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Governança Corporativa: análise da atuação do Comitê de Auditoria.

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  • Revista do Conselho Regional de

    do Rio Grande do Sul

    15

    0JUNHO - 2013

    Governana corporativa: anlise da atuao do comit de auditoria

    A mensurao da composio do valor adicionado das empresas participantes do novo mercado da Bovespa no contexto da responsabilidade social

    Pesquisa de percepo em relao aplicabilidade da contabilidade gerencial em microempresas na regio de Porto Alegre

  • SUPLENTES

    Revista do Conselho Regional de

    do Rio Grande do Sul

    ISSN 1981-4666

    EXPEDIENTE

    Conselho Regional de Contabilidade

    do Rio Grande do Sul CRCRS

    Rua Baronesa do Gravata, 471

    90160-070 Porto Alegre-RS

    Fone/fax (51) 3254-9400

    [email protected]

    www.crcrs.org.br

    Periodicidade quadrimestral

    CORPO EDITORIAL - MEMBROS

    Contador Dr. Ernani Ott - Coordenador

    Professor da Unisinos

    Contador Dr. Irineu Afonso Frey

    Professor da UFSC

    Contador Dr. Juan Carlos Viegas

    Professor da Faculdade de Cincias Econmicas

    da Universidade de Buenos Aires

    Contadora Dra. Mrcia Martins

    Mendes de Luca

    Professora da Universidade Federal do Cear

    Contador Dr. Clovis Kronbauer

    Professor da Unisinos

    Superviso

    Mrcia Bohