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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE ESTUDOS COSTEIROS FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS FÁBIO PORFIRO ALVES SILVA STATUS DA ESTRUTURA DA POPULAÇÃO DO CARANGUEJO-UÇÁ Ucides cordatus (Ucididae) AO LONGO DA PENÍNSULA DE AJURUTEUA, NORTE DO BRASIL BRAGANÇA 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE ESTUDOS COSTEIROS FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

FÁBIO PORFIRO ALVES SILVA

STATUS DA ESTRUTURA DA POPULAÇÃO DO CARANGUEJO-UÇÁ Ucides cordatus (Ucididae) AO LONGO DA PENÍNSULA DE

AJURUTEUA, NORTE DO BRASIL

BRAGANÇA 2014

ii

FÁBIO PORFIRO ALVES SILVA

STATUS DA ESTRUTURA DA POPULAÇÃO DO CARANGUEJO-UÇÁ Ucides cordatus (Ucididae) AO LONGO DA PENÍNSULA DE

AJURUTEUA, NORTE DO BRASIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à

Faculdade de Ciências Biológicas do Instituto de

Estudos Costeiros da Universidade Federal do Pará,

como requisito parcial para obtenção do título de

Licenciado Pleno em Ciências Biológicas.

Orientador: Profº Drº. Marcus Emanuel Barroncas

Fernandes.

Coorientado: Dr. Darlan de Jesus de Brito Simith.

UFPA – Campus de Bragança

BRAGANÇA 2014

iii

FÁBIO PORFIRO ALVES SILVA

STATUS DA ESTRUTURA DA POPULAÇÃO DO CARANGUEJO-UÇÁ Ucides cordatus (Ucididae) AO LONGO DA PENÍNSULA DE

AJURUTEUA, NORTE DO BRASIL.

Este trabalho foi julgado para a obtenção

do grau deLicenciado em Ciências Biológicas

do Curso deLicenciatura Plena em Ciências

Biológicas daUniversidade Federal do Pará no

Campus de Bragança.

Orientador: Profº Dr. Marcus Emanuel Barroncas Fernandes Coorientador: Dr. Darlan de Jesus de Brito Simith

Universidade Federal do Pará, Campus de Bragança

Banca Examinadora: __________________________________ ProfºDrº Marcus Emanuel Barroncas Fernandes Coorientador: Darlan de Jesus de Brito Simith Universidade Federal do Pará, Campus de Bragança _________________________________ ProfªDrªClaudia Nunes Santos Universidade Federal do Pará, Campus de Bragança __________________________________ Msc. Ádria de Carvalho Freitas Universidade Federal do Pará, Campus de Bragança

BRAGANÇA 2014

iv

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Antônia

Celia Alves Silva e João Damião

da Costa Silva, meus pais, que

muito fizeram para eu ter uma

boa educação, todo amor e

carinho.

v

AGRADECIMENTOS

À minha família pelo amor e força que sempre me deram, as minhas irmãs

Flávia, Fabiane, Fabricia e Fernanda e meu irmão João, aos meus sobrinhos que me

faziam companhias quando ficava no quarto trabalhando e eles lá brincando ao meu

lado me mostrando o quanto a vida é maravilhosa. Aos meus avós pelos carinhos

abraços sempre que nos víamos. Amo vocês.

A Deus e ao Glorioso São Benedito padroeiro de nossa cidade a qual tenho um

grande apreço. E todas as divindades que nos trazem positividade, paz e harmonia.

A equipe Guaxinim que se modificou diversas vezes, porque de pois da primeira

coleta pensava-se duas vezes antes de ir novamente, obrigado os remanescentes que

ficaram comigo me ajudando e dando força nas coletas em especial ao Drº Darlan que

sempre se manteve presente, me auxiliando nos trabalhos, a Beatriz Prestes e Eliane

Barrozo pela doação ao meu trabalho, sem vocês eu não teria conseguido fazer tudo

isso, e aos catadores Gessé da Silva Martins , Virgílio do Carmo Ribeiro que foram de

fundamental importância não só pela captura mais pelo conhecimento tradicional

repassado para mim, aprendi muito com todos vocês.

A todos meus amigos fora do campo acadêmico, que me traziam de volta para o

mundo, me fazendo feliz em especial Gillyana Souto e Ana Claudia que são mais que

amigas são minhas irmãs, obrigado pelas palavras, abraços e sorrisos ofertados em

mim e pela eterna confiança.

A Professora Lêda pelo poio dedicado a mim, concelhos e abraços nas horas

que necessitei.

A fraternidade pelas histórias, choros, brigas e carinho alias nem uma família é

perfeita, seria de mais exigir de todos. Muito Abrigado Amigos – irmãos- companheiro.

Ao LAMA (Laboratório de Ecologia de Manguezais) por ter me acolhido, durante

estes anos de trabalho, aos amigos que diariamente estão por lá, ao Prof° Dr° Marcus

Emanuel pela oportunidade de trabalhar com algo no qual eu possa trazer retorno a

minha comunidade futuramente.

Ao BNDES, FADESP pela concessão da bolsa que foi de grande importância

para que a pesquisa não parasse.

