universidade federal rural do semi-árido campus mossoró dep. de
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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO
CAMPUS MOSSORÓ
DEP. DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLÓGICAS
CURSO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
STHEFANNY TALITA CABRAL DA SILVA LOPES
PROPOSTA DE FORMULAÇÃO DE UMA ARGAMASSA ECOLÓGICA COM
APROVEITAMENTO DO RESÍDUO DE ROCHA SILVALITA
MOSSORÓ/RN
2013
STHEFANNY TALITA CABRAL DA SILVA LOPES
PROPOSTA DE FORMULAÇÃO DE UMA ARGAMASSA ECOLÓGICA COM
APROVEITAMENTO DO RESÍDUO DE ROCHA SILVALITA
Monografia apresentada a Universidade
Federal Rural do Semi-Árido –
UFERSA, Campus Mossoró para a
obtenção do Título de Bacharel em
Ciência e Tecnologia.
Orientador: Dr. Marcílio Nunes Freire
MOSSORÓ/RN
2013
Ficha catalográfica preparada pelo setor de classificação e
catalogação da Biblioteca “Orlando Teixeira” da UFERSA
L864p Lopes, Sthefanny Talita Cabral da Silva.
Proposta de formulação de uma argamassa ecológica com
aproveitamento do resíduo de rocha silvalita. / Sthefanny
Talita Cabral da Silva Lopes -- Mossoró-RN: 2013.
61f.: il.
Monografia (Graduação em Ciências e Tecnologia) –
Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Pró-Reitoria de
Graduação.
Orientador: Profº. Dr. Sc. Marcílio Nunes Freire
1.Argamassa. 2.Resíduos. 3.Construção civil. I.Título.
CDD:691.5 Bibliotecária: Marilene Santos de Araújo
CRB-5/1033
STHEFANNY TALITA CABRAL DA SILVA LOPES
PROPOSTA DE FORMULAÇÃO DE UMA ARGAMASSA ECOLÓGICA COM
APROVEITAMENTO DO RESÍDUO DE ROCHA SILVALITA
Monografia apresentada a Universidade
Federal Rural do Semi-Árido –
UFERSA, Campus Mossoró para a
obtenção do título de Bacharel em
Ciência e Tecnologia.
APROVADA EM:_12__/_04__/__13__
A José Julião Lopes (in memoriam),
que foi meu pai, meu melhor amigo,
minha inspiração, minha luz, além de ser
o amor da minha vida. E acima de tudo a
melhor pessoa que já conheci, um
exemplo de ser humano a ser seguido.
A Deus, por acreditar e proteger;
A Alba Cabral S. Lopes, minha mãe,
amiga, conselheira, exemplo de mulher
guerreira e educadora, além de um
caráter excepcional. Que me faz ser,
quem sou hoje.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por prover pela minha fé, todos os meios necessários para a realização do
presente trabalho. A Ele por ser o mais fiel de todos os companheiros, por proteger as
minhas decisões, por acreditar em todos os momentos, por me proporcionar ‘’n’’
segundas chances e diversos motivos pra seguir em frente, por ter me dado o dom da
vida, para que eu pudesse viver esse momento.
Aos meus pais José Julião Lopes (in memoriam) e Alba Cabral da Silva Lopes que com
muito amor e dedicação souberam me moldar em caráter, honestidade e perseverança. A
eles que sempre apostaram em mim, e que mesmo em situações difíceis ou felizes,
estiveram presentes em todos os momentos da minha vida. Infinitamente, vos dedico
essa vitória.
A toda minha família que são a base de tudo. Em especial aos meus tios Luís Cabral
(um homem incrível), que uma vez me disse palavras que serviram de total ensinamento
para a pessoa que sou hoje, a João Cabral, Francisco Cabral, Luzinete Cabral, Auri
Cabral, Manoel Augusto Neto, Letícia Lopes, Gelza, João Batista Cabral ( Beruca),
Iolanda, Renato Cabral, Luzanira Cabral e Nina que de tantas formas puderam
contribuir para a realização desse sonho. Admiro a todos com respeito e dignidade. Aos
meus primos, Grazielle Cabral( prima, amiga e irmã), Leda Cabral( prima, amiga e
exemplo de mulher), Leni Cabral( in memoriam) Manuela Cabral( prima, amiga e
excepcional pessoa), Milena Paula, Sadrack Cabral, Renata Dorothy, Renata Joyce,
Paulino Junior, Evilázio Lopes, Mariele Lopes, Ioquiane Ferreira, Ioquelin Ferreira a
todos o meu carinho e admiração, obrigada por fazerem parte dessa história.
As pessoas que tanto contribuíram em orações e que com grande coração se tornaram
amigos meus e da minha família, Dona Nalva, Pastor Valentim e Josilma Maria.
Agradeço o apoio infinitamente.
Aos puros de coração; minha sobrinha Aiala Ruama e o meu cachorro Marley. Que com
tanto afeto, tornam minha vida mais feliz.
Aos amores da minha vida, pelo apoio, consideração e amizade.
A Leandro Vieira, meu amigo, parceiro, confidente, que foi peça fundamental nessa
jornada. Seus conselhos foram de fundamental importância para o meu crescimento
pessoal e profissional.
Aos demais amigos, em especial a Aila Andrade, Sirley Glauce, Sabraj Almeida, Junior
Almeida, Hudson Kleuton, Daiana Najara, Filipe Almeida, Alcileni Alini, Olavo
Bismarck. Com vocês, passei os melhores momentos de alegria na vida, foram muitas
farras, muita comemoração ( diversas vezes por nada), mas que são essenciais na vida
de qualquer pessoa. O bom humor de cada um de vocês me fazem seguir em frente, a
contribuição de vocês é de extrema importância, o meu carinho e respeito a cada um.
Aos meus amigos de faculdade, que se tornaram ao longo desses anos a minha segunda
família, que juntos fomos até o fim em busca desse sonho. A vocês deixo o maior
abraço de todos, porque rimos, choramos, extressamo-nos e acima de tudo, só quem
vive sabe a adrenalina que é isso aqui e estávamos todos juntos desde início. O meu
carinho, respeito e admiração a vocês: Lincoln Ronyere, Mardja Luma, Otacília
Barbalho, Aílton Araújo (titia), Wilton Moreira, Amanda Macedo, Ana Laura, Jéssyca,
Ruan Landolfo, Rodolpho,Ronnifran Cabral, João Paulo Cavalcante, Jean Michel, Rute
(bola) Nóbrega, Taylane Caldas, Lidiane Soares, Ramon Nolasco e Alysson Silva. Aos
recém chegados: Bruno Noronha (titia), Ticiane Albuquerque, Gabriela Coelho,
Wlardson Dantas, Carlito Vasconcelos, que já se tornaram importantíssimos, a quem
sou grata por todos os momentos. E a todos os demais que contribuíram direto ou
indiretamente nessa jornada.
Ao meu orientador Dr. Marcílio Nunes Freire, pela atenção, orientação e
disponibilidade durante a elaboração deste trabalho.
Ao Eng. Luiz Carlos da Cunha, diretor geral da empresa L&L Engenharia LTDA, que
contribuiu para determinação do traço da argamassa.
E aos demais professores da UFERSA, a quem tive o prazer de ser aluna, como
também os que não tive. Ambos que foram de essencial importância para a minha
formação acadêmica.
Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser.
Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito, e não
em ter condições de êxito. Condições de palácio tem qualquer
terra larga, mas onde estará o palácio se não o fizerem ali?
Fernando Pessoa
RESUMO
A problemática a respeito dos impactos ambientais causados nas diversas
atividades humanas vem aumentando a busca pelo desenvolvimento sustentável. Sendo
a indústria da construção civil é uma das grandes responsáveis pela alteração do
ambiente, e por consumir grande parte dos recursos naturais e gerar uma grande
quantidade de resíduos sólidos, há uma necessidade de gerar uma relação harmoniosa
entre homem e natureza. O presente trabalho com base na literatura busca
compatibilizar o crescimento da indústria de construção civil com o meio ambiente,
através do desenvolvimento de uma argamassa ecológica, por meio da aplicação do
resíduo obtido da serragem de rochas silvalitas, em substituição parcial na quantidade
de cimento Portland, utilizado como aglomerante na fabricação de argamassas
comerciais. Na produção da argamassa ecológica os materiais que serão utilizados
deverão passar por processos de caracterização, e logo em seguida deverá proceder aos
procedimentos necessários para sua fabricação; que inclui a pesagem dos materiais; a
determinação do teor de água para obtenção de índice de consistência, tomando como
referência a NBR 13276, após essas etapas a argamassa é produzida utilizando um
equipamento conhecido como misturador mecânico. Após esses processos, a argamassa
deverá passar por ensaios de caracterização onde serão determinadas suas propriedades
no estado fresco e no estado endurecido. O uso dessa alternativa para a construção civil
é bastante útil, já que a argamassa é um produto bastante utilizado nas edificações, e
além de reduzir os impactos ambientais causados pela fabricação do aglomerante mais
utilizado, cimento Portland.
Palavras-Chave: argamassa, resíduos, construção civil.
ABSTRACT
The issue regarding the environmental impacts in the various human activities is
increasing quest for sustainable development. As the construction industry is
responsible for a major change to the environment, and consume much of the natural
resources and generate a lot of waste, there is a need to generate a harmonious
relationship between man and nature. This study based on literature search match the
growth of construction industry with the environment through the development of a
green mortar for applying the obtained residue silvalitas the sawing of rock, the amount
in partial substitution of Portland cement , used as binder in the manufacture of
commercial mortars. In the production of mortar ecological materials which are used
must undergo characterization processes, and then immediately must perform the
procedures necessary for their manufacture, which includes weighing the materials;
determining the water content to obtain consistency index, NBR with reference to
13,276, after these steps the mortar is produced using a device known as mechanical
mixer. After these processes, the mortar must undergo characterization tests will be
determined where its properties in fresh and hardened state. Using this alternative
construction is quite useful, since the mortar is a product widely used in buildings, and
in addition to reducing the environmental impacts caused by manufacturing more of the
binder used Portland cement.
