e m a r a v i l l a co n su d o b l e f u n c i ó n , r e l i g i o sa y n ac i o n a l :

l o s t em as ép i co s so l o ac c ed ían al t eat r o d e D i o n i so v i n c u l ad o s a l a

p r esen c i a d e l o s d i o ses y al c u i d ad o d e l a c o l e c t i v i d ad , m ás i n t en so s,

m ás c au t i v ad o r es, m ás c ar g ad o s d e f u e r z a y d e sen t i d o .

U n e j e m p l o p u ed e b ast ar p ar a d a r c u en t a d e est a m u t ac i ó n .

E l asesi n at o d e A g a m e n ó n , e j ec u t ad o p o r E g i st o o b i en p o r C l i -

t em n est r a , y el r eg r eso d e O r est es p ar a v e n g a r a su p ad r e , er an t em as

q u e y a est ab an p r esen t es en l a O disea y q u e h ab ía n a r r a d o l a O r est ía-

d a , d e E st esíc o r o . E sq u i l o n o h i z o o t r a co sa q u e r e t o m ar u n t em a

ép i co . P e r o , c o n él , t o d o se o r g an i z a : en el c en t r o d e c ad a u n a d e l as

d o s p r i m e r as o b r as d e su O r est íada f i g u r a u n asesi n at o , q u e es t am ­

b i én sac r i f i c i o y sac r i f i c i o ex p i a t o r i o . Se esp er a , se t em e, se asi st e a él

y l u eg o se l l o r a p o r él : c ad a t r ag ed i a p r esen t a, p u es, u n a u n i d ad f u e r ­

t em en t e o r g an i z a d a . E n l a t e r c er a , u n j u i c i o su st i t u y e al asesi n at o ,

p er o el p r o b l e m a n o es m en o s si m p l e n i m en o s t e r r i b l e , y a q u e, t am ­

b i én ah í , se t em e p o r u n a v i d a q u e est á en j u eg o . P o r o t r a p ar t e , si el

p ú b l i c o n o v e ía est o s asesi n at o s, q u e se p er p e t r ab an en l o s ap o sen t o s,

asi st ía d i r ec t am en t e al h o r r i b l e en f r en t am i en t o en t r e l a m ad r e y el

h i j o , c o n t em p l ab a el d e l i r i o d e C a san d r a , y — ex p er i en c i a q u e su p e­

r ab a c o n m u c h o t o d o l o q u e se co n o c ía— p o d ía o b ser v a r có m o l as

er i n i s, v i v as, b r am ab an d e f o r m a esp an t o sa m i en t r as p er seg u ían i n ­

f a t i g ab l em en t e al cu l p ab l e. C a d a t r ag ed i a e r a p o r t an t o p r esen c i a , y

u n a p r esen c i a t e r r o r í f i c a . P e r o ¿p r esen c i a d e q u é? N o so l o d el asesi ­

n at o y d e l a v i o l en c i a , p o r q u e el asesi n at o er a q u er i d o p o r l o s d i o ses

y l as e r i n i s e r an d i v i n i d ad es: p o r eso p u ed e d ec i r se q u e, en l a su ce­

si ó n d e l as t r es t r ag ed i as, se m an i f est ab a l a p r esen c i a d i v i n a . A l n i v e l

m i sm o d e l o s h ech o s y d e l as ac c i o n es h u m an as, l a si m p l e est r u c t u r a

d e l as o b r as i m p o n e a l g u n as p r eg u n t as y d i r i g e l a at en c i ó n d e l o s

esp ec t ad o r es h ac i a l o s d i o ses. ¿P o r q u é, en ef ec t o ? ¿P o r q u é el asesi ­

n a t o d e A g a m e n ó n ? D esp u és d e est e p r i m e r c r i m en , ¿p o r q u é o t r o ?

¿D ó n d e est á l a c u l p a? ¿D ó n d e el c ast i g o ? ¿Q u é d ec i d en l o s d i o ses?

E st a i n t e r r o g ac i ó n a t o r m en t a al co r o , a t o r m en t a a l o s ac t o r es. Y l o s

d i o ses m i sm o s est án m u y cer ca. H a b l a n p o r m ed i o d e o r ác u l o s, h a ­

b l an a t r av és d e l a v o z d e u n v i si o n ar i o . Y l u eg o , d e p r o n t o , su r g e l a

Page 21: tragedia griega Jacqueline de Romilly

20 La tragedia griega

E r i n i a , ap ar ec e A p o l o , d esp u és A t en ea . C a d a t r ag ed i a c o b r a u n v a ­

l o r r e l i g i o so . Y , f i n a l m en t e , el c o n ju n t o es a l g o m ás. A t en ea , e f ec t i ­

v am en t e , es l a d i o sa t u t e l a r d e A t en as. G r ac i a s a su i n t e r v en c i ó n , l as

e r i n i s a su v ez se t r an sf o r m an en d i v i n i d ad es p r o t ec t o r as d e l a c i u ­

d ad ; v e l a r án p o r el o r d en y l a p r o sp er i d ad d e l p aís, d o n d e se i n st a ­

l a r án en ad el an t e . Y , al m i sm o t i em p o q u e o b t i en e est e r esu l t ad o ,

A t en ea d a su s i n st r u c c i o n es p a r a q u e si g a ex i st i en d o el A r e ó p a g o ,

f u n d a d o p ar a j u z g a r a O r est es. A h o r a b i en , E sq u i l o ex a l t a el p a ­

p el r eser v ad o a est e t r i b u n a l en el m o m en t o p r ec i so en q u e A t en as

ac ab ab a d e c am b i a r su s p o d er es. L a O r est íada, p o r e l l o , i n c u m b e a l a

v i d a d e l a c i u d ad : h ab l a d e c i v i sm o , su i n sp i r ac i ó n ad q u i e r e u n a l ­

c an ce n ac i o n a l .

L a O r est íada i l u st r a , p u es, l o s d i f e r en t es car ac t e r es q u e c o n st i t u ­

y en l a p r o f u n d a o r i g i n a l i d a d d e l a t r ag ed i a g r i eg a , y a sea q u e d i st i n ­

g an si m p l em en t e el g én er o t r ág i c o d e l g én er o ép i co , y a sea q u e d i s­

t i n g an l a t r ag ed i a g r i eg a d e l as t r ag ed i as p o st er i o r es, al v i n c u l a r a

a q u e l l a a su s r aíces r e l i g i o sas o n ac i o n al es.

A est o h ay q u e añ ad i r q u e, en el d e t a l l e d e su est r u c t u r a , l a t r ag e ­

d i a g r i eg a p r esen t a car ac t e r es q u e n o so n m en o s o r i g i n a l es, y q u e n o

r e f l e j an m en o s f i e l m en t e l as c i r c u n st an c i as m i sm as en l as q u e n aci ó .

2 . LA ESTRU CTU RA DE LA TRAGED I A

E l p r i n c i p a l d e est o s c ar ac t e r es o r i g i n a l es se h ace ev i d en t e al p r i m e r

v i st az o : l a t r ag ed i a g r i e g a f u si o n a en u n a o b r a ú n i c a d o s e l em en t o s

d e n a t u r a l ez a d i st i n t a c o m o so n el c o r o y l o s p er so n a jes.

P u est o q u e l a t r ag ed i a n ac i ó y a sea d e l d i t i r am b o m i sm o , y a p o r

i m i t ac i ó n d e l o s p r o c ed i m i en t o s d e l d i t i r am b o , est a d u a l i d a d n o t i e­

n e n ad a d e so r p r en d en t e : el d i t i r am b o er a , en ef ec t o , el d i á l o g o d e

u n p er so n a j e co n u n co r o .

E n l a t r ag ed i a g r i e g a , est e r ep ar t o si g u e si en d o f u n d am en t a l : se

p o n e d e m an i f i est o en l a est r u c t u r a l i t e r a r i a d e l as o b r as y en l o s m e­

t r o s em p l ead o s, y c o r r esp o n d e i n c l u so a u n a d i v i si ó n esp ac i a l .

Page 22: tragedia griega Jacqueline de Romilly

El género trágico27

U n a t r ag e d i a g r i eg a , en ef ec t o , se r ep r esen t ab a en d o s l u g ar es a l a

v e z , y , p a r a en t en d er l o , b ast a co n h ab er v i st o l as r u i n as d e c u a l q u i e r

t eat r o g r i eg o . L o s esp ec t ad o r es o c u p ab an g r a d e r ías q u e f o r m ab an u n

am p l i o h em i c i c l o . F r e n t e a est as g r a d e r ías, se si t u ab an l o s m u r o s d e

f o n d o q u e d o m i n ab an u n escen ar i o , q u e se p u ed e c o m p ar a r al esce­

n a r i o d e n u est r o s t eat r o s: est e esc en ar i o e r a el l u g a r r ese r v ad o a l o s

p er so n a j es. E st a b a r em at ad o p o r u n a esp ec i e d e b a l c ó n , d o n d e p o ­

d ían a p a r ec e r l o s d i o ses. N o h ab ía u n v e r d a d e r o d ec o r ad o , ap en as

u n as p u er t as y a l g u n o s sím b o l o s q u e su g e r ía n el en c u ad r e d e l a ac ­

c i ó n : n o r m a l m en t e , se su p o n ía q u e l a ac c i ó n se d esar r o l l ab a f u er a , a

l as p u er t as d e u n p a l ac i o ; en caso d e n ec esi d ad , u n a m á q u i n a t eat r a l

(o e\ ^ y } { l em a) p o d ía m o st r a r en el esc en ar i o u n c u ad r o o u n b r ev e

ep i so d i o q u e r e f l e j a b a u n a ac c i ó n c o n su m ad a en el i n t e r i o r . T o d o

est o er a si m p l e y d e jab a u n a p ar t e b ast an t e g r a n d e a l a i m ag i n ac i ó n

d e l esp ec t ad o r , p er o , a p esar d e t o d o , se t r a t ab a d e p r o c ed i m i en t o s

c o m p ar ab l es a l o s q u e d eb ía p r ac t i c a r el t eat r o f r an c és t r ad i c i o n a l .

E n c am b i o , h ab ía u n a d i f e r en c i a m ay o r , p o r q u e , ad em ás d e est e

esc en ar i o , u n t eat r o an t i g u o c o m p r en d ía l o q u e se l l am ab a l a or ches­

t r a , o l a o r q u est a , en el sen t i d o en q u e d ec i m o s en f r an c és: f a u t eu i l s

d ’or ch est r e [ « p at i o d e b u t ac as» ] . L a o r q u est a e r a u n a am p l i a ex p l an a ­

d a en f o r m a c i r c u l a r , c u y o cen t r o est ab a o c u p ad o p o r u n a l t a r r ed o n ­

d o d ed i c ad o a D i o n i so ; y est a ex p l an ad a se r ese r v ab a ex c l u si v am en t e

p ar a l o s m o v i m i en t o s d e l co r o . D esd e l u eg o , el esc en ar i o co n st i t u ía

el f o n d o d e l a o r q u est a ; y u n a y o t r o est ab an c o m u n i c ad o s p o r u n o s

p el d añ o s. Si n em b ar g o , l o s d o s l u g a r es seg u ían si en d o m u y d i st i n t o s;

l o s ac t o r es, en el escen ar i o , n o ac o st u m b r ab an a m ez c l a r se co n l o s

c o r i st as d e l a o r q u est a ; y l o s co r i st as, p o r su p ar t e , n o su b ían n u n c a al

escen ar i o .

D i c h o co n o t r as p a l ab r as, el c o r o , p o r el l u g a r q u e o cu p ab a, p e r ­

m an ec ía d e a l g ú n m o d o i n d ep en d i en t e d e l a ac c i ó n q u e se d esa r r o ­

l l ab a. P o d ía d i a l o g a r c o n l o s ac t o r es, a l en t a r l o s, ac o n se j a r l o s, t em er ­

l o s e, i n c l u so , am en az ar l o s. P e r o p er m an ec ía al m a r g en .

P o r l o d em ás, su f u n c i ó n se d e f i n ía co n p r ec i si ó n . Si o cu p ab a l a

o r q u est a , el l o r esp o n d ía a su p ap el , q u e er a l í r i c o y l l ev ab a co n si g o

Page 23: tragedia griega Jacqueline de Romilly

28 La tragedia griega

m o v i m i en t o s q u e i b an d esd e u n a m ím i c a b ast an t e h i e r á t i c a h ast a

v e r d ad er as d an z as. E n l ín eas g en er a l es, c an t ab a y d an z ab a. P o r su ­

p u est o , p o d ía su ced er q u e u n j e f e d e c o r o (o co r i feo ) m an t u v i e r a co n

u n p er so n a j e u n d i á l o g o h ab l ad o ( d el m i sm o m o d o q u e u n ac t o r p o ­

d ía p r o t ag o n i z a r , m ás i n u su a l m en t e , u n m o n ó l o g o ) , p er o el c o r o en

su c o n ju n t o so l o se ex p r esab a c an t an d o o , co m o m ín i m o , sa l m o d i a n ­

d o . Y est o se t r ad u c ía en el m et r o em p l ead o : m i en t r as q u e l o s ac t o ­

r es, en u n a t r ag ed i a g r i e g a , se ex p r esan en t r ím et r o s y ám b i c o s ( y so l o

ad o p t an u n a f o r m a l í r i c a b a jo l a sac u d i d a d e u n a em o c i ó n i n t en sa) ,

el c o r o , en c am b i o , se ex p r esa en m et r o s c ar ac t e r íst i c o s d el l i r i sm o :

l o s v er so s c o n st i t u y en l a m a y o r ía d e l as v eces c o n ju n t o s d e est r o f as

em p ar e j ad as, a l t e r n ad as, si em p r e c a l c u l ad am en t e o r d en ad as y si e m ­

p r e ac o m p añ ad as p o r m o v i m i en t o s c o r eo g r á f i c o s. L a t i p o g r a f ía d e

n u est r as ed i c i o n es d a c u en t a d e est a d i f e r en c i a : l o s car ac t e r es en c u r ­

si v as d esi g n an l as p ar t es c an t ad as, en t r e l as q u e f i g u r a n en p r i m e r

l u g a r l o s c o n ju n t o s co r al es.

E l r esu l t ad o es q u e l a t r ag ed i a g r i e g a se d esar r o l l a si em p r e en

d o s p l an o s y q u e su est r u c t u r a est á g u i ad a p o r el p r i n c i p i o d e est a

a l t e r n an c i a .

R ep r esen t ad a si n c o r t i n a , u n a t r ag ed i a g r i e g a n o t i en e act o s. E n

c am b i o , l a ac c i ó n se r ep ar t e en u n d e t e r m i n ad o n ú m er o d e p ar t es,

l l am ad as ep i so d i o s, q u e sep ar an l o s f r ag m en t o s l í r i c o s e j ec u t ad o s

p o r el c o r o en l a o r q u est a .

C o m o ad em ás se n ecesi t a u n t i em p o p ar a q u e el c o r o en t r e en l a

o r q u est a y se d i st r i b u y a en e l l a , l a est r u c t u r a h ab i t u a l d e l a t r ag ed i a

est á f o r m a d a h ab i t u a l m en t e p o r u n p r ó l o g o ( q u e p r eced e a l a en t r a ­

d a d e l co r o ) , l u eg o l a en t r ad a d e l c o r o , o pár o do (a m en u d o esc r i t a

co n u n r i t m o d e m ar c h a) , l u eg o l o s ep i so d i o s, sep ar ad o s p o r l o s c an ­

t o s d el c o r o (o est ásim os) , c u y o n ú m er o p u ed e v a r i a r , seg ú n l o s caso s,

en t r e d o s y c i n co , y f i n a l m en t e l a sa l i d a d el c o r o , o éxodo.

E so n o i m p ed ía q u e t an t o ac t o r es co m o c o r i st as se v i e r an a r r a s­

t r ad o s p o r u n a m i sm a c o r r i en t e em o c i o n a l , y ex i st ía u n a f o r m a p r e ­

c i sa en q u e se t r ad u c ía est a r e l ac i ó n : e r a u n a esp ec i e d e can t o d i a l o ­

g ad o en el q u e ac t o r es y c o r i st as p ar t i c i p ab an c o n ju n t am en t e y q u e

Page 24: tragedia griega Jacqueline de Romilly

El género trágico 29

se l l am ab a el fypm m ós. C o m o esc r i b e A r i st ó t e l es (Poét i ca , 14 5 2 b ) , «el

\ om m ó s es u n a l am en t ac i ó n q u e p r o v i en e a l a v ez d e l co r o y d e l a

escen a» . T r a d u c e el ac u er d o , su e l d a en u n t o d o l a escen a y l a o r q u es­

t a. Y p u ed en c o n t ar se co n l o s d ed o s d e u n a m an o l as t r ag ed i as q u e

n o t en g an al m en o s u n ep i so d i o q u e h ag a l a f u n c i ó n d e l^ om m ós.

T o d o est o t r az a u n esq u em a m u y c l a r o , q u e se en c u en t r a en el

c o n ju n t o d e l as t r ag ed i as g r i eg as y l as d i st i n g u e d e c u a l q u i e r o t r a

o b r a t eat r a l . P e r o n o s en g añ ar íam o s si h ab l á r am o s d e r eg l as. M i en ­

t r as q u e l a t r ag ed i a f r an c esa d e l si g l o x v n se p r eo c u p a c o n st an t e­

m en t e p o r ad ec u ar se a u so s f i j o s, l a t r ag ed i a g r i eg a , en c am b i o , n o

d e j ó n u n c a d e i n n o v a r y d e i n v en t a r , y so l o su i m p u l so i n t er i o r i l u ­

m i n a el sen t i d o d e u n a est r u c t u r a a p r i m e r a v i st a d esc o n cer t an t e.

E s n a t u r a l , p o r l o d em ás: el g én er o m i sm o er a u n a i n v en c i ó n

r ec i en t e, q u e n o c o n t ab a co n n i n g ú n p r ec ed en t e n i n i n g ú n m o d e­

l o . F u e n ec esar i o en t o n ces e l ab o r ar l o , d esp l eg ar l o , p er f ec c i o n ar l o .

T a m b i é n f u e n ec esar i o i r ad ap t án d o l o a l o s i n t er eses q u e se m o d i f i ­

c ab an , a l as n u ev as c u r i o si d ad es q u e n ac ían . D e 4 72 a 4 0 5 a. C . , ex p e­

r i m en t ó el e f ec t o d e m ú l t i p l es est ím u l o s, q u e se c o m b i n ar o n en u n a

ev o l u c i ó n casi c o n t i n u a.

E n c o n c r e t o , l a i m p o r t an c i a r e l a t i v a d e l o s d o s e l em en t o s c o n s­

t i t u t i v o s d e l a t r ag ed i a — l a ac c i ó n d r am át i c a y l o s co r o s l í r i c o s— se

f u e m o d i f i c an d o p o co a p o co , h ast a el p u n t o d e l l e g a r a i n v er t i r se . Y

est a m o d i f i c a c i ó n , al l l e v a r c o n si g o v a r i as c o n sec u en c i as, acab ó p o r

t r ad u c i r se en u n a r en o v ac i ó n c o m p l et a: d e l as o b r as ar c a i c as d el c o ­

m i en z o se l l eg ó así , en m en o s d e u n si g l o , a u n t eat r o y a b ast an t e p a ­

r ec i d o al n u est r o .

E l co r o

E l c o r o e r a , en .su o r i g en , el e l em en t o m ás i m p o r t an t e d e l a t r a ­

g ed i a .

E n l a p r ep ar ac i ó n d e l c er t am en d e t r ag ed i a , d o s d e l o s m ás i m ­

p o r t an t es m ag i st r ad o s d e l a c i u d ad se c u i d ab an , en p r i m e r l u g a r , d e

Page 25: tragedia griega Jacqueline de Romilly

3° La tragedia griega

l a d esi g n ac i ó n d e l o s c o r eg as — es d ec i r , l o s c i u d ad an o s r i c o s q u e,

c a r g an d o co n l o s g ast o s, t en d r ían el h o n o r d e r ec l u t a r y d e m an t en er

a l o s q u i n c e m i em b r o s d e l c o r o , o c o r eu t as— .10 L o s m i sm o s m a g i s­

t r ad o s e l eg ían asi m i sm o en t r e l o s p o et as q u e « so l i c i t ab an u n c o r o » ,

es d ec i r , so l i c i t ab an c o m p et i r . E l p o et a q u e h ab ía o b t en i d o d e ese

m o d o u n co r o t en ía en t o n ces l a t a r ea d e i n st r u i r l o . E n p r i n c i p i o , se

en c a r g ab a p er so n a l m en t e , a u n q u e p o d ía r e c u r r i r al t al en t o d e u n

« m aest r o d e c o r o » . D i c h o co n o t r as p a l ab r as, el c o r o se c o n si d er ab a

c o m o el p u n t o d e p a r t i d a d e l a r ep r esen t ac i ó n .

M u c h o s t í t u l o s, p o r o t r a p ar t e , d an t est i m o n i o d e est a i m p o r t an ­

c i a. A l i g u a l q u e en l a c o m ed i a, en ef ec t o , n o es ex t r añ o q u e se d esi g n e

a u n a t r ag ed i a p o r l a i n d i c ac i ó n d e l o s p ap el es c o n f i ad o s a l o s co r o s.

E s el caso d e L o s per sas, L a s su p l i can t es, L a s coéfor as y L a s eum én ides·, y

t am b i én en E u r íp i d es, d e L a s t r oyan as o Bacan t es. P u ed e i n c l u so su ce­

d e r q u e se l es asi g n e el t í t u l o d e ese m o d o au n c u an d o l a n a t u r a l ez a

d e l c o r o n o p er m i t a y a d e f i n i r el c o n t en i d o d e l a t r ag ed i a , c o m o en

L a s t r aqu in i as, d e Só f o c l es, o Fen i c i a s d e E u r íp i d es.

E st a c o st u m b r e d e r i v a d e q u e , en su o r i g en , el c o r o t en ía u n a

p ar t e p r ep o n d er an t e en el c u r so d e l a t r ag ed i a . R ep r esen t ab a a p e r ­

so n as est r ec h am en t e i n t e r esad as en l a acc i ó n q u e se l l ev ab a a cab o .

Y su s can t o s o c u p ab an u n n ú m er o c o n si d er ab l e d e v er so s.

A sí , l a su er t e d e l o s an c i an o s q u e c o m p o n en el c o r o en L o s per sas,

d e E sq u i l o , d ep en d e d i r ec t am en t e d e l éx i t o o d e l a r u i n a d e su so b e­

r an o . Si si en t en m i ed o es p o r sí m i sm o s, si se p r eg u n t an p o r a l g o es

p o r su p r o p i o p o r v en i r , p o r q u e l a su er t e d e su p aís d ep en d e d e l a

su er t e d e su e j é r c i t o . D e l m i sm o m o d o , en L o s si et e con t r a T eba s, el

c o r o est á f o r m a d o p o r l as m u j e r es d e l a c i u d ad , q u e en c ad a m o m en ­

t o t em en el d esast r e d e su p a t r i a y n o d e j an d e ev o c ar l a a t m ó sf e r a d e

u n a c i u d ad aso l ad a y saq u ead a: t i en en m i ed o al i m a g i n a r l o q u e l es

esp er a , a l as m u j e r es a r r ast r ad as, « ¡a y , a y ! , j ó v en es y an c i an as, i g u a l

q u e y eg u as, p o r l o s cab el l o s...» ( 326 - 329 ) . E t eo c l es, su r ey , l as r eg añ a

10 . E l co r o p ar ece h ab er est ad o f o r m ad o en su o r i g en p o r c i n cu en t a p er so ­

n as; l u eg o h ab r ía p asad o a d o ce y , co n Só f o c l es, a q u i n c e p er so n as.

Page 26: tragedia griega Jacqueline de Romilly

El género trágico3 1

y l as ex h o r t a a l a c a l m a, p er o el l as n o p u ed en d o m i n ar se: « Q u er r ía

o b ed ec er t e , p er o d e m i ed o n o t i en e r ep o so m i c o r az ó n . L a s i n q u i e ­

t u d es q u e en m i a l m a h ab i t an r e a v i v a n el t e r r o r q u e m e i n sp i r a l a

t r o p a q u e n o s t i en e c er c ad as. So y c o m o u n a t ím i d a p a l o m a q u e t i em ­

b l a d el m i ed o a ser p i en t es, c o m p añ er as d e l ech o f u n est as p ar a l o s

p i c h o n es q u e est án en el n i d o ...» ( 28 7- 29 4 ) . E l m i sm o co n t r ast e en t r e

u n h o m b r e d u eñ o d e sí m i sm o y u n c o r o f o r m a d o p o r m u j e r es a t e ­

r r ad as se en c u en t r a en L a s su p l i can t es, p o r q u e , t am b i én ah í , el co r o

est á c o m p u est o p o r l as q u e est án en p e l i g r o , e i g u a l m en t e p er si st e su

esp an t o , i r r e p r i m i b l e , a p esar d e l a r ep r o b ac i ó n d e su p ad r e : « Y a n o

p u ed e ev i t a r se m i m u er t e . M i c o r az ó n , so m b r ío , m e l at e f u e r t em e n ­

t e. L o q u e h a v i st o m i p ad r e h a h ec h o su p r esa en m í. E st o y m u er t a

d e m i ed o » ( 78 4 - 78 6 ) .

E st o s t r es e j em p l o s, est o s t r es g r i t o s d e esp an t o e l eg i d o s u n p o co

al a z a r d e l t ex t o , m u est r an su f i c i en t em en t e q u e , en l as o b r as d e est e

g én er o , el co r o n o es d e n i n g u n a m an er a u n e l em en t o ex t r añ o a l a

acc i ó n . E s a él a q u i en m ás c o n c i er n e. E s p o r él y a t r av és d e él co m o

p u ed e a f ec t a r a l o s esp ec t ad o r es. Y es c o m p r en si b l e q u e t en g a q u e

i n t e r v en i r , su p l i c a r y esp er ar , y q u e , en d e f i n i t i v a , su s em o c i o n es r e ­

f l e j en d e u n ex t r em o al o t r o l as d i f e r en t es et ap as d e l a acc i ó n .

P o r l o d em ás, es ev i d en t e q u e , en l as t r ag ed i as d e est e t i p o , el c o r o

d eb e al m i sm o t i em p o i n t er esar se m ás q u e n ad i e en el r esu l t ad o d e

l o s ac o n t ec i m i en t o s y , si n e m b ar g o , ser i n c ap az d e d esem p eñ ar en

e l l o s n i n g ú n p ap el . E s, p o r d e f i n i c i ó n , i m p o t en t e . P o r eso l a m a y o ­

r ía d e l as v ec es est á f o r m a d o p o r m u j e r e s, o en t o d o caso p o r a n ­

c i an o s, d em asi ad o v i e j o s p a r a l u c h a r , d em asi ad o v i e j o s i n c l u so p ar a

d e f en d er se: l o s an c i an o s d e L o s per sas y l o s d e A ga m en ó n so n e j e m ­

p l o s m u y c l ar o s, y l o s d e A gam en ó n i n c l u so l o l am en t an al c o m i en z o

d e l a o b r a.

P a r a q u e el co r o p u d i e r a c o n c i l i a r u n a f u n c i ó n t an i m p o r t an t e

c o n u n a i n c ap ac i d ad t al p ar a ac t u ar , e r a n ec esar i o q u e l a acc i ó n d e l a

t r ag ed i a est u v i e r a , p o r su p ar t e , p o co d esar r o l l ad a : c u an d o ad q u i r i ó

m a y o r r e l e v an c i a , el c o r o d e jó d e d esem p eñ ar l a f u n c i ó n c en t r a l q u e

l o h ab ía c ar ac t e r i z ad o . Y a en l as ú l t i m as o b r as d e E sq u i l o ( en P r o m e­

Page 27: tragedia griega Jacqueline de Romilly

32 La tragedia griega

t eo en caden ado y en O r est ea en g en er a l ) , el c o r o n o es o t r a co sa q u e

si m p a t i z an t e ; y , p o co d esp u és, em p ez am o s a en c o n t r a r eso s c o r o s,

d est i n ad o s a v o l v e r se c l ási c o s, c o m p u est o s p o r p ai san as, c o n f i d en t es

o t est i go s. P er si st e, si n d u d a , u n a r e l ac i ó n esen c i a l en t r e el h ér o e y el

g r u p o q u e d ep en d e d e él , p er o est e v ín c u l o t i en d e a v o l v e r se m ás

l a x o , y , c o n E u r íp i d e s, ac ab a d esh ac i én d o se casi p o r c o m p l et o .

B ast a u n e j em p l o p a r a i l u st r a r est a ev o l u c i ó n . E n L o s siet e con t r a

T eb a s, d e E sq u i l o , el c o r o est ab a f o r m a d o p o r esas m u j e r es a t e r r a ­

d as, q u e t em ían p o r su c i u d ad y , en c o n sec u en c i a , p o r su p r o p i a v i d a .

A h o r a b i en , E u r íp i d e s r e t o m ó el m i sm o h ech o en su o b r a t i t u l ad a l as

Fen i c i a s, a u n q u e est a v e z el c o r o est ab a c o m p u est o p o r j ó v en es f e n i ­

c i as en c am i n o h ac i a D e l f o s: so l o se en c u en t r an en T e b a s c o m o p a ­

r i en t es d e p aso , r eb o san t es d e si m p a t ía p er o n o o b st an t e ex t r an j e r as.

E st a s j ó v en es ap o r t an u n a n o t a ex ó t i c a a l a t r ag ed i a q u e p u d o sed u ­

c i r a E u r íp i d e s, p er o n o t i en en c o n l a ac c i ó n m ás q u e u n a r e l ac i ó n

i n d i r ec t a y d éb i l . U n p aso m ás a l l á — u n p aso q u e n u n c a f r an q u e a l a

t r ag ed i a g r i e g a , p er o q u e f u e d ad o p o r o t r o s— y t en d r íam o s en t o n ­

ces u n a t r ag ed i a si n co r o .

P o r q u e , c o m o es n a t u r a l , l a a m p l i t u d d e l o s can t o s d e l c o r o est á

en f u n c i ó n , en p ar t e , d e l a a t en c i ó n q u e se p r est a a l o q u e si en t e.

E n E sq u i l o , l o s can t o s d el c o r o so n l a r g o s, am p l i o s y c o m p l e j o s.

C o m o esc r i b i ó M au r i c e C r o i se t , « co n E sq u i l o , l a t r ag ed i a e r a el can t o

d e u n c o r o co n d i á l o g o s i n t er c a l ad o s a q u í y a l l á» . A l g u n a s t r ag ed i as

est án f o r m ad as p o r t i r ad as l í r i c as d e m ás d e d o sc i en t o s v er so s. A l c o n ­

t r a r i o , en u n a t r ag ed i a en q u e l a ac c i ó n se d i v e r si f i c ab a , t al es t i r ad as,

d u r an t e l as cu al es n o su ced ía n ad a, r esu l t ab an n ec esar i am en t e a b u r r i ­

d as, d e m an e r a q u e l as p ar t es c an t ad as se f u er o n v o l v i en d o c ad a v ez

m ás co r t as. A r i st ó f an es ap o r t a u n t est i m o n i o d e est e c am b i o d e g u st o

c u an d o i n t r o d u c e en L a s r an as al p er so n a j e d e E u r íp i d e s, q u e c r i t i c a

l a o b r a d e E sq u i l o . A l h ab l a r d e l o s p er so n a j es i n q u eb r an t ab l em en t e

m u d o s d e l a t r ag ed i a d e E sq u i l o , h ace d ec i r a su E u r íp i d es a m o d o d e

c r í t i c a : « E l c o r o l a r g ab a u n a t r as o t r a c u a t r o ser i es d e can t o s si n i n ­

t e r r u p c i ó n . ¡Y el l o s c a l l ab an ! » ( L as r an as, 9 14 - 9 15 ) . P o r t an t o , est e l i ­

r i sm o t an am p l i f i c ad o y a n o se en t en d ía n i se ap r ec i ab a.

Page 28: tragedia griega Jacqueline de Romilly

El género trágico 33

P o r l o d em ás, t am b i én aq u í , b ast a u n e j em p l o p a r a i l u st r a r est a

ev o l u c i ó n . E n L a s coéfo r as, d e E sq u i l o , se l e asi g n an al c o r o m ás d e

c u at r o c i en t o s v er so s so b r e u n t o t al d e 1.0 76 , o sea m u c h o m ás d e u n

t er c i o . E n l a El ec t r a d e Só f o c l es, q u e t r a t a el m i sm o t em a (y el c a m ­

b i o d e t í t u l o es y a d e p o r sí r ev e l ad o r ) , el c o r o i n t e r v i en e en u n a c a n ­

t i d ad d e a l r ed ed o r d e d o sc i en t o s v er so s so b r e u n t o t al d e 1.5 10 , o sea

m en o s d e u n a sex t a p ar t e. D e l m i sm o m o d o , en l a Elec t r a d e E u r í p i ­

d es, t i en e p o c o m ás d e d o sc i en t o s so b r e 1.36 0 , o sea m en o s d e u n a

sex t a p ar t e.

Sem e j an t e ev o l u c i ó n d eb ía r ep er c u t i r n a t u r a l m en t e en el t o n o

d e l a t r ag ed i a . E n co n cr et o , es i n d u d ab l e q u e l a i m p o r t an c i a d el co r o

o t o r g a a l as t r ag ed i as d e E sq u i l o u n a m a j est ad y u n a l o n g i t u d q u e

n o t a r d a r o n en m i t i g ar se en su s i n m ed i a t o s su ceso r es.

E st a l o n g i t u d es, en p r i m er l u g a r , f o r m a l . P o r q u e , si b i en l os co r o s

t r ág i c o s p o d ían est ar ag i t ad o s p o r l a an g u st i a , ser an h el an t es o c o n ­

m o v i d o s, su s can t o s y su s m o v i m i en t o s n o o b ed ec ían m en o s a u n a es­

t r u c t u r a d e c o n ju n t o sab i am en t e e l ab o r ad a y c o n t r o l ad a.

E s p r ec i sam en t e d e eso d e l o q u e n i n g u n a t r ad u c c i ó n p u ed e d ar

l a m en o r i d ea y c u y o p r i n c i p i o p o c as r ep r esen t ac i o n es c o m p r en d en .

L a v e r si f i c ac i ó n an t i g u a se b asa en l a l o n g i t u d d e l as sí l ab as y l as

o r d en a seg ú n r i t m o s d e f i n i d o s. A h o r a b i en , el p r i n c i p i o f u n d a m en ­

t al d e l l i r i sm o c o r a l ex i g e q u e a l a est r o f a l e r esp o n d a l a an t íst r o f a y

q u e l as f i g u r a s r í t m i c as se r ep i t an d e l a u n a a l a o t r a , m et r o p o r m e ­

t r o y sí l ab a p o r sí l ab a. P o r o t r a p ar t e , m ás a l l á d e eso s p ar es b i n ar i o s,

se o r g an i z an , si l l eg a el caso , c o n ju n t o s m ás c o m p l e j o s, p er o t am b i én

si em p r e r i g u r o sam en t e d i sp u est o s. L o s can t o s d e l c o r o , en E sq u i l o ,

c u en t an f r ec u en t em en t e co n d o s, t r es e i n c l u so c u a t r o p ar es d e es­

t r o f as. E l c an t o d e l a en t r ad a d el co r o , en A gam en ó n , i n c l u y e i n c l u ­

so , d esp u és d e l o s v er so s sa l m o d i ad o s en u n r i t m o d e m ar c h a , u n a

t r íad a ( est r o f a, an t íst r o f a y ép o d o ) , seg u i d a p o r c i n co p ar es d e est r o ­

f as: el c o n ju n t o c o n st i t u y e u n t o t al d e 2 23 v er so s seg u i d o s, sa l m o d i a ­

d o s, h ab l ad o s, c an t ad o s, seg ú n r i t m o s q u e c am b i an en f u n c i ó n d el

p en sam i en t o y d e l o s sen t i m i en t o s, co n est r i b i l l o s, r ep et i c i o n es y , en

el c en t r o , el p en sam i en t o m ás e l ev ad o , a i sl ad o d e l r est o . E v i d e n t e ­

Page 29: tragedia griega Jacqueline de Romilly

34La tragedia griega

m en t e , en l a r ep r esen t ac i ó n , l o s m o v i m i en t o s y l o s g est o s v o l v ía n

p er c ep t i b l es eso s c am b i o s y ese o r d en . E n c o n sec u en c i a , l a p asi ó n

d el c o r o se c o n t en ía , se d o m i n ab a y se t r an sf o r m ab a en o b r a d e ar t e.

P a r a n o so t r o s, q u e so l o t en em o s su s p a l ab r as — ¡e i n c l u so i n c o r r ec ­

t am en t e p r o n u n c i ad as!— , t o d o ese ar t e se h a p er d i d o . Y l as r ep r esen ­

t ac i o n es m o d er n as q u e n o s o f r ec en , seg ú n l o s caso s, a r m o n i o so s y

f r í o s p aseo s, o b i en u n a esp ec i e d e t r an c e a r c a i c o y sa l v a j e , so n t an

f a l sas y t an en g añ o sas u n as c o m o l as o t r as. F i n a l m e n t e , i n c l u so su ­

p o n i en d o q u e su p i e r an p r e se r v a r e l j u st o e q u i l i b r i o , so l o p o d r ían

d a r n o s u n a i m p r esi ó n a r t i f i c i a l , p u est o q u e l as c ad en c i as d e l t ex t o

n o su r g en d i r ec t am en t e d e l a f u e r z a m i sm a d e l as p a l ab r as y d e l as

sí l ab as.

E st a e l ev ad a a r m o n ía q u e r e a l z a , g r ac i as a l p r i v i l e g i o d e l a f o r ­

m a , t o d as l as d ec l a r ac i o n es f o r m u l a d a s p o r el c o r o , se v e d o b l ad a p o r

o t r a m a j est ad , q u e d ep en d e d e su sen t i d o . P o r q u e est e c o r o , t an a p a ­

si o n ad am en t e i n t e r esad o en el r esu l t ad o d e l a acc i ó n en c u r so y , si n

em b a r g o , t an i n c ap az d e p a r t i c i p a r en él , ev i d en t em en t e so l o p u ed e

r e t r o c ed er an t e el l a. E n l o s m o m en t o s en q u e n o l o an eg an l as o l as

d e t e r r o r , l o v em o s i n t er r o g ar se. B u sc a l as cau sas. Se d i r i g e a l o s d i o ­

ses. Se e sf u e r z a p o r c o m p r en d er . Y p o r eso , co n f r ec u en c i a , r e m e ­

m o r a el p asad o , co n el p r o p ó si t o d e ex t r ae r u n a en señ an z a. D e ese

m o d o , o f r ec e a l a m en t e d e l o s esp ec t ad o r es n u ev as p er sp ec t i v as, t an

a m p l i as en su c o n t en i d o c o m o l a ex t en si ó n d e l a f o r m a se l o p e r m i ­

t ía. Y l a m ed i t ac i ó n d e l c o r o p r o p o r c i o n a así a l a ac c i ó n p r o p i am en t e

d i c h a u n a esp ec i e d e d i m en si ó n añ ad i d a .

L a en t r ad a d el c o r o d e A ga m en ó n n o so l o c o n st i t u y e u n c o n ju n t o

l í r i c o d e u n a l o n g i t u d ex c ep c i o n al : est e c an t o c o n t i en e t am b i én u n a

r e f l ex i ó n d e m a y o r h o n d u r a q u e c u a l q u i e r o t r a , y su p r o p i a l o n g i t u d

n o es m ás q u e u n m ed i o p a r a sem ej an t e p r o f u n d i z ac i ó n . E l c o r o , en

e f ec t o , c o m i en z a d i c i en d o p o r q u é m o t i v o l a si t u ac i ó n m er ec e q u e

n o s i n q u i e t em o s. L u e g o , c u an d o se p o n e a c an t a r , r ec u er d a , en u n a

esp ec i e d e r ec o g i m i en t o , l o s f u n est o s p r esag i o s q u e ac o m p añ ar o n l a

p a r t i d a d e l a f l o t a h ac i a T r o y a : l a ev o c ac i ó n es so l em n e y est á t eñ i d a

d e t é r m i n o s r e l i g i o so s. Y d esem b o c a, j u st o a l a m i t ad d e l can t o , en

Page 30: tragedia griega Jacqueline de Romilly

El género trágico35

u n a esp ec i e d e act o d e f e en l a j u st i c i a d e Z eu s. P r ec i sam en t e es

el n o m b r e m i sm o d el r ey d e l o s d i o ses el q u e est a l l a sú b i t am en t e al

c o m i en z o d e l a est r o f a : « ¡Z e u s! . . . q u i e n q u i e r a q u e sea, si así l e p l ace

ser l l am ad o , co n est e n o m b r e y o l o i n v o c o » . Y se a f i r m a l a l ey d e

Z e u s en t o d a su f u e r z a : l a l ey q u e est ab l ec i ó q u e l o s h o m b r es so l o

« ad q u i e r an l a sab i d u r ía co n el su f r i m i en t o » ( v er so 177 ) . Y en t o n ces,

d esp u és d e est o s d o s p ar es d e est r o f as d e t an e l ev ad a i n sp i r ac i ó n , se

v u e l v e al r ec u er d o d el c r i m en c o m et i d o p o r A g a m e n ó n c u an d o sa­

c r i f i c ó a su h i j a . E l c o r o , p o r t an t o , n o se co n t en t a c o n d e j a r a d i v i n a r

u n d esast r e f u t u r o , si n o q u e p r o p o r c i o n a t am b i én u n a j u st i f i c ac i ó n

en el t i em p o y u n i n t en t o d e ex p l i c ac i ó n t eo l ó g i c a. G r ac i a s a su l o n ­

g i t u d , est e c an t o p u ed e e l ev ar se h ast a u n a f i l o so f ía q u e d a sen t i d o a

l o q u e v e n d r á d esp u és.

L a p r esen c i a d e est a f i l o so f ía c o n t r i b u y e en g r a n p ar t e a l a g r a n ­

d ez a d e l t eat r o d e E sq u i l o . P e r o n o d esap ar ec e l u eg o , o al m en o s n o

p i e r d e su a l c an c e, c u an d o p asa a Só f o c l es y a E u r íp i d e s. L a m ajest ad

d e l p en sam i en t o se ad ec u ab a a est a f o r m a b ast an t e i n m ó v i l , p er o so ­

l em n e e i n sp i r ad a , q u e e r a el l i r i sm o c o r a l . Y l a d ec ad en c i a d e u n o se

c o r r esp o n d e c o n el d ec l i v e d e l a o t r a.

A l g u n o s c o r o s d e Só f o c l es se c u en t an en t r e l o s m ás b el l o s d el

t eat r o g r i eg o y , en l a o b r a d e E u r íp i d e s, l o s h ay c u y o en can t o es d es­

g a r r a d o r , p er o el v ín c u l o co n l a ac c i ó n se v u e l v e c ad a v ez m ás l ax o ,

y est a y a n o en c u en t r a en el l i r i sm o esa p r o l o n g ac i ó n q u e ac l a r a su

sen t i d o .

E n c am b i o , es ev i d en t e q u e l a p r o p i a ac c i ó n se en r i q u ec e co n

t o d o l o q u e p i e r d e el l i r i sm o , y si p asam o s d e l o s co r o s a l o s p er so n a­

j es asi st i r em o s, a l c o n t r a r i o , a u n en r i q u ec i m i en t o p r o g r esi v o . D esd e

su s c o m i en z o s h ast a su f i n a l , l a t r ag ed i a n o d e j ó d e t r an sf o r m ar se en

el m i sm o sen t i d o , d esa r r o l l an d o si em p r e m ás l a p ar t e r eser v ad a al

escen ar i o .

Page 31: tragedia griega Jacqueline de Romilly

36 La tragedia griega

L o s p er so n a jes

A l p ar ec er , n o h ab ía en el o r i g en , f r en t e al co r o , m ás q u e u n n a r r a d o r

( d e h ech o , el p r o p i o au t o r ) : c u an d o est e n a r r a d o r se i n t eg r ó en l a f i c ­

c i ó n p o ét i c a, se c o n v i r t i ó en u n p er so n a j e . P e r o u n so l o p er so n a j e n o

b ast a p a r a c o n st i t u i r u n a ac c i ó n . Se n ec esi t ab an al m en o s d o s. A h o r a

b i en , p ar ec e q u e el m é r i t o d e est a i n n o v ac i ó n se l e d eb e a E sq u i l o .

So b r e est e p u n t o , en ef ec t o , A r i st ó t e l es se ex p r esa d e m an e r a c a t eg ó ­

r i ca : « E sq u i l o f u e el p r i m e r o q u e au m en t ó d e u n o a d o s el n ú m er o d e

ac t o r es, d i sm i n u y ó l a i m p o r t an c i a d e l c o r o y c o n c ed i ó el p r i m e r p a ­

p el al d i á l o g o ; Só f o c l es au m en t ó a t r es el n ú m er o d e ac t o r es e h i z o

p i n t a r l a escen a» (Poét i ca , 49 a) .

E st a co r t a f r ase r esu m e l a ec l o si ó n y l a ex p an si ó n d e u n g én er o .

Q u i z á so l i d i f i q u e l as et ap as. E n ef ec t o , si Só f o c l es f u e el p r i m e r o

en au m en t a r a t r es el n ú m er o d e ac t o r es, a l g u n as t r ag ed i as d e E sq u i ­

l o n o se p u ed en ex p l i c a r en ab so l u t o si n r e c u r r i r a t r es ac t o r es. Se

p u ed e i m a g i n a r q u e ad o p t ó i n m ed i a t am en t e l a i n v en c i ó n d e su j o ­

v en r i v a l ; t am b i én se p u ed e p en sar , en co n t r a d e A r i st ó t e l es, q u e f u e

el p r i m e r o en r e a l i z a r ese en say o : l o c i er t o es q u e su o b r a , q u e r esu ­

m e p a r a n o so t r o s l as f o r m as m ás ar c a i c as d e l a t r ag ed i a , p ar ec e h a ­

b er si d o t am b i én aq u e l l a en l a q u e se r e f l e j a el esf u e r z o m ás p o d e r o ­

so p ar a l i b e r ar se d e e l l as y r en o v ar l as. P e r o l o s m ed i o s n u ev o s

r ec l am an a l g ú n h áb i t o : su s p o si b i l i d ad es so l o se v an d esc u b r i en d o

p o co a p o co . D e m an er a q u e el n ú m er o ac r ec en t ad o d e l o s ac t o r es n o

d i o v e r d ad er am en t e t o d o s su s f r u t o s m ás q u e en l o s t i em p o s d e su s

su ceso r es.

L a d i f e r en c i a sal t a a l a v i st a si se c o m p ar a l a est r u c t u r a d e su s

t r ag ed i as co n l as d e el l o s.

L a t r ag e d i a d e E sq u i l o p r esen t a , en ef ec t o , u n a f o r m a si m p l e ,

u n p o co r í g i d a y , p o r m o m en t o s, casi h i e r á t i c a . D u r a n t e ep i so d i o s

en t e r o s, n o su ced e casi n ad a. P o r l o d em ás, c ad a o b r a so l o est á f o r ­

m a d a , en g en e r a l , p o r u n ú n i c o ac o n t ec i m i en t o , q u e i n t e r v i en e h a ­

c i a l o s d o s t e r c i o s d e l a t r ag ed i a : t o d o el c o m i en z o c o n si st e en esp e­

r a r l o , t o d a l a p ar t e f i n a l en l am en t a r l o . E x i st e , si n d u d a , u n ar t e

Page 32: tragedia griega Jacqueline de Romilly

El género trágico37

p ar a m an t en er v i v o el i n t er és, m ed i an t e u n a r ev e l ac i ó n p au l a t i n a

d e ese ac o n t ec i m i en t o . P e r o n o se p r o d u c e so r p r esa n i ex i st e c o m ­

p l e j i d ad .

E n L o s siet e con t r a T ebas, se sab e, d esd e el c o m i en z o , q u e u n h i j o

d e E d i p o at aca T e b a s, m i en t r as q u e el o t r o l a d e f i en d e ; se sab e i g u a l ­

m en t e q u e u n a m a l d i c i ó n p at e r n a c o n d en a a est o s d o s h o m b r es a

m o r i r u n o a m an o s d el o t r o . Si n em b ar g o , l a o b r a n o co n t i en e o t r a

co sa. H a st a el v e r so 6 50 , el esp ec t ad o r p ar t i c i p a d e l a an g u st i a d e l a

c i u d ad , y v e c ó m o se ac er c a el m o m en t o en q u e l o s d o s h er m an o s se

en f r en t a r án . U n a l a r g a escen a — ¡d e t r esc i en t o s v e r so s!— se o cu p a

p o r c o m p l e t o d e l a d esc r i p c i ó n d e l o s b l aso n es d e l o s si et e c au d i l l o s

si t i ad o r es y d e l o s si et e c au d i l l o s d ef en so r es. D e l o s si et e, o m ás b i en

d e l o s sei s: p o r q u e , cu an t o m ás a v an z a l a en u m er ac i ó n , m ás se v a

si n t i en d o q u e , i n ex o r ab l em en t e , l o s d o s ú l t i m o s ser án l o s d o s h e r m a ­

n o s. E n f i n , ¡q u e l a su er t e est á ec h ad a! E t eo c l es, el d e f en so r , ab an d o ­

n a l a escen a p a r a i r a en f r en t a r se a P o l i n i c es, el si t i ad o r . A p ar t i r d el

v e r so 800 , c o n o c em o s y a su d o b l e m u er t e , y y a 110 q u ed a h acer o t r a

co sa q u e l l o r a r l o s, d u r an t e a l r ed ed o r d e d o sc i en t o s v er so s.

E s ev i d en t e q u e el t eat r o t al co m o n o so t r o s l o c o n o c em o s n o t o ­

l e r a r í a y a u n a o b r a n i u n c o n t en i d o t an l i n ea l , n i u n a escen a t an es­

t át i ca. T a m b i é n es ev i d en t e q u e el t eat r o t al c o m o n o so t r o s l o c o n o ­

cem o s p r e f e r i r í a u n d esa r r o l l o m en o s p r ev i si b l e : d o n d e E sq u i l o

j u g ab a co n l a p r ev i si ó n y co n el ef ec t o d e u n a c er t ez a c r ec i en t e , n o ­

so t r o s n o s h em o s h ab i t u ad o a q u e sea l a i n c e r t i d u m b r e l a q u e est i ­

m u l e el i n t er és y l a so r p r esa q u i en l o d esp i er t e . E st o s h áb i t o s n ac i e ­

r o n co n l o s su ceso r es d e E sq u i l o .

L a e v o l u c i ó n c o m en z ó y a en su s ú l t i m as o b r as. A d ec i r v e r d ad ,

est a ev o l u c i ó n er a i n c l u so , en el t eat r o g r i eg o , t an c o n t i n u a y t an r e ­

g u l a r q u e c au só u n v e r d ad e r o est u p o r el h a l l a z g o , h ac e p o co s añ o s,

d e u n p ap i r o q u e r ev e l a b a , i n o p i n ad am en t e , q u e el d r a m a d e L a s

su p l i can t es n o e r a d e n i n g u n a m an e r a , t al c o m o se h ab ía c r e íd o , l a

m ás an t i g u a d e l as o b r as d e E sq u i l o , si n o q u e d eb ía si t u ar se p o co a n ­

t es d e l a O r est ea. E r a , en ef ec t o , u n a o b r a d o n d e el c o r o p ar ec ía h ab er

est ad o f o r m a d o p o r c i n c u en t a p er so n as ( l a l ey en d a h ab l a d e l as c i n ­

Page 33: tragedia griega Jacqueline de Romilly

3« La tragedia griega

c u en t a h i j as d e D á n a o y l a o b r a m en c i o n a a su s c i n c u en t a p e r se g u i ­

d o r es) . E st e c o r o , so b r e t o d o , t en ía u n p ap el d e ex c ep c i o n a l i m p o r ­

t an c i a ( y a q u e se t r at ab a d e l a su er t e d e est as j ó v en es, d e su s em o c i o n es,

d e su s sen t i m i en t o s, y q u e d e h ec h o el l as p r o n u n c i an m ás d e l a m i t ad

d e l o s v er so s d e l a o b r a) . F i n a l m e n t e , l a ac c i ó n n o p o d ía ser en e l l a

m en o s r ed u c i d a ( p u est o q u e , en t o d a l a o b r a , se t r at a d e u n a r ec l am a­

c i ó n d e p r o t ec c i ó n , q u e se p r esen t a, se ac ep t a y se c o n so l i d a f r en t e a l a

am en az a ) : se t en ía , p u es, l a sen sac i ó n d e t en er en e l l a u n e j e m p l o

m u y n í t i d o d e l a t r ag e d i a en su s o r íg en es, y m u c h o s, i n c l u so an t e l a

e v i d en c i a d e u n d o c u m en t o an t i g u o , se si n t i e r o n i n c ap ac es d e a d m i ­

t i r u n a f ec h a m ás r ec i en t e .11

H a y q u e a ñ a d i r ad em ás q u e est a ex t r e m a si m p l i c i d ad q u e c a ­

r ac t e r i z a l a est r u c t u r a d e l as t r ag ed i as d e E sq u i l o se c o r r eg ía , en c i e r ­

t a m ed i d a , p o r l a f o r m a en q u e se p r esen t ab an est as t r ag ed i as. P o r ­

q u e n o se p r esen t ab an so l as: f o r m ab an c o n ju n t o s c o h er en t es d e t r es

o b r as, o t r i l o g í a s.12 C o n ex c ep c i ó n d e L o s per sas, t o d as l as t r ag ed i as

q u e c o n o c em o s d e E sq u i l o p er t en ec ían a t r i l o g ías. L a s su p l i can t es y

Pr o m et eo en caden ado c o n st i t u ían c ad a u n a l a p r i m e r a o b r a d e u n a

t r i l o g ía . E n c am b i o , L o s si et e con t r a T ebas so n u n a c o n c l u si ó n . Y A g a ­

m en ó n , L a s coéfor as y L a s eu m én id es f o r m a n u n a t r i l o g ía c o m p l e t a:

O r est ea. M ed i an t e el e j em p l o d e O r est ea, es f ác i l c a l i b r a r t o d o l o q u e

c ad a t r a g e d i a g an ab a en c o n t ac t o c o n l as o t r as d o s. E n e l l as e n ­

c o n t r ab a u n a p r o l o n g ac i ó n n a t u r a l , y se si t u ab a d e en t r ad a en u n a

l í n ea d e c o n ju n t o . A g a m e n ó n h ab ía si d o asesi n ad o p o r C l i t em n est r a ,

l u eg o C l i t em n est r a p o r su h i j o : el c r i m en d e l a seg u n d a o b r a se e x ­

p l i c ab a p o r el d e l a p r i m e r a y l e d ab a r esp u est a. P o r o t r a p ar t e , est e

m i sm o en c ad en am i en t o p l an t eab a u n p r o b l em a m o r a l , y a q u e si cad a

asesi n at o r ec l am ab a o t r o , ¿d ó n d e p u es se p o d r ía p o n er u n t é r m i n o ?

11. P o r o t r a p ar t e, p u ed e su ced er q u e E sq u i l o h ay a r e t o m ad o , p o r e j em p l o ,

u n p r o y ec t o an t i gu o . P er o l a f ech a q u e l e a t r i b u y e el p ap i r o su g i er e al m en o s q u e

est a f o r m a u n t an t o ar c ai ca n o se h ab ía v u e l t o en ab so l u t o c o n t r a r i a a su s gu st o s.

12 . A est as t r es t r ag ed i as se añ ad ía u n d r am a sat í r i co , p r esen t ad o p o r el m i s­

m o p o et a. P er o , i n c l u so en E sq u i l o , ese d r am a t en ía m u y p o cas veces r el ac i ó n co n

el t em a d e l as t r ag ed i as.

Page 34: tragedia griega Jacqueline de Romilly

El género trágico39

Y si c ad a asesi n at o est ab a j u st i f i c ad o , ¿c ó m o p o d r íam o s d i st i n g u i r

en t r e el c r i m en y su c ast i g o ? E st e p r o b l em a, p l an t ead o p o r l as d o s

p r i m e r as o b r as, q u ed ab a z an j ad o en l a t er c er a . E s p o si b l e , p o r t an ­

t o , i m a g i n a r i g u a l m en t e c u án t o se e n r i q u ec e r ían L a s su p l i can t es a

n u est r o s o j o s si su p i é r am o s c ó m o l a t r i l o g ía d e l as D an ai des r eso l ­

v ía el p r o b l em a p l an t ead o p o r est as v í r g en es r eac i as al m at r i m o n i o ,

y p o d em o s t am b i én i m a g i n a r en q u é m ed i d a l o s d i f e r en t es d et a l l es

d e L o s si et e con t r a T ebas a d q u i r i r í a n sen t i d o si su p i é r am o s a q u é

ac o n t ec i m i en t o s, a q u é j u i c i o s, a q u é c o m en t ar i o s y a q u é p r o b l em as

l a o b r a se r v ía d e c o n c l u si ó n .13 L a t r i l o g ía en E sq u i l o es v e r d a d e r a ­

m en t e u n c o n ju n t o ín t i m am en t e r e l ac i o n ad o , casi u n a acc i ó n en t r es

p ar t es.

Si n em b a r g o , si d e l o q u e se t r a t a es d e p r o p o r c i o n a r a l a acc i ó n

m ás m o v i m i en t o y v a r i ed ad , est e r em ed i o n o b ast ab a: au n q u e p e r ­

m i t ía p r o l o n g a r el sen t i d o d e est a ac c i ó n , n o p r ec i p i t ab a su r i t m o .

P o r eso Só f o c l es y E u r íp i d e s ac t u ar o n d e o t r a m an er a .

A m b o s ab an d o n ar o n p r ác t i c am en t e l a t r i l o g ía : a v eces en c o n t r a ­

m o s t o d av ía , d esp u és d e E sq u i l o , t r es o b r as r e f e r i d as a u n m i sm o

t em a, c o m o l a ser i e a l a q u e p er t en ec e l a t r ag ed i a d e E u r íp i d e s so b r e

L a s t r oyan as, 14 p er o y a n o est án l i g ad as en t r e sí p o r u n a r e l ac i ó n t an

est r ec h a c o m o en E sq u i l o , y l a m a y o r ía d e l as v eces esa r e l ac i ó n n i

si q u i e r a ex i st e . E n c am b i o , t an t o Só f o c l es c o m o E u r íp i d e s d e sa r r o ­

l l a r o n , en c ad a t r ag ed i a , l a p ar t e r ese r v ad a a l a acc i ó n .

E n l u g a r d e q u e l a t r ag ed i a se c o n sag r ar a a u n a j u g a d a c r u el

t r am ad a p o r l o s d i o ses, so b r e l a c u a l se i n t e r r o g ar a u n an g u st i ad o

co r o su b y u g ad o p o r el t em b l o r , el i n t er és se cen t r ó en l o q u e er an y

h ac ían l o s h o m b r es, y l a t r ag ed i a l o s m o st r ó en l u c h a co n el ac o n t ec i ­

m i en t o q u e r ec h az ab an o i m p o n ían . A ese d esp l az am i en t o c o r r es­

p o n d i ó , co n t o d a n ec esi d ad , u n a r en o v ac i ó n d e l o s m ed i o s l i t er ar i o s.

13. L a t r i l o g ía est ab a co m p u est a p o r l as si gu i en t es o b r as: L a y o , Ed i p o y L o s

siet e con t r a T ebas, a l o q u e se añ ad ía, co m o d r am a sat í r i co , l a Esf i n ge.

14 . L a t r i l o g ía est ab a c o m p u est a p o r l as si gu i en t es o b r as: A leja n dr o , Pa la m e­

des y L a s t r oyan as, a l o q u e se añ ad ía , co m o d r am a sat í r i c o , Sísi fo .

Page 35: tragedia griega Jacqueline de Romilly

4° La tragedia griega

L a o b r a d e E sq u i l o en l a q u e O r est es r eg r esa y m at a a su m a d r e

se l l a m a L a s coéfo r as, p o r q u e el c o r o en t r ab a p o r t an d o l as l i b ac i o n es

f u n e r a r i as, o ch oa i . L a s d o s o b r as d e Só f o c l es y d e E u r íp i d e s q u e t r a ­

t an d e l m i sm o t em a se l l am an l as d o s Elec t r a . E n ef ec t o , l a h e r m an a

d e O r est es se h a c o n v er t i d o en e l l as en el cen t r o d e l a acc i ó n . E sp e r a

a su h e r m an o , l o e m p u j a a l asesi n at o y l e a y u d a a p e r p e t r a r l o . P o r

t an t o , n o s i n t er esam o s en l o q u e e l l a si en t e y en l o q u e h ac e, y n o s

sen t i m o s c o n m o v i d o s p o r su m i se r i a y p o r su en t e r ez a: E l e c t r a , en su

d o l o r y su r eso l u c i ó n , se h a c o n v er t i d o , h ab l a n d o co n p r o p i e d a d , en

h er o ín a d e t r ag ed i a . A h o r a b i en , so n h ér o es co m o el l a l o s q u e d an su s

n o m b r es a t o d as l as d em ás o b r as c o n ser v ad as d e Só f o c l es sa l v o a u n a,

p u est o q u e l a h a y \ Á y ax , A n t i g o n a ,E d i p o r ey ,E d i p o en C o l o n o ,F i l o c t e-

t es. Se d i r í a u n a g a l e r í a d e f i g u r a s en g r an d ec i d as p o r el su f r i m i e n t o

y el c o r a j e : en g r an d ec i d as p o r l a t r ag ed i a . Y co n eso s n o m b r es se e m ­

p a r e j a n l o s d e l o s h ér o es d e E u r í p i d e s, o , co n m a y o r f r ec u en c i a , d e

su s h er o ín as: A lcest i s, M ed ea , H écu b a , H el en a , I f i gen ia en Á u l i d e, I f i g e-

n ia en t r e los t au r os... L o s p er so n a j es se v u e l v en en ad e l an t e el cen t r o

d e l i n t er és.