E todos aqueles que de alguma forma contribuíram para este trabalho,

fisicamente, ou positivamente e que acreditaram nele.

vi

“A única coisa de que devemos ter medo é do próprio medo”

-Josué de Castro-

vii

LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Figura 1. Mapa apresentando os pontos amostrais utilizados no estudo dos parâmetros

populacionais do caranguejo-uçá, Ucides cordatus, ao longo da península de Ajuruteua,

Pará, Norte do Brasil......................................................................................................07

Figura 2. Representação do método de amostragem para coleta do caranguejo-uçá Ucides

cordatus ao longo de península de Ajuruteua, Pará, Norte do Brasil..........................................08

Tabela 1. Parâmetros ambientais obtidos nos respectivos pontos de amostragem ao

longo da península de Ajuruteua, Pará, Norte do Brasil.................................................11

Tabela 2. . Densidade de tocas e número total de caranguejos coletados nos

respectivos pontos de amostragem localizados ao longo da península de Ajuruteua,

Pará, Norte do Brasil......................................................................................................12

Figura 3. Percentual de caranguejos machos e fêmeas de Ucides cordatus coletados

nos respectivos pontos amostrais ao longo da península de Ajuruteua, Pará, Norte do

Brasil...............................................................................................................................13

Figura 4. Distribuição de frequência (%) dos parâmetros morfométricos [largura (LC) e

comprimento da carapaça (CC)] de caranguejos machos e fêmeas de Ucides cordatus

coletados ao longo da península de Ajuruteua, Pará, Norte do Brasil...........................15

Figura 5. Distribuição de frequência (%) das classes de tamanho [largura da carapaça

(LC) em cm] de caranguejos machos de Ucides cordatus coletados nos respectivos

pontos de amostragem ao longo da península de Ajuruteua, Pará, Norte do

Brasil...............................................................................................................................16

Figura 6. Distribuição de frequência (%) das classes de tamanho [largura da carapaça

(LC) em cm] de caranguejos fêmeas de Ucides cordatus coletados nos respectivos

pontos de amostragem ao longo da península de Ajuruteua, Pará, Norte do

Brasil...............................................................................................................................17

viii

Figura 7. Distribuição de freqüência (%) das classes de peso (g) e sua relação com os

parâmetros morfométricos [largura (LC) e comprimento da carapaça (CC) em cm] de

caranguejos machos e fêmeas de Ucides cordatus coletados ao longo da península de

Ajuruteua, Pará, Norte do Brasil.l .................................................................................18

ix

SUMARIO

DEDICATÓRIA................................................................................................................iv

AGRADECIMENTOS.......................................................................................................v

EPÍGRAFE......................................................................................................................vi

LISTA DE FIGURAS E TABELAS.................................................................................vii

ABSTRACT......................................................................................................................1

RESUMO .........................................................................................................................2

INTRODUÇÃO ................................................................................................................3

MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................................5

Área de estudo................................................................................................................5

Capturas e Biometria......................................................................................................6

RESULTADOS..................................................................................................................9

Parâmetros Ambientais..................................................................................................9

Aspectos populacionais de Ucides cordatus..................................................................9

DISCUSSÃO....................................................................................................................19

AGRADECIMENTOS ....................................................................................................22

REFERÊNCIAS.............................................................................................................23

1

Artigo formatado segundo o periódico científico Zoologia (veja normas de submissão e instruções para os

autores no fim do trabalho).

Status da estrutura da população do caranguejo-uçá Ucides cordatus (Ucididae) ao longo

da península de Ajuruteua, Norte do Brasil

Fabio P.A. Silva *, Darlan J.B.Simith & Marcus E.B. Fernandes

Laboratório de Ecologia de Manguezal (LAMA) / Instituto de Estudos Costeiros (IECOS) / Universidade

Federal do Pará (UFPa) / Campus Universitário de Bragança. Alameda Leandro Ribeiro s/n, Aldeia, 68600-000,

Bragança, Pará, Brasil. * Autor correspondênte (): [email protected]

ABSTRACT

The present study aimed to evaluate and understand the current situation of the population

structure of the crab along the peninsula of Ajuruteua, northern Brazil. The study area is,

approximately 200 km from the city of Belém and 300 km of the Rio Amazonas in the State

of Pará in the northern region (northern Brazil), Ajuruteua peninsula's (46° 50 ' and 46° 30 '

W/0° 45 ' and 1° 07 ' S) has a length of approximately 250 km and is part of the 13,800 km of

mangrove coastal area, which forms the second largest continuous area of mangrove forest in

the world, population parameters such as density of inhabited dens, size (carapace width), wet

weight and sex ratio of U. cordatus were investigated throughout peninsula totaling 53

sampling points comprised of four instalments of 25 m2 each. In all plots, the crabs were

collected to obtain the accessible biometrics. Abiotic factors such as salinity (obtained from

the water inside the Burrows) and temperature (measured in the sediment) were also collected

at each plot. A total of 13,498 Burrows was counted and 3,150 crabs these 2,100 males

(66.7%) and 1,050 females (33.3%) were collected to obtain the biometric data. It was found

2

an average 2.5 ± 0.8 Burrows · m-². LC size data showed that males were found in the largest

size classes with an average of 6.2 ± 0.9 cm and females 5.9 ± 0.9 cm with an average weight

for both of 110.1±49.4 g. Most of the crabs was male being the sex ratio of 2:1. In the areas of

sampling, the salinity and the temperature remained around 20.3 ± 9.1 and 27.3 ± 0.7 C,

respectively. The results of this study showed that the average population of individuals

decreased by around 2 cm, starting shows signs of over fishing.

Keywords: Bio-ecology, density, population parameters, Ucides cordatus.

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo avaliar e compreender a atual situação da estrutura

populacional do Caranguejo U. cordatus ao longo da península de Ajuruteua, localizada no

Norte do Brasil, aproximadamente 200 km da cidade de Belém e 300 km do Delta do Rio

Amazonas, no Estado do Pará (Norte do Brasil), península de Ajuruteua (46°50' e 46°30' W /

0°45' e 1°07' S). Possui uma extensão de aproximadamente 250 km2 e faz parte dos 13.800

km2 de área de manguezal costeiro, o qual forma a segunda maior área contínua de manguezal

do mundo. Os parâmetros populacionais tais como densidade de tocas habitadas, tamanho

(largura da carapaça), peso úmido e proporção sexual de U. cordatus foram investigados ao

longo de toda península em 53 pontos amostrais compostas de quatro parcelas de 25 m2

cada.