Keywords: cement, waste, construction.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Quantidade total de RCD coletados. ............................................................. 47
Tabela 2 – Definição dos percentuais utilizados para produção da argamassa ecológica
com asubstituição do cimento por RPPS ........................................................................ 58
LISTA DE FIGURAS
Figura 1:Muscovita Cristalizada. .................................................................................... 51
Figura 2:Rocha Silvalita ornamental. ............................................................................. 52
Figura 3:Fluxograma do processo de produção das pedras ornamentais. ...................... 54
Figura 4: Fluxograma geral da metodologia empregada. ............................................... 56
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Geração de RSU em alguns países selecionados. ........................................ 44
Gráfico 2 - Quantidade total de RSU coletado (%) ........................................................ 45
Gráfico 3 - - Total de Resíduos de Construção e demolição coletados por região do
Brasil no ano de 2010 e 2009 ......................................................................................... 47
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
% Porcentagem
ABRELPE
ABNT
Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos
Especiais
Associação Brasileira de Normas Técnicas
LTDA Limitada
NBR Norma Brasileira
RPP Resíduo pó de pedra
RPPS Resíduo pó de pedra Silvalita
RSU Resíduos Sólidos Urbanos
UFERSA Universidade Federal Rural do Semi-Árido
RCD Resíduo de Construção e Demolição
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 18
2 JUSTIFICATIVAS ...................................................................................................... 20
2.1 TECNOLOGICA .................................................................................................. 20
2.2 AMBIENTAL ....................................................................................................... 20
2.3 ECONÔMICA ...................................................................................................... 20
3 OBJETIVOS ................................................................................................................ 22
3.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 22
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 22
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................... 23
4.1 Argamassa ............................................................................................................. 23
4.1.1 Breve Histórico .............................................................................................. 23
4.1.2 Definição ........................................................................................................ 24
4.1.3 Materiais constituintes da argamassa mista ................................................... 24
4.1.3.1 Cimento ................................................................................................... 24
4.1.3.2 Cal ............................................................................................................ 25
4.1.3.3 Agregado miúdo ...................................................................................... 25
4.1.3.4 Água ........................................................................................................ 25
4.1.4 Classificação................................................................................................... 25
4.1.4.1 Forma de endurecimento e resistência à umidade: .................................. 25
4.1.4.2 Natureza do aglomerante: ........................................................................ 26
4.1.4.3 Quanto à utilização: ................................................................................. 27
4.1.4.4 Volume da pasta ...................................................................................... 29
4.1.4.5 Granulometria do agregado: .................................................................... 29
4.1.4.6 Forma de produção: ................................................................................. 30
4.1.5 Propriedades ................................................................................................... 30
4.1.5.1 Propriedades no estado fresco ........................................................... 30
4.1.5.1.1 Trabalhabilidade ............................................................................... 30
4.1.5.1.2 Retenção de água .............................................................................. 31
4.1.5.1.3 Aderência inicial ............................................................................... 31
4.1.5.1.4 Plasticidade ....................................................................................... 32
4.1.5.1.5 Consistência ...................................................................................... 32
4.1.5.1.6 Coesão e tixotropia ........................................................................... 33
4.1.5.1.7 Massa específica e teor de ar incorporado ........................................ 33
4.1.5.1.8 Exsudação ......................................................................................... 34
4.1.5.1.9 Tempo de endurecimento .................................................................. 34
4.1.5.2 Propriedades no estado endurecido ......................................................... 34
4.1.5.2.1 Resistência Mecânica ........................................................................ 34
4.1.5.2.2 Retração ............................................................................................ 35
4.1.5.2.3 Aderência .......................................................................................... 36
4.1.5.2.4 Permeabilidade .................................................................................. 37
4.1.5.2.5 Elasticidade ....................................................................................... 37
4.1.5.2.6 Capacidade de absorver deformações ............................................... 38
4.1.6 Funções e características ................................................................................ 38
4.1.7 Durabilidade ................................................................................................... 40
4.2 RESÍDUOS SÓLIDOS ......................................................................................... 41
4.2.1 Definição ........................................................................................................ 41
4.2.2 Classificação................................................................................................... 42
4.2.3 Resíduos no cenário mundial ......................................................................... 42
4.2.4. Resíduos no cenário brasileiro ...................................................................... 44
4.2.5 Resíduo de Construção e demolição .............................................................. 45
4.2.6 Resíduo de pedreira ........................................................................................ 48
4.2.6.1 Definição ................................................................................................. 48
4.2.6.2 Informações Técnicas .............................................................................. 48
4.2.6.3 Características .......................................................................................... 48
4.3 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL ...................................................................... 49
4.4 RESÍDUO DE ROCHA SILVALITA .................................................................. 50
5 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS ....................................................................... 55
5.1. MATERIAIS UTILIZADOS ............................................................................... 56
5.1.2. Cimento ........................................................................................................ 57
5.1.3. Areia .............................................................................................................. 57
5.1.4. Cal ................................................................................................................. 57
5.2.1 Ensaios de caracterização da argamassa ........................................................ 58
5.2.1.1 Argamassas no estado fresco ................................................................... 58
5.2.1.1.1 Índices de consistência- Trabalhabilidade ........................................ 58
5.2.1.1.2 Retenção de água .............................................................................. 59
5.2.1.1.3 Densidade de massa e teor de ar incorporado ................................... 59
5.2.1.2 Argamassa no estado endurecido ............................................................ 59
5.2.1.2.1 Densidade de massa aparente no estado endurecido......................... 59
5.2.1.2.2 Módulo de elasticidade ..................................................................... 59
5.2.1.2.3 Resistência à tração na flexão e à compressão ................................. 59
5.2.1.2.4 Absorção de água por capilaridade ................................................... 59
5.2.1.2.5 Análise Microestrutural .................................................................... 60
5.2.1.2.6 Análise por Difração raio-X e Fluorescência raio-X ........................ 60
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 61
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 62
18
1 INTRODUÇÃO
Entre todos os problemas que a sociedade enfrenta atualmente, as questões
ambientais tornam-se preocupantes a cada dia, a insaciável busca pela sustentabilidade
acaba mostrando diversas falhas no ramo da construção civil, pois esse ramo é
considerado um dos maiores produtores de resíduos do planeta. E, para tentar manter
uma relação entre o crescimento da construção civil com o meio ambiente, sem agredir
de forma tão direta o meio natural, esse trabalho tem por objetivo a fabricação de uma
argamassa ecológica, onde a quantidade de cimento utilizado para revestir paredes e
pisos, poderá ser substituída pelo Resíduo pó de pedra Silvalita, também conhecido
como RPPS (Parelhas). Ao aproveitar o RPPS (Parelhas) para produzir essa argamassa,
os impactos ambientais contidos no cimento seriam reduzidos, já que cuja fabricação
traz grandes danos ambientais e dessa forma, estaríamos aproveitando esse resíduo
mineral corretamente.
As argamassas desempenham funções indispensáveis no ramo de edificações.
Seu conceito de acordo com a NBR 13281(ABNT, 2005) trata-se de uma mistura
homogênea de agregado(s) miúdo(s), aglomerante(s) inorgânica(s) e água, contendo ou
não aditivos, com propriedades de aderência e endurecimento, podendo ser dosada em
obra ou em instalação própria(argamassa industrializada). Seu consumo torna-se cada
vez maior devido ao crescimento da indústria de construção civil, sendo elas
classificadas de acordo com a NBR 13281(ABNT, 2005) em: argamassa para
assentamento, argamassa para revestimento de paredes e tetos, argamassa de uso geral,
argamassa para reboco, argamassa decorativa em camada fina e argamassa decorativa
em monocamadas; sendo as mais utilizadas àquelas que desempenham as funções de
assentamento e revestimento.
Os resíduos são produzidos em todas as atividades do ser humano, podendo
variar conforme as diversas formas de produção, onde se consideram sua origem,
composição química e suas características físicas. Mas ao gerar uma grande quantidade
que é disponibilizada ao meio de forma incorreta, pode acarretar grandes problemas
ambientais e sociais. Devido ao grande impacto ambiental provocado quando
descartados na natureza, os resíduos da mineração e beneficiamento de rochas estão
sendo estudados, já que possuem um enorme potencial como matérias-primas
cerâmicas.
19
É crescente a preocupação com esse tipo de resíduo, pois o crescimento do setor
mineral em todo o mundo está bastante elevado, especialmente quanto ás rochas
ornamentais, fato que, aliado ao elevado desperdício do setor (que pode chegar a 50%,
em massa, do total produzido) gera um cenário altamente preocupante tanto para
ambientalistas como para a sociedade em geral. De modo geral, esses resíduos são
descartados em lagos, rios, faixas de domínio de rodovias e ao redor das mineradoras
(ou empresas de beneficiamento) causando uma série de agressões à fauna e a flora,
bem como a saúde da população, principalmente quando se encontra em forma seca e
pulverulenta.
Com base nisso, considerado um rejeito, o RPP é resultante de agregados
britados de rochas. Pode ser encontrado em grandes quantidades nos locais onde o
mineral é trabalhado, gerando impactos ambientais consideráveis e poluição visual.
Além de ser um transtorno para as empresas que o produzem quanto no que se refere à
questão do armazenamento desse resíduo. Já as argamassas são indispensáveis nas
indústrias das edificações e o seu consumo possui índices elevados, pois a construção
civil cresce demasiadamente.
Além do mais, a reciclagem de resíduos apresenta diversas vantagens em relação
à utilização de recursos naturais ‘’virgens’’, como por exemplo, pode-se citar: redução
do consumo de energia, redução do volume de extração de matérias-primas, menores
emissões de poluentes, em consequência disso, a melhoria da saúde e segurança da
população e a preservação dos recursos minerais, prolongando assim, sua vida útil e
reduzindo a destruição de paisagens, da fauna e flora. Considera-se essa a vantagem
mais notória da reciclagem.
A pesquisa sobre reciclagem dos resíduos industriais vem aumentando nos
últimos anos em todo o planeta. Como na Europa e América do Norte essa reciclagem é
vista como um mercado bastante rentável, pela iniciativa privada. Onde muitas
empresas investem em tecnologia e pesquisa, aumentando a qualidade do produto
reciclado e propiciando uma maior eficiência do sistema produtivo.
Portanto, sabemos que para manter uma sociedade mais sustentável, é necessário
fazer uso correto desse tipo de material e se o RPP-Silvalita (Parelhas) for considerado
adequado para a fabricação de argamassas, estaríamos reduzindo o consumo de
cimento, minimizando os impactos ambientais e produzindo argamassas ecológicas e de
boa qualidade para a sociedade.
20
2 JUSTIFICATIVAS
2.1 TECNOLOGICA
Produção de um produto novo, ecologicamente correto, fabricado a partir de um
resíduo atendendo a nova tendência mundial da sustentabilidade, em que suas funções
não sejam alteradas.
2.2 AMBIENTAL
Devido a uma crise ambiental e energética mundial onde se busca eliminar os
danos causados ao ambiente pela inadequada administração dos recursos existentes,
onde não se respeita o tempo de reposição dos recursos da natureza, e os danos causados
ao ambiente pelo desperdício e pela elevada quantidade de resíduos que são gerados
como resultado a esse processo de consumo ilimitado dos recursos naturais.