Sem e j an t e ev o l u c i ó n est á n a t u r a l m en t e l i g ad a al d esa r r o l l o m i s­

m o d e l a acc i ó n . P o r q u e si el d est i n o d e l o s p er so n a j es n o s c o n m u e­

v e, es ev i d en t e q u e est a em o c i ó n n o p u ed e m ás q u e en r i q u ec er se co n

l as d i st i n t as r ep er c u si o n es a l as q u e aq u el l o s se en c u en t r an so m et i ­

d o s, y si n o s i n t er esam o s en su s v i r t u d es o en su s p asi o n es, es asi m i s­

m o ev i d en t e q u e est e i n t er és so l o p u ed e i n c r em en t ar se al v e r có m o

r eac c i o n an f r en t e a l as d i st i n t as p er i p ec i as q u e ac ab an d e e x p e r i ­

m en t a r . L a Elec t r a d e Só f o c l es en c u en t r a así u n a o p o r t u n i d ad t an t o

p a r a c o n m o v er n o s c o m o p ar a r ev e l a r su v e r d ad e r a n a t u r a l ez a , g r a ­

c i as a l a i d ea q u e t u v o Só f o c l es d e c o n v e r t i r l a en v í c t i m a d e l a m en ­

t i r a i n v en t ad a p o r su h er m an o . E l l a esp er a a O r est es, y se en t e r a d e

su m u er t e . D esesp e r ad a , d ec i d e ac t u a r p o r su c u en t a. E n t o n c es, n o

so l o d esc u b r e q u e si g u e v i v o , si n o q u e est á p r esen t e d e l an t e d e el l a.

A t r av és d e est a p r u eb a y est o s c o n t r ast es, el p er so n a j e c o b r a u n r e­

l i ev e en o r m e.

O b i en , en o t r o s caso s, t al v ez sea el p r o p i o h ér o e q u i en , al t o m ar

Page 36: tragedia griega Jacqueline de Romilly

El género trágico 4 1

l a i n i c i a t i v a , se en c ar g u e d e so r p r en d er a l o s d em ás r ev e l an d o d e

f o r m a i m p r ev i st a aq u e l l o d e l o q u e es c ap az . A sí Á y a x , q u e se v e

p r i m e r am en t e p u est o a p r u eb a p o r u n b r u sc o d esast r e , al i g u al q u e

E l ec t r a , d eb e t am b i én a f r o n t a r esa c a l am i d ad . P o d r í a c o n sen t i r y se­

g u i r v i v o . ¿L o h a r á? Su s p a l ab r as p ar ec en su g er i r l o . Su s a l l eg ad o s

c r een q u e v a a h acer l o . P e r o A y a x n o ser ía Á y a x si ac ep t a r a , y , j u st o

en el m o m en t o en q u e p en sáb am o s q u e se h ab ía sa l v ad o , se su i c i d a.

E l b r u sc o g i r o d e l a acc i ó n es aq u í su o b r a , y g r ac i as a eso Á y a x se

m an i f i est a t al c o m o es.

P e r o ad em ás, en el i n t e r i o r m i sm o d e l a ac c i ó n , l a n u ev a i m p o r ­

t an c i a c o n c ed i d a a l o s p er so n a j es se t r ad u c e en el en r i q u ec i m i en t o

d e l an á l i si s p si c o l ó g i c o . C o n Só f o c l es y E u r íp i d e s, l o s p er so n a j es c o ­

m i e n z a n a ex p l i c a r se , a j u st i f i c a r se e, i n c l u so , a m o n o l o g a r so b r e l o

q u e p i en san y si en t en . L a Elec t r a d e Só f o c l es t i en e u n a h er m an a co n

l a q u e d i sc u t e , y est a d i sc u si ó n es, p a r a e l au t o r , l a o casi ó n d e a r r o j a r

l u z so b r e el c o n t r ast e en t r e su s d o s n a t u r a l ez as. Á y a x d i sc u t e t am ­

b i én co n T ec m e sa , y c ad a u n o ex p o n e co n d et a l l e c ó m o c r ee q u e h ay

q u e o b r a r . L o s p er so n a j es y a n o se l i m i t an a ac t u ar : se ex p l i c an .

H a y q u e a ñ ad i r , p o r o t r a p ar t e , q u e l a m u l t i p l i c ac i ó n d e l n ú m e­

r o d e p er so n a j es p er m i t ía , en l a p r ác t i c a , en f r en t a r a l o s p r o t ag o n i s­

t as a m ás so r p r esas y m ás c o n t r ast es, l o q u e e q u i v a l ía si em p r e, a f i n

d e cu en t as, a p r o p o r c i o n ar l es u n a v i d a m ás t r ab a j ad a y m ás m a t i z a ­

d a. D e r e f r i e g a en r e f r i eg a , d e u n a escen a a o t r a , se p r ec i san , se e n r i ­

q u ec en y se a f i a n z a n . C a d a v ez m ás, l a t r ag e d i a se ap l i c a a d ar l es

v i d a .

E n el t eat r o d e Só f o c l es, est o s c o n t r ast es y est as p r u eb as si r v en

so b r e t o d o p a r a p o n er en ev i d en c i a l as d i f e r en c i as en t r e u n i d ea l d e

v i d a y o t r o , o b i en p a r a i l u st r a r l a f o r t a l ez a d e án i m o d e l o s p er so n a­

j es. A l v o l v e r se m ás f l ex i b l e est e m i sm o p r o c ed i m i en t o y c ad a v ez

m ás r ea l i st a l a t r ag ed i a , l l eg am o s, co n E u r íp i d e s, a u n t eat r o en el

q u e c ad a cu a l d e f i en d e su s sen t i m i en t o s o su s i d eas. D e h ec h o , E u r í ­

p i d es u t i l i z ó c o n p r o f u si ó n u n a f o r m a l i t e r a r i a q u e ad o p t ab a d e l a

v i d a c o n t em p o r án ea, y q u e er a el d eb a t e o r g an i z ad o .

N a c i d o d e l a c o st u m b r e d e l d eb at e j u d i c i a l y p er f ec c i o n ad o p o r

Page 37: tragedia griega Jacqueline de Romilly

42 La tragedia griega

l a r e t ó r i c a d e l a ép o c a, el ar t e d e l t o r n eo o r a t o r i o est ab a en t o n ces en

p l en o au g e. E r a l o q u e se l l am ab a u n a g ó n .15 A h o r a b i en , n o h ay casi

n i n g u n a t r ag ed i a d e E u r íp i d e s q u e n o co n t en g a al m en o s u n a escen a

d e agón . P o r e l l o , h ay q u e en t en d er u n a esp ec i e d e en f r en t am i en t o

o r g an i z ad o , en el q u e se o p o n en d o s l a r g as t i r ad as, en g en e r a l seg u i ­

d as d e i n t e r c am b i o s v e r so a v e r so , q u e p er m i t en q u e l o s c o n t r ast es se

v u e l v a n m ás co n c i so s, m ás t en so s, m ás r est a l l an t es. E n el agón , c ad a

cu a l d e f en d ía su p u n t o d e v i st a co n t o d a l a f u e r z a r e t ó r i c a p o si b l e ,

co n u n g r an d esp l i eg u e d e a r g u m en t o s q u e , n a t u r a l m en t e , c o n t r i ­

b u ían a a c l a r a r su p en sam i en t o o su p asi ó n .

D o s e j em p l o s p u ed en p r o p o r c i o n ar n o s u n a i d ea d e l a d i f e r en t e

i l u m i n ac i ó n q u e est o s h áb i t o s d e an á l i si s y d e d i sc u si ó n p u ed en d ar

a l o s p er so n ajes.

E sq u i l o d o t a a su C l i t e m n e st r a d e u n a g r a n d e z a i n o l v i d ab l e .

P e r o u n a p ar t e d e est a g r a n d e z a se d eb e p r ec i sam en t e al si l en c i o q u e

E sq u i l o h ace p l a n ear so b r e su s m ó v i l es. C l i t em n est r a , u n a v e z l l e v a ­

d a a cab o su v en g a n z a , c e l eb r ab a su act o , p er o si n d esc r i b i r n u n c a su s

sen t i m i en t o s: e l l a e r a l a V e n g a n z a . F r e n t e a e l l a , n o p o d r íam o s c o l o ­

car a l a C l i t em n est r a d e E u r íp i d e s, q u i en , en E l ec t r a , m u c h o s añ o s

d esp u és d el asesi n at o , y a so l o se p r esen t a c o n su m i d a y f r u st r ad a : m ás

b i en h a b r ía q u e c o n f r o n t a r l a c o n l as h er o ín as d e E u r í p i d e s q u e ,

c o m o e l l a , c o m et en en el c u r so d e u n a t r ag ed i a u n c r i m en m o n s­

t r u o so . P o r e j em p l o , M ed ea . A h o r a b i en , M ed ea , al c o n t r a r i o q u e

C l i t em n est r a , h ab l a , g r i t a , i n su l t a y se l am en t a. D esd e el c o m i en z o

d e l a o b r a , g i m e si n c o n t en c i ó n y n o n o s d e j a i g n o r a r n ad a d e l o q u e

l a a f l i g e . E n d o s o c asi o n es se en f r e n t a a Jasó n , y l a p r i m e r a es u n

en f r en t am i en t o si n c er o y l l en o d e r ab i a , en el q u e se f o r m u l a n t o d o s

su s r en c o r es co n asp er ez a : E u r íp i d e s l o c o n v i er t e en u n a escen a d e

agón . N a t u r a l m e n t e , eso n o es t o d o : c u an d o M ed ea se d ec i d e al ase­

si n at o , es n ec esar i o q u e v u e l v a a ex p l i c a r se , y l o h ace en u n m o n ó l o ­

g o d e casi c u ar en t a v er so s. L u e g o , d e n u ev o , en el m o m en t o d e p asar

15 . V éase, en t r e o t r o s, J. D u c h em i n , L ’ «agón » dans l a t r agédie g r ecq u e, P ar ís,

Ι 945·

Page 38: tragedia griega Jacqueline de Romilly

El género trágico43

a l a ac c i ó n , E u r íp i d e s l e co n c ed e o t r o m o n ó l o g o d e m ás d e sesen t a

v er so s. E n est o s d o s m o n ó l o g o s, l a v em o s t i t u b ear , o m ás b i en c ed er

a l t e r n ad am en t e a i m p u l so s c o n t r ad i c t o r i o s: l a v en g a n z a , el o r g u l l o ,

el am o r m at er n o , t o d o en c u en t r a en el l o s su l u g a r . Y t o d av ía h ab r ía

q u e añ ad i r q u e , d esp u és d e l asesi n at o , al f i n a l d e l a o b r a, u n ú l t i m o

en f r en t am i en t o co n Jasó n ap o r t a el t o q u e d e f i n i t i v o a l a i m ag en d e

su o d i o . P o r c o n si g u i en t e , en est a t r ag ed i a , q u e es si n em b ar g o u n a

d e l as m ás si m p l es d e l au t o r , l o s est ad o s d e án i m o d e l a h er o ín a se

r ev e l an c o n est r ép i t o en t o d o s l o s r ec o d o s d e l a acc i ó n . L a g r an d ez a

d e C l i t e m n e st r a se d eb ía a q u e n o m an i f est ab a n ad a; l a d e M ed ea,

a q u e l o r ev e l a t o d o .

I g u a l m en t e , el E t eo c l es d e E sq u i l o , en L o s si et e con t r a T ebas, se

i b a d e p r o n t o a l u c h ar co n t r a su h e r m an o p o r q u e u n a m a l d i c i ó n l o

em p u j ab a a h ac er l o , p er o n o se sab ía co n ex ac t i t u d q u é sen t i m i en t o s

l e l l ev ab an a o b ed ec er l a . A l c o n t r ar i o , al r e t o m ar est e t em a, E u r í p i ­

d es se c o m p l ac e en i m a g i n a r q u e se h ab ía p r o d u c i d o u n en cu en t r o

en t r e am b o s h er m an o s, u n en c u en t r o o r g an i z a d o y a r b i t r ad o p o r

Y o c ast a , su m ad r e . Y el l o s se q u e j an y ex p o n en su s r az o n es. D esc u ­

b r i m o s a u n E t eo c l es ap asi o n ad o p o r el p o d er y q u e en c ar n a l a a m ­

b i c i ó n . E st e E t eo c l es g an a en est a c o n f r o n t ac i ó n u n a r ea l i d ad p si c o ­

l ó g i c a ac r ec en t ad a, y , al m i sm o t i em p o , se r ev i st e d e u n v a l o r en

c i er t o m o d o si m b ó l i c o , y a q u e se c o n v i er t e en el p o r t av o z d e u n a

m o r a l y d e u n a ac t i t u d p o l í t i c a: su s m ó v i l es, p u est o s así d e m a n i f i es­

t o , l e o t o r g an t o d o su sen t i d o .

C o n f r o n t ac i o n es an á l o g as o p o n en , en E u r íp i d e s, g r a n n ú m er o

d e i d eas, d o c t r i n as y p asi o n es. L o s p er so n a j es se m u l t i p l i c an . L a s p e­

r i p ec i as p o n en a p r u eb a a c ad a u n o d e el l o s. Y seg u i m o s su s av en t u ­

r as co m o si se t r a t ar a d e p er so n as v i v as d e c u y a su er t e n o s sen t i m o s

p ar t í c i p es.

Si n em b ar g o , f a l sea r íam o s ev i d en t em en t e l as p er sp ec t i v as si

v i é r am o s en l a m ay o r i m p o r t an c i a c o n c ed i d a a l o s p er so n a j es u n

i n t er és an t e t o d o p si c o l ó g i c o o c r ey ésem o s q u e l a ac c i ó n n o t i en e

o t r a f i n a l i d a d q u e l a d e h ac er a f l o r a r l o s sen t i m i en t o s d e u n o s o d e

o t r o s. E l t eat r o g r i eg o n u n c a f u e u n t eat r o p r i o r i t a r i am en t e p si c o l ó -

Page 39: tragedia griega Jacqueline de Romilly

44 La tragedia griega

g i c o . Y l a p si c o l o g ía t an so l o a d q u i r i ó r e l i ev e en l a m ed i d a en q u e

el m ay o r d esa r r o l l o d e l a ac c i ó n l e t u v o q u e c o n c ed er m a y o r i m ­

p o r t an c i a .

L a a cc ió n

Y a en l as t r ag ed i as d e Só f o c l es ex i st e u n a r t e d e l i b er ad o p a r a d o si f i ­

c a r el i n t er és y h ac er l o r eb r o t a r . E l caso d e D ey a n i r a , en L a s t r a q u i -

n ias, p u ed e p r o p o r c i o n ar n o s l a p r u eb a. E l l a esp er a a su m ar i d o . A h o ­

r a b i en , r esu l t a q u e l l eg an b u en as n o t i c i as: su m ar i d o est á a l l í , v i v o ,

a p u n t o d e p r esen t ar se an t e el l a . T o d o el m u n d o est á a l eg r e . P e r o l as

n o t i c i as n o est ab an c o m p l et as: u n p er so n a j e m e j o r i n f o r m ad o ac ab a

p o r r ev e l a r l e q u e su m a r i d o est á c i e r t am en t e v i v o y d e r eg r eso , p er o

v i en e ac o m p añ ad o p o r o t r a m u j e r , d e l a q u e ad em ás est á e n a m o ­

r ad o . L a n o t i c i a es, c o n t o d a se g u r i d a d , d u r a . D e t o d as m an e r as,

D e y a n i r a r ec o b r a l a esp er an z a , p o r q u e c r ee h ab er en c o n t r ad o el m e ­

d i o p a r a q u e su m a r i d o v u e l v a a su l ad o g r ac i as a u n a d r o g a m á g i ­

ca. E n t o n c es, l a esp er an z a l o b añ a t o d o . P e r o r esu l t a q u e est a d r o g a

p r o v o c a en el p ed az o d e l an a q u e h ab ía u t i l i z ad o u n ef ec t o d est r u c ­

t o r . Y r e i n a l a an g u st i a . Y n o si n r az ó n , p o r q u e , p o co d esp u és, D e y a ­

n i r a se en t e r a p o r su p r o p i o h i j o d e q u e , e f ec t i v am en t e , h a c au sad o

l a m u er t e d e su m ar i d o . E st o s ef ec t o s sab i am en t e d o si f i c ad o s, est as

n o t i c i as f r a g m e n t a r i a s, est as a l t e r n an c i as d e a l eg r í a y ab a t i m i en t o

est án p r esen t es, en g r ad o s d i st i n t o s, en casi t o d as l as o b r as d e Só f o ­

c l es. So n n ec esar i as t r es r ev e l ac i o n es su cesi v as p a r a q u e E d i p o se d é

c u en t a d e q u i én es y d e q u é es l o q u e h a h ech o : l a p r i m e r a l o l l en a d e

a l eg r ía , l a seg u n d a l o i n q u i e t a y l a t e r c er a l e p r o p o r c i o n a l a c er t ez a

d e l d esast r e . Su c ed e l o m i sm o c o n l o s p er so n a j es sec u n d ar i o s. P o r

e j em p l o , Só f o c l es i m a g i n a q u e E g i st o , en El ec t r a , al v e r u n c ad áv er ,

se c r ee q u e O r est es est á m u er t o : t r i u n f a y p i en sa q u e t o d o est á a sa l ­

v o ; en est o , r esu l t a q u e se t r a t ab a d e C l i t e m n e st r a y sab e en t o n ces

q u e t o d o est á p er d i d o .

E st o s g i r o s so n l o q u e A r i st ó t e l es l l am ab a l as « p er i p ec i as» , y

Page 40: tragedia griega Jacqueline de Romilly

El género trágico45

c u an d o q u i so d e f i n i r l as, en l a Po ét i ca , el m e j o r e j em p l o q u e se l e

o c u r r i ó f u e el d e Ed i p o r ey . E f ec t i v am en t e , esc r i b e ( en 14 5 2 a) : « L a

p er i p ec i a es u n g i r o d e l a acc i ó n en sen t i d o c o n t r a r i o , seg ú n l o q u e

d i j i m o s; y est o , u n a v ez m ás, seg ú n l a v e r o si m i l i t u d o l a n ec esi d ad ;

así, en E d i p o , el m en sa j e r o l l eg a p en san d o q u e v a a c au sar l e a E d i p o

u n a a l eg r í a y q u e v a a t r an q u i l i z a r l e en l o q u e a su m ad r e se r e f i er e,

p er o , al r e v e l a r q u i én es él , p r o d u c e el ef ec t o c o n t r a r i o » .

A h o r a b i en , t al es p r o c ed i m i en t o s, cap ac es d e r e a v i v a r el i n t er és,

se i b an a c o n v er t i r , co n E u r íp i d e s, en l a l ey d e l g én er o . E n ef ec t o ,

E u r íp i d e s i n v en t ó l o q u e se p o d r ía l l a m ar l a i n t r i g a . Su t eat r o est á

p l ag ad o d e ast u c i as, so r p r esas, co n f u si o n es y r eco n o c i m i en t o s. Y m u l ­

t i p l i có l o s ep i so d i o s y l o s p er so n a j es co n el f i n d e d a r v a r i ed ad a est a

i n t r i g a y v o l v e r l a m ás c o n m o v ed o r a .

U n e j em p l o b ast a p ar a m o st r a r , p r i m e r am en t e , h ast a q u é p u n t o

l a u t i l i z ac i ó n d e m ú l t i p l es p er so n a j es se p er f ec c i o n ó c o n E u r íp i d e s y

q u é v a r i ed ad ap o r t a en el d esa r r o l l o d e l a ac c i ó n : se t r a t a d e Fen i c i as,

t r ag ed i a q u e p r esen t a l a v en t a j a d e v e r sa r so b r e el m i sm o t em a q u e

L o s siet e con t r a T ebas, d e E sq u i l o .

L a o b r a d e E sq u i l o es m u y si m p l e. A p a r t e d e E t eo c l es y d el co r o ,

n o i n t er v i en e m ás q u e u n o o v ar i o s m en sa j e r o s, y l a ac c i ó n co n si st e

ú n i c am en t e en a g u a r d a r l a d ec i si ó n d e E t eo c l es, y l u eg o en d ep l o r a r

su s co n sec u en c i as. A l c o n t r ar i o , en Fen i c i a s, t o d a l a f a m i l i a d e E d i p o

se v e i n v o l u c r ad a en el d r am a y ex p e r i m en t a su s r ep er c u si o n es. N o

so l o ap ar ec e P o l i n i c es p a r a en f r en t a r se en u n c o n f l i c t o m an i f i est o a

su h er m an o E t eo c l es; n o so l o Y o c ast a , su m a d r e , est á p r esen t e, co m o

t est i g o d e est e c o n f l i c t o q u e l a d esg ar r a ; t am b i én est án A n t i g o n a y

el P ed ag o g o , q u e si r v en p a r a h ac er u n a em o t i v a p r esen t ac i ó n en el

p r ó l o g o , y A n t i g o n a r eap ar ec er á al f i n a l , p r o n t o seg u i d a d e l p r o p i o

E d i p o , q u e so l o p ar ec e h ab er se q u ed ad o en el p a l ac i o , en co n t r a d e

t o d a t r ad i c i ó n , p a r a su m ar su d u e l o al d e su h i j a . P o r si n o f u e r a

p o co , a m i t ad d e l a o b r a , E u r íp i d e s h ace i n t e r v e n i r a C r eo n t e , h e r ­

m an o d e Y o c ast a , q u e c o n v er sa co n T i r e si a s ac er c a d e l o s m ed i o s

p a r a p o n er a sa l v o l a c i u d ad , y M en eceo , h i j o d e C r eo n t e , q u e m o r i ­

r á p a r a sa l v a r l a . Si a est a l i st a añ ad i m o s l o s d o s m en sa je r o s d el f i n a l ,

Page 41: tragedia griega Jacqueline de Romilly

φ La tragedia griega

d a u n t o t al d e o n ce p er so n a j es. M u c h o s d e est o s p er so n a j es t i en en

an t e t o d o l a f u n c i ó n d e ac r ec en t ar y d ar v a r i ed ad a l a r eso n an c i a

h u m a n a d el d r am a , p er o est á c l a r o q u e, en c o n ju n t o , i n t r o d u c en

t am b i én en l a ac c i ó n u n m o v i m i en t o q u e p r ec i p i t a su r i t m o y r en u e­

v a su i n t er és.

L a en t r ad a d e P o l i n i c es en esa c i u d ad q u e se h ab ía v u e l t o e n em i ­

g a e r a u n a n o v ed ad c ap az d e p i c a r l a c u r i o si d ad . E l d eb at e en t r e l o s

d o s h er m an o s p o d ía d esa r r o l l a r se d e m u c h as m an er as. L a l l eg ad a

d e T i r e si a s p o d ía su sc i t a r u n a n u ev a esp er an z a , p er o l a r ev e l ac i ó n d e

T i r e si a s su p o n ía u n d esast r e p a r a C r eo n t e : p ar a sa l v a r a T e b a s, d e ­

b ía m a t a r a su h i j o M en eceo . ¿L o h a r ía? N o q u i e r e : se n i eg a . P e r o

r esu l t a q u e ese h i j o , d e f o r m a i m p r ev i st a , se en t r eg a l i b r em en t e a l a

m u er t e . T o d o eso y a so n m u c h as em o c i o n es, so r p r esas y o r i en t ac i o ­

n es d i f e r en t es. Si n e m b ar g o , l l eg a e l m en sa je r o : ¿v i en e f i n a l m en t e ,

c o m o en E sq u i l o , a an u n c i a r l a m u er t e d e l o s d o s h er m an o s? ¡E n

ab so l u t o ! D a n o t i c i as d e l a b a t a l l a en g en er a l : t o d o v a b i en , h ay b u e­

n as esp er an z as. E n c u an t o a l o s d o s h er m an o s, ¡v a y a ! , ¡se d i sp o n en a

en f r en t a r se ! E st e t i p o d e c o r t e i n t r o d u c i d o en el r e l a t o c o n st i t u y e

c o m o u n « c o n t i n u ar á» al est i l o d e n u est r o s f o l l e t i n es. D e h ec h o , Y o -

cast a y A n t i g o n a se p r ec i p i t an i n m ed i a t am en t e co n l a esp er an z a d e

d e t en er est e c o m b at e. Y so l o en el ep i so d i o si g u i en t e sab r em o s c ó m o

se f r u st r ó est a esp er an z a . E s f ác i l d e c o n c eb i r q u e u n a t r ag ed i a t an

r i c a en p er so n a j es y t an f é r t i l en p er i p ec i as n o t u v i e r a en ab so l u t o

n ec esi d ad d e o t r as d o s p ar a c o m p l e t a r l a y t am p o c o p u d i e r a i n se r t a r ­

se en u n a t r i l o g ía : p o r sí m i sm a c o n st i t u y e u n m u n d o c er r ad o , en el

q u e el ac o n t ec i m i en t o se p r esen t a en t o d a l a v a r i ed ad d e su s i m p l i c a ­

c i o n es h u m a n a s. '6

Y , a c au sa d e est o , ¡q u é i n c r em en t o d e l p at e t i sm o ! E l d eb at e en ­

t r e l o s d o s h er m an o s es u n a escen a d i g n a d e an á l i si s. L a p r esen c i a d e

16 . P o r q u e es u n m u n d o c er r ad o , q u e se b ast a a sí m i sm o , y q u e, al m i sm o

t i em p o , E u r íp i d es i m ag i n a casi si em p r e si t u ac i o n es q u e n o i n c l u ía l a l ey en d a p er o

q u e en r i q u ec ían l a i n t r i g a , l as o b r as d e E u r íp i d es c o m i en z an , p o r l o g en er a l , co n

l a r g as ex p l i c ac i o n es, d ad as en u n m o n ó l o g o ( véase L . M ér i d i e r , L e p r o l o gu e dans

l a t r agéd ie d ’Eu r i p i d e , 19 11) .

Page 42: tragedia griega Jacqueline de Romilly

El género trágico 47

Y o c ast a , su m a d r e , l a v u e l v e d o l o r o sa y c r u e l : « ¡I n f e l i z d e m í ! ¿Q u é

v a i s a h ac er , h i j o s?» . L a p r eg u n t a l an z ad a p o r T i r e si a s a C r eo n t e

( si em p r e en Fen i c i a s) p o d r ía p l an t ear u n p r o b l e m a q u e d i r i m i r en t r e

u n j e f e y u n ad i v i n o : el sac r i f i c i o v o l u n t a r i o d e l j o v en M en eceo , casi

t o d av ía u n n i ñ o , l a t r an sf o r m a en u n ep i so d i o c o n m o v ed o r . L a s n o ­

t i c i as d el c o m b at e en t r e l o s d o s h er m an o s p o d r ían l l ev ár se l as al co r o ,

c o m o en E sq u i l o , p er o es Y o c ast a q u i en l as r ec i b e y q u i en p ar t e co n

A n t i g o n a p a r a i n t en t a r ap l ac ar a su s h i j o s: u n a an c i an a m u j e r y u n a

m u c h ac h a j o v en c ísi m a . D e l m i sm o m o d o , p ar a l l o r a r a l o s m u er t o s,

en l u g a r d el c o r o , t en em o s a A n t i g o n a y a E d i p o : u n a m u c h ac h a j o ­

v en c ísi m a y u n an c i an o c i eg o , am b o s a f ec t ad o s d e l a m an er a m ás

p r ó x i m a . E l ac o n t ec i m i en t o se r e f r ac t a en su f r i m i en t o s p er so n a l es e

i m p o t en t es, c ap aces d e i n sp i r a r p i ed ad .

E st e p at e t i sm o , em p l ead o t an d e l i b e r ad am en t e m ed i an t e u n a

ac c i ó n m ás d esa r r o l l ad a , es u n a d e l as t en d en c i as m ás f u n d am en t a ­

l es d e l a t r ag ed i a t al co m o l a p r ac t i c ó E u r íp i d es. Y en t o n ces ap ar e­

c i e r o n u n o s c u an t o s p r o c ed i m i en t o s q u e p o d ían se r v i r a est e f i n .

E n p r i m e r l u g a r , v em o s m u l t i p l i c a r se l o s p er so n a j es d i g n o s d e

p i ed ad . A y a x , en l a o b r a d e Só f o c l es, se d esp i d e d e su h i j o : se t r a t ab a

d e u n r ec u er d o q u e p r o c ed ía d i r ec t am en t e d el can t o V I d e l a I l ía da y

t en ía q u e r esu l t a r u n a escen a m u y i m p r esi o n an t e en el t eat r o . P e r o

E u r íp i d e s, p o r su p ar t e , p u so en escen a h i j o s en A lcest i s, en M edea , en

L o s h er acl i das, en A n d r ó m aca , en H er acl es, en Su p l i can t es y en L a s t r o -

yan as: t al es h i j o s er an ab an d o n ad o s, am en az ad o s o asesi n ad o s, y a en

p r esen c i a d e u n a m ad r e i m p o t en t e p a r a sa l v a r l o s, y a i n c l u so p o r l a

p r o p i a m ad r e . Y l a m ay o r ía d e l as v ec es, E u r íp i d e s l o s h ace h ab l a r , al

m en o s co n b r ev es r ép l i c as d e p esad u m b r e o d e sú p l i c a. P o r o t r a p a r ­

t e, en u n a c an t i d ad si m i l a r d e o b r as, i n t r o d u j o an c i an o s d est r o z ad o s

p o r l a ed ad al m i sm o t i em p o q u e p o r l as d esg r ac i as, v í c t i m as t am b i én

d e i n j u r i a s y d e v i o l en c i as f r en t e a l as c u a l es c a r ec ían d e r ec u r so s.

P e r o so b r e t o d o , au n m ás q u e p er so n a j es p at é t i c o s, l a t r ag ed i a d esc u ­

b r i ó el a r t e d e p r esen t a r si t u ac i o n es p at ét i c as. P u d i e r o n v er se d es­

d i c h ad o s, q u e se h ab ían r e f u g i a d o a l p i e d e u n a l t a r , a p u n t o d e ser

d esa l o j ad o s p a r a ser c o n d u c i d o s a l a m u er t e , y esp ad as q u e se d esen ­

Page 43: tragedia griega Jacqueline de Romilly

48 La tragedia griega

v a i n ab an p ar a e j ec u c i o n es i n m i n en t es. D e f o r m a m ás e l ab o r ad a , p u ­

d i e r o n v er se escen as d e c o n t r o v e r si a q u e se d esar r o l l ab an en p r esen ­

c i a d e l a v í c t i m a c u y a su er t e d ep en d ía d e l r esu l t ad o : A n d r ó m a c a

seg u ía est an d o , co n su h i j o , c a r g ad a d e l i g ad u r as, m i en t r as q u e P e l eo

y M en e l ao se en f r en t ab an p o r su cau sa, e I f i g e n i a escu c h ab a a su m a ­

d r e su p l i c a r p o r e l l a an t e A g a m e n ó n . Se v i e r o n i n c l u so c ó m o u n o s

p er so n a j es u t i l i z a b a n a o t r o p a r a p r esi o n a r a u n t e r c er o . M ed i an t e

u n a esp ec i e d e c h an t a j e , M en e l a o c o n si g u e q u e A n d r ó m a c a se en t r e ­

g u e al am en az a r co n m a t a r a su h i j o . Y p o r u n b o n i t o r asg o d e j u st i c i a

l i t e r a r i a , O r est es, a su v ez , en l a o b r a q u e l l ev a su n o m b r e , p r esi o n ar á

a M en e l ao am en az an d o a su h i j a H e r m i o n e , a q u i en t i en e a su m e r ­

ced , b a j o l o s p r o p i o s o j o s d e M en el ao .

Y , f i n a l m en t e , est as d i f e r en t es si t u ac i o n es se v o l v i e r o n m ás p at é ­

t i cas t o d av ía m ed i an t e el u so d e d o s p r o c ed i m i en t o s, q u e l l eg a r o n a

c o n si d er ar se m ás t a r d e c o m o e l em en t o s co n st i t u t i v o s d e l a t r ag ed i a

g r i eg a .

E l p r i m e r o co n si st e en l l e v a r u n a si t u ac i ó n am en az an t e h ast a su

l ím i t e ex t r e m o y h ast a el m o m en t o en q u e el d esast r e y a n o p u ed e

ev i t ar se . Y el seg u n d o co n si st e en v o l v e r u n a si t u ac i ó n esp ec i a l m en t e

h o r r i b l e al su p o n er en el o r i g en u n e r r o r en l a p er so n a. E n el p r i m e r

c aso , l a si t u ac i ó n c o n d u c e a l o q u e se l l am a u n cou p de t h éât r e [ « u n

l an c e i m p r e v i st o » ] ; y en el seg u n d o c o n d u c e a u n r ec o n o c i m i en t o ,

r ec o n o c i m i en t o q u e p u ed e a v eces, p er o n o si em p r e, p r esen t ar se co m o

u n l an c e i m p r ev i st o .

L a s escen as d e r ec o n o c i m i en t o , en sí m i sm as, n o e r an n u ev as. Y

E u r íp i d e s n o f u e d e n i n g ú n m o d o el p r i m e r o en h ab er l as u t i l i z ad o

en el t eat r o . D e h ec h o , t am b i én en est o , l a ep o p ey a h ab ía m o st r a ­

d o el c am i n o , y a q u e se p o d ía l eer , en l a O disea, el r ec o n o c i m i en t o d e

U l i ses p o r su n o d r i z a , q u e , al b añ ar l o , ad v i r t i ó u n a c i c a t r i z y p u d o

así i d en t i f i c a r l o . L a t r ag ed i a en c o n t r ab a ah í m a t er i a p at ét i c a a p ed i r

d e b o ca. Y A r i st ó t e l es, en su Po ét i ca , c u an d o h ab l a d e l a ac c i ó n c o m ­

p l e j a o p u est a a l a ac c i ó n si m p l e , d e f i n e l a p r i m e r a p o r el h ec h o d e

q u e el c am b i o d e f o r t u n a se v e r i f i c a « p o r m ed i o d e u n r ec o n o c i m i en ­

t o o co n p er i p ec i a o co n l as d o s co sas a u n m i sm o t i em p o » ( 14 5 2 a) .

Page 44: tragedia griega Jacqueline de Romilly

El género trágico 49

A r i st ó t e l es est ab l ece i n c l u so cu ál es so n l as r eg l as d e u n b u en r ec o n o ­

c i m i en t o : e f ec t i v am en t e , es n ec esar i o q u e l a v e r o si m i l i t u d y l o n a t u ­

r a l se a l íen en él co n l o p at ét i co . E n su o p i n i ó n , el m e j o r e j em p l o es

E d i p o r ey , d e Só f o c l es, d o n d e el r ec o n o c i m i en t o c o n st i t u ía , en r e a l i ­

d ad , el n ú c l eo m i sm o d e l a ac c i ó n , y d o n d e est ab a en t r ec o r t ad o p o r

d i f e r en t es i n v er si o n es. P e r o est ab a c l a r o q u e E u r íp i d e s, co n su f l e x i ­

b i l i d ad y su h áb i t o d e v er o si m i l i t u d es r e t ó r i c as, t en ía t o d as l as b az as

p a r a c o n v e r t i r se en u n o d e l o s m aest r o s d e l g én er o . E n c u a l q u i e r

caso , se b u r l a si n v e r g ü en z a d el r ec o n o c i m i en t o i m ag i n ad o p o r E s ­

q u i l o en t r e E l e c t r a y O r est es. E st e r ec o n o c i m i en t o v en ía p r eced i d o

p o r el d esc u b r i m i en t o d e u n a m ec h a d e c ab el l o y d e u n a h u e l l a d e

p i sad a , y l u eg o er a c o n f i r m ad o p o r el d esc u b r i m i en t o d e u n a v i e j a

t e l a b o r d ad a : p er o ¿ac aso u n a m ec h a d e c ab e l l o y u n a h u e l l a so n

i d én t i c as en t r e u n h e r m an o y u n a h e r m an a? Y d esp u és d e t an t o s

añ o s, ¿p o d r ía seg u i r u sán d o se l a m i sm a t e l a? P o r t an t o , E u r íp i d e s

d eb ía h ac e r l o m e j o r . Y A r i st ó t e l es c i t a co n ap r o b ac i ó n el r ec o n o c i ­

m i en t o i n t r o d u c i d o p o r aq u e l en t r e I f i g e n i a y O r est es en I f i gen i a

en t r e los t au r os.

E l h ec h o es q u e escen as d e est e t i p o so n f r ec u en t es en su t eat r o .

I ó n n o es m ás q u e u n a su cesi ó n d e f al so s r ec o n o c i m i en t o s q u e t e r m i ­

n an co n el v e r d ad er o . Y E u r íp i d e s i n c l u so i m ag i n ó , en H el en a , l as

c i r c u n st an c i as n ec esar i as p ar a q u e se d i e r a u n r ec o n o c i m i en t o , i m ­

p r ev i st o y aso m b r o so , en t r e H e l en a y M en e l ao , en t r e l a m u j e r y el

m a r i d o . P e r o , so b r e t o d o , p ar ec e g u st a r d e aq u e l l o s q u e se c o m b i n an

c o n l o s l an c es i m p r ev i st o s, p o r q u e en t o n ces el i n t er és d e l a i n t r i g a y

el ef ec t o p at ét i c o se v en l l ev ad o s a su p u n t o m ás al t o .

¡Y q u é d o m i n i o p o see en el ar t e d e t en sar l a ac c i ó n , d e i n sp i r a r

t em o r , d e h ac er p a l p i t a r ! P o d em o s d ec i r q u e se t r at a y a d el ar t e d e

u n esc r i t o r d e o f i c i o , d e u n h o m b r e d e l e t r as. E l caso m ás si m p l e es

aq u e l en el q u e se esp er a a u n sa l v ad o r , p er o se r e t r asa h ast a t al p u n ­

t o q u e se i m p o n e l a d esesp er ac i ó n ; y d e r ep en t e, c u an d o y a n o se

c r e ía q u e f u e r a a su c ed er , r esu l t a q u e ap ar ec e. A sí se i r r u m p e H e ­

r ac l es, en l a o b r a q u e l l ev a su n o m b r e : su l l eg ad a d eb e sa l v a r a l o s

su y o s en el m o m en t o en q u e , t r as m u c h o s l am en t o s, esp er an z as y

Page 45: tragedia griega Jacqueline de Romilly

5£.La tragedia griega

sú p l i cas, su p ad r e ac ab a d e z a n j a r : « M u c h as v eces t e h e i n v o c ad o ; es­

f u e r z o v an o , p u es seg ú n p ar ec e es f u e r z a m o r i r » ( 50 3) . A sí se i r r u m ­

p e t am b i én el v i e j o P e l eo , en A n d r ó m aca , en el m o m en t o en q u e , t r as

c an t i d ad d e d i sc u si o n es y d e r ep r o c h es, A n d r ó m a c a y su h i j o v an l o s

d o s a ser asesi n ad o s. E st á n en c ad en ad o s; y a se h an d esp ed i d o d e l a

v i d a ; y M en e l ao ac ab a d e p r o n u n c i a r l as p a l ab r as i n ex o r ab l es, l a ú l ­

t i m a d e c u y as f r ases es: « ah o r a b a j a r ás al H a d e s su b t e r r án eo » , c u an ­

d o el co r o d ec l ar a : « H e v i st o aq u í cer ca a P e l eo , q u e ac á d i r i g e d e

p r i sa su s v i e j o s p i es» .

P u ed e su c ed er q u e l a sa l v ac i ó n n o p r o c ed a d e u n a p er so n a, si n o

d e u n a i n f o r m ac i ó n q u e c am b i a l a si t u ac i ó n ; y , en est e caso , el r ec o ­

n o c i m i en t o c o n st i t u y e u n l an c e i m p r ev i st o , y a q u e v i en e a p o n er f i n

a u n a si t u ac i ó n q u e i b a a c o n c l u i r en u n d r am a m o n st r u o so . A m e ­

n u d o se t r at a d e p ar i en t es p r ó x i m o s — o i n c l u so d e p ad r es y su s h i ­

j o s— q u e est án a p u n t o d e d ar se m u er t e si n sab er l o . E s así c o m o , en

I ó n , l a m ad r e q u i e r e p r i m e r o m a t a r a q u i en , d e h ec h o , es su h i j o ; y

l u eg o est e h i j o a su v ez se d i sp o n e a v en g ar se ; y est á a p u n t o d e h a ­

c er l o c u an d o i r r u m p e l a P i t i a : « ¡D e t e n t e , h i j o ! . . .» . L l e g a en el ú l ­

t i m o m o m en t o p a r a h ac er p o si b l e u n t a r d ío r ec o n o c i m i en t o en t r e

l a m a d r e y el h i j o . Se d i c e q u e , en o b r as p er d i d as c o m o Cr esfon t es,

A l ej a n d r o o H i p si p i l o , E u r í p i d e s c o n seg u ía a p a r t i r d e si t u ac i o n es

a n á l o g as ef ec t o s so r p r en d en t es. E i n c l u so en I f i g en i a en t r e los t a u ­

r os, es ev i d en t e q u e el r ec o n o c i m i en t o en t r e el h er m an o y l a h e r m a ­

n a a l c an z a u n a d i m en si ó n m ás p at é t i c a p o r el h ec h o d e q u e I f i g e n i a

se d i sp o n e, si n sab er n ad a , a i n m o l a r a est e h e r m an o en el c u l t o a

Á r t e m i s.

N o so n m ás q u e e j em p l o s. Si p r e t en d i é r am o s m u l t i p l i c a r l o s, c o ­

r r e r íam o s el r i esg o d e d a r l a i m p r esi ó n d e q u e el t eat r o d e E u r íp i d e s

so l o est á h ech o d e t r u co s d e o f i c i o y d e escen as ef ec t i st as. N a t u r a l ­

m en t e , n o es n ad a d e eso . P e r o m i en t r as q u e p o d íam o s d esc o n c er t a r ­

n o s c o n l as p r i m e r as t r ag ed i as d e E sq u i l o , c u y o a i r e h i e r á t i c o y cu y o s

l i m i t ad o s m ed i o s r ec o r d ab an m ás l a t r ad i c i ó n d e l o s m i st er i o s r e l i ­

g i o so s q u e l a d el t eat r o m o d er n o , p o d em o s a v eces sen t i r n o s m o l es­

t o s al c o m p r o b ar q u e E u r íp i d e s, so b r e t o d o en l a seg u n d a p ar t e d e su

Page 46: tragedia griega Jacqueline de Romilly

El género trágico 51

v i d a l i t e r a r i a , se asem ej a p o r m o m en t o s a l a c o m ed i a n u ev a y a M e ­

n an d r o , o i n c l u so , m ás a l l á d e M en an d r o , al d r am a b u r g u és.

Si n em b ar g o , l a ev o l u c i ó n es c o n t i n u a, y es b r ev e . E l i m p u l so

i n t e r i o r q u e r en u ev a l a t r ag ed i a g r i eg a , al m u l t i p l i c a r su s m ed i o s

y al d e sp l a z a r su s c en t r o s d e i n t er és, l l ev a en o ch en t a añ o s d esd e el

m ás au st e r o a r c a ísm o h ast a u n a m o d er n i d ad q u e d i r íam o s r á p i d a ­

m en t e ex c esi v a .

Q u i z á s est a m o d e r n i d a d m a r q u e i n c l u so , en c i e r t o sen t i d o , el f i n

d e l a t r a g e d i a g r i e g a . P o r q u e l a ev o l u c i ó n h a si d o t al q u e u n o d e

l o s d o s e l em en t o s q u e en t r an en su c o m p o si c i ó n ac ab ó p o r n o t en er

y a n i n g u n a f u n c i ó n esen c i a l . E l c o r o , en a l g u n a s t r ag e d i a s d e E u r í ­

p i d es, n o d esem p eñ a m ás q u e u n p ap e l t o t a l m en t e sec u n d a r i o ; y l a

g r a c i a d e l l i r i sm o añ ad e a b u en seg u r o u n a t r a c t i v o , p er o u n a t r a c ­

t i v o d e l q u e se p o d r ía p r e sc i n d i r , y d e l q u e , d e h ec h o , p r esc i n d e el

t ea t r o m o d er n o .

P o d em o s p r eg u n t a r n o s i n c l u so si n o se d eb i ó al sen t i m i en t o d e

a l g o q u e se d eb i l i t ab a esa t r ag ed i a q u e se en c u en t r a en t r e l as ú l t i m as

d e E u r íp i d e s ( l a ú l t i m a o l a p en ú l t i m a) y q u e es t am b i én u n a d e l as

q u e m ás se ad ec ú a al esq u em a o r i g i n a l d e l a t r ag ed i a g r i eg a . L a o b r a

t i t u l ad a Bacan t es, c o m p u est a en l a co r t e d el r ey d e M ac ed o n i a , p o co

an t es d e l a m u er t e d el p o et a, es u n a t r ag ed i a en l a q u e el c o r o v u e l v e

a d esem p eñ ar u n a f u n c i ó n i m p o r t an t e y en l a q u e v u e l v e a ac o p l ar se

est r ec h am en t e co n l a acc i ó n . E s t am b i én u n a t r ag ed i a d e i n sp i r ac i ó n

r e l i g i o sa , t en sad a p o r u n a so l a c at ást r o f e. F i n a l m e n t e , es u n a t r ag e ­

d i a h o st i l a l a m en t a l i d ad r ac i o n a l y so f i st i c ad a q u e h ab ía d esem p e­

ñ ad o u n p ap el t an g r a n d e en l a i n sp i r ac i ó n d e E u r íp i d es. P o r c o n si ­

g u i en t e , t o d o p r o v o c a l a sen sac i ó n d e u n r e t o r n o h ac i a u n a f u en t e

c u y o c u r so se h ab r ía p o co a p o co secad o y at ascad o .

D e h ec h o , l a t r ag ed i a , c o m o g én er o l i t e r a r i o , h ab ía ev o l u c i o n ad o

h ast a l o s l ím i t es d e l o q u e d e f i n ía l a o r i g i n a l i d a d d e est e g én er o . P e r o

so l o l o h ab ía h ec h o b a jo l a i n f l u en c i a d e u n a p r o f u n d a t r an sf o r m a ­

c i ó n en l a m en t a l i d ad g en er a l q u e an i m ab a a l o s au t o r es. Y c u an d o

Page 47: tragedia griega Jacqueline de Romilly

52 La tragedia griega

l a t r ag ed i a g r i eg a t o ca a su f i n , eso si g n i f i c a q u e t am b i én el i m p u l so

r e l i g i o so y n ac i o n a l q u e h ab ía su sc i t ad o su s g r an d es p r o d u c c i o n es h a

d i sm i n u i d o y l u eg o se h a p er d i d o .

E l c a l l e j ó n si n sa l i d a al q u e l l eg a l a t r ag ed i a g r i eg a , en el m o m e n ­

t o en q u e u n o d e su s e l em en t o s c o n st i t u t i v o s p i e r d e l o f u n d a m en t a l

d e su f u n c i ó n , c o i n c i d e co n el c a l l e j ó n si n sa l i d a a l q u e l l e g a A t en as,

el d ía en q u e el i n d i v i d u a l i sm o t r i u n f a so b r e el c i v i sm o a l i g u a l q u e l a

i r r e l i g i ó n l o h ac e so b r e l a p i ed ad , y en q u e p ar ec e, a f i n d e c u en t as,

q u e el f u t u r o d e l h o m b r e h a d e v o l v e r se a p en sar .

E st a c o i n c i d en c i a c o n f i r m a l o q u e c o n st i t u y e l a o r i g i n a l i d a d d e

l a t r ag ed i a g r i eg a y su p o t en c i a p r o f u n d a . P er o i n v i t a , al m i sm o

t i em p o , a o b ser v a r u n p o c o m ás d e cer ca l o q u e c ad a u n o d e l o s t r es

t r ág i c o s p u d o t en er q u e d ec i r so b r e el h o m b r e, y a q u e est a ev o l u c i ó n

en el p en sam i en t o y l a i n sp i r ac i ó n p u ed e, en d e f i n i t i v a , d a r c u en t a

n o so lo d e l as t r an sf o r m ac i o n es l i t e r a r i as q u e h em o s d est ac ad o aq u í ,

si n o d e l o q u e h ab r á q u e d e f i n i r a c o n t i n u ac i ó n , a sab er , d e l sen t i d o

q u e c o n v i en e a t r i b u i r a l a n o c i ó n m i sm a d e t r ág i c o .

Page 48: tragedia griega Jacqueline de Romilly

E S Q U I L O O L A T R A G E D I A D E L A JU S T I C I A D I V I N A

II

E sq u i l o es el h o m b r e d e l as g u e r r a s m éd i c as.

V i o su p a t r i a p o r d o s v eces a m en az a d a y d esp u és sa l v ad a , y f i ­

n a l m en t e t r i u n f an t e . Y es d e l o s q u e l u c h a r o n p o r est a v i c t o r i a .

E n 49 0 a. C . c o m b at ía en M ar a t ó n ( al i g u a l , p o r o t r a p ar t e , q u e u n

h e r m an o su y o , c u y o h er o ísm o m en c i o n a H er ó d o t o ) . E n 48 0 a .C . ,

c u an d o y a t en ía c u ar en t a y c i n co añ o s, c o m b at ía en Sa l a m i n a m i e n ­

t r as q u e A t en as er a ev ac u ad a, o c u p ad a e i n c en d i ad a.

E s f á c i l m e n t e c o m p r en si b l e q u e u n a a v e n t u r a t al m ar c ase a

u n h o m b r e d e p o r v i d a . Y l a o b r a d e E sq u i l o n o s o f r ec e a b u n d a n ­

t es p r u eb as. P o r l o d em ás, su c ed e q u e t en em o s u n ep i t a f i o , q u e se

l e a t r i b u y e y b i en p o d r ía ser su y o , en e l q u e l a g l o r i a d e h ab er

c o m b a t i d o c o n t r a el i n v a so r b á r b a r o p ar ec e ser el p r i n c i p a l h o n o r

q u e r e i v i n d i c a est e p o et a . D i c e , en e f ec t o : « D e su ex i m i o v a l o r

h a b l a r á n M a r a t ó n y su b o sq u e y el c ab e l l u d o m ed o , q u e l e c o n o ­

cen b i en » .

E st o n o si g n i f i c a q u e E sq u i l o h ay a a g u a r d a d o a su s c u ar en t a y

c i n co añ o s n i a est a p r u eb a n ac i o n a l p ar a esc r i b i r t r ag ed i as: en r ea l i ­

d ad , p ar ec e h ab er c o m en z ad o a l o s v e i n t i c i n c o añ o s, en 50 0 a. C . P e r o

es u n h ec h o q u e su p r i m e r t r i u n f o se si t ú a en 4 8 4 a. C . , en t r e l as d o s

G u e r r a s M éd i c as. Y es t am b i én u n h ech o q u e l a t r ag ed i a m ás an t i g u a

q u e h a l l e g a d o h ast a n o so t r o s p ar ec e ser L o s per sas. A h o r a b i en , l a

t r ag ed i a d e L o s per sas se r ep r esen t ó en 4 72 a. C ., o ch o añ o s d esp u és d e

l a g r a n v i c t o r i a . E n c i er t o sen t i d o , h ay a l g o p r o f u n d am en t e sa t i sf ac ­

t o r i o en el h ec h o d e q u e l a en t r ad a d e E sq u i l o en el m u n d o d e l a t r a ­

g ed i a t al c o m o n o so t r o s l a c o n o c em o s se h ay a p r o d u c i d o co n o casi ó n

53

Page 49: tragedia griega Jacqueline de Romilly

54 La tragedia griega

d e est a v i c t o r i a q u e c o n sag r ó l a g r a n d e z a a t en i en se y m ar c ó l a o b r a

d e l p o et a co n u n a h u e l l a t an h o n d a.

D e 4 72 a 4 58 a. C . , l a c a r r e r a d e E sq u i l o se d esar r o l l ó en esa A t e ­

n as t o d av ía m u y o r g u l l o sa d e su r ec i en t e v i c t o r i a y d o n d e l a e v o l u ­

c i ó n d em o c r á t i c a c o m en z ab a a r ev e l a r se en l a c o n d u c t a d e l j o v e n

P er i c l es, q u e h ab ía si d o el c o r eg a d esi g n ad o p a r a g a r a n t i z a r l a r e p r e ­

sen t ac i ó n d e L o s per sas. D e l as o b r as q u e h i z o r ep r esen t a r , n o s q u e ­

d an L o s si et e con t r a T ebas ( o b r a i n t e r p r e t ad a en 4 6 7 a. C ) , L a s su p l i ­

can t es ( o b r a q u i z á d e 4 6 3 a. C ) y O r est ea, r ep r esen t ad a en 4 58 a. C .

O r est ea f u e el ú l t i m o t r i u n f o l o g r ad o p o r E sq u i l o , q u i e n , p o co

d esp u és, ab an d o n ó A t en as. Se f u e a Si c i l i a . Y a l a h ab ía v i si t ad o p o ­

co d esp u és d e L o s per sas, r esp o n d i en d o a u n a i n v i t ac i ó n d e l t i r an o d e

Si r ac u sa , H i e r ó n , q u e , t am b i én v i c t o r i o so so b r e o t r o s b ár b ar o s, d eb ía

d e sen t i r se c o m p l ac i d o al v e r l as d o s v i c t o r i as g em e l as o f r ec i d as a l as

a l ab an z as d e l o s p o et as. I g n o r am o s q u é d i sg u st o s f u e r o n l a c au sa d e

q u e E sq u i l o se d e c i d i e r a a a b a n d o n a r esa A t en as p o r l a q u e h ab ía

l u c h ad o y a r e g r e sa r a Si c i l i a . I g n o r a m o s l a c au sa d e su m u e r t e en

G e l a , en 4 56 a. C . ( ¡a m en o s q u e ac ep t em o s l a l ey en d a d e q u e u n

á g u i l a l e h u b i er a a r r o j a d o u n a t o r t u g a so b r e su c ab ez a, al c o n f u n d i r

su c r án eo co n u n a p i ed r a ! ) . E i g n o r am o s t am b i én , f i n a l m en t e , c u á n ­

d o y d ó n d e h i z o i n t e r p r e t a r l a t r ag ed i a d e Pr om et eo en caden ado , a l ­

g u n o s d e cu y o s r asg o s h a r ía n p en sar en Si c i l i a , p er o d e l a q u e sab e­

m o s t an p o cas co sas q u e h ay q u i en d u d a i n c l u so d e q u e su au t o r h ay a

si d o E sq u i l o .

D o s f ec h as d e b at a l l as, si et e t í t u l o s d e t r ag ed i as: eso es t o d o l o

q u e d e c o n o c i d o su b si st e p a r a n o so t r o s en l a v i d a d e E sq u i l o .

E s p o co y es m u c h o . P o r q u e , si n o h ay n ad i e en el m u n d o q u e se

p r o p o n g a m en o s q u e E sq u i l o el h ac er o b r a d e c i r c u n st an c i as y en c e ­

r r a r se en l a ac t u a l i d ad , l a ex p er i en c i a q u e v i v i ó se r e f l e j a co n u n a

ex t r añ a p o t en c i a en el c o n ju n t o d e su p en sam i en t o .

A t en as, ev ac u ad a p o r l o s at en i en ses y am en az ad a p o r l o s b á r b a ­

r o s, h ab ía si d o c o n f i ad a al c u i d ad o d e l o s d i o ses; se sa l v ó y el i n v aso r ,

t r as su sac r i l eg i o , f u e sev er am en t e c ast i g ad o . E st o so l o p o d ía c o r r o ­

b o r a r l a i d ea, t an d e l g u st o d e l o s p en sad o r es d el si g l o p r ec ed en t e , d e

Page 50: tragedia griega Jacqueline de Romilly

Esquilo o la tragedia de la justicia divina55

q u e ex i st e u n a j u st i c i a d i v i n a , q u e se m an i f i est a d e u n m o d o r esp l an ­

d ec i en t e. Y el h ech o es q u e est a f e es, en E sq u i l o , f e r v o r o sa y o b st i ­

n ad a.

P e r o l o s at en i en ses n o se h ab ían ab an d o n ad o t o t a l m en t e en m a ­

n o s d e l o s d i o ses. H a b ía n l u c h ad o y se h ab ían d e f en d i d o . D e m an e r a

q u e , d e l l ad o d e l o s h o m b r es, l a l ecc i ó n n o p o d ía m en o s q u e est i m u ­

l a r el r esp et o d e u n c i er t o h er o ísm o h u m an o , q u e c o l ab o r ab a co n l o s

d i o ses. E n f i n , l a ex p er i en c i a se ad ec u ab a co n l a i d ea d e q u e l as g r a n ­

d es c r i si s t i en en u n asp ec t o c o l ec t i v o ; a r m o n i z a b a , p u es, f ác i l m en t e

co n el p ap el d esem p eñ ad o en t o n ces p o r el c o r o , c o m o p ar a i n v i t a r a

E sq u i l o a i n si st i r en l a r ep er c u si ó n q u e su s d r am as i n d i v i d u a l es t i e ­

n en so b r e l o s g r u p o s h u m an o s a l o s q u e p er t en ec en l o s h ér o es.

T a n t o d el l ad o d e l o s d i o ses c o m o d e l l ad o d e l o s h o m b r es, esos

so n e f ec t i v am en t e l as c ar ac t e r í st i c as m ás o r i g i n a l es d e l p en sam i en t o

d e E sq u i l o , y es ev i d en t e q u e p u ed en r e l ac i o n ar se f ác i l m en t e co n l as

d o s f ec h as d e b at a l l as q u e j a l o n an su v i d a .

D e l m i sm o m o d o , l as si et e t r ag ed i as q u e c o n ser v am o s p u ed en d ar

p r o b ab l em en t e u n a i d ea b ast an t e n í t i d a d e l o q u e f u e su o b r a. Y si n

em b ar g o , ¿c ó m o n o sen t i r n o s d ev o r ad o s p o r l a n o st a l g i a c u an d o p en ­

sam o s q u e E sq u i l o esc r i b i ó cer ca d e c i en t r ag ed i as y q u e so l o t en em o s

si et e? L a l i st a d e l as t r ag ed i as p er d i d as, d e l as q u e n o c o n o cem o s m ás

q u e su s t í t u l o s, se c a r g a d e d u e l o , u n p o co c o m o l a l i st a d e l o s n o m ­

b r es d e l o s c au d i l l o s p er sas, caíd o s en l a l u c h a co n t r a A t en as, q u e , en

L o s per sas, y a n u n c a r eg r esar án . I f i g en i a , Fi l oc t et es, Pen élo p e, L o s m i ­

sos, L a s fr esas ( T r aci as) , L a s sa lam in ias: so n t í t u l o s q u e se m en c i o n an a

p r o p ó si t o d e o t r o s p o et as, p er o q u e se m en c i o n an en v an o . So l o a v e ­

ces a l g u n o s v er so s o a l g u n as r ép l i c as sa l en d e n u ev o a l a l u z , p o r u n

g o l p e d e su er t e , c o m o l as l am en t ac i o n es d e N í o b e o u n ex t r ac t o d e

L o s m i r m idon es. O b i en es el r ec u er d o , t r an sm i t i d o p o r l o s an t i g u o s,

d e u n d e t e r m i n ad o m o m en t o esp ec i a l m en t e so b r ec o g ed o r , c o m o el

p r o l o n g ad o si l en c i o q u e g u a r d ab a A q u i l e s, ab a t i d o , al c o m i en z o d e

l a o b r a d ed i c ad a al r escat e d e H éc t o r , o l a an g u st i a d e l as d o s m ad r es,

T e t i s y E o s, a l a esp er a d e q u e Z e u s p u ed a d ec i d i r c u ál d e el l as d eb ía

v e r m o r i r a su h i j o , en el Peso de las a lm as (o Psicost asia) . E st o s p o co s

Page 51: tragedia griega Jacqueline de Romilly

56 La tragedia griega

r ec u er d o s, est o s p o c o s d esc u b r i m i en t o s, au m en t an el p esar , p er o n o

ap o r t an n i n g u n a so r p r esa : a d ec i r v e r d ad , l a p er so n a l i d ad d e E sq u i l o

es t an f u er t e y t an h o m o g én ea q u e se en c u en t r a p o r en t e r o en c ad a

p ar t e d e su o b r a. D e en t r ad a , u n a o b r a d e E sq u i l o , u n a escen a d e E s ­

q u i l o , u n v er so o u n a i m a g en d e E sq u i l o , se r eco n o c en p o r su f u e r z a

y p o r su m ajest ad .

Y est as d o s c u a l i d ad es se ex p l i c an , y a se c o n si d er en d e l l ad o d e

l o s d i o ses o b i en d e l o s h o m b r es, p o r u n a i n sp i r ac i ó n sem ej an t e .

I . D EL LADO DE LOS D I OSES

L o s d i o ses est án p o r t o d as p ar t es en el m u n d o d e E sq u i l o . Y t am b i én

l a j u st i c i a d i v i n a est á en t o d as p ar t es.

E st o n o q u i e r e d ec i r q u e se t r at e d e u n m u n d o en o r d en . E s u n

m u n d o q u e asp i r a al o r d en , p er o q u e se m u ev e en el m i st er i o y en el

m i ed o .

E s u n m u n d o en el q u e r e i n a l a v i o l en c i a. Se m at a y se es m a t a ­

d o . L o s an i m a l es se d ev o r an m u t u am en t e . Se su f r e p er sec u c i ó n y

aco so . Se g r i t a d e m i ed o . ío , l a m u c h ac h a m et am o r f o sead a en n o v i ­

l l a , v a d e u n l ad o p a r a o t r o d an d o v u e l t as, ag o t ad a p o r el t áb an o q u e

n o l e co n c ed e n i n g u n a t r eg u a. Se c l av a a P r o m et eo , r o b l ó n a r o b l ó n ,

a su r o c a. Y p o r l o d em ás est e m u n d o p o b l ad o p o r d i o ses q u e se p r e ­

t en d en j u st o s est á i g u a l m en t e p o b l ad o p o r f u er z as t e r r o r í f i c as, r e l a ­

c i o n ad as c o n c r een c i as m ás o m en o s p r i m i t i v as: l a san g r e d e r r a m a d a

n o se b o r r a ; al c o n t r a r i o , ad q u i e r e v i d a , l o s m u er t o s se ap ar ec en , l o s

h o m b r es so n p r esa d e p esad i l l as y d e v i si o n es; se v en m o n st r u o s, ■

c o m o esas e r i n i s, c o n o j o s q u e g o t ean san g r e ; se h ab l a d e sac r i f i c i o s

r ec h az ad o s y d e p r esag i o s; y se o y e u n so r d o r u m o r d e c o n ju r o s m á ­

g i c o s y d e p a l ab r as d e h o r r o r .

P e r o , a t r av és d e l a an g u st i a y d el t em b l o r , a t r av és d e l m i st er i o

d e l q u e se en v u e l v e l o sag r ad o , p o r t o d as p ar t es se en c u en t r a u n a

m i sm a f e, q u e i n t en t a d i sc er n i r en esas f u e r z a s t e r r i b l es l as h u e l l as,

l o s si g n o s, l o s h i t o s d e u n a j u st i c i a su p er i o r , q u e si m p l em en t e se en -

Page 52: tragedia griega Jacqueline de Romilly

Esquilo o la tragedia de la justicia divina57

t i en d e m a l . Y est a b ú sq u ed a d e l a j u st i c i a c o n f i e r e a t o d o l o q u e t r a ­

t a E sq u i l o u n a d i m en si ó n añ ad i d a. E n g r a n d e c e l a si g n i f i c ac i ó n d e

c ad a h ec h o y d e c ad a p al ab r a.