Em todas as parcelas, os caranguejos acessíveis foram coletados para obtenção dos dados

biométricos. Fatores abióticos tais como salinidade e temperatura também foram coletados em

cada parcela. Um total de 13.498 tocas foi contabilizado e 3.150 caranguejos. Destes 2.100

machos (66,7%) e 1.050 fêmeas (33,3%) foram coletados. Verificou-se uma média 2,5 ± 0,8

tocas·m-². O tamanho LC mostrou que machos encontrou-se nas maiores classes de tamanho

com, média de 6,2 ± 0,9 cm, e fêmeas 5,9±0,9 cm, com peso médio para os dois de 110.1 ±

3

49.4 g. A proporção sexual de 2:1. Nas áreas de amostragem, a salinidade e a temperatura se

mantiveram em torno de 20.3 ± 9.1 e 27.3 C ± 0.7 C, respectivamente. A população média

dos indivíduos U. cordatus diminuíram cerca de 2 cm, começando apresentar sinais de sobre

pesca.

Palavras-chave: Bioecologia, densidade, parâmetros populacionais, Ucides cordatus

INTRODUÇÃO

O manguezal é um ecossistema costeiro onde ocorre o encontro de água doce dos rios

com a água salgada do mar (TOMLINSON 1986). Este é um ecossistema costeiro típico da zona

de transição entre os ambientes terrestre e marinho, sujeito ao regime de marés, característico

de regiões tropicais e subtropicais. É altamente produtivo e possui grande importância

ecológica, por servirem de berçário natural para diversas espécies de organismos marinhos e

àqueles provenientes do ambiente dulcícola. (SCHAEFFER-NOVELLI 1989, WALTERS et al.

2008).

A península bragantina possui extensa área de manguezal, as quais no início da

década de 70, com a construção da rodoviária estadual PA-458, que liga Bragança a praia de

Ajuruteua, foram degradadas promovendo a destruição dos bosques de mangue (LARA &

COHEM 2003).

Processos de degradação causada por este tipo de empreendimento nos manguezais

não afetam somente os sistemas aquáticos adjacentes em função de esses sistemas

dependerem da matéria orgânica, ou seja, dos nutrientes exportados pelos manguezais

(FERNANDES 2003), constituem consequentemente, o ponto de partida para o sustento

nutricional de uma enorme diversidade de animais (PANNIER & PANNIER 1980) muitos dos

quais de grande importância econômica. Desta forma, é muito importante lembrar que as

4

populações ribeirinhas também são afetadas pela degradação das florestas de mangue

(MANESCHY 2005).

Dentre as diversas razões para se estudar os manguezais, destaca- se o fato de que

muitas comunidades humanas têm uma dependência tradicional desses ecossistemas para a

sua subsistência, segundo CANESTRI & RIUZ (1973) áreas como esta são identificadas como

unidade ecológica da qual dois terços da população pesqueira mundial dependem.

Os caranguejos, junto com os moluscos, correspondem à maior parte da macrofauna

de invertebrados associados a este ecossistema (GOLLEY et al. 1962). O caranguejo Ucides

cordatus (Ucididae, LINNAEUS 1763) ocorre praticamente ao longo de toda a costa brasileira.

Esta espécie possui uma grande importância ecológica (NORDHAUS et al. 2006). Suas

atividades de alimentação e escavação oxigenam o solo, um papel vital que desempenha na

ciclagem de nutrientes dentro do ecossistema manguezal por consumir serapilheira, que é

então excretado como fezes parcialmente digeridas materiais (NORDHAUS et al. 2006). Este

material pode ser facilmente consumido pelos detritívoros e o aumento da área de superfície

permite a colonização por microrganismos, garantindo, assim, a produção primária do

ecossistema com eficiência (KOCH 1999, NORDHAUS et al. 2006).

Além da sua importância ecológica, U. cordatus possui uma grande importância econômica,

por apresentar grande porte comparado a outras espécies de braquiúros existentes em

manguezais, o que o torna um dos recursos pesqueiros intensamente explorados pelas

populações tradicionais que vivem em regiões próximas ou nas margens do manguezal no

litoral brasileiro (FAUSTO-FILHO1968, DIELE 2000, GLASER & DIELE 2004, DIELEet al. 2005,

ARAÚJO 2006, GLASER et al. 2010, GOES et al. 2010).

A captura do U. cordatus constitui-se num dos mais importantes componentes da

economia dos municípios da região Nordeste do Pará. Tal atividade apresentou, no ano de

2007, uma produção de 2.748,0 toneladas, sendo responsável pela geração de ocupação e

renda para milhares de famílias que habitam a zona litorânea (IBAMA 2007).

5

Dentre as razões para se estudar os manguezais, uma das mais importantes é que

muitas comunidades tradicionais dependem desse ecossistema, e estudos relacionados os

aspectos biológicos de populações exploradas comercialmente como a de U.cordatus são de

extrema importância para se verificar o impacto da pressão de pesca sobre os estoques

naturais deste recurso. Assim, o objetivo principal do presente trabalho foi verificar o status

atual da população do caranguejo U. cordatus na península de Ajuruteua, Pará, Norte do

Brasil. Especificamente, pretendeu-se caracterizar a estrutura da população dessa espécie ao

longo dos manguezais da península fornecendo informação sobre densidade, tamanho e

proporção sexual. Assim como DIELE (2000) e ARAÚJO (2006) fizeram para a região.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo

O estuário do rio Caeté localiza-se na costa Atlântica, à aproximadamente 200 km da

cidade de Belém e 300 km do Delta do rio Amazonas, no Estado do Pará (Norte do Brasil)

(Fig. 1).