Responsável por consumir grande parte dos recursos naturais, a construção civil
utiliza as pedreiras em sua indústria e como resultados do processo de britagem de
Rochas são produzidos os resíduos de pó de pedra (RPP). Por não apresentar interesse
comercial esses materiais possuem baixo valor de agregado. Pelo mesmo motivo que
esses materiais encontram-se estocados nos locais onde as Rochas são trabalhadas, ou
seja, nas pedreiras e acabam por gerar prejuízos sociais e ambientais, tais como
problemas respiratórios e poluição atmosférica, assoreamento de rios e leito de águas e
poluição visual. Porém, esse material pode ser útil para produção de argamassas
minimizando esses danos, além do que com redução do consumo de cimento os
prejuízos ambientais também são minimizados.
2.3 ECONÔMICA
A argamassa é um dos produtos mais utilizados na construção civil e uma forma
de viabilização econômica seria utilizar uma argamassa que poderia ter um baixo custo,
21
diferente da argamassa padrão, devido a esse produto ser originado a partir do resíduo e
com menos quantidade de cimento, além de ser uma inovação para a economia.
22
3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
Mostrar uma alternativa viável para a construção civil, através do
desenvolvimento de uma argamassa ecológica, buscando eliminar os resíduos presentes
nas pedreiras. Substituindo os percentuais de 2%, 4% e 8% de cimento pelo resíduo de
Rocha Silvalita na mistura de argamassas para revestimento, sem que haja perdas no
desempenho de suas funções.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Estudar e propor a formulação de uma argamassa ecológica;
Aproveitamento do RPPS agregando valor ao mesmo, através da substituição
parcial do cimento da argamassa padrão.
23
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
4.1 Argamassa
4.1.1 Breve Histórico
A argamassa como material de construção teve seus primeiros registros há cerca
de 11.000 anos, mais precisamente na pré-história. No ano de 1985,no sul da
Galiléia,próximo a Yiftah’el, em Israel, foi descoberto o registro mais antigo de
argamassa feito pelo ser humano. Ao fazer uma escavação para abrir uma rua,
trabalhadores descobriram um piso polido de 180 m², feito com rochas e uma argamassa
de cal e areia, onde foi estimado que teria sido produzido entre 7.000 a.c e 9.000 a.c
(European Mortar Industry Organization – EMO, 2006; Hellenic Cement Industry
Association – HCIA, 2006 apud Carasek, [2010?]).
Especulações apontam para a existência de argamassa de areia natural em que um
dos seus constituintes era a cal. Observações feitas em grandes pirâmides como Gizé e
Quéfrem indicaram existência de tal material, sendo estimado também que essa
argamassa foi empregada nos anos de 2980 a 2925 a.C. Ou seja, desde épocas remotas o
homem empregava materiais que têm a finalidade de unir solidariamente elementos de
várias naturezas na construção de edificações (Recena, 2008).
Então as primeiras argamassas tinham como componentes a cal e areia. Com o
passar dos anos e a evolução das construções houve o surgimento de novos materiais
que proporcionaram melhorias das funções desempenhadas pelas argamassas. Como por
exemplo, a invenção do cimento Portland, fez com que as argamassas sofressem uma
evolução. Com a adição desse produto e aglomerantes orgânicos, conseguiram aumentar
sua resistência e por consequência, a aderência às bases onde eram aplicadas muito
melhoradas, já nas primeiras idades. Isso fez com que aumentasse a trabalhabilidade e
qualidade de suas propriedades.
Segundo Recena (2008), os Gregos conheciam bem a cal e os Romanos foram os
responsáveis por unir a cal com agregados graúdos, entre os quais, seixos rolados, areias
e fragmentos de cerâmica vermelha na composição de concreto rudimentar.
24
Posteriormente, foram incorporadas cinzas vulcânicas obtidas da região do Pozzuoli,
onde se originou o nome pozolana, para obter um melhor desempenho da argamassa
frente à umidade. Esse material pode ser o primeiro aglomerante com características
hidráulicas utilizado nas antigas construções que se mantém erguidas até os dias de
hoje.
4.1.2 Definição
As argamassas são materiais que possuem diversas aplicações nas construções,
as principais seriam no uso de assentamentos, de alvenarias e nas etapas de
revestimento. A argamassa é definida como sendo uma mistura homogênea de
agregado(s) miúdo(s), aglomerante(s) inorgânico(s) e água, contendo ou não aditivos,
com propriedades de aderência e endurecimento, podendo ser dosada em obra ou
instalação própria (argamassa industrializada). Ou seja, a argamassa é constituída
basicamente por uma pasta resultante da mistura do aglomerante inorgânico com a água,
com um agregado miúdo que pode conter aditivo ou adições. NBR 13281 (ABNT,
2001).
As argamassas devem ser resistentes para suportarem esforços, cargas e
choques. Devem resistir aos agentes atmosféricos e ao desgaste. Quando enterradas ou
submersas, devem resistir a ação da água, no geral, a resistência da argamassa aumenta
com o passar do tempo.
4.1.3 Materiais constituintes da argamassa mista
4.1.3.1 Cimento
O cimento Portland, como é conhecido, foi assim designado em 1824 por Joseph
Aspdin. O pesquisador queimou calcário e argila finamente moídos e misturados a altas
temperaturas até que o gás carbônico (CO2) fosse retirado, assim produziria o clínquer.
O material obtido era então moído dando origem ao cimento que é conhecido nos dias
de hoje. Ou seja, é um pó fino de coloração acinzentada, e o mesmo é resultado da
moagem do clínquer, como também, o cimento é constituído de silicatos e aluminatos
de cálcio.
25
4.1.3.2 Cal
É o produto que se obtém com a calcinação, à temperatura elevada de materiais
calcáreos. Os calcáreos são Rochas sedimentares cuja composição predominante é o
carbonato de cálcio (CaCO3), mas também pode haver carbonato de magnésio. A
temperatura de fabricação se situa em torno de 900°C, e, nesta faixa o carbonato de
cálcio perde o gás carbônico, ficando na estrutura o óxido de cálcio. Essa calcinação se
faz entre outras formas, em fornos construídos com alvenaria de tijolos refratários. Após
esse processo, à cal passa por um processo de hidratação, passando de cal virgem para
cal hidratada. A cal é largamente utilizada em argamassas de assentamento e de
revestimento.
4.1.3.3 Agregado miúdo
De acordo com a NBR 7211 (ABNT, 2005) o agregado miúdo é aquele cujos
grãos passam pela peneira com abertura de malha de 4,75 mm e ficam retidos na peneira
com abertura de malha de 150 μm, em ensaio realizado de acordo com a ABNT NBR
NM ISO 248, com peneiras definidas pela ABNT NBR NM ISO 3310-1.
4.1.3.4 Água
Na produção da argamassa, a utilização da água tem grande importância, pois a mesma
influencia em aspectos como o endurecimento e a trabalhabilidade da argamassa.
4.1.4 Classificação
Segundo Recena (2008), as argamassas são classificadas quanto a:
4.1.4.1 Forma de endurecimento e resistência à umidade:
Conforme os aglomerantes minerais a argamassa pode ser classificada em
hidráulicas ou aéreas.
26
Argamassas hidráulicas: São produzidas com aglomerantes hidráulicos, que
necessitam de água para hidratação dos compostos básicos e após o
endurecimento são resistentes à ação da umidade. Seu endurecimento se dá
mesmo debaixo de água e adquirir ganhos de resistência ao longo do tempo
devido à continuidade das reações de hidratação.
Argamassas aéreas: São formuladas com aglomerantes que dependem da
exposição ao ar, e que depois de endurecidos não resistem bem à umidade.
4.1.4.2 Natureza do aglomerante:
Argamassas minerais: São constituídas de um ou mais aglomerantes minerais,
obtidos por meio de insumos constituídos de minerais naturais que podem passar
por algum processo de transformação industrial ou são utilizados como são
encontrados na natureza. Essas argamassas são:
Argamassas de cimento Portland: Essas argamassas podem apresentar uma
elevada resistência mecânica dependendo do traço da relação água\cimento
utilizado na sua produção, com isso apresentam elevada rigidez e como são
produzidos com aglomerantes hidráulicos apresentam resistência à umidade. São
argamassas produzidas pela mistura de cimento Portland e agregado miúdo.
Argamassas de cal: São formuladas pela mistura de cal com agregado miúdo,
como a cal é um aglomerante aéreo essas argamassas apresentam baixa
resistência à umidade, além de apresentarem baixa resistência mecânica e um
endurecimento lento.
Argamassas mistas de cimento e cal: São as mais utilizadas na atualidade no
ramo da construção civil para assentamento e revestimento, o cimento Portland
incorporado na argamassa de cal proporciona um aceleramento no tempo de
pega da mistura e uma maior resistência à umidade; já o emprego da cal é
associado a sua plasticidade e capacidade de retenção de água.
Argamassas de gesso: São pouco utilizadas devido ao seu elevado custo devido
ao seu aglomerante ser o gesso e o mesmo não possuir reservas na região do Rio
27
Grande do Norte. Apresenta baixa resistência à umidade devido ao gesso ser um
aglomerante aéreo.
Argamassas de cal hidráulica e cimento de alvenaria: Os cimentos de alvenaria
não são produzidos mais em território nacional, esse aglomerante é derivado do
cimento Portland e apresentam rendimento inferior a este, podendo ser utilizado
somente para formulação de argamassas. A cal hidráulica é o material obtido
pela calcinação da Rocha calcária, são mais resistentes à ação da umidade.
Argamassas poliméricas: São argamassas caras quando comparadas com as
tradicionais, são produzidas com aglomerantes que possuem o endurecimento
através de uma reação de polimerização. Apresentam um comportamento
diferenciado de resistência mecânica, ou resistência química.
4.1.4.3 Quanto à utilização:
Argamassas de revestimento: Essas argamassas são utilizadas para revestimento de
paredes, muros ou estruturas de concreto armado. São constituídas de cimento
Portland, areia média ou grossa, podendo haver emprego de um polímero.
Atualmente, o revestimento em argamassas aplicado sobre parâmetros de alvenarias
é composto por uma única camada chamada de reboco. Tradicionalmente, os
revestimentos em argamassas sempre foram constituídos de duas camadas: emboço,
camada colocada em primeiro lugar sobre o substrato, sendo a camada mais espessa;
e o reboco que é colocada sobre a do emboço, que proporciona o acabamento do
sistema por meio de uma textura lisa, por esse motivo é produzida com areia fina.
Outra camada conhecida como chapisco, é uma camada intermediária entre o
revestimento e o substrato é utilizado para uniformizar o substrato e melhorar as
condições de aderência do revestimento.
O revestimento de argamassa pode ser constituído de várias camadas (Casarek ,
2010), são elas:
Chapisco: É a camada base, que possui a função de melhorar a aderência do
revestimento, aplicada de forma contínua e descontínua.
28
Emboço: Essa camada é aplicada para cobrir e regularizar a base, permitindo
que a superfície possa receber outra camada, seja ela de rebocou de revestimento
decorativo.
O sistema composto pelas camadas de emboço, o reboco e a pintura, para o
revestimento de parede é pouco utilizado na atualidade.