P a r a v e r h ast a q u é p u n t o est a b ú sq u ed a es f u n d am en t a l p ar a él ,

v a l e l a p en a seg u i r su ex p r esi ó n en l as si et e t r ag ed i as c o n ser v ad as.

E n L o s per sas, l a i d ea d e l a j u st i c i a d i v i n a se m an i f i est a d e f o r m a

t an t o m ás n o t o r i a cu an t o , a p r i o r i , m en o s p r esen t e est ab a. C o n L o s

per sas, n o r m a l m en t e , h ab r íam o s d e en c o n t r a r n o s co n u n a o b r a d e

c i r c u n st an c i as o , co m o se d i r í a en l a ac t u a l i d ad , u n a o b r a c o m p r o ­

m et i d a . Si n em b ar g o , l o q u e t en em o s es t o d o l o c o n t r ar i o .

E n p r i m e r l u g a r , el t em a se t r a t a n o d esd e el p u n t o d e v i st a d e l o s

v en c ed o r es, si n o d esd e el d e l o s v en c i d o s. E n eso , E sq u i l o t en ía u n

i l u st r e p r ed ec eso r : F r í n i c o h ab ía si d o c o r o n ad o , c u a t r o añ o s an t es,

p o r u n a o b r a q u e t r at ab a el m i sm o t em a y ad o p t ab a l a m i sm a p er s­

p ec t i v a ; n o s r e f e r i m o s a l a o b r a t i t u l ad a Fen i c i as. N o se p u ed e d ec i r

n ad a p r ec i so so b r e e l l a ( n o se sab e m ás q u e f u e m o n t ad a p o r T e m í s-

t o c l es c o m o l a d e E sq u i l o l o f u e p o r P er i c l es) . E n c am b i o , se p u ed e

esp ec i f i c a r q u e , en E sq u i l o , n o h ay n i u n a so l a p a l ab r a q u e a l u d a a

l o s h o m b r es d e l a ac t u a l i d ad : en su o b r a , n o se n o m b r a a T em íst o -

c l es, el g r a n v en c ed o r d e Sa l am i n a ; y A t en as m i sm a ( sal v o en u n o o

d o s v er so s) se c o n f u n d e en l a m asa i n d i f e r en c i ad a d e l o s g r i eg o s. L o s

ú n i co s q u e o c u p an l a t r ag ed i a so n l o s p er sas, o m e j o r d i c h o , l o s p e r ­

sas y l o s d i o ses.

L a ac c i ó n es aq u í m u y si m p l e: l o s an c i an o s p er sas se i n t er p e l an

p o r l a su er t e d e l a ex p ed i c i ó n ; su an si ed ad se i n c r em en t a al co n o c er el

su eñ o q u e t i en e l a r e i n a; l u eg o u n m en sa j e r o v i en e a an u n c i a r y c o n ­

t ar el d esast r e. L o h ace en v ar i o s m o m en t o s su cesi v o s, q u e l l ev an d e

d o l o r en d o l o r ; si n em b ar g o , t am p o c o él l o sab e t o d o , y , d esp u és d e su

p ar t i d a , l a so m b r a d el r ey D a r ío l l eg a p a r a an u n c i a r u n a ser i e i g u a l ­

m en t e t r ág i c a : ex p l i c a y p r o f e t i z a . F i n a l m en t e , ap ar ec e Je r j e s, el r ey

v en c i d o , q u e r eg r esa l l ev an d o el l u t o d e l o s su y o s, en m ed i o d e l a d e ­

so l ac i ó n g en er a l . P o r c o n si g u i en t e , l a o b r a v a, en u n m o v i m i en t o l a r ­

g o y si m p l e , d e l a i n q u i e t u d a l a d esesp er ac i ó n .

P e r o l o q u e d a su t r asc en d en c i a al d r am a así v i v i d o p o r l o s

Page 53: tragedia griega Jacqueline de Romilly

5«La tragedia griega

p er sas es el d esc u b r i m i en t o p r o g r e si v o d e su sen t i d o , es d ec i r , el

d esc u b r i m i en t o p r o g r e si v o d e l p ap el q u e en él d esem p eñ a l a j u s t i ­

c i a d i v i n a .

P r i m e r o , t o d o el m u n d o p i en sa en eso s d i o ses. Se v i v e a l n i v e l d e

l o sag r ad o . H a y u n su eñ o p r o f é t i c o . H a y u n m u er t o q u e se ap ar ec e.

Y h ay so b r e t o d o , en t o d o s l o s t em o r es, en t o d o s l o s r e l a t o s, l a i d ea

d e q u e t o d o d ep en d e d e l o s d i o ses. Si l o s an c i an o s t i en en m i ed o al

c o m i en z o es p o r q u e sab en q u e Je r j e s h a o b ed ec i d o al o r g u l l o , p er o

el o r g u l l o d i sg u st a a l o s d i o ses: t al v ez Je r j e s h ay a c ed i d o a l e x t r av ío

q u e l o s d i o ses en v ían a aq u e l l o s a q u i en es q u i e r en p er d er . E st a c e ­

g u e r a es A t e : « P o r q u e , h a l a g a d o r a y am i st o sa en u n p r i n c i p i o , A t e

d esv ía al m o r t a l a su s r ed es, d e d o n d e y a n o p u ed e esc ap ar el m o r t a l ,

l u eg o d e h ab er p r o c u r a d o l a h u i d a p o r en c i m a d e e l l as» (98) . P o r

d et r ás d e Je r j e s, i n v i si b l e , se n o s m u est r a así u n a p r esen c i a d i v i n a ,

d e esp an t o so s d esi g n i o s. Y es e l l a q u i en ac t ú a. E l m en sa j e r o l o sab e

y l o d i ce: « P er o au n así, u n a d e i d ad p er d i ó al e j é r c i t o , p u es d esv i ó l a

b a l an z a en c o n t r a d e n o so t r o s si n c o n c ed er n o s i g u a l f o r t u n a» ( 34 5) .

¿A q u é se d eb e est a p a r c i a l i d ad d e l o s d i o ses? E l m en sa j e r o , l a r e i ­

n a y el c o r o h ab l an d e c o n f i a n z a ex c esi v a , d e esp er an z as p e l i g r o sas:

ad m i t e n c o n f u sam en t e q u e u n a d esg r ac i a t an c o m p l e t a d eb e t r a ­

d u c i r l a c ó l e r a d e l o s d i o ses. P e r o a q u i e n c o r r esp o n d e e x p l i c a r l o

t o d o es al r ey , al p ad r e , al m u er t o ; p o r eso , en el c en t r o d e l a o b r a ,

j u st o an t es d el r eg r eso d e Je r j e s, v em o s sa l i r a D a r í o d e su t u m b a

p a r a r ev e l a r l a v e r d ad . C u a n d o co n o c e l a t em er i d ad d e su h i j o y l a

i m p i ed ad p r i m e r a p o r l a q u e est e h a p r e t en d i d o ec h ar « u n y u g o al

c u e l l o d e l m a r » ( 7 1) , r ec o n o c e el e x t r a v ío d i v i n o : « Si n d u d a n i n g u ­

n a , a l g u n a d e i d ad l e ay u d ó en su i n t en c i ó n . / ¡A y ! ¡Sí ! ¡U n a d e i d ad

v i n o a él co n t an g r a n p o d er q u e y a n o p o d ía p en sar co n p r u d e n c i a !»

( 724 - 725) . Y r em o n t án d o se m u c h o an t es en el t i em p o , r ec u er d a q u e

u n o r ác u l o an t i g u o p r ev e ía sem ej an t es m al es. L a « j u v e n i l t e m e r i ­

d ad » d e Je r j e s p r ec i p i t ó el m a l . P o r q u e « c u an d o u n m o r t a l se e m ­

p ec i n a en su p r o p i a r u i n a , r ec i b e t am b i én l a a y u d a d e l o s d i o ses» .

I m p r u d en t e , i m p ío , Je r j e s l o f u e i n c l u so en l a v i c t o r i a : l o s p er sas, en

l a A t en as o c u p ad a, saq u ear o n l as est a t u as d e l o s d i o ses e i n c en d i a ­

Page 54: tragedia griega Jacqueline de Romilly

Esquilo o la tragedia de la justicia divina59

r o n su s t em p l o s. « H a n d esap ar ec i d o l o s a l t a r es d e l o s d i o ses, y l as

est a t u as d e l as d e i d ad es h an si d o a r r an c ad as d e r a í z d e su s b asas y ,

en c o n f u si ó n , p u est as c ab ez a ab a jo ...» . P o r eso , ¡q u e t i em b l en ! « E l

ed i f i c i o d e su s d esg r ac i as n i si q u i e r a est á t o d av ía en su z ó c al o y se­

g u i r á c r ec i en d o ...» .

E l t o n o d el r ey es p r o f é t i c o y p o see l a m a j est ad d el m ás a l l á. P e r o ,

so b r e t o d o , su s p al ab r as c u l m i n an l a m u t ac i ó n i n t e r i o r q u e h ace q u e,

c o n t r a l o s p er sas, el v e r d ad er o p r o t ag o n i st a n o sea n i T em íst o c l es, n i

A t en as, n i l o s g r i eg o s, si n o l a v o l u n t ad d i v i n a . A m i t ad d e l a o b r a ,

est a se r ev e l a . Y est a r ev e l ac i ó n c o n t r i b u y e en g r a n p ar t e a p r o p o r ­

c i o n ar a l o s l a r g o s l am en t o s, q u e l l en an el f i n a l d e l a o b r a, su p eso

t r ág i c o .

E n ef ec t o , l o s d o l o r es d e l o s p er sas n o p ar ec en so l o ex t en d er se en

el t i em p o co n u n a d esd i c h a i r r em ed i ab l e : se r ed o b l an , d esp u és d e

sem ej an t e escen a, co n u n sen t i m i en t o d e esp an t o an t e el p o d er d e l o s

d i o ses, y est e p o d er , q u e n u n c a ac t ú a al a z a r , se m u est r a l o b ast an t e

sev er o p a r a q u e l a o scu r a c o n c i en c i a d e u n a c u l p ab i l i d ad se c o m b i n e,

an t e n u est r a v i st a , co n el h o r r o r d e l a i m p o t en c i a .

L a m i sm a d i m en si ó n t r ág i c a se v u e l v e a en c o n t r a r en L o s siet e con t r a

T ebas. E st a o b r a , i n t e r p r e t ad a en 4 6 7 a. C . , c i n co añ o s d esp u és d e L o s

per sas, e r a l a c o n c l u si ó n d e u n a t r i l o g ía d ed i c ad a a l a est i r p e d e E d i -

p o . D esp u és d e L a y o y E d i p o , l a t r ag ed i a d e L o s si et e est ab a c o n sag r a ­

d a a l o s d o s h i j o s d e E d i p o , m a l d ec i d o s p o r su p ad r e .

E n c i er t o sen t i d o , t am b i én aq u í h ab r íam o s p o d i d o en c o n t r a r n o s

co n u n a o b r a d e ac t u a l i d ad , r e f e r i d a a l a g u e r r a c i v i l ( f u e así c o m o

E u r íp i d e s t r at ó el t em a, en su s Fen i ci as) . P e r o E sq u i l o so l o v i o en el

t em a d o s co sas: en p r i m e r l u g a r , l a a t m ó sf e r a d e u n a c i u d ad si t i ad a,

p r esa d e l t e r r o r , p er o q u e se p r e p a r a v i r i l m en t e p a r a l a d e f en sa; en

seg u n d o l u g a r , el d r am a d e u n h o m b r e q u e se v a a en f r en t a r a su h e r ­

m an o , a m a t a r l o y a h acer se m a t a r p o r él , p o r l a ú n i c a r az ó n d e q u e

u n a m a l d i c i ó n , l l eg ad a c o m o c o n sec u en c i a d e u n a l a r g a ser i e d e c u l ­

p as y d e d esg r ac i as, p esa so b r e él y l e o b l i g a a h acer l o .

Page 55: tragedia griega Jacqueline de Romilly

6ο La tragedia griega

P o d r íam o s d ec i r q u e se d an a q u í d o s asp ect o s: u n o , q u e a f ec t a

a l o s h o m b r es, y el o t r o , a l a r e l ac i ó n d e l o s h o m b r es c o n l o s d i o ses.

P e r o n o ser ía ex ac t o . P o r q u e i n c l u so en l o q u e se r e f i e r e si m p l e m e n ­

t e a l a g u e r r a , l o s d i o ses t i en en t am b i én su l u g a r y su i n f l u en c i a .

E n est a o b r a q u e l o s at en i en ses d ec l a r ab an « l l en a d e A r e s» , l a

ac t i t u d d e t o d o s m u est r a , en ef ec t o , u n a v e z m ás, q u e l a ac c i ó n so l o

se d ec i d e p o r l a i n t er v en c i ó n d e l o s d i o ses. P o r u n l ad o , t en em o s al

j o v en r ey , f í r m e y l ú c i d o , q u e c o m i en z a u n a o r ac i ó n a l o s d i o ses,

r o g án d o l es l a p r o t ec c i ó n d e su p at r i a . P o r el o t r o , t en em o s u n c o r o

d e m u j e r es d esq u i c i ad as p o r el esp an t o . P r eg o n an su m i ed o en u n a

esp ec i e d e a t aq u e d e p án i c o . Y su p l i c an ay u d a a l o s d i o ses: « D i o ses

p r o t ec t o r es d e l a c i u d a d , v e n i d , v en i d t o d o s, v ed est e b a t a l l ó n d e

d o n c el l as q u e v i en en en sú p l i c a d e q u e l as l i b r é i s d e l a esc l av i t u d . [ ...]

¡E a , o h Z e u s, p ad r e si n q u i en n ad a se c u m p l e , ev i t a c o m o sea q u e

c a i g a p r i si o n er a d e l en em i g o ! [ ...] Y t ú , h i j a d e d e Z e u s, p o t en c i a

q u e am as l a l u c h a, sé l a sa l v ad o r a d e n u est r a c i u d ad , ¡o h , P a l as! ¡Y

t ú , Señ o r q u e en el m a r r e i n as c o n t u s c ab al l o s, y el t r i d en t e p ar a

en sa r t a r p eces, P o se i d ó n , c o n c éd en o s l a l i b e r ac i ó n , l a l i b e r ac i ó n d e

n u est r o s t e r r o r es!» ... ( n o y ss.) . Si g u e n l o s n o m b r es d e A r e s, A f r o ­

d i t a , A p o l o , A r t e m i s, y l u eg o u n a n u ev a sú p l i c a , m ás ap r em i an t e si

c ab e, a t o d o s l o s d i o ses, a t o d as l as d i o sas. Su o r ac i ó n a l o c ad a se u n e

a l a o r ac i ó n ser en a d e E t eo c l es: t o d o s su p l i c an a l o s d i o ses. Y , f i n a l ­

m en t e , l o s d i o ses ced en a est as sú p l i c as: al m en o s, T e b a s p e r m an ec e ­

r á b a jo su p r o t ec c i ó n .

P e r o E t eo c l es n o p u ed e est ar b a j o est a p r o t ec c i ó n . Y t o d a l a o b r a

n o es, en c i er t o sen t i d o , m ás q u e l a l l eg ad a i n ex o r ab l e d e su r u i n a .

M ás esp ec i a l m en t e , el cen t r o d e l a t r ag ed i a l o o cu p a u n a l a r g a

escen a d o n d e se d esc r i b en l o s em b l em as d e l o s d i f e r en t es c au d i l l o s

d e l e j é r c i t o si t i ad o r y l o s d e l o s c au d i l l o s q u e se en f r en t an a el l o s. L a s

d esc r i p c i o n es so n l a r g as, r i c as, c o n c o r d an t es; n o su ced e n ad a. P e r o el

i n t er és si g u e p en d i en t e d e est a d esc r i p c i ó n . P r i m e r o , el o r g u l l o d e

l o s si t i ad o r es, si st em át i c am en t e o p u est o a l as v i r t u d es d e su s a d v e r ­

sar i o s, p ar ec e d i r i g i r h ac i a l o s d i o ses u n a esp er an z a si n cesar ac r e ­

c en t ad a. Y , al c o n t r a r i o , l a l en t i t u d i n c l u so d e l a escen a, q u e o p o n e

Page 56: tragedia griega Jacqueline de Romilly

Esquilo o la tragedia de la justicia divina 6 1

d o s a d o s a l o s c au d i l l o s d est i n ad o s a en f r en t a r se , h ace esp er ar y p r e ­

sen t i r , co n u n a c er t ez a c ad a v ez m ás p a l p ab l e , l a d ec i si ó n q u e o p o n ­

d r á u n o a o t r o a l o s d o s h i j o s d e E d i p o .

Y en e f ec t o , en el v e r so 6 52, en l a c i m a d e l a t r ag e d i a , E t eo c l es

acep t a i r a c o m b at i r c o n t r a su h er m an o . ¿P o r q u é es así? P o r q u e est á

m a l d i t o , p o r q u e l o s c r ím en es d e su est i r p e l e ac a r r ean est e d est i n o ,

d e l q u e n o p u ed e z a f ar se. Y ex c l am a: « ¡O h , l o c u r a v en i d a d e l o s d i o ­

ses y o d i o p o d er o so d e l as d e i d ad es! ¡O h , r a z a d e E d i p o m ía , t o t a l ­

m en t e d i g n a d e l ág r i m as! ¡A y d e m í, ah o r a l l eg an a su c u m p l i m i en t o

l as m a l d i c i o n es d e n u est r o p ad r e ! ». ¿A c aso p o d r ía n eg ar se al c o m b a­

t e, co m o l e ap r em i a el co r o ? N o l o h ace, u n p o c o , si n d u d a , p o r q u e n o

est á en su n a t u r a l e z a r e c h az a r n i n g ú n c o m b at e . E n c u a l q u i e r caso ,

E sq u i l o n o n o s a y u d a a r eso l v e r est e p r o b l em a , ap a r en t em en t e d e ­

m asi ad o m o d er n o : t o d o l o q u e d i c e, t o d o l o q u e p o n e d e m an i f i est o

g r ac i as a l o s c o m en t a r i o s d e l c o r o , es q u e el o r i g e n d e l o s m a l es se

r em o n t a m u y a t r ás: est ab an t o d o s en g e r m e n en u n a c u l p a i n i c i a l ,

c o m et i d a d o s g en er ac i o n es an t es.

D e n u ev o aq u í , p o r c o n si g u i en t e , n o s en c o n t r am o s co n u n a j u s­

t i c i a d i v i n a q u e d esc o n c i er t a a l as m en t a l i d ad es m o d er n as: c ast i g a a

l o s c u l p ab l es en su s h i j o s; cast i g a co n n u ev o s c r ím en es; c ast i g a t en ­

d i en d o t r am p as. P er o el p en sam i en t o d e est a j u st i c i a y d e su s v ías

i m p en et r ab l es c o n f i e r e a l a m u er t e d e l o s d o s p r ín c i p es u n a d i m en ­

si ó n añ ad i d a . N o se t r at a ú n i c am en t e d e el l o s, si n o d e l o s d i o ses y d e

l o s h o m b r es, d e l o s d i o ses q u e l o p u ed en t o d o y d e l o s h o m b r es q u e

l o a r r i esg an t o d o ; y l a p r o p i a o sc u r i d ad q u e en v u e l v e l a d ec i si ó n d e

E t eo c l es l a h ace ap ar ec er m ás g r á v i d a d e sen t i d o .

N o s g u st a r í a p asa r d i r e c t a m e n t e d e est o s c r ím en es en ser i e , d e

est a j u st i c i a c o n e f ec t o s a d i st a n c i a , al p r o b l e m a q u e p l a n t ea y d el

q u e t r a t a l a O r est ea. P e r o es c o n v en i en t e t en er en c u en t a , p r i m e r a ­

m en t e , o t r as d o s o b r as, u n a d e l as c u a l es al m en o s l e es a n t e r i o r ,

y q u e t r a t an d e l o s d i o ses y d e l a j u st i c i a en t é r m i n o s u n t an t o d i ­

f e r en t es.

Page 57: tragedia griega Jacqueline de Romilly

6 2 La tragedia griega

L a t r ag ed i a d e L a s su p l i can t es, q u e d u r an t e m u c h o t i em p o se

c r ey ó l a m ás an t i g u a d e t o d as p o r l a si m p l ez a d e su s l ín eas y l a i m ­

p o r t an c i a q u e en e l l a t i en e el c o r o , p ar ec e, d e h ec h o , h ab er si d o i n ­

t e r p r e t ad a a l g u n o s añ o s d esp u és d e L o s siet e con t r a T ebas. A l c o n t r a ­

r i o q u e L o s siet e, es l a p r i m e r a o b r a d e u n a t r i l o g ía , r e l a t i v a a l as

d an a i d es: l as m u est r a b u sc an d o r e f u g i o en A r g o s c o n t r a su s p e r se ­

g u i d o r es, l o s h i j o s d e E g i p t o .

E n m u c h o s asp ec t o s, l a o b r a h ace eco co n L o s siet e. V u e l v e a e m ­

p l e a r el m i sm o c o n t r ast e , q u e e n f r en t a a u n so b er an o sa g a z y t r a n ­

q u i l o co n u n a b an d a d e m u j e r es t r an si d as d e t e r r o r . Y , c o m o en L o s

siet e, el so b er an o i n t en t a an t e t o d o o b t en er el ap o y o d e l o s d i o ses,

m i en t r as q u e l as m u j e r e s so l o sab en i n v o c ar l o s a g r a n d e s g r i t o s y

m u l t i p l i c a r l as o r ac i o n es. E s en L a s su p l i can t es, en ef ec t o , d o n d e se l ee

l a c é l eb r e i n v o c ac i ó n a Z e u s: « R e y d e r ey es, f e l i z en g r a d o su m o en ­

t r e l o s f e l i c es, p o t en c i a q u e a v en t a j a en p er f ec c i ó n a t o d a p er f ec c i ó n ,

d i c h o so Z e u s, h a z m e caso » ( 524 y ss.) . Y es t am b i én en L a s su p l i can t es

d o n d e el m i st er i o d e l a v o l u n t ad d i v i n a se p r o c l am a co n m a y o r f u e r ­

z a : « N o es f ác i l c ap t a r el d esi g n i o [ d i v i n o ] , p u es, secr et o s y en v u e l t o s

en m ú l t i p l es so m b r as, a v a n z a n l o s c am i n o s d e su c o r az ó n , y n o p u e ­

d en v er se» (89 y ss.) .

D e est as so m b r as esp esas, l a ac c i ó n d e l a o b r a es u n b u en e j e m ­

p l o . P o r q u e est a n o o b ed ece a u n esq u em a t an sen c i l l o c o m o L o s

per sas, y l as c u l p ab i l i d ad es se m ez c l an d e f o r m a i n ex t r i c ab l e . L a s su ­

p l i c an t es so n d esc en d i en t es d e í o — í o , q u e se p er d i ó p o r el am o r d e

Z e u s y l u eg o f u e sa l v ad a p o r él — , y ap e l an a l o . T a m b i é n ap e l an

q u e su s p er seg u i d o r es sean a r r o g an t es e i m p ío s. P e r o q u i z ás ex i st a

t am b i én en e l l as l a p r o c l am a d e u n r ec h az o i m p ío d el am o r y d e l

m a t r i m o n i o . E n su m a, l as f u e r z a s p l an ean m i st er i o sam en t e si n q u e

se i m p o n g a u n a cer t ez a.

E n c am b i o , est e t e j i d o d e esp er an z as y d e t em o r es, t o d o s d i r i g i ­

d o s h ac i a l o s d i o ses, h ace r e su r g i r en a l t o r r e l i ev e l a e l ec c i ó n d e u n

h o m b r e — el r ey — q u e a r r ast r a a l a c i u d ad a l a sen d a d e l a g u e r r a .

A h í , t o d o est á c l a r o y p r esen t e. Y p o d r íam o s p en sar q u e est a e l ec c i ó n

es p o r c o m p l et o u n asu n t o h u m an o . P e l asg o c a l i b r a l as r az o n es, t i t u ­

Page 58: tragedia griega Jacqueline de Romilly

Esquilo o la tragedia de la justicia divina63

b ea y , f i n a l m en t e , z an ja . So b er an o d e u n E st a d o ex t r añ am en t e d e ­

m o c r á t i c o , i n d i v i d u o r esp o n sab l e y q u e t i en e co n c i en c i a d e ser l o ,

P e l asg o est á m ás c er c a d e n o so t r o s q u e E t eo c l es. P e r o ¿en n o m b r e d e

q u é d ec i d e? ¿Q u i én l o em p u j a? ¿Q u i én l o am en az a? Si em p r e l a

v o l u n t ad d e l o s d i o ses, c u y a c ó l e r a t em e: « Si n em b ar g o , es p r ec i so

sen t i r t em o r p i ad o so h ac i a l a i r a d e Z e u s, p r o t ec t o r d e su p l i c an t es,

p u es es el m ás ex ce l so t em o r en t r e l o s h o m b r es» ( 4 78 - 4 79 ) . P e l asg o

ced e a t i em p o , y l ú c i d am en t e , p o r n o t en er q u e c ed er u n d ía co m o

E t eo c l es. Y l a so l em n i d ad d e su e l ec c i ó n ex t r ae su d i m en si ó n t r ág i c a

d e l as p r o l o n g ac i o n es sag r ad as q u e l e so n así a t r i b u i d as.

P r om et eo en caden ado n o d eb er ía p r esen t ar , a p r i o r i , el m i sm o c a r ác ­

t er . P o r q u e l a o b r a se d esa r r o l l a t o d a en t e r a en t r e l o s i n m o r t a l es. D e

h ec h o , es l a ú n i c a en q u e n o se p r o c l am a el p r i n c i p i o d e l a v o l u n t ad

d i v i n a , n i si q u i e r a se c o n f i r m a.

E n est a t r ag ed i a , t o d o r esu l t a p r o b l em át i c o . P o r r az o n es t an t o

p u r am en t e f o r m a l es c o m o d e p en sam i en t o , se h a d u d ad o d e su au ­

t en t i c i d ad . Si en ef ec t o f u e r a d e E sq u i l o , t am p o c o se sab e a q u é f ec h a

h ay q u e a t r i b u i r l a . Y , f i n a l m en t e , n o h ay m o d o d e o r i en t a r se p ar a

r ec o n st r u i r l a t r i l o g ía a l a q u e p er t en ec er ía. P a r ec e q u e p u d i e r a h a­

b er si d o l a p r i m e r a p ar t e d e u n a t r i l o g ía , p er o n i si q u i e r a eso es se­

g u r o ( a l g u n o s p en sar o n q u e l a o b r a t i t u l ad a Pr om et eo Pír fo r o h ab r ía

p o d i d o r e f e r i r se al r o b o d el f u eg o p o r el T i t á n y v e n i r , p o r c o n si ­

g u i en t e , en p r i m e r l u g a r ; si n em b ar g o , l a m ay o r ía d e l as v eces se

ad m i t e q u e est e Pr om et eo Pír fo r o ser ía l a ú l t i m a o b r a y v e r sa r ía so b r e

l a i n st au r ac i ó n d e l cu l t o al h ér o e) . So l o u n a co sa es seg u r a , y es q u e,

t r as h ab er si d o « en c ad en ad o » , P r o m et eo , en l a t r i l o g ía , ap ar ec ía

c o m o « l i b er ad o » .

P e r o h ay q u e r ec o n o c er q u e, en l a o b r a c o n ser v ad a , P r o m et eo se

p r esen t a c l a r am en t e c o m o l a v í c t i m a d e u n Z e u s so b er an o , q u e n o

p r ac t i c a l a j u st i c i a . E l c o m i en z o d e l a o b r a es u n a escen a d e su p l i c i o :

d o s m i n i st r o s d e Z e u s, V i o l en c i a y F u e r z a , c l av an a P r o m et eo en su

r o ca. E l co r o , f o r m ad o p o r j ó v en es o ceán i d es, l o l am en t a y se i n d i g ­

Page 59: tragedia griega Jacqueline de Romilly

6 4 La tragedia griega

n a: al f i n a l , c u an d o Z e u s l o sep u l t e b a jo l a t i e r r a , q u e r r á n i n c l u so

c o m p ar t i r su su er t e. Y c o m o si eso n o f u e r a su f i c i en t e , E sq u i l o h i z o

ap ar ec er en l a escen a a o t r a v í c t i m a d e l r ey d e l o s d i o ses: f r en t e a

P r o m e t eo , co l o ca a l o , l a d o n c e l l a m e t am o r f o sead a en v ac a y p er se ­

g u i d a p o r t o d o el m u n d o p o r u n t áb an o q u e l a en l o q u ec e, y t o d o

p o r q u e Z e u s, a p esar d e e l l a , l a am ó .

L a t r ag ed i a d e Pr om et eo en caden ado n o es si n o u n l a r g o g r i t o d e

d o l o r q u e su en a c o m o u n a ac u sac i ó n . ¿C ó m o p o d em o s c r eer q u e el

a u t o r d e l a o b r a h ay a p r o c l am ad o b i en al t o , p o r t o d as p ar t es, su f e en

l a j u st i c i a d i v i n a?

N o r eso l v er em o s est e p r o b l em a si n f o r z a r u n t an t o l o s t ex t o s, n i

f u n d a r en p ar t e n u est r as c o n je t u r as so b r e ese Pr om et eo l i ber a d o , h o y

d ía p er d i d o . Y , f i n a l m en t e , m ás q u e u n a so l u c i ó n p r o p i am en t e d i ­

c h a, t r a t ar em o s d e a b r i r v ías h ac i a u n a so l u c i ó n . P e r o p r ec i sam en t e

ese es el m o d o d e p r o c ed er d e E sq u i l o .

E s su m an e r a d e i n q u i e t a r se , y d e p r o t est a r si es n ec esar i o : u n a

p r o t est a q u e se r e l ac i o n a co n u n a asp i r ac i ó n a l a j u st i c i a . T a m b i é n

su m an e r a d e n o c o n t en t a r se co n u n o p t i m i sm o si m p l i st a , si n o d e

b u sc ar , en el d eso r d en ap ar en t e d e l m u n d o , l as h u e l l as d e u n o r d en .

P o d em o s d esc u b r i r a q u í d o s d e esas h u e l l as, ap en as r ec o n o c i b l es.

E n p r i m e r l u g a r , est á l a a r r o g an c i a m i sm a d e P r o m et eo , q u e t o d o s

l e r ep r o c h an , seg ú n l o s caso s, co n m a y o r o m en o r d u r e z a , o m a y o r

o m en o r c o r d i a l i d ad . Z e u s n o es, p u es, u n d i o s j u st o , p er o t am p o c o

su v í c t i m a est á ex en t a d e r ep r o c h e ( co m o t am p o c o l o est ab an l as

su p l i c an t es t an o b st i n ad am en t e r eac i as al m a t r i m o n i o ) . Y , so b r e

t o d o , el p r o p i o Z e u s n o es t o d av ía m ás q u e u n so b er an o r ec i en t e. E s

u n « r ey n u ev o » , u n « n u ev o t i r a n o » , u n o d e eso s « n u ev o s d i o ses»

( 310 , 9 4 2, 960 ) ; y esa es, en p ar t e , l a c au sa d e su d esm esu r a : « Jó v en es

so i s q u e ac ab ái s d e est r en ar el p o d er y os c r eé i s q u e h ab i t á i s en a l c á ­

z ar es q u e os h acen i n m u n es a t o d o d o l o r » ( 9 55- 9 56 ) . P o r eso est a

d esm esu r a es si m i l a r a l a d e l j o v en Je r j e s, y t am b i én p u ed e ser en ­

m en d a d a p o r l a ex p er i en c i a d el f r ac aso . E sq u i l o , su m er g i én d o se en

l a er a l e g e n d a r i a d e l as t eo g o n i as, d e l as t eo m aq u i as, p ar ec e su g e r i r ­

n o s q u e , i n c l u so en t r e l o s d i o ses, l a j u st i c i a es f r u t o d e l t i em p o . Y su

Page 60: tragedia griega Jacqueline de Romilly

Esquilo o la tragedia de la justicia divina 65

ac u sac i ó n l l e v a c o n si g o , en su s p r o p i o s t é r m i n o s, l as p r em i sas d e

u n a r esp u est a .

Si eso es c i e r t o , l a o b r a t am b i én ap o r t a a l a d o c t r i n a d e E sq u i l o

u n h a l o d e so m b r as, d e d i st an c i am i en t o y d e r e l i ev e. Y , en c u a l q u i e r

c aso , p o n e d e m an i f i est o el m i sm o t i p o d e g r a n d e z a t r ág i c a . P o r q u e

l o s su f r i m i en t o s d e P r o m et eo y l o s d e l o , q u e so b r ep asan am b o s l o

h u m an o , am b o s i n ev i t ab l es y , n o o b st an t e, ab o c ad o s a su c o n c l u si ó n ,

am b o s i n c o m p r en si b l es y , n o o b st an t e, p r ed est i n ad o s a u n o r d en q u e

l es ap o r t a r á u n sen t i d o , r ep r esen t an a l o g r an d e l a c o n d i c i ó n d e c u a l ­

q u i e r a q u e n o sea el d i o s so b er an o .

L a v ast ed ad d e l as p er sp ec t i v as q u e se d i b u j a n m ás a l l á d e l a o b r a

n o p o d r ía , si n em b ar g o , so r p r en d er : en O r est ea , en ef ec t o , E sq u i l o

i n t en t ó d e f i n i r l a j u st i c i a d i v i n a t o m an d o en c o n si d er ac i ó n su p r o ­

g r esi ó n y su r en o v ac i ó n a l o l a r g o d e t o d a u n a ser i e d e gen er ac i o n es.

L a s t r es o b r as d e l a t r i l o g ía {A gam en ón , h a s coéfor as, L a s eu m én i -

des) se en c ad en an seg ú n u n m o v i m i en t o q u e es el d e l a ascen si ó n

h ac i a u n a j u st i c i a m e j o r : c o m o p ag o p o r c u l p as an t e r i o r es, se p r o d u ­

cen su c esi v am en t e u n asesi n at o c o m et i d o p o r u n a m u j e r c u l p ab l e

( C l i t em n est r a m at a a su esp o so A g am en ó n ) , l u eg o u n asesi n at o c o ­

m et i d o p o r u n h o m b r e i n o c en t e ( O r est es m at a a su m a d r e C l i t e m ­

n est r a) y , f i n a l m en t e , u n p r o ceso i n st r u i d o an t e j u eces y en el q u e

p ar t i c i p an h o m b r es y d i o ses.

A h o r a b i en , a t o d o s l o s n i v e l es, est a j u st i c i a so b r e l a q u e se i n d a ­

g a r esu l t a ser l a d e l o s d i o ses.

L o s h o m b r es se d i r i g e n h ac i a el l o s, so l i c i t an su ap o y o , y p o d e­

m o s d ec i r q u e l as t r es t r ag ed i as est án i n m er sas en l o sag r ad o , q u e

est á p r esen t e, d e f o r m a t an g i b l e , en c ad a u n a d e el l as. A gam en ón

h ace q u e el esp ec t ad o r asi st a al d e l i r i o p r o f é t i c o d e C a san d r a ; L a s

coéfor as se d esar r o l l a en t o r n o a l a t u m b a d e l r ey , y se i n v o c a c o n t i ­

n u am en t e su ay u d a ; ad em ás, l o s p r i n c i p a l es r eso r t es q u e d esen c ad e­

n an l a ac c i ó n so n u n o r ác u l o v a t i c i n ad o a O r est es y u n su eñ o d e

C l i t em n est r a ; f i n a l m en t e , L a s eu m én ides p o n en en escen a a d i o ses

( A p o l o , A t en ea) y so b r e t o d o a eso s ser es d e ap ar i en c i a t an h o r r i b l e

c o m o er an l as e r i n i s, l as d i o sas en c ar g ad as d e v e n g a r el c r i m en .

Page 61: tragedia griega Jacqueline de Romilly

66 La tragedia griega

P e r o est o n o es t o d o , p o r q u e , m ás a l l á d e l a acc i ó n en c u r so , h ay

q u e añ a d i r q u e t o d o s l o s c o m en t ar i o s d el c o r o , t o d as l as esp er an z as

d e u n o s y t o d o s l o s t em o r es d e o t r o s, p ar ec en est ar a l i m en t ad o s si n

cesar p o r l a o b sesi ó n d e est a j u st i c i a d i v i n a . A gam en ó n se i n i c i a así

c o n u n g r a n co r o q u e, v o l v i en d o l a v i st a a t r ás, ev o ca l a p a r t i d a d e l a

ex p ed i c i ó n h ac i a T r o y a : p o n d er a l o s p r esag i o s, c e l eb r a l a sab i d u r ía

d e Z e u s y se esp an t a. L u e g o , h ast a l a d o b l e m u er t e d e l r ey y d e C a -

san d r a , se d i r í a q u e se si g u en l as h u e l l as d e l a c u l p a, d e l as c u l p as q u e

g r a v a n el p o r v en i r . I n c an sab l em en t e , el co r o v u e l v e so b r e el p asad o ,

y , p o co a p o co , l a an g u st i a au m en t a h ast a el m o m en t o en q u e A g a ­

m en ó n en t r a en el p a l ac i o so b r e u n a a l f o m b r a p ú r p u r a , sím b o l o d e

su i m p r u d en c i a , y d o n d e el c o r o en t o n a el can t o d el m i ed o : « ¿P o r

q u é est e t e r r o r r ev o l o t ea co n p er si st en c i a y se p o n e d e l an t e d e m i

c o r az ó n q u e p r esi en t e el f u t u r o ?.. .» ( 9 75 y ss.) . E st e asesi n at o q u e el

c o r o p r esi en t e , y q u e C a sa n d r a an u n c i a , f u e p er m i t i d o p o r l o s d i o ses,

p o r q u e es el r esu l t ad o d e u n a l a r g a ser i e d e cu l p as. Y , al f i n a l , el co r o

r ec o n o c e q u e est e asesi n at o n o t i en e c o m o ú n i c o au t o r a C l i t em n es-

t r a , si n o t am b i én a H e l en a , a l a D i sc o r d i a y al g en i o v e n g a d o r d e est a

r a z a ( 14 54 , 14 8 2 , 150 9 ) . E l t e r r o r c o n el c u a l se si g u e el d est i n o d el

r ey , d e u n ex t r em o al o t r o d e l a o b r a , est á en p r o p o r c i ó n co n l as p o ­

t en c i as q u e l o p r esi d en . Y est e d est i n o ex t r ae u n a v ez m ás su v e r d a ­

d e r a d i m en si ó n t r ág i c a d e l d o b l e sen t i m i en t o d e q u e e r a i n ev i t ab l e y

d e q u e, si n em b ar g o , e r a el r esu l t ad o d e u n a ser i e d e c u l p as h u m a ­

n as, am p l i f i c ad as d e p r o n t o p o r l a v o l u n t ad d i v i n a .

E n L a s coéfor as, l a t r am a es t o d av ía m ás si m p l e: so l o h ay u n ase­

si n o y so l o h ay u n a v íc t i m a , y est a v í c t i m a su c u m b e co m o c ast i g o a

su s c r ím en es. P e r o ¿q u i én l a m a t a? N o so l o O r est es, n i so b r e t o d o

O r est es: a su l ad o , p a r a g u i a r l o , est á l a o r d en d e A p o l o y l a ex i g en c i a

d e l o s m u er t o s. P o r eso , en el m o m en t o d el asesi n at o , en el m o m en t o

en q u e O r est es y a h a l ev an t ad o el b r az o p a r a asest ar el g o l p e a su

m a d r e , E sq u i l o t o m a l a p r ec au c i ó n d e d esi g n a r m u y c l a r am en t e est a

c au sa d e o r d en d i v i n o : O r est es se d et i en e, t i t u b ea y se v u e l v e h ac i a su

a m i g o P í l ad es, q u e en t o n ces l e r ec u er d a — y su p ap e l en l a o b r a se

l i m i t a a est o s d o s v er so s— q u e l a o r d en d e A p o l o l e o b l i g a a d esear -

Page 62: tragedia griega Jacqueline de Romilly

Esquilo o la tragedia de la justicia divina 67

g a r el g o l p e. D e r esu l t as, su su er t e est á ec h ad a, y m at a . P er o , en el

m i sm o m o m en t o en q u e m at a , n o d e j a d e p r o c l a m a r q u e n o es m ás

q u e el i n st r u m en t o d e l a j u st i c i a d i v i n a : al d i r i g i r se a su m ad r e , d i ce:

« ¡T ú — n o y o — es q u i en v a a m at ar t e» ( 9 23) ; así se v e r i f i c a l a f r ase

d e d o b l e sen t i d o q u e ac ab a d e em p l ear el esc l av o al d ec i r : « E l m u e r ­

t o h a m at ad o al v i v o . T e l o aseg u r o » . E l g o l p e q u e h i e r e a C l i t e m ­

n est r a p r o c ed e, p o r t an t o , d e l a j u st i c i a d i v i n a . E l c o r o n o se e q u i v o ­

ca y n o p er m i t e t am p o c o q u e l o s esp ec t ad o r es se e q u i v o q u en , y a q u e

su can t o c o m i en z a , en el v er so 9 35, co n u n a ex c l am ac i ó n : « L l e g ó co n

el t i em p o Ju st i c i a ...» .

¡E x t r a ñ a Ju st i c i a , q u e p asa p o r el asesi n at o , l a q u e o b l i g a a O r es-

t es a m an c h ar se co n l a san g r e d e su m ad r e , q u e l o en t r eg a f i n a l m e n ­

t e a l as er i n i s v en g a t i v as! Se en t i en d e l a p r eg u n t a c o n q u e c o n c l u y e

l a o b r a: « ¿D ó n d e — m e p r eg u n t o — t en d r á f i n ? ¿D ó n d e ac ab ar á

p o r d o r m i r se A t e [ A t e p er so n i f i c a el d esast r e en v i ad o p o r l o s d i o ­

ses] ?» . R esp u est a m u y car ac t e r í st i c a d e E sq u i l o , el i r ac u n d o A t e n o

se d o r m i r á — es el t em a d e L a s eu m én ides— m ás q u e c u an d o O r es-

t es, d esp u és d e h ab er a r r ast r ad o su d esh o n r a d e p aís en p aís, r ec i b i r á

l a ay u d a d e A p o l o , ser á j u z g a d o y , g r ac i as al v o t o d ec i si v o d e A t e ­

n ea, ab su el t o : en t o n ces l as er i n i s, d esc ar g ad as d e su p ap el ar c a i c o en

p r o v ec h o d e j u ec es h u m an o s, se c o n v er t i r án en l as eu m én i d es y v e ­

l a r án d e an t em an o p o r i m p ed i r el c r i m en .

P o r t an t o , a t r av és d e l as t r es o b r as, l a Ju st i c i a d i v i n a , su cesi ­

v am en t e t em i d a , l u eg o esp er ad a y , f i n a l m en t e , r e d e f i n i d a y h u m a ­

n i z ad a , est á co n st an t em en t e en p r i m e r p l an o . C o n f i e r e a c ad a ac o n ­

t ec i m i en t o u n a l c an c e su p er i o r y p r o p o r c i o n a a c ad a g est o u n a

p r o l o n g ac i ó n c a r g ad a d e sen t i d o , p u est o q u e p er m i t e q u e se i n sc r i b a

en u n a ser i e m ás am p l i a y se v i n c u l e a u n a v o l u n t ad t r asc en d en t e.

E n ef ec t o , p o d r íam o s d ec i r q u e, p o r d e t r ás d e l o s h o m b r es, E sq u i l o

se p r o p u so p o n er en ev i d en c i a l a acc i ó n d e g r an d es f u e r z a s, q u e l o s

so b r ep asan y l o s d o m i n an , si n q u e si q u i e r a se d en c u en t a. E l h o m b r e

q u i e r e l o s ac t o s q u e r ea l i z a , p er o est o s j a l o n an si n sab er l o u n d esa­

r r o l l o c u y o p r i n c i p i o se l e escap a y d el q u e, a c ad a i n st an t e, p u ed e

d e r i v a r su r u i n a.

Page 63: tragedia griega Jacqueline de Romilly

68 La tragedia griega

H a y m o t i v o s p ar a q u e est o i n sp i r e t em o r . Y es u n h ec h o q u e l a

f e d e E sq u i l o en l a j u st i c i a d i v i n a n o se d a si n t em b l o r . E n p r i m e r

l u g a r , p asa p o r el su f r i m i en t o , y « Ju st i c i a f ac i l i t a el ap r en d er a q u i e ­

n es h an su f r i d o » ; y l u eg o , ¿c ó m o sab er l o q u e i r r i t a a l o s d i o ses y l o

q u e n o s co n c ed en ? Se esp er a y se t em e, y a m en u d o am b o s sen t i ­

m i en t o s se m ez c l an : so n el l o s l o s q u e p r o p o r c i o n an al t eat r o d e E s ­

q u i l o su p r o p i a r eso n an c i a .

i

2 . D EL LADO DE LOS H O M BRES

Si n em b ar g o , l a i d ea m i sm a d e j u st i c i a d i v i n a i m p l i c a q u e l o s h o m ­

b r es sean r esp o n sab l es d e su s ac t o s. Y , en el t eat r o d e E sq u i l o , l o so n

p o r c o m p l et o .

L o so n en r e l ac i ó n co n l o s d i o ses, a q u i en es c o r r en el r i esg o p e r ­

m an en t e d e i r r i t a r . L o so n t am b i én en r e l ac i ó n co n el g r u p o q u e

t i en en a su c a r g o y q u e en t o d o m o m en t o c o r r en el r i esg o d e a r r a s­

t r a r al d esast r e . E st a r esp o n sab i l i d ad d e o r d en c ív i c o o p o l í t i c o se

añ ad e i n c l u so a l a p r i m e r a y c o n t r i b u y e a d a r a su s ac t o s u n a r eso ­

n an c i a m ás p r o f u n d a .

D e ah í l a p r esen c i a casi c o n st an t e, en l a o b r a d e E sq u i l o , d e u n

c i er t o i d ea l c ív i c o y d e u n a c i e r t a i m ag en d e l j ef e . Su s p er so n a j es, en

ef ec t o , n o est án d esen c ar n ad o s en ab so l u t o ; n o so n l o s r e f l e j o s i n ­

q u i e t o s d e l o s ó r d en es d i v i n o s; v i v e n u n a v i d a t o t a l m en t e h u m an a .

Sen c i l l am en t e , v i v en en f u n c i ó n d e l o s d eb er es q u e l es a p r em i an .

Y E sq u i l o p ar ec e i n t e r esar se m ás en su p ap el d e so b er an o s q u e en

su s m ó v i l es y en su s p asi o n es. Su s p er so n a j es v i v en , p er o se p r eo c u p a

p o co p o r a n a l i z a r su p si c o l o g ía .

E sq u i l o ap en as se i n t er esó p o r l as p asi o n es. Y p o r m u c h o q u e

h ay a c e l eb r ad o en v er so s ad m i r ab l es el a l c an c e có sm i c o d el am o r

q u e c r ea l a v i d a , n o se p r eo c u p ó en p i n t a r su s ef ec t o s. C o m o el E u r í ­

p i d es d e A r i st ó f an es l e d i ce i r ó n i c am en t e , n o h ab ía en él « n ad a d e

A f r o d i t a » (L a s r an as, 10 4 5) . C o n t r a r i a m en t e a l a d e E u r íp i d e s, su

C l i t em n est r a n o n o s d i c e n ad a d e su s am o r es d e m u j e r n i d e su s su -

Page 64: tragedia griega Jacqueline de Romilly

Esquilo o la tragedia de la justicia divina 6 9

f r ím i en t o s d e m ad r e . Y su g r a n d e z a es t an t o m a y o r cu an t o m en o s

i n d i v i d u a l i z a d a est á. Su c u l p a, si m p l i f i c ad a en t r az o s b r u t a l es, se

v u e l v e el sím b o l o d el d eso r d en en l a n a t u r a l ez a . C l i t em n est r a es l a

v ac a q u e m at a al t o r o d e c u er n o s n eg r o s {A gam en ón , 12 2 5 ) , l a « l eo n a

d e d o s p i es q u e co n u n l o b o se acu est a» ( 12 5 7 ) , l a « v íb o r a i n f am e»

{L as coéfor as, 249 ) . A l c o n t r ar i o , p o r q u e A g a m e n ó n es cu l p ab l e, el l a

se i d en t i f i c a c o n l a j u st i c i a d i v i n a , y es « l a C ó l e r a » {A gam en ón , 154 ) .

E n est e l e n g u a j e d o b l em en t e o r ac u l a r , su ac t o se sep ar a d e el l a.

D esd e l u eg o , su s r asg o s est án m u y m ar c ad o s. E s i m p er i o sa , c r u e l

e h i p ó c r i t a , al m i sm o t i em p o q u e i n so l en t e. P e r o E t eo c l es t am b i én

p r esen t a u n o s r asg o s m u y m ar c ad o s. E st o n o i m p i d e q u e E sq u i l o

d e je p l an ea r u n a esp ec i e d e si l en c i o so b r e el asp ec t o p si c o l ó g i c o d e

su s m o t i v ac i o n es, y su s d o s gest o s, así l i g ad o s al d est i n o , ad q u i e r en

u n a f u e r z a m ás m i st er i o sa.

E sq u i l o n o i n d ag a en l as su t i l ez as d e l a p si c o l o g ía . A d em á s su

t eat r o es em i n en t em en t e v i r i l . Si C l i t em n est r a d esem p eñ a u n a f u n ­

c i ó n t an i m p o r t an t e en él , est a f u n c i ó n m i sm a, c o m o ac ab am o s d e

v e r , es u n esc án d al o , p o r q u e l o m asc u l i n o d eb e d o m i n ar . E n t é r m i ­

n o s g en er a l es, l o q u e l e i n t er esa a E sq u i l o so n l o s p r o b l em as d e l a

v i d a d e l o s h o m b r es: l a g u e r r a y l a p az .

C u r i o sam en t e , c o n v i er t e est as h i st o r i as p l a g ad as d e asesi n at o s

f am i l i a r es, q u e l e o f r ec ía l a l ey en d a, en l a o p o r t u n i d ad p a r a d ar v i d a

a a l g u n as i m ág en es d e so b er an o s y d e g u e r r e r o s, c u y o s v i c i o s y v i r ­

t u d es d e f i n en l o s v a l o r es q u e m ás ap r ec i ab a.

A l g u n a s est án l i g ad as a l a j u st i c i a d i v i n a y h an si d o m en c i o n ad as

en l o s an ál i si s q u e se r e f e r ían a el l as. L o s r ey es d eb en ev i t a r l a d esm e­

su r a y t i en en q u e r esp et a r l a p i ed ad . Je r j e s n o l o h i z o , l o s c au d i l l o s

q u e si t i ab an T e b a s n o l o h i c i er o n , l o s p er seg u i d o r es q u e p r e t en d ían

a r r eb a t a r a l o s a l t a r es a l as h i j as d e D á n a o t am p o c o . Y , en c ad a o c a ­

si ó n , su s en em i g o s a l b er g an m u c h as esp er an z as su st en t ad as en est as

c u l p as o est o s v i c i o s. « D e est a v en t a j a q u e se n o s o f r ec e, se n o s d e r i v a

o t r o p r o v ec h o » , ex c l am a E t eo c l es al esc u c h ar el r e l a t o d e l a j ac t an c i a

d e u n en em i g o {L o ssiet e, 4 37) ; e i n q u i er e : « M u ést r am e l a j ac t an c i a d e

o t r o ...» (480) . D e l m i sm o m o d o , a l o í r l a d esc r i p c i ó n d e l a p asi ó n v i ­

Page 65: tragedia griega Jacqueline de Romilly

70 La tragedia griega

c i o sa d e l o s h i j o s d e E g i p t o , D á n a o d i c e a su s h i j as: « B i en n o s v en d r ía

eso , h i j as m ías: si f u e r an t an o d i ad o s p o r l o s d i o ses c u a l l o so n p o r

v o so t r as» ( L as su p l i can t es, 7 5 3 -7 54 )·

A l c o n t r ar i o , D a r ío , P e l asg o y el p r o p i o E t eo c l es se c u i d an an t e

t o d o d e r o g a r a l o s d i o ses y d e p o n er a l a Ju st i c i a d e su p ar t e.

P e r o , si r esp et an así a l o s d i o ses, n o es ú n i c am en t e p o r el l o s: el

si g n o d i st i n t i v o d e l o s so b er an o s d e E sq u i l o es su p er f ec t o c i v i sm o ;

o , si se p r e f i e r e , l a p r eo c u p ac i ó n q u e t i en en p o r su p u eb l o . Y eso se

t r ad u c e t an t o en su ac t i t u d co n r esp ec t o a l a g u e r r a c o m o en su ac t i ­

t u d co n r esp ec t o al o r d en i n t er n o .

E n el t eat r o d e E sq u i l o r esu en a a c ad a i n st an t e el f r a g o r d e l a

g u e r r a . L a t r ag e d i a d e L o s per sas est á t o t a l m en t e d ed i c ad a a l a g r a n

b a t a l l a q u e l o s g r i eg o s ac ab ab an d e l i b r a r co n t r a l o s so l d ad o s d e Je r -

j es. L o s siet e con t r a T ebas es el d r am a d e u n a c i u d ad si t i ad a. Y el A g a ­

m en ó n d e O r est ea ac ab a j u st o d e r e g r e sa r d e esa g u e r r a d e T r o y a ,

c u y a so m b r a p esa so b r e t o d a l a o b r a y casi so b r e l a t r i l o g ía en t e r a . E l

m en sa j e r o , y l u eg o A g a m e n ó n , r ec u er d an l a v i c t o r i a y l o s co st o so s

esf u e r z o s q u e l a p r ec ed i er o n . C l i t em n est r a l a i m ag i n a . Y el c o r o , i n ­

f a t i g ab l em en t e , n o d e j a d e h ab l a r so b r e l a p a r t i d a d e l a ex p ed i c i ó n ,

so b r e H e l e n a , q u e f u e su c au sa, so b r e I f i g e n i a , q u e f u e su p r i m e r a

v í c t i m a , y so b r e l o s m u er t o s, q u e y a n o r eg r esar án .

P o d r ía m o s r ec o p i l a r f ác i l m en t e , en t o d a l a o b r a d e E sq u i l o , i m ­

p r esi o n an t es d esc r i p c i o n es d e l o s h o r r o r es o d e l as m i se r i as d e l a

g u e r r a . E n L o s per sas, d esc r i b e el h o r r o r d e l a r e f r i e g a y d e l a c a r n i ­

c er ía : « Se i b an v o l c an d o l o s casco s d e l as n av es, y y a n o se p o d ía v e r

el m a r , l l en o c o m o est ab a d e r est o s d e n a u f r a g i o s y l a c a r n i c er ía d e

m ar i n o s m u er t o s. L a s r i b er as y l o s esco l l o s se i b an l l en an d o d e c ad á ­

v er es. C u an t as n av es q u ed ab an d e l a a r m a d a b á r b a r a t o d as r em ab an

en p l en o d eso r d en b u sc an d o l a h u i d a . L o s g r i eg o s, en c am b i o , co m o

a a t u n es o a u n co p o d e p eces, c o n r est o s d e r em o s, co n t r o z o s d e t a­

b l as d e l o s n a u f r a g i o s, l o s g o l p eab an , l o s m ac h ac ab an . L a m e n t a c i o ­

n es en c o n f u si ó n , m ez c l ad as co n g em i d o s, se i b an ex t en d i en d o p o r

a l t a m a r .. .» ( L o sp er sas, 4 19 - 4 2 7 ) . E n L o s siet e, d esc r i b e el h o r r o r d e

l as c i u d ad es saq u ead as: « Su b e el t u m u l t o a l a c i u d ad e l a , h ac i a el l u -

Page 66: tragedia griega Jacqueline de Romilly

Esquilo o la tragedia de la justicia divina21

g a r d o n d e se en c u en t r a el r ec i n t o f o r t i f i c ad o . C a d a h o m b r e r ec i b e l a

m u er t e m ed i an t e l a l an z a d e m an o s d e o t r o . Su en an v ag i d o s d e n i ­

ñ o s l ac t an t es en san g r en t ad o s q u e est ab an m a m an d o d e l o s p ech o s

m at er n o s. E l p i l l a j e es h er m an o d e l a p er sec u c i ó n . E l saq u ead o r t r o ­

p i ez a c o n o t r o q u e y a h a saq u ead o ...» (L o s si et e, 34 5 - 353) · E n t o d as

est as ev o c ac i o n es, est á p r esen t e l a m u er t e : esa m u er t e d e l o s g u e r r e ­

r o s c u y o esc án d a l o n ad i e ex p r esó co n t an t a f u e r z a c o m o E sq u i l o . A

v eces l a m en c i o n a co n u n g r a v e c an t o d e d u el o , c o m o en L o s per sas:

« L o s n av i o s se l o s l l e v a r o n — ¡ay , a y !— , l o s n av i o s l es d i er o n l a

m u er t e — ¡ay , a y ! — , l o s n av i o s, co n a t aq u es c au san t es d e t o d o d e ­

sast r e» ( 56 0 - 56 3) . O b i en , al t r az a r l a i m ag en t e r r i b l e d e «el q u e

c am b i a p o r o r o c ad áv er es» , ev o c a el d u e l o d e aq u e l l o s a q u i en es se

i n f l i g i ó est e c am b i o m o n st r u o so : « E n c u an t o al c o n ju n t o d el p u eb l o ,

en c ad a m o r a d a se ad v i e r t e u n d u el o q u e el a l m a l ac er a p o r l o s q u e

p ar t i e r o n d e l a t i e r r a d e H e l én . M u c h as so n l as d esd i c h as q u e h i e r en

el c o r az ó n . C a d a c u al sab e a q u é f a m i l i a r es d i o l a d esp ed i d a, p er o en

v e z d e h o m b r es v u e l v en a l a casa d e c ad a u n o u r n as y c en i z as» ( A ga­

m en ó n , 4 30 y ss.) .

E sq u i l o si n t i ó v i v i d am en t e t o d o eso : l o v i o y l o ex p er i m en t ó . Y

así se ex p l i c a q u e , al l ad o d e l o s d u el o s y l o s su f r i m i en t o s, h ay a p o d i ­

d o d esc r i b i r t am b i én l as m i ser i as f ísi c as d e l o s c o m b at i en t es. Y a p a­

d ez c an , d i c h as en u n a l ín ea, l a sed y l a ex t en u ac i ó n : « L o s u n o s, su ­

f r i en d o l a sed en t o r n o al a t r ac t i v o r esp l an d o r d e u n a f u en t e...» ( L os

per sas, 4 8 3- 4 8 4 ) ; y a t am b i én l as p en a l i d ad es d e l a v i d a en el c am p a­

m en t o : « ¡S i y o os c o n t a r a l as f a t i g as, l as n o ch es al r e l en t e , el l i m i t ad o

esp ac i o en l a n av e , l a c am a m o l est a ... ! [ ...] ¡Y si u n o h ab l a r a d el i n ­

v i e r n o , c au sa d e m u er t e p ar a l as av es — ¡q u é i n so p o r t ab l e n o s l o h a ­

c ía l a n i ev e d el I d a ! — , o d e l c a l o r , c u an d o en su l ech o , al m ed i o d ía ,

cae el m a r y d u e r m e si n o l as, si n q u e si q u i e r a so p l e l a b r i sa .. .! » ( A ga­

m en ó n , 555 y ss.) .

E st a g u e r r a , si em p r e m ás o m en o s p r esen t e en l as t r ag ed i as d e

E sq u i l o , n o se r em em o r a co n án i m o d e p r o t est a o d e p ac i f i sm o . L o s

m a l es d e l a m asa , l o s m al es an ó n i m o s, q u e t r az an t o d a u n a r ed d e

su f r i m i en t o y d e d u e l o , si r v en so b r e t o d o p ar a r e a l z a r l a r esp o n sab i ­

Page 67: tragedia griega Jacqueline de Romilly

Zi La tragedia griega

l i d ad d e l o s c au d i l l o s, c u y o p ap el co n si st e p r ec i sam en t e en e v i t a r a

su s p u eb l o s t al es i n f o r t u n i o s.

Si l a g u e r r a cau sa est r ag o s, se n ec esi t a u n c au d i l l o l ú c i d o y e n é r ­

g i c o c o m o E t eo c l es. Y E sq u i l o d esp l eg ó t o d o su t al en t o p ar a c o n c e­

d e r t o d a su i m p o r t an c i a a est a f u n c i ó n d e d ef en so r . E t eo c l es, en L o s

siet e, se p r esen t a so l o an t es d e l c o r o , an t es d e c u a l q u i e r ex p l i c ac i ó n ;

e, i n m ed i a t am en t e , se o f r ec e c o m o p r o t ec t o r co n sc i en t e. Su s p r i m e ­

r as p a l ab r as l o d i c en , n o si n m a j est ad : « C i u d ad an o s d e l p u eb l o d e

C a d m o , p r ec i so es q u e d i g a o p o r t u n as p a l ab r as el q u e est á v i g i l an t e

en asu n t o s d i f í c i l es, d i r i g i en d o el t i m ó n en l a p o p a d e l a c i u d ad , si n

c e r r a r co n el su eñ o su s p ár p ad o s...» . D e h ec h o , E t eo c l es se m u est r a ,

a c o n t i n u ac i ó n , f i r m e an t e q u i en es en l o q u ec en , c ap az d e o r g a n i z a r

l a d e f en sa y p r eo c u p ad o p o r i n f o r m ar se . P e r o ¿p o r q u é? P o r q u e

— E sq u i l o l o señ al a d esd e el c o m i en z o — l a c i u d ad , p ar a él , est á p o r

en c i m a d e t o d o : « ¡O h , Z e u s, T i e r r a , d i o ses p r o t ec t o r es d e n u est r a

c i u d ad , y M a l d i c i ó n , e r i n i s m u y p o d er o sa p o r ser d e m i p ad r e , [ ...] n o

p er m i t á i s q u e est a t i e r r a l i b r e y c i u d ad d e C a d m o sea so m et i d a co n

el y u g o d e l a esc l a v i t u d !» . . . (69) .