O rio Caeté possui um comprimento total de aproximadamente 100 km, apresentando

uma bacia de captação de água doce de aproximadamente 300 km2 (SCHWENDENMANN 1998)

e área de inundação de 110 km2 (COHEN et al. 1999). Sua descarga possui uma amplitude de

aproximadamente 0,3 m3·s

-1 na estação de estiagem de chuva a 180 m

3·s

-1 durante a estação

chuvosa na região (LARA & DITTMAR 1999). A velocidade da corrente superficial durante a

maré vazante apresenta uma variação de 0,15 a 1,5 m·s-1

nos canais de marés durante a épocas

de lua nova ou lua cheia (COHEN et al. 1999, KRUMME & SAINT-PAUL 2003) e atinge 0,8

m·s-1

nas águas costeiras (12 km) (CAVALCANTE et al. 2010). A elevada energia resultante do

regime e correntes de marés resulta em uma alta dinâmica de erosão e sedimentação, com

6

rápida migração dos bancos de lama e uma rápida mudança na linha costeira (DITTMAR et al.

2001).

A península de Ajuruteua (46°50' e 46°30' W / 0°45' e 1°07' S) (Fig. 1) possui uma

extensão de aproximadamente 250 km2 e faz parte dos 13.800 km

2 de área de manguezal

costeiro, o qual forma a segunda maior área contínua de manguezal do mundo, ao longo de

6.800 km da linha costeira do Brasil (KJERFVE & LACERDA 1993, KJERVFE et al. 1997,

SOUZA-FILHO 2005).

Na década de 70 foi construída no município de Bragança-PA, a Rodovia Estadual

PA-458 que liga a cidade de Bragança à vila de Ajuruteua, cortando 26 km de florestas de

mangue. Aproximadamente 90% da península apresenta cobertura vegetal bem desenvolvida,

atingindo mais de 20 m, observando-se três espécies de manguezal, com dominância de

Rhizophora mangle (L.), (Rhizophoraceae), seguida por Avicennia germinans (L.) Stearn,

(Achantaceae), e em menor freqüência por Laguncularia racemosa (L.) Gaertn f

(Combretaceae), (KRAUSE et al. 2001, MEHLIG et al. 2010, KRAUSE 2010).

O clima da região bragantina é tropical quente e úmido (Köppen), com um período

muito chuvoso bem definido que se estende de janeiro a maio, seguido por um período de

estiagem de chuva que perdura de junho a dezembro. A pluviosidade anual varia de 1.085 a

3.647 mm, com media de 2.550 mm·year-1

com 75% de toda precipitação ocorrendo de

durante a estação chuvosa (INMET 2008, SOUZA- FILHO & EL-ROBRINI 1997).

Capturas e Biometria

Os caranguejos foram obtidos em 53 pontos, distribuídos aleatoriamente ao longo de

toda a península de Ajuruteua (Fig. 1), entre Fevereiro e Dezembro de 2013. Em cada ponto

amostral (A), com dimensão de 25 x 25 m, os indivíduos foram coletados em 4 parcelas(B) de

5 x 5 m (Fig. 2). As parcelas foram determinadas aleatoriamente evitando-se a sobre posição

7

entre elas no quadrante (A) e o efeito de borda gerado pela construção da rodovia e pela ação

antrópica em algumas áreas. Cada ponto amostral foi georeferenciado com um GPS (GPSmap

CSx Garmin™). Os quadrantes foram delimitados utilizando-se uma corda fina e as

extremidades demarcadas com bandeiras coloridas.

Figura 1. Mapa apresentando os pontos amostrais utilizados no estudo dos parâmetros

populacionais do caranguejo-uçá, Ucides cordatus, ao longo da península de Ajuruteua, Pará,

Norte do Brasil.

8

Figura 2. Representação do método de amostragem para coleta do caranguejo-uçá Ucides

cordatus ao longo de península de Ajuruteua, Pará, Norte do Brasil.

Em cada ponto amostral os caranguejos foram capturados durante a maré baixa por

pescadores (coletores profissionais) através da técnica de braceamento.

Temperatura e salinidade, foram mensurados in situ durante as amostragens em cada

parcela B. A temperatura foi obtida a partir do sedimento lamoso localizado ao redor das

tocas (à aproximadamente 5 cm da abertura) utilizando-se um termômetro digital

(INCOTERM). A salinidade da água concentrada no interior das galerias dos caranguejos foi

mensurada por meio de um refratômetro de mão (ATAGO). A água foi coletada por meio de

uma seringa hipodérmica acoplada a uma mangueira.

A densidade de caranguejos (ind∙m-2

) foi obtida indiretamente em cada parcela B por

meio da contagem das tocas habitadas, tapadas e com dupla abertura, sendo que estas foram

contabilizadas como somente uma. A identificação das tocas habitadas foi feita através da

observação da atividade biogênica existente na galeria ou pelo pescador e caranguejeiro, isto

é, o coletor conseguiu tocar o animal certificando-se da sua presença na galeria, mas não

conseguiu capturá-lo. De acordo com metodologia similar, utilizada por ALCÂNTARA-FILHO

(1978), considera-se que cada galeria é habitada por um único caranguejo, dado o seu

9

comportamento bastante territorial. As galerias abandonadas não foram consideradas para as

análises. A densidade realizada pelo método de contagem de tocas foi estimada pela soma do

número de tocas abertas e fechadas em cada parcela B de amostragem.

A largura da carapaça (LC), o comprimento da carapaça (CC) e o peso húmido foram

obtidos para todos os caranguejos capturados. Para obtenção dos dados morfométricos (LC e

CC), utilizou-se um paquímetro com precisão de 0,05mm (Worker). Para a obtenção do peso

húmido, utilizou-se uma balança digital com precisão de 1g (Westwern). Indivíduos com

quelípodos ou pereiópodos ausentes não foram considerados para obtenção do peso húmido.

Os indivíduos também foram caracterizados sexualmente por meio da inspeção da morfologia

abdominal segundo PINHEIRO & FISCARELLI (2001). Após a obtenção dos dados biométricos

os caranguejos foram liberados de volta ao manguezal.

RESULTADOS

Parâmetros ambientais

Os dados de temperatura nos respectivos pontos de amostragem oscilaram entre 17 no

ponto 47, a 32 °C no ponto 39 (Tabela 1), apresentando média total de 27.3 ± 1.0 °C.

Os valores de salinidade apresentaram variação de 2 observado no ponto 2, a 40

localizado no ponto 43 (Tabela 1), com média geral de 20,3 ± 9,1.

Aspectos populacionais de Ucides cordatus

Foi contabilizado um total de 13.498 tocas de U. cordatus, com uma densidade média

total de 2,5 ± 0,8 tocas∙m-².

10

A menor densidade registrada foi de 115 no ponto 46 tocas com média de 1,2 ± 0,1

tocas∙m-² e a maior foi de 527 tocas encontrada no ponto 23, com média de 5,3 ± 2,4 tocas∙m

(Tabela 2). Destas, foram coletados 3.150, caranguejos correspondendo a 23.3% do número

total de tocas mesuradas. Dentre o total de caranguejos obtidos, 2.100 indivíduos foram

classificados com machos (66,7%) e 1.050 indivíduos como fêmeas (33,3%) (Tabela 2). O

numero total de caranguejos machos obtidos em cada ponto de amostragem variou de 14 a 90

indivíduos (Tabela 2) e de 3 a 46 para os indivíduos fêmeas (Tabela 2). A proporção sexual

registrada para península de Ajuruteua foi de 2:1. O percentual entre caranguejos machos e

fêmeas nos respectivos pontos de amostragem apresentou variação ao longo da península de

Ajuruteua (Fig. 3).

11

Tabela 1. Parâmetros ambientais obtidos nos respectivos pontos de amostragem ao longo da

península de Ajuruteua, Pará, Norte do Brasil.

Pontos Temperatura (°C) Salinidade

Min. Max. Média Min. Max. Média

1 25 27 26,0 ± 0,3 25 27 26,0 ± 0,3

2 26 27 26,4 ± 0,5 2 20 14,5 ± 4,6

3 26 26 26,0 ± 0,0 5 20 18,3 ± 3,7

4 27 27 27,0 ± 0,0 10 13 10,8 ± 1,1

5 26 28 27,1 ± 0,6 9 19 13,4 ± 3,0

6 26 27 26,6 ± 0,5 10 17 13,2 ± 2,6

7 27 28 27,1 ± 0,3 10 20 14,6± 3,5

8 27 28 27,5 ± 0,5 10 15 11,3± 2,2

9 26 27 27,0 ± 0,2 12 15 14,5 ± 1,0

10 27 29 27,6 ± 0,6 10 10 10,0 ± 0,0

11 25 28 27,1 ± 0,6 15 20 16,5 ± 2,1

12 26 27 26,9 ± 0,4 15 20 19,3 ± 2,6

13 27 29 28,1 ± 0,6 10 25 19,1 ± 4,9

14 27 29 27,7 ± 0,7 17 35 25,5 ± 5,6

15 27 27 27,0 ± 0,0 15 17 15,8 ± 1,0

16 26 27 26,3 ± 0,4 10 20 17,3 ± 3,0

17 26 28 26,7 ± 0,6 15 35 19,1 ± 4,9

18 27 29 28,1 ± 0,7 - - -

19 27 28 27,7 ± 0,5 5 35 22,2 ± 8,8

20 27 27 27,0 ± 0,0 - - -

21 28 28 28,0 ± 0,0 2 9 4,5 ± 1,8

22 27 28 27,1 ± 0,2 3 8 5,1 ± 1,6

23 19 30 27,7 ± 2,3 15 25 19,4 ± 3,0

24 27 28 27,9 ± 0,3 20 20 20,0 ± 00

25 27 27 27,0 ± 0,0 27 40 36,1 ± 3,0

26 26 28 27,1 ± 0,4 - - -

27 26 27 26,1 ± 0,3 10 15 12,8 ± 2,2

28 27 31 27,6 ± 1,0 20 30 27,8 ± 3,3

29 26 28 28,2 ± 0,6 20 33 26,4 ± 3,4

30 27 29 28,2 ± 0,3 29 35 31,7 ± 2,0

31 28 30 28,2 ± 0,5 - - -

32 27 28 27,9 ± 0,3 - - -

33 27 29 28,0 ± 0,3 29 32 30,2 ± 0,7

34 27 29 28,0 ± 0,3 - - -

35 26 26 26,0 ± 0,0 5 15 10,8 ± 2,4

36 27 28 27,2 ± 0,4 12 16 13,7 ± 1,3

37 27 31 27,6 ± 1,1 23 30 26,9 ± 2,7

38 27 28 28,4 ± 1,3 - - -

39 27 32 28,4 ± 1,3 - - -

40 27 27 27,0 ± 0,0 - - -

41 27 30 28,4 ± 0,9 30 35 32,2 ± 1,9

42 26 30 27,8 ± 1,2 25 35 33,6 ± 2,7

43 27 28 27,3 ± 0,4 35 40 29,3 ± 3,1

44 27 28 27,9 ± 0,3 20 35 29,3 ± 3,1

45 26 29 26,4 ± 0,8 5 20 14,1 ± 4,4

46 27 30 28,5 ± 0,8 - - -

47 17 27 26,5 ± 2,2 10 20 15,3 ± 2,0

48 27 29 27,8 ± 0,6 - - -

49 27 30 28,2 ± 0,8 - - -

50 27 28 27,4 ± 0,5 31 40 35,3 ± 1,9

51 27 28 27,3 ± 0,5 - - -

52 - - - - - -

53 - - - - - -

12

Tabela 2. Densidade de tocas e número total de caranguejoscoletados nos respectivos pontos

de amostragem localizados ao longo da península de Ajuruteua, Pará, Norte do Brasil.