Reboco: Essa camada pode constituir do acabamento final ou permitir à
superfície receber um revestimento decorativo.
Camada Única: É atualmente a mais empregada no Brasil, trata-se do
revestimento aplicada à base, sobre o qual é aplicada a camada decorativa.
Revestimento decorativo monocamada: A argamassa desse revestimento é um
produto industrializado, ainda não normatizado no Brasil, mas muito utilizado
na Europa. Como o próprio nome já diz é um revestimento empregado em uma
única camada que possui como função regularização e decorativa.
Argamassas de fixação: Essas argamassas são utilizadas na fixação de elementos
cerâmicos de revestimento, hoje no ramo da construção civil essas argamassas
foram substituídas por argamassas colantes.
Argamassas de regularização: As argamassas de regularização são empregadas
em parâmetros verticais com a utilização de argamassas de revestimento; e
horizontais que são aquelas empregadas nos pisos, às argamassas utilizadas
nesse caso são chamadas de contrapiso, que tal função se refere à preparação do
substrato para que possa haver uma aplicação de um revestimento posterior e a
mesma deve apresentar uma boa resistência mecânica.
Argamassas de recuperação e proteção: Esse tipo de argamassa deve apresentar
características especiais como a baixa permeabilidade e grande aderência ao
substrato já que deverão ser responsáveis pela durabilidade da peça recuperada.
Normalmente são formuladas a partir de um aglomerante mineral, agregados
selecionados e modificados por meio de polímeros, fibras flexíveis que atua no
controle da fissuração por retração e aditivos que alteram sua reologia.
Argamassas de assentamento: São empregadas no assentamento de elementos de
alvenaria. Essas argamassas podem ser aéreas ou hidráulicas.
29
4.1.4.4 Volume da pasta
Quanto ao volume, as argamassas são classificadas em gordas, magras e cheias.
Essa“gordura” da argamassa está relacionada com os materiais como os óleos ou as
graxas, que aderem a qualquer tipo de superfície, são difíceis de serem removidos e que
permite o movimento relativo entre qualquer outro material que possa ser colocado em
contato com a esta superfície. De modo que, quanto maior a sensação de lubrificação
mais gorda será a pasta. A argamassa será considerada cheia quando o volume da pasta
for o necessário para preencher os vazios existentes entre os grãos do agregado; já as
argamassas gordas são aquelas que apresentam um excesso de pasta entre os vazios dos
grãos; e as magras são aquelas que apresentam um volume inferior de pasta ao volume
de vazios presentes no agregado. Na prática só pode ser verificada a existência das duas
últimas argamassas, a primeira trata-se de um conceito teórico. Em termos de aplicação
as argamassas gordas e magras apresentam diferenças no rendimento de trabalho de
revestimento de paredes, nesse caso a uma preferência por argamassas magras. Essa
preferência está relacionada com a maior quantidade de aglomerante que a argamassa
gorda apresenta, exigindo com isso a utilização de uma maior quantidade de água em
sua formulação, de modo que a quantidade de água aumenta o tempo de espera para
início das atividades, causando um retardo das operações.
4.1.4.5 Granulometria do agregado:
Existem três tipos de argamassas, as finas, médias e grossas. As argamassas são
assim classificadas em função da granulometria da areia utilizada para sua produção.
Antigamente, eram utilizados dois tipos de argamassas para o revestimento de paredes,
uma utilizava a areia grossa e era utilizada para o emboço, e outra argamassa que
utilizava a areia fina e era empregada no reboco. Com o passar do tempo passaram a
utilizar somente uma camada onde é empregada uma argamassa formulada a partir da
mistura das duas areias, a fina e a grossa. Hoje em dia, as argamassas são formuladas
em sua maioria com areia fina, visando um bom acabamento e comprometendo a
resistência mecânica, resistência de aderência e estabilidade de volume.
30
4.1.4.6 Forma de produção:
Argamassas feitas em obra: São argamassas compostas por materiais
aglomerantes, agregados e água, podendo haver o uso de aditivos. Podem
ser produzidas com cimento e areia, com ou sem o emprego de aditivos
incorporadores de ar, como mistas de cimento e cal. Essas argamassas
são as tradicionais, produzidas nos canteiros de obras.
Argamassas industrializadas: São aquelas produzidas por processos
industriais controlados e dosadas na medida certa e são fornecidas em
sacos. Essas argamassas são à base de cimento Portland, aditivos e
adições e outras são à base de cal. Os agregados podem ser uma areia
natural ou uma artificial obtida por cominuição de Rochas sãs.
Argamassas semi-industrializadas: Essas argamassas apresentam menor
custo que as industrializadas, são argamassas intermediárias que são
constituídas a partir de cal e areia e são vendidas para serem compostas
posteriormente com cimento Portland para obtenção das argamassas
finais.
4.1.5 Propriedades
4.1.5.1 Propriedades no estado fresco
4.1.5.1.1 Trabalhabilidade
A maneira que o material se comporta para alcançar a sua posição final e atingir
os objetivos esperados chama-se trabalhabilidade. A trabalhabilidade deve ser adequada
para cada tipo de tarefa a que uma argamassa se destina, de modo que, argamassas de
assentamento e revestimento não devem apresentar trabalhabilidades iguais, já que cada
uma exerce uma função diferenciada. Uma argamassa de boa trabalhabilidade, é aquela
que não apresenta dificuldade para a execução da tarefa a que se destina, possuindo uma
31
boa aderência ao substrato. A trabalhabilidade de uma argamassa pode ser corrigida
alterando a quantidade de água de amassamento.
A trabalhabilidade é uma propriedade complexa já que depende das outras
propriedades das argamassas, como: consistência, plasticidade, retenção de água e de
consistência, coesão, exsudação, densidade de massa e adesão inicial ( Casarek, 2010).
4.1.5.1.2 Retenção de água
A retenção de água é uma propriedade da argamassa no estado fresco, mas que
pode afetar a argamassa no estado endurecido. A retenção de água refere-se à
capacidade da argamassa dificultar a perda de água, que foi utilizada em sua produção,
para o meio que apresente condições desfavoráveis ou para a superfície de aplicação,
que pode ser substratos porosos. Uma argamassa que apresenta uma boa retenção de
água, consequentemente vai apresentar uma perda lenta de água por amassamento, um
aumento de resistência e de aderência ao substrato, e facilidade no manuseio,
minimizando a capacidade de haver danos provocados pelos processos de fissuração
devido ao ganho de resistência. Essa capacidade depende principalmente dos
aglomerantes utilizados nas produções das argamassas, sendo importante considerar a
granulometria e as misturas que são feitas junto ao agregado. Fatores como a quantidade
de água utilizada, a utilização de materiais com efeitos pozolânicos e o tempo que leva a
mistura podem facilitar a capacidade do material de reter água. A retenção de água é
uma propriedade importante para as argamassas de assentamento, sua atuação regula a
perda da água de amassamento durante o processo de secagem, já que em sua aplicação
há perda de água por evaporação ou por sucção pelos elementos que constituem a
alvenaria.
4.1.5.1.3 Aderência inicial
A aderência inicial refere-se à capacidade que argamassa possui de aderir
inicialmente à superfície, o que depende das características reológicas que a pasta
possui como a tensão superficial. Uma melhor adesão inicial necessita de uma
diminuição da tensão superficial, o que favorece o contato entre as superfícies
proporcionando a aderência da pasta ao substrato. Para que ocorra uma boa adesão
32
inicial é necessário considerar alguns fatores que contribuem para realização desse
processo, são eles: condições de limpeza, rugosidade, superfície de contato entre o
material e o substrato e a porosidade. Essa propriedade influência na capacidade de
manter a aderência da argamassa ao substrato no estado endurecido.
4.1.5.1.4 Plasticidade
A plasticidade é a propriedade em que as argamassas se deformam e mantém
essas deformações mesmo após a redução das tensões que provocaram tal deformação,
em termos reológicos a plasticidade de uma argamassa está relacionada com a
viscosidade. A quantidade e os tipos de aglomerantes e agregados que são utilizados
possuem influência direta com essa propriedade, sendo necessário considerar também a
presença de aditivos, o tempo e a intensidade da mistura. A plasticidade e a consistência
são fatores determinantes para caracterização da trabalhabilidade.
As propriedades de consistência, coesão e a retenção de água estão diretamente
relacionadas com a plasticidade (Santos, 2008).
4.1.5.1.5 Consistência
A consistência de uma argamassa está relacionada com a capacidade que o
material possui de se deformar quando está submetida à ação de cargas. A quantidade
de água utilizada na produção de argamassas é de elevada importância para essa
propriedade.
Considerando o comportamento reológico das argamassas, a consistência, está
relacionada com a sua maior ou menor fluidez e com capacidade da mistura em resistir
ao escoamento (Casarek, 2010).
Quanto à consistência as argamassas subdividem-se em três tipos:
Argamassas plásticas: São as argamassas onde em uma fina camada a pasta
lubrifica a superfície do agregado, sem haver a necessidade de grandes esforços
para que haja uma boa adesão.
33
Argamassas fluidas: Nesse caso, os grãos encontram-se imersos na pasta, e
como a argamassa é muito líquida elas se espalham facilmente sobre a base de
aplicação sem haver resistência nenhuma, somente a da gravidade.
Argamassas secas: São aquelas em que a pasta somente preenche os vazios
existentes entre os grãos dos agregados.
4.1.5.1.6 Coesão e tixotropia
A coesão em uma argamassa refere-se à capacidade da argamassa manter seus
componentes unidos sem que haja separação entre eles, isso ocorre devido às forças de
atração que há entre as partículas do estado sólido e as reações químicas entre os
componentes da pasta aglomerante.
Atixotropia pode ser entendida como a mudança da viscosidade da argamassa
que é ocasionada por uma agitação. Essa propriedade está relacionada com a coesão.
4.1.5.1.7 Massa específica e teor de ar incorporado
A massa específica ou densidade de massa de uma argamassa influencia em
outras propriedades da argamassa, como é o caso da trabalhabilidade, de modo que, uma
melhor trabalhabilidade está relacionada com a leveza da argamassa. É necessário levar
em consideração alguns aspectos que influencia nessa propriedade, como é o caso do
teor de ar incorporado, e das densidades dos materiais que compõem a argamassa,
principalmente do agregado.
O teor de ar incorporado refere-se à quantidade de ar que se encontra presente na
argamassa, o ar é incorporado durante o processo de mistura e aplicação da argamassa,
podendo ser intensificado com o uso de aditivos incorporadores de ar. Esse fator como
já mencionado anteriormente influencia na massa específica, e são inversamente
proporcionais.
34
4.1.5.1.8 Exsudação
Para Santos (2008), a exsudação resume-se ao fenômeno de separação de parte
da água de amassamento de uma argamassa fresca mantida em repouso sem qualquer
tipo de vibrações ou choques.