E st a p r eo c u p ac i ó n p o r p o n er a sa l v o l a c i u d ad es l a q u e esp o l ea

a l o s b u en o s r ey es. M ás q u e c u a l q u i e r o t r a , i n sp i r a a P e l asg o , en L a s

su p l i can t es. P e l asg o p i en sa p r i m e r am en t e en su c i u d ad y so l o se p r e o ­

c u p a p o r el l a: « ¡O j a l á q u e est e asu n t o d e h o sp ed ar a u n a g en t e d e

o r i g en c i u d ad an o n o sea l u c t u o so , n i d e l o i n esp er ad o e i m p r ev i st o

se d e r i v e u n a g u e r r a p ar a n u est r a c i u d ad ! P o r q u e n u est r a c i u d ad

n o l a n ec esi t a» ( 354 - 358 ) . Y r ep i t e c o n an si ed ad : « N o sea q u e a l g ú n

d ía d i g a l a m u c h ed u m b r e , si p o r v en t u r a a l g o n o su c ed i er a b i en :

“ P o r h o n r a r a e x t r an j e r as, c au sast e l a p er d i c i ó n d e l a c i u d a d ” » ( 39 9 -

4 0 1)·

A l c o n t r a r i o , el c r i m en d e l o s m a l o s r ey es co n si st e en l an z a r se a l a

l i g e r a a g u e r r a s i m p r u d en t es, en l as q u e n o o b t en d r án l a ay u d a d e l os

d i o ses. T o d a l a t r ag e d i a d e L o s per sas l o d e m u est r a co n b r i l l a n t e z ,

p o r q u e l o s su f r i m i en t o s d e est o s p er sas, el r ec u er d o d e l o s m u er t o s, el

d u e l o y l a an g u st i a , so l o se p r esen t an co n esa p r o f u si ó n p ar a d est ac ar

t o d a l a g r a v e d a d d e l a c u l p a i n i c i a l d e Je r j e s. P o r u n a d e f o r m ac i ó n

Page 68: tragedia griega Jacqueline de Romilly

Esquilo o la tragedia de la justicia divina73

h i st ó r i c a m u y c ar ac t e r íst i c a , E sq u i l o n o d u d a en em p l ea r l a p a l ab r a

« c i u d ad » r e f e r i d a a est o s p er sas. E st a « c i u d ad » , q u e l l o r a a su s m u e r ­

t o s, es p r i m e r o l a c ap i t a l , Su sa, co m o en l o s v er so s c ar g ad o s d e ap r en ­

si ó n q u e p r o n u n c i a el c o r o al c o m i en z o ( i 16 - 118 ) : « P o r eso , m i a l m a

en l u t ad a se si en t e d esg a r r ad a d e t e r r o r — ¡ay d e l e j é r c i t o p e r sa !— d e

q u e l a c i u d a d l l e g u e a sab er se v ac ía d e h o m b r es, ¡l a g r a n c i u d ad

d e Su sa !» . P e r o , p o r o t r a p ar t e , l a m i sm a p a l ab r a se em p l ea p ar a el

v ast o r e i n o d e l o s p er sas, y l as t r ad u c c i o n es f r an c esas t i t u b ean an t e

est e em p l eo d e p o l i s. L a d e P a u l M a z o n l a t r ad u c e a v ec es p o r « u n

p aís» ( v er so 2 13 , 9 46 ) , a v eces p o r « P er si a» ( 5 11) y a v eces p o r «el E s ­

t ad o » ( 7 15 ) . D e t o d as f o r m a s, l a p a l ab r a d eb ía a l u d i r , p a r a l o s a t e ­

n i en ses, a l o s v ín c u l o s est r ech o s en t r e l o s c i u d ad an o s y ap o r t a r así al

d u el o p er sa u n acen t o m ás p er so n a l . A h o r a b i en , est e d u el o t i en e u n

r esp o n sab l e , c u y a i m p r u d en c i a r esal t ó t o d o el m u n d o y q u e, al t é r m i ­

n o d e l a t r ag ed i a , se p r esen t a f i n a l m en t e en p er so n a p a r a r ec o n o c er

co n d esesp er ac i ó n q u e c a r g a co n el p eso d e t al d esast r e : « E st e so y y o

— ¡ay , a y ! — , u n m i ser ab l e , u n ser n o c i v o p a r a m i r a z a y p ar a m i p a ­

t r i a. Sí . F u i p ar a e l l as u n a d esg r ac i a» ( 9 31- 9 33) ·

A est e r e t o r n o d e u n r ey v en c i d o se o p o n e, en el o t r o ex t r em o d e

l a o b r a d e E sq u i l o , el r e t o r n o d e u n r ey v en c ed o r . P e r o t am p o c o

A g a m e n ó n es m en o s cu l p ab l e . P o r q u e l a g u e r r a q u e d i r i g i ó er a u n a

g u e r r a m o r t í f e r a q u e n i n g ú n m o t i v o f u n d am en t a l j u st i f i c ab a , y q u e

d esem b o c ó en ex ceso s i m p ío s. D esd e el c o m i en z o , el co r o d en u n c i a

c l a r am en t e est e c o n t r ast e en t r e l a c au sa d e l a g u e r r a y l o s su f r i m i e n ­

t os q u e p r o v o c ó : « P o r u n a m u j e r q u e l o f u e d e m u c h o s m ar i d o s,

n u m er o so s c o m b at es q u e ex t en ú an l o s m i em b r o s [ ...] i m p o n d r á p o r

i g u a l a l o s d áñ ao s y a l o s t r o y an o s» ( 6 2-6 6 ) . Si em p r e se i n si st e en est e

co n t r ast e . Se i n m o l ó a I f i g e n i a « p ar a ay u d a r a u n a g u e r r a v en g ad o r a

d el r ap t o d e u n a m u j e r » ( 225) . Y l a i m p o n en t e i m ag en d el d i o s d e l a

g u e r r a , c i t ad a m ás a r r i b a , se i n t e r r u m p e co n l a d esc r i p c i ó n d e l d u el o

q u e r e i n a en t o d as l as casas: « Y g i m en si n t r eg u a m i en t r as e l o g i an al

g u e r r e r o m u er t o : a est e p o r q u e er a d i est r o en el c o m b at e ; a aq u el

p o r q u e c ay ó g l o r i o sam en t e en l a m a t an z a d e u n a g u e r r a ¡p o r l a es­

p o sa d e o t r o !» ( 4 4 5- 4 4 7) . T o d o est á c a r g ad o d e r ep r o ch es. Y c u an d o

Page 69: tragedia griega Jacqueline de Romilly

74La tragedia griega

ap ar ec e el r ey , el c o r o , f e l i z , sac r i f i c ad o y f i e l , n o p i e r d e l a o p o r t u n i ­

d ad d e p r o n u n c i a r u n a r ep r o b ac i ó n r e t r o sp ec t i v a : c u an d o an t añ o ,

c o n f i esa , A g a m e n ó n p r ep ar ab a l a p ar t i d a d e l a ex p ed i c i ó n p a r a r es­

c a t a r a u n a i m p ú d i c a , se l o r ep r esen t ó « d e u n m o d o m u y a l e j ad o d e

l a c u l t u r a y n o r i g i en d o b i en el t i m ó n d e t u i n t e l i g en c i a , p o r q u e t r a ­

t ab as d e d ar l es án i m o s a u n o s g u e r r e r o s q u e est ab an en t r an c e d e

m u er t e p o r m ed i o d e sac r i f i c i o s» ( 8 0 0 -8 0 5) .

E sq u i l o , h ay q u e r ep e t i r l o , n o es en m o d o a l g u n o u n p ac i f i st a : se

ex a l t a c o n l a i d ea d e l as l u c h as d e f en si v as ( co m o l a q u e l l ev a a cab o

E t eo c l es, c o m o l a q u e l l ev a r o n a c ab o l o s g r i eg o s y en l a q u e él t o m ó

p ar t e) ; i n c l u so t i en e p a l ab r as d e a l ab an z a p ar a l as c o n q u i st as d e D a ­

r ío y l a g r a n d e z a d e l as c i u d ad es f o r t i f i c ad as. P e r o l o q u e t o d as l as

o b r as r ec l am an es el r esp et o d e l as v i d as, el r esp et o d el p u eb l o . Y en

t o d o s l o s m i t o s q u e t o m a p r est ad o s al f o n d o ép i co — m i t o s q u e so lo

c o n c er n ían a f am i l i as, r az as u h o m b r es— , él i n t r o d u c e ese p er so n a j e

c o l ec t i v o d e l a c i u d ad , f u n d am en t a l en su p r o p i a ex p er i en c i a , p er o

an ac r ó n i c o en l a l ey en d a.

A est e r esp ec t o , p o r l o d em ás, el an ac r o n i sm o m ás h er m o so n o

t i en e q u e v e r co n l a g u e r r a : c o n c i e r n e al o r d en i n t e r n o y al g o b i er n o

d e l a c i u d ad . P o r q u e el r ey P e l asg o , en L a s su p l i can t es, se c o n v i er t e

en el m o d el o d e l r ey d em o c r át i c o , p r eo c u p ad o p o r c o n su l t a r a su

p u eb l o . T a m b i é n en est e t e r r en o p o n e p o r d e l an t e d e c u a l q u i e r o t r a

l a c o n si d er ac i ó n d e l a c i u d ad . Y ex p l i c a d e m an er a o b st i n ad a: « N o

est ái s sen t ad as j u n t o al h o g a r d e m i p al ac i o . Si l a c i u d ad , en c o m ú n ,

r ec i b e u n a m an c h a, p r eo c ú p ese en c o m ú n t o d o el p u eb l o d e b u scar

el r em ed i o . Y o n o o s p u ed o g a r a n t i z a r p r o m esa a l g u n a an t es d e h a ­

b er c o n su l t ad o ac er c a d e est e asu n t o co n t o d a l a c i u d ad » ( 36 5- 36 9 ) .

Y m ás ad e l an t e : « Y ad em ás t e l o d i j e y a an t es: n o p o d r ía h ac er eso a

l a esp a l d a d e l p u eb l o , n i si q u i e r a t en i en d o u n p o d er ab so l u t o » . E l

r ey n o se c o n t en t a co n p r o t eg er l a c i u d ad , si n o q u e l a r esp et a.

Y si n d u d a , n o es p o r c asu a l i d ad q u e el p r o b l em a su sc i t ad o en

O rest ea se c o n f íe , en d e f i n i t i v a , al v e r ed i c t o d e l os h u m an o s, a q u i en es

r ep r esen t an a l a c i u d ad d e A t en as. M ed i an t e u n a esp ec i e d e d e sp l a ­

z am i en t o , l a f u n c i ó n q u e P e l asg o asu m ía en A r g o s se c o n f ía a q u í a

Page 70: tragedia griega Jacqueline de Romilly

Esquilo o la tragedia de la justicia divina75

u n a d i o sa t u t e l ar . E l l a t am b i én d u d a y p r ev é d i f i c u l t ad es, p er o e l i g e

a l o s j u ec es d e en t r e su p u eb l o . Y su a t en c i ó n n o se d e t i en e ah í. A n t es

d e d e j a r l o s v o t a r , d i c t a l as l ey es q u e d eb en p r o t eg er a l a c i u d ad : el

t r i b u n a l d el A r e ó p a g o , q u e ac ab a d e i n st i t u i r , se r á p a r a l a c i u d ad

« b a l u a r t e sa l v ad o r » ( 70 1) . L u e g o , u n a v e z em i t i d o el v e r ed i c t o , so l o

p i en sa en u n a co sa, q u e es c o n c i l i a r co n su c i u d ad a l as an t i g u as d i o ­

sas d e l cast i g o : l es p i d e q u e b en d i g an a su p u eb l o ; l es p i d e q u e l e e v i ­

t en l a g u e r r a c i v i l y t o d as l as d em ás p l a g as. D e m o d o q u e l a o b r a

c o n c l u y e en m ed i o d e b en d i c i o n es p ar a A t en as.

A m o r p o r l a c i u d ad , p r o t ec c i ó n d e l a c i u d ad y p r eo c u p ac i ó n p o r

c o n su l t a r l a : a t r av és d e est as f i g u r a s r eal es o d i v i n as se i m p o n e el

i d ea l d e E sq u i l o . A h o r a b i en , es u n i d ea l q u e se f u n d a en l a c o n c o r ­

d i a , p er o q u e si em p r e t i en d e h ac i a el o r d en .

P e l asg o p r o c u r a el ac u er d o d e su c i u d ad . A t en ea , p ac i en t em en ­

t e, se esf u e r z a p o r o b t en er el ac u er d o d e l as er i n i s. N o d esea l a v i o ­

l en c i a , si n o q u e ap el a a l a « sag r ad a p er su asi ó n » , q u e p r o p o r c i o n a

a su p a l ab r a « su m ág i c a d u l z u r a » . Y l o q u e , so b r e t o d o , p i d e p ar a

su c i u d ad es el ac u er d o i n t er n o : si a l g o t em e p ar a A t en as es q u e [ l as

er i n i s] « a r r an q u en a l o s g a l l o s su s c o r az o n es p a r a i m p l an t a r l o s en

m i s c i u d ad an o s, o c asi o n an d o u n A r e s i n t er n o en l a r a z a p l en o d e

m u t u a a r r o g an c i a» ( 8 6 2- 8 6 3) .

P er o sem ej an t e ac u er d o i m p l i c a el r esp et o d el o r d en . Y su ced e

q u e l o s so b er an o s d e E sq u i l o , si so n c o m ed i d o s y p ac i en t es, si g u en

si en d o i m p er i o so s c u an d o se t r at a d e e x i g i r l a d i sc i p l i n a d e l o s c i u d a ­

d an o s.

E l t r i b u n a l d el A r e ó p a g o t i en e p r ec i sam en t e p o r f u n c i ó n l a d e

h ac er r esp et a r est a d i sc i p l i n a . Y , en el m o m en t o p r ec i so en q u e, en

A t en as, u n a n u ev a l ey t en d ía a r est r i n g i r l o s p o d er es d e h ech o q u e

p er t en ec ían a est e c o n sejo , E sq u i l o se esf u e r z a en p o n er d e r e l i ev e l a

i m p o r t an c i a d e l p ap el m o r a l q u e d eb e si em p r e seg u i r si en d o el su y o .

A l r e t o m ar l as f r ases q u e l as p r o p i as er i n i s h ab ían em p l ead o c u an d o

r e i v i n d i c ab an , en n o m b r e d e l b u en o r d en , el d er ec h o a c ast i g ar a l o s

c u l p ab l es, A t en ea r ep i t e q u e h ay q u e ev i t a r t an t o l a an a r q u ía co m o

el d esp o t i sm o : « A c o n se j o a l o s c i u d ad an o s q u e r esp et en c o n r ev e r en -

Page 71: tragedia griega Jacqueline de Romilly

76 La tragedia griega

c i a l o q u e n o c o n st i t u y a n i a n a r q u ía n i d esp o t i sm o y q u e n o e x p u l ­

sen d e l a c i u d ad d el t o d o el t em o r , p u es, ¿q u é m o r t a l es j u st o si n o h a

t em i d o n a d a ?» (6 9 6 -6 9 9 ) . Y m ás ad e l a n t e p r o m u l g a , c o m o so b er a ­

n a q u e p r e t en d e ser o b ed ec i d a : « E st ab l ez c o est e t r i b u n a l i n so b o r n a ­

b l e, au g u st o , p r o t ec t o r d e l p aís y si em p r e en v e l a p o r l o s q u e d u e r ­

m en » ( 70 4 - 70 6 ) .

E n c i er t o sen t i d o , t al es f ó r m u l a s t r a i c i o n an l as p r eo c u p ac i o n es

d el h o m b r e y d e l m o m en t o . P e r o es i m p o r t an t e p r ec i sar q u e si l a

ac t u a l i d ad , en E sq u i l o , ac c ed e así a l a t r ag ed i a , eso n o q u i e r e d ec i r

en ab so l u t o q u e l a t r ag ed i a se h ay a v u e l t o m ás f am i l i a r : al c o n t r a r i o ,

c o m o en L o s per sas, t en em o s l a sen sac i ó n d e q u e l a ac t u a l i d ad , t r as­

p u est a y r ep en sad a, se c a r g ó a sí m i sm a d e m a jest ad . Se t r a t a d el

A r e ó p a g o , se t r a t a d e l a a m en az a d e l u ch as i n t est i n as, p er o t am b i én

se t r at a d e l o r d en en t an t o q u e t al , d e l o r d en q u e p r esi d e l a o r g a n i ­

z ac i ó n d e l m u n d o y d el q u e el o r d en d e l a c i u d ad n o es m ás q u e u n o

d e su s asp ec t o s.

D e h ec h o , P e l asg o , E t eo c l es y D a r í o so n , g u a r d an d o l as p r o p o r ­

c i o n es, f i g u r a s c o m p ar ab l es a l a A t en ea d e L a s eu m én ides. So n t a m ­

b i én f i g u r a s c o m p ar ab l es a l A p o l o d e l t em p l o d e Z eu s en O l i m p i a :

c o n el b r a z o ex t en d i d o y el g est o au t o r i t a r i o , p ar ece d ec r e t a r el p r ó x i ­

m o c ast i g o a eso s i n t o l er ab l es r ap t o r es q u e so n l o s c en t au r o s, e i m p o ­

n er su o r d en h ast a a l as m u j e r es a t e r r o r i z ad as q u e ac ec h an en l o s

á n g u l o s d e l f r o n t ó n .

Se p o n e así d e m an i f i est o q u e, en d e f i n i t i v a , u n a m i sm a i n sp i r ac i ó n

p r esi d e l a ev o c ac i ó n d e l a j u st i c i a d i v i n a y l a d e l a v i d a h u m an a : en

u n o y o t r o ám b i t o , en c o n t r am o s u n a m i sm a f e en l a ex i st en c i a d e u n

o r d en , q u e se i m p o n e a t r av és d e l o s su f r i m i en t o s y q u e d eb e i m p o ­

n er se cu est e l o q u e cu est e.

P e r o l a sem e j an z a n o ac ab a ah í , p o r q u e , en d e f i n i t i v a , p ar ec e

q u e l as p er sp ec t i v as d i v i n as y h u m an as se c o m b i n an p ar a o t o r g a r a

c ad a g est o u n a l c an c e m ás e l ev ad o .

L o s b u en o s r ey es p ar t i c i p an d e l a m a jest ad d i v i n a . E n c u an t o a

Page 72: tragedia griega Jacqueline de Romilly

Esquilo o la tragedia de la justicia divina 11

l o s r ey es c u l p ab l es, su c u l p a se i n sc r i b e si m u l t án eam en t e en d o s r e ­

g i st r o s p ar a l e l o s. C u l p ab l es an t e l o s d i o ses, so n c ast i g ad o s p o r el l o s y

a r r ast r an a su s p u eb l o s al d esast r e. P e r o , a l a i n v er sa , c u l p ab l es an t e

su s p u eb l o s, i r r i t an p o r el l o a l o s d i o ses. D e m an e r a q u e , f i n a l m en t e ,

t o d o c o n v er g e : l a o f en sa a l o s d i o ses y l a o f en sa a l a c i u d ad so n co m o

l as d o s c ar as d e u n a m i sm a cu l p a. C o m o d i c e el c o r o en A gam en ón

( 4 56 y ss.) : « Q u e a l o s au t o r es d e t an t as m u er t es n o d e j an d e v er l o s

l o s d i o ses» .

Y el r esu l t ad o es q u e cad a t r ay ec t o r i a h u m an a se p r o l o n g a y d es­

p i e r t a t o d a u n a ser i e d e eco s q u e l e p r o p o r c i o n an su g r a v e d a d y su

d i m en si ó n t r ág i c a . E n ef ec t o , en est e m u n d o d e m i st er i o sas c o r r es­

p o n d en c i as, el g est o d e l h o m b r e q u e h ace c o r r e r l a san g r e y a n o se

l i m i t a a su h o r i z o n t e p er so n al o f a m i l i a r : se p r o l o n g a en el ám b i t o d e

l o sag r ad o , d o n d e t o d o se c o n t ab i l i z a en c u l p as y en cast i g o s; t am ­

b i én se p r o l o n g a en el t i em p o , p o r q u e E sq u i l o c o n c i b e a est e h o m b r e

c o m o u n m i em b r o so l i d ar i o en l a su cesi ó n d e l as g en er ac i o n es d e su

r az a . Y se p r o l o n g a en su s r ep er c u si o n es i n m ed i a t as, y a q u e l os r ey es

t i en en su p u eb l o a su c ar g o .

E st o s m ú l t i p l es t r asf o n d o s y est e r i esg o co n st an t e d e u n d esast r e

g i g an t esc o c o n f i e r en a l o t r ág i c o d e E sq u i l o su i n c o m p ar ab l e r eso ­

n an c i a.

P o d r íam o s d ec i r q u e el r esu l t ad o es cu an t i o so : m u c h as i d eas,

m u c h as ab st r ac c i o n es, m u c h as c o n si d er ac i o n es g en er a l es e n t r ev e r a ­

d as u n as en l as o t r as. P o r eso , d esp u és d e h ab er d i b u j a d o así l as g r a n ­

d es l ín eas d e si g n i f i c ac i ó n q u e ac o m p añ an c ad a g est o en l a o b r a d e

E sq u i l o , c o n v i en e r ec o r d a r q u e est as g r an d es l ín eas, i n sc r i t as so b r e

t o d o en l o s can t o s d el c o r o , n o i m p i d en q u e l a o b r a d e E sq u i l o sea

an t e t o d o i n m ed i a t a y c o n cr e t a. P o r q u e n o l l ev a a cab o n i n g ú n an á ­

l i si s. L a s i d eas q u e ex p r esa su t eat r o se d esv e l an so l as, b a j o el i m p ac ­

t o d e l a an si ed ad , ap en as c l ar as, b r u sc as co m o r ev e l ac i o n es.

L a m ay o r ía d e l as v ec es, se n o s en t r eg an v i v i d as en su r ea l i d ad

m ás co n cr et a. A E sq u i l o l e g u st a m o st r ar . M en c i o n a t o d o s l o s f r a g o ­

r es d e l a g u e r r a . H a c e q u e se o i g a el so n i d o d e l o s r o b l o n es, r em ac h a ­

d o s u n o a u n o , q u e c l av an a P r o m et eo en su r o ca. H a c e q u e se v ean

Page 73: tragedia griega Jacqueline de Romilly

78 La tragedia griega

l as er i n i s y q u e se esc u c h en su s r u g i d o s. T o d o eso se v e, se o y e, se

i m p o n e d e u n m o d o i n m ed i a t o .

Si q u i e r e ex p r esa r el d u e l o p er sa , n o c o m en t a: d a n o m b r es y m ás

n o m b r es, en t r ec o r t ad o s p o r b r u sc as i m ág en es, co n c r et as, q u e m u e s­

t r an c ad áv er es a r r ast r ad o s p o r l a r esac a c o n t r a l as r o cas. Si q u i e r e

h ab l a r d e l p eq u eñ o O r est es, o b i en d e l o s su f r i m i en t o s d e l a g u e r r a ,

n o d u d a en h ac er q u e l a n o d r i z a d e O r est es o b i en el m en sa j e r o q u e

ac ab a d e l l e g a r d e T r o y a ex p r esen su s p en as m ás h u m i l d es, en su

b r u t a l b an a l i d ad .

E i n c l u so c u an d o q u i e r e su g e r i r m ás, c u an d o h ab l a d e l asesi n at o ,

d e l a c u l p a o d el cast i g o , en l u g a r d e t ér m i n o s ab st r ac t o s, su ar t e o f r e ­

ce i m ág en es f u l g u r an t es, en l as q u e l as co sas m i sm as p ar ecen a d q u i r i r

v i d a p a r a i n sp i r a r m ás m i ed o u h o r r o r . L a san g r e d e r r a m a d a , si n

d u d a , n o p u ed e ser l l am ad a d e v u e l t a : « L a n eg r a san g r e c a íd a a t i e r r a

d e u n a so l a v e z co n l a m u er t e d e u n h o m b r e , ¿q u i én p o d r á v o l v e r a

l l a m ar l a a l a v i d a m ed i an t e en sa l m o s? » (A gam en ó n , 10 19 - 10 2 1) . P er o

si n o p u ed e ser l l am ad a a l a v i d a , t am p o c o p u ed e ser b o r r ad a . P e r si s­

t e. Y C a san d r a l a en c u en t r a ah í , m u c h o s añ o s d esp u és, c u an d o r ec o ­

n o c e, en el p a l ac i o d e A g a m e n ó n , « u n m a t ad er o d e h o m b r es y u n

so l a r em p ap ad o d e san g r e» ( 10 9 2) . E st a san g r e est á ah í , c o n su o l o r :

« L a c asa ex h a l a m u er t e q u e c h o r r ea san g r e» ( 130 9 ) . N a d a l a p u ed e

r ed i m i r . N a d a l a p u ed e h ac er d esap ar ec er : « A c au sa d e l a san g r e b e­

b i d a p o r l a t i e r r a n u t r i c i a , si n d esap ar ec er , se h a c u a j ad o u n a san g r e

v en g ad o r a» ( L as coéfor as, 6 6 - 6 7) . A n t i c i p an d o a l ad y M ac b et h , el co r o

d e c l a r a i n c l u so : « N o ex i st e r e m e d i o p a r a q u i e n v i o l a u n a c ám ar a

n u p c i a l , y , si l as ag u as d e t o d o s l o s r í o s, sa l i en d o d e u n ú n i c o c au c e,

e m p ap an l a san g r e q u e m an c h a l a m an o co n l a i n t en c i ó n d e p u r i f i ­

c a r l a , se d i r i g e n en v an o h ac i a e l l o » ( 72) . L a c u l p a n o so l o p er si st e:

v i v e y p r o l i f é r a . Se d i r í a u n p ar t o m o n st r u o so : « M i en t r as q u e u n a

so b er b i a a n t i g u a su el e e n g e n d r a r u n a n u ev a so b er b i a m ás p r o n t o o

m ás t a r d e en l o s h o m b r es m a l v ad o s, c u an d o l l eg a l a h o r a f i j a d el p a r ­

t o y u n a d e i d ad co n t r a l a q u e n o es p o si b l e co m b at e n i g u er r a , l a sac r i ­

l eg a t em er i d ad d e l a c eg u er a , l u c t u o sa p a r a l o s m o r t a l es, sem ej an t e

a su s p ad r es» ( 76 4 - 770 ) . Y l a m i sm a i m a g en v u e l v e a a p a r ec e r en

Page 74: tragedia griega Jacqueline de Romilly

Esquilo o la tragedia de la justicia divina79

L a s coéfor as c u an d o el co r o d ec l a r a ( 6 46 - 6 52) : « P er o el c i m i en t o d e l a

Ju st i c i a t i en e f i r m e z a y , f o r j ad o r d e esp ad as, f u n d e el d est i n o d e an t e ­

m an o el b r o n c e, y , co n el t i em p o , t r ae u n h i j o a su casa, p ar a c ast i g ar

l a m an c i l l a d e san g r es m ás an t i g u as d e r r am ad as, l a i l u st r e er i n i s, q u e,

en l o p r o f u n d o d e su esp í r i t u , m an t i en e l o s d eseo s d e v en g an z a» .

A l a b r u t a l i d ad d e l a p r esen c i a c o n c r e t a se a l i a u n a esp eci e d e

v i si ó n o b sesi v a, p er o el p en sam i en t o d e E sq u i l o si em p r e se m u ev e a

r as d e l o r ea l y se ad h i e r e a él . L a r a r ez a d e l as ex p r esi o n es, su m a j e s­

t ad o r ac u l a r o su g r o ser a si m p l i c i d ad , t o d o c o o p er a a i n t en si f i c ar su

f u e r z a . P e r o est a f u e r z a est á r e l ac i o n ad a co n l as sen sac i o n es.

Si n est a c o r r ec c i ó n , h ab r íam o s c o r r i d o el r i esg o d e c r eer q u e l a

g r a n d e z a d el t eat r o d e E sq u i l o se asem e j a a l a m a j est ad c l ási ca. P er o

es su an t í t esi s, y , en g en er a l , d i sg u st ó en l as ép o cas d e c l asi c i sm o .

E st a m ez c l a d e v i d a c o n cr et a y d e t r asf o n d o s r e l i g i o so s, q u e n o t i en e

n ad a d e i n t e l ec t u al , r ep r esen t a p r ec i sam en t e el r asg o car ac t er í st i c o

d e l a r c aísm o . Y , co n r e l ac i ó n a él , t o d o l o q u e h ab r ía d e seg u i r ser ía

m ás r az o n ad o y m en o s e l ev ad o , m ás m o d est o y m en o s co n cr et o . N a ­

d i e , d esp u és d e E sq u i l o , se i n st a l a al n i v e l d e E sq u i l o .

Page 75: tragedia griega Jacqueline de Romilly

I l l

S Ó F O C L E S O L A T R A G E D I A D E L H É R O E S O L I T A R I O

L a g en er ac i ó n d e Só f o c l es es, en l a h i st o r i a d e A t en as, l a d el ap o geo .

D u r a n t e l a b at a l l a d e Sa l am i n a , t o d av ía n o er a m ás q u e u n m u c h ac h o

( se n o s d i c e q u e d i r i g i ó el co r o d e ef eb o s en c a r g ad o d e c e l eb r ar l a v i c ­

t o r i a) . C o n o c i ó el i m p er i o at en i en se. V i o e d i f i c a r l as c o n st r u c c i o n es

d e l a A c r ó p o l i s. Si n d u d a , asi st i ó , f i n a l m en t e , a l o s si n sab o r es d e l a

g u e r r a d el P el o p o n eso . P e r o su am o r p o r su p a t r i a p er m an ec i ó i n c ó ­

l u m e: E d i p o en C o lo n o , qu e- es su ú l t i m a o b r a y q u e n o se r ep r esen t ó

h ast a d esp u és d e su m u er t e , c o n t i en e el m ás b el l o d e l o s can t o s a l a

g l o r i a d e A t en as, d e u n a A t en as d o n d e es ag r ad ab l e v i v i r y c u y a f l o t a

si g u e si en d o g l o r i o sa . P o r l o d em ás, Só f o c l es es el ú n i c o d e l os t r es

g r an d es t r ág i c o s q u e n o q u i so ab an d o n ar A t en as: si g u i ó si en d o f i e l

h ast a el f i n a l d e l a ép o ca d e f e l i c i d ad en l a q u e h ab ía si d o f o r m ad o .

T a m b i é n él f u e f e l i z . N a c i d o en u n a f a m i l i a ac o m o d ad a, r ec i b i ó

u n a ed u c ac i ó n a l a m ed i d a d e esa b u en a p o si c i ó n . Se c o r o n ó en l o s

c er t ám en es g i m n ást i c o s, se l e c o n f i a r o n p ap el es d e m ú si c o y p ar t i c i ­

p ó en l a v i d a p o l í t i c a co n éx i t o ( f u e en d o s o casi o n es est r a t eg a y se l e

l l am ó a f o r m a r p ar t e d e l o s c o n sej er o s esp ec i al es n o m b r ad o s d esp u és

d el d esast r e d e Si c i l i a , c u an d o t en ía o ch en t a y t r es añ o s) . C u m p l i ó

t am b i én f u n c i o n es r e l i g i o sas. F i n a l m en t e , su c a r r e r a l i t e r a r i a f u e b r i ­

l l an t e. C o r o n ad o p o r p r i m e r a v ez en 46 8 a .C . , c u an d o t en ía m en o s

d e t r e i n t a añ o s, t u v o q u e ser l o , d esp u és d e est o , co n m ay o r f r ec u en ­

c i a q u e c u a l q u i e r o t r o p o et a t r ág i c o . A l o s o ch en t a y si et e añ o s, o b t u ­

v o d e n u ev o l a c o r o n a p o r Fi l oct et es.

A est o se añ ad e q u e er a am ab l e y so ci ab l e. T u v o g r a n c an t i d ad

d e am i g o s. Y su s ag u d ez as se c i t ab an a m en u d o a d i est r o y si n i est r o .

8 1

Page 76: tragedia griega Jacqueline de Romilly

8 2 La tragedia griega

Q u i z á t am b i én , en est e ám b i t o , ex p er i m en t ó , h ac i a el f i n a l , a l g u n as

d ec ep c i o n es d e o r d en f a m i l i a r , p er o ¿q u i én n o l as ex p er i m en t a? Si es

c i e r t o q u e n o se p u ed e l l a m a r a n ad i e f e l i z an t es d e su m u er t e , l a

v i d a d e Só f o c l es, en su c o n ju n t o , m er ec e est e ep í t et o .

Y est o es u n a p r u eb a d e q u e se p u ed e p er f ec t am en t e v i v i r f e l i z

a u n q u e se esc r i b an t r ag ed i as, e i n c l u so i n v en t a r u n m u n d o d est i n a­

d o a c o n v er t i r se en el m u n d o t r ág i c o p o r ex c el en c i a .

E l c a r ác t e r d e l o t r ág i c o p r o p i o d e Só f o c l es est á m ás cer c a d e

n o so t r o s q u e el d e E sq u i l o . Y , en c i er t o sen t i d o , l a p l en i t u d p o l í t i c a

q u e v i v i ó y d i sf r u t ó Só f o c l es n o es a j en a a est a d i f e r en c i a : est a p l e n i ­

t u d i m p l i c a , e f ec t i v am en t e , u n a m a y o r c o n f i an z a en el h o m b r e. E s ­

q u i l o h ab ía v i v i d o l a am en az a d e u n d esast r e , m i en t r as q u e Só f o c l es

v i v e u n a g r a n d e z a só l i d am en t e a f i a n z a d a y q u e y a so l o se t r a t a d e

a d m i n i st r a r b i en . P o r t an t o , si t ú a al h o m b r e en el cen t r o d e t o d o y

c o l m a su s t r ag ed i as d e d eb er es c o n t r ap u est o s y d e c o n t r o v er si as so ­

b r e c o m p o r t am i en t o s. C r e e en l a i m p o r t an c i a d e l h o m b r e y en su

g r a n d e z a . L l e g a así a t r a z a r i m ág en es d e h ér o es a l o s q u e n ad a p o ­

d r í a d o b l eg ar , au n q u e l o s r ep u d i en t o d o s l o s q u e l o s r o d ean y a u n ­

q u e l o s d i o ses se b u r l en d e el l o s.

L a si g n i f i c ac i ó n d e l o s ac t o s h u m an o s y a n o est á a m p l i f i c ad a ,

c o m o en E sq u i l o , p o r l a m en c i ó n d e l as c o n sec u en c i as q u e l o s d es­

b o r d an : ah o r a r esu l t a d e l a at en c i ó n q u e se p r est a a su s m ó v i l es y a

su s r eso r t es. Y l o t r ág i c o d e Só f o c l es est á, an t e t o d o , en f u n c i ó n d el

i d ea l h u m an o al q u e o b ed ec en su s h ér o es.

I . D EBERES CO N TRAPU ESTO S

A sí c o m o n o h ay n i n g u n a o b r a en t r e l as q u e se c o n ser v an d e E s ­

q u i l o en q u e n o p o d am o s e n c o n t r a r , en el c en t r o y d i r i g i é n d o l o

t o d o , el p r o b l e m a d e l a j u st i c i a d i v i n a , d e l m i sm o m o d o n o h ay u n a

so l a o b r a en t r e l as q u e se c o n ser v an d e Só f o c l es en q u e el p r o b l em a

d e l o r d e n é t i c o n o se p r esen t e en t o d a su i n t en si d ad , e n c a r n ad o en

l o s p er so n a j es.

Page 77: tragedia griega Jacqueline de Romilly

Sófocles o la tragedia del héroe solitario 83

Ser ía p o si b l e , p o r c o n si g u i en t e , e x a m i n a r b a jo est e asp ec t o l as

si et e o b r as c o n ser v ad as ( si et e so b r e c i en t o v e i n t i t r és, ay : l a l i st a es

b r ev e , au n c u an d o se l e añ ad a el d r am a sa t í r i c o L o s sabu esos, d el q u e

se en c o n t r a r o n f r ag m en t o s i m p o r t an t es en 19 12 ) . Si n em b ar g o , d o s

d e est as si et e t r ag ed i as so n m en o s c o n v i n c en t es: so n l as q u e Só f o c l es

d ed i c a a E d i p o . P u est o q u e l a r e l ac i ó n co n l o s d i o ses se an t ep o n e en

e l l as al c o n f l i c t o en t r e l o s h o m b r es, l as ex am i n a r em o s a am b as b a jo

est a r e l ac i ó n .

E n t r e l as d em ás, l as d o s m ás c o n v i n c en t es so n A n t i go n a y Elect r a .

A n t i go n a , en esp ec i a l , m er ec e ser t r a t ad a en p r i m e r l u g a r , p o r ser h as­

t a t al p u n t o r ep r esen t a t i v a d e l a m an e r a c o m o Só f o c l es t r an sm i t e a

u n a l e y en d a su d i m en si ó n t r ág i c a . U n a ex p o si c i ó n c r o n o l ó g i c a n o

d eb er ía c o m e n z a r p o r e l l a ( y a q u e d eb e d e ser d e 4 4 2 a. C . , y Á y a x

y h a s t r aqu in i as so n v e r o sím i l m en t e an t e r i o r es) , p er o , co m o en l a R e ­

p ú b l i c a d e P l a t ó n , A n t i go n a p r o p o r c i o n a u n a l ec t u r a m ás acc esi b l e,

m i en t r as q u e l as d em ás o b r as o f r ec en u n a i m a g en m ás r est r i n g i d a .

A n t i g o n a h a en t e r r ad o , c o n t r a l a o r d en p r o m u l g ad a en T eb a s,

a su h er m an o P o l i n i c es, q u e h ab ía m u er t o en l a l u c h a f r a t r i c i d a q u e

l o en f r en t ab a a E t eo c l es: e l l a d eb er á p ag a r co n su v i d a est a i n i c i a t i ­

v a . E st a es l a si t u ac i ó n d e p ar t i d a . Y y a se p u ed en d est ac ar , al n i ­

v e l m i sm o d e l o s h ec h o s, a l g u n as p a r t i c u l a r i d a d es d e d et a l l e q u e

p ar ec en i n v en c i o n es d e Só f o c l es: A n t i g o n a , en l a o b r a , ac t ú a so l a,

si n l a a y u d a d e su h e r m an a , y q u i en l a p er si g u e es C r eo n t e , el n u e ­

v o r ey , y n o el h i j o d e E t eo c l es. T e n e m o s, p u es, p o r u n a p ar t e , u n

ac t o so l i t a r i o ; y , p o r o t r o , u n a p r o h i b i c i ó n f u n d a d a en l a a u t o r i ­

d ad . D e ah í n ac en u n a ser i e d e o p o si c i o n es q u e v an a d o m i n a r t o d a

l a o b r a.

E st as o p o si c i o n es se c o r r esp o n d en c o n c u at r o g r an d es escen as d e

l a o b r a: c ad a escen a en f r en t a a d o s p er so n a j es, c ad a escen a o f r ec e

u n a c o n t r ap o si c i ó n . A l c o m i en z o , A n t i g o n a se en f r en t a co n su h e r ­

m an a I sm en e. A l f i n a l , C r eo n t e se en f r en t a co n su h i j o H e m ó n y ,

l u eg o , co n el ad i v i n o T i r esi a s. E n m ed i o , d el v e r so 4 4 1 al 525, C r e o n ­

t e se en f r en t a co n A n t i g o n a .

E x i st e , p o r t an t o , u n c o n f l i c t o c en t r a l , q u e g u ía l a o b r a ; y , p ar a

Page 78: tragedia griega Jacqueline de Romilly

84 La tragedia griega

c ad a u n o d e l o s d o s p er so n a j es p r i n c i p a l es, u n o o v a r i o s c o n f l i c t o s

co n o t r o s, q u e ay u d an a p r ec i sar l o s p r i n c i p i o s d e su acc i ó n .

E l h ech o m i sm o d e h ab er i n i c i ad o l a o b r a co n el d i á l o g o d e est as

d o s h er m an as, d e h ab er i n c l u so i m ag i n ad o a est as d o s h er m an as t an

d i f e r en t es — u n a c o n sag r ad a al m u er t o , v a l i en t e, q u e l o d esa f ía t o d o ,

y l a o t r a t em er o sa y p r eo c u p ad a p o r n o ac o m et er n i n g u n a em p r esa

q u e sea i m p o si b l e— co n st i t u ía u n h a l l az g o p ar a q u i en q u er ía p o n er

d e r e l i ev e el h er o ísm o d e A n t i g o n a . A n t i g o n a h ace l o q u e I sm en e n o

t i en e el v a l o r d e h acer , l o h ace si n d u d a r y l o h ace sab i en d o el p o r q u é.

N o o b st an t e, I sm en e so l o est á en d esac u er d o co n A n t i g o n a en l a

p o si b i l i d ad d e ac t u ar c o m o est a p r e t en d e. L o d i ce b i en c l a r o , al d e ­

f en d er se : « Y o n o l es d esh o n r o , p er o m e es i m p o si b l e ac t u ar en co n t r a

d e l o s c i u d ad an o s» ( 78 - 79 ) . Si r v e p u es p ar a m o st r a r , p o r co n t r ast e, l a

v a l en t ía d e A n t i g o n a , si n q u e ex i st a en t r e el l as n i n g ú n c o n f l i c t o d e

p r i n c i p i o : est e c o n f l i c t o se r ese r v a p a r a l a escen a co n C r eo n t e . Y en ­

t o n ces est al l a l a c o n t r ap o si c i ó n en t r e d o s r eg l as d e v i d a , d o s t i p o s d e

i d ea l , d o s ó r d en es d e d eb er es.

L o s p r i n c i p i o s d e C r eo n t e se co n o c en d esd e el m i sm o m o m en t o

en q u e ap ar ec e. P o r q u e l o s p er so n a j es d e Só f o c l es t i en en u n a v e r d a ­

d e r a p asi ó n p o r ex p l i c a r se , p o r d ec i r cu ál es so n su s r eg l as d e c o m ­

p o r t am i en t o : « E s i m p o si b l e c o n o c er el a l m a, l o s sen t i m i en t o s y l as

i n t en c i o n es d e u n h o m b r e h ast a q u e se m u est r e ex p e r i m en t ad o en

c a r g o s y en l ey es...» ( 17 5 - 17 8 ) . A h o r a b i en , l o s p r i n c i p i o s d e C r eo n t e

g i r a n t o d o s en t o r n o a l a c i u d ad y a l sac r i f i c i o q u e ex i g e: p o r eso

p r o h i b i ó q u e se en t e r r a r a a P o l i n i c es, q u e h ab ía at ac ad o a est a c i u ­

d ad . E n c u an t o a l o s p r i n c i p i o s q u e an i m an a A n t i g o n a , so n m u y

d i f e r en t es. L a s ú n i c as l ey es a l as q u e o b ed ec e so n l o s g r an d es p r i n c i ­

p i o s m o r a l es q u e t i en en a l o s d i o ses c o m o g ar an t es; y e l l a en f r en t a el

m an d a t o d e Z e u s a l a o r d en d e C r eo n t e : « N o p en sab a q u e t u s p r o ­

c l am as t u v i e r an t an t o p o d er co m o p ar a q u e u n m o r t a l p u d i e r a t r an s­

g r e d i r l as l ey es n o esc r i t as e i n q u eb r an t ab l es d e l o s d i o ses. E st as n o

so n d e h o y n i d e ay er , si n o d e si em p r e , y n ad i e sab e d e d ó n d e su r g i e ­

r o n . N o i b a y o a o b t en er c ast i g o p o r el l as d e p ar t e d e l o s d i o ses p o r

m i ed o a l a i n t en c i ó n d e h o m b r e a l g u n o » ( 4 52- 4 59 ) .

Page 79: tragedia griega Jacqueline de Romilly

Sófocles o la tragedia del héroe solitario85

Se h a d i c h o q u e el c o n f l i c t o d e A n t i g o n a c o n t r a C r eo n t e r ep r e ­

sen t ab a el d e l o s d eb er es f am i l i a r es c o n t r a l a r az ó n d e E st ad o . E s

c i er t o y n o l o es. P o r q u e C r eo n t e , q u e es au t o r i t a r i o y o r g u l l o so , n o

ac t ú a d e l a m e j o r f o r m a p ar a el E st ad o , y él m i sm o ac ab ar á p o r r e ­

c o n o c er l o . Y A n t i g o n a c o m b i n a en su d ec i si ó n u n a p ar t e d e sen t i d o

f a m i l i a r , c o n u n a p ar t e d e si m p l e h u m a n i d a d y m u c h o d e r e l i g i ó n .

P e r o t o d as est as p ar e j as d e d eb er es — f a m i l i a y E st a d o , h u m an i d ad

o a u t o r i d ad , r e l i g i ó n o r esp et o p o r l as l ey es— c o n st i t u y en o t r o s t an ­

t os c o n f l i c t o s q u e Só f o c l es d i sp u so , en a l g u n as escen as, en t o d a su

i n t en si d ad an t e n u est r a v i st a.

P o r l o d em ás, l as d o s escen as q u e si g u en , y en l as q u e C r eo n t e se

v e en f r en t ad o a l o s a r g u m en t o s d e su h i j o H e m ó n y , l u eg o , d el a d i ­

v i n o T i r e si a s, n o h ac en m ás q u e p r o l o n g a r , d esp u és d e l a p ar t i d a

d e l a h er o ín a , el an á l i si s d e l o s p r i n c i p i o s q u e ab o g an en su f av o r .

C o n H e m ó n , es l a h u m an i d ad y es u n p o co el sen t i d o p o l í t i c o , p o r ­

q u e H e m ó n se b asa en l a o p i n i ó n , en l o q u e d i c e l a g en t e, y l e p i d e a

su p ad r e q u e n o se en d u r ez c a h ast a el p u n t o d e 110 esc u c h ar n i n g u ­

n a o p i n i ó n : « T o d o el p u eb l o d e T e b a s a f i r m a q u e n o . / ¿Y l a c i u d ad

v a a d ec i r m e l o q u e d eb o h ac e r ?» . Y m ás ad e l an t e : « ¿P r e t en d es d e ­

c i r a l g o y , d i c i én d o l o , n o esc u c h ar n a d a ?» (7 3 3 -7 34 , 757)· T i r esi a s,

en c am b i o , r ep r esen t a l a r e l i g i ó n : ex p r esa l a c ó l e r a d e l o s d i o ses.

E l r ey , si n em b ar g o , se em p ec i n a: y a se h a m o st r ad o t i r án i c o , ¿acaso

v a a d ec l ar a r se i m p ío ? F i n a l m en t e , ced e, p er o ced e d em asi ad o t a r ­

d e: A n t i g o n a y H e m ó n m o r i r á n an t es d e sab er q u e él ac ab ab a d e

ex o n er ar l o s.

E n c ad a u n a d e est as c u at r o escen as, l o s p er so n a j es se en f r en t an

d e d o s en d o s — a v eces en t i r ad as en ér g i c as y v i b r an t es en l as q u e

p o n en t o d a su f e, l u eg o , l a m ay o r ía d e l as v ec es, en b r ev es i n t e r c am ­

b i o s r est a l l an t es— , d e m an e r a q u e el r i g o r d e l as an t í t esi s c o n t r i b u y e

a ac l a r a r l as p o si c i o n es y a p r o p o r c i o n a r a l as d i st i n t as o p c i o n es c o n ­

t o r n o s n í t i d am en t e p er f i l ad o s.

T o d a l a o b r a se d esa r r o l l a en est as c o n t r ap o si c i o n es, q u e so n

c o m o l a p u est a a p r u eb a d e u n i d ea l m o r a l .

E n c am b i o , el c o r o so l o p u ed e seg u i r , i n q u i e t o , est e d eb at e q u e l o

Page 80: tragedia griega Jacqueline de Romilly

86 La tragedia griega

su p er a . A l c o m i en z o , c an t a l a r ec i en t e v i c t o r i a . C u a n d o se en t e r a d e

q u e P o l i n i c es h a si d o en t e r r ad o , c an t a el g en i o d e l h o m b r e y l a d es­

d i c h a q u e se p r o d u c e c u an d o ese g en i o se em p l ea m al . C a n t a el d e ­

sast r e, c u an d o A n t i g o n a es c o n d en ad a; el am o r , d esp u és d e l a escen a

d e H e m ó n , p r o m et i d o d e A n t i g o n a ; l as g r an d es d esg r ac i as m i t o l ó ­

g i c as, c u an d o se l l ev an a A n t i g o n a . E i n v o c a a D i o n i so c u an d o t o d o

p ar ec e a r r eg l a r se . A p a r t i r d e est e m o m en t o , el c o r o est á f u e r a , al

m a r g en . L a t r ag ed i a est r i b a p o r c o m p l e t o en l a c o n f r o n t ac i ó n en t r e

l o s p er so n ajes.

E st a est r u c t u r a , t an n u ev a co n r esp ec t o a E sq u i l o , l a v o l v em o s a e n ­

c o n t r a r casi ex ac t am en t e en Elec t r a . A l r e t o m ar el t em a d e L a s coéfo ­

r as, d e E sq u i l o , Só f o c l es l o d esp o ja d el e l em en t o r e l i g i o so , y , en l u g a r

d e d e j a r a E l e c t r a en l a so m b r a , l a c o n v i e r t e en su h er o ín a . C o m o

A n t i g o n a , es u n a h e r o ín a c u y a v a l e n t í a n o co n o c e l ím i t es: c u an d o

c r ee q u e su h er m an o h a m u er t o , p i en sa i n c l u so p o r u n m o m en t o v e n ­

g a r e l l a so l a a su p ad r e . C o m o A n t i g o n a , es i n t r an si g en t e y o r g u l l o sa.

Y , c o m o A n t i g o n a , l a m o t i v ac i ó n q u e l a m u ev e es l a p i ed ad h ac i a l o s

m u er t o s. Si n e m b ar g o , c o m o en A n t i g o n a , Só f o c l es p o n e a su l ad o a

u n a h e r m an a , m ás d u b i t a t i v a , m ás t em er o sa , q u e se n i eg a a e m p r e n ­

d er u n a acc i ó n q u e c o n si d er a i m p o si b l e. D e m an er a q u e n o s en c o n t r a ­

m o s d e n u ev o co n u n a ser i e d e c o n f r o n t ac i o n es: E l ec t r a y su h er m an a,

en p r i m e r l u g a r ( 32 8 - 4 71) ; l u eg o , E l e c t r a y C l i t em n est r a ( 515- 6 59 ) ; y ,

n u ev am en t e , t r as l a n o t i c i a en g añ o sa d e l a m u e r t e d e O r est es, u n a

c o n f r o n t ac i ó n en t r e E l e c t r a y su h er m an a ( 8 70 - 10 57) . E n el c u r so d e

est as co n f r o n t ac i o n es, l a v o l u n t ad d e E l e c t r a se t em p l a , se p r ec i sa y se

t en sa h ast a el ex t r em o . D e m an er a q u e el d o b l e asesi n at o d e C l i t e m ­

n est r a y d e E g i st o n o se p r esen t a y a si n o c o m o el d esen l ac e n a t u r a l d e

est a m i sm a t en si ó n . E l r ec o n o c i m i en t o en t r e E l e c t r a y O r est es se p r o ­

d u c e en el v e r so 12 2 4 , C l i t em n est r a m u er e en el v e r so 14 16 y l a o b r a

c o n c l u y e en el v e r so 15 10 . O l o q u e es l o m i sm o , l o i m p o r t an t e es l o

q u e su ced e an t es en el a l m a d e E l e c t r a , c u an d o se en c u en t r a so l a y

r ed u c i d a a l a d esesp er ac i ó n .

Page 81: tragedia griega Jacqueline de Romilly

Sófocles o la tragedia del héroe solitario 8 7

E l e c t r a est á m ás a t o r m en t ad a q u e A n t i g o n a , y est a o b r a d e v e n ­

g a n z a n o est á b añ ad a p o r l a l u z b r i l l an t e b a jo l a q u e se d esar r o l l a l a

p r i m e r a . P e r o l a f i r m e z a d e l a h er o ín a es i d én t i c a y el m ét o d o d e

c o n t r ap o si c i o n es su cesi v as es asi m i sm o i d én t i c o .

L a s d em ás o b r as, si n em p l ear m ed i o s si m i l a r es, r esp o n d en t o d as m ás

o m en o s a u n a i n sp i r ac i ó n an á l o g a.

L a t r ag ed i a á c Á y a x ( q u e p o d r ía m u y b i en ser l a m ás an t i g u a d e

l as q u e se c o n ser v an ) es u n a o b r a en d o s c u ad r o s, q u e sep ar a , j u st o a

l a m i t ad , el su i c i d i o d e Á y a x . L a p r i m e r a p ar t e c o n d u c e a est e su i c i ­

d i o , m o st r an d o có m o el h ér o e, al v o l v e r en sí d esp u és d e u n a n o ch e

d e l o c u r a en q u e m at ó al g an ad o c r ey en d o d a r m u er t e a h o m b r es,

se n i eg a a ac ep t a r esa d esh o n r a. L a seg u n d a m u est r a c ó m o , t r as su

m u er t e , l o s a t r i d as ac ab an p o r ac ep t a r q u e sea en t e r r ad o y , en c i er t o

sen t i d o , r eh ab i l i t ad o . A h o r a b i en , en l as d o s p ar t es, se en f r en t an d e

f o r m a m an i f i est a d o s p r i n c i p i o s d e c o m p o r t am i en t o .

A l i g u a l q u e co l o có al l ad o d e A n t i g o n a y d e E l e c t r a a d o s h e r ­

m an as t ím i d as q u e r esa l t an el h er o ísm o d e l as p r i m e r as, Só f o c l es

p u so al l ad o d e Á y a x , el h ér o e c o l ér i c o , a r c a i c o y sa l v a j e , a u n a c au ­

t i v a t i er n a y en t r eg ad a, T ec m esa . Y T ec m e sa q u e r r í a q u e Á y a x v i ­

v i e r a : p o r eso l e su p l i c a , p er o t am b i én b u sca a r g u m en t o s. Y m ás q u e

u n a escen a p at ét i c a, ac ab am o s p r esen c i an d o u n a escen a en q u e se

en f r en t an d o s f o r m as d e n o b l ez a , d o s f o r m as d e d eb er . P a r a Á y a x , l a

n o b l ez a n o i m p l i c a n i n g ú n c o m p r o m i so : « O v i v i r n o b l em en t e o n o ­

b l em en t e p er ec er , esa es l a r eg l a p a r a q u i en t i en e san g r e n o b l e» . P a r a

T ec m e sa , en c am b i o , l a n o b l ez a se d e f i n e p o r d eb er es h u m an o s, c e r ­

can o s y p r ec i so s: « Q u i en p i e r d e el r ec u er d o d e u n a b u en a ac c i ó n , n o

p u ed e c o n si d er ar se d e n o b l e est i r p e» . D e n u ev o , h ay g r an d es d ec l a ­

r ac i o n es d e p r i n c i p i o s, seg u i d o s p o r r áp i d o s d i á l o g o s; d e n u ev o , se

p l an t ea u n c o n f l i c t o en t r e esp er an z as y v o l u n t ad es, en el q u e se d e ­

b at e u n h o m b r e.

L a seg u n d a m i t ad d e l a o b r a n o t i en e l a m i sm a g r a n d e z a , p o r ­

q u e el h ér o e a l r ed ed o r d e l c u al t o d o g i r ab a h a m u er t o y n o se t r at a

Page 82: tragedia griega Jacqueline de Romilly

88 La tragedia griega

y a m ás q u e d e su c ad áv e r , d eb at e b ast an t e p o b r e p a r a l a m en t a l i d ad

m o d er n a y q u e se d esa r r o l l a en t r e p er so n a j es q u e n o t i en en n ad a d e

h er o i c o . P e r o , d e n u ev o , se t r a t a d e c o n f r o n t ac i o n es en t r e d er ec h o s,

p r i n c i p i o s y v o l u n t ad es: T e u c r o d e f i en d e a Á y a x c o n t r a M en e l a o y ,

l u eg o , c o n t r a A g a m e n ó n ; y él m i sm o es r eem p l az ad o en est e d eb at e

p o r U l i ses. Y , a t r av és d e est o s p a l ad i n es su cesi v o s, v em o s en r e a l i ­

d ad c ó m o se en f r en t an l a ad m i r ac i ó n y l a v en g an z a , l a g r a t i t u d y l o s

d er ec h o s d e l a au t o r i d ad . C o m o en A n t i go n a , l as ex i g en c i as m o r a l es

si r v en d e c o n t r ap eso a l as d e l a d i sc i p l i n a .

Si añ ad i m o s, f i n a l m en t e , q u e el p r o p i o U l i ses, q u e d e f i en d e al

f i n a l d e l a o b r a l o s d er ec h o s d e l a m o d er ac i ó n , y a h ab ía ap ar ec i d o en

l a escen a d e l c o m i en z o , d o n d e su p r u d en c i a y su f l e x i b i l i d a d se c o n ­

t r ap o n ían c l a r am en t e a l a i m p r u d e n c i a y l a a l t an e r ía d e Á y a x , v e r e ­

m o s c ó m o a l g u n as an t í t esi s se d i b u j a n en el t eat r o d e Só f o c l es i n c l u ­

so a l l í d o n d e l o s p er so n a j es d e q u e se t r a t a n o i n t e r c am b i an el m ás

m ín i m o v er so u n o s co n o t r o s.

E s l o q u e c o n f i r m a el e j em p l o d e h a s t r aqu in i as. E n est a t r ag ed i a ,

asi m i sm o c o m p u est a p o r d o s p ar t es m u y d i st i n t as, el co r t e q u e l as

sep ar a est á m ás m ar c ad o t o d av ía q u e en el Á y ax . L a p r i m e r a p ar t e

est á d ed i c ad a a D e y a n i r a , l a m u j e r d e H er ac l es: p r i m e r o , se c o n su ­

m e en l a esp er a y en l a i n q u i e t u d ; l u eg o , se en t e r a al m i sm o t i em p o

d e l r eg r eso d e H e r a c l es y d e su i n f i d e l i d ad ; l e en v ía en t o n ces u n r e ­

g a l o m ág i c o q u e c r ee c ap az d e h ac er q u e v u e l v a a el l a. C u a n d o c o ­

n o c e q u e ese r eg a l o p r o v o c ar á l a m u er t e d e H e r a c l es, se m at a . H e r a ­

c l es n o ap ar ec e en t o d a est a p r i m e r a p ar t e . A l a i n v er sa , c u an d o él

v u e l v e , m o r i b u n d o , g r i t an d o d e d o l o r , D e y a n i r a y a est á m u er t a . P o r

t an t o , l o s d o s p er so n a j es p r i n c i p a l es n u n c a se en c u en t r an j u n t o s. E so

n o i m p i d e q u e l a c o n t r ap o si c i ó n en t r e est e h ér o e so b r eh u m an o y su

m u j e r t o t a l m en t e en t r eg ad a, su m i sa e i n seg u r a , sea l a m i sm a q u e l a

q u e se d a en t r e Á y a x y T e c m e sa o en t r e l as h er m an as h er o i c as y l as

h e r m an as t em er o sas.

Page 83: tragedia griega Jacqueline de Romilly

Sófocles o la tragedia del héroe solitario 8 9

N o su ced e l o m i sm o , en el o t r o ex t r em o d e l a c a r r e r a t eat r a l d e Só ­

f o c l es, en Fi l oc t et es. Y si n em b ar g o , l a est r u c t u r a d e l a t r ag ed i a i l u s­

t r a m ás q u e n i n g u n a o t r a est e g u st o , c ar ac t e r í st i c o d e Só f o c l es, p o r

c o n t r ap o n er , d e d o s en d o s, l as n o r m as ét i cas.

E n ef ec t o , l a t r ag ed i a est á, en est a o casi ó n , f r an c am en t e d ed i c ad a

a u n p r o b l em a m o r a l . U l i ses, y a en el p r ó l o g o , p i d e al j o v en N e o p t o ­

l em o , el h i j o d e A q u i l e s, q u e se ap o d er e ast u t am en t e d e l ar c o d e F i ­

l o ct et es. F i l o c t e t es v i v e so l o , co m o u n sa l v a j e , en u n r i n c ó n d esér t i c o

d e l a i sl a d e L em n o s, d o n d e l o ab an d o n ó el e j é r c i t o g r i eg o d esp u és d e

q u e u n a ser p i en t e l e h u b i er a h er i d o en u n p i e. E s d éb i l y n o t i en e o t r o

m ed i o p a r a d e f en d er se q u e ese ar co . Si n em b ar g o , h ay q u e a r r eb a t á r ­

sel o : el i n t e r és d e l o s g r i eg o s l o ex i g e . ¿M e n t i r , r o b a r ? N eo p t ó l em o

d u d a , y l u eg o ac ep t a . Y t o d a l a o b r a es el r e l a t o d e l c am b i o q u e se

o p er a en él : si en t e l ást i m a, es h o n r ad o , n o p u ed e en g añ a r a ese h o m ­

b r e so l i t ar i o . E l ast u t o U l i ses, t am b i én p r en d ad o p o r l a r az ó n d e E s ­

t ad o , se c o n t r ap o n e al j o v en p u r o , q u e , f i n a l m en t e , r eh u y e el c o m p r o ­

m i so : « Si so n j u st as, so n p r e f e r i b l es a l as i n g en i o sas» ( 124 6 ) . A b i e r t o

en el p r ó l o g o , el g r a n d eb at e m o r a l en t r e l a e f i c ac i a p r ác t i c a y l a e x i ­

g en c i a d e l h o n o r p er si st e h ast a est a d ec i si ó n ú l t i m a . Y est a, co m o

si em p r e, se d ec an t a a f a v o r d el h er o ísm o .

P o d r íam o s añ ad i r , f i n a l m en t e , q u e, au n q u e N eo p t ó l em o d e­

v u e l v a su a r c o a F i l o c t e t es, i n t en t a n o o b st an t e c o n v en c er l e y o b t en er

d e él q u e l e ac o m p añ e a T r o y a . L e h ab l a d e g l o r i a , p er o el o t r o t i en e

m i ed o d e ec h ar se at r ás: el p r i n c i p i o d e l p er d ó n se o p o n e en t o n ces a

l a t est a r u d ez , y ese es en p ar t e el d eb at e q u e p r esi d e el f i n a l d e Á y ax .

A q u í , es u n d i o s q u i en l o z an j a , o m ás b i en u n sem i d i ó s: p ar a q u e al

f i n ced a F i l o c t e t es, se p r esen t a H er ac l es.

So l o en d o s o b r as t al es c o n f l i c t o s ap en as ap ar ec en : so n l as q u e Só f o ­

c l es d ed i c a a E d i p o . Y si n em b ar g o , en el l as en c o n t r am o s est o s en ­

f r en t am i en t o s en t r e el h ér o e q u e n o q u i e r e c ed er y q u i en es, en su

en t o r n o , q u e r r í a n d o b l eg ar l o . E n E d i p o r ey , E d i p o es t an o b st i n ad o

c o m o el C r eo n t e á e A n t i go n a . C o m o él , se o p o n e v i o l en t am en t e a l a

Page 84: tragedia griega Jacqueline de Romilly

9° La tragedia griega

v o z d el ad i v i n o y a l a d e l o s su y o s ( ¡ a q u í l a d el p r o p i o C r eo n t e ! ). C o m o

él , l an z a ac u sac i o n es er r ó n eas. Y p o d em o s h ab l a r co n p r o p i ed ad d e

c eg u er a , c o m o en el caso d e C r eo n t e . D e l m i sm o m o d o , en l a ú l t i m a

d e l as o b r as d e Só f o c l es, E d i p o en C o l o n o , E d i p o ap ar ec e au r eo l ad o

p o r l a p r o t ec c i ó n d i v i n a q u e f i n a l m en t e se l e co n ced e; m o r i r á p o r u n a

m u er t e m i st er i o sa; su c u e r p o se c o l m a r á d e p o d er es b en éf i c o s; p er o

n o d e j a d e ser t an o b st i n ad o , t an v i o l en t o , t an i n t r a t ab l e . Y est a v ez ,

es a A n t i g o n a a q u i en l e c o r r esp o n d e i n t en t a r q u e se i n c l i n e a f a v o r

d e P o l i n i c es.