Pontos Densidade total Densidade (tocas∙m-2) N total de caranguejos N Machos N Fêmeas

1 269 2,7 ± 0,6 61 38 23

2 258 2,6 ± 0,3 36 20 16

3 186 1,9 ± 0,3 20 15 5

4 215 2,2 ± 0,6 57 42 15

5 400 4,0 ± 0,5 73 39 34

6 268 2,7 ± 0.5 38 32 6

7 345 3,5 ± 0,8 76 55 21

8 240 2,4 ± 0,4 27 20 7

9 250 2,5 ± 0,4 48 44 4

10 202 2,0 ± 0,3 46 32 14

11 178 1,8 ± 0,1 34 31 3

12 255 2,6 ± 0,7 36 22 14

13 256 2,6 ± 0,5 44 25 19

14 351 3,5 ± 0,5 77 36 41

15 152 1,5 ± 0,3 21 14 7

16 170 1,7 ± 0,3 28 19 9

17 227 2,3 ± 0,4 70 50 20

18 280 2,8 ± 0,1 38 18 20

19 400 4,0 ± 0,8 54 33 21

20 185 1,9 ± 0,1 36 30 6

21 247 2,5 ± 0,6 74 54 20

22 277 2,8 ± 0,8 63 46 17

23 527 5,3 ± 2,4 95 62 33

24 334 3,3 ± 0,9 85 64 21

25 247 2,5 ± 0,5 73 43 30

26 288 2,9 ± 0,7 78 49 29

27 327 3,3 ± 0,4 56 35 21

28 258 2,6 ± 0,7 84 44 40

29 244 2,4 ± 0,4 85 65 20

30 381 3,8 ± 1,0 107 61 46

31 208 2,1 ± 0,4 66 38 28

32 160 1,6 ± 0,1 41 28 13

33 191 1,9 ± 0,9 38 28 10

34 146 1,5 ± 0,3 48 36 12

35 439 4,4 ± 0,1 99 75 24

36 317 3,2 ± 1,1 130 90 40

37 239 2,4 ± 0,3 93 48 45

38 182 1,8 ± 0,5 45 29 16

39 158 1,6 ± 0,2 43 23 20

40 312 3,1 ± 0,6 94 73 21

41 200 2,0 ± 0,7 49 30 19

42 260 2,6 ± 0,4 54 39 15

43 248 2,5 ± 0,7 58 42 16

44 162 1,6 ± 0,4 23 15 8

45 219 2,2 ± 0,6 45 27 18

46 115 1,2 ± 0,1 54 40 14

47 302 3,0 ± 0,6 93 50 43

48 202 2,0 ± 0,4 51 31 20

49 168 1,7 ± 0,4 52 28 24

50 260 2,6 ± 1,0 52 38 14

51 356 3,6 ± 0,3 91 56 35

52 247 2,5 ± 0,3 55 45 10

53 190 1,9 ± 0,5 56 53 3

Total 13.498 2,5 ± 0,8 3.150 2.100 1.050

13

Figura 3. Percentual de caranguejos machos e fêmeas de Ucides cordatus coletados nos

respectivos pontos amostrais ao longo da península de Ajuruteua, Pará, Norte do Brasil. Para

referencia dos valores absolutos veja Tabela 2.

A média total da largura (LC) e comprimento da carapaça (CC) dos indivíduos

capturados, incluindo machos e fêmeas, foi de 5,9 ± 0,9 cm e 4,4 ± 0,7 cm, respectivamente.

Os caranguejos machos apresentaram LC variando de 2,5 a 8,1 cm (Fig. 4A), com médias

mínima e máxima de 4,0 ± 0,7 cm e 7,0 ± 0,8 cm, respectivamente. Para CC, os valores

variaram de 1,9 a 6,0 cm (Fig. 4C), com medias entre 3,0 ± 0,5 cm e 5,3 ± 0,4 cm. A média

total dos caranguejos machos amostrados foi de 6,2 ± 0,9 cm para LC e 4,6 ± 0,7 cm para CC.

Os indivíduos fêmeas de U. cordatus apresentaram LC oscilando de 2,1 a 8,0 cm (Fig.

4B), com médias mínima e máxima de 4,0 ± 0,5 cm e 6,1 ± 0,6 cm, respectivamente. Com

relação ao comprimento (CC), os valores variaram de 1,5 a 5,8 cm (Fig. 4D), com medias

14

entre 2,9 ± 0,4 cm e 4,5 ± 0,3 cm. A média total das fêmeas foi de 5,4 ± 0,7 cm para LC e 4,1

± 0,6 cm para CC.

As maiores frequências dos indivíduos machos se concentraram nas classes de

tamanho entre 6,0 e 7,0 cm para LC e entre 4,5 e 5,5 cm para CC (Fig. 4A,C). Para fêmeas As

maiores frequências se concentraram nas classes de tamanho entre 5,0 e 6,0 cm para LC e

entre 4,0 e 5,0 cm para CC (Fig. 4B,D).

A relação entre LC e CC dos caranguejos machos apresentou correlação positiva (Fig.

4E). A distribuição de frequência das classes de tamanho dos caranguejos machos de U.

cordatus nos respectivos pontos de amostragem estão representados na Fig. 5. A relação entre

LC e CC dos caranguejos fêmeas apresentou correlação positiva (Fig. 4F). A distribuição de

frequência das classes de tamanho dos caranguejos fêmeas de U. cordatus nos respectivos

pontos de amostragem estão representados na Fig. 6.