Esse processo que ocorre nas argamassas no estado fresco pode ser entendido
como a transferência da água utilizada em sua produção, é mais frequente a sua
ocorrência em argamassas em que sua consistência varia entre plástica e fluida.
4.1.5.1.9 Tempo de endurecimento
O tempo de endurecimento das argamassas é influenciado pelas condições de
temperaturas e depende da reação química que ocorre entre o cimento e a água, tal
reação recebe o nome de hidratação.
4.1.5.2 Propriedades no estado endurecido
4.1.5.2.1 Resistência Mecânica
A capacidade do material de suportar os esforços mecânicos a que são
submetidos após seu endurecimento, onde esses esforços são de diferentes naturezas,
chama-se Resistência Mecânica. Os problemas mais comuns e de maior importância no
caso dos revestimentos relacionados à resistência mecânica é a baixa resistência
superficial o que traz prejuízos à fixação das camadas de acabamento, como a pintura
ou as peças cerâmicas.
A resistência mecânica depende basicamente do consumo e da natureza dos
agregados e aglomerantes da argamassa empregada e da técnica de execução, que busca
a compactação da argamassa durante sua aplicação e acabamento. A resistência
mecânica aumenta com a redução da proporção de agregado na argamassa e varia
35
inversamente com a relação água\cimento da argamassa. (BAÍA e SABATTINI, 2000
apud SANTOS, 2008).
Para determinação da resistência mecânica de uma argamassa é necessário
considerar os conceitos de corpo-de-prova e métodos de ensaios. A forma e as
dimensões de um corpo de prova possui elevada importância para a determinação da
resistência mecânica de um material. O corpo-de-prova utilizado para medir a
resistência mecânica de concretos e argamassas possui forma cilíndrica e sua altura é
igual ao dobro do diâmetro da base, de forma que os ensaios são realizados sobre
corpos-de-prova.
4.1.5.2.2 Retração
O processo de retração nas argamassas é mais frequente nas primeiras idades, a
retração gera esforços de tração e está relacionado ao movimento da água no interior da
pasta, ou para o meio externo no caso do processo de secagem, desencadeando além da
redução de volume o inevitavelmente processo de fissuração. Esse movimento de água
no interior da pasta apesar de ser considerado de pequena magnitude pode contribuir
para a ocorrência de um elevado processo de retração. A retração pode influenciar as
argamassas quanto a suas características de estanqueidade e durabilidade.
A pasta, sobretudo se possui alta relação se possui alta relação
água\aglomerante, retrai ao perder a água em excesso de sua composição. Parte dessa
retração é consequência das reações de hidratação do cimento, mas a parcela principal é
devido à secagem. A retração inicia no estado fresco e prossegue após o endurecimento
do material. Quando se mistura areia à pasta, ou seja, se prepara uma argamassa, a areia
atua como esqueleto sólido que evita parte das variações volumétricas por secagem e o
risco da fissuração subsequente (VALDEHITA ROSELLO, 1976 apud CARASEK
[2010?]).
O aparecimento de fissuras tem origem hidráulica e ocorre quando os esforços
forem superior à resistência mecânica do material, o que ocorrerá rupturas e
consequentemente a dissipação das tensões internas do material, ou seja, as fissuras
referem-se ao aparecimento de fraturas que são causadas por um excesso de carga sobre
o material.
36
Segundo Recena (2008), consideram-se três processos de fissuração, são eles:
Fissura superficial: Esse tipo de fissura é desencadeado por uma retração na fina
camada superficial, e por esse motivo essa fissura se caracteriza por apresentar
uma pequena abertura, que na maioria dos casos só é possível sua visibilidade
com a molhagem da superfície revestida.
Fissura de escorrimento: Ocorre quando a argamassa apresenta um excesso na
quantidade de água utilizada em sua produção. Quando utilizada em
revestimento ocorre uma movimentação vertical decorrente da ação da
gravidade.
Fissura de retração plástica: Nesse caso, o processo de retração diferentemente
do que ocorre na fissuração superficial, ocorre não só em uma fina camada
superficial, mas em toda a espessura, as fissuras originadas como consequência a
esse processo apresentam grande abertura e atravessam a camada da argamassa
alcançando o substrato.
4.1.5.2.3 Aderência
A capacidade de o material manter-se aderida ao substrato por meio da
resistência do sistema com relação às tensões normais e tangenciais chama-se Aderência
e possui elevada importância para as argamassas. Essa propriedade é um fenômeno
mecânico que depende da interação entre a argamassa e o substrato, ou seja, depende do
comportamento do sistema que está diretamente ligado às características dos materiais
que o constitui, de modo que quanto melhor for à relação entre a argamassa e a base
maior será a aderência.
A aderência está diretamente ligada com a trabalhabilidade da argamassa, com a
energia de impacto, além das características e propriedades dos substratos e de fatores
externos. Sendo necessário considerar as condições do modo de aplicação da argamassa,
como: mão-de-obra, limpeza e fatores climáticos que podem influência diretamente na
aderência, (Casarek, 2010).
37
Os materiais constituintes das argamassas também possui uma relação direta
com a resistência de aderência, ainda de acordo com Carasek [2010?]; quanto mais fino
o cimento Portland utilizado na produção de argamassa maior será a aderência obtida,
além de que uma maior quantidade de cimento empregada resultará em elevada
resistência à aderência, mas possuem uma maior tendência a fissurações o que poderá
apresentar uma menor durabilidade; com relação a argamassas que contém a cal como
aglomerante se espalham mais facilmente sobre a base de aplicação, devido à finura e as
propriedades de plastificantes e de retenção de água que a cal apresenta o que resulta em
uma extensão de aderência maior, além de que o material evita fissuras; a areia
empregada também influência nessa propriedade, de modo que, para resultados
positivos de aderência a distribuição granulométrica da areia deve ser contínua.
4.1.5.2.4 Permeabilidade
A permeabilidade de uma argamassa refere-se permitir a passagem de água no
material, essa propriedade possui maior importância para o revestimento, já que o
mesmo possui a função de não permitir a infiltração de água possibilitando proteção ao
parâmetro revestido.
A argamassa no estado endurecido permite a passagem de água através da
capilaridade ou difusão de vapor de água e por meio de infiltração sob pressão. A
permeabilidade de uma argamassa é influenciada pelo aglomerante que é utilizado,
levando em consideração a quantidade e o tipo, além da granulometria do agregado e
das características do substrato. A quantidade de cimento Portland utilizado também é
de elevada importância, já que se usado em proporções adequadas pode diminuir a
permeabilidade no caso de revestimento, mas se usado em teores altos o mesmo pode
provocar fissurações por retração hidráulica, (Santos, 2008).
4.1.5.2.5 Elasticidade
A capacidade que a mesma possui de suportar os esforços mecânicos a que são
expostas e após a retirada das tensões voltar as suas dimensões iniciais, de modo a não
38
haver danos como; rompimento, fissuras que possam comprometer a estrutura e perdas
de aderência, pode serentendida como Elasticidade.
4.1.5.2.6 Capacidade de absorver deformações
As argamassas são materiais utilizados com o objetivo de unir ou revestir
elementos de diferentes naturezas. Por esse motivo, são capazes de absorver as
deformações causadas pela resposta dos diferentes materiais as solicitações das
variações térmicas e\ou higrométricas a que estão expostas constantemente, (Recena,
2008).
Ainda segundo o mesmo autor, essa propriedade das argamassas está ligada ao
módulo de elasticidade que possui uma relação direta com a resistência á compressão. O
módulo de elasticidade refere à tensão necessária para que ocorra uma deformação em
uma unidade de comprimento do corpo-de-prova que utilizado no ensaio. Portanto, o
módulo de elasticidade de um material possui uma relação entre tensão e deformação.
De modo que, materiais que apresentem uma grande capacidade de se deformar, são
materiais de que possuem baixo módulo de elasticidade e apresentam uma baixa
resistência à compressão, já que são diretamente proporcionais.
4.1.6 Funções e características
Segundo Recena (2008), todo material empregado em uma edificação, seja como
componente de um sistema ou de forma isolada, esse mesmo material deve possuir
funções definidas e garantir o efeito estético que se espera. Em relação as argamassas, é
necessário considerar a sua relação com o substrato e com o meio ambiente, pois a
argamassa é empregada como componente de um sistema e não isoladamente. E para
desempenhar as funções as quais são determinadas em cada projeto, as argamassas
devem apresentar as seguintes propriedades:
Trabalhabilidade adequada;
Eficiente capacidade de retenção de água;
Durabilidade compatível com a vida útil prevista para a edificação;
Estabilidade química;
39
Estabilidade física;
Capacidade de aderir o substrato;
Modo de elasticidade baixo, para que a mesma possa absorver por deformação, tensões
internas resultantes da movimentação da estrutura e/ou dos materiais que a compõem.
Quanto as argamassas de revestimento, que são muito utilizadas para revestir
paredes, muros e tetos, o que se espera é que a mesma possa desempenhar funções,
como:
Absorver as deformações naturais a que uma estrutura está sujeita;
Impermeabilizar o substrato de aplicação;
Regularizar e/ou proteger mecanicamente os substratos constituídos por sistemas
de vedação, contribuindo para o isolamento térmico, isolamento acústico,
estanqueidade a água, resistência ao fogo e resistência ao desgaste e abalos
superficiais;
Garantir um bom acabamento a estrutura revestida contribuindo para a estética
da construção;
Para revestimentos externos deve proteger a alvenaria contra a ação do
intemperismo.
Para desempenhar essas funções citadas anteriormente, a argamassa de
revestimento, deve apresentar algumas propriedades, tais como:
Trabalhabilidade;
Retração;
Aderência;
Permeabilidade à água;
Resistência mecânica;
Capacidade de absorver deformações.
Quanto as argamassas de assentamento, as mesmas são utilizadas para a
elevação de paredes e muros de tijolos ou blocos e devem desempenhar as seguintes
funções:
40
Unir solidariamente entre se os elementos que compõem uma alvenaria, de
modo a contribuir para na resistência de esforços laterais;
Garantir a adesão ao substrato de elementos de revestimentos de pisos ou
fachadas, a aderência permitirá uma resistência aos esforços de cisalhamento e
tração;
Distribuir de forma uniforme os esforços atuantes em uma alvenaria;
Garantir a impermeabilidade das alvenarias sem revestimento, ou seja, não
permitir a infiltração de água.
Absorver as deformações naturais que a alvenaria está sujeita.
E para desempenhar essas funções, as argamassas de assentamento devem
possuir as seguintes propriedades:
Trabalhabilidade e consistência adequada, de modo que a plasticidade seja
ajustada para cada caso de aplicação;
Aderência
Resistência mecânica
Capacidade de absorver deformações, estando diretamente ligada ao módulo de
elasticidade da argamassa.