A sí , i n c l u so en l as o b r as en q u e esa p r eo c u p ac i ó n es so l o sec u n ­

d a r i a , en c o n t r am o s est as c o n t r ap o si c i o n es d e t em p er am en t o s, q u e

so n t am b i én c o n t r ap o si c i o n es d e v a l o r es, y d e i d eal .

Só f o c l es, a est e r esp ec t o , es el t est i g o p r i v i l e g i a d o d e l a ev o l u c i ó n

m o r a l q u e , en A t en as, h ab ía ac o m p añ ad o a l a ev o l u c i ó n so c i a l , y q u e

p u l v e r i z a b a l as n o c i o n es en d i f e r en t es asp ect o s. E n t r e el h o n o r i n d i ­

v i d u a l y el d eb er d e p r o t eg er a l o s su y o s, en t r e el h o n o r r ec o n o c i d o

p o r t o d o s y el sen t i m i en t o d e l o q u e es m ér i t o p r o p i o , en t r e l o s d e r e ­

ch o s d e l o s d i o ses y l o s d e l E st ad o , su r g ían d i sc r ep an c i as, se p r o d u ­

c ían c o n f l i c t o s y t o m as d e c o n c i en c i a . P o r eso l o s p er so n a j es d e l a

ep o p ey a se c o n v i er t en , en Só f o c l es, en l o s p o r t av o c es d e u n m u n d o

n u ev o : se p l an t ean p r o b l em as q u e i g n o r ab a l a l ey en d a y en c ar n an

u n i d ea l q u e e x i g ía si n cesar m ás d el h o m b r e y l o v o l v ía c ad a v ez

m ás j u e z ú n i c o d e su d eb er .

P e r o , p o r en c i m a d e t o d o , est as c o n t r ap o si c i o n es c o n d u c en si em ­

p r e al p l an t eam i en t o d e u n m i sm o p r o b l em a, p r i m o r d i a l d esd e el

p u n t o d e v i st a d e Só f o c l es. ¿C e d e r o n o c ed er ? ¿P l eg ar se o p e r m an e ­

cer f i r m e ? ¿D e j a r se c o n v en c er , t en er l o en c u en t a t o d o , o b i en m a n ­

t en er se i n f l ex i b l e y seg u i r si en d o u n o m i sm o ? D e u n a t r ag ed i a a

o t r a , se r ep i t en t an t o l as p al ab r as c o m o l as si t u ac i o n es. E n c ad a u n a,

se c i r c u n sc r i b e el p r o b l em a d e l h er o ísm o .

P o r q u e ex i st e u n p r o b l em a. H a y u n a am b i g ü ed ad p r o f u n d a ,

q u e el p ar a l e l i sm o d e l as f o r m u l ac i o n es saca f i n a l m en t e a l a l u z :

ex i st en d o s t i p o s d e p er so n a j es, en Só f o c l es, q u e se n i eg an a ced er .

U n o s so n l o s o b st i n ad o s q u e se eq u i v o c an : c o m o el C r eo n t e d e A n t í -

Page 85: tragedia griega Jacqueline de Romilly

Sófocles o la tragedia del héroe solitario 9 1

go n a , c o m o el A g a m e n ó n d e Á y a x , c o m o el p r o p i o H e r a c l es c u an d o

c o n d en a a D ey a n i r a . L o s o t r o s so n l o s h ér o es, q u e se o f r ec en a n u es­

t r a ad m i r ac i ó n , p r ec i sam en t e p o r q u e n ad a l o s v en c e: co m o A n t i g o ­

n a, c o m o A y a x , co m o E l ec t r a . L o ú n i c o q u e l o s d i st i n g u e d e l o s p r i ­

m er o s es l a c au sa a l a q u e p r e t en d en ser v i r . L o ú n i c o q u e l o s d i st i n g u e

es el h ec h o d e q u e est o s d et en t an l a f u e r z a y q u i e r e n h ac er l a r esp e­

t a r , m i en t r as q u e aq u el l o s n o t i en en n ad a, so n ap l ast ad o s, ab an d o ­

n ad o s, p er o c o n ser v an u n i d ea l q u e j u st i f i c a su sac r i f i c i o .

A n t i g o n a y Á y a x n o so n n ec esar i am en t e m o d el o s d esd e el p u n t o

d e v i st a d e Só f o c l es, si se en t i en d e p o r m o d el o s l o s e j em p l o s d e c o m ­

p o r t am i en t o q u e c ad a c u al d eb er ía ad o p t a r . P e r o so n caso s l ím i t e y

ad m i r ab l es d e l o q u e el h o m b r e p u ed e ser , d e l a g r a n d e z a q u e p u ed e

a l c an z ar .

E l h ec h o d e q u e so l o l a a l c an c e en so l ed ad , q u e l o s d em ás h o m ­

b r es l o r ec h ac en y sea en g añ ad o p o r l o s d i o ses n o r eb a j a en n ad a est a

g r a n d e z a ; al c o n t r a r i o , est a c i r c u n st an c i a l e c o n f i e r e u n c ar ác t e r t r á ­

g i c o . L a ac t i t u d d e l h ér o e, su p asi o n al d eseo d e h o n o r es, su r ec h az o

a c u a l q u i e r c o m p r o m i so , so l o p u ed en a f ec t a r n o s c o n esa f u e r z a p o r ­

q u e esa ac t i t u d v a a l i ad a a l a so l ed ad y a l a ac ep t ac i ó n d e l a m u er t e.

2 . SO LEDAD D EL H ERO E

L a ser i e d e c o n f r o n t ac i o n es q u e o p o n en a l o s h ér o es co n o t r o s p er so ­

n a j es n o t i en e c o m o ú n i c a f u n c i ó n l a d e p r o p o r c i o n a r a su s sen t i ­

m i en t o s u n p e r f i l m ás n í t i d o y m ás r i g u r o so , si n o q u e t i en e t am b i én

c o m o ef ec t o el a i sl a r p r o g r esi v am en t e a est o s h ér o es d e c u a l q u i e r

ay u d a y c u a l q u i e r so st én h u m an o s.

« ¡O h , I sm en e , m i p r o p i a h er m an a , d e m i m i sm a sa n g r e ! .. .» . E s ­

t as p r i m e r as p a l ab r as co n q u e c o m i en z a A n t i go n a so n u n a l l am ad a a

l a acc i ó n c o m ú n . A n t i g o n a q u e r r í a q u e I sm en e l e a y u d a r a a ac t u ar :

« A sí est án l as co sas, y p o d r ás m o st r a r p r o n t o si er es p o r n a t u r a l ez a

b i en n ac i d a, o si , a u n q u e d e n o b l e l i n a j e , er es c o b ar d e» . A h o r a b i en ,

I sm en e se n i eg a. Y a c o n t i n u ac i ó n A n t i g o n a se en c i e r r a , se a t r i n c h e ­

Page 86: tragedia griega Jacqueline de Romilly

92 La tragedia griega

r a en sí m i sm a: e l i g e el p ar t i d o d e l a so l ed ad . N o q u i e r e y a o í r h ab l a r

d e c o l ab o r ac i ó n : « N i t e l o p u ed o o r d en a r n i , a u n q u e q u i si e r as h a c e r ­

l o , c o l ab o r ar ías y a c o n m i g o d án d o m e gu st o . Sé t ú c o m o t e p ar ez c a»

( 6 9 -70 ) . E st a n eg ac i ó n seg u i r á si en d o l a su y a, i n c l u so an t e el p e l i g r o ;

y c u an d o I sm en e q u i e r a a l i a r se c o n e l l a d esp u és, f i e l a su p r i n c i p i o ,

A n t i g o n a se n eg ar á : « N o t e l o p e r m i t i r á l a j u st i c i a , y a q u e n i t ú q u i ­

si st e n i y o m e aso c i é c o n t i g o » (539 ).

A n t i g o n a est á so l a. Y l o q u e es m ás, p ar ec e ab o c ad a a u n a so l e­

d ad m o r a l : n ad i e l a en t i en d e. C r eo n t e , d esd e l u eg o , n o p o d r ía v e r en

su c o m p o r t am i en t o o t r a co sa q u e u n a m an i f est ac i ó n d e v u l g a r i n su ­

b o r d i n ac i ó n . P e r o l o s d em ás n o l a en t i en d en m e j o r . I sm en e l a h ab r ía

seg u i d o si l a h u b i ese en t en d i d o . Y el co r o , q u e , si n e m b ar g o , d eb er ía

est a r u n i d o a e l l a y m o st r a r l e su si m p at ía , d esp l i eg a d e u n ex t r em o al

o t r o u n a t o t al i n c o m p r en si ó n . I n c l u so an t es d e sab er q u i én h a c o m e­

t i d o el ac t o p r o h i b i d o , se ap r esu r a a c en su r ar el esp í r i t u d e d eso b e­

d i en c i a a l as l ey es, y a sean d i v i n as o h u m an as ( 36 7) . C u a n d o sab e q u e

se t r a t a d e A n t i g o n a , n o p u ed e c r ee r q u e h ay a ac t u ad o así , q u e l a

h ay an « so r p r en d i d o en u n m o m en t o d e l o c u r a» ( 38 3) . E i n c l u so en

el m o m en t o en q u e v a a l a m u er t e , n o p u ed e c o n t en er u n a v e z m ás

l a ex p r esi ó n d e su e x t r añ ez a y su r ep r o b ac i ó n : « Y , en t u caso , u n a

p asi ó n i m p u l si v a t e h a p er d i d o » ( 8 75) . A l r e d e d o r d e A n t i g o n a , n o

h ay n ad i e : e l l a q u e d eb e — es l a su er t e q u e l e h a si d o r ese r v ad a— ser

en c er r ad a v i v a en u n l u g a r d esi e r t o , y a h a si d o , en t r e l o s su y o s, ab an ­

d o n ad a p o r t o d o s.

Y Só f o c l es n o d u d a en p o n er el ac en t o so b r e est e ab an d o n o :

l a o r g u l l o sa A n t i g o n a est á a f ec t a d a h ast a el p u n t o d e g e m i r en

v o z al t a . P r i m e r o , d e j a p r o r r u m p i r su a m ar g u r a : « ¡A y d e m í ! M e

t o m as a r i sa» ( 8 39 ) . L u e g o , so n l a m en t o s c o n m o v ed o r es, o b st i n a ­

d o s, i n si st en t es: « Si n l am en t o s, si n am i g o s, si n c an t o s d e h i m en eo

so y c o n d u c i d a , d esv en t u r ad a , p o r l a sen d a d i sp u est a . Y a n o m e ser á

p e r m i t i d o , d esd i c h ad a , c o n t em p l a r l a v i si ó n d e l sag r ad o r esp l an d o r ,

y n i n g u n o d e l o s m ío s d ep l o r a m i d est i n o , u n d est i n o n o l l o r ad o »

( 8 76 - 8 8 2) .

M ás ad e l an t e , t o d av ía , p r o c l am a p o r ú l t i m a v ez l a j u st i c i a d e l a

Page 87: tragedia griega Jacqueline de Romilly

Sófocles o la tragedia del héroe solitario 93

c au sa a l a q u e h a q u er i d o se r v i r , y el esc án d al o d e est a r e t r i b u c i ó n

c r u e l : « A b a n d o n a d a p o r l o s am i g o s, i n f e l i z , m e d i r i j o v i v a h ac i a l o s

sep u l c r o s d e l o s m u er t o s... ¿A q u i én d e l o s a l i ad o s m e es p o si b l e ap e ­

l a r ? P o r q u e co n m i p i ed ad h e a d q u i r i d o f a m a d e i m p ía» ( 9 19 - 9 24 ) .

P e r o est o s l am en t o s, p o r c o n m o v ed o r es q u e sean , n o d eb en en ­

g añ ar n o s. A n t i g o n a su f r e p o r su so l ed ad , p er o e l l a l a h a r e i v i n d i c ad o

d esd e el c o m i en z o , y l a acep t a c o n en t e r ez a . Se l am en t a , p er o se d i ­

r i g e r esu e l t am en t e h ac i a l a m u er t e . E s d ec i r , q u e el su f r i m i en t o q u e

n ac e d e est a so l ed ad r ep r esen t a a l a v e z l a c o n d i c i ó n y l a c o n sec u en ­

c i a d e l a v a l en t ía h er o i c a. E s el an v er so d e l a g r a n d e z a . Y est a am b i ­

v a l en c i a es f i n a l m en t e t an t r ág i c a c o m o e r a l a su m i si ó n i n q u i e t a en

q u e v i v í a n l o s h ér o es d e E sq u i l o .

A h o r a b i en , est a am b i v a l en c i a se en c u en t r a en t o d o m o m en t o en

l a o b r a d e Só f o c l es: el v a l o r d e t o d o s su s h ér o es es d e p r o p o r c i ó n su ­

p er i o r al n a t u r a l , y t o d o s se d eb at en en l a so l ed ad q u e su h er o ísm o

ex i g e.

Á y a x es u n o d e l o s m ás so l o s. A u n q u e t en g a c er c a d e sí a l a f i e l

T e c m e sa y a su s f i el es m ar i n er o s, se si en t e ex p u est o a l as m o f as d el

e j ér c i t o . N i si q u i e r a l o s su y o s l o en t i en d en b i en : el d eb at e co n T e c ­

m esa, c o m o el d e A n t i g o n a e I sm en e, si r v e p ar a f i j a r p o st u r as c o n t r a ­

r i as, p er o si r v e t am b i én p ar a r ev e l a r el a i sl am i en t o m o r a l en q u e se

en c u en t r a el h ér o e. E st e a i sl am i en t o se su b r ay a i n c l u so en el r ec h az o

a d i sc u t i r , i n c l u so en l a i m p ac i en c i a y l a b r u sq u ed ad co n l as q u e Á y a x

se n i eg a a esc u c h ar a n ad i e. É l es ese a q u i en el co r o c a l i f i c a co n u n a

b el l a ex p r esi ó n q u e n o se en c u en t r a en n i n g ú n o t r o l u g a r en l a l e n ­

g u a g r i eg a : « ap ac en t ad o en l a so l ed ad su s p en sam i en t o s» ( 6 14 ) .

Y p o r o t r a p ar t e , l a est r u c t u r a d r am á t i c a d e l a o b r a p o n e en e v i ­

d en c i a est e a i sl am i en t o . P o r q u e , d esp u és d e l a escen a co n T ec m e sa y

su h i j o , Á y a x so l o v u e l v e a ap ar ec er p a r a h ab l a r so l o : p r i m er o , en u n

l a r g o m o n ó l o g o d est i n ad o a c o n f u n d i r al co r o , m o n ó l o g o c u y o sen t i ­

d o Á y a x es el ú n i c o en en t en d er ; l u eg o , en o t r o m o n ó l o g o , q u e p r ec e ­

d e a su m u er t e ; l o s ad i o ses m i sm o s d e Á y a x n o se d i r i g e n a n i n g ú n

h u m an o ; y , p a r a h ac er q u e est a so l ed ad sea t o d av ía m ás i m p r e si o ­

n an t e , Só f o c l es r ec u r r e a u n p r o c ed i m i en t o t o t a l m en t e e x t r a o r d i n a ­

Page 88: tragedia griega Jacqueline de Romilly

94 La tragedia griega

r i o : el c o r o m i sm o se r e t i r a . Á y a x m u e r e , p o r t an t o , en u n a so l ed ad

t o t al q u e se n o s m an i f i est a d e u n a f o r m a m u y ev i d en t e.

E n cu an t o a E l ec t r a , su so l ed ad ac u m u l a t o d o s l o s asp ec t o s d e l o s

d em ás. O m ás b i en , l o s o r d en a u n o s c o n r e l ac i ó n a l o s o t r o s, seg ú n

u n a esp ec i e d e g r ad ac i ó n .

D esd e el c o m i en z o , en c o n t r am o s en e l l a a u n a h er o ín a so l i t a r i a e

i n c o m p r en d i d a , c o m o Á y a x o A n t i g o n a en el m o m en t o d e su m u e r ­

t e. E l e c t r a , en ef ec t o , es l a ú n i c a q u e a l i m en t a l a r eb e l i ó n y l a p i ed ad

f i l i a l en u n a f am i l i a q u e l a r ec h az a . E l c o r o l a r ep r u eb a. Su h e r m an a

C r i só t em i s l a r ep r u eb a. Su m ad r e l a a t aca y l a am en az a . T o d a v í a es

m ás i n c o m p r en d i d a q u e A n t i g o n a y , co m o e l l a — c o i n c i d en c i a p o r sí

so l a e l o c u en t e— , est á am en az a d a co n ser em p a r ed ad a v i v a en u n

l u g a r d esi er t o .

P e r o est a so l ed ad n o se d a en ab so l u t o d e u n a v e z p o r t o d as: v a

c r ec i en d o , a l o l a r g o d e l a t r ag ed i a , en d o s t i em p o s su cesi v o s. P r i m e ­

r o , so l o l e q u ed ab a a E l e c t r a u n a ú n i c a esp er an z a , q u e e r a l a l l eg ad a

d e O r est es. A h o r a b i en , Só f o c l es i m ag i n ó ( y , d e l o s t r es t r ág i c o s, es el

ú n i c o en h ab er l o h ech o ) q u e E l e c t r a e r a v í c t i m a d e l en g añ o seg ú n

el c u al O r est es h ab r ía m u er t o . L a t r ag ed i a co n t i en e u n l a r g o r e l a t o d e

est a m u er t e f i c t i c i a . Y , t r as est e r e l a t o , E l e c t r a se q u ed a so l a, a b an d o ­

n ad a: « ¡ Q u e r i d í si m o O r est es ! ¡ C ó m o m e h as p e r d i d o co n t u m u er t e !

T e h as i d o y m e h as a r r a n c a d o d e m i c o r az ó n l as ú n i c as esp er an z as

q u e aú n q u ed ab an en m í.. . [ ...] P u es est o y so l a, p r i v a d a d e t i y d e m i

p ad r e» ( 8 0 8 - 8 13) . Y d e est e ab an d o n o n ac e en t o n ces u n a i d ea h e r o i ­

ca: c o n su h e r m an a , si n ay u d a , q u i e r e v e n g a r a A g a m e n ó n . V i n c u l a r

así l a v o l u n t ad h er o i c a d e E l e c t r a a est a so l ed ad f i c t i c i a es u n o d e l os

h a l l az g o s d e Só f o c l es.

T o d a v í a n o est á d e l t o d o so l a, p o r q u e i m ag i n a q u e su h er m an a

l a a y u d ar á . Y en u n a escen a p ar a l e l a a l a d e l c o m i en z o d e A n t i go n a ,

p er o c u y o d esp l az am i en t o es si g n i f i c a t i v o , p i d e a su h er m an a q u e l e

p r est e ay u d a : « N o s h em o s q u ed ad o so l as» (9 50 ) . E n ef ec t o , O r est es

est á m u er t o : « P er o ah o r a , c u an d o y a n o ex i st e , d i r i j o m i m i r a d a a t i

p a r a q u e n o r eh ú y as, j u n t am en t e co n t u h e r m an a , d a r m u er t e al a u ­

t o r d e l a m u er t e d e n u est r o p ad r e , E g i st o » ( 9 54 ) . Ú l t i m a i l u si ó n q u e

Page 89: tragedia griega Jacqueline de Romilly

Sófocles o la tragedia del héroe solitario95

se d i si p a: su h e r m an a se n i eg a a a y u d ar l a , t al c o m o I sm en e se n egab a

a a y u d a r a A n t i g o n a . U n a v ez ab o l i d a est a ú l t i m a esp er an z a , E l ec t r a

d ec i d e , c o m o A n t i g o n a , ac t u ar so la. Y ac t u ar q u i e r e d ec i r n o so l o

r e a l i z a r u n ac t o h ab i t u a l m en t e n o r m a l y q u e so lo p r o h íb e u n d ec r e­

t o r ec i en t e , si n o m a t a r a u n r ey : « E st a ac c i ó n d eb e ser h ec h a so l a ­

m en t e p o r m i p r o p i a m an o » ( 10 19 - 10 2 0 ) . O d i c h o d e o t r a m an er a , el

ac t o h er o i c o b r o t a aq u í d e l a so l ed ad m i sm a.

E st a so l ed ad p u ed e, en Só f o c l es, r ev est i r m u c h as f o r m as. P o r q u e

est e h o m b r e so c i ab l e y f e l i z p ar ec e h ab er t en i d o u n sen t i d o ag u d o d e

l o q u e p o d ía ser el ab an d o n o o el m a l en t en d i d o . A n t i g o n a y E l ec t r a

so n r ep r o b ad as p o r el ecc i o n es q u e so n n o b l es. Á y a x , q u e so l o es c en ­

su r ad o p o r su r eb e l i ó n y su l o c u r a , n o es m en o s i n c o m p r en d i d o y

m en o s i n j u st am en t e t r a t ad o . Y D e y a n i r a , q u e n o t i en e n ad a d e h e­

r o i c a , m u er e c o n d en ad a p o r su p r o p i o h i j o , c u an d o e l l a so l o h a q u e ­

r i d o o b r a r b i en . E l t eat r o d e Só f o c l es est á c o n st an t em en t e su r c ad o

p o r c o n d en as er r ó n eas.

A d e m á s, l a ú l t i m a d e l as t r ag ed i as d e Só f o c l es n o s d a d e el l o u n

t est i m o n i o h er m o so . P o r q u e el E d i p o q u e Só f o c l es i m ag i n a en E d i ­

p o en Co l o n o es u n h o m b r e q u e y a n o v e, q u e y a n o t i en e p at r i a , q u e

h a r o t o co n su s h i j o s y d e l q u e t o d o s l o s h o m b r es h u y en . P o r l o d e ­

m ás, si est á c i eg o , ¿acaso n o es p o r q u e él m i sm o h a q u er i d o su b s­

t r ae r al r est o d e l o s h o m b r es? L o d ec ía en E d i p o r ey . « Si h u b i er a u n

m ed i o d e c e r r a r l a f u en t e d e au d i c i ó n d e m i s o íd o s, n o h u b i er a v a ­

c i l ad o en o b st r u i r m i i n f o r t u n ad o c u er p o p a r a est ar c i eg o y so r d o »

( 138 6 - 138 9 ) .

P o r t an t o , E d i p o est á so l o . P e r o , en el h o r r o r q u e l o s h o m b r es

si en t en p o r él , o b ser v a a l g o p r o f u n d a m e n t e i n j u st o . C r i m i n a l a su

p esar , n o es r esp o n sab l e. Y , o b st i n ad am en t e , p r o t est a d e su i n o cen c i a .

C u a n d o e l c o r o q u i e r e ex p u l sa r l o d e ese asi l o en C o l o n o d o n d e se h a

r e f u g i ad o , ex p l i c a : « M i s ac c i o n es l as h e p ad ec i d o m ás q u e c o m et i d o » .

« Y l u eg o , si n sab er n ad a, l l eg u é ad o n d e l l eg u é» ( 26 7, 273) . L u e g o , a

l o l a r g o d e l a o b r a , n o d e j a d e r ep et i r l o : « H as su f r i d o ... / H e su f r i d o

co sas i n so p o r t ab l es. / H a s h ec h o ... / N o h e h ec h o » ( 538 - 539 ) ; y , an t e

l as ac u sac i o n es d e C r eo n t e , d eb e seg u i r i n si st i en d o : « d esv en t u r as q u e

Page 90: tragedia griega Jacqueline de Romilly

φ La tragedia griega

y o , d esg r ac i ad o , p ad ec í c o n t r a m i v o l u n t ad » (964) ; « ¿c ó m o m e p o ­

d r ía s r ep r o c h a r j u st am en t e u n h ec h o i n v o l u n t a r i o ?» ( 9 77) ; « y o l a

d esp o sé si n q u e m ed i a r a m i v o l u n t ad y co n t r a m i v o l u n t ad est o y h a ­

b l an d o ah o r a d e est as co sas» (9 87) . T a n t a s p r o t est as r esa l t an l a d i f i ­

c u l t ad d e h acer se en t en d er . E d i p o es el t i p o d e h o m b r e i n j u st am en t e

c o n d en ad o .

P e r o so l o m o r a l m en t e , d e h ec h o , E d i p o est á t an so l o . C e r c a su y o

t i en e a su s d o s h i j as. P e r o Só f o c l es n o h a d esp er d i c i ad o l a o casi ó n

p a r a m o st r a r , en el c u r so d e l a o b r a , c ó m o E d i p o se v e d e p r o n t o

p r i v a d o d e est e ú l t i m o ap o y o : C r eo n t e sep ar a p o r l a f u e r z a al an c i a ­

n o c i eg o d e su s d o s h i j a s. '

Y si n em b ar g o , i n c l u so en ese m o m en t o , E d i p o n o l l o r a p o r su

so l ed ad . E st a so l ed ad es o r g u l l o sa , v i n d i c a t i v a , casi ag r esi v a . Y sab e

q u e d i sf r u t a d e p o d er es ú n i co s.

E n ef ec t o , l a p r o f u n d a o r i g i n a l i d a d d e Ed i p o en Co lon o r esi d e en

q u e el h ér o e q u e p ar ec ía , al c o m i en z o , h u n d i d o en el m ás d o l o r o so

ab an d o n o se n o s o f r ec e m ar c ad o p o r o t r a so l ed ad , q u e es l a d el p r i ­

v i l eg i o d i v i n o . Y l a am b i v a l en c i a q u e en c o n t r áb am o s en el caso d e

l o s o t r o s h ér o es al n i v e l d e l a g r a n d e z a m o r a l ad q u i e r e a q u í u n v a l o r

ab so l u t o : E d i p o ex p er i m en t a l a ex t r em a m i ser i a d e l a so l ed ad p ar a

ac c ed er a u n a so l ed ad q u e se si t ú a m ás a l l á d e l o h u m an o .

E d i p o , en ef ec t o , m u er e so l o , c o m o Á y a x . P e r o m u er e r o d ead o

d e m i st e r i o sag r ad o . E n el m o m en t o en q u e u n as señ al es, q u e so l o él

co n o ce, l e an u n c i an su m u er t e p r ó x i m a , est e c i eg o se p o n e en m a r ­

ch a si n ay u d a: « N o l e ser v ía d e g u ía n i n g u n o d e l o s su y o s» ( 158 8 ) . Y

l o s t est i go s d e su m u er t e so n , p r o g r esi v am en t e , d esp ed i d o s: u n r e l a ­

t o n o s d i c e su s ú l t i m as p a l ab r as a su s h i j as, q u e n o d eb en a v a n z a r

m ás l e j o s. So l o T e se o sab r á , p er o n i si q u i e r a el m en sa j e r o q u e c u en ­

t a su m u er t e , en l a o b r a , sab e n ad a. I g n o r am o s c ó m o m u r i ó E d i p o .

I g n o r a r em o s a c o n t i n u ac i ó n el l u g a r d e su t u m b a. E s, c o m o l o s h é ­

r o es d e o t r as t r ag ed i as, u n ser ap ar t e . P e r o l o es m ás q u e l o s o t r o s:

est á ap ar t ad o d e l o s h o m b r es.

i . D e l m i sm o m o d o , se ar r eb at a el a r c o a F i l o c t e t es, q u e es l o ú n i c o q u e t i en e.

Page 91: tragedia griega Jacqueline de Romilly

Sófocles o la tragedia del héroe solitario97

E st o su g i e r e y a q u e , a l o t r ág i c o d e l a so l ed ad en t r e l o s h o m b r es,

Só f o c l es añ ad e o t r a t r ag ed i a , q u e y a n o se r e f i e r e a l a r e l ac i ó n co n l o s

h o m b r es, si n o a l a r e l ac i ó n d e l o s h ér o es co n l o s d i o ses.

3. EL H ÉRO E Y LOS D I OSES

L o s d i o ses, en ef ec t o , n o est án n u n c a au sen t es d e l as t r ag ed i as d e

Só f o c l es. D i f e r e n t e s a l o s d i o ses d e E sq u i l o , n o i n t er v i en en co n t an t a

f u e r z a so b r e l as em o c i o n es. T a m p o c o so n t an sen si b l es. Su s d esi g ­

n i o s n o so n y a co m en t ad o s co n t an t a p r o f u si ó n , n i so b r e t o d o t an

o b st i n ad am en t e r e l ac i o n ad o s c o n l a i d ea d e l a j u st i c i a . P e r o su p r o ­

p i o ap ar t am i en t o n o es m ás q u e el si g n o d e l a d i f e r en c i a r ad i c a l q u e

l o s sep ar a d e l h o m b r e.

Só f o c l es, en ef ec t o , t u v o el sen t i m i en t o p r o f u n d o d e l a m ajest ad

d i v i n a . L o s d i o ses, en su t eat r o , se r ev e l an c o m o ap ar t e , a f u er a : se

su st r aen a l a v ez a l a i m p er f ec c i ó n y al t i em p o . C o m o d i ce el co r o en

A n t ígon a\ « ¿Q u é c o n d u c t a d e l o s h o m b r es p o d r ía r e p r i m i r t u p o d er ,

Z e u s? N i el su eñ o , el q u e am an sa t o d as l as co sas, l o d o m i n a n u n c a,

n i l o s m eses i n c an sab l es d e l os d i o ses, y t ú , q u e n o en v e jec es co n el

t i em p o , d o m i n as p o d er o so el c en t e l l ean t e r esp l an d o r d el O l i m p o ...»

( 6 0 4 - 6 10 ) . T o d o l o q u e p r o c ed e d e l o s d i o ses o se r e l ac i o n a co n el l o s

se t i ñ e si em p r e co n est a l u z d e ab so l u t o . P o r eso l as r eg l as m o r a l es

q u e p er t en ec en al o r d en d i v i n o r ev i st en , c o m p ar ad as co n l as r eg l as

h u m an as, u n v a l o r i n t an g i b l e q u e l es d a p r i o r i d ad so b r e t o d o l o d e ­

m ás. E s i n c l u so so r p r en d en t e v e r co n q u é i n si st en c i a Só f o c l es r ea l z a

est a n eg ac i ó n d el t i em p o y el c am b i o , q u e co n st i t u y e, en su o p i n i ó n ,

l a b e l l ez a d e l o r d en d i v i n o . L a j u st i f i c ac i ó n d e A n t i g o n a es, a est e

r esp ec t o , r ev e l ad o r a . Y n o es a i sl ad a. C u a n d o A n t i g o n a d ec l a r a q u e

h a p r e f e r i d o an t es q u e l as ó r d en es d el r ey l as l ey es « n o esc r i t as e i n ­

q u eb r an t ab l es d e l o s d i o ses» , ex p l i c a : « E st as n o so n n i d e h o y n i d e

ay er , si n o d e si em p r e, y n ad i e sab e d e d ó n d e su r g i e r o n . N o i b a y o a

o b t en er c ast i g o p o r el l as d e p ar t e d e l o s d i o ses p o r m i ed o a l a i n t en ­

c i ó n d e h o m b r e a l g u n o » ( 4 54 - 4 6 9 ) . Y el co r o d e Ed i p o r ey se ex p r esa

Page 92: tragedia griega Jacqueline de Romilly

98 La tragedia griega

en t é r m i n o s casi sem ej an t es c u an d o ex c l am a: « ¡O j a l á el d est i n o m e

asi st i e r a p ar a c u i d a r d e l a v en er ab l e p u r ez a d e t o d as l as p a l ab r as y

ac c i o n es c u y as l ey es so n su b l i m es, n ac i d as en el cel est e f i r m am en t o ,

d e l as q u e O l i m p o es el ú n i c o p ad r e y n i n g u n a n a t u r a l ez a m o r t a l d e

l o s h o m b r es en g en d r ó n i n u n c a el o l v i d o l as h a r á r ep o sar ! P o d er o sa

es l a d i v i n i d a d q u e en el l as h ay y n o en v e jec e» ( 8 6 3- 8 71) .

E st e sen t i m i en t o i n t en so d e l c o n t r ast e ex i st en t e en t r e el m u n ­

d o d e l o s d i o ses y el d e l o s h o m b r es es d i g n o d e P ín d a r o . Y l as p a l a ­

b r as d e Só f o c l es n o d e j an d e r ec o r d a r l as q u e P ín d a r o em p l ea a p r o ­

p ó si t o d e l o s d i o ses en el f r ag m en t o 14 3 Sn e l l ( = A d . 25, P u ec h ) : « Se

en c u en t r an a r esg u a r d o d e l as e n f e r m ed ad es y d e l a v e j e z ; n o c o n o ­

cen el esf u e r z o ; e l u d en l a t r av esía d e l A q u e r o n t e , l a t r av esía d e l o s

so r d o s g em i d o s» . T a m b i é n h acen p en sar en l o s d e l a t e r c er a íst m ica ,

r e l a t i v o s a l o s h o m b r es ( 18 - 2 0 ) : « P e r o m i en t r as c o r r en l o s d ías, el

t i em p o ap o r t a m u c h as v i c i si t u d es. So l o l o s h i j o s d e l o s d i o ses so n i n ­

v u l n e r ab l es» .

L a p i ed ad g r i e g a , en e f ec t o , se a l i m en t a g r an d em en t e d e l sen t i ­

m i en t o d e est e co n t r ast e . L o s d i o ses r ep r esen t an l a l u z , l a p er en n i d ad ,

l a se r e n i d ad . A l c o n t r a r i o , el h o m b r e est á ab o c ad o a l a i n est a b i l i ­

d ad , v i v e al d ía , es « e f ím er o » . D e h ec h o , en v a r i as o casi o n es, Só f o c l es

em p l ea est a ex p r esi ó n p a r a d esi g n ar a l o s h o m b r es.2

T o d o es i n c i er t o y f r á g i l en l o s h o m b r es. Su v i d a est á h ec h a d e

a l t e r n an c i as. T o d o p asa, t o d o c am b i a . Y Só f o c l es ev o ca est a i d ea co n

i m ág en es e l o cu en t es, q u e t r a i c i o n an su p r o p i o sen t i m i en t o . L a m ás

h er m o sa , q u i z á , es l a d e L a s t r aqu in i as, q u e t i en e su c o m p l em en t o en

Á y ax .

E n L a s t r aqu in i as, ap ar ec e y a al c o m i en z o d e l a o b r a y p er t en ec e a

u n a p ar t e c an t ad a: « P u es d i g o q u e n o d eb es ag o t a r l a b u en a esp er an ­

z a, y a q u e n ad a si n d o l o r es h a en v i ad o a l o s m o r t a l es el r ey q u e t o d o l o

d o m i n a , el C r ó n i d a , si n o q u e su f r i m i en t o s y a l eg r ía v an r o d an d o p ar a

t o d o s, c o m o l as r u t as c i r c u l a r es d e l a O sa. P u es n i d u r a l a est r e l l ad a

n o c h e p ar a l o s m o r t a l es, n i l a d esg r ac i a , n i l a r i q u ez a , si n o q u e ap r i sa

2. V éase Á ya x , 39 9 ; A n t i go n a , 79 0 .

Page 93: tragedia griega Jacqueline de Romilly

Sófocles o la tragedia del héroe solitario99

se v a y , p ar a o t r o , v i en e l a a l eg r ía y su p r i v ac i ó n » ( 12 6 - 135 ) . E st a esp e­

c i e d e g r a n a l t e r n an c i a r e g u l a r q u e p ar ec e p r e si d i r el d est i n o d e l o s

h o m b r es se v u e l v e a en c o n t r a r en Á y ax , p a r a i l u st r a r u n p en sam i en t o

u n t an t o d i f e r en t e , au n q u e en t ér m i n o s m ás am p l i o s t o d av ía , p o r q u e

se d i r ía q u e se ex t i en d e en t o n ces al u n i v er so en t er o : « L a s m ás t e r r i ­

b l es y r esi st en t es co sas c ed en an t e m ay o r es p r e r r o g a t i v as. Y así, l o s

i n v i er n o s co n su s p aso s d e n i ev e d e j an p aso al v e r an o d e b u en o s f r u ­

t os. Y el c í r c u l o so m b r ío d e l a n o ch e se ap ar t a an t e el d ía d e b l an co s

c o r cel es p ar a q u e b r i l l e su l u z . Y el so p l o d e t e r r i b l es v i en t o s c a l m a el

r u i d o so m ar ; el o m n i p o t en t e su eñ o l i b e r a t r as h ab er en c ad en ad o y n o

t e t i en e p o r si em p r e au n q u e t e h ay a ap r esad o . Y n o so t r o s, ¿n o v am o s

a ap r en d er a ser sen sat o s?» (6 6 9 -6 77) .

A h o r a b i en , n u m er o sas o b ser v ac i o n es, sem b r ad as aq u í y a l l á en

l as t r ag ed i as, h acen eco a est as g r an d es ev o cac i o n es: so n , p o r e j e m ­

p l o , l o s m ar i n e r o s d e Á y ax , q u e ex c l am an : « T o d o l o m ar c h i t a el

t i em p o p o d er o so » ( 7 13) ; o b i en , es el m en sa j e r o d e A n t i go n a , q u e

o b ser v a: « V ec i n o s d el p a l ac i o d e C a d m o y d e A n f i ó n , n o ex i st e v i d a

h u m an a q u e , p o r est ab l e, y o p u d i e r a a p r o b a r n i c en su r ar . P u es l a

f o r t u n a , si n cesar , t an t o l ev an t a al q u e es i n f o r t u n ad o c o m o p r ec i p i ­

t a al a f o r t u n ad o , y n i n g ú n ad i v i n o ex i st e d e l as co sas q u e est án d i s­

p u est as p a r a l o s m o r t a l es» ( 115 5 - 116 0 ) ; o au n , es el c o r o d t E d i p o r ey ,

en c u y a o p i n i ó n el d est i n o d e l h ér o e i l u st r a , p r ec i sam en t e , est a f r a g i ­

l i d ad h u m an a , p o r q u e , en el m o m en t o en q u e se d esc u b r e l a v e r d ad ,

c o m i en z a su c an t o p r o c l am an d o : « ¡A h , d esc en d en c i a d e m o r t a l es!

¡C ó m o c o n si d er o q u e v i v í s u n a v i d a i g u a l a n ad a ! P u es ¿q u é h o m ­

b r e , q u é h o m b r e l o g r a m ás f e l i c i d ad q u e l a q u e n ecesi t a p ar a p ar e-

c er l o y , u n a v ez q u e h a d ad o esa i m p r esi ó n , p ar a d e c l i n a r ?» ( 118 6 -

X 19 2) .

I n c l u so l o s sen t i m i en t o s d e l o s h o m b r es est án su j e t o s a est as o sc i ­

l ac i o n es: a l o s h ér o es l es cu est a ac o st u m b r a r se a e l l as, p er o Só f o c l es

l es p r est a p a l ab r as esp ec i a l m en t e f u er t es p a r a d ec i r l o , a u n q u e so l o

f u ese p o r q u e l as su f r en . A sí Á y a x , al e n g a ñ a r a su g en t e , p r o c l am a

q u e t o d o c am b i a y q u e él t am b i én d eb er á c am b i a r : a l u d e al t i em ­

p o q u e « l a r g o y si n m ed i d a saca a l a l u z t o d o l o q u e e r a i n v i si b l e , así

Page 94: tragedia griega Jacqueline de Romilly

1 0 0 La tragedia griega

c o m o o cu l t a l o q u e est ab a c l a r o » , p a r a q u e , i n m ed i a t am en t e , su e v o ­

c ac i ó n se v u e l v a a m ar g u r a : « N a d a h ay q u e n o se p u ed a esp er ar , si n o

q u e so n d o b l eg ad o s, i n c l u so , el t e r r i b l e j u r am en t o y l as m en t es o b st i ­

n ad as» (646-64C)) .3

C i e r t am en t e , l o s h ér o es, p o r n a t u r a l ez a , t i en en t en d en c i a a n o

c am b i a r . E d i p o , E l e c t r a , A n t i g o n a , d e l m i sm o m o d o q u e Á y a x , se

n i eg an a d e ja r se d o b l eg ar , a t r an si g i r co n su i d ea l . Su em p ec i n a ­

m i en t o m i sm o se f u n d a en su d eseo d e ab so l u t o . P e r o si so n d u eñ o s

d e su s el ec c i o n es, n o l o so n d e su d est i n o , c u y as co n secu en c i as so n l o s

p r i m er o s en p ad ec er . E st as c o n sec u en c i as so n , e f ec t i v am en t e , el c a ­

r ác t e r esp ec í f i c o d e l a c o n d i c i ó n h u m an a a l a q u e ú n i c am en t e esc a­

p an l o s d i o ses.

P o r t an t o , h ay u n a g r i e t a p r o f u n d a , en el t eat r o d e Só f o c l es en t r e est as

a l t e r n an c i as d el d est i n o y el l e j an o ám b i t o d e l o s d i o ses, y es el l a l a q u e

ex p l i c a q u e el h o m b r e n o p u ed a p en e t r a r en el m i st er i o d e l a v o l u n ­

t ad d i v i n a y q u e n i si q u i e r a i n t en t e h ac er l o . E n est e t eat r o , y a n o se

p r eg u n t a , co m o en E sq u i l o , p o r l o s ar b i t r i o s d e l a j u st i c i a d i v i n a : l o s

d i o ses y a n o est án l o b ast an t e p r ó x i m o s, y l a i n t e r r o g ac i ó n se r e f i e r e

m ás b i en a l sen t i d o d e su s o r ác u l o s. N o se t i en e o t r a co sa. E i n c l u so

eso es d em asi ad o p o c o , p o r q u e p o r m u c h o q u e se ac ec h e, se i n t en t e

c o m p r en d er , p r eg u n t a r y c o t e j a r , l o s o r ác u l o s d e l o s d i o ses m u y p o cas

v ec es p u ed en ser d i á f an o s p a r a l o s h o m b r es.

E n casi t o d as l as o b r as d e Só f o c l es, h ay v ar i o s, q u e se c o m b i n an .

E n t r e a b r e n u n a p u er t a : l o su f i c i en t e p a r a d e j a r p r esen t i r q u e ex i st e

u n m u n d o m ás a l l á y u n d est i n o q u e se p r ep ar a , p er o n o l o su f i c i en t e

p a r a q u e se sep a c u á l . A sí es c o m o , en L a s t r a qu in i as, se sab e q u e h a

l l eg ad o el m o m en t o en q u e H e r a c l e s d eb e o b i en su c u m b i r o b i en

v i v i r en ad e l an t e l i b r e d e t o d a p en a l i d ad ( 16 6 y ss.) . P e r o ¿c u á l d e

est as d o s a l t e r n a t i v as se i m p o n d r á? E l o r ác u l o n o l o d i ce. I g u a l m e n ­

3. C o m en t am o s est o s e j em p l o s, y o t r o s d el m i sm o t i p o , en n u est r o T i m e in

G r ee\ T r aged y , C o r n e l l U n i v . P r ess, 19 6 8 , p ágs. 88 y ss.

Page 95: tragedia griega Jacqueline de Romilly

Sófocles o la tragedia del héroe solitario I OI

t e, en Á y a x , se sab e q u e l a c ó l er a d e A t en ea p e r seg u i r á a Á y a x d u r a n ­

t e « u n so l o d ía» ( 756 ) . P e r o ¿p o d r á , en esa j o r n a d a , l i b r a r se d e e l l a?

E so n o se d i c e. E n Fi l oc t et es se sab e q u e l as a r m a s d e F i l o c t e t es, o el

p r o p i o F i l o c t e t es, so n n ecesar i as p ar a t o m ar T r o y a . P e r o ¿l as co n se­

g u i r á n ? H a c i a el f i n a l , n o s en t e r am o s d e q u e el h ér o e so l o p o d r á c u ­

r a r se en T r o y a . P e r o ¿i r á? A v ec es, f i n a l m en t e , so l o es al t é r m i n o d e

l a o b r a c u an d o l o s h ér o es se ac u er d an d e u n o r ác u l o , q u e p o r f i n se h a

ac l ar ad o : ese es el caso d e H er ac l es, q u e, al en t e r a r se , en el m o m en t o

d e su m u er t e , d e q u e el b á l sam o m ág i c o em p l ead o p o r su m u j e r se l o

h ab ía en t r eg ad o el c en t au r o N eso , q u e en t o n ces se est ab a m u r i en d o ,

ex c l a m a q u e ah o r a l o en t i en d e: « E n ef ec t o , y o t en ía d esd e an t i g u o

u n a p r o f ec ía d e m i p ad r e , seg ú n l a c u a l y o m o r i r í a n o p o r o b r a d e

n i n g u n o d e l o s v i v o s, si n o d e q u i e n , y a m u er t o , f u e r a h ab i t an t e d e l

H ad es. E st e , el c en t au r o , m u er t o , m e h a m at ad o a m í q u e est o y v i v o ,

c u m p l i en d o el o r ác u l o d i v i n o » ( 115 9 - 116 3) .

I m p r ec i so s, o scu r o s y co n f r ec u en c i a en gañ o so s, l o s o r ác u l o s d e ­

j an su si t i o a l a esp er an z a y al e r r o r . E i n c l u so p o d em o s d ec i r m ás,

p o r q u e p ar ec en t an b i en c a l c u l ad o s p ar a en g añ a r , q u e su g i er en co n

f u e r z a q u e l a d i v i n i d a d d i sf r u t a b u r l án d o se d e l o s h o m b r es. A est e

r esp ec t o , p o r o t r a p ar t e , Só f o c l es se en c u en t r a m u y p r ó x i m o a H e r o ­

d o t o , co n q u i en p ar ec e h ab er t en i d o r e l ac i ó n :4 n o p o d r íam o s o l v i d ar ,

en ef ec t o , t o d o s l o s o r ác u l o s c i t ad o s p o r el h i st o r i ad o r y q u e su sc i t a­

r o n , casi si em p r e , c o n f u si ó n en aq u e l l o s a q u i en es se v at i c i n ar o n .

A l g u n o s d e est o s o r ác u l o s v i en en i n c l u so , c o m o a p r o p ó si t o , p ar a

a r r ast r a r l o s a su r u i n a , al su sc i t ar en el l o s u n a f a l sa i n t e r p r e t ac i ó n . E l

e j em p l o m ás f am o so es el o r ác u l o an u n c i ad o a C r eso : est e o r ác u l o l o

an i m a a en t r a r en g u e r r a al d ec i r l e q u e, si l o h ace, d est r u i r á u n v ast o

i m p er i o : y el o r ác u l o d ec ía l a v e r d ad , sa l v o q u e ese i m p er i o er a el

su y o ( I , 53 y 9 1) .

4. H ab ía co m p u est o u n a ocla a H er ó d o t o , cu y o c o m i en z o c o n ser v ó P l u t ar c o .

Page 96: tragedia griega Jacqueline de Romilly

102 La tragedia griega

E st e j u e g o en t r e el h o m b r e y l o s d i o ses, j a l o n ad o p o r o r ác u l o s c ap a ­

ces d e sem b r ar el e r r o r , es, c o m o es sab i d o , l a i d ea m aest r a d e E d i p o

r ey . P e r o ser ía f a l so p en sar q u e so l o ap ar ec e ah í . D e h ec h o , t o d a l a

d r a m a t u r g i a d e Só f o c l es se b asa en l a i d ea d e q u e el h o m b r e es el

j u g u e t e d e l o q u e se p o d r ía l l a m ar l a i r o n ía d e l d est i n o .

D esd e el p u n t o d e v i st a t éc n i c o , Só f o c l es i n t r o d u j o en l a ac c i ó n

t r ág i c a l a so r p r esa y l a p er i p ec i a . F u e u n a i n n o v ac i ó n en l a h i st o r i a

m i sm a d e l g én er o , p er o esas so r p r esas y esas p er i p ec i as c o b r an t a m ­

b i én en el ám b i t o d e l as i d eas u n a si g n i f i c ac i ó n p r o f u n d a : m u est r an

el ac o n t ec i m i en t o en el ac t o d e b u r l a r se d e l h o m b r e.

M u y a m en u d o , el h o m b r e se p r ec i p i t a h ac i a su r u i n a a c au sa d e l

esf u e r z o m i sm o q u e h ace p a r a ev i t a r l a : D e y a n i r a o c asi o n a l a m u er t e

d e aq u e l a q u i en q u i e r e m ed i an t e l a d r o g a q u e, seg ú n e l l a , h ab r ía

d eb i d o u n i r l o a e l l a p a r a si em p r e. E i n c l u so c u an d o l as co sas n o l l e ­

g an a ese ex t r em o , se d a, si n n i n g u n a d u d a , u n a i r o n ía d el d est i n o en

el h ec h o d e q u e u n h o m b r e se i m a g i n e p o d er t r i u n f a r j u st o en el

m o m en t o en q u e se v a a c o n su m ar su r u i n a . D esd e el p u n t o d e v i st a

d r am át i c o , el c o n t r ast e i n t en si f i c a l a so r p r esa; d esd e el p u n t o d e v i s­

t a d e l p en sam i en t o , p o n e d e r e l i ev e d e f o r m a t r ág i c a l a c eg u er a y l a

i g n o r an c i a d e q u i en es se en g añ an d e ese m o d o . A h o r a b i en , es u n

h ec h o q u e Só f o c l es p ar ec e h ab er se c o m p l ac i d o en a t r i b u i r a su s c o ­

r o s h i m n o s d e a l eg r í a j u st o an t es d el m o m en t o en q u e se p r o d u c e el

d esast r e . E n c o n t r am o s u n o en L a s t r aqu in i as, c u an d o D ey a n i r a c r ee

t o d av ía q u e t o d o se a r r eg l a r á . E l co r o se p o n e en t o n ces a p r e g o n a r l a

b u en a n u ev a : « P u es el h i j o d e Z e u s y d e A l c m e n a se d i r i g e a su

c asa...» , y a r d e d e i m p ac i en c i a : « ¡O j a l á l l eg u e , o j a l á l l eg u e ! Y q u e n o

se d e t en g a l a n av e d e m u c h o s r em o s q u e l e t r an sp o r t a h ast a l l eg a r a

l a c i u d ad ...» ( 6 33- 6 6 2) . C u a n d o se c a l l a , en t r a D e y a n i r a y l o p r i m e r o

q u e d i c e es: « Q u é m i ed o t en g o ...» . D e h ec h o , H er ac l es l l e g a r á a su

c i u d ad , p er o p a r a m o r i r .

E n Á y a x , el e f ec t o t r ág i c o es i d én t i c o . M i en t r as q u e el h ér o e so l o

v i v e p a r a p asar d e u n p l u m a z o d e l a v e r g ü e n z a a l a d esesp er ac i ó n , y

d e l a d esesp er ac i ó n a l a m u er t e , h ay t am b i én u n c an t o d e a l eg r í a : es

el can t o d e l o s m ar i n er o s q u e, en g añ ad o s p o r su s d ec l a r ac i o n es, c r een

Page 97: tragedia griega Jacqueline de Romilly

Sófocles o la tragedia del héroe solitario I03

p o r u n m o m en t o q u e t o d o se v a a so l u c i o n ar . Y n o es m ás q u e u n a

ex c l am ac i ó n d e j ú b i l o : « m e est r em ez c o d e g o z o y a l eg r ía .. .» (693) .

Ju st o c u an d o ac ab an d e c an t ar , ap ar ec e el m en sa j e r o , q u e l es i n f o r ­

m a en t o n ces d e l a am en az a q u e p esa so b r e Á y a x : c i en v er so s m ás

ad e l an t e , Á y a x h a m u er t o .

D e l m i sm o m o d o , en A n t i go n a , h ay u n m o m en t o en q u e , h ac i a el

f i n a l , el c o r o c r ee q u e l a h er o ín a p o d r á sa l v a r se . C r e o n t e acab a d e

c ed er y p ar t e ap r esu r ad o : « y o » , d i ce, « est ar é p r esen t e p ar a l i b e r ar l a» .

Y t am b i én ah í , Só f o c l es d ec i d i ó i n t e r c a l a r u n c an t o d e l c o r o i m p a ­

c i en t e y a l eg r e , q u e p r ec ed e i n m ed i a t am en t e a l a c a t ást r o f e f i n a l . I n ­

v o c a a D i o n i so : « Y ah o r a , c u an d o l a c i u d ad en t e r a est á su m i d a en

v i o l en t o m a l , v en co n p aso ex p i a t o r i o p o r en c i m a d e l a p en d i en t e d el

P a r n aso o d e l r eso n an t e est r ech o . ¡A h , t ú q u e o r g an i z a s l o s co r o s d e

l o s ast r o s q u e e x h a l a n f u eg o , g u a r d i á n d e l as v o c es n o c t u r n as, h i j o

r et o ñ o d e Z e u s, h az t e v i si b l e , o h , señ o r , a l a v e z q u e t u s ser v i d o r as l as

T i í a d e s, q u e , t r an sp o r t ad as, t e f est e j an co n d an z as t o d a l a n o ch e, a t i ,

Y a c o , el a d m i n i st r ad o r d e b i en es!» ( 114 0 - 115 2 ) . E n ese p r ec i so i n s­

t an t e, en t r a el m en sa j e r o , q u i en , al c o m en t ar el d esast r e q u e se d i sp o ­

n e a an u n c i a r , p r o c l a m a en p r i m e r l u g a r l a f r a g i l i d a d d e t o d as l as

d i c h as h u m an as.

E l r i t m o m i sm o d e l t eat r o d e Só f o c l es, co n su s co n t r ast es t an

f u er t em en t e m ar c ad o s, si m b o l i z a p o r t an t o u n a c i er t a i d ea d e l a d e ­

b i l i d ad d e l h o m b r e y d e l a i r o n ía d e l d est i n o . E s p r ec i sam en t e c u an ­

d o u n o c o n f ía est ar a sa l v o q u e so b r ev i en e el d esast r e. E s p r ec i sam en ­

t e c u an d o u n o p r e t en d e o b r ar b i en q u e se v e a t r ap ad o en u n a t r am p a

y q u e se p r o d u c e u n d esast r e. E l h o m b r e n o sab e n ad a. Y j u eg a c i e ­

g am en t e a u n j u e g o p l a g ad o d e so r p r esas, casi si em p r e m al as.

D e h ec h o , se d a ah í u n a esp ec i e d e i r o n ía t r ág i c a , c u y o sen t i d o se

p r esen t a co n c l a r i d ad a l a v i st a d el esp ec t ad o r , au n c u an d o l o s p er so ­

n a j es n o si em p r e c o n si g an d esc i f r a r su sen t i d o .

E se sen t i d o d e l a i r o n ía t r ág i c a es c ar ac t e r í st i c o d e Só f o c l es, y se

d i st i n g u e p r o f u n d am en t e d e l o q u e se l l am a i r o n ía t r ág i c a en E sq u i ­

l o o en E u r íp i d e s.

E n ef ec t o , se su el e l l a m ar i r o n ía t r ág i c a a l em p l eo p o r p ar t e d e

Page 98: tragedia griega Jacqueline de Romilly

La tragedia griega

u n p er so n aje d e f r ases con d o b le sen t i d o q u e su i n t er lo cu t o r n o es

cap az d e co m p r en d er , p er o cu ya si gn i f i cac i ó n p u ed e cap t ar el esp ec­

t ad o r . C u an d o A gam en ó n en t r a en el p alacio d o n d e C l i t em n est r a l o

va a m at ar , el l a p r o n u n ci a u n a p l egar i a t er r i b l e p o r su p r o p i a am b i ­

gü ed ad : « ¡Z eu s, Z eu s, d ei d ad sin q u i en n ad a se cu m p l e, h az q u e se

cu m p l an m is p legar i as! ¡O jal á t e p r eo cu p es r ealm en t e d e eso a q u e

vas a d ar f i n !» {Agamenón, 973-974) . T al es am b i gü ed ad es se v o l v e­

r án a en co n t r ar en Eu r íp i d es. Y , cu an d o H écu b a se p r ep ar a p ar a

m at ar a Po l i m ést o r con u n a ast u ci a, co m o C l i t em n est r a m at ab a a

A gam en ó n , em p lea t am b ién p al ab r as d e d o b l e sen t i d o . N o le r evel a

a Po l i m ést o r q u e sab e q u e él es el asesi n o d e su h i jo , si n o q u e le d i ce

t an so lo est as p al ab r as q u e n o le i n q u i et an : «Par a q u e, cu an d o h ayas

h ech o t od o lo q u e d eb es, t e r et i r es con t u s h i j o s al si t i o d o n d e h as

i n st alad o a m i n i ñ o » (Hécuba, 10 21- 10 22 ) . T al es p al ab r as se fu n d an

en l a i r o n ía t r ági ca, así l l am ad a p o r q u e i m p l i ca a u n esp ect ad o r q u e

p r esen ci a l a acció n y es cap az d e en t en d er , y t am b ién p o r q u e, l a m a­

yo r ía d e las veces, l l eva co n sigo u n a am en aza d e m u er t e, i m p l íc i t a

p er o i n m in en t e.

E n Só fo cles, se en cu en t r an m u ch as escen as d e est e t i p o (p or

ejem p l o , aq u el l a en q u e Eg i st o se fel i c i t a al v er u n cad áver q u e cr ee

q u e es el d e O r est es, er r o r al q u e le i n d u ce el p r o p io O r est es) , p er o ,

en gen er al , l a i r o n ía t r ág i ca t i en e u n a si gn i f i cac i ó n d i fer en t e. N o

est á l i gad a al p r o p ó si t o d e u n o d e los p er so n ajes, n i i m p l i ca q u e u n o

en gañ e a o t r o , q u e es su v íc t i m a i gn o r an t e, si n o q u e i l u st r a l a i gn o ­

r an ci a d e los h o m b r es, en gañ ad o s p o r l os d ioses m ism o s.

A sí es com o , en Las traquinias, l a ú l t i m a p al ab r a d el can t o en el

q u e el co r o exp r esa su al egr ía es p r eci sam en t e el n o m b r e d el m o n s­

t r u o , d el cen t au r o , q u e h ab ía su m i n i st r ad o la d r o ga d est i n ad a a t en er

u n efect o fat al . Ese p ob r e cor o n o sab e q u e b asa su esp er an za en el ser

m i sm o q u e lo ar r u i n ar á t od o. Y la p r o p i a D ey an i r a t am p o co sab ía l o

q u e h ab ía q u er i d o d eci r ese cen t au r o cu an d o h ab ía p r o m et i d o q u e esa

d r o ga le afect ar ía a H er ac l es «d e t al m o d o q u e l u ego n o p o d r ía p r ef e­

r i r a n i n gu n a o t r a m u jer q u e a el l a». L as p alab r as q u e ci t a D ey an i r a

se v u el ven con t r a el l a y l a co n d en an sin q u e lo sepa.

Page 99: tragedia griega Jacqueline de Romilly

Sófocles o la tragedia del héroe solitario 10 5

Per o el ejem p l o m ás t er r i b le d e est a i r o n ía t r ág i ca i n vo l u n t ar i a la

p r o p o r c i o n a la p l egar i a d e Á y ax . Á y ax h a sid o en gañ ad o p o r A t e­

n ea, ex t r av i ad o p o r el l a, p er d i d o p o r el l a, y él n o l o sabe t o d avía: l a

i n vo ca, an t e Ed i p o , q u e sabe, y an t e l os esp ect ad o r es, q u e acab an d e

ver l o t od o: «U n a cosa d eseo d e t i » , d i ce, «q u e m e asi st as siem p r e

com o la al i ad a q u e er es» ( 116 - 117 ) . U l i ses, q u e p r esen ci a l a escen a,

cap t a p er fect am en t e l a si gn i f i caci ó n d e t al i r o n ía, y, al o b l i gar l e la

cegu er a d e Á y ax a d ar u n r o d eo p o r su co n d ic i ó n d e h o m b r e, d i ce:

«Est á am ar r ad o a u n d est i n o fat al . Y n o p ien so en el d e est e m ás qu e

en el m ío , p u es veo q u e cu an t os v i v i m o s n ad a som os sin o fan t asm as

o so m b r a v an a» .

Est a d i st an ci a en t r e l os d ioses y l os h o m b r es, su b r ay ad a p o r l a

i r o n ía t r ági ca, es p r eci sam en t e el p en sam i en t o q u e i n sp i r a t od a la t r a­

ged i a d e Edipo rey.

Edipo rey p on e en escen a el d est i n o d e u n h o m b r e y d e u n a f am i l i a

q u e cr eyer o n el u d i r l os o r ácu lo s, y l a i r o n ía t r ág i ca r i ge t o d a la es­

t r u ct u r a.

L ay o sab ía p o r u n o r ácu l o q u e ser ía m at ad o p o r u n h i j o n acid o d e

él y d e Yocast a; p o r t an t o , h i zo ab an d on ar a ese h i j o u n a vez n acid o y

se cr eyó así segu r o d e su m u er t e. Ed i p o , p o r o t r a p ar t e, sab ía qu e u n

d ía ser ía el asesin o d e su p ad r e: p ar a ev i t ar ese d est i n o , ab an d on a la

cor t e d on d e v i ve d esd e su i n fan cia y a los p ad r es q u e si em p r e cr eyó

q u e er an los su yos. A h o r a b ien , al h u i r d e est os p r et en d i d o s p ad r es,

t r op ieza con su ver d ad er o p ad r e, qu e n o es o t r o q u e L ay o , y lo m at a

sin con ocer lo . Po r u n a b on i t a i r on ía d est in o , l a acción d e cad a u n o

t i en e com o r esu l t ad o el p r eci p i t ar l a d esgr acia q u e q u er ían evi t ar .

Per o r esu l t a q u e Ed i p o n o sabía. N ad i e sabía. Y la t r aged ia co ­

m i en za en p len o er r o r y en u n a co n f i an za p len a. Ed i p o , el d esci f r ad o r

d e en igm as, se u fan a d e su i n t el i gen cia. E s u n b u en r ey q u e, p ar a sal ­

var a T eb as, n o d eja d e con su l t ar los o r ácu los ( i r on ía su p lem en t ar i a) .

Y , d ad o q u e cr ee con ven ien t e cast i gar al asesin o d el an t i gu o r ey , E d i ­

po se p r o p o n e d escu b r i r a est e asesin o, q u e n o es o t ro q u e él m ism o .

Page 100: tragedia griega Jacqueline de Romilly

ιο 6 L a t r a g ed ia g r ieg a -

Entonces com ienza una invest igación t rágica a cuyo térm ino sa­

brá lo que es: el asesino de su padre y el causante de la muerte de su

madre.