15

Macho Fêmea

1 2 3 4 5 6 7 8 9

1 2 3 4 5 6 7 8 9

1 2 3 4 5 6 7 8 9

1 2 3 4 5 6 7 8 9

LC = 6,2 ± 0,9 cm

n = 2100

CC = 4,6 ± 0,7 cm

n = 2100

LC = 5,4 ± 0,7 cm

n = 1050

CC = 4,1 ± 0,6 cm

n = 1050

A

C

B

D

CC = 0,716 LC + 0,187

R² = 0,866

n = 2100

CC = 0,782 LC - 0,096

R² = 0,856

n = 1050

0

10

20

30

40F

requên

cia

(%)

Largura da carapaça (cm)

0

10

20

30

40

Fre

quê

ncia

(%)

Comprimento da carapaça (cm)

0

10

20

30

40

Fre

quên

cia

(%)

Largura da carapaça (cm)

0

10

20

30

40

Fre

quê

ncia

(%)

Comprimento da carapaça (cm)

0

2

4

6

8

Com

prim

ento

da

cara

paça

(cm

)

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Largura da carapaça (cm)

0

2

4

6

8

Com

prim

ento

da

cara

paça

(cm

)

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Largura da carapaça (cm)

E F

Figura 4. Distribuição de frequência (%) dos parâmetros morfométricos [largura (LC) e

comprimento da carapaça (CC)] de caranguejos machos e fêmeas de Ucides cordatus

coletados ao longo da península de Ajuruteua, Pará, Norte do Brasil.

16

Figura 5. Distribuição de frequência (%) das classes de tamanho [largura da carapaça (LC)

em cm] de caranguejos machos de Ucides cordatus coletados nos respectivos pontos de

amostragem ao longo da península de Ajuruteua, Pará, Norte do Brasil.

17

Figura 6. Distribuição de frequência (%) das classes de tamanho [largura da carapaça (LC)

em cm] de caranguejos fêmeas de Ucides cordatus coletados nos respectivos pontos de

amostragem ao longo da península de Ajuruteua, Pará, Norte do Brasil.

O peso dos caranguejos machos de U. cordatus apresentou variação de 7 a 293 g (Fig.

7A), com médias mínima e máxima de 41,3 ± 19,0 g e 184,7 ± 53,5 g, respectivamente. A

maior frequência dos indivíduos machos foi registrada nas classes de peso entre 100 e 160 g

(Fig. 7A). O peso médio total dos machos foi de 126,5 ± 49,5 g. A relação entre o peso e os

parâmetros morfométricos (LC e CC) apresentou uma relação alometrica positiva (Fig. 7C,

E). As fêmeas de U. cordatus apresentaram peso úmido com variação de 6 a 195 g (Fig. 7B),

com médias entre 38,0 ±12,1g e 102,2±21,4 g. A maior frequência das fêmeas capturadas se

concentrou nas classes de peso entre 60 e 100 g (Fig. 7B). O peso médio total das fêmeas foi

18

0 40 80 120 160 200 240 280

Peso médio = 126,5 ± 49,5 g

n = 1240

Peso médio = 77,7 ± 29,0 g

n = 625

Peso = 6,111e0.473 LC

R² = 0,826

n = 1240

0 40 80 120 160 200 240 280

0

5

10

15

20

25

30

Fre

quên

cia

(%)

Peso (g)

0

5

10

15

20

25

30

Fre

qu

ência

(%)

Peso (g)

Macho FêmeaA

C

B

D

0

50

100

150

200

250

300

Peso

(g)

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Largura da carapaça (cm)

Peso = 4,329e0.522 LC

R² = 0,795

n = 625

0

50

100

150

200

250

300

Peso

(g)

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Largura da carapaça (cm)

0

50

100

150

200

250

300

Pe

so

(g)

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Comprimento da carapaça (cm)

Peso = 8,139e0.572 CC

R² = 0,731

n = 1240

0

50

100

150

200

250

300

Peso

(g)

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Comprimento da carapaça (cm)

Peso = 6,238e0.594 CC

R² = 0,717

n = 625

E F

de 77,7 ± 29,0 g. A relaçãoentre LC e CC com o peso húmido apresentou crescimento

alométrico positivo (Fig.7D, F).

Figura 7. Distribuição de freqüência (%) das classes de peso (g) e sua relação com os

parâmetros morfométricos [largura (LC) e comprimento da carapaça (CC) em cm] de

caranguejos machos e fêmeas de Ucides cordatus coletados ao longo da península de

Ajuruteua, Pará, Norte do Brasil.

19

DISCUSSÃO

Dos parâmetros ambientais monitorados durante a execução do presente trabalho,

apenas a salinidade da água estocada no interior das galerias do caranguejo-uçá Ucides

cordatus teve uma grande variação ao longo do período estudado (2-40). Essa variação pode

ser atribuída ao fato de que as amostragens ocorreram durante as duas estações sazonais que

ocorrem na região, o período chuvoso e o período de estiagem de chuvas. Durante o período

chuvoso, a variação de salinidade pode ocorrer em todo o estuário devido à ação dos rios de

água doce e elevada taxa de pluviosidade (DIELE & SIMITH 2006). A variação de salinidade

observada no presente estudo encontra-se no padrão encontrado por KOCH & WOLFF (2002) e

DIELE & SIMITH (2006) para o mesmo estuário.

A temperatura do sedimento lamoso apresentou uma considerada variação, sendo

atribuída principalmente devido aos diferentes períodos em que os dados foram obtidos ao

longo do dia. No entanto, na maioria dos pontos de coleta a temperatura se manteve em torno

de 27 °C. (procurar referencias para embasa minha discussão mais fortemente)

No presente estudo, a maioria dos pontos de coleta distribuída ao longo da península

de Ajuruteua apresentou uma predominância de caranguejos machos sobre as fêmeas. A

proporção sexual de U. cordatus encontrada no presente estudo corroboram com dados

obtidos por NASCIMENTO et al. (1982), CASTRO (1986), BRANCO (1993), ALVES & NISHIDA

(2004), DIELE et al. (2005) e MELO (2010). Em outros estudos (ALCÂNTARA-FILHO 1978,

GOES 2003, ANTUNES-MATTOS et al. 2008, CONTI & NALESSO 2010) verificou-se que o

numero de fêmeas se sobrepõe aos de macho tendo em vista que estes são intensamente

explorados e constatados efeitos de sobre-exploração nas respectivas regiões estuadas. Esta

diferença também pode estar relacionada às condições ambientas diversas que estas

populações sofrem. SOUSA et al. (2008) e PIEDADE-JUNIOR et al. (2008) destacam o fato de

que a disponibilidade de alimento e o tipo de sedimento, influenciam a razão sexual de U.