Dessa forma, fica claro que todos os materiais utilizados na construção civil
devem desempenhar funções que são primordiais para a vida útil da estrutura. E essas
funções necessitam de propriedades que são essenciais para o seu desempenho.
4.1.7 Durabilidade
A durabilidade de uma argamassa refere-se a capacidade da mesma, em manter
sua estabilidade química, ou seja, quando não há reações destrutivas nos aglomerantes e
na sua interação com os agregados. Já quando exposta a condições normais de
exposição a um determinado ambiente, desde que submetida aos esforços que foram
consideradas em seu projeto, sem deixar de cumprir as funções as quais foi projetada,
ou seja, física ao longo do tempo, segundo Recena (2008). A durabilidade de uma
argamassa também está condicionada as suas características intrínsecas, pelo tipo de
41
solicitações de natureza física e mecânica a que estará submetida e pelas condições de
agressividade do meio em que está exposta. Logo, condições especiais de agressividade
de um determinado meio, exigiram argamassas especiais que são dosadas para resistir a
ação específica dos produtos contaminantes daquele ambiente.
Quanto as argamassas de assentamento de revestimento, a durabilidade das
mesmas é exposta a condições normais, dependendo da presença de umidade e sais
solúveis passíveis de serem lixiviados. A presença desses sais solúveis gera a destruição
das argamassas e nos elementos cerâmicos que compõem a alvenaria, mas isso só
acontece devido a sua capacidade de absorver ou exalar a umidade, de modo a ficar em
equilíbrio com o meio, ou durante a cristalização, também chamada de
higroscopicidade. Desse modo, quanto maior a presença de umidade, maior será a
atuação dos aglomerantes hidráulicos presentes na formulação da argamassa, onde esse
fato, irá influenciar a resistência mecânica e o módulo de deformação, já que a
resistência a umidade está relacionada com a quantidade de cimento Portland utilizado.
Portanto, argamassas que estão sujeitas as ações de umidade, devem conter sempre uma
maior quantidade de cimento do que outras argamassas que são projetadas para
desempenhar outro tipo de função.
4.2 RESÍDUOS SÓLIDOS
4.2.1 Definição
Segundo a norma da ABNT, NBR 10.004:2004, resíduos
sólidos são aqueles que:
“resultam de atividades de origem industrial, doméstica,
hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam
incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de
tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e
instalações de controle de poluição, bem como determinados
líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento
na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para
isso soluções, técnica e economicamente, inviáveis em face à
melhor tecnologia disponível.”
42
4.2.2 Classificação
Os resíduos sólidos apresentam uma vasta diversidade e complexidade, sendo que suas
características físicas, químicas e biológicas variam de acordo com a fonte ou atividade
geradora, podendo ser classificados de acordo com:
Resíduos classe I- Perigosos
São aqueles que de acordo com suas características físicas, químicas e infecto-
contagiosas podem apresentar risco a saúde pública e ao meio ambiente. Ou aqueles que
apresentem características que se referem quanto à inflamabilidade ou quanto à
patogenicidade.
Resíduos Classe II- Não perigosos
Essa classe classifica os resíduos em Resíduos Classe II A, que refere-se aos
resíduos não inertes; e resíduos classe II B que são os resíduos inertes.
Resíduos Classe II A- Não inertes
Esses resíduos classificados como não perigosos e não inertes, apresentam
características como: Biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água.
Resíduo Classe II B- Inertes
Conforme ABNT 10006 não apresentarem nenhum de seus constituintes
solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, com
exceto nos aspectos de cor, turbidez, dureza e sabor.
4.2.3 Resíduos no cenário mundial
O consumo de materiais torna-se cada vez maior com o crescimento populacional, por
causa desse crescimento há a busca incessante pelo desenvolvimento sustentável,
43
devido aos resíduos que são gerados no meio ambiente e que estão presentes na
sociedade, ou somente, resíduos sólidos urbanos (RSU).
A problemática quanto à questão do lixo e a preocupação quanto aos
problemas que o mesmo pode trazer para o ambiente, e para a saúde da população,
surge desde meados da década de 80, nos Estados Unidos, quando foi instaurado o
super fund,que é uma legislação específica que tenta recuperar os grandes lixões de
resíduos sólidos que há nos EUA. E essa abordagem propiciou a Agência de Proteção
Ambiental – EPA a fazer toda uma legislação sobre resíduos sólidos (Kraemer, 2005).
Nos Estados Unidos, de acordo com Leripio (2004 apud Kramer, 2005), o
grande volume de lixo gerado pela sociedade está fundamentado no famoso
“americanwayoflife” que associa a qualidade de vida ao consumo de bens materiais.
Este padrão de vida alimenta o consumismo, incentiva a produção de bens descartáveis
e difunde a utilização de materiais artificiais.
De acordo com Kraemer (2005), na Europa a situação dos resíduos é
caracterizada por uma forte preocupação em relação à recuperação e ao
reaproveitamento energético. A dificuldade de geração de energia, devido à escassez de
recursos disponíveis aliada a um alto consumo energético favorece a estratégia de
reciclagem dos materiais e seu aproveitamento térmico. Enquanto isso, na China nos
resíduos sólidos há a predominância de materiais orgânicos que são utilizados na
agricultura, devido a esse fato os resíduos não são vistos como um problema, mas sim
como um aspecto que soluciona a fertilização dos solos, estimulando, a grande rede de
compostagem e a biodigestão de resíduos. No país, os resíduos orgânicos são
considerados pela população chinesa como responsabilidade do cidadão. Essa diferença
no tratamento dos resíduos e na forma como os chineses encaram a problemática dos
resíduos está diretamente ligada a uma diferença nas questões culturais. Dessa forma, é
possível estabelecer uma diferença que há sobre a problemática do lixo, que varia de
acordo com os países. Nos EUA a questão dos resíduos está diretamente ligada à
intensificação do sistema capitalista vigente, onde se busca a qualidade de vida por meio
do consumismo exacerbado. Na Europa esse assunto está ligado ao problema energético
local, onde se visa à verificação e retirada do potencial energético dos resíduos.
Enquanto que na China, a concepção é outra, a questão dos resíduos não é vista como
um problema, mas sim como uma solução a fertilização do solo.
44
Gráfico 1 - Geração de RSU em alguns países selecionados.
Fonte: Pesquisa ABRELPE 2010
De acordo com a ilustração do gráfico, é possível constatar a geração de resíduos
sólidos urbanos no mundo dada milhões de toneladas. Analisando o gráfico é possível
verificar a china como campeã em geradora de resíduos sólidos considerando sua área
urbana e rural, o país é responsável pela geração de 300 milhões de toneladas. Em
segundo lugar, a grande potencial mundial, os EUA, apresentando 238 milhões de
toneladas de resíduos gerados.
4.2.4. Resíduos no cenário brasileiro
O RSU no Brasil teve um aumento expressivo do ano de 2009 para 2010,
superando a taxa de crescimento populacional que foi cerca de 1% enquanto que a
geração de RSU teve um aumento de 6,8%, passando de 57 011 136 toneladas no ano
de 2009 para 60 868 080 toneladas no ano de 2010. Sendo que grande parte da
quantidade gerada de RSU é encaminhada para uma incorreta destinação que está
presente todas as regiões brasileiras; 61% dos municípios brasileiros encaminham os
resíduos para lixões e aterros controlados que não possuem medidas necessárias para
proteção do ambiente contra danos e degradações.
Reforçando as afirmações anteriores, no Brasil, a quantidade de resíduos gerados
aumentou significativamente no período de um ano, superando o crescimento
populacional, sendo necessária, a tomada de medidas mitigadoras, já que a maioria da
45
quantidade de resíduos que são gerados possui uma destinação incorreta o que viabiliza
no aumento de danos para o ambiente e para a sociedade em geral. Dentre essas
medidas, destacam-se as mais comuns: Coleta seletiva e a reciclagem, ambas já se
encontram presentes em todas as regiões brasileiras, segundo a ABRELPE (2010).
Gráfico 2 - Quantidade total de RSU coletado (%).
Fonte: Pesquisa ABRELPE 2010.
De acordo com o gráfico anterior, nota-se que a região sudeste apresenta um
significativo aumento frente às outras regiões brasileiras, pois sozinha a região é
responsável por 53% da quantidade total de RSU coletados, sendo a região sudeste a
campeã na geração de RSU.
4.2.5 Resíduo de Construção e demolição
Os resíduos gerados pelas atividades de construção civil, conhecidos como
resíduos de construção e demolição (RCD) são um sério problema urbano, pois grande
parte destes resíduos são depositados irregularmente na malha urbana em cidades de
médio e de grande porte. (UZEN et al., 2003).
Alterando o ambiente, a construção civil é a indústria responsável por
transformar o ambiente natural em um ambiente construído, cujo objetivo é
proporcionar mais conforto e bem estar para a sociedade. Apesar disso, a mesma traz
grandes prejuízos ambientais, dentre os quais se destacam; a retirada de recursos do
ambiente, geração de resíduos resultantes das construções, além de provocar uma
alteração da paisagem natural, mostrando assim que o impacto ambiental é proporcional
a sua tarefa social.
46
A reciclagem destes resíduos como agregados em larga
escala é uma ferramenta importante para aumento da
sustentabilidade da construção civil diminuindo o uso de áreas
de aterros de resíduos, o uso de recursos naturais não-renováveis
e os custos públicos com gestão do resíduo (UZEN et al., 2003).
A construção civil consome entre 14% e 50% dos recursos naturais extraídos no
planeta (SJOSTROM, 1996 apud John, 2000).
Dessa forma, é possível estabelecer uma relação existente entre os danos
causados ao meio ambiente pela indústria da construção civil e a necessidade que a
mesma possui de proporcionar melhoria na qualidade de vida aos seres humanos.
Nos termos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, são considerados resíduos
de construção civil os resíduos gerados nas construções, reformas, reparos e demolições
de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de
terrenos para obras civis, os quais são de responsabilidade do gerador dos mesmos
(ALBREPE, 2010).
A construção civil gera resíduos desde a sua produção de materiais até a fase de
demolição. Incluindo etapas como atividade de canteiro e reformas e manutenção.
Segundo um estudo realizado por Pinto (1999) apud John (2000) as atividades de
canteiro de obras no Brasil são responsáveis por aproximadamente 50% dos RCD,
enquanto que a demolição e a manutenção são responsáveis pela outra metade.
Na maioria dos casos os RCD que são coletados pelos municípios brasileiros são
aqueles encontrados nos logradouros públicos. Foi verificado um aumento de 8,7% na
coleta de resíduos referente à construção e demolição do ano de 2009 para 2010, sendo
99 354 toneladas coletadas por dia, totalizando cerca de 31 milhões de toneladas
coletados no ano de 2010. Sendo a região sudeste responsável por 51 582 de toneladas
coletadas por dia. Esses números podem ser observados na Tabela 1.