Esta invest igación comienza con la cólera más que con la inquie­

tud. Edipo es un rey seguro de sí m ismo, que se cree la inocencia

personificada. Obliga al adivino a hablar , pero no quiere creer lo

que, finalm ente, este le dice. En vía a su cuñado a Delfos, pero des­

confía de las respuestas que este le t rae. Con la m ism a obst inación

que el Creonte de A n t i g o n a , sospecha y amenaza. Pero estos m ismos

enfrentamientos est imulan su deseo de saber, y la inquietud, sorda­

mente, com ienza recorrerlo.

Ahora bien, en ese momento, m ediante un procedim iento carac­

teríst ico de Sófocles, Edipo recibe not icias t ranqui l izadoras: aquel

que cree que es su padre acaba de m or i r en Corinto, y el oráculo, por

consiguiente, parece haber ment ido. Yocasta y él t r iunfan: «¡O h

oráculos de los dioses! ¿Dónde estáis? Edipo huyó hace t iempo por

el temor de m atar a este hombre y, ahora, él ha muerto por el azar y

no a manos de aquel» (946-949).

D e hecho, esta m ism a confianza t iene algo de alarmante. A l pre­

tender t ranqui l izar a Edipo, que sigue inquietándose por la que cree

su m adre, el mensajero l legado de Cor in to revela a Edipo que él no

es el h i jo de aquellos quienes cree sus padres. La amenaza se ha acer­

cado; urge indagar; la verdad va a sal ir a la luz.

Edipo será el últ im o en percibir la: necesita pruebas y test imo­

nios, que se confi rm an y se completan. Entonces, por fin, comprende

que todo lo que hizo para eludir el oráculo ha tenido como resultado

el conducir lo a su real ización. Reconoce que ha sido burlado: «¡A y,

ay! Todo se cumple con certeza» (1183) . Ya no puede hacer ot ra cosa

que arrancarse los ojos para dejar de ver ese m undo en el que ya no

t iene sit io. Ya no volverá a ver y ya no quiere ser visto. En cuanto a

Yocasta, esta se ahorca.

L a obra, por la perfección de la ironía que dir ige su desarrol lo,

habr ía de seguir siendo, para los siglos futuros, el símbolo de la for ­

m a en que el dest ino se bur la del hombre. Y no podemos dejar de

Page 101: tragedia griega Jacqueline de Romilly

Só fo c les o la t r a g ed ia d el h ér o e so l i t a r io

pensar en lo que escribió Jean Cocteau a modo de int roducción a la

adaptación que h izo de la obra y que l lam ó L a m a ch in e in fer n a l e

[ «La m áquina infernal»] : «Observa, espectador, subida a la superfi ­

cie, dé tal m anera que el mecanismo se desarrol le con lent i tud a lo

largo de toda una vida humana, una de las más perfectas máquinas

const ruidas por los dioses infernales para la aniqui lación matemát i­

ca de un m ortal».

D e hecho, E d i p o r ey sigue siendo el ejem plo t ipo que ha servido

para m ost rar cómo cualquier acción hum ana puede volverse contra

su propio autor. Y es, en gran parte, a causa de E d i p o r ey que nunca

se ha dejado de hablar del papel del dest ino o de la fatal idad en el

teatro gr iego.

Sin em bargo, precisamente porque el t ipo de t ragedia expresado

por esta obra ha revest ido tanta importancia, es necesario que vea­

mos más de cerca qué es lo que significaba para Sófocles. Porque

Sófocles no es Cocteau. Y si es cierto que Sófocles siempre tuvo muy

en cuenta la idea de la impotencia hum ana y de las ironías del dest i­

no, no ext rajo de ella en absoluto la especie de rebel ión am arga que,

desde el punto de vista de los modernos, se asocia la m ayoría de las

veces a esta idea.

Y en pr im er lugar , antes de defin ir la act i tud de Sófocles con respec­

to a la suerte deparada a Edipo, es necesario evidentemente conside­

rar el hecho de que, muchos años después de E d i p o r ey , tuvo el em­

peño de escribir ot ra obra sobre Edipo, que prolonga la pr im era y,

en cierto sent ido, la rect i fica.

E d i p o en C o lo n o , obra postuma, no fue interpretada hasta el año

401 a.C. En el la se representa el final del viejo Edipo. Y el m ovi­

miento es exactamente el cont rar io al de E d i p o r ey .

A l comienzo, Edipo l lega con Ant igona a Colono, cerca de Ate­

nas. Es un desterrado, cuyo nombre está cargado de horror. Y antes

de que Teseo, el rey de Atenas, le haya podido prometer asilo, se en­

tera de que va a ser objeto de amenazas y presiones por parte de sus

Page 102: tragedia griega Jacqueline de Romilly

ιο 8 L a t r a g ed ia g r ieg a

hi jos y de Creonte. Se encuent ra en la condición más m iserable y

lamentable. Pero los oráculos — ¡porque aún hay m ás!— están en

esta ocasión de su lado. Ed ipo sabe que obtendrá una t regua a sus

males el día en que l legue a la m orada de las euménides. Ahora bien,

es ahí donde acaba de l legar. Sabemos a cont inuación que sus hi jos

intentarán encont rar le de todas form as porque, vivo o muerto, debe,

con su sola presencia, const i tuir una garant ía de victor ia. Y, f inal ­

mente, revela a Teseo que su tum ba tendrá la vi r t ud de proteger

para siempre a Atenas de cualquier invasión de los tebanos. Se ha

vuelto el protegido de los dioses. Sabe incluso qué señales deben

anunciar su muerte. En medio del estruendo de un t rueno, se pone

en camino totalmente solo hacia una mister iosa cita con la muerte;

y, en un halo de glor ia y de m ister io, es raptado a la t ierra sin que

nadie sepa cómo: «N o le mató ni el rayo por tador del fuego de una

deidad ni un torbel lino que del m ar se hubiera alzado en aquel m o­

mento. M ás bien, o algún mensajero enviado por los dioses o ¿1 som­

brío suelo de la t ierra de los muertos le dejó paso benévolo. El hom ­

bre se fue no acom pañado de gem idos y de los sufr im ientos de

quienes padecen dolores, sino de modo admirable, cual n ingún otro

de los mortales» (1658-1665).

Desde luego, es necesario evitar cualquier malentendido: Edipo

no ha cambiado y su m uerte no alude de n inguna form a a la sant i­

dad o a la reconcil iación. Sigue siendo violento y alt ivo. Se enfrenta

con áspera dureza no solo a Creonte, sino también a su h i jo Pol in i ­

ces. Por ot ra parte, aunque proclam e su inocencia con respecto a es­

tos crímenes que — más que querer— ha padecido, nunca se dice

nada en la obra de que se le haya hecho just icia. Simplem ente, por

una especie de compensación inexpl icada, este hombre que era el

juguete del dest ino es aquí l lam ado a tener un dest ino privi legiado:

el don divino le l lega sin razón, como le l legó antes la condenación

del dest ino.

Esto sería suficiente para m arcar la di ferencia ent re Sófocles

y los que solo ven la acción de los dioses bajo una form a cruel, que

l lam a a la protesta. Pero, al m ismo t iempo, la existencia de esta se­

Page 103: tragedia griega Jacqueline de Romilly

Só fo c les o la t r a g ed ia d el h ér o e so l i t a r io

gunda obra at rae la atención sobre todo lo que, en la pr imera, se

dist inguía ya de una semejante disposición mental.

A decir verdad, podemos señalar que, en E d i p o r ey , nunca se plan­

tea la pregunta sobre la razón de lo que le sucede a Edipo y debía su-

cederle. Sófocles no intenta de n inguna m anera expl icar la severidad

del dest ino que se le impone a Edipo remontándose a una culpa ori­

ginal que habría comet ido Layo: esta idea — sobre la cual le gustaba

insist i r a Esqu i lo en L o s siet e co n t r a T eb a s— no ocupa aquí ningún

lugar. Tam poco intenta expl icarlo por una culpa que habría comet i­

do el propio Edipo. Y en vano los comentaristas se esforzaron en en­

cont rar le al héroe algún defecto que lo expl icara todo.5 En opinión de

Sófocles, no hay nada que expl icar: no hay explicación, pero tampoco

pregunta. Senci l lamente, las cosas son así.

D e hecho, cuando hablaban de dest ino, los gr iegos designaban

ante todo la real idad, en la m edida en que escapa al hombre. Esqui lo

había intentado encont rar le un sent ido, en nombre de una just icia bas­

tante m isteriosa. Sófocles se contenta con m ost rar la impotencia del

hombre, que no puede in flu ir en ella como quisiera. Y al decir que está

determ inada de antemano, lo que hace es t raduci r la experiencia de

esta impotencia en términos más fuertes. D e hecho, todos los comen­

tarios real izados a lo largo de la obra sobre el dest ino de Edipo consis­

ten en considerarlo una resplandeciente i lust ración de la inestabil idad

que pesa sobre los hombres en general. N inguno pone en cuest ión una

voluntad part icular que apunte a un hombre en part icular. N inguno

busca una causa más al lá de los efectos. El dest ino solo se percibe des­

de el ángulo de la ignorancia humana, y designa menos una causa que

el rechazo a postular una.

Así se expl ica que la soberanía del dest ino pueda no venir acom­

pañada de n inguna rebelión. A l cont rar io, el conocimiento de la de­

bi l idad hum ana cede el paso, en Sófocles, a una doble confianza, en

el hombre y en los dioses.

5. Véase E. R. D odds, «O n M isunderstanding the Oedipus Rex», G r eec e a n d

R o m e, X I I I , 1966, págs. 37-49.

Page 104: tragedia griega Jacqueline de Romilly

n o L a t r a g ed ia g r ieg a

A l no ser el dest ino una condena del iberada, el hombre no ext rae

de él la idea de que lo único que queda es abandonarse a sus desig­

nios. Lo que le sucede const i tuye una prueba, pero todavía le queda

defin ir su valor en la form a en que reacciona ante esta prueba. Pue­

de, en la adversidad, elegi r la vía más noble, como hacen Ant igona y

Elect ra, como hace Á yax, a pesar de verse l levado a la desesperación.

Y si no hay nada que esperar, todavía queda la alta dign idad de

apartarse uno m ismo del mundo. Es lo que hacen muchas de esas

heroínas silenciosas, que van a la m uerte sin pronunciar ni una sola

queja: como Deyan ira, como Yocasta, como Eurídice. Es lo m ismo

que hace Áyax, con más ruido. Y, en cierto modo, es lo que se hace

Edipo al arrancarse los ojos. Cuando la vida se volvió demasiado

som bría, ya no hubo más alegr ía que en la oscuridad, y el gesto de

Edipo se parece al gr i to de Áyax: «¡A h , oscuridad que eres luz para

m í! ¡Oh, Érebo, que me resultas m uy lum inoso! Recibidme, recibid­

me como habitante, recibidme» (394-397). Incluso la desesperación

de los héroes, en Sófocles, mant iene una nobleza alt iva que les per­

m ite t r iun far cuando están abat idos.

Pero esta fe en el hombre no es posible más que porque las iro­

nías del dest ino no impl ican de n inguna m anera que los dioses sean

crueles o incluso indiferentes. Sófocles no concluye de tantos in for ­

tunios y de tantas cont rar iedades que haya que rebelarse y protestar;

su conclusión es, al cont rar io, que nunca podríamos most rarnos lo

bastante respetuosos con los dioses, ni lo suficientemente piadosos.

L a form a m ism a en que los oráculos acaban siempre por real i­

zarse invita a incl inarse ante la soberanía divina. Lo que t ienen que

hacer los hombres no es com prender, sino adorar. Quienes echan las

culpas a los adivinos — como Creonte o bien Ed ipo— y quienes du­

dan de los oráculos — como Yocasta— pagan pronto esta ir reveren­

cia con alguna desgracia est repitosa. El coro, por otra parte, se cuida

mucho de unirse a tales dudas. Sófocles lo señaló en E d i p o r ey , al

m ost rar que el coro está asombrado e inquieto: «Pero, ¡oh Zeus po­

deroso!, si con razón eres así l lam ado, que r iges todo, no te pase esto

(estas práct icas impías) inadver t ido ni tampoco a tu poder siempre

Page 105: tragedia griega Jacqueline de Romilly

Só fo c les o la t r a g ed ia d e l h ér o e so l i t a r io I I I

inm ortal. Se di luyen los ant iguos oráculos acerca de Layo, ext in­

guiéndose, y Apolo no se m ani fiesta, en modo alguno, con honores,

y los asuntos divinos se pierden» (903-910). Y la obra concluye con

una nueva consulta al oráculo, en la cual Ed ipo confirm a su fe y

pone lo poco que le queda de confianza y de esperanza.

Sófocles, como sabemos, era piadoso. L a t radición nos dice que

ejercía en Atenas funciones rel igiosas, y parece haber sido uno de los

int roductores del culto de Asclepio, para el que había escri to un

peán. N o es ext raño, pues, que el reflejo de esta piedad se deje sent ir

en su obra. Y todas las m udanzas y cont rar iedades que acompañan

la vida hum ana hacen que evoque con m ayor nostalgia el resplandor

de la vida bienaventurada que disfrutan los dioses lejos de nosotros.

Este aspecto del pensamiento de Sófocles expl ica que su teatro pueda

conci l iar un ingenio dramát ico tan grande con una especie de sere­

nidad calurosa y confiada.

N o hay teatro donde se encuentren tantos inocentes aplastados y

dest ruidos. N o hay teatro donde se expresen tantos sufr im ientos, f í­

sicos o morales. Y sin em bargo, es un teatro que hace que adm ire­

mos al hombre y amemos la vida.

En él, adm iram os al hombre en la persona de los héroes que

l levan tan lejos su valor. En él, amamos la vida en la que cada uno

se esfuerza por obrar de la m ejor manera. Y los cantos del coro

— largos, l ibres y que exaltan la bel leza— consol idan estos dos sen­

t imientos.

Por lo que respecta a la adm iración del hom bre — el hombre en

general, la cr iatura hum ana— , no hay n ingún texto comparable al

gran canto d e A n t ig o n a sobre las conquistas de la civi l ización: «M u­

chas cosas asombrosas existen y, con todo, nada más asombroso que

el hombre» (332 y ss.). L a navegación, la labranza, la victor ia sobre

los pájaros en el aire y sobre los animales en la t ierra, el lenguaje, el

pensamiento, las ciudades, a todo se pasa revista: todo esto, «se lo

enseñó a sí m ism o». Y el texto acaba, en una preocupación m uy dig-

Page 106: tragedia griega Jacqueline de Romilly

112 L a t r a g ed ia g r ieg a

na de Sófocles, con una reserva refer ida al uso, bueno o m alo, que el

hombre puede hacer de sus dones. Pero esta reserva no resta n ingún

méri to al recuerdo de todo lo que precede y que suena como un am ­

pl io canto de victor ia.

Y por lo que respecta al am or a la vida, cómo no recordar otro

canto no menos célebre, mencionado más atrás a propósito de su bio­

grafía, aquel en el que celebra la bel leza del At ica: «H as l legado, ex­

t ranjero, a esta región de excelentes corceles, a la mejor residencia de

la t ierra, a la blanca Colono, donde más que en ningún ot ro sit io el

armonioso ruiseñor t rina con frecuencia...». Con una pincelada audaz,

este canto se inserta en E d i p o en C o lo n o (668 y ss.), es decir, en el seno

de una obra dedicada al hombre más malt ratado de todos por el des­

t ino, y en una obra escri ta por un hombre de cerca de noventa años.

Esta combinación de una fi losofía tan sombría con una fe tan

grande en el hombre y en la vida dist ingue para siempre el teatro de

Sófocles de todas las obras modernas, que se inspiraron en él vol ­

viéndolo más inclemente, y que, por esta razón, nunca alcanzan la

m ism a bri l lantez.

Page 107: tragedia griega Jacqueline de Romilly

EU RÍ PI D ES O L A T RA G ED I A D E L A S PA SI O N ES

IV

Eurípides era apenas quince años m enor que Sófocles, pero pertene­

ce a ot ra época intelectual y su temperamento era el opuesto al de su

predecesor.

Abier to a todas las influencias, él, que tenía la edad de los pr im e­

ros sofistas, refleja en su teatro muchas ideas y problemas nuevos.

N o vivió la era glor iosa de las guerras médicas. L a experien­

cia que lo m arcó es más bien la de la guerra del Peloponeso: una

guerra ent re gr iegos que habría de resultar larga y devastadora, an­

tes de cert i f icar, después de veint isiete años de luchas estériles, la

ruina del im perio ateniense. Y la confusión en la que se debaten sus

personajes debe probablemente m ucho a esta atm ósfera de desen­

canto.

Él m ism o no conoció en absoluto la fel icidad de la que parece

haber disfrutado Sófocles. Su fam i l ia fue frecuentemente cri t icada,

con razón o sin el la. Se dice que sus mat r imonios fueron desdicha­

dos. Su carrera l i t erar ia tuvo m ucha resonancia, como prueban las

incesantes alusiones de Aristófanes, pero no se t radujo en una apro­

bación indiscut ible, ya que, en toda su vida, solo se lo declaró vence­

dor cuat ro veces. Finalm ente, nunca part icipó en la polít ica. E inclu­

so, al final de su vida, rompió con Atenas y se fue a vivi r a la lejana

corte del rey de M acedonia, donde m ur ió, en 406 a. C.

Esta especie de inestabi l idad, de inadaptación, que se refleja

en su vida, no se corresponde en absoluto con una part icipación

menor en las emociones y en las aventuras de sus conciudadanos,

sino todo lo cont rar io: dir íam os más bien que, dem asiado m oder­

a s

Page 108: tragedia griega Jacqueline de Romilly

114 L a t r a g ed ia g r ieg a

no para agradar siem pre, estaba tam bién dem asiado atento a todas

las sol ici taciones de esos años tan r icos en descubrim ientos y en

desengaños. Su teatro, en efecto, desconcierta por sus m il facetas

de reflejos cambiantes. A lude a la polít ica con sus luchas cot id ia­

nas: condena, discute, protesta. Sus personajes obedecen a una

nueva psicología: están más próxim os a nosot ros que los héroes de

los ot ros t rágicos, pero tam bién son más íntegros en sus pasiones,

de las que Eur íp ides no nos perm ite que ignorem os nada. Fin al ­

m ente, el m undo al que alude no conserva ya nada del orden por

el que suspiraban Esqu i lo y Sófocles: en este m undo, en que se osa

cr i t icar a los dioses, al menos bajo su form a legendar ia, el azar pa­

rece burlarse de los hom bres con una crueldad que a Eur íp ides le

gusta poner de m anifiesto. Y su arte sabe obtener grandes efectos

patét icos de una acción con m últ iples repercusiones, cuya Ivíct ima

es siem pre el hom bre, pero de la que no puede ext raer n inguna

lección.

Eur ípides im prim ió al género t rágico una profunda renovación,

de la que dan test imonio todas sus obras.1 Desarrol ló la acción, for ­

zó los efectos, l iberó la música, mul t ipl icó los personajes, bajó a los

héroes de su pedestal, jugó con m il variaciones, algunas de las cua­

les rozan el m elodram a. Pero esta renovación es la consecuencia di­

recta de aquello que dejaba huel la en su imaginación. Para sus con­

temporáneos, se hablaba tanto de su teatro, simultáneamente inte­

lectual y patét ico, fam i l iar y am argo, y suscitaba tanta sorpresa como

pudo hacerlo, en el seno del teatro t radicional, la aparición de obras

provocadoras y ricas como las de Cocteau, en una época, o las de

Ionesco.

i . Conservam os dieciocho t ragedias suyas (de un centenar). Q uizá haya que

restar R eso , cuya autent icidad se ha puesto en tela de juicio. En cam bio, hay

que sum ar le un dram a sat ír ico que se conserva, el C íc l o p e, y fragm entos con fre­

cuencia im por tantes de las t ragedias perdidas.

Page 109: tragedia griega Jacqueline de Romilly

E u r íp i d es o la t r a g ed ia d e las p a sio n es

I . EL TEATRO Y LA CIUDAD

Esta apertura a todas las influencias del momento aparece en primer

lugar en la inspiración polít ica.2

Esqui lo había escri to obras m uy apegadas a las real idades ate­

nienses del momento: la t ragedia de L o s p er sas estaba dedicada a una

reciente victor ia nacional; la de L a s eu m én id es concluía con la crea­

ción del Areópago, cuya función estaba m odif icando Atenas. Pero

en estas dos obras había una ampli tud de vistas que im pide conside­

rar las como obras de circunstancias. A l cont rar io, Eur ípides no duda

en escribir obras de orientación polít ica, o bien en int roducir en obras

no polít icas escenas o t i radas de versos que rom pen con el resto y

parecen hacerse eco de los problemas entonces actuales. Y, cosa no­

tor ia, sigue siendo aquí tan accesible a las influencias de la coyuntu­

ra, tan m óvi l , tan vulnerable, que sus posiciones cambian, de una

obra a la otra, en función de las not icias. En él, hay a la vez com pro­

m iso y diversidad.

D e este modo, según las obras, vemos alternar en él el espíri tu

pat r iót ico y el espír i tu pacifista. Podemos tan solo subrayar que las

dos obras más puram ente patr iót icas pertenecen a la pr im era parte

de la guerra.

Gracias a una circunstancia m uy característ ica, cada una vuelve

a t razar uno de los dos grandes acontecimientos mít icos recordados

la m ayoría de las veces para i lust rar el pasado de Atenas: la ayuda

prestada a los hi jos de H eracles y el apoyo dado a las fam il ias de los

guerreros caídos, con los Siete, en el sit io de Tebas.3

La obra l lam ada L o s h er a c l id a s pertenece a los pr im erísimos años

de la guer ra. M uest ra la acogida generosa que ofrece a los hi jos de

2. A l m ezclarse las di ferentes tendencias de Eur íp ides, según proporciones

var iables, en cada una de sus t ragedias, exam inam os aquí los temas que si rvieron

de inspiración, sin anal izar cada t ragedia de m anera com pleta. Para com pensar

esta disgregación, se encont rará, a m odo de apéndice, una l ista de las obras con­

servadas, con las indicaciones cronológicas que poseemos.

3. Isócrates las ci ta jun tas en el P a n eg ír i c o , 54 y ss.

Page 110: tragedia griega Jacqueline de Romilly

ι ι 6 L a t r a g ed ia g r ieg a

H eracles, acompañados por el anciano Yolao, el rey de Atenas, D e-

mofonte. El interés se sost iene, pr im ero, en las amenazas del heraldo

argivo, y a cont inuación en el sacri ficio voluntario de la joven M aca­

ría, h i ja de H eracles,4 pero lo fundam ental es el elogio de Atenas. En

prim er lugar , hay un elogio en acción, si se puede decir así, que con­

siste en hacer revivi r , bajo los ojos de los espectadores, ese ejem plo de

la generosidad ateniense: un espectáculo que debía, sin duda n ingu­

na, in flam ar su ardor patr iót ico. H ay también un elogio directo, por ­

que numerosos versos expresan el esplendor de la t radición atenien­

se. «Desde siempre esta t ierra decidió ayudar a la gente apurada a

quien asiste el derecho. Por el lo ha soportado ya infini tos t rabajos en

defensa de los am igos», declara orgul losamente el cori feo en los ver ­

sos 328-331. Y más adelante, el coro proclama que Atenas no teme

las amenazas: «N o asustarás m i corazón con tus orgul losas palabras.

Jam ás ocurra así a Atenas la de grandes y hermosas danzas» (358-

359). El más ferviente patr iot ismo arde en estos versos.

L a m ism a veta reaparece, pero menos pura, en Su p l ica n t es. Tam -

bién aquí, la obra com ienza con la im agen de desdichados refugia­

dos qiíe buscan asilo al am paro de un santuario: en este caso, son las

m adres de los caudil los muertos en el cerco de Tebas, con sus hi jos

y el anciano Adrasto. N uevam ente, se t rata de seres débiles: m ujeres,

niños, un viejo. Ahora bien, el rey de Atenas (en este caso, Teseo) les

concede, aquí también, su amparo. Com o en L o s h er a c l id a s, hace

frente a las amenazas de un heraldo enemigo. Por tanto, se recuerda

de nuevo la generosidad ateniense. Y, como en L o s h er a c l id a s, al elo­

gio en acción se unen frases radiantes, que celebran la orgul losa ciu­

dad, la ciudad l ibre, la ciudad que solo debe su fel icidad a los desa­

fíos que no deja de afrontar.

Eur ípides im aginó incluso dos escenas que completan y expl ici-

tan más este elogio.

En prim er lugar , concibió la idea de most rar , al comienzo, al rey

t itubeante. E int rodujo el personaje de Et ra, m adre de Teseo, que lo

4. Véase m ás adelante, pág. 135.

Page 111: tragedia griega Jacqueline de Romilly

E u r íp i d es o la t r a g ed ia d e las p a sio n es 117

reprende y le recuerda la glor ia de Atenas: «¿N o ves que tu patr ia,

vi tuperada por i r reflexiva, m ira con ojos feroces a quienes la insul­

tan, pues se crece en el pel igro?».5 Esta escena le perm ite exponer en

detal le el tema del honor ateniense.

Por ot ra parte, en la escena que enfrenta a Teseo con el héroe

tebano, a Eur ípides se le ocurr ió int roducir un debate relat ivo a los

regímenes y, por consiguiente, un elogio vibrante de los pr incipios

democrát icos. El heraldo indica las faltas de los demagogos, los exce­

sos, los pel igros, pero, enfrente, Eur ípides pone en boca de Teseo un

elogio del espír i tu democrát ico, que, en muchos aspectos, se puede

com parar con la oración fúnebre que Tucíd ides pone en boca de

Per icles, en el l ibro I I de su histor ia. En la dem ocracia, puntual iza,

no existe n ingún pr ivi legio decidido por la fortuna: las leyes están

escri tas y son iguales para todos. Finalm ente, cuando se pregunta

« ¿quién quiere proponer al pueblo una decisión út i l para la comuni­

dad? », todo el m undo puede hablar , si quiere: « ¿Qué puede ser más

democrát ico que esto para una com unidad?» (430-441).

L a obra, al igual que L o s h er a c l id a s, no se l im ita a este elogio. Lo

que mant iene el interés, al comienzo, es la duda de Teseo. Lo paté­

t ico está asegurado por el retorno de las cenizas de los caudil los, el

lamento de los hi jos, el suicidio de una joven viuda. Adem ás, la ten­

dencia pat r iót ica se pierde un tanto en una serie de temas diferentes

y en dist intas discusiones. Así, hay, al comienzo, todo un debate so­

bre el progreso, y la discusión sobre los regímenes m ezcla la crít ica y

el elogio. D el m ism o modo, el patr iot ismo de la obra, y su host il idad

hacia Espar ta, se dobla con t i radas de versos pacifistas con un espír i­

tu bastante diferente (485 y ss.; 747; 949 y ss.): nos encont ramos ya

aquí con un Eur ípides que ve las dos caras de todas las cosas y está

m uy en deuda con el arte de los sofistas.

Sea como fuere, estas dos obras expresan un patr iot ismo real. Y

no son en absoluto sus únicos test imonios. A los generosos reyes ate­

nienses de L o s h er a c l id a s y de Su p l ica n t es, habrá que añadir a Egeo,

5. 321 y ss., t rad. M . Delcourt .

Page 112: tragedia griega Jacqueline de Romilly

ι ι 8 L a t r a g ed ia g r i eg a

que se presenta de pronto como un sacri ficado amigo en M ed ea , y ese

ot ro Teseo que l lega para salvar a H eracles en la obra que l leva su

nom bre, por no hablar de los reyes atenienses de las obras perdidas,

como Á l o p e, que escenificaba a Teseo, o incluso E r ec t eo . Y, sin duda,

es ese m ism o patr iot ismo el que l levar ía a Eurípides, en 4 11 a. C., a

m ost rar a los dos hi jos de Edipo luchando uno cont ra el ot ro por

codicia del poder; causan así la desesperación de su m adre y la ru ina

de su pat r ia, m ient ras que el joven M eneceo se sacri fica sin dudar lo

para salvar al país. Ahora bien, era entonces el año en que la guerra

civi l se había instalado en Atenas y los más prudentes deseaban apa­

sionadamente una reconci l iación.

Efect ivam ente, en la prueba, excelentes patr iotas pueden haber

quedado sorprendidos, o consternados, ante el espectáculo que les

ofrecía la ciudad que amaban. Y esa es quizá la razón por la cual se

encuent ran, en Eurípides, reproches después de los elogios, quejas

después de las esperanzas y, a veces, una mezcla de unos y de otros.

Quien sabe alabar tan bien los pr incipios democrát icos, se deshace en

observaciones am argas sobre el papel de los dem agogos (así en H é ­

c u b a , 131- 132 o 154 y ss., en E l ec t r a , 380 y ss., o en O r est es, 917 y ss.).

Y quien sabe escribir obras henchidas de al iento pat r iót ico, aspira

rápidam ente a la paz.

A Eur ípides no le gustaba Espar ta (no solo concedió a M enelao,

en varias ocasiones, uno de los papeles más ingratos, sino que salpicó

algunas obras con violentas requisi tor ias cont ra la ciudad enemiga,

por ejem plo en A n d r ó m a ca , 445 y ss.). Salvo que, si no le gustaba Es­

parta, le gustaba mucho menos la guerra. Y la gran pena de la guerra

fue para Eur ípides una fuente de inspiración m uy rica.

A sí sucede, en diferentes grados, en t res t ragedias, las tres dedi­

cadas a las caut ivas t royanas y a la ruina de su ciudad, dest ruida por

la guerra.

En la pr im era, A n d r ó m a ca , la escena no ocurre en Troya y el

duelo no es el único tema, m uy al cont rario. L a obra no se encuent ra,

por ot ra parte, ent re las mejores de Eurípides. En fren ta (como hará

la de Racine) a Andróm aca con H erm ione, pero es más cruda que la

Page 113: tragedia griega Jacqueline de Romilly

E u r íp i d es o la t r a g ed ia d e las p a sio n es 119

de Racine. H erm ione, esposa de Neoptólem o, t iene celos de Andró-

maca, que t iene un hi jo del m ism o Neoptólem o. H erm ione quiere

m atar a Andróm aca, al igual que a ese hi jo, y para ello le ayuda M e­

nelao, su padre; Andróm aca solo se salva por los pelos gracias a la

l legada del viejo Peleo, padre de Neoptólem o. Pero, en aquel mo­

mento, H erm ione, l lena de m iedo, acepta la ayuda de Orestes, que

m ata a Neoptólem o. En este dram a de debi l idad y de espanto, uno

de los temas más puros es el lamento rei terado de Andróm aca sobre

los horrores de la guerra. El la se expresa en varios pasajes, y el coro

le hace eco, y adquiere un valor especialmente punzante en el canto

elegiaco con que concluye el prólogo, y del que n inguna t ragedia

ofrece, desde el punto de vista form al, nada equivalente.6

En efecto, el m ayor m ot ivo de conmoción de Eurípides, en la

guerra, es menos el desencadenamiento de la violencia y el escándalo

de la m uerte como el duelo de las m ujeres, las caut ivas, los seres in­

defensos. Por eso no es ext raño que tengamos ot ras dos t ragedias

suyas dedicadas a las m ujeres de Troya.

H éc u b a , al igual que A n d r ó m a ca , no t iene en absoluto el duelo

como única fuente de patet ismo: la anciana reina t royana, que ve, en

la pr im era parte de la obra, cómo sucumbe su h i ja Políxena, inm o­

lada por los gr iegos, se entera pronto de la m uerte de su últ imo hijo

asesinado lejos de Troya. Y la segunda parte de la obra relata el

modo cruel cómo se venga de su asesino. Sin em bargo, incluso este

arranque de pasión se si túa ent re las t iendas de las caut ivas, y la

impresión dominante de la obra es la de la derrota. L a anciana reina

que lo ha perdido todo, y se arrast ra, abat ida por la edad y los sufr i ­

mientos, representa el símbolo m ismo de esta desolación. En t ra gi ­

m iendo, apenas capaz de sostenerse: «Conducid sosteniéndola a la

que es hoy tan esclava como vosot ras, t royanas, pero fue antes reina»

(60-61). Y todavía t iene que despedir a su h i ja y observar el cadáver

6. Este tem a elegiaco está si tuado en los versos 91 y ss.; véase tam bién 274 y ss.,

395 y ss. Am argos com entarios sobre la guer ra de T roya inspi ran tam bién algu­

nos debates ent re Peleo y M enelao.

Page 114: tragedia griega Jacqueline de Romilly

120 L a t r a g ed ia g r i eg a

de su hi jo. A lrededor de el la, las ot ras caut ivas hacen eco a su due­

lo. El las también lo han perdido todo y están promet idas a la servi­

dum bre: «¿En posesión de quién l legaré como esclava conquistada

para su casa?...» (448). Con dolor, el las evocan el últ im o día, la ú l ­

t ima noche, en que la vida todavía era norm al , en que Troya toda­

vía exist ía, y en que un clam or de pronto había sido la señal de la

catást rofe.

Tales lamentos proporcionan el tono de la obra. Y hay que aña­

dir que son muchos los horrores de la guerra, y no solo los de la

derrota, porque las caut ivas t royanas lo dicen: «Gim e también en

torno al Eurotas de herm osa corr iente una muchacha laconia m uy

l lorosa en su hogar, y una m adre, por sus hi jos muertos, se l leva la

mano a su cana cabeza y se araña la m eji l la» (650 y ss.). El duelo de

la guer ra es más cruel para los vencidos, pero afecta también a los

vencedores.

Y aunque se t rate aquí de temas que estaban en el corazón de

Eurípides, eso no el im ina la sombra de una duda, porque, algunos

años más tarde, en el momento en que Atenas, arrebatada por la

ambición, se lanzó de nuevo a la guerra, Eur ípides convirt ió ese due­

lo engendrado por la guerra en el único tema de una t ragedia. L a s

t r o yan as, en efecto, ya no t iene como cent ro a una heroína, tampoco

hay héroe, ni siquiera unidad de acción: solo hay una larga sucesión

de desgracias que se relevan, se hacen eco y se refuerzan. Únicam en­

te H écuba está presente de un ext rem o al otro, todavía más post rada

que en la obra que l leva su nom bre, ya que, durante escenas enteras,

hace el papel de yacente, acostada en el m ismo suelo. Y cualquier

act ividad que emprende es para acusar a H elena, a quien responsa­

bi l iza de todos los males de Troya. El resto del t iempo no hace más

que padecer. V e desfi lar delante de el la, sucesivamente, a su hi ja

Casandra, víct ima de la locura de la desesperación, y luego a su nue­

ra Andróm aca, cuyo h i jo se preparan para matar . Y la escena con

M enelao y H elena no es más que un breve divert imento a la espera

de que l legue el cadáver despeñado del pequeño Ast ianacte. Por ú l ­

t imo, la t ragedia concluye con el incendio final de la ciudad: «¿Lo

Page 115: tragedia griega Jacqueline de Romilly

E u r íp i d es o la t r a g ed ia d e las p a sio n es 12 1

captáis, lo oís? / Sí, el ruido de los palacios. / Ter rem otos, terremotos,

recorren... toda la ciudad»...

En este fresco de sufr imientos de la guerra, Eur ípides no dudó

en int roducir el más insistente patet ismo, el más espectacular, el más

desgarrador: escenas de desesperación y de locura, comentarios al

m ism o t iempo despiadados y t iernos sobre el cadáver de un niño,

todo está ahí. Y, como en H écu b a , el coro no deja de volver sin cesar

sobre el dram a que fue la toma de Troya: esta vez, el gr i to de espan­

to que anuncia el desast re inter rum pe los sacri ficios y el regoci jo pro­

vocados por la ent rada del famoso cabal lo en la ciudad: «Entonces yo

a la m ontaraz vi rgen cantaba en el palacio con mis coros, a la hi ja de

Zeus. Voces de m uerte en la ciudad rodeaban la sede de Pérgamo.

Los niños asían con manos aterradas el peplo de sus m adres».7

A esto, habr ía que añadir que bri l lantes t i radas de versos subra­

yan aquí o al lá, en la obra, el absurdo de esta guerra, que, por un

mot ivo tan n im io, habr ía de causar tantos sufr im ientos, y que, tam­

bién esta vez, los vencedores no se presentan como más felices que

los vencidos. M ediante una especie de audaz paradoja, Casandra l le­

ga a sostener que fueron más desdichados, y lo prueba con un apa­

sionado lu jo de argumentos y de pruebas: «Estos por causa de una

sola m ujer , de un solo am or — por conquistar a H elena— , ya han

perdido m il lares de vidas... Com enzaron a m or i r no porque les hu­

bieran pr ivado de las fronteras de su t ierra ni de su pat r ia de eleva­

das torres. Aquellos a quienes Ares somet ía, no volvieron a ver a sus

hi jos, no fueron amortajados por las manos de su esposa. Y ahora

yacen en t ierra ext raña...».8

L a bri l lantez con la que es t ratado el tema y el hecho de que

haya como dislocado la form a habitual de la t ragedia son un demos­

t ración suficiente de la fuerza con la que Eurípides reaccionaba ante

estas ideas. Y lo hacía de un modo di ferente a como lo había hecho

Esqui lo. M ient ras que Esqu i lo, en L o s p er sa s, most raba los sufr i­

7. 551 y ss. (t rad. M . Delcourt ) .

8. 368 y ss. (t rad. M . Delcourt ) .

Page 116: tragedia griega Jacqueline de Romilly

122 L a t r a g ed ia g r i eg a

mientos de la guer ra, pero intentaba sobre todo poner en claro, m e­

diante una revelación progresiva, las faltas m orales que podían así

ser expiadas, Eur ípides, por su parte, se contenta con yuxtaponer

todas estas imágenes de los sufr im ientos individuales, y, para redi ­

m ir su am argura, ya no hay ni ideal pat r iót ico ni fe en el sent ido

histór ico.

Cada vez que el m ito t ratado le ofrece la ocasión, encont ramos

por lo demás a Eur ípides m uy dispuesto, aprovechando una d igre­

sión, para volver sobre temas análogos. L a t ragedia de H elen a , que

ocurre lejos de Troya, cont iene gri tos fervientes cont ra la locura de

la guer ra (así, 1151 y ss.). Y, en I f i g en i a en Á u l i d e, no solo se cr i t ica en

cada momento la ambición de Agam enón, sino que la propia I f ige­

n ia l lega a hablar de los gr iegos como de un pueblo unido, o que

debería unirse, para luchar cont ra los bárbaros: la guerra del Pelopo­

neso, con su creciente crueldad, aporta aquí sus enseñanzas.

En defin i t iva, la guer ra y sus problemas, cuando no,ocupan el

cent ro de la acción, le sirven a m enudo como telón de fondo. A l t ras­

tornar las vidas, pone de manifiesto las pasiones,9 l lam a a las vengan­

zas y abre la puerta a las int r igas. D e hecho, los problemas polít icos

están, en Eurípides, inext r icablemente mezclados con todos los dra­

mas del sent imiento.

2 . HUMANOS , DEMASIADO HUMANOS

A t ravés de los temas patr iót icos o pacifistas, ya es posible comprobar

hasta qué punto las t ragedias de Eur ípides siguen de cerca las real i­

dades de su t iempo. Sus personajes, también. L e gusta hacerlos des­

cender de las alturas legendarias. En un gesto audaz que habría de

im itar Giraudoux, casó a su Elect ra con un simple campesino: le

concedió las preocupaciones domést icas, las am arguras de una m u­

chacha pobre. Por consiguiente, también ahí innovó. Y no solamente

9. Es, por lo dem ás, lo que declara Tucíd ides, en el anál isis de I I I , 82.

Page 117: tragedia griega Jacqueline de Romilly

E u r íp i d es o la t r a g ed ia d e las p a sio n esI23

innovó con respecto a la t radición l i t erar ia, sino con respecto a los

lugares comunes, ya que el herm ano de Elect ra, en la t ragedia, se

lanza a toda una teoría sobre la presencia de la vir tud en un hombre

de baja ext racción. Por ot ra parte, Eur ípides gustaba de sum ergir a

sus personajes en una vida cot idiana sin énfasis. Escandal izó hacien­

do aparecer en el teatro reyes en harapos. E incluso en la fel icidad,

sus héroes viven como hombres ordinarios. Las caut ivas, en H éc u b a ,

evocan las veladas apacibles, con el esposo tumbado en su cama y la

m ujer que se entret iene en peinarse ante su espejo. L a anciana reina

recuerda, en L a s t r o yan as, a propósito de la m uerte del pequeño As-

t ianacte, las dulzuras de la ternura infant i l : «Cóm o lo cuidaba tu

m adre y besaba tus bucles de los que ahora sale r iendo la sangre en­

t re las gr ietas de los huesos» (x 175); y, am argam ente, repite las pala­

bras confiadas del hi jo: «¡O h, quer ida boca que a nlenudo dejabas

escapar palabras jactanciosas, estás perdida! M e ment iste cuando,

echándote sobre m i cama, decías: “ M adre, me cortaré por ti un largo

bucle de m i pelo y conduciré hasta tu tumba los grupos de m is com­

pañeros para darte una amable despedida” ... ¡A y de mí! En vano

fueron mis muchos abrazos, mis cuidados, m is sueños de enton­

ces...».10 Los héroes de Eurípides son más conmovedores por tener

una vida tan semejante a la de los demás hombres.

Este real ism o repercute naturalmente en su psicología. Los hé­

roes de Eurípides son seres víct imas de todas las debi lidades hum a­

nas: algunos obedecen a sus pasiones, y este dominio de la pasión se

describe con real ismo; otros ceden a su interés, y son mediocres. De

todas m aneras, Eur ípides no nos deja que ignoremos nada de lo que

les pasa y podría pasar en cualquier ser humano.

Ya la pintura de las pasiones en tanto que tal era una novedad. Es­

qui lo se interesaba poco en ella: los problemas de la culpa y el cast igo

estaban por encim a de la psicología. Sófocles ya se interesaba más,

10. 1180 y ss. (t rad. M . Delcourt ) .

Page 118: tragedia griega Jacqueline de Romilly

124 L a t r a g ed ia g r i eg a

pero los personajes asumen en él vi r tudes tan enteras que se definen

más por un ideal que por una vida inter ior compleja. Eur ípides es el

pr im ero en haber representado al hom bre víct ima de sus pasiones y

en haber intentado describir sus efectos.

Tít u lo bastante relevante en la histor ia l i terar ia, Eur ípides es, en

especial, el pr im ero que ha representado el am or en el teatro. Y el

test imonio de Ar istófanes perm ite representarse todo lo que esta in ­

novación pudo haber tenido de atrevida. Porque, en L a s r an as, cuan­

do enfrenta en los infiernos a Esqu i lo y a Eur ípides, presenta al pr i ­

m ero totalmente despreciat ivo: «Aunque, por Zeus, nunca representé

a Fedras prost i tuidas, ni a Estenebeas...», dice en el verso 1044. Inclu­

so es posible que esas audacias de Eur ípides en este terreno le hayan

val ido crít icas severas; en todo caso, sabemos que el pr im er H ip ó l i t o

( H ip ó l i t o v ela d o , obra que solo conocemos en la actual idad por unas

cuantas alusiones) presentaba a Fedra confesando su amor por su yer ­

no: ahora bien, la obra tuvo que resultar sorprendente, porque, en el

segundo H ip ó l i t o (el que conservamos), Fedra ofrece más resistencia,

y solo la nodriza t raiciona su secreto.

Y sin em bargo, incluso así revisada y corregida, la t ragedia de

H ip ó l i t o sigue siendo, con M ed ea , uno de los m ejores ejemplos de lo

que lo t rágico de Eurípides debe a la pintura de las pasiones y, más

específicamente, del amor.

En los dos casos, una m ujer dom ina la obra. En los dos casos, las

catást rofes que se desencadenan son fruto del sent imiento que enca­

dena irresist iblemente a esta m ujer. En los dos casos, por consiguien­

te, parece como si la parte antaño reservada a una voluntad divina se

hubiera t ransfer ido al hom bre m ismo, que l leva su dest ino en su

propio corazón.

M ed ea es el dram a de la m ujer abandonada y arrebatada por su

venganza; esta venganza es monst ruosa porque, después de haber

hecho m or ir a la joven princesa que ocupó su lugar , M edea acaba

por degol lar a sus propios hijos. Desde luego, es bárbara, es m aga,

pero hay en el la una avidez — una m ezcla de astucia y de violen­

cia— que supera con mucho estas expl icaciones. Es una Cl i tem nes-

Page 119: tragedia griega Jacqueline de Romilly

E u r íp i d es o la t r a g ed ia d e la s p a sio n es 125

t ra que exam inar ía su propio corazón, que veríamos sufr ir , querer,

debi l i tarse y luego dejarse arrebatar. El la es la pasión.

Eur ípides sabe perfectamente lo que hay que entender por esto.

Y la propia M edea lo sabe. Se t rata de una fuerza irracional, más

poderosa que la razón. «Sí, conozco los crímenes que voy a real i­

zar», dice M edea, a punto de m atar a sus hi jos, «pero m i pasión es

más poderosa que mis reflexiones y el la es la m ayor causante de m a­

les para los mortales» (1078 y ss.).

En esto, M edea es la herm ana de Fedra. Porque Fedra lucha, en

H i p ó l i t o , por no confesar el am or que siente por su yerno. El honor

es precioso para ella. Es incluso tan precioso que, cuando la nodriza

t raiciona su secreto, se da m uerte a sí m isma, y deja una carta que,

para salvar este honor, arrast ra, en la segunda parte de la obra, la

m uerte de aquel a quien ama. Aunque todo ese sent ido del honor,

todo ese deseo de ser apreciado, no pueden nada cont ra el amor. En

una escena adm irable, que Racine t ranscribió casi palabra por pala­

bra, se dejará pr im ero arrancar su secreto. L a vemos pr im ero, a ella

que se consumía dispuesta a m or ir , solo soñar con bosques donde

cace el joven al que ama: « ¡A y, ay! ¿Cóm o podría conseguir la bebi­

da de aguas puras de una fuente de rocío y descansar bajo los álamos

recostada en un prado frondoso?...»,11 o más adelante, de form a ya

más clara: «¡Llevadm e al monte! I ré hacia el bosque y caminaré en­

t re los pinos, donde corren los perros matadores de animales, persi­

guiendo a los ciervos moteados. Por los dioses, deseo azuzar a los

perros...». Y acaba por evocar, en una serie de gem idos, los amores

de su m adre y de su herm ana; y, luego, sus declaraciones, t ím ida­

mente, dejan ent rever que se t rata de H ipól i t o, que no se at reve a

nom brar con su voz, pero del que confiesa que es él, en la bel la répl i­

ca que Racine m antuvo: «De tus labios has oído su nombre, no de los

míos» (352). Apenas soltada esta declaración, el la expl ica que lo hizo

todo para luchar cont ra ese amor, al creer, expl ica, que su vi r tud lo

conseguiría. Pero ha descubierto, como M edea, que no sirve de nada

i i . 209 -211, 215 y ss. (t rad. M . Delcourt ) .

Page 120: tragedia griega Jacqueline de Romilly

I2Ó L a t r a g ed ia g r ieg a

querer: «Sabemos y comprendemos lo que está bien», dice en el ver ­

so 380, «pero no lo ponemos en práct ica...».

L a venganza de Fedra hacia quien le ha supuesto tantas penas y

cuyo desprecio conoce ahora (desprecio que parte de un corazón de­

masiado puro, totalmente cerrado al amor, a di ferencia de lo que

im aginó Racine) está a la altura de esta m ism a pasión. D ecide m or ir ,

pero quiere que ot ro también m uera con el la: «para que aprenda a

no enorgul lecerse con m i desgracia» (729).

En efecto, de form a general, las pasiones conl levan, en el teatro

de Eur ípides, todo t ipo de violencias mot ivadas por el deseo de de­

volver golpe por golpe, de hacer sufr ir porque se sufre. L a H erm io­

ne de A n d r ó m a ca , que t iene menos mot ivos que M edea para dejarse

arrebatar así por la rabia, desea sin em bargo, desde el comienzo, la

m uer te de Andróm aca y de su hi jo, y se obst ina de form a im placable

en sat isfacer ese deseo. H écuba, l levada a la desesperación, encuen­

t ra de pronto una nueva energía cuando de lo que se t rata es de t ra­

m ar y, luego, de real izar su venganza; y es una venganza at roz, por­

que mata a los hi jos de Pol im éstor y le arranca los ojos, y exulta al

haberlo logrado: «¡Golpea, no dejes nada, arroja fuera las puertas!

Que jam ás pondrás en tus pupi las la m irada bri l lante, ni verás vivos

a tus hi jos, a los que yo he m atado».12 Los cadáveres de los que están

plagados los finales de las t ragedias de Eur ípides son el precio de este

desencadenamiento de la pasión y de la venganza.

Por ot ra parte, habría que añadir que esta pasión y estas vengan­

zas no se t raducen solo en gestos de violencia, y por eso el teatro de

Eur ípides puede acum ular los horrores sin incurr ir en el m elodra­

ma. Porque estos gestos de violencia están, en prim er lugar , m ot i­

vados, y luego preparados, o bien just i ficados. Y la pasión, en Eu r í­

pides, se dist ingue también por estas confrontaciones verbales, al

m ism o t iempo ardientes y lúcidas.

Puede parecer anorm al , a pr im era vista, que un personaje sum i­

do en el dolor pueda con tanta faci l idad volverse un orador, m ul t i ­

12. 114 4 (t rad. M . Delcourt ) .

Page 121: tragedia griega Jacqueline de Romilly

E u r íp i d es o la t r a g ed ia d e la s p a sio n es 127

plicar los argumentos, br i l lar como un alumno de los retóricos, con

largas t i radas de versos r igurosamente compuestas. Sin embargo, es

lo que se ve en todas las escenas de a g ó n , o de debate polém ico. Pero,

en la práct ica, esto sorprende m uy pocas veces. Porque Eur ípides

solo emplea los medios de la retór ica para proporcionar m ayor elo­

cuencia a un personaje que desea apasionadamente convencer a otro.

Es así como H écuba, en la obra que l leva su nom bre, se lanza en tres

ocasiones a largos alegatos, pero hay que decir que, cada vez, toda su

esperanza depende del resultado que obtenga. L a prim era vez, dis­

cute con Ulises y le supl ica que dispense a su hi ja. Su alegato consta

de cerca de cincuenta versos: es apremiante, habla de just icia, luego

recuerda los derechos legít imos para requeri r lo de Ulises... ¡U n l i t i ­

gante no lo hubiera hecho m ejor ! Pero ¿cómo no iba a decir todo lo

que pudiera apoyar una causa semejante? L a pasión de los persona­

jes de Eur ípides sigue siendo una pasión ateniense, que sabe hablar.

Igualm ente, más adelante en la obra, H écuba supl ica a Agam enón

que se convierta en su vengador: la t i rada es más larga todavía que la

precedente. H écuba recurre a todos los argumentos, hasta invocar

las relaciones que l igan a Agam enón con Casandra. Pero es que el

ardor m ismo de su alegato impone mesura al ardor de su pasión y

corresponde a su deseo de sal irse con la suya. Com o dice en un pa­

roxism o de exaltación: «¡O jalá se me produjera voz en los brazos,

manos, cabel los y en la planta de los pies... ! ».13 Y cuando, finalmente,

se venga, t iene que mantener una tercera disputa: porque Agam e­

nón debe zan jar ent re ella y Pol iméstor, del que ella acaba de ven­

garse. Ahora bien, toda su rabia cont ra el que ha m atado a su hi jo la

est imula y la vuelve elocuente: ut i l iza argumentos de verosim il i tud,

refuta expl icaciones, alega y acusa con una habi l idad digna de los

sofistas, pero esta habi l idad surge espontáneamente de su viva indig­

nación. Adem ás, en caso de que se dude de que la elocuencia sea

capaz de provocar la convicción, bastará pensar en los dos debates

entre M edea y su infiel esposo: uno, en el que el la alega su causa con

13. 836-837 (t rad. M . Delcourt ) .

Page 122: tragedia griega Jacqueline de Romilly

128 L a t r a g ed ia g r i eg a

un arrebato despiadado (y Jasón cae en la cuenta, ya que com ienza

diciendo: «Debo, según parece, tener el don natural de la palabra y,

como buen t imonel de navio, plegar las velas, para escapar, m ujer , a

tu insensata locuacidad»);14 el otro, en el que, ya decidida a actuar,

emplea al cont rar io la habi l idad, la hipocresía y la ment ira. En el

pr im er caso, la habi l idad orator ia de M edea es la expresión de su

pasión; en el ot ro, está puesta al servicio del propósito que esta pasión

ha inspirado. Y se dir ía, en defin i t iva, que la pasión m ovi l iza todos

los medios del hombre.

Sin em bargo, la pintura de los sent imientos, o incluso de las pasio­

nes, no se l im ita al recuerdo de la in fluencia que pueden tener sobre

el hombre. Y uno de los mayores descubrim ientos de Eur ípides con­

siste en haber reconocido que, al ser i r racional el campo del sent i­

m iento, los hombres que se abandonan a él pueden verse somet idos

a bruscos vapuleos. A lgunos héroes t ienen clara conciencia de lo que

quieren y van hasta el ext rem o sin dudar lo, pero no todos; y, espe­

cialmente ent re las m ujeres, descubrimos que la vida inter ior puede

ser ext rañamente inestable.

Com ienza con la duda: no una duda racional, form ada por argu­

mentos cuidadosamente pesados, sino una duda hecha de turbación,

de osci laciones y de luchas.

Desde luego, M edea permanece de un ext rem o al ot ro fi rm e en

su propósito. Pero su ternura por sus hi jos choca con su deseo de

venganza y, en un post rer momento, la ret iene: la obl iga a zozobrar

de una decisión a la ot ra, a merced de impresiones muy concretas,

que la precipi tan sucesivamente hacia direcciones contrar ias. La

presencia de los hi jos, de sus manos, de sus labios, de su piel, la afec­

ta hasta el punto de darle la impresión de que no podrá l levar a cabo

su propósito: «N o podría hacerlo», y luego, el recuerdo de la si tua­

ción en que se encuentra, y de la r isa de sus enemigos, la refuerza en

14. 522 y ss. (t rad. M . Delcourt ) .

Page 123: tragedia griega Jacqueline de Romilly

E u r íp i d es o la t r a g ed ia d e las p a sio n es 129

su decisión. Cuat ro veces en el curso de su célebre monólogo, pasa de

un sent im iento a ot ro, desgarrado: «¡A y, ay! ¿por qué me m iráis con

vuest ros ojos, hi jos? ¿Por qué sonreís, como si fuese vuest ra últ ima

sonrisa? ¡A y, ay! ¿Qué voy a hacer? M i corazón desfal lece, cuando

veo la br i l lante m irada de m is hi jos...» (1040 y ss.).

Igualm ente Fedra, aunque en sordina, querr ía y no querría,

duda y se retracta: «¡A y! ¿Cóm o podrías indicarm e tú lo que yo

debo decir?» (345).

Esas almas en lucha, esas almas arrebatadas en direcciones opues­

tas, son una innovación l i t erar ia. Los héroes de H om ero dudaban a

veces, pero su duda se cal ibraba en térm inos claros e intelectuales.

Con Eurípides, al cont rar io, surgen estas luchas bruscas y mal domi­

nadas donde se pinta una alm a dividida, estas luchas cuya teoría ha­

ría Platón más tarde en el F ed r o , con el m ito de la yunta de cabal los y

el cochero que se agarra para imponer su ley al cabal lo negro.

Pero es evidente que estas fuerzas cont rar ias en el alm a no cho­

can siempre con un confl icto directo e inmediato: una puede surgir

cuando la ot ra se debil i ta, y una psicología viviente está hecha de los

cambios bruscos que corresponden a esta alternancia.

Por lo que respecta a M edea, en el momento de duda últ imo,

vemos lanzarse a la heroína, de una m anera que parece sin apela­

ción, por una vía y luego por la ot ra, pero no se t rata ahí más que de

breves tentaciones. En ot ro lado, Eur ípides ha adm it ido giros dura­

deros, en part icular en los remordim ientos. Es el pr im ero de los t rá­

gicos griegos en haber im aginado a Elect ra y a Orestes, después del

^ asesinato de su m adre, de pronto horror izados por lo que han hecho.

Con su ardor ahora apagado, exper im entan sent imientos diferentes,

y se ent regan a un i lógico lamento: «H erm ano, sí, deplorable en ex­

ceso, pero yo soy culpable. ¡Pobre de m í! M e consumí en odio contra

esta m i m adre que me parió m ujer» (E l ec t r a , 1182 y ss.). Por lo de­

más, en otra obra, es el pr im ero de los t rágicos griegos en haber ima­

ginado un Orestes atormentado, después de su cr imen, no por erinis

reales, que estarían en relación con un cast igo divino, sino por los

vanos terrores de su im aginación enferm a. Se le ve en su lecho, su­

Page 124: tragedia griega Jacqueline de Romilly

130 L a t r a g ed ia g r i eg a

fr iente, agotado, t ranspirante. T iene visiones: confunde a su herm a­

na con una de las er inis; y cuando M enelao le pregunta: «¿qué opre­

sión sufres? ¿Qué enferm edad te dest ruye?», él responde como un

hombre al que esos tormentos no le sorprenden: «La conciencia, por­

que sé que he comet ido actos horr ibles» (O r est es, 396).

A veces, en lugar de remordim ientos, solo encont ramos un brus­

co temor. Así, por ejem plo, H erm ione, en A n dr ó m aca '. pasa de la ra­

bia de m atar al espanto de ser cast igada por haber quer ido hacerlo.

O bien, se perciben las consecuencias de lo que se ha decidido, y

de pronto se vuelven a plantear la decisión: es lo que hacen, sucesiva­

mente, Agam enón y M enelao, al comienzo de I f i g en i a en Á u l i d e.

Pero esta m ism a obra cont iene ot ro ejem plo infini tamente más

célebre, en el que el cambio brusco se t raduce de form a inversa: es el

ejem plo de I figen ia, cuando pasa de la esperanza de vivi r a la acep­

tación total de la muerte. El la había supl icado a Agam enón que no

la sacri ficara: también apasionadamente deseosa de convencerlo, ha­

bía m ult ipl icado los más conmovedores argumentos, incluso había

l legado a decir que cualquier t ipo de vida era prefer ible a la muerte.

Y luego ya no di jo nada más. Ahora bien, resulta que, de pronto,

m ient ras que Aqui les y Cl i t em nest ra buscan medios desesperados

para salvar la a cualquier precio, ella interviene, con total resolución,

dispuesta a m or ir , prefir iendo m or ir , y orgul losa de que esta muerte

pueda servi r a Grecia. Eur ípides no expl ica cómo se produjo este

cambio brusco, ni bajo qué influencias, ni por qué caminos: deja que

lo adivinem os nosot ros. Pero esta brusca decisión adquiere de este

m odo m ayor rel ieve, en la m edida en que parece emanar así de un

inst into más profundo.

Ahora bien, es sabido que también en esto Eur ípides chocaba

con los hábitos de la época. Estos cambios bruscos inter iores, que

habrían de adqui r i r tanta im portancia en toda la psicología y la l i t e­

ratura m odernas (y cuyo ejem plo clásico sigue siendo el «¿Q uién te

lo ha dicho?» de la H erm ione raciniana), les parecían a los gr iegos

de los siglos v y IV a. C. una falta de lógica y de coherencia: Ar istóte­

les, en la P o ét i c a , cita precisamente el ejem plo de I f igen ia para de­

Page 125: tragedia griega Jacqueline de Romilly

E u r íp i d es o la t r a g ed ia d e la s p a sio n es

plorar que Eur ípides haya faltado al pr incipio que l lam a de «cons­

tancia» de los caracteres. Tal crít ica ayuda a cal ibrar lo que había de

audacia en la or iginal idad del poeta.

Los personajes de Eur ípides obedecen, pues, a los dist intos impulsos

de su sensibi l idad: no actúan en función de un ideal claramente de­

fin ido, sino en función de miedos y de deseos. Es lo que expl ica que,

cuando estos impulsos son bajos o egoístas, se revelen por sí mismos

bajos o egoístas. Eur ípides no pinta solo pasiones, sino caracteres, y a

m enudo estos caracteres no son en absoluto heroicos. Aquellos per­

siguen su interés de una m anera tan obst inada como otros siguen los

impulsos de su pasión. Y es asombroso ver con qué áspera ir reveren­

cia Eur ípides int rodujo en la t ragedia toda una serie de cobardes,

que se encuent ran en las l indes de lo r idículo, o bien incluso egoístas,

cuya ambición es casi sórdida.

Esto sorprende, ent re ot ras, en la más ant igua de las t ragedias

conservadas, a saber, A lcest is. En efecto, si el tema m ism o de la obra

i lust ra el noble sacri ficio de la joven muchacha que, de total acuerdo,

acepta m or i r por su m ar ido, este tema no deja un gran m argen de

nobleza para el propio mar ido, que acepta tal sacri ficio. Y, para dar

buena cuenta de la pintura del egoísmo, Eur ípides puso cuidado en

confrontar a este joven m ar ido con su anciano padre, que se niega

rotundamente a adm it ir el sacri ficio. El intercambio de reproches al

que se ent regan estos dos egoístas pertenece más al terreno de la sá­

t i ra que al de la t ragedia. Porque ninguno de los dos t iene pelos en la

lengua: «Gozas viendo la luz, ¿piensas que tu padre no goza con

ver la?», pregunta el padre, y añade: «Tú luchaste a brazo part ido,

sin pudor, por no m or ir y vives, habiendo esquivado el dest ino f i ja­

do, después de haber matado a tu esposa. ¿Y me acusas a m í de co­

bardía, tú, el m ayor de los cobardes, derrotado por una m ujer ...».15

Si añadimos a tales pasajes el hecho de que la obra incluía una esce­

15. 691 y ss. (t rad. M . Delcourt ) .

Page 126: tragedia griega Jacqueline de Romilly

!32 L a t r a g ed ia g r ieg a

na, en cuyo curso H eracles festejaba en la casa en duelo, ignorando

la reciente desgracia, se ent iende que la obra no pueda considerarse,

sin di ficultades, una verdadera t ragedia: en real idad, parece haber

ocupado el lugar norm alm ente reservado, en los certámenes, al d ra­

m a satírico. La posibi l idad de un género así m ixto es bastante carac­

teríst ico del universo de Eurípides.