20

cordatus e refletem sobre a normalidade do próprio sistema. Na península de Ajuruteua,

apesar da intensa pressão de pesca sobre a população de caranguejos machos, a

predominância sobre as fêmeas ainda permanece, provavelmente devido ao fato de que

somente a captura e comercialização de caranguejos machos acima de 6,0 cm de LC são

permitidas (IBAMA 2003), restando portando os indivíduos abaixo desse valor.

Valor encontrado para a densidade média no presente estudo aproxima-se daqueles

encontrados em outros trabalhos (ALVES & NISHIDA 2004, SILVA 2008, WUNDERLICH et al.

2008, CONTI & NALESSO 2010). As estimativas de densidade dos caranguejos têm sido

abordadas por alguns autores na literatura (LOURENÇO et al. 2000, FLORES et al. 2005).

BREITFUSS (2003) concorda que quantificação do número de galerias/área é minimizada o viés

amostral, em função da: 1) facilidade no reconhecimento das galerias desta espécie por sua

morfologia externa e inclinação de 45º em relação ao sedimento; 2) desconsideração do

número de galerias abandonadas (sem atividade biogênica) nas análises; e 3) inspeção do

número de aberturas/galeria da espécie, considerando-se aquelas com dupla abertura como

uma única galeria tais procedimentos minimizam o erro deste método em caranguejos

semiterrestres, maximizando cerca de três vezes sua precisão (33 para 97%).

A diferença entre o número total de tocas contabilizadas (13.498) e o número total de

caranguejos (3.150) pode ser atribuída às dificuldades encontradas pelos coletoresem capturar

os caranguejos, pois freqüentemente as toca encontram-se entre as raízes. No presente

trabalho, as fêmeas apresentaram menor média de largura da carapaça em relação aos machos

praticamente em todos os pontos amostrais. Segundo DIELE (2000), DIELE et al. (2005), os

quais descrevem que fatores estão relacionados com a taxa divergente de crescimento entre os

dois sexo sendo que com largura da carapaça aproximada de 4,5 cm, os machos passam a

crescer mais rápido que as fêmeas. Estes autores sugerem que as fêmeas crescem menos que

os machos por armazenarem grande quantidade de energia para a reprodução. Além disso, as

21

fêmeas amadurecem sexualmente mais jovens do que os machos (DIELE 2000, DIELE et al.

2005).

Estudo realizado por ARAÚJO (2006), em que analisou caranguejos oriundos da

extração para fins comercial para toda a península, mostrou que as classes de tamanho (LC)

das capturas ocorridas nesta região estão entre 6.8 e 7.3cm com média anual de 7.1 ± 0.5cm

(referente a 80 % de toda produção anual). No presente estudo, as classes em que os

indivíduos machosforam mais frequentesencontram-se entre 6.0 e 7.0 cm, com média de 6,2 ±

0,9 cm. Essa média foi bem menor quando comparado ao valor obtido por ARAUJO (2006), no

entanto,a largura média da carapaça dos caranguejos registrados no presente trabalho

encontra-se nos padrões legais de mercado de 6.0 cm, valor mínimo para captura (IBAMA

2003). Como não houve seletividade na captura dos indivíduos esperava-se um numero menor

na classe de tamanho, uma vez que esta região possui um histórico de exploração, que

aumentou significativamente desde a criação da PA-458 na década de 70, que facilitou o

acesso de entrada. ARAÚJO (2006) estima que existe aproximadamente 1.195 tiradores de

caranguejo no município de Bragança, Pará.

Na maioria dos pontos amostrais a classe de tamanho LC > 6,0 cm foi frequentemente

observada em pontos mais distantes da estrada (Figura 4), corroborando com as analises feita

por DIELE et al. (2005). Estes autores mencionam que a frequência de tamanho dos indivíduos

tende a ser menor quanto mais próximo a estrada por ser de fácil acesso e por sofrerem

captura seletiva,assim os indivíduos menores são isentos da captura e passam a ter

predominância.

O presente estudo sugere que a população diminuiu cerca de 2 cm de LC, comparada

com as médias obtidas por trabalhos anteriores para a região, começando a apresentar sinais

de sobre pesca. Assim, enfatizamos a necessidade de planejamento de medidas de

ordenamento e manejo do caranguejo-uçá, antes que os estoques disponíveis tornem-se

defasados, como já aconteceu em outras regiões da costa brasileira. Como consequência, a

22

população vem se tornando cada vez mais jovem em decorrência da pesca seletiva e lento

crescimento. A península de Ajuruteua ainda apresenta uma situação favorável para

exploração sustentável porque o tamanho médio de indivíduos capturados é suficientemente

maior do que o tamanho de primeira maturação sexual (L50% = 3,51 cm para o sexo

masculino e L50% = 4,01 para o sexo feminino), e dentro dos padrões legaisde captura para

comercialização.

AGRADECIMENTOS

Agradecimentos aos catadores de caranguejo Gessé da Silva Martins, Virgílio do

Carmo Ribeiro, pelo esforço empregado no trabalho e ao LAMA pela estrutura física

laboratorial. O presente estudo foi financiado pelo BNDES e FADESP através da bolsa de

iniciação cientifica concedida ao primeiro autor.

23

REFERÊNCIAS

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