47
Tabela 1 – Quantidade total de RCD coletados.
Fontes: Pesquisa ABRELPE 2010.
Gráfico 3 - - Total de Resíduos de Construção e demolição coletados por região do
Brasil no ano de 2010 e 2009
Fontes: Pesquisas ABRELPE 2009 e 2010
De acordo com o gráfico acima é possível observar que, as regiões nordeste e
sudeste possuem o maior número de resíduos coletados de construção e demolição. No
Ano de 2010 em relação a 2009 todas as regiões tiveram um aumento na quantidade
total de RCD e não houve muitas diferenças de uma região pra outra.
Como é possível constatar, a construção civil é responsável por grande parte dos
danos causados ao ambiente, tanto por ser responsável em consumir uma quantidade
considerável de recursos naturais como por gerar um número elevado de resíduos.
48
4.2.6 Resíduo de pedreira
4.2.6.1 Definição
Segundo Pissato e Soares (2001), os finos de pedreira é o material gerado nos
processos de produção de Rocha britada e que normalmente não tem destinação,
acumulando-se dentro das minerações ou em áreas de despejo industrial, ocupando
áreas úteis.
4.2.6.2 Informações Técnicas
Os trabalhos de cominuição das Rochas geram cerca de 10% de finos do total de
brita produzida, o que torna este material de grande interesse ao presente estudo. Isto
porque, se realmente ele for considerado adequado para o preparo de argamassas,
passaria de rejeito para subproduto da mineração, dando assim, uma utilização para este
grande volume de finos que gera poeira, ocupa espaço e provoca, além do desconforto
visual, o assoreamento de drenagens se não for bem administrado (SOARES et al., 1996
apud D’AGOSTINO e SOARES, 2001 ).
Os resíduos provenientes da britagem de Rochas não são considerados
perigosos, mas os mesmos causam impactos ambientais consideráveis, devido a grande
quantidade que é gerada e a dificuldade no armazenamento dessa quantidade de
material.
4.2.6.3 Características
O estudo do emprego de finos de pedreira na produção de
argamassas foi motivado pela grande procura e uso de areia
aluvionar na construção civil, quando comparados ao emprego
restrito de areias de outras origens. Portanto, é de extrema
importância que estes resíduos de mineração sejam testados na
produção de argamassas de boa qualidade, para que, com sua
reciclagem sejam beneficiados tanto o consumidor que terá em
mãos argamassas confiáveis, quanto o meio ambiente, que será
49
poupado de agressões desnecessárias (D’AGOSTINO e
SOARES, 2001).
4.3 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL
A cadeia produtiva da construção civil, também
denominada construbusiness, apresenta importantes impactos
ambientais em todas as etapas do seu processo: extração de
matérias primas, produção de materiais, construção, uso e
demolição. Qualquer sociedade seriamente preocupada com esta
questão deve colocar o aperfeiçoamento da construção civil
como prioridade (ZORDAN et al.; [1999?]).
A construção civil é considerada uma das maiores consumidoras de recursos
naturais, pois gera resíduos em todas as suas etapas de produção gerando enormes
transtornos ambientais e exige um elevado consumo energético para realização de seus
respectivos projetos, além de consumir mais materiais do que o necessário para sua
produção, havendo significativas perdas o que agrava ainda mais os impactos
ambientais. O desenvolvimento sustentável é um meio de minimizar os impactos
ambientais. A sustentabilidade na construção civil vem ganhando cada vez mais espaço
em virtude da grande quantidade de resíduos que são gerados com grande potencial de
aproveitamento. Esse desenvolvimento sustentável na construção traz grandes
benefícios ambientais e econômicos com a redução dos custos.
O conceito de desenvolvimento sustentável é complexo e para ser implantado
exige mudanças de comportamento e atitudes de toda a sociedade na maneira de pensar,
viver, produzir e consumir.
Dessa forma, fica claro que o ramo da indústria da que ajuda a alcançar muitos
objetivos na área da habitação, incluindo abrigo, infra-estrutura e emprego, ao mesmo
tempo pode também esgotar os recursos naturais, degradar ecossistemas frágeis e
prejudicar a saúde humana com o uso de materiais de construção perigosos e poluentes.
Mas que, ao adotar novas posturas e cuidados todos os agentes envolvidos nessa
atividade podem colaborar dentro do contexto global com a sustentabilidade, através do
50
desenvolvimento de novos métodos construtivos e soluções ainda na fase de projeto que
minimizem o uso de energia.
Logo, a construção civil pode estar dentro do conceito de sustentabilidade com
as propostas para edificações que priorizam a proteção de paisagens e recursos naturais,
planejamento urbano da construção e seu posterior aproveitamento.
A escolha dos materiais que a serem empregados numa
obra sustentável devem ser renováveis, abundantes, não
poluentes, duráveis, cuja produção cause pouco impacto ao meio
ambiente e que também não gerem resíduos, ou que estes
possam ser reciclados. Durante o desenvolvimento do projeto as
preocupações com os materiais utilizados, devem estar aliadas
as de conservação de energia. (FALKEMBACK E AZUMA,
2003).
Sendo assim, a questão do desenvolvimento sustentável na construção civil não
se trata apenas do aproveitamento de resíduos, mas da escolha de materiais renováveis,
abundantes, não poluentes e duráveis. Além de considerar a crise energética existente,
favorecendo o ambiente construído em termos de ventilação e iluminação de modo a
gerar conforto ambiental havendo a redução no consumo de energia, e evitando o
desperdício.
4.4 RESÍDUO DE ROCHA SILVALITA
A Rocha Silvalita é extraída nas regiões do estado do Rio Grande do Norte, mais
precisamente na província Borburema, ocupando um dos principais depósitos minerais
que estão relacionados á Faixa Seridó, com jazidas de tungstênio, ouro e pegmatitos.
Baseada nos pegmatitos, a Pedra Silvalita contém em sua composição, os minerais
muscovita e lepidolita. Também conhecida como Pedra de Parelhas, a Silvalita por sua
vez possui esse outro nome devido a sua grande quantidade, que é encontrada na cidade
de Parelhas-RN, no Pegmatito dos Quintos.
51
O pegmatito dos Quintos, de idade Brasiliana, é intrudido
discordantemente em quartzitos Precambrianos da Formação
Equador. A direção principal dos quartzitos é 45ºNE; a
direção principal do pegmatito é 10ºNW, com mergulho de 30º
para leste, mais precisamente em Parelhas-RN. O posicionamento
do pegmatito é complexo, com encurvamentos e mergulhos
levemente diferentes (SOARES, 1998).
Um pegmatito minerado comercialmente é considerado rico, quando possui um
teor entre 2 % a 6 % de mica em forma de blocos ( ou livros) de mica. É possível
encontrar seções dentro de um corpo com até 40 % de mica lavrável, porém em corpos
grandes dimensões raramente este percentual ultrapassa a 2 %. A mica ou muscovita
possui variedade mais largamente usada e a que se apresenta com melhor transparência,
melhor resistência dielétrica e maior perfeição de clivagem, podendo ser facilmente
separada em palhetas de dimensões ínfimas. Experiências tem demonstrado que o pó de
mica é um bom isolante térmico para o uso a temperuturas moderadas.
Figura 1:Muscovita Cristalizada.
Fonte:http://brazilis.loja2.com.br/456549-Muscovita-Cristalizada-Pedra-Mineral-
Muscovite-Crystalized
Por incluir mica em sua composição geológica, a Silvalita é uma pedra porosa
com brilho. Sendo uma Rocha ornamental, a mesma é vendida nos tamanhos de: pedra
cerrada (cm) 10x10, 20x20, 28x38 e 38x38 e pedra antíqua cortada (cm) 24x24. Suas
cores pedrominantes são: branca, rosa claro, rosa escuro.
52
Figura 2:Rocha Silvalita ornamental.
Fonte: http://www.pedrapretarn.com.br/pedras_ornamentais.html em 24/12/2012
A Rocha ornamental é utilizada para exercer uma função estética e um dado
importante é que na sua exploração, desde a extração até o acabamento gera uma
quantidade média de 40 a 50 % de resíduos.
Para se transformar em resíduo de pedreira, a Rocha Silvalita passa por
algumas etapas no processo de formação. Essas etapas constituem-se de:
A primeira etapa consiste na caracterização da jazida, onde são definidas as
condições da rocha Silvalita para a exploração, tais como: impurezas, trincas,
alterações, etc.
Em seguida, é gerado principalmente o resíduo de lavra. Este resíduo é
composto por pedaços de rochas não aproveitados, seja por não atenderem às
dimensões padronizadas (aproximadamente 3,0x2,0x1,7m) ou por apresentarem
trincas.
Posteriormente, os blocos são transportados ás serrarias, onde acontece o
desdobramento, que consiste na padronização dimensional (gerando um subproduto
chamado, costaneira) e desdobramento em chapas. A serragem dos blocos ocorre em
teares, e é este o momento onde é gerado o maior volume de resíduo, sob a forma de
lama.
Posteriormente, os blocos são transportados ás serrarias, onde acontece o
desdobramento, que consiste na padronização dimensional (gerando um
subproduto chamado costaneira) e desdobramento em chapas. A serragem dos
53
blocos ocorre em teares, e é este o momento onde é gerado o maior volume de
resíduo, sob a forma de lama.
O sistema de desdobramento de blocos de rochas
ornamentais para a produção de chapas, através de
equipamentos denominados teares, gera uma quantidade
significativa de rejeito na forma de lama. Tal material é
proveniente da polpa abrasiva utilizada no tear para
lubrificar e esfriar as lâminas de aço usadas para o corte e
evitar a oxidação das mesmas, a fim de impedir o
aparecimento de manchas nas chapas acabadas, servir de
veículo abrasivo (granalha de aço) e limpar os canais entre
as chapas. Essa polpa é geralmente constituída de água,
granalha, cal e rocha moída. (Calmon et al.1997).
A etapa seguinte consiste no acabamento das placas nas marmorarias, através de
polimento das chapas, corte e polimento de topo. Nesta etapa são utilizados
elementos abrasivos de granulometria decrescente que, através de movimentos
de fricção sobre a chapa, vão desbastando-o até alcançar o grau de polimento
almejado.
Segundo Pontes e Stellin Jr. (2001), o abrasivo comumente
utilizado é o carbeto de silício, em diferentes granulometrias e
formas, formando rebolos de formas distintas, conforme sua
aplicação. Os rebolos que utilizam grãos de diamante como
elemento abrasivo, apresentam, em relação ao primeiro, maior
velocidade de polimento.
O resíduo de polimento é o resíduo gerado nesta fase de processamento das
chapas e é constituído por uma grande quantidade de água, pó de rocha e restos dos
abrasivos utilizados.