Pero A lcest is no t iene — ni mucho menos— el exclusivo pr ivi le­

gio de los caracteres débiles o cobardes. El M enelao deA n d r ó m a c a ,

que, en consideración a su h i ja, está dispuesto a m atar a una m ujer

y a un niño, y luego huye, sin pensar ya en esa h i ja, ante la cólera de

un anciano, di fíci lmente puede l ibrarse de cobardía. Por ot ra parte, el

anciano Peleo, totalmente cascado por la edad, no t iene empacho en

insultar le o r idicul izarle. Sin duda, M enelao es fáci l de r idicul izar...,

pero no es fáci l ser tan insultante como lo es Peleo. Desde el comien­

zo, apost rofa al rey de Espar ta: « ¿Te cuentas tú ent re los hombres, oh

m alvadísim o e h i jo de malvados? ¿En qué te corresponde a ti contar­

te ent re los hombres? T ú que fuiste pr ivado de tu esposa por un f r i ­

gio...» (590-593). Se burla de él como m arido y se bur la de él como

guerrero. N o hay palabras lo bastante severas: «Llévate a tu h i ja. Es

más glor ioso para los mortales adqui r ir como suegro y am igo un po­

bre bueno que uno m alvado y rico. Y tú no vales nada».16 Y ante estos

insultos, M enelao intenta pr im ero abogar por la rect i tud de su causa,

y luego, al ver que no lo consigue, abdica, sin más: «Y ahora — pues

no tengo mucho t iempo l ibre— regresaré a casa» (732). Ahora bien,

en la escena siguiente, la gravedad de este abandono se pone de m a­

nifiesto por los lamentos de H erm ione: «M e abandonaste, me aban­

donaste, oh padre, sola en la costa, fal ta del remo marino. M e matará,

me matará...» (854-856).

¡Q ué hom bre vi l , este M enelao! Pero su herm ano Agam enón

apenas vale más, y su querel la al comienzo de I f i g en i a en Á u l i d e, los

16. Es la conclusión de la t i rada, en el verso 641; las di ferentes ci tas de la obra

están ext raídas de la t raducción de M . D elcour t , así como las de I f i g en i a en Á u l i d e ,

que siguen.

Page 127: tragedia griega Jacqueline de Romilly

E u r íp i d es o la t r a g ed ia d e la s p a sio n es J33

hace descender a uno y ot ro al rango de los más mediocres. En una

larga t i rada, M enelao hace un retrato caricaturesco de su hermano; lo

m uest ra sol ici tando los sufragios, haciéndose el amable con todo el

m undo porque ardía en deseos de que se le confiara el mando de la

expedición; después de lo cual, lo m uest ra dispuesto a sacri ficar a su

h i ja para conservar su puesto, y luego echándose atrás como un hom ­

bre incapaz de asum ir sus responsabi l idades. Y Agam enón, a su vez,

responde con faci l idad que esos l indos ataques proceden de un m ar i­

do burlado que no piensa en otra cosa que en sus amores: «Pero tú

deseas retener en tus brazos a tu hermosa m ujer , dejando a un lado la

razón y el honor. Perversos son los placeres de un hombre indigno. Si

yo, t ras decidir antes m al, cambié de determ inación, ¿estoy loco? Más

bien tú que, después de perder una m ala esposa, quieres recuperarla,

cuando la d ivin idad te ha concedido esa suerte» (385 y ss.). Los dos

«paladines de la venganza», como los l lam aba Esqui lo, se han con­

vert ido, cada uno a su manera, en dos cobardes.

Y no hay n inguna necesidad en pensar que Eurípides esté resen­

t ido cont ra los responsables de la guerra de Troya: ¿acaso su Jasón

no es también, en cierto modo, un cobarde cuando opone sus argu­

mentos hipócri tas a la rabia de M edea y le expl ica que debería, en

suma, estarle agradecida?

Sin duda alguna, la in fluencia de la retór ica contemporánea, que

daba a los argum entos de interés una importancia pr ivi legiada, pue­

de part icipar en estos anál isis, y la just i ficación del alegato se sust itu­

yó probablemente, en más de un caso, por un m óvi l real o por un

sent imiento verdadero. Pero Eurípides no hubiera recurr ido a tal

uso de ese t ipo de argum ento, si este no se hubiera int roducido por sí

m ismo en su visión del mundo, del m ism o modo que se int rodujo en

el sistema de pensamiento de muchos atenienses de entonces. La

época descrita por Tucíd ides no es una época de desinterés.

Igualm ente, la vena satír ica que aflora en tales pasajes no se l im i­

ta en absoluto a la mención de estos móvi les egoístas. Y la obra más

t rágica de Eurípides muest ra bien qué fuerza puede adoptar all í

m ismo donde se menos se esperaría. En B a ca n t es, en efecto, se ejerce

Page 128: tragedia griega Jacqueline de Romilly

134 L a t r a g ed ia g r ieg a

tanto a costa de Penteo, que se n iega a aceptar el culto de Dioniso,

como a costa de dos ancianos, Cadm o y Tiresias, que se ent regan a él

sin sent ido de la conveniencia y sin tener en cuenta su edad. Penteo

despl iega con complacencia su curiosidad más o menos malsana y su

obst inación de entendim iento l im itado, y una escena lo m uest ra dis­

frazado de m ujer , em briagado y r idicul izado por los cuidados del

dios. En cuanto a Cadm o y a Ti resias, el cont raste, fuertemente m ar ­

cado, ent re las danzas a las que pretenden ent regarse (en nombre,

para colmo, de la prudencia) y la vejez que les hace t itubear, da de

el los una im agen igualm ente risible. El dios se bur la de Penteo, y

Penteo se bur la de los dos ancianos. El r idículo, en Eur ípides, se

vuelve con faci l idad el lote concedido a los humanos.

En t re estas pasiones desencadenadas, estos egoísmos, estos in for tu­

nios, ¿qué queda en el m undo de Eur ípides que escape a la condena,

que siga siendo hermoso y heroico? N o gran cosa: simplemente un

puñado de figuras ideal izadas, que su gran rect i tud preserva de

cualquier componenda y que su heroísmo im pulsa a aceptar la m uer ­

te, l ibremente, cuando esta m uerte puede ser út i l .

L a t ragedia d e A lcest is, citada hace un momento por la m ediocri­

dad de alguna de sus figuras, es también donde ir radia por pr imera

vez la im agen de un sacri ficio semejante: se t rata esta vez de una jo­

ven que, por una especie de pacto inicial, se ofrece a m or ir en lugar de

su mar ido. Sus despedidas a la vida, las recomendaciones que dir ige

a su m arido para favorecer a sus hi jos, los lamentos de todos, hacen

que su gracia domine la obra. Y el contraste m ismo que se establece

ent re su generosidad y el egoísmo de los demás solo t iene como efec­

to, finalmente, engalanar la con un resplandor más intenso.

Ahora bien, este tema se vuelve a encont rar en numerosas t rage­

dias, donde se t rata de seres más jóvenes todavía y menos encuadra­

dos en la vida, y donde su aceptación se produce bajo la m irada de

espectadores.

En L o s h er a c l id a s, donde el tema general es polít ico, Eur ípides

Page 129: tragedia griega Jacqueline de Romilly

E u r íp i d es o la t r a g ed ia d e las p a sio n es*35

imaginó que, antes que cualquier ayuda hum ana, los dioses recla­

maban el sacri ficio de una vi rgen: M acaría, h i ja de H eracles, se ofre­

ce entonces a m or ir por sus hermanos: «Yo m ism a, antes de que se

me ordene, anciano, estoy dispuesta a m or ir y a presentarme para m i

degol lación».17 En una t i rada de ui jfis cuarenta versos, serena y sen­

ci l la, apela al honor, y solo añade de pasada la idea de que, sin sus

hermanos, su vida sería precaria e indigna de el la. Luego ella sale

para m or ir . Todo el episodio sucede, pues, aparte, separado del res­

to. Por lo demás, es característ ico de la invención de Eurípides: solo

está ahí porque era un tema prefer ido por el poeta.

Lo volvemos a encont rar en H éc u b a , donde Pol íxena acepta asi­

m ism o ser sacri ficada. El la también pronuncia una larga t irada,

igualmente serena y sencil la, donde expresa la im posibi l idad para

el la de vivi r la vida sin nobleza a la cual está en adelante condenada.

Y también habla de l ibertad. Por ot ro lado, el tema ha adquir ido

más am pl i tud, ya que, esta vez, tenemos un m aravi l loso relato de la

m uerte de Pol íxena, donde su gracia soberana se im prim e en cada

detal le. Se negó a ser forzada, tocada; se ofreció el la m isma al golpe

que había de degol lar la: «M atadme, pero dejadm e l ibre, para que

m uera l ibre, por los dioses».18

L a m ism a nobleza se da en F en i c i a s, donde se t rata, por una vez,

de un joven adolescente: M eneceo, el h i jo de Creonte. El adivino ha

pedido su m uer te y Creonte se ha negado, pero él, que lo ha oído

todo y no ha dicho nada, ha decidido en secreto darse muerte. N o

quiere una vida cuyo abandono salvaría a la patr ia: quiere obedecer

al honor. Y sin que nada lo fuerce a el lo, se va a ar rojar desde lo alto

de las m ural las, viva im agen de esa devoción por la ciudad de la que,

en la m ism a obra, Eteocles y Pol inices parecen carecer tanto.

Y luego, finalmente, está I figen ia. Porque el cambio brusco que

hace que, de pronto, acepte la m uerte no const i tuía únicamente un

at revim iento psicológico: era también un cambio aportado a la le­

17. 501-502 (t rad. M . Delcourt ) .

18. 550-551 (t rad. M . Delcourt ) .

Page 130: tragedia griega Jacqueline de Romilly

136 L a t r a g ed ia g r i eg a

yenda, de modo que se inserte en el la ese tema del sacri ficio acepta­

do: «H e reflexionado, m adre mía, y he com prendido que debo acep­

tar m or ir . Pero quiero que se me dé una m uerte glor iosa...». D e

hecho, I f igen ia quiere m or ir por Grecia; le «hace el don de su perso­

na». Y, a su vez, parte hacia la muerte, en m edio de t iernas despedi­

das, sin un solo momento de debi l idad. M ient ras que la I f igen ia de

Esqui lo, en A g a m en ó n , m or ía am ordazada y arrast rada a la fuerza,

«como una cabra», la de Eur ípides l lena con su orgul losa aceptación

todo el final de la t ragedia.

El tema es, pues, uno de los más constantes en la obra de Eu r íp i ­

des y redim e con holgura su crueldad. Pero, en un cierto sent ido,

podemos decir también que la confi rm a, ya que las únicas figuras

ideales de su obra solo conservan su bel leza gracias a una ext rem a

juventud y gracias a la muerte.

Asim ism o, incluso aparte de estas muertes aceptadas, podemos

comprobar que los héroes de Eurípides son tanto más radiantes cuan­

to más alejados están de la vida. Su H ipól i t o es la pureza m isma. N i

siquiera sabe lo que es el am or, como el de Racine. La m isma idea le

escandaliza y dice orgul losamente de Afrodi ta: «Desde lejos la salu­

do, pues soy casto» (102). D e hecho, vive en un m undo intacto y per ­

fecto, lejos de los hombres, con la naturaleza a modo de sociedad y la

diosa vi rgen, Ár tem is la Cazadora. L a corona que le l leva al comien­

zo de la obra (y que expl ica que se le haya l lam ado a este «H ipól i t o

portacorona») está «t renzada con flores de una pradera intacta, en la

cual ni el pastor t iene por digno apacentar sus rebaños, ni nunca pe­

netró el hierro; solo la abeja pr im averal recorre este prado vi rgen. La

diosa del Pudor lo cul t iva con rocío...».19 Tan t a pureza prepara al

joven a la muerte; y, gracias a Ár tem is, su m uerte tendrá la dulzura

de algunos sacri ficios voluntarios.

Solo uno de todos estos jóvenes de Eur ípides no está dest inado a

la m uerte: es Ión. Pero Ión no part icipa verdaderam ente de la vida:

como servidor del templo de Apolo en D elfos, vive en un m undo

I9· 73 Y ss· (t rad. M . Delcourt ) .

Page 131: tragedia griega Jacqueline de Romilly

E u r íp i d es o la t r a g ed ia d e la s p a sio n es*37

consagrado al dios. El comienzo de la obra lo m uest ra barr iendo el

at r io del templo, cazando pájaros, cantando la alegr ía de servi r a su

dios. El santuar io representa, pues, aquí un asilo sereno, donde los

seres hum anos solo intervendrán para int roducir en él, en eco de sus

disputas, el er ror y el asesinato.

H ipól i t o querr ía abandonarse a sus alegrías de cazador e Ión en­

t regarse a sus placeres piadosos; con una pincelada audaz, ambos ex­

presan con insistencia hasta qué punto la ambición les parece absur­

da. H ipól i t o e Ión ext raen así su gracia de esta m ism a lozanía, que los

opone a las pasiones y a las ambiciones que hacen retumbar el un iver­

so de Eur ípides.

Eur ípides conocía demasiado el corazón hum ano para no sent ir

nostalgia de un m undo más puro. Y la guerra del Peloponeso, con

sus horrores crecientes, no servía precisamente para atenuar este

sent imiento. Por eso su teatro, donde lo horr ible se expande sin con­

tención y donde lo patét ico emplea los medios más graves, está tam­

bién recorr ido por figuras ideales y t iernas, que rom pen con todo lo

demás y están como aparte. Su gracia parece pertenecer a cualquier

ámbito inaccesible donde se intuye que al poeta le hubiera gustado

refugiarse.

Esto concuerda con el hecho de que, de un lado a otro, en él se

t rasluce un deseo apremiante de evasión.

Este deseo se t raduce con frecuencia en los coros, y en el hecho

m ism o de que esos coros se refieran cada vez menos a la acción en

curso. M uchos son los coros de pesar, que cantan una fel icidad per­

dida, o bien un lugar lejano; algunos están sembrados de exclam a­

ciones, de votos imposibles, de sueños. Y a este respecto, podríamos

ci tar ese coro de F en ic i a s en que, en pleno dram a, las jóvenes m ucha­

chas se ponen a ensoñar las bel lezas de Delfos, adonde desearían ser

t ransportadas.

Pero, sobre todo, ese deseo de evasión encont ró su expresión

más fuerte en B a ca n t es. Porque lo que buscan los hombres, en el culto

de D ioniso, que es el tema de la obra, es la huida hacia otro lugar:

la fuga a la m ontaña — es decir, lejos de la ciudad, de sus proble­

Page 132: tragedia griega Jacqueline de Romilly

L a t r a g ed ia g r i eg a

mas y de sus obl igaciones— , también la huida lejos de ellos m ismos.

Y quieren perderse en un contacto recuperado con la naturaleza y el

dios, en el éxtasis. En un cuadro idíl ico, Eur ípides l legó incluso a evo­

car las m aravi l las de una naturaleza m ilagrosam ente am iga. Y en­

contró acentos subyugantes para evocar ese sueño que persiguen los

fieles del dios: «En danzas de coro a lo largo de la noche m overé

m i blanco pie celebrando las fiestas báquicas, exponiendo al aire

puro, y al rocío, m i cuel lo, en el gesto r i tual. Com o la cervat i l la que

retoza en los verdes placeres del prado, después de escapar a los te­

rrores de la cacería, lejos de la bat ida, más al lá de las redes bien tej i ­

das...» (862 y ss.).

D el m ism o modo que la guer ra del Peloponeso y sus horrores

acabaron por expulsar a Eurípides de Atenas, pues había de acabar

su vida en M acedonia, así también lo que sabía y veía del hombre

hacía que naciera en él la nostalgia de todo lo que podía permanecer

puro. Pero, si la m uerte consagra, en efecto, la pureza de algunos

héroes, cualquier otro medio de evasión o de l iberación sigue estan­

do, en últ im a instancia, prohibido. L a t ragedia B a ca n t es concluye

con un cruel despertar. Y, si los hombres se hacen daño unos a otros,

los dioses no les ofrecen refugio. A l cont rario, bastantes veces son

más apasionados y más pérfidos que los hombres m ismos.

3. LOS JUEGOS DE LA SUERTE Y LOS JUEGOS DE LOS DIOSES

Eurípides, en efecto, ya no deposita en los dioses la fe simple e ínte­

gra que, con mat ices dist intos, se encont raba tanto en Sófocles como

en Esqui lo. Es poeta fi lósofo, apasionado por las nuevas ideas, y que

debe al medio intelectual que fue el suyo el hábito de ponerlo todo

en cuest ión.

D el m ism o modo que debate a propósito de los regímenes pol í­

t icos, de la ambición o de la guerra, debate acerca de los problemas

entonces en boga — la herencia y la educación, la vida act iva o con­

templat iva, la vi r t ud o el vicio de las m ujeres— y debate también

Page 133: tragedia griega Jacqueline de Romilly

E u r íp i d es o la t r a g ed ia d e la s p a sio n esr39

acerca de los m itos y la idea que dan de los dioses. Con un ret int ín

m ordaz, subraya la inverosim il i tud de algunos relatos, y se lamenta

— antes de Platón— de que los dioses se presenten a menudo como

actuando m uy mal. Si Apolo se comportó como un seductor, lo ataca

y cr i t ica como tal en I ó n , como lo sería un joven egoísta y fr ívolo: él,

que «con el pelo br i l lante de oro» vino a violar a una joven, no es

más que un «m alvado amante» (913), y su víct im a le gr i ta m uy alto

que Délos lo odia. Si el m ismo Apolo ordenó a Orestes m atar a Cl i-

temnest ra, actuó mal y se lo dice; al final á t \ a E l ec t r a , el divino Cás-

tor no duda en sostenerlo: «Y Febo, con ser sabio, no te ha aconseja­

do sabiamente con su oráculo».20 Y en ot ro lado se dice sin ambages

que todos estos relatos t radicionales no son más que vulgares leyen­

das: «Esto nada t iene que ver con m is males presentes, pero yo no

creo que los dioses deseen uniones que no están perm it idas, y nunca

he creído n i nadie me convencerá jam ás de que han encadenado sus

manos ni de que uno es soberano de otro. Pues un dios, si de verdad

existe un dios, no t iene necesidad de nada. Esto son lamentables his­

torias de los aedos»: así se expresa H eracles, en los versos 1341-1346

de la obra que l leva su nombre.

Sin em bargo, hay ahí más de audacia agi tadora que de ir rel i ­

gión. Y esta m ism a audacia pone de manifiesto sobre todo la aspira­

ción a una rel igión que sería más pura y menos pr im it iva. Desde

luego, la t radición nos ha legado tal o cual declaración del iberada­

mente atea que Eurípides había, no sin bravuconería, puesto en la

boca de algún personaje — por ejemplo, su Belerofonte— ,21 pero, en

general, lo que Eur ípides ataca son sobre todo los «viejos cuentos»,

como dice: sus ataques no cont radicen de n inguna m anera una

creencia en los dioses, que simplemente ha teñido con una colora­

ción más moderna.

20. 1245 (t rad. M . Delcourt ) .

21. B el er o f o n t e, frag. 286: «Se dice que hay dioses en el cielo: no los hay, no

los hay, a m enos que, en nuest ra estupidez, queram os l im it arnos a los viejos cuen­

tos». Sin em bargo, incluso en este pasaje, es posible que el personaje haya negado

la existencia m ater ial de los dioses, no su existencia espir i tual.

Page 134: tragedia griega Jacqueline de Romilly

140 L a t r a g ed ia g r ieg a

L a coloreó, en prim er lugar , de fi losofía, al hablar del éter, al

l lam ar a Zeus el soporte de la t ierra. L a coloreó de m oral idad, cuan­

do inventó, en la H elen a , el personaje de Teónoe, la sacerdot isa que

declara que su corazón es un «magno santuario de la Just icia» (1002).

T uvo dudas: adm it ió un Zeus m isterioso, un Zeus «quien quiera

que tú seas» o «quien quiera que sea».22 Pero, sobre todo, como

hombre siempre m ovido por una sensibi l idad m uy viva, coloreó esta

creencia con una especie de m ist icismo bastante individual: la ternu­

ra que l iga a H ipól i t o con la diosa Ár tem is t iene algo de más desga­

rrador y más inefable que la vieja cam arader ía que, en la O d isea , l i ­

gaba a Ulises y Atenea:23 cuando H ipól i t o está a punto de m or ir , la

dulzura del per fum e que flota en el aire lo advier te de la presencia

de la diosa, y esta se lamenta de que le estén vedadas las lágrim as

para l lorar a ese de quien ella se dice fiel am iga. Su presencia expan­

de sobre la m uerte de H ipól i t o y sobre el final de la obra un gran

sosiego. Ahora bien, encont ramos parte de este sent imiento en la

piedad dichosa de Ión. Encont ram os más todavía en la pura Teónoe

de la H elen a . Y, aunque el resultado de semejante act itud sea f inal ­

mente contestable, podemos recordar también con qué fervor y qué

sent ido del m ister io Eur ípides, al f inal de su vida, evocó los ritos

orgiást icos del culto de D ioniso en B a ca n t es. Ah í se confunden en un

m ism o ardor su gusto por la evasión y su sent ido, totalmente inm e­

diato, de una rel igión que respondería a una necesidad del corazón:

« ¡Oh, fel iz aquel que, dichoso conocedor de los mister ios de los dio­

ses, sant i fica su vida y se hace en su alm a compañero del t íaso del

dios...!» (72 y ss.).24

El racional ismo crít ico de Eur ípides se alia, pues, con impulsos

de fervor real, y la rel igión del poeta parece, al igual que los móvi les

22. Véase H er a c l es, 1263, y M el a n i p o f i l ó so f o , frag. 480: la frase esconde una

vieja precaución piadosa, pero su ut i l ización, en Eur íp ides, am pl ía su sent ido.

23. En el Á y a x de Sófocles, esta vieja cam arader ía se m at izaba con un respe­

to acrecentado: se había abier to una distancia ent re los dos.

24. Véase Festugière, «La sign i f icat ion rel igieuse de la “ parados” des Bac­

chantes», E r a n o s, 1956, págs. 72-86.

Page 135: tragedia griega Jacqueline de Romilly

E u r íp i d es o la t r a g ed ia d e la s p a sio n es 141

de sus personajes, haberse inter ior izado y arraigado en el secreto de

la sensibi l idad.

Pero esfca inter ior ización m isma arrast ra una consecuencia: que

los dioses no podrían ya ser para él los responsables siempre presen­

tes de lo que sucede en el mundo.

N i M ed ea , ni L o s h er a c l id a s, ni A n d r ó m a ca , ni H écu b a , ni Su p l i ca n ­

t es, ni H el en a , ni F en i c i a s, acusan a n ingún dios. L a acción sigue su

curso: sigue, de hecho, el curso de las pasiones que la determinan. Y la

desgracia de los hombres no t iene aquí ot ra causa. Asim ism o, en m u­

chas obras, vemos la intervención de un dios, pero que, la m ayoría de

las veces, no hace ot ra cosa que poner fin a los infortunios a los que se

arrojan los hombres. H eracles salva a Alcest is, que responde así al de­

bate que se había abierto, al comienzo de la obra, ent re Apolo y la

M uerte, pero lo que cuenta, en la obra, es el sacri ficio de Alcest is. Tet is

aparece al final d& A n dr ó m aca·. solo viene a consolar al anciano Peleo,

cuyo hi jo ha sucumbido a las int r igas de una fam il ia celosa. Los Dios-

euros aparecen al final de E l ec t r a , para apaciguar y poner orden. Ate­

nea aparece al final de I f i g en i a en t r e los t a m o s, con la m ism a función.

Todas estas apariciones divinas, más o menos insignificantes, solo sir­

ven para poner un fáci l término a los dramas humanos. N o aportan ni

m ayor significación ni m ayor majestad. Y se t iene un poco la im pre­

sión de que todo, hasta el final, se ha l levado a cabo sin los dioses.

Y sin em bargo, el hombre no es evidentemente dueño de su pro­

pio dest ino. En n inguna ot ra parte tanto como en el teatro de Eu r í­

pides, lo vemos tambalearse a merced de los acontecimientos que lo

sorprenden. Y esta impresión es la que da lugar al t riste est ribi l lo

que sirve como conclusión a varias de sus obras: «M uchas son las

form as de lo divino y muchas cosas inesperadamente concluyen los

dioses. Lo esperado no se cumple y de lo inesperado un dios halló

sal ida. Así se ha resuelto esta t ragedia».25 Ah í se nom bra a los dioses,

pero m anifiestamente no hacen ot ra cosa que prestar su nombre a las

fluctuaciones de un dest ino que ya no t iene sent ido.

25. Son los versos finales de A l cest i s, M ed ea , A n d r ó m a c a y H el en a .

Page 136: tragedia griega Jacqueline de Romilly

142 L a t r a g ed ia g r i eg a

D e hecho, el teatro de Eurípides vive al r i tm o de la sorpresa.

L a histor ia del género t rágico m uest ra suficientemente el par t i ­

do que Eur ípides supo sacar de estas sorpresas en lo relat ivo a los

efectos dramát icos, sobre todo en la segunda parte de su carrera l i t e­

rar ia, pero es evidente que, desde el punto de vista de la inspiración,

estos confl ictos ent re el er ror y la revelación, el malentendido y el

lance im previsto, apenas producen el sent imiento de que el devenir

tenga un sent ido. Las obras novelescas, con todos sus embrol los, aca­

ban siendo un juego en el que los personajes representan el papel de

marionetas.

Podemos comprobarlo a part i r de estas tres t ragedias, que, a de­

cir verdad, están en los l ím ites del género y se sitúan las tres ent re

418 y 412 a. C.: I ó n , I f i g en i a en t r e los t au r o s y H elen a .

En I ó n , el joven héroe de la obra es el h i jo de Apolo y de la reina

de Atenas, Creúsa. Ahora bien, Creúsa l lega a Delfos con su m arido,

que lo ignora todo y que por su parte también querría un hi jo. A po­

lo intenta hacer pasar al joven por el h i jo del rey. Creúsa, celosa, in ­

tenta matarlo. Este, salvado por los pelos, pretende a su vez m atar a

Creúsa. Y el reconocimiento ent re la m adre y el h i jo interviene en el

m ism o momento en que el asesinato va a tener lugar . Estam os ante

una perfecta comedia de int r iga. Todo el m undo vive en el error. Y

es necesaria una intervención divina i n ex t r em is para evitar el desas­

t re. H i jos perdidos y reencont rados, m aridos ignorantes, golpes recí­

procos: ya no se t rataría de una t ragedia si no se estuviera en dos

ocasiones tan cerca de la m uerte y si el sufr im iento de Creúsa, despo­

seída en su ternura materna, no m anifestara lo que tales' int r igas

pueden costar a los pobres humanos.

En H el en a , la si tuación es todavía más novelesca, ya que, en esta

ocasión, se t rata de un m arido y de una m ujer que no se at reven a

reconocerse, o no pueden. En efecto, ¿cómo podrían hacerlo? ¿Cóm o

iban a im aginar que, según una idea que Eur ípides habría adoptado

del poeta Estesícoro, H elena no hubiera estado nunca en T roya y

que los dioses hubieran ent regado a Par is y, luego, a M enelao una

falsa H elena, un sim ulacro que se le parecería? Víct im as de farsas de

Page 137: tragedia griega Jacqueline de Romilly

E u r íp i d es o la t r a g ed ia d e las p a sio n es x43

este t ipo, ¿c^ómo podrían orientarse los hombres? M enelao l lega bajo

un falso nom bre a la t ierra de Egipto, donde se expone a la muerte.

A l l í encuent ra a H elena en el preciso momento en que esta va a ser

obl igada a ceder ante el rey del país: su reconocimiento recibe de este

doble pel igro un patet ismo acrecentado. Y luego se salvan de Egipto

gracias una ar t imaña, como I f igen ia y Orestes, en I f i g en i a en t r e los

t au r o s, se salvar ían de Toante. Astucia y reconocimiento, engañifas

de los dioses, azares fel ices, sorpresas: las grandes pasiones de las

pr imeras t ragedias de Eur ípides dejaron paso a las fantasías im pre­

visibles del dest ino.

Si estas fantasías se t radujeran siempre en azares fel ices, saldríamos

rápidamente del ámbito t rágico. Pero no es ese el caso. El teatro de

Eurípides cont iene tantas sorpresas adversas como favorables, tantos

cambios bruscos de la si tuación hacia el mal como hacia el bien. Con

la salvedad de que los cambios bruscos hacia el mal se presentan na­

turalmente como obra de los dioses.

H abr ía incluso que evitar ese plural . Eur ípides no es un teólo­

go. Cuando dice «los dioses» es para aludi r a lo que el dest ino de

los hombres t iene de inestable y de desconcertante. Pero cuando

vemos in terveni r en su teatro una voluntad divina expresa y preci­

sa, se t rata, por regla general, de divin idades m uy individuales, que

se m ueven por las m ismas pasiones que los hombres. Se t rata, en

defin i t iva, de esos dioses de los «viejos cuentos» a los que cr i t ica a

veces tan agr iam ente, pero a los que su am argura se complace en

dar fe cuando su m aldad perm ite expl icar , los in fortunios de los

hombres.

H eracles l lega de ese modo justo a t iempo para salvar a los suyos:

aparentemente, un fel iz azar. Pero resulta que, en el momento en

que todo parece arreglarse, dos espantosas divin idades aparecen por

encima del palacio, I r is y L isa, la Rabia: el las son las enviadas de la

diosa H era y sirven a sus celos. Porque H era está celosa, no en el

sent ido en que se puede hablar, a propósito de Esqui lo o de H eródo-

Page 138: tragedia griega Jacqueline de Romilly

ï 44 L a t r a g ed ia g r i eg a

to, de los celos divinos, que im piden que un simple mortal se eleve

dem asiado alto, sino celosa como una m ujer engañada, como H er ­

m ione o M edea. Y de nuevo temblamos de m iedo: «¡O h! ¡Eh ! ¿Es

que vamos a caer, ancianos, en un nuevo ataque de terror? ¿Qué

aparición veo sobre el palacio?» (815-817). H eracles, cegado por es­

tos dos enviados de H era, enloquece repent inamente y mata salvaje­

mente a los hi jos que acaba de salvar. El vuelco es tan completo como

imprevisible. Y es obra de la arbit rar iedad divina.

A frodi t a, en H i p ó l i t o , dest ruye con no menos crueldad al joven

cazador que se niega a adorarla. Y Ár tem is, indignada por este «ca­

pricho», se propone dar m uerte a su vez a un ser quer ido de A frod i ­

ta. Tales venganzas, que encuent ran indefenso al hom bre,26 prepa­

ran, en el teatro de Eurípides, una venganza más horr ible todavía: la

que D ioniso, en B a ca n t es, perpet ra cont ra un hombre que también se

negaba a aceptar su culto.

D e hecho, la t ragedia B a ca n t es, al final de la vida de Eurípides,

nos em plaza ante un problema. L a obra de Eur ípides está hecha de

sorpresas, como el m undo en que se debaten sus héroes. Y esta se

encuent ra ent re las más desconcertantes.

En muchos aspectos, en efecto, la obra produce una impresión

inusitada. El coro está form ado en el la por bacantes, que cantan las

alegrías y los m ister ios del culto de Dioniso. Y cantan con tanto fer ­

vor, tanta poesía, tanto desprecio por el racional ismo est ricto de

quienes se n iegan a creer, que se t iene un poco la impresión de asist ir

a una conversión por parte de Eurípides. Y podemos preguntarnos

si, cansado de Atenas y sus sofistas, prendado a su vez por el deseo de

evasión, acaso no encont ró, una vez lejos, en este culto tan próxim o

a la naturaleza, una especie de apertura sobre un m undo más rico. El

intelectual que era Eurípides se habría hartado del intelectualismo.

26 . Podr íam os añadir que, en el I ó n , si es ciert o que una in tervención d ivina

acaba por ar reglar lo todo, t am bién lo es que todo el m al procedía de la violación

de Creúsa por Apolo y de las m ent i ras por m edio de las cuales ese dios, al querer

encont rar una solución, acaba haciendo que, en real idad, todo se est ropee.

Page 139: tragedia griega Jacqueline de Romilly

E u r íp i d es o la t r a g ed ia d e las p a sio n es *45

Y es un hecho que este culto, que se celebra lejos de las ciudades,

mant iene bastante correspondencia con la crisis m ism a de la ciudad.

En este caso, esta huida hacia ot ra cosa, que acompaña a la part ida

del poeta hacia el ext ranjero, podría perfectamente representar la

últ im a iniciat iva espir i tual de este pensamiento siempre abierto a to­

das las influencias.

Adem ás, esta in iciat iva sería, en cierto m odo, como un redescu­

brimiento. Porque la t ragedia B a ca n t es, donde se describe, en su ine­

vi table desarrol lo, la venganza ejercida por un dios sobre un hombre

demasiado confiado en sus recursos como hombre, se asemeja un

tanto a un viejo esquema, ya que la acción es por completo en el la el

reflejo de un propósito divino.

Y sin em bargo, ni estos sent imientos más o menos míst icos, ni

esta concepción de un dios que cast iga una falta, no dan cuenta del

conjunto de la obra. A l cont rar io, su presencia pone de manifiesto la

especie de desfase un tanto chirr iante que Eurípides int roduce en un

tema en apar iencia tan piadoso.

El dios, en pr im er lugar , engaña con dem asiada faci l idad a su

gente. Y las i lusiones ent re las que se debaten tan a m enudo los per­

sonajes de Eurípides se remiten aquí claramente a la i ronía de un

dios descontento por no ser reconocido. Este m ism o dios comienza

la obra bajo una falsa ident idad, que conservará hasta el final: se

hace pasar por un sacerdote l idio y únicamente el espectador conoce

el secreto. ¡Por eso hay que ver cómo se bur la de Penteo! Se ríe de él

con las palabras, mult ipl ica los términos de doble sent ido e irradia

super ior idad ante la ignorancia del otro. Y cuando Penteo lo hace

detener, apresar, cambia simplemente de form a. Este i lusionista se

convierte entonces en toro. Y, m ient ras que el hombre se agota en

querer at rapar con lazos al toro, el dios lo observa con una divert ida

ironía: «Yo estaba al l í sentado a su lado y le m iraba sereno» (623).

Penteo salta después cont ra un fantasma y, creyendo alcanzar a su

enemigo, únicamente daba estocadas «al aire br i l lante». Se fat iga en

vano cont ra un ser al que no puede alcanzar. Todos los errores, to­

das las i lusiones, todas las falsas ident idades de que está l leno el tea­

Page 140: tragedia griega Jacqueline de Romilly

146 L a t r a g ed ia g r i eg a

t ro de Eur ípides encuent ran, pues, aquí su apogeo en la in terpreta­

ción del iberada de un dios host i l .

Pero este dios no se complace menos en los reveses del dest ino.

Sin duda, dispensa para sus fieles la fel icidad y los m ilagros. Pero la

más exaltada de sus fieles, la más loca, la más confiada — la reina

Ágave— , conocerá el peor de los despertares. Y el dios cast iga al in ­

fiel , pero burlándose prim ero tan agr iamente de él y dándole a con­

t inuación una muerte tan espantosa que este cast igo adquiere el aire

de una persecución, al m ism o t iempo fáci l y descomedida.

Penteo parte con D ioniso, que le ha prom et ido perm it i r le ver

los secretos de las bacantes. D ioniso lo ha embaucado, disfrazado,

em briagado y cegado. Y cuando Penteo se va, así r idicul izado, D io­

niso exulta: «¡Trem endo eres, t rem endo, y a t remendas exper ien­

cias vas; de modo que alcanzarás una glor ia que subirá hasta el cie­

lo! ¡Ext iende, Ágave, tus brazos!...» (971 y ss.). Ahora bien, en la

escena siguiente, un largo relato cuenta cómo Penteo, descubierto,

es despedazado por las bacantes, y, m ás que por las ot ras, por su

m adre, Ágave. Con eso podría ser suficiente, porque ya es bastante

horr ible. Pero no: Ágave regresa l levando la cabeza de su h i jo y

t r iunfante por el éxito de su cacería. Tam bién ella vive en la i lusión:

cree l levar la cabeza de un buey o de una fiera, no lo sabe, del ira.

¿Cóm o negar que este del ir io haya producido una escena ext raña­

mente espectacular? Pero este del ir io, y el despertar que le sigue,

son precisamente demasiado atroces como para no despertar an i­

m adversión hacia el dios que es su causa. Com o dice el anciano

Cadm o, aunque el cast igo fuera merecido, es no obstante excesivo.

Es demasiado. Y eso inspira hacia el dios más terror que autént ico

respeto.

Por tanto, si hay m isterio, si hay presencia de lo sagrado, la t ra­

gedia B a ca n t es solo los menciona para most rar , a f in de cuentas, al

hombre desposeído: el juego sagrado se juega a su costa y solo deja

t ras sí el duelo y la desesperación.

L a más rel igiosa de todas las t ragedias de Eur ípides proyecta así

una luz bastante sombría sobre la fi losofía del autor. Sea cual fuere

Page 141: tragedia griega Jacqueline de Romilly

E u r íp i d es o la t r a g ed ia d e las p a sio n es *47

su fe en una divin idad con la que se pudiera establecer una comuni­

cación m ental y afect iva, el desarrol lo de los acontecimientos hum a­

nos en su teatfro nunca supone que semejante divin idad los presida.

Y los dioses a los que vemos actuar, cuando no son simplemente el

símbolo de los sent imientos humanos, reproducen su arrebato con

medios acrecentados. Aum entan, pues, el campo de las m iserias hu­

manas sin aportar les por eso un sent ido.

4. INNOVACIÓN Y DECADENCIA

Por consiguiente, Eur ípides innovó en el t r iple ámbito de la ciudad,

el corazón hum ano y la fi losofía rel igiosa. Y sus innovaciones repre­

sentan ot ras tantas direcciones nuevas a las que lanza el teatro t rági­

co: teatro de actual idad, ya pacifista ya nacional ista; teatro de anál i­

sis, ya grandioso ya burgués; teatro de int r iga; m elodram a; mister io

religioso... lo probó todo, o lo dejó bien preparado.

H abr ía que añadir , por ot ra parte, que estas diferentes or ienta­

ciones, aparentem ente cont radictor ias, no se presentan en él como

sucesivas. Y si pudim os m encionar de un m odo más específico al­

gunas obras a propósito de tal o cual tema, hay algunas a las que

aquí solo dedicam os breves alusiones porque habría sido necesario

ci tar las en dem asiadas ci rcunstancias. Precisam ente por esta ra­

zón, pueden servir para sacar a la luz la var iedad y la flexibi l idad

del talento de Eur ípides. Se t rata de F en i c i a s, O r est es e I f i g en i a en

Á u l i d e.

F en i c ia s t rata, en pocas palabras, el tema de L o s siet e co n t r a T e­

bas. Pero es una obra psicológica, en la cual los dos hi jos de Edipo se

encuent ran en presencia de su madre. Uno expresa sus impresiones

de exi l iado y el ot ro su ambición, y cada uno a su m anera desgarra el

corazón de su madre. Por otra parte, es una obra polít ica, que, inter­

pretada en un año de disturbios civi les, predica la reconci l iación y el

civismo. Finalm ente, es una obra de peripecias, de la que form a par­

te el sacri ficio de un joven, inesperadamente reclamado por el adivi­

Page 142: tragedia griega Jacqueline de Romilly

148 L a t r a g ed ia g r ieg a

no, y en principio rechazado por el padre, y luego l ibremente acep­

tado por el hi jo. Desde todos los puntos dé vista, por consiguiente, se

ha renovado el tema. Y si el tono carece de la elevación que tenía en

Esqui lo, el patet ismo se ha vuelto, gracias a estos diferentes cambios,

mucho más humano.

O rest es t rata ciertamente el tema de L a s eu m én id es de Esqui lo, ya

que se t rata del dest ino de Orestes tras su crimen. Pero todo se ha vuel­

to humano y fam il iar. Orestes no es perseguido por verdaderas erinias:

está enferm o y del ira. N o será juzgado por un t r ibunal que los dioses

crean expresamente para él, sino por la asamblea de la ciudad. Y t iene

que encont rar apoyos para hacer presión sobre esta asamblea: ya no el

test imonio de Apolo, sino los medios de acción de M enelao. L a obra

está plagada de debates, de t i radas donde se defienden tesis cont ra­

r ias: deberes de M enelao para con Orestes — dificul tad en la que se

encuent ra; culpabi l idad de Orestes— culpabi l idad de H elena. En el la

se m ezcla la polít ica: ¿cómo actuar sobre el pueblo? ¿Cuáles son sus

mejores elementos? Se mezcla también la acción, ya que Orestes, des­

pués de haber discut ido con M enelao y, luego, con Tindáreo, se pro­

pone nada menos que ejercer una especie de chantaje, amenazando

con m atar a H erm ione. D e las lamentaciones al m elodram a, de los

remordim ientos al chantaje, del anál isis al gran espectáculo, todo es

nuevo, bri l lante y moderno.

Finalm ente, I f i g en i a en Á u l i d e, que los escolares franceses cono­

cen algo a t ravés de la im agen depurada de Racine, no es una obra

menos variada. I figen ia, como en Racine, l lega al campamento de los

gr iegos para ser sacri ficada: supl ica, acepta y, finalmente, no es sacr i­

ficada. Pero Eur ípides aprovechó este argum ento (en el que el amor

no ocupa n ingún lugar , como tampoco lo ocupaba en el corazón de

su H ipól i t o) para in t roducir sus temas y sus audacias favor i tos. Co­

m enzó por una disputa ent re Agam enón y M enelao, en la que se in ­

serta una crít ica feroz de la ambición y una especie de caricatura po­

l ít ica. Adem ás, en el curso de esta escena, somet ió a uno y ot ro a

cambios psicológicos bruscos, que a su vez respondían al lance im ­

previsto que representa la l legada del servidor, que precede a Cl i t em -

Page 143: tragedia griega Jacqueline de Romilly

E u r íp i d es o la t r a g ed ia d e las p a sio n es 149

nest ra y a I f igen ia. Y, naturalm ente, los cambios bruscos son poca

cosa comparados con el de I f igen ia cuando acepta m or ir . Finalm en­

te, in t roduje todo un juego de peripecias: I f igen ia, ¿l legará o no l le­

gará?; ¿la m atarán o no?; esperanza, desesperación; y solo en el ult i-

m ísim o m om ento se salva m ilagrosam ente. Pero la hum anidad de

que dotó a I figen ia, a Cl i tem nest ra y al propio Agam enón vuelve, sin

em bargo, cada verso impresionante y conmovedor. L a sát ira polít ica

y los juegos de la int r iga están l igados a sufr im ientos humanos, próxi­

mos e intensos. Por ot ra parte, ese es el m ot ivo por el cual Racine,

cuyo propósito era m uy diferente, decidió inspirarse en ella.

D el m ism o modo que, en el arte de Eurípides, largos discursos

de argumentos sabiamente dialéct icos sirven para expresar emocio­

nes fuertes, asim ismo la acción, el anál isis, las ideas y las escenas pa­

tét icas se m ezclan en un todo que preside los sent imientos de quie­

nes sufren.

N o hubo una tentat iva y luego ot ra, un género y luego ot ro. Lo

más que podemos decir es que las pr imeras t ragedias de Eurípides

parecen más clásicas, más exclusivamente dominadas por una gran

f igura t rágica, como M edea, Fedra o H écuba; y que, cuanto más

avanzamos, se desarrol la una m ayor variedad y más se mult ipl ican

las innovaciones de todo t ipo.27

Pero este m ism o progreso l leva consigo, para la t ragedia, los gér­

menes de su muerte. Y, a fuerza de innovaciones, sent imos que l le­

gamos al l ím ite del género. A lgunas escenas, en que el patet ismo es

l levado lo más lejos posible a la espera de un lance im previsto, t ienen

ya un aire de m elodram a. Ot ras, en que aparecen personajes dem a­

siado mediocres, causan una im presión, si no cómica, al menos t ra­

gicómica. L a significación t rágica se difum ina en una acción en que

ya no se reconoce el designio divino y se pierde en fantasías como las

de la H elen a . Finalm ente, el género m ismo t iende a descomponerse.

L a unidad de acción apenas existe ya en L a s t r o yan as, donde una se-

27. El sent ido de esta evolución ha sido m uy bien indicado en el l ibro de

A . Rivier E ssa i su r l e t r a g i q u e d ’E u r i p i d e , Lausana, 1944.

Page 144: tragedia griega Jacqueline de Romilly

£50 L a t r a g ed ia g r i eg a

r ie de episodios sucesivos ya no se encadenan directamente unos con

otros. Y el coro, tan fundam ental en la t ragedia gr iega, pierde una

gran parte de su importancia, cuando la acción propiamente dicha se

hincha y capta todo el interés.

N o es sorprendente que los sucesores de Eur ípides, al abundar

en sus innovaciones sin poseer siempre una sensibi l idad tan r ica, ha­

yan franqueado esa l ínea ideal a la que Eurípides se había aproxim a­

do sin t raspasarla nunca. Ar istóteles se lamenta de que el coro haya

perdido pronto toda relación con la acción, y que la acción m ism a se

haya dispersado hasta el punto de que los poetas t rataron en una sola

obra toda la histor ia del saco de Troya: ese fue, dice, el único error de

Agatón.28 Destaca también el hecho de que los nuevos autores ha­

blen como retór icos,29 y es un hecho que Ast idam as, Teodecto y A fa-

reo eran todos discípulos o am igos de Isócrates. Es posible ver en el lo

una de las deformaciones de este género, que poco a poco se hinchó

con demasiadas digresiones más o menos fi losóficas.

Pero la observación de Aristóteles sugiere también una expl ica­

ción más profunda, que pondría en entredicho la evolución m ism a

de las m ental idades y de la polít ica.

Este per fum e de am argura y este deseo de evasión que t raiciona

por momentos la obra de Eur ípides se ent ienden muy bien en la at ­

m ósfera del final de la guer ra del Peloponeso. Eur ípides solo en­

cuent ra acentos verdaderam ente nuevos lejos de Atenas, en M ace­

donia. Tam bién Agatón acaba su vida en M acedonia. En Atenas,

todo se desmorona. L a pérdida del im perio acaba con la vida cívica.

Sócrates es condenado a muerte. El joven Jenofonte se va a servi r al

ext ranjero. Isócrates abrió su escuela, pero nunca habló ante la asam ­

blea del pueblo. Y Platón sueña con fundar en ot ra parte una ciudad

digna de ese nombre. L a vida de la ciudad vegeta: Demóstenes no

dejó nunca de lam entarse de el lo, recordando en vano el sent ido pa­

sado de la grandeza.

28. P o ét i c a , 18, 1456 a.

29. I b i d . , 6 ,1450 b.

Page 145: tragedia griega Jacqueline de Romilly

E u r íp i d es o la t r a g ed ia d e las p a sio n es

En semejante atmósfera, el teatro se volvía cada vez más obra de

gente let rada y se dir igía a un público de curiosos. Ahora bien, la vida

del género t rágico estaba l igada a una part icipación de todos, a una

m ani festación colect iva, a la vez nacional y religiosa. A l volverse más

refinado, el arte dramát ico cambió de tono y de sent ido. Racine im i­

taba a Eur íp ides, pero ante un públ ico escogido y l im itado, que no

exist ía en Atenas. D e hecho, la t ragedia gr iega m urió cuando se cortó

el hi lo que la unía a la ciudad.

Page 146: tragedia griega Jacqueline de Romilly

CONCLUSION

L A T RA G ED I A Y LO T RÁ GI CO

D e Esqu i lo a Sófocles y a Eur íp ides, la t ragedia gr iega se t ransfor­

mó y renovó profundam ente. L a visión del m undo cam bió; cam ­

biaron los m edios l i t erar ios, el gusto, el tono, las ideas, todo cam­

bió. Sin em bargo, la form a l i t erar ia siguió siendo la m ism a. Ahora

bien, este espír i t u most ró un carácter lo suficientem ente específico

como para que, a cont inuación, todo teatro que bebiera de la m is­

m a inspiración fuera l lam ado «t rágico», y tam bién para que cual­

quier desgracia o cualquier si t uación que ofreciera con los temas

de estas obras una cier ta analogía fueran igualm ente denom inadas

«t rágicas». El m acho cabrío que dio su nom bre a la t ragedia gr iega

acabó por invadi r , de form a bastante inesperada, el vocabular io

m ism o de la emoción...

N aturalm ente, semejante popularidad no se produce sin desvia­

ciones ni deformaciones. D el m ism o modo que, en la representación

de las t ragedias griegas, cada época o cada director teatral resalta de­

term inados aspectos en det r imento de otros (ya sea el equi l ibr io y la

armonía, ya la aspereza arcaica, ya una polít ica viva, ya una rel igión

intemporal), y del m ism o modo que también las adaptaciones de es­

tas obras presentan una m ental idad y una inspiración que var ían en

función de la época o de la m oda, así tam bién cada época y cada

orientación espir i tual se ve l levada a pr ivi legiar en la noción m isma

de t rágico tal o cual aspecto, y el reflejo de las tendencias contempo­

ráneas i lum ina esta noción con una luz o bien con ot ra di ferente. A l

reunir aquí algunos de los rasgos fundam entales que pudieron con­

fer i r al teatro t rágico griego esa significación tan excepcional, encon­

a s

Page 147: tragedia griega Jacqueline de Romilly

154C o n c lu sio n

t rarem os esos diferentes reflejos y estaremos, por tanto, en mejores

condiciones para discernir los r iesgos de error, que podrían eventual­

mente suscitar.

Y antes que nada, en los elementos de la t ragedia, podemos indi ­

car que el poder de acción de las obras gr iegas der ivaba de dos fuen­

tes de inspiración, y ambas im pl icaban un r iesgo de deformación:

son el pasado mít ico y la actual idad polít ica.

I . M ITO Y PSICOANÁLISIS

Los m itos gr iegos, en los que bebe la t ragedia, están colmados de

horror, y conciernen a los vínculos pr im arios ent re los hombres.

Ese es ciertamente el caso de los m itos de ot ras civi l izaciones,

pero resulta que aquí los mitos se han convert ido en objeto de obras

l i t erar ias, que insisten precisamente en la crueldad y en· el escándalo

de estos crímenes co n t r a n a t u r a ', de el lo se der iva que la emoción

suscitada por la t ragedia se al imente de experiencias m ejor elabora­

das que otras para conm over al ser humano en sus emociones esen­

ciales.

Dos grandes fam i l ias de héroes predominan, en efecto, en la t ra­

gedia: la de los at r idas y las de los labdácidas. Y ambas encierran en

su seno una serie de crímenes monst ruosos.

At reo y Tiestes eran hermanos. Pero había un tercero, Cr isipo,

al que se pusieron de acuerdo en matar . T ras lo cual, se enfrentaron

ent re sí: At reo mató a los hi jos de Tiestes durante un banquete. Este

recuerdo de horror pesa sobre la fam i l ia de At reo y sobre sus dos

h i jos, Agam enón y M enelao. Y es sabido que, en lo que concierne a

Agam enón, lo horr ible le persigue: Agam enón sacri fica a su hi ja,

I figen ia; más tarde, es asesinado por Cl i tem nest ra; y la propia Cl i -

temnest ra es asesinada por Orestes. Tenem os, por tanto, en el espa­

cio de dos generaciones y en el seno de un pequeño grupo fam i l iar ,

todos los crímenes más monst ruosos: se m atan ent re sí los hermanos,

los esposos, padres e hi jos, se ponen así en entredicho las relaciones

Page 148: tragedia griega Jacqueline de Romilly

C o n c lu sio n*55

fam il iares más elementales. Podemos decir que no se pueden elegir

m ejor los crímenes pbra espantar y escandalizar . Ahora bien, la fa­

m il ia de los at r idas ocupa tres t ragedias de Esqui lo, de las siete que

conservamos, una de Sófocles ( E lec t r a ) y cuat ro de Eur ípides (O r es-

t es, E l ec t r a , I f i g en i a en A u l i d e e I f i g en i a en t r e los t au r o s) .

L a fam i l ia de los labdácidas no sale m ejor parada, al cont rario.

L a juventud de Layo, el padre de Edipo, está m arcada por asesinatos,

a los que se dedicaron t ragedias actualmente perdidas, como l a A n t ío -

p e, de Eurípides. Cuando se convirt ió en rey, fue amenazado con ser

asesinado por su hi jo. Y al nacer este hi jo, pretendió hacerlo desapa­

recer, aunque en vano: como consecuencia de una serie de errores

quer idos por el dest ino, Edipo mata a su padre, se casa con su propia

m adre y engendra h i jos que son, en cierto m odo, sus herm anos.

Com o le hace decir Sófocles: « ¡Yo que he resultado nacido de los que

no debía, teniendo relaciones con los que no podía y habiendo dado

muerte a quienes no tenía que hacerlo ! » ( Ed ip o r ey , 1185). Este perso­

naje dest inado a lo monstruoso ent ra en confl icto, pues, con todas las

relaciones norm ales en el inter ior dé una fam i l ia, y, ante el mundo

que se le revela, prefiere rechazarlo todo arrancándose los ojos. Pero

este gesto no pone térm ino en absoluto a los males de su raza. Toda­

vía debe m aldecir a sus hi jos, que acaban por m atarse uno al otro:

E d i p o en C o lo n o , de Sófocles; L o s siet e co n t r a T eb a s, de Esqui lo; las

F en i c i a s, de Eur ípides, son t res obras consagradas a este monstruoso

enfrentamiento.

Ahora bien, lo que es cierto de estas dos fam il ias lo es de todas las

si tuaciones mít icas en las que bebe la t ragedia gr iega. Las heroínas

de L a s su p l i ca n t es, de Esqui lo, matan cada una a su joven m ar ido por

horror hacia el vínculo del m at r im onio (este cr im en no aparece en la

obra que se conserva, pero pesa evidentemente sobre el la en cierto

modo). L a D eyan ira de Sófocles m ata, sin quererlo, a su amado m a­

r ido, H eracles, y se hace m aldecir por su propio hi jo. El H eracles de

Eur ípides mata a sus hi jos en estado de ext ravío, del m ismo modo

que la Ágave del m ism o Eurípides m ata a su h i jo en un momento de

locura dionisíaca; siempre en Eurípides, Teseo envía por error a su

Page 149: tragedia griega Jacqueline de Romilly

156 C o n c lu sio n

hi jo H ipól i t o a la muerte y M edea mata a sus hi jos voluntariamente,

bajo el efecto de la pasión, y todo eso sin hablar de todas las t ragedias

donde asesinatos igualm ente monstruosos se evitan por los pelos,

gracias a un reconocimiento de últ im o m inuto.

Todos estos horrores son casos l ím ite. Pero proporcionan a las

desgracias l levadas a la escena una dimensión más turbadora. Y sin

duda, a su m anera un tanto fr ía, Ar istóteles era más o menos cons­

ciente de el lo cuando recomendaba a los autores t rágicos los temas

en los cuales «los sucesos t rágicos ocurren ent re personajes que son

amigos, por ejem plo un herm ano que mata a un herm ano o que está

a punto de m atarlo o comete cont ra él cualquier ot ra in iquidad de

este est i lo, un h i jo que obra así con su padre, una m adre con su hi jo

o un h i jo con su madre» ( Po ét i ca , 1453 b).

Y sin ent rar aquí en el problem a de la «purga de las pasiones»,

de la que habla el propio Aristóteles, podemos al menos pensar que

esta catarsis era tanto más efect iva en la medida en que estas emocio­

nes se relacionaban, en este caso, con sucesos que pertenecían a la

im aginación pero que resultaban especialmente impactantes y ex­

cepcionales.

Sea como sea, es fáci l de entender la repercusión que puede tener

en lo m ás profundo de la sensibi l idad hum ana la evocación de tales

desgracias o de tales emociones. Y la t ragedia gr iega ext rae de el lo

una fuerza totalmente única. En concreto, se dist ingue por el lo de

nuest ra t ragedia clásica, más reservada y más púdica, que siempre se

apartó más o menos de las leyendas más brutales, o cuya aspereza

difum inó con retoques de detal le.1

Pero, si es así, se ent iende también que esta m ism a aspereza haya

i . A este respecto, observarem os que el tem a de Ed ipo, tan de m oda en la

época m oderna, apenas si rvió de inspi ración en el siglo xvn . Por ot ra par te, en

una t ragedia com o A n d r ó m a c a , la heroína racin iana t iene efect ivam ente un hi jo,

pero ya no es el de Pyr rhus, y las razones por las que pel igra su vida son de orden

puram ente pol ít ico: la desnudez del confl icto ent re las dos m ujeres se ha d isim u­

lado. Igualm ente, H ipól i t o, en Racine, ya no encarna la cast idad. Los mat ices de

los sent im ientos sust i tuyeron a problem as m ás fundam entales.

Page 150: tragedia griega Jacqueline de Romilly

C o n c lu sio n 157

invi tado al psicoanálisis a reconocer en estas si tuaciones tan directas

y en estas emociones tan fundamentales un bien que le pertenecía.

Sabemos la im portancia que, desde Freud, adquir ió lo que él l lamó

el com plejo de Edipo. Y parece ser que Freud pensaba que, en el

éxito l i t erar io de E d i p o r ey , tenía m ucha in fluencia la constancia mis­

m a de las tendencias que dan lugar a este complejo.

Pero de ese modo se estaba abriendo la puerta a un determinado

t ipo de interpretación l i t erar ia que, ent re las mentes más o menos

inform adas por la doct r ina freudiana, y a veces poco fam il iar izadas

con las obras gr iegas en general, corría el r iesgo de desembocar en

un malentendido.

Y lo corría tanto más cuanto que la sobriedad de las expl icacio­

nes psicológicas que proporciona la t ragedia, sobre todo en sus co­

m ienzos, dejaba el campo bastante l ibre a la interpretación, aun

cuando los silencios t rágicos pueden abarcar muchas cosas.

Si se t rata de descubrir lo que puede significar una obra por de­

bajo de la intención de su autor, las t ragedias griegas pueden segura­

mente aportar una demostración tanto o más val iosa que otras. Pero

no es necesario que el silencio de los autores semeje una form a de

aquiescencia y parezca abarcar sent idos que habrían más o menos

percibido. L a t ragedia, en efecto, no es el mito. Es obra de los poetas,

que, del iberadamente, t raspusieron el m ito para inyectarle un sent i­

do propio. Y lo hicieron en función de algunos esquemas y algunos

intereses, que no eran de orden psicológico. Por eso, lo que la psico­

logía m oderna corre el r iesgo de leer en sus obras está con frecuencia

más alejado de la mental idad que las animaba de lo que sucedería

con obras más modernas. Y es como m ín im o justo tener siempre en

cuenta esta diferencia.

Está fuera de duda que el Edipo concebido por Sófocles no mata

a su padre ni se casa con su m adre más que por una cruel equivoca­

ción, y que no lo desea en absoluto. Adem ás, no t iene, incluso en la

leyenda, n ingún recuerdo de su pequeña infancia, no conoce a sus

padres ni los ha visto nunca y lo ignora todo. Fue preciso que Coc­

teau inventara un Edipo m uy diferente y t iñera esa unión por error

Page 151: tragedia griega Jacqueline de Romilly

158 C o n c lu sio n

con un carácter incestuoso. D e la m ism a m anera que la Cl i t em nest ra

concebida por Esqui lo, por Sófocles y por Eur ípides actúa por razo­

nes que no t ienen nada que ver con el odio ínt imo que puede dest ilar

una pareja. Y fue preciso que Gi raudoux le at r ibuyera esta host i l i ­

dad, que habría nacido a part i r del pr im er momento, cont ra su espo­

so en tanto que tal.

Aun cuando el tema de la obra gr iega dependiera del m odo más

directo posible de los problemas que se plantea la psicología m oder­

na y de los temas que le son afines, da la impresión, de hecho, de que

los intérpretes se ven l levados necesariamente, para form ular su con­

tenido, a superar las intenciones del autor del siglo v a. C. Es cierto

que H ipól i t o está demasiado apasionado por la cast idad y que su

muerte, en Eur ípides, muest ra hasta qué punto se equivocó al opo­

nerse tan ferozm ente a la diosa del amor. Pero si hablamos de renco­

res reprim idos o incluso si se menciona, bajo cualquiera de sus for ­

mas, la act ividad sexual y sus exigencias, el confl icto cambia de tono.

Ya no es el de un hombre y una divin idad. Y al ser presentado en

ot ro lenguaje, adquiere inm ediatamente un sent ido diferente.2 Sin

duda, estas observaciones en est ilo m oderno pueden, aquí o allá,

ar rojar una nueva luz sobre un aspecto determ inado de la t ragedia,

añadir un m at iz, una sombra, una sugerencia. Pero a part i r del m o­

mento en que se lo añade, en la lectura de un texto, se corre un gran

r iesgo de añadir demasiado.

D icho de ot ra manera, las t ragedias griegas t ratan de temas que

incum ben a emociones fundamentales en el hombre, y pueden invo­

carlas para causar con m ayor certeza un efecto en los espectadores o

en los lectores. Pero los t ratan en el sçno de una m ental idad que no

es la nuest ra. Pueden ext raer de los grandes temas mít icos una capa-

2. Incluso los detal les verdaderos corren el r iesgo, en este caso, de adqu i r i r un

rel ieve abusivo. Por ejem plo, es m uy ciert o que el an im al que m ata a H ipól i t o es

un toro (M . D elcou r t en el E u r i p i d e de la Pléiade, págs. 206-207), Pero es Poseidón

quien envía este toro, y aun eñ la suposición de que tuviera una sign i f icación sim ­

ból ica, Eu r íp ides no la indicó, n i siquiera sugi r ió, en n ingún m om ento; insist ió

m ucho m ás en el papel desem peñado por los cabal los, tan am ados por H ipól i to.

Page 152: tragedia griega Jacqueline de Romilly

C o n c lu sio n τ59

cidad m ayor para conmover, pero los han t raspuesto, modi ficado y

elaborado en función de problemas diferentes a los de la psicología

moderna.

2 . ACTUALIDAD Y COMPROMISO

Es raro que la actual idad suminist re claramente el tema de una t ra­

gedia gr iega, o, más exactamente, solo tenemos un ejem plo ent re las

t ragedia conservadas: el de L o s p er sa s, de Esqui lo.

En cambio, es poco más o menos una constante que los temas

t rágicos se t raten de tal manera que la obra, en su conjunto o bien en

algunos de sus pasajes, invi te al espectador a cotejar los con el presen­

te. El carácter nacional y colect ivo de la representación est imulaba

esta tendencia, y la importancia pr im ordial de la ciudad en la vida de

los atenienses del siglo v a. C. volvía práct icamente imposible que

sucediera de otro modo. Los atenienses, en efecto, part icipaban en la

vida públ ica mucho más de lo que nosot ros podemos im aginar . Zan ­

jaban sus asuntos por sí m ismos, eran responsables, se conocían, se

veían actuar y, en un Estado tan l im itado, los éxitos o las desventuras

públicos repercut ían inmediatamente en la vida de cada uno. Por eso

es norm al que la t ragedia gr iega haya tenido casi siempre una cierta

repercusión colect iva y nacional.

D e hecho, es ext raño que el autor se acantone en esa célula fam i­

l iar a la que se consagraba fundamentalm ente el m ito. Después de

todo, Agam enón y Edipo eran reyes, y eso pesa tanto en su dest ino

como en sus sent imientos. ¿Sería tan capaz de afectar Edipo, y ac­

tuaría incluso como lo hace, si no sint iera, a cada instante, la respon­

sabi l idad de la ciudad? L a prim era palabra que pronuncia es «H i ­

jos», pero esta palabra no remite de n inguna form a a su monstruoso

parentesco. Estos «hi jos» son supl icantes que representan al pueblo

de Tebas: «El resto del pueblo con sus ramos permanece sentado en

las plazas en act itud de súpl ica, junto a los dos templos de Palas y

junto a la ceniza profét ica de Ism eno». Si Edipo com ienza a actuar

Page 153: tragedia griega Jacqueline de Romilly

ι6 ο C o n c lu sio n

es para salvar al pueblo de Tebas de la plaga. D e un ext rem o al otro

de la obra, en nombre de la salvación de Tebas, Edipo insist i rá para

obtener la verdad. Y esta nobleza cívica vuelve su desast re más con­

movedor.

D e la m isma manera, Agam enón piensa en Argos. Pero no pen­

só en el la lo suficiente, o lo bastante bien. Y si el coro le sigue siendo

fiel , al saber que la suerte de la ciudad está l igada a la del soberano,

también sabe que los actos de Agam enón no siempre han redundado

en la dicha de sus ciudadanos. Ahora bien, «cosa grave es la voz de

unos ciudadanos que sienten rencor. El gobernante paga la deuda

cuando la maldición del pueblo se cumple» (456-458).

Esta especie de eco que refleja así la acción de los príncipes, por

el bien o el mal del país, incrementa con toda evidencia la dimensión

t rágica de sus actos. A l m ism o t iempo, invi ta naturalmente a inyec­

tar en la obra una significación también polít ica.

Agam enón, al m ism o t iempo que m arido de Cli tem nest ra, es el

rey imprudente, que emprendió la guerra por «una m ujer que lo fue

de muchos m ar idos», y también es aquel que perm it ió que la guerra

se tornase ext rem a y sacri lega: perm it ió que se incendiaran los san­

tuarios de los dioses. Por todo eso, su ejem plo es paralelo al del jo­

ven Jerjes. Y es comprensible que, en determ inados casos, esta con­

dena de los excesos de la guerra se vuelva una condena de la guerra

m ism a. En L o s p er sa s, en L o s siet e co n t r a T eb a s, en A g a m en ó n , Es­

qui lo había expresado con vigor los horrores de la guerra, del sa­

queo y de la m uerte. Eur ípides, en plena guer ra del Peloponeso,

cr it icó las desventuras de los vencidos: en A n d r ó m a ca , en H éc u b a , en

L a s t r o yan as.

Adem ás, a propósito de cualquier tema, los poetas t rágicos en­

cuent ran, si se tercia, ideas o problemas que de pronto convergen en

el presente. O r est ea concluye con comentarios acerca de la función

del Areópago y de los pel igros de la guerra civi l ; por ot ra parte, Ores-

tes le promete a Atenas la al ianza del país argivo. Todo eso estaba de

actual idad. E d i p o en C o lo n o conduce a m ost rar que el cuerpo de Ed i ­

po garant iza para siempre la protección de Atenas cont ra una inva-

Page 154: tragedia griega Jacqueline de Romilly

C o n c lu sio n ι 6 ι

(sión de los tebanos; ahora bien, cuando se escribió la obra, la cabal le­

ría beocia acababa, bajo la dirección del rey de Espar ta, de intentar

una expedición en el Át ica, precisamente por el lado de Colono.

Igualm ente, Su p l ica n t es, de Eur ípides, t rata de una prohibición de

enterrar a los muertos después de una batal la; ahora bien, cuando se

escribió la obra, los beocios acababan de negar a los atenienses el

derecho a recoger los cuerpos de los soldados muertos en Delion, en

tanto que Atenas ocupara el santuario de Delion; la protesta duró

diecisiete días y conmovió de m anera profunda a la opinión atenien­

se. En todos estos casos, por consiguiente, se aludía al m ito bajo una

form a que afectaba directamente tanto a las emociones como a los

problemas del momento.

Por tanto, es natural que se haya intentado discerni r , a t ravés de

la obra de los t res grandes t rágicos, y más concretamente a t ravés de la

de Eur ípides (cuyo teatro era, a este respecto, más l ibre), toda la serie

de alusiones, t rasposiciones, intenciones polém icas o apologét icas, ca­

paces de añadir al propio texto un eco o una dim ensión que el lector

correría el r iesgo de no advert ir . Y también es natural que el teatro

gr iego haya podido servir como ejemplo a quienes esperan de la l ite­

ratura algo diferente a un placer puram ente art íst ico y que desean

que el poeta sea también un ciudadano, compromet ido en la real idad

polít ica, que toma part ido y sirve a una causa.

D e hecho, eso es cierto: la t ragedia gr iega presentaba, a este res­

pecto, una dimensión añadida, una dimensión que no habría de co­

nocer, por ejem plo, la t ragedia francesa de la época clásica.

Sin em bargo, también aquí deben hacerse unas cuantas reservas

si se quieren evitar las confusiones.

En pr im er lugar , hay que evitar la pretensión dé hacer decir al

poeta más de lo que dice. L a caza de alusiones es pel igrosa porque

dice demasiado. Invit a al ingenio, corre el r iesgo de conceder al deta­

l le una im portancia exagerada y parece suminist rar las claves, cuan­

do la m ayoría de las veces se t rata solo de un parecido lejano, que

pudo despertar el interés del autor, sin inspirar le por eso el deseo de

dem ost rar cualquier cosa.

Page 155: tragedia griega Jacqueline de Romilly

C o n c lu sio n

Y sobre todo, t raer a colación la l i t eratura compromet ida a pro­

pósito de la t ragedia gr iega es representarse un m ovim iento aním ico

m uy di ferente al que anim aba a los poetas del siglo v a. C.

Efect ivam ente, estos poetas eran ciudadanos. Estaban com pro­

m et idos con su ciudad porque el estatuto m ism o de esta im pl icaba

una constante y profunda part icipación. Pero su obra como poetas

consist ía, la m ayor ía de las veces, en t rascender esos intereses del m o­

mento y t raducir los en intereses humanos. Es el movim iento que l le­

va a cabo Tucíd ides cuando se propone convert ir la histor ia que ha

vivido en una «adquisición para siem pre», y al el im inar de su histo­

r ia cualquier referencia de detal le a los debates coyunturales. Con

m ayor razón, lo encont ramos en las t rasposiciones t rágicas.

L a t ragedia de L o s p er sa s m arca el tono, porque esta obra de

actual idad deja de lado a los individuos, las responsabi l idades, las

culpas y los éxitos, y solo at iende a los grandes temas in tem porales,

como el cast igo de la insolencia o los hor rores de la guerra. Ah ora

bien, en general , todas las t ragedias siguieron este ejem plo. N o hay

razones, cier tam ente, para reconocer en Creonte la car icatura de

Per icles, aun cuando, en tal o cual detal le, el pensam iento de Sófo­

cles se haya abastecido de lo que veía u oía a su alrededor.3 A l con­

t rar io, precisam ente porque Creonte no es Per icles, el debate ent re

él y An t igona se convier te en un debate eterno, diáfano como un

d ibujo acabado, siem pre tan actual y siem pre tan vivi f icante: A n t i ­

gona, durante la úl t im a guer ra m undial , encarnaba la resistencia

a la opresión. Igualm ente, tampoco hay razones, desde luego, para

reconocer en los dos herm anos enem igos de las fenicias a los hom ­

bres o los part idos de 4 11 a. C.: decir que Pol in ices representa a

A lcibiades, porque como él había sido exi l iado, o que Eteocles re­

presenta al part ido ol igárquico, porque pretendía conservar el po­

der y no com part ir lo con ot ros, son interpretaciones que chocan

3. Estas com paraciones no dejan de ser in teresantes, si no se pretende darles

una sign i ficación sistemát ica. Sobre este caso en concreto, véase V . Ehrenberg,

So p h o c l es a n d P er i c l es, O xford , 1954 (texto alem án, M únich , 1956).

Page 156: tragedia griega Jacqueline de Romilly

C o n c lu sio n 163

con m il d i f icul t ades y no resisten el m enor exam en. En cambio, es

indiscut ible que, en esta obra escri ta en una época de guer ra civi l ,

Eur íp ides el igió la descripción de una lucha frat r icida, la exposi ­

ción de los sufr im ientos que siem bra y la insistente evocación del

sueño de una reconci l iación imposible. Por tanto, denunció el mal

bajo su aspecto hum ano y general ; y evocó, com o cont rapart ida, el

resplandor que i r radia el pat r iot ism o en sí m ism o. Superó el aspec­

to actual para elevarse al t ipo. Por eso su t ragedia, que se nut re de

la exper iencia contemporánea, se alzó por encim a de lo contempo­

ráneo: puede interesar a cualquiera, en cualquier época, am enaza­

da o no por una guer ra civi l . Y su Eteocles no es un ol igarca, ni

siquiera un t i rano: encarna la am bición bajo sus rasgos eternos y

adquiere un valor de símbolo hum ano; los pequeños colegiales del

siglo i i a. C. estudiaban en clase lo que Yocasta dice a propósito de

esta am bición, y Cicerón nos cuenta que a César le gustaba ci tar las

propias palabras de Eteocles. M añana, en cualquier país, estas pa­

labras podr ían cargarse con un nuevo valor de actual idad, porque

la actual idad de 4 11 a. C. se t ransform ó en una experiencia hum a­

na de orden m oral .

Por eso correr íamos un r iesgo de confusión si habláramos de l i ­

teratura com promet ida. U na l i t eratura compromet ida im plica el de­

seo de acercarse tanto como sea posible al presente, m ient ras que la

t ragedia gr iega se al imenta de él, pero se esfuerza en todo momento

por ar rancarle su secreto intemporal.

En conjunto, la t ragedia gr iega alcanza, pues, una resonancia es­

pecial en la medida en que ha mantenido un contacto permanente con

las real idades colect ivas de la vida polít ica, del m ismo modo que gana

una fuerza más vehemente por haber mantenido contacto con los m i­

tos or iginales; pero ni en un caso ni en el otro se confunde con la mate­

r ia que ambos le han suministrado. Su verdadera dimensión procede

de la interpretación hum ana que proporciona de los males así refer i­

dos. Y solo esta interpretación define verdaderamente la t ragedia.

Page 157: tragedia griega Jacqueline de Romilly

164 C o n c lu sio n

3. LO TRÁGICO Y LA FATALIDAD

D escr ibi r el asesinato de una m ujer que m ata a su m arido, o de

una m adre que mata a sus hi jos, así como m ost rar el desast re de un

hombre que descubre que es el m arido de su madre, podría dar lu­

gar a bonitos m elodram as. Para que tales situaciones se presenten

como t rágicas, se necesita un elemento añadido, una i lum inación

diferente, una significación propia. ¿Cuál es, por tanto, la i lum ina­

ción t rágica?

Se ha dicho que la i lum inación t rágica im pl ica un «dram a serio

que acomete algunos de los problemas fundam entales de la condi­

ción hum ana».4 En otros térm inos, para que esos asesinatos sean t rá­

gicos se necesita que se relacionen con causas que rebasan el caso

individual y que los vuelven necesarios en nom bre de las circunstan­

cias que se im ponen al hombre.

Cl i tem nest ra mata a Agam enón porque cualquier culpa acaba

at rayendo, tarde o temprano, la cólera de dioses justos y porque

Agam enón ha comet ido esas faltas. Edipo se casó con su m adre por­

que el hombre no es capaz, por muchos esfuerzos que haga, de evitar

un dest ino que rechaza. M edea mata a sus propios hi jos porque la

pasión hum ana l leva al hombre a dest ruir aquel lo que le es más que­

r ido. Cl i tem nest ra, Edipo y M edea son casos l ím ite y monst ruosos,

pero sus crímenes son, sin em bargo, el resultado inevitable de un

determ inado orden del mundo: a este respecto, podrían ser también

los nuest ros, e inspiran, al m ismo t iempo que la compasión por sus

víct im as, piedad hacia el los, piedad por el hombre.

Por eso es forzoso, cuando se escribe sobre la t ragedia gr iega,

abordar la exposición de la fi losofía de los autores o hablar de los

dioses y los hombres. Semejante modo de exposición no sería ade­

cuado a todas las form as de teatro. Pero ¿cómo no recurr ir a ello

cuando se t rata de la t ragedia gr iega, con ese coro que, a cada mo-

4. H . D . F. K i t t o, en L e t h éâ t r e t r a g i q u e (com pilación de ponencias reunidas

por J. Jacquot ), 1962, pág. 65.

Page 158: tragedia griega Jacqueline de Romilly

C o n c lu sio n

mento, exclama: «Ved el dest ino del hom bre», «Ved el poder de los

dioses» o «Decididamente, la condición hum ana presenta tal o cual

carácter»? L a t ragedia gr iega da siempre test imonio sobre el hom­

bre en general, y, gracia^ al coro, este test imonio se ofrece incesante­

mente a la atención de los espectadores.

Y quizá sea este rasgo, tan característ ico de la t ragedia gr iega, el

que más dificultades tuvieron en conservar las t ragedias de ot ras épo­

cas. Esto es cierto para la t ragedia lat ina, pero también para la t rage­

dia francesa. Porque, si F ed r a adquiere su dim ensión y su r iqueza

por el hecho de que representa, según una célebre frase, a una cr ist ia­

na a la que le ha falt ado la gracia, no es seguro que los H er m a n o s

en em igo s tengan la significación de L o s siet e co n t r a T eb a s. Estos hé­

roes, más preocupados por el am or o la polít ica, no podían plantearse

con faci l idad problemas tan esenciales para el hombre, y el coro ya no

estaba ahí para ayudar los a hacerlo.

Sea como fuere, esta noción de l ím ites inherentes a la condición

hum ana siempre estuvo presente en la t ragedia gr iega. Se m anifes­

taba en el la bajo form as diferentes, pero el espír i tu seguía siendo el

m ismo. Y eso es sin duda lo que expl ica que a m enudo se haya t ra­

ducido ese sent imiento hablando de fatal idad.

En cierto sent ido, eso está just i ficado. Porque es cierto que la

t ragedia gr iega no deja de designar, más allá del hom bre, unas fuer­

zas divinas o abst ractas que deciden su dest ino y lo deciden sin ape­

lación. Puede ser Zeus soberano, o los dioses, o incluso, con un bo­

nito térm ino neut ro y m isterioso, el d a im o n , o lo divino. Puede ser

también el dest ino, la M o i r a , o bien la necesidad. Y el coro no deja

de designar en cada mom ento la acción de estas fuerzas sobrehu­

manas.

En Esqui lo, se t rata la m ayoría de las veces de los dioses. Así, fue

Zeus quien provocó la caída de Troya (A g a m en ó n , 367), y es a los

dioses a quienes ir r i t an los excesos de Agam enón (461). Pero, al de­

cidir el sacri ficio de su h i ja, el propio Agam enón unció su frente «al

yugo de la ineluctable necesidad» (218), y cuando ha muer to, el coro

reconoce que es el dest ino el que ha obrado: «¡Espír i t u m al igno ( da i -

Page 159: tragedia griega Jacqueline de Romilly

C o n c lu sio n

m o n ) , que caíste sobre esta casa y sobre los dos descendientes de T án ­

talo, concediste vigor a la fuerza de idént ico temple que, procedente

de dos m ujeres, me m uerde el corazón!» (1468-1471). Tan to Cl i t em ­

nest ra como el coro repiten la palabra d a im o n en varias ocasiones en

toda la escena: el asesinato de Agam enón no concierne al m elodra­

ma, porque es obra à û d a im o n .5

L a m ism a noción se encuent ra en Sófocles. Y el dest ino, no por

estar en él menos l igado a la idea de just icia, es menos soberano. Po­

demos incluso decir que todo el tema de E d i p o r ey es el t r iunfo de un

dest ino que los dioses habían anunciado y que el hombre no ha po­

dido evitar. N o se precisan comentarios para que se presente bajo

una luz diáfana este resplandeciente t r iunfo del dest ino. Pero, en lo

poco que dicen, el coro o bien los personajes, al evocar la vida de

Edipo, hablan siempre de su «dest ino» o de su «lote». Y cuando el

coro comenta la desast rosa not icia, declara que ya no puede juzgar a

n ingún hombre fel iz, al ver el ejem plo de Edipo, el d a im o n de Edipo

(1194). Él m ismo, por ot ra parte, exclam a entonces: «¡A y, dest ino

(1da im o n ) \ ¿Adonde te has m archado?» ( 1311) .

Esto no es tan evidente en el teatro de Eurípides. O, al menos, en

él, la idea de necesidad se ha como in ter ior izado. N ingún dest ino

em puja a M edea a m atar a sus hi jos. ¡Pero tantas fuerzas pesan sobre

el la! En prim er lugar , la larga sucesión de los acontecimientos que la

han conducido al cal lejón sin salida en el que se encuent ra; y la nodr i­

za que abre la obra com ienza con un lamento característ ico: «¡O ja­

lá la nave A rgo no hubiera volado sobre las sombrías Sim plégades

hacia la t ier ra de Cólqu ide...!», porque entonces nada habría suce­

dido. Y luego está la pasión m ism a, de la que M edea se confiesa es­

clava (1078-1080). Y una vez dado el pr im er paso, la heroína se en­

cuent ra como prisionera de su propia iniciat iva: «Así que, ¡árm ate,

corazón m ío! ¿Por qué vaci lamos en real izar un cr imen terr ible pero

5. L a palabra se encuent ra, en singular , más de t reinta veces en la obra de

Esqu i lo, sin contar unos cuaren ta ejem plos en plural , con un sent ido un tanto más

personal.

Page 160: tragedia griega Jacqueline de Romilly

C o n c lu sio n 167

necesario? » (1243-1244).6 M edea for ja su propio dest ino, pero eso no

quiere decir que pueda escapar a él.

Si es cierto que, incluso en un caso de este género, la idea de ne­

cesidad planea sobre et conjunto, y que así el dest ino de M edea i lus­

t ra la debi l idad del hombre y la fragi l idad de su condición (como, de

hecho, lo asevera el coro), es comprensible que las desdichas de los

héroes t rágicos puedan revest ir una significación terrorífica para to­

dos. Y se ent iende también qué es lo que pudo provocar la m oda de

esta palabra de fatal idad.

Sin em bargo, también aquí, la palabra corre el r iesgo de desper­

tar confusiones y reclama como m ín im o algunas reservas.

Pr im eram ente, hay, en concreto en Eur ípides, t ragedias en que

nada señala a la fatal idad: el azar de los encuentros y el sobresalto de

los lances imprevistos proporcionan más bien el sent imiento de una

acción que se inventa a sí m isma, l ibremente. Incluso M edea duda;

por tanto, podría haber actuado de ot ra manera. Y ninguna fatal i ­

dad decide la toma de Troya, la venganza de H écuba o la suerte de

Andróm aca. L a fatal idad no es, pues, esencial a lo t rágico.

Adem ás, aun cuando los acontecimientos se presenten como de­

pendientes de una decisión divina, i rrevocable y soberana, sigue

siendo sim pl i f icar mucho las cosas el hablar de fatal idad. O, al me­

nos, el térm ino es im propio si sugiere que se negaría la responsabil i­

dad. Uno de los rasgos más relevantes del pensamiento gr iego es, en

efecto, la posibi l idad de expl icar cualquier acontecimiento en dos

planos a la vez y mediante dos causalidades dist intas que se combi­

nan o se superponen.

Ya presente en H om ero, esta doble causal idad existe casi siempre

en la t ragedia. L a condena de Agam enón procede de un veredicto

divino, pero su real ización pasa por una serie de voluntades hum a-

6. N o hay recuerdo de los cr ím enes pasados que no sea evocado aquí: «D u­

ras son para los m ortales las m anchas de sangre fam i l iar der ram adas sobre la

t ier ra, y dolores proporcionados a su culpa hacen caer los dioses sobre las casas de

los asesinos» (1268-1270).

Page 161: tragedia griega Jacqueline de Romilly

C o n c lu sio n

nas: así, Cl i tem nest ra es el agente del asesinato, pero actúa por rencor,

por venganza, por celos, por el efecto de un odio totalmente personal,

y se verá obl igada a responder de él. En cuanto al propio Agam enón,

solo se le condena a ser víct im a de su cr imen porque ha atentado de­

l iberadam ente cont ra las leyes divinas y humanas, tanto por el sacri­

ficio de su h i ja como por los crímenes m últ iples que supuso la toma

de T roya. Plantear, a propósito de tales acontecimientos, el proble­

m a de la l ibertad hum ana es una act i tud m uy moderna. Para un gr ie­

go ant iguo, las dos causal idades coexisten sin cont radicción. Com o

dice Esqui lo, «cuando uno m ism o es quien se apresura, recibe tam ­

bién la ayuqla de un dios» (742). N ada de lo que sucede, sucede sin la

voluntad de un dios; pero nada de lo que sucede, sucede sin que el

hombre part icipe y se com prometa en el lo: lo divino y lo hum ano se

combinan y se recubren. Eso es lo que expl ica que, en el l ím ite, poda­

mos relacionar la m uerte de H ipól i t o con el am or o con A frod i t a,

decir que H eracles sucumbe a un momento de locura o a la acción de

la rabia, enviada por H era, o incluso expl icar la m uerte de Penteo por

su negat iva a adm it ir algunas tendencias naturales o por su rechazo

a reconocer al dios Dioniso.

Desde luego, las cosas no son siempre tan sencil las, pero, en con­

junto, la fatal idad griega no disipa la responsabi l idad hum ana como

la palabra, en francés, podría suger ir .

Por ot ro lado, incluso ahí donde el dest ino parece reinar de un

modo soberano, no l leva consigo por parte del hombre ninguna abdi­

cación. D ecir que algo era quer ido por el dest ino equival ía a decir

que era simplemente. Equ ival ía a evidenciar el fracaso del hombre.

A comprobar que chocaba con un universo al que no podía dir igi r .

Pero no equivale a tomar part ido por la form a en que está regido este

universo ni renunciar a desempeñar algún papel en él. Incluso un

hombre advert ido por los oráculos, como Edipo, intenta luchar. Y,

por ot ra parte, si queda atrapado en el cal lejón sin salida de lo t rágico,

sigue siendo dueño de su propia reacción. L a t ragedia de Á y a x co­

m ienza cuando el dest ino ya hizo su obra y el héroe responde al ato­

l ladero en que se ve aprisionado mediante una muerte voluntaria.

Page 162: tragedia griega Jacqueline de Romilly

C o n c lu sio n 169

M ás que la palabra fatal idad, habría que em plear la que propo­

nía recientemente un fi lósofo y hablar de t rascendencia.7 Porque lo

que confiere a los desastres de la t ragedia gr iega esta dimensión es­

pecial sin la cual no habría t ragedia no es en absoluto el hecho de que

hayan sido, de antemano, queridos por los dioses, sino que adquie­

ren un sent ido en relación con los más grandes problemas concer­

nientes a la naturaleza humana. La t ragedia se define más por la

naturaleza de las cuest iones que plantea que por la de las respuestas

que proporciona. Y lo t rágico consiste en m edir el dest ino del hom­

bre en general en función de desgracias que son individuales, y a

m enudo excepcionales.

U na si tuación puede ser t riste, horr ible y dramát ica: en tal caso

inspira piedad para quien se encuentra en el la. Decim os que es t rá­

gica cuando real izamos una especie de apartam iento, gracias al cual

aparece como una prueba de sufr im ientos que el hombre puede te­

ner que padecer, sin solución y sin recurso.

4. LO TRÁGICO Y EL ABSURDO

L a idea de los sufr im ientos así promet idos al hom bre corre el riesgo,

sin em bargo, si no la precisamos, de dar de lo t rágico una idea inexac­

ta y de prestarse a una confusión cont rar ia a la precedente. L a prece­

dente consist ía en considerar el acontecimiento como resultado de

un orden implacable; esta tendería más bien a considerarlo como

desprovisto de orden y de sent ido. Y, en efecto, en la m edida en que

el dest ino ya no está l igado a una voluntad coherente — caso cada

vez más frecuente después de Esqui lo— , se corre el r iesgo de caer en

un pesimismo que t iende a la creencia de que nada t iene sent ido, y

estaríamos entonces m uy cerca de un cierto t ipo de m ental idad mo­

derna, que pr ivi legia el absurdo.

7. Véase H . Gouh ier , «T ragique et t ranscendance», en L e t h éâ t r e t r a g i q u e,

recopi lación de ponencias publ icada en Par is en 1962.

Page 163: tragedia griega Jacqueline de Romilly

170 C o n c lu sio n

Esta mental idad puede producir obras que no carecen de rela­

ción con la t ragedia, ya que ponen en entredicho la condición hum a­

na. N i siquiera t ienen una final idad ni un tema diferentes. Pero se

fundan en la am argura y en el desaliento. Denuncian. Desesperan.

Y por eso la di ferencia con la t ragedia se muest ra claramente. Por ­

que la t ragedia vive de la acción e im plica heroísmo.

Const ruida alrededor de un acto que hay que l levar a cabo, la t ra­

gedia implica una afirm ación del hombre. La palabra «drama» quie­

re decir acción. Porque, en la t ragedia, se lucha. Se intenta obrar bien.

Y.t odo lo que se hace, tanto para bien como para mal, se revela espe­

cialmente grávido de consecuencias. N inguna otra cosa que eso es, en

sí m ism a, tónica.

Adem ás, en la m ism a m edida en que el hombre choca con obs­

táculos frente a los que nada puede, se ve por el lo como engrandeci­

do y absuelto. El caso de los bel lacos no probaría nada. Y si se ha

hablado tan naturalm ente de fatal idad, a propósito de la t ragedia, es

en parte porque las desgracias relatadas parecen ser mucho más el

resultado de la condición hum ana que de la per fid ia m ism a de aque­

l los que son sus víct imas o sus agentes. Ya padezcan un dest ino que­

r ido por los dioses, ya paguen la culpa de sus padres, o ya paguen su

propia im prudencia, siempre existe en ellos una parte de inocencia.

E incluso cuando se nos presentan como culpables, incluso cuando

sus pasiones los arrast ran, solo lo son porque el error es el lote del

hom bre, o porque responden a sufr im ientos que son asim ismo el

lote del hombre. Se habla de un t raidor de m elodram a, pero no se

habla de un t raidor de t ragedia. Y la t ragedia no puede contener

n inguna m ezquindad.

A este respecto, podríamos ci tar dos test imonios m odernos, que,

sin coincidir en lo dem ás,8 suenan, en este caso, de un modo ext raña­

mente parecido.

Giraudoux, en E l ec t r a , escribió: «Son exitosas ent re los reyes las

experiencias que, ent re la gente hum ilde, siempre fracasan, el odio

8. U no habla de esperanza y el ot ro de fal t a de esperanza.

Page 164: tragedia griega Jacqueline de Romilly

C o n c lu sio n111

puro, la cólera pura. Se t rata siempre de la pureza. Es esto lo que es

la t ragedia, con sus incestos y sus parr icidios: pureza, es decir, en

suma, inocencia». Y Anoui lh escribió en A n t i g o n a : «En el drama,

con sus m alvados encarnizados, esa inocencia perseguida, esos ven­

gadores, esas terranovas, efcos resplandores de esperanza, se vuelve

espantoso m or ir , como un accidente. Quizá se habría podido salvar,

el buen joven quizás habría podido l legar a t iempo con los policías.

En la t ragedia, se permanece t ranqui lo. Se está ent re los suyos. En

defin i t iva, todos son inocentes».

L a t ragedia gr iega, tanto por sus intenciones como por las condi­

ciones m ismas de sus representaciones, daba la espalda al real ismo.

Representaba, proporcionándoles la significación más amplia, dest i­

nos ejem plares que azotaban a héroes fuera de lo común. Es lo que

los autores del siglo xx t ienen tendencia a expresar con la palabra

«inocencia» y que los ant iguos griegos habrían t raducido m ás bien

por «heroísmo».

Aun cuando un hombre sea abat ido por la voluntad de un dios, si

pertenece a la t ragedia, su específico modo de ser abat ido conserva la

grandeza, porque preserva la más elevada parte de honor posible.

Eteocles resulta así abat ido en Esqui lo. Pero, en toda la pr im era parte

de la obra, se había most rado como un caudi l lo piadoso, enérgico, lú­

cido, ent regado apasionadamente a su pat r ia. Y si va a luchar contra

su hermano, no hace en eso más que obedecer un decreto de los dioses,

al que su m ism a valent ía lo em puja a obedecer: Eteocles es un héroe.

Áyax también resulta abat ido en Sófocles. Pero reacciona a su desas­

tre como un hombre al que nada podría hacer capitular: solo piensa

en su honor y, con total conocimiento de causa, se da a sí m ismo m uer­

te, en la esperanza de que, en la segunda parte de la obra, sus propios

enemigos reconozcan sus derechos y su valent ía. H eracles, en Eur íp i ­

des, también es víct ima de un ext ravío de origen divino, que le l leva a

m atar a sus hijos: abat ido por el dolor, encuentra sin embargo el cora­

je para soportar la prueba. M or i r le parece cobarde: «Quiero desafiar

la tentación de la m uerte», dice. Á yax y H eracles son autént icos hé­

roes, y hay una parte de t r iunfo humano en su abatimiento.

Page 165: tragedia griega Jacqueline de Romilly

172 C o n c lu sió n

En la form a en que los héroes actúan, puede part icipar ot ro tan­

to de grandeza, aun cuando no estén en absoluto exentos de error.

Agam enón pudo, desde el punto de vista de la just icia divina, m ere­

cer su suerte. Pero es un rey noble y capaz, que l leva a cabo grandes

hazañas, que habla con comedim iento, y que cree poder estar orgu­

l loso de todo lo que hace: el lamento de sus hi jos, en este sent ido, le

hará just icia. Incluso Cli t em nest ra, la esposa culpable, es una m ujer

at revida, lúcida, superior, y su cólera es la medida de la ofensa que

padeció como madre. Por lo demás, su cólera, al ident i ficarse como

hace ella con la cólera diyina, está como engrandecida.

En la obra de Sófocles, la noción de hferoísmo todavía está más

desarrol lada. Desde luego, el héroe puede engañarse. Puede, como

pago a un momento de orgul lo, verse r idicul izado por los dioses, co­

mo Áyax. Puede, juguete de las circunstancias, ser demasiado seve­

ro y demasiado duro, como H eracles. Puede, como Edipo, estar dem a­

siado seguro de sí. Puede, como Neoptólem o, t i tubear un momento

ent re dos deberes. Pero Sófocles nunca deja al espectador bajo la im ­

presión de que sus imperfecciones disminuyen un ápice a la grandeza

de los personajes, o pueden en nada just i ficar la desdicha que los azo­

ta. Á yax, H eracles, Edipo, Neoptólem o son, como Ant igona, los por­

tavoces de un ideal de honor y las víct imas de una suerte injusta.

Podríam os pensar, en cambio, que ya no sucede lo m ism o en el

teatro de Eur ípides, porque los hombres actúan ya únicamente en

función de su ideal, y se hacen daño ent re el los, del iberadamente.

Eso sin contar que ya, en Eurípides, se incluyen a veces personajes

que se encuent ran en las l indes de lo cómico, tan mediocres parecen.

Y sin em bargo, el m undo de Eurípides ¿es, en su conjunto, m ezqu i­

no? Los caracteres m ezquinos, ¿acaso no destacan precisamente

porque los ot ros no lo son?

¿Cóm o olvidar esas figuras ideales y conmovedoras que recorren

tantas obras como para reavivar su resplandor? ¿Alcestes, la M acaría

de L o s h er a c l id a s, H ipól i t o, Andróm aca, Pol íxena en H éc u b a , Ión, el

M eneceo de F en i c i a s, I figen ia? Todos el los m ueren o están dispues­

tos a m or ir por honor, todos ellos son intachables.

Page 166: tragedia griega Jacqueline de Romilly

C o n c lu sio n 173

A sus figuras se añade el ideal encarnado por los salvadores, los

protectores, como esos reyes de Atenas, soberanos siempre al servicio

del otro, que intervienen tan generosamente justo ahí donde parece­

rían no tener qué hacer.

Y sobre todo, ¿cómo no reconocer que incluso los personajes

más compromet idos en la t ragedia, los más mezclados en la acción,

y en la acción más horr ible, conservan en el la una grandeza que

m aravi l la e in funde valor? Incluso Fedra, incluso H écuba, incluso

M edea.

Estas t res mujeres pueden servir como ejemplo. Cr im inales las

t res, no le^ einpuja al cr imen más que la presión m ism a de la desgra­

cia: pr im eram ente, solo aparecen perdidas ent re gemidos; luego, su

desdicha, bruscamente acrecentada, provoca un sobresalto de defen­

sa, de venganza. H écuba fue herida en su am or materno; Fedra y

M edea, en su honor de mujeres. Y su voluntad se afi rm a repent ina­

mente: el acto por el cual se vengan no les reporta nada más que

haber dest ruido a quien las dest ruía. Porque Fedra se venga al m orir

y M edea al cometer un cr imen que la hunde én la desesperación. La

reina de Troya, la h i ja de M inos y la nieta del Sol no t ienen nada en

el las de mezquino. A l cont rar io, sus propios crímenes se convierten

en una form a de heroísmo, y hay algo en M edea que proclama la

terr ible fuerza que puede revest ir la voluntad hum ana, ent re seres

de un cierto temple.

Así se expl ica, sin duda, ot ra observación de Aristóteles sobre los

caracteres t rágicos, que, en principio, parece ingenua y desconcer­

tante: es aquel la en que dice que el pr im er punto que hay que consi­

derar, en lo que concierne a los caracteres, es que «deben ser buenos»

( Po ét i ca , 1454 a). N o podríamos decir con m ás modest ia el resplan­

dor del heroísmo. Porque es de eso de lo que se t rata. El heroísmo,

en efecto, suscita la simpatía, portadora de compasión y de terror;

y hace que el espectáculo t rágico, que esparce así compasión y terror,

sea sin em bargo tónico, est imulante y exaltante.

Esta fe en el hom bre, que i lum ina desde dent ro todas las t rage­

dias, incluso las más sombrías, se corresponde con la mental idad

Page 167: tragedia griega Jacqueline de Romilly

174C o n c lu sio n

gr iega del siglo v a. C. H em os citado aquí, a propósito de Sófocles, el

adm irable canto de A n t i g o n a , que expresa las bel lezas de la civi l i za­

ción inventadas por el hombre: «M uchas cosas asombrosas existen y,

con todo, nada más asombroso que el hom bre...», pero habríamos

podido añadir que este elogio del progreso y de la civi l ización hum a­

na, que norm alm ente estaría de sobra en una t ragedia, se encuentra,

de hecho, en los tres grandes t rágicos griegos: Esqui lo le dedicó una

escena del Pr o m et eo en ca d en a d o , Eur ípides un largo desarrol lo de las

Su p l ica n t es. El siglo v a. C. tenía fe en el hombre.

Esto expl ica que, en todo t iempo, las desgracias representadas en

la t ragedia aparezcan ahí bajo una cierta luz que redime su hor ror o

su am argura. El ejemplo de Ant igona es su prueba resplandeciente,

porque, si contempláramos la obra de Sófocles, nadie se quedaría ja­

más en el aspecto desolador de la obra: guardaríamos más bien en el

corazón la adm iración por la heroína. Y en todos, los momentos de la

histor ia, hubo hombres que encont raron en ella est ímulo y aliento.

A sí también Giraudoux, que había sido al imentado en las let ras

gr iegas, parece haber reconocido perfectamente esta doble faz de lo

t rágico. Y podríam os dejar constancia citando las hermosas palabras

que colocó al final de su E lec t r a '. «¿Cóm o se l lam a eso, cuando des­

punta el día, como hoy, y todo está arruinado, y todo ha sido saquea­

do, y sin embargo se respira el aire, y lo hemos perdido todo, la ciu­

dad arde, los inocentes se m atan ent re sí, pero los culpables agonizan,

en un r incón del día que despunta? / Pregúntaselo al mendigo. Él lo

sabe. / Eso t iene un nombre m uy hermoso, m ujer Narsés. Eso se

l lam a la aurora».

Page 168: tragedia griega Jacqueline de Romilly

BI BL I O GRA FÍ A

La bibliografía relat iva a la tragedia griega es prácticamente infinita, y no deja de enriquecerse. Por consiguiente, debemos contentarnos con remitir

aquí a los estudios más importantes o a los más actualizados, llevando a cabo

una selección que entraña necesariamente una parte considerable de arbi­

trariedad. Además, para simplificar, no citamos aquí ningún artículo aisla­

do, por importante que sea. Para más detalles, remitimos al análisis biblio­

gráfico de A. Lesky, D ie T ragische D ich t u n g der H el len en , Got inga, 1956,

completada con los boletines del mismo autor en los A n z eig er fu r d ie A lt er -

t um swissenschaft ', para Sófocles, donde se encuentra el análisis de los trabajos

publicados de 1939 a 1959 cn L u st r u m (análisis realizado por H . Fri is Johan­sen, y aparecido en 1963).

OBRAS GENERALES

Aparte de las historias de la l iteratura griega, se pueden consultar con pro­

vecho sobre todo dos obras de análisis dedicados a la tragedia griega:

a . l e s k y , D i egr iech isch e T r agodie, Stuttgart, 1938, traducida al inglés: G r ee\

T r agedy, Londres-Nueva York, 1965, varias reediciones. [Hay trad,

cast.: H ist o r ia de la l i t er at u r a g r iega , 2 vols., Madrid, Gredos, 2009.]

μ . poHLENz, D ie gr iech isch e T r agod ie, 1 vol., 2.a ed., Got inga, 1954.

Podemos añadir las obras siguientes, relativas ya a las obras ya al género

trágico:

κ . von f r i t z , A n t i k e u n d m odern e T ragodie, Berlín, 1962 (importante reco­pilación de artículos).

J 75

Page 169: tragedia griega Jacqueline de Romilly

176 B i b l i o g r a f ía

g . d e l g r a n d e , T ragôid ia, Essen za e Gen esi del la T ragedia, Nápoles, 1952.

w . KRANZ, St asim on . U n t ersuchun gen zu Fo r m u n d Geh al t der gr iech isch en

T ragodie, Berlín, 1933. p. MASQUERAY, T h éo r ie des fo r m es ly r iqu es de la t r agédie gr ecqu e, París,

ι8 95·

a . w. p i c K A R D - c A M B R i D G E , D it h yr am b, T r agedy an d Com edy, Oxford, 1927.

— T h e dram at ic fest iva ls o f A t hens, Oxford, 1953.

(En su defecto, encontraremos un breve resumen sobre las representacio­

nes trágicas en: o. Na v a r r e , L e t h éât re grec, París, 1925. Que se comple-'

tará con estudios recientes como h . c . b a l d r y , L e t héât re t r agiqu e des

Grecs, trad, del inglés, París, Maspero, 1975, y o. t a p l i n , G r ee\ T r a ­

ged y in A ct ion , Londres, 1978.)

j . de ROMiLLY, L e t em ps dans la t r agéd ie gr ecqu e, París, Vrin, 1971.

j.-p. v e r n a n t y p. viDAL-NAQUET, M yt h e et t r agédie en Gr èce an cien n e, Paris,

Maspero, 1971. [Hay trad, cast.: M it o y t ragedia en la Gr ecia an t igu a ,

Barcelona, Paidós, 2005.]

s. s a ï d , L a fa u t e t r agiqu e, París, Maspero, 1978.

OBRAS RELATIVAS A ESQUILO

E n fr an cés:

m . CROISET, Esch y le, É t u d e su r l ’in ven t ion dr am at iqu e dan s son t h éât r e, Paris,

Les Belles-Lettres, 1928.

g . m é a u t i s , Esch y le et la t r i logie, Paris, Grasset, 1936.

j . de ROMiLLY, L a cr ain t e et l ’angoisse dans le t héât re d ’Esch y le, Paris, Les

Belles-Lettres, 1958.

E n in glés:

g . M u r r a y , A eschylu s, t he Cr eat or o f T r agedy, Oxford, 1940. [Hay trad, cast.:

Esqu i lo , Madrid, Espasa-Calpe.]

g . Th o m s o n , A esch ylu s an d A t hen s. A St u dy in t he socia l O r igins o f G r ee\

T ragedy, Oxford, 1941.

0. t a p l i n , T h e St agecr aft o f A eschylus, Oxford, 1977.

Page 170: tragedia griega Jacqueline de Romilly

B i b l i o g r a f ía 177

En a lem án :

B. Sn e l l , A isch y los u n d das H an deln im D r am a, Philologus, supplement- band, XX, I, Lepzig, 1928.

κ . Re i n h a r d t , A isch ylos ais Regisseu r u n d T h eologe, Berna, 1949, traducido al francés en Eschyle, Eu r ip id e, París, Ed. de Minuit , 1971.

H ay que añadir, por lo que respecta al estilo: j . d u m o r t i e r , L es im ages dans

la poésie d ’Esch y le, Paris, Les Belles-Lettres, 1935; y f . r . e a r p , T h e st yle o f A esch y lu s, Cambridge University Press, 1948.

OBRAS RELATIVAS A SÓFOCLES

E n fr an cés:

g . g e r m a i n , Sophocle, Paris, Le Seuil, 1969 (breve obra de introducción).

g . RONNET, Sophocle poèt e t r agiqu e (ed. E. de Boccard, 1969).

κ . Re i n h a r d t , Sophocle, trad, del texto alemán de 1933, París, Ed. de Mi­

nuit, 1971; buena trad, inglesa, Oxford, 1979. [Hay trad, cast.: Sófocles, Madrid, Gredos, 2010.]

E n in glés:

c. b o w r a , Soph oclean T r agedy, Oxford, 1944 (2.a ed., 1947).

g . m . k i r k w o o d , A St u dy o f Sophoclean D ram a, Cornell University Press, 1958 (una obra muy precisa y útil).

t . b . L. w e b s t e r , A n In t r odu ct ion to Sophocles, Oxford, 1936.

b . μ . w. K n o x , T h e h er o ic t em per . St u dies in Sophoclean T ragedy, Sather Classical Lectures, XXV , 1964 (muy sugestivo).

r . p. w i n n i n g t o n - l n g r a m , Sophocles, A n I n t erpret at ion , Cambridge, 1980.

OBRAS RELATIVAS A EURIPIDES

E n fr an cés:

p. D E C H A R M E , Eu r ip id e et l ’espr i t de son t h éât r e, Paris, 1893.

Page 171: tragedia griega Jacqueline de Romilly

178 B i b l i o g r a f ía

a. RiviER, Essai su r le t r agiqu e d ’Eu r ip id e, Lausana, 1944.

j . DUCHEMiN, L ’A gôn dans la T r agéd ie g r ecqu e, Paris, 1945.

j . d e r o m i l l y , L ’évo lu t ion du pat h ét iqu e, d ’Esch y le à Eu r ip id e, Paris, Presses

Universitaires de France, 1962, reed. Les Belles-Lettres, 1980.

F. jo u A N , Eu r ip id e et les légen des des Chan t s cypr ien s, Paris, 1966.

E n a lem án :

F . STROHM, Eu r íp ides, I n t erpret at ion en z u r dram at ischen Fo r m (Zetemata,

15), Múnich, 1957.

En i t alian o'.

V . d i b e n e d e t t o , Eu r ip id e, T eat ro e Societ à, Turin, 1971.

E n var ias lenguas·.

Eu r ip id e, recop i l ación de pon en cias y d iscu sion es, t. V I de las En t r et ien s su r

l ’A n t iqu i t é classiqu e, Fo n d at i o n H ar d t , V an d oeu vr cs-Gen ève, i960

(pon en cias de m m . d i l l e r , k a m e r b e e k , l e s k y , v . m a r t i n , r i v i e r , w i n -

n i n g t o n - i n g r a m , z u n t z ).

(En el 1.1 de las m ism as En t r et ien s f i gu r a u n a excelen t e pon en cia

de F. c h a p o u t h i e r sobre «Eu r i p i d e et l ’accuei l d u d i v in ») .

A ñ ad i r em os, sobre las r elacion es con l a po l ít i ca con t em porán ea:

e . d e l e - b e c q u e , Eu r ip id e et la gu er r e du Pélopon n èse, Par i s, 19 51; y g o o s -

s e n s , Eu r ip id e et A t hèn es, A cad . Royal e de Belg i q u e, L V , 4 ,1962; f i n al ­

m en t e, p ar a el con ocim ien t o de las t r aged ias per d id as: τ . b . l . w e b s t e r ,

T h e T ragedies o f Eu r ip id es, L o n d r es, 1967.

A est as obras d eb er ía añ ad ír seles, p ar a cu alq u ier est ud io u n poco ser io

de las ob ras, la con su l t a de las ed icion es com en t ad as d el t ext o. N o se om i ­

t i r á, en especial :

Para Esqu i lo :

E l com en t ar io al A gam en ón , por Ed . f r a e n k e l , en 3 vols., p u b l i cad o en

O x fo r d en 1950. E l com en t ar io m ás m an ejab le de la m i sm a ob r a por

d e n n i s t o n y p a g e , O xfo r d U n i ver si t y Pr ess, 1957.

Page 172: tragedia griega Jacqueline de Romilly

B i b l i o g r a f ía 179

Para Sófocles:

Las ediciones comentadas de j e b b (I vol. por obra, Cambridge University Press, hacia 1890-1900).

Los comentarios de j . c. k a m e r b e e k (I vol. por obra, el primero publicado

en 1953 y el últ imo todavía por aparecer, en Bri l l , en Leiden). La edi­ción comentada de Elect r a , por k a i b e l , Berlín, 1911.

Por otra parte, la edición comentada de Sófocles por t o u r n i e r (revisada

por d e s r o u s s e a u x y publicada en Hachette en 1886) es menos comple­ta, pero siempre útil.

Para Eu r íp id es:/

Siete tragedias de e u r í p i d e s (H ipó l i t o , M edea, H écu ba, I f igen ia en Á u l id e,

I f igen ia en t re los tauros, Elect r a, O restes), comentadas por h . w e i l , París,

Hachette, 1868.

Bacan t es, por g . d a l m e y d a , París, Hachette, 1908; por }. Roux, París, 1970; por m . L a c r o i x , París, 1976.

H er acles, por u. von w i l a m o w i t z - m o e l l e n d o r f , Berlín, 1895,2.a ed., 1909.

Orestes, por v. d i b e n e d e t t o , Florencia, 1967.H elen a, por r . k a n n i c h t , Heidelberg, 1969.

Diferentes obras editadas con comentario, Oxford University Press, prin­cipalmente :

— Bacan t es, por e. r . d o d d s (1944, 2a ed., i960) (edición ext raord inar ia) ;

— .A lcest es, p o r a . m . d a l e (1954);

— Elect r a , p o r j . d e n n i s t o n (1939);— M edea, p o r d . l . p a g e (1938);

— H elen a , p o r a . m . d a l e (1967).

Por otra parte, les añadiremos M édée, por r . f l a c e l i è r e , en la col. «Eras­

me», Presses Universitaires de France, 1970.

Fragm en t os, ín d ice:

Los fragmentos de los trágicos fueron recopilados por n a u c k en las edicio­

nes Teubner (edición completada por s n e l l ) .

Page 173: tragedia griega Jacqueline de Romilly

ι8 ο B i b l i o g r a f ía

Añadiremos dos ediciones especiales:

h . j . m e t t e , D ie Fr agm en t e der T rag. des A ischylos, Berlín, 19 5 9 .

a . c . P e a r s o n , Soph ocles’ Fr agm en t s, Cambridge, 19 17 .

Para las concordancias y el vocabulario, estaremos perfectamente pertre­

chados con:

g . I t a l i e , I n d ex A eschyleus, Leiden, Bri l l , 1955.

F . E L L E N D T , Lm'cwz Soph ocleu m , H ildesheim, Olms, 1958.

j . t . a l l e n y g . i t a l i e , A con cordan ce to Eu r ip ides, Berkeley y Londres, 1954.

a . N A U C K , T r agicae dict ion es in dex spectans ad t ragicoru m fr agm en t a (reim-

pág. Hildesheim, 1962).

Page 174: tragedia griega Jacqueline de Romilly

A N EX O S

Page 175: tragedia griega Jacqueline de Romilly

A N EX O I

CRO N O LO GÍA D E LA S D IFEREN T ES T RA GED IA S

CO N SERVAD AS

i,° Esqu i lo (525-455 a. C .)

H ist o r ia

. ( ,490. Victoria de Maratón.480. Victoria de Salamina.

461. Comienzo de la influencia

de Pericles.

T ragedias

472. L o s persas.

467. L o s siet e con t ra Tebas.

L a s su pl ican t es (después de 468, probablemente en 463).

Prom et eo en caden ado (fecha

desconocida, autenticidad

dudosa).458. O restea (A gam en ón ,

L as coéforas y L a s eum én ides).

i8 3

Page 176: tragedia griega Jacqueline de Romilly

184 A n ex o s

2.° Sófocles (49 5-40 5 a. C.)

H ist or ia

447. Co m i en zo de las obras de la

A cr óp o l i s.

4 31. Co m i en zo de l a gu er r a del

Pelopon eso.

404. F i n al de l a gu er r a del

Pelopon eso: r u i n a de'

A t en as.

T ragedias

Á yax ( fech a descon ocida) .

L a s t r aqu in ias ( fech a

descon ocida) .

442. A n t igon a.

Ed ip o rey (q u i zá h acia 420).

Elect r a .

409. Fi loct et es.

401. Ed ip o en Colon o (obra

r ep r esen t ad a al cu id ad o

de su n ieto).

Page 177: tragedia griega Jacqueline de Romilly

A n ex o s 185

3 ° E u r í p i d e s (h a c i a

H i s t o r i a

4 31. Co m i en zo de l a gu er r a del

Pelopon eso.

429. M u er t e de Per i cles.

4 15. I n i ci o de l a exped ición

a Si ci l i a.

4 11. A b o l i c i ón p r ov i si on al de la

d em ocr acia.

404. F i n al de l a gu er r a del

Pelopon eso: r u i n a de

A t en as.

4 8 0 - ¿¡0 6 / 405 a . C .)

T r a g ed i a s

438· A l c es t i s .

4 31. M ed e a .

L o s h e r a c l i d a s (en t re 430 y 427).

428. H i p ó l i t o .

A n d r ó m a c a (p robab lem en t e h acia

426-424).

H é c u b a (h acia 424).

Su p l i c a n t es (en t re 424 y 421) .

H e r a c l es (en t re 420 y 415) .

I ó n (en t re 4 18 y 414) .

4 15. L a s t r o y a n a s.

E l e c t r a , 4 13.

I f i g e n i a en t r e l o s t a u r o s (en t re 4 15 y

412) .

4 12. H e l e n a .

4 10 . F e n i c i a s ( fech a probab le) .

408. O r est es.

I f i g e n i a en A u l i d e ' , después de

la m u er t e de Eu r íp i d es.

B a c a n t es·, después de la

m u er t e d e Eu r íp i d es.

N o t a: las v id as de Sófocles y de Eu r íp i d es, al i gu al que su p r od u cción l i t e­

r ar i a, se solapan : p or eso se rep i t en los acon t ecim ien t os h ist ór i cos en el

cu ad r o p r eceden t e.

Page 178: tragedia griega Jacqueline de Romilly

A N EX O I I

A U T O R E S T R Á G I C O S D I ST I N T O S D E L O S T R E S G R A N D E S

a g a t ó n , n acid o h acia 450 a. C ., aparece en el Ban qu et e de Plat ón y las T es-

m ofor iasÁ lc A r i st ó fan es; da l a im p r esión de h aber sid o u n au t or de

m od a en los ú l t im os años d el si glo v a. C .; escr ib ió , en especial , un a

t r aged ia t i t u lad a A n t eo.

a n t i f ó n e l t r á g i c o , i m i t ad or de Eu r íp i d es; escr ib ió , en t r e ot ras ob ras, un

M eleagro . a r i s t ó n , h i jo de Sófocles.

a s t i d a m a s , au t or d el si glo i v a. C ., descen d ien t e d e Esq u i l o y qu e l ogr ó la

coron a en qu in ce ocasion es.

c a r c i n o s , au t or d el siglo i v a. C.

C 0 1R I L 0 , se est ren a en 5 2 1 a. C., au t o r de n u m er osas t r aged ias, en t re las que

se en cu en t r a Á lope.

c r i t i a s , t ío de Plat ón , fo r m ó par t e de los T r ei n t a T i r an o s en 4 0 4 a. C . Se h a

d ebat id o si los f r agm en t os de u n Pi r ít o o er an suyos o de Eu r íp i d es.

e u f o r i ó n , h i jo de Esq u i l o .

e v e ó n , h i jo de Esq u i l o .

F i L O C L E S e l j o v e n , n iet o d el an t er ior .

f i l o c l e s e l v i e j o , sobr in o de Esq u i l o .

f r í n i c o , au t o r m u y r ep u t ad o , an t er i o r a Esq u i l o ; r ep r esen t ó, en especial ,

L a t om a de M i let o , h acia 494 a. C ., y Fen icias, h acia 476 a. C.

i ó n d e q u í o s , n acid o en l a época de las gu er r as m éd icas, au t or de u n a de­

cen a de t r i l ogías.

M E L E T O , acu sad or de Sócr at es, au t o r de u n a Ed ip o d ia .

n e o f r ó n d e s i c i ó n , au t or de u n a M edea, q u e se com p ar a a l a de Eu r íp i d es,

fech as descon ocidas.

n i c ó m a c o , con t em p or án eo de Eu r íp i d es, poco con ocido.

187

Page 179: tragedia griega Jacqueline de Romilly

ι88 A n ex o s

P R A T i N A s d e F L i u N T E , f i n ales d el si glo vx-com ien zos siglo v a. C., p ar ece h a­

berse d i st i n gu id o en el d r am a sat ír i co.

q u e r e m ó n , au t or d el siglo i v a. C.

s ó f o c l e s e l j o v e n , n iet o de Sófocles.

T EO D EC T ES d e F A SE L I S, au t or d el siglo I V a. C., gan ad or en och o ocasiones.

t e s p i s , p r im er au t or t r ági co , siglo v i a. C.

y o f ó n , hijo de Sófocles.

Page 180: tragedia griega Jacqueline de Romilly

PEQ U EÑ O L ÉX I CO D E PA L A BRA S REL A T I V A S

A L A T RA G ED I A GRI EG A

ANEXO III

A gó n : escen a de Rebat e, i n sp i r ad a en los h áb i t os r et ór i cos de la época y que

est á com p u est a, gen er alm en t e, por dos l ar gas alocu cion es opuest as, se­

gu id as por u n in t er cam b io verso a verso.

C o r i feo : j efe d el coro.

Cot u rno·, zapat os al t os qu e l l evab an los act ores.

D idasca l ia : i n d i cación , d ejad a p or los an t i gu os, de las ci r cu n st an cias en las

qu e t ien e l u gar l a r ep r esen t ación de cad a ob ra.

D it i r am bo·, fo r m a l ír i ca an t i gu a de d on d e, segú n A r i st ó t eles, h ab r ía su r gi ­

d o l a t r aged ia.

E,l{kyk lem a·. p lat afo r m a rod an t e q u e p er m i t e ver u n cu ad r o de lo qu e se

supon e qu e sucede en el i n t er io r del palacio.

Episodio·, par t e de l a t r aged ia q u e se en cu en t r a ci r cu n scr i t a por dos can tos

d el coro.

Est ásim o : p ar t e l ír i ca, d an zad a y can t ad a por el cor o q u e se da en t r e dos

ep isod ios.

Est icom it ía : i n t er cam b io con t in u ad o en t re dos p er son ajes, q u e p r on u n cian

cad a u n o solo u n ver so, y se r esp on d en de fo r m a con cisa.

Kom m ós·. can t o d i alogad o en el qu e p ar t i ci p an los p er son ajes y el coro.

M ekané\ ap ar at o q u e p er m i t ía h acer ap ar ecer a u n p er son aje com o si vo la­

r a p or en cim a d el suelo.

M onodia·, can t o l ír i co asign ad o a u n solo act or , m on ólogo.

Orchest ra·, exp lan ad a ci r cu lar qu e ocu pa el cen t ro del t eat ro y se reserva

p ar a los m ovim ien t os d el coro.

Párodos·. se d ice de: i ) las dos en t r ad as lat erales p or d on d e el pú b l i co, y

l u ego el coro, p en et r aban en el t eat ro; 2) la p ar t e de l a t r aged ia r eser ­

vad a a l a en t r ad a d el coro.

189

Page 181: tragedia griega Jacqueline de Romilly

190 A n ex o s

Pr ó logo : monólogo o escena, o bien grupos de escenas, que preceden a la

pár odo.

Rh esis: discurso extenso de un personaje, que desarrolla una tesis.

T h eo logeion : especie de balcón encima del escenario, donde aparecían los

dioses.Thym elé·. altar que ocupaba el centro de la orchest r a.

Page 182: tragedia griega Jacqueline de Romilly

ANEXO IV

ÍN D ICE D E LA S TRA GED IA S ESTU D IA D A S EN EL TEXTO

Y

ESQUILO

O r est ea, 32, 37-38, 54, 61, 65, 70, 74,160 A ga m en ó n , 31, 33-34, 38, 65-66, 69, 71,

77-78,104,136,160,165 L a s coéfo r as, 38,40, 65-66, 69, 78-79, 86 L a s eu m én i d es, 30, 38, 65, 67, 76, 115,

148L o s per sas, 10, 30-31, 38, 53-55, 57, 59, 62,

70 -72,76 ,115,121,159 ,16 0 Pr o m et eo en caden ad o , 32, 38, 54, 63, 64,

*74

L o s Si et e con t r a T ebas, 30, 32, 37-39, 43,

4 5 .54> 59» 7°> I0 9> J47> Γ 55> l6 o > i6 5

L a s Su p l i can t es, 30-31, 37-39, 54, 62, 70,

72 - 74

SÓFOCLES

.¿iyax, 40, 83, 87-89, 91, 98-99, 101-102, 140,168

A n t i go n a , 40, 83, 86, 88-91, 97-99, 103, 106, n i , 171,174

E l ec t r a , 33, 40, 42, 44, 83, 86, 155, 170,

*74

E d i p o en C o l o n o , 40, 81, 90, 95-96, 107, 112,155, 160

E d i p o r ey , 40, 45, 49, 89, 95, 97, 99, 102, 105,107, 109 -110 ,155,157, 166

Fi l o ct et es, 40, 55, 81, 89,101 L a s t r aqu i n i as, 30, 44, 83, 88, 98, 100,102,

104

EURÍPIDES:

A lcest i s, 40, 47,131- 132,134,141 A n d r ó m aca , 47, 50 ,118-119 ,126 ,130 ,132,

141,160Bacan t es, 22, 30, 51, 133, 137-138, 140,

144-146E l ec t r a , 33, 40, 42,118, 129,139, 141,155,

170,174Fen i c i a s, 30, 32, 45, 47, 57, 59, 135, 137,

Η τ > J 47> x55> IÓ2> l 72 H éc u b a , 40, 104, 118, 119, 121, 123, 135,

141,16 0 ,172 H el en a , 40, 49,122,140, 141,142, 150 H er a c l es, 47,140L o s h er ac l i das, 47,115- 117 ,134, ι 4ι, 172

H i p ó l i t o , 124-125,136,144

I f i gen i a en Á u l i d e, 40, 122, 130, 132, 147-

148, 155

I f i gen i a en t r e los t au r os, 40, 49-50, 141,

I 43> x55

191

Page 183: tragedia griega Jacqueline de Romilly

192 A n ex o s

I ó n , 49 -50 ,139 ,142,144

M ed ea , 40, 47, 118 ,124 ,14 1

O r est es, 23,118 ,130 ,14 7- 14 8 ,155

Reso , 10 - 11,114

Su p l i can t es, 30, 31, 37, 38, 39, 47, 54, 62,

70 , 72,74» I l 6 > H 7 . 14 I > r 55> l 6 l > *74

L a s T r oy an as, 30, 39, 47, 120, 123, 150,

160

Page 184: tragedia griega Jacqueline de Romilly

B I B L I O T E C A D E E S T U D I O S C L Á S I C O S

«H a b e r in v e n t ad o la t r age d ia es u n a h e r m o sa m e d a lla de h o n o r ; y e sa

d ist in c ió n p e r t e n e ce a lo s g r ie go s... E s e v id e n t e , en e fe c t o , q u e la i r r a ­

d ia c ió n d e la t r a g e d ia g r ie ga r a d ic a en la a m p li t u d d e la sign ific a c ió n

y en la r iq u e z a d e p e n sa m ie n t o q u e lo s a u t o r e s su p ie r o n im p r im ir le :

la t r a g e d ia g r ie ga p r e se n t a b a , en el le n gu a je d ir e c t am e n t e ac ce sib le

d e la e m o c ió n , u n a r e fle x ió n so b r e el h o m b r e . Sin d u d a , e se es el m o ­

t iv o p o r el q u e , en la s é p o c a s de c r isis y d e r e n o v a c ió n , c o m o la n u e s­

t r a , se sie n t e la n e c e sid a d d e v o lv e r a e st a fo r m a in ic ia l d e l gé n e r o .

Se c u e st io n a n lo s e st u d io s g r ie g o s, p e r o p o r t o d a s p a r t e s se r e p r e ­

se n t an la s t r a g e d ia s d e E sq u i lo , de Só fo c le s y d e E u r íp id e s, p o r q u e en

e lla s e sa r e fle x ió n so b r e el h o m b r e b r il la co n su fu e r z a p r im o r d ia l».

E st e lu m in o so y e n t u sia st a e st u d io so b r e la t r a g e d ia g r ie ga r e fle ja u n

p e r fe c t o c o n o c im ie n t o y u n a p r o fu n d a p a sió n d e la a u t o r a p o r u n a

c u lt u r a y u n p e n sam ie n t o q u e h a m o d e la d o n u e st r a v isió n d e l h om b r e .

La s o b r a s de lo s t r es gr an d e s t r ágico s (Esq u ilo , Só fo c le s y Eu r íp id es) p o ­

n en d e m an ifie st o , segú n Jacq u e lin e de R om illy , «u n a fe en el h om b r e

q u e ac la r a d e sd e d e n t r o t o d a s la s t r a ge d ia s, in c lu so la s m á s o sc u r a s».

Im agen de la cu b ier t a: Detalle de

M áscaras del teatro clásico, 1998

(acu ar ela), P eter Con n olly (1935)

/ Alb u m / ak g- im ages / Peter

Con n olly

Diseñ o: Lu z de la M or a