A partir do corte da chapa e do polimento do topo da mesma, é gerado o resíduo
de corte.
54
Figura 3:Fluxograma do processo de produção das pedras ornamentais.
Fonte:Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil
Então, faz-se a utilização desses resíduos oriundos do corte de rochas
ornamentais.
O resíduo depois de coletado deverá ser peneirado na peneira de malha com
abertura 2,4 mm de modo que, as partículas que possuírem diâmetros superiores
sejam excluídas, sendo consideradas como possíveis impurezas que o material
poderá conter. O material obtido do peneiramento deverá ser colocado em estufa
para passar pelo processo de secagem e após essa etapa deverá ser armazenado
em um recipiente fechado, que impossibilite o contato com qualquer tipo de
agentes do intemperismo que poderão modificar o material. Antes da utilização
do resíduo como elemento de composição da argamassa ecológica, o mesmo
deverá se submeter a caracterização de sua massa unitária e massa específica
obedecendo as normas NBR 7251 e NBR 9776, e passar pelos processo de:
granulometria a laser, difratometria de raio-X, microscopia eletrônica de
varredura e fluorescência de raio-X.
55
5 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS
Nesse tópico será descrito os materiais que serão utilizados e os ensaios
necessários para à formulação da argamassa. A execução das etapas desenvolvidas foi
fundamentada no cumprimento do fluxograma que é apresentado.
56
Figura 4: Fluxograma geral da metodologia empregada.
Fonte: Autoria própria.
5.1. MATERIAIS UTILIZADOS
Os materiais que deverão ser utilizados para a formulação da argamassa
ecológica são: resíduo de pó de Rocha Silvalita, cimento, areia e água. Os
materiais de estado sólido deverão passar por processos de caracterização antes
de serem utilizados.
Materiais Utilizados
RPPS
Cimento
Areia
Água
Procedimentos
Formulação da argamassa
Pesagem em balanças
eletrônicas
Determinação do teor de água
Substituição dos percentuais do
RPPS
Ensaios de caracterização da
argamassa
Argamassa no estado fresco
Argamassa no estado
endurecido
Ensaios de argamassa no estado
fresco
Trabalhabilidade
Retenção da água
Densidade de massa e teor
da ar incorporado
Ensaios de argamassa no estado
endurecido
Densidade de massa aparente
no estado endurecido
Módulo de elasticidade
Resistência à tração na flexão
e à compressão
Absorção de água por
capilaridade
Análise Microestrutural
Análise por Difração raio-X e
Fluorescência raio-X
57
5.1.2. Cimento
O cimento que será utilizado deverá passar por processos de caracterização de massa
unitária e massa específica, de acordo com as NBR 7251 e NBR 9776, além de sua
caracterização química, física, mecânica e de resistência à compressão.
5.1.3. Areia
A areia ou agregado miúdo, assim como, o RPPS e o cimento também deverão passar
por um processo de caracterização do material. O material deverá ser colocado na estufa
para passar pelo processo de secagem, e deverá ser armazenado em um recipiente
fechado que não permita a entrada de partículas que não pertencem à composição do
material. Após esses procedimentos, o agregado deverá ser caracterizado quanto sua
massa unitária e massa específica, obedecendo às normas NBR 7251 e NBR 9776, e
quanto a sua granulometria considerando as normas NBR 7217 e NBR 7211.
5.1.4. Cal
A cal que deverá ser utilizada é a cal hidratada por ser um produto que possui
mais facilidade de manuseio e por requerer menos cuidados quando comparadas a cal
original. A cal deverá passar por processo de caracterização química, física; e sua massa
unitária e massa específica deverão ser determinadas baseando-se nas normas NBR
7251 e NBR 9776, respectivamente.
5.2. PROCEDIMENTOS
A formulação da argamassa ecológica será feita através de etapas que serão
descritas a seguir:
Primeiramente, os materiais que serão utilizados deverão ser pesados em
balanças eletrônicas. Após essa primeira etapa é necessária à determinação do teor de
água para se obter o índice de consistência padrão, conforme a NBR 13276.
Os percentuais do RPPS que serão substituídos pelos percentuais de cimento
estão descritos conforme a tabela 2:
58
Tabela 2 – Definição dos percentuais utilizados para produção da argamassa ecológica
com asubstituição do cimento por RPPS
Argamassa Areia fina
(%, em massa)
Cimento
(%, em massa)
RPPS
(%, em massa)
ARG – Padrão 87,50 12,50 0,00
ARG – 1 87,50 10,50 2,00
ARG – 2 87,50 8,50 4,00
ARG – 3 87,50 4,50 8,00
Fonte: Autoria própria
*Inclui-se um aditivo em substituição a cal, para desenvolver a plasticidade da
argamassa. Argamassa utilizada para embolso pela L&L Engenharia Ltda, conforme
citação do Eng. Luiz Carlos da Cunha, Diretor Geral.
Logo, é possível observar na tabela acima, será substituído em percentuais de
2,00 %, 4,00 % e 8,00 % o cimento pelo resíduo de pó de pedra Silvalita para a
formulação da argamassa, que serão produzidas utilizando o aparelho conhecido como
misturador mecânico.
5.2.1 Ensaios de caracterização da argamassa
Para a caracterização da argamassa tanto no estado fresco como no estado
endurecido, é necessário a realização de ensaios que serão feitos após o procedimento
de fabricação.
5.2.1.1 Argamassas no estado fresco
5.2.1.1.1 Índices de consistência- Trabalhabilidade
Para a determinação dessa propriedade no estado fresco é necessário utilizar a
norma NBR 13276, que determina o teor de água para produção de argamassas de
assentamento e revestimento e a NBR 7215, que descreve a mesa de consistência que
deverá ser utilizada para auxiliar no processo de determinação da trabalhabilidade.
59
5.2.1.1.2 Retenção de água
Para a determinação da retenção de água deverá ser considerado os métodos
contidos na NBR 13277.
5.2.1.1.3 Densidade de massa e teor de ar incorporado
Para se determina a densidade o teor de ar incorporado deverá obedecer aos
requisitos prescritos na NBR 13278.
5.2.1.2 Argamassa no estado endurecido
Para caracterizar o estado endurecido, deve-se esperar no mínimo 28 dias após a
determinação das características no estado fresco.
5.2.1.2.1 Densidade de massa aparente no estado endurecido
Para determinação densidade de massa aparente no estado endurecido deverá ser
obedecido os critérios e os procedimentos prescritos nas normas NBR 13280 e NBR
13279.
5.2.1.2.2 Módulo de elasticidade
Deverá ser utilizado a norma de nº 18:400.04-008 e os corpos de prova deverão
ser moldados conforme a NBR 13279.
5.2.1.2.3 Resistência à tração na flexão e à compressão
Para determinação da resistência deve-se fazer uso dos requisitos estabelecidos
na NBR 13279.
5.2.1.2.4 Absorção de água por capilaridade
Para determinação desse ensaio de absorção de água por capilaridade deverá
seguir o método descrito na NBR 15259, de modo que, os corpos-de-prova utilizados no
ensaio sejam moldados conforme a NBR 13279.
60
5.2.1.2.5 Análise Microestrutural
Esse método utiliza-se de corpo de prova que possuam mais de 28 dias de idade e que
possuam superfície metalizada gerando uma melhor visualização microscópica das
características do material.É importante que a argamassa passe por esse processo de
análise, uma vez que, as propriedades do material podem ser modificadas através de
mudanças que ocorrerem em sua estrutura.
5.2.1.2.6 Análise por Difração raio-X e Fluorescência raio-X
Essas técnicas de análise de difração e fluorescências são utilizadas para análises das
fases formadas nas argamassas, tais técnicas utilizam corpos de prova. Parte do corpo de
prova deverá ser triturado e peneirado, na peneira de #50 (0,297 mm), para serem
analisadas microscopicamente.
61
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho encontra-se apresentado pela investigação acerca dos
conhecimentos já estabelecidos na literatura e teve o objetivo de fundamentar a
preparação para o desenvolvimento do produto “Argamassa ecológica com
aproveitamento do pó de pedra obtido da rocha Silvalita” nos semestres seguintes,
muito possivelmente quando da continuidade dos estudos na UFERSA através do Curso
de Engenharia Civil. Deve-se levar em grande consideração sobre a importância do
produto a ser desenvolvido num futuro próximo, já que visando a busca por uma
sociedade sustentável, o produto a ser produzido será responsável pelo descarte de
grandes quantidades de um dos resíduos sólidos da nossa sociedade. De modo que, será
uma alternativa útil tanto para as empresas que o produzem e mantêm estocados sem
haver nenhuma atividade estabelecida para esse tipo de material, até por apresentar um
baixo valor econômico por se tratar de um resíduo; para a construção civil, por ser uma
área que causa diversos danos ao ambiente; e para a sociedade em geral.
É importante salientar que, sobre o produto a ser desenvolvido, conforme
proposta do presente trabalho vai ser solicitada o pedido de patente.
62
REFERÊNCIAS
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determinação da composição granulométrica. Rio de Janeiro, 1987.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7251 – Agregado em
estado solto – determinação da massa unitária. Rio de Janeiro, 1982.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9776 – Agregados:
determinação da massa específica de agregados miúdos por meio do frasco de
Chapman . Rio de Janeiro, 1987.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004 – Resíduos
Sólidos - Classificação. Rio de Janeiro, 2004.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13276 – Argamassa
para assentamento e revestimento de paredes e tetos – preparo da mistura e
determinação do índice de consistência. Rio de Janeiro, 2004.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13277 – Argamassa
para assentamento e revestimento de paredes e tetos – determinação da retenção
de água. Rio de Janeiro, 1995.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13278 - Argamassa
para assentamento e revestimento de paredes e tetos – determinação da densidade
de massa e do teor de ar incorporado. Rio de Janeiro, 1995.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13279 – Argamassa
para assentamento e revestimento de paredes e tetos – determinação da resistência
à tração na flexão e à compressão. Rio de Janeiro, 2005
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13280– Argamassa
para assentamento e revestimento de paredes e tetos – determinação da densidade
de massa no estado endurecido. Rio de Janeiro, 2005.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13281 – Argamassa
para assentamento e revestimento de paredes e tetos - Requisitos. Rio de Janeiro,
2001.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7211 – Agregado
para concreto. Rio de Janeiro, 2005.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7215 -. Cimento
Portland – determinação da resistência à compressão. Rio de Janeiro, 1996.
63
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15259 – Argamassa
para assentamento e revestimento de paredes e tetos – determinação da absorção
de água por capilaridade e do coeficiente de capilaridade. Rio de Janeiro, 2005.
ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos
Especiais. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil. São Paulo, 2010.
ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos
Especiais. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil. São Paulo, 2009.
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CALMON, J.L; TRISTÃO, F.A; LORDÊLLO, F.S.S; SILVA, S.A. Aproveitamento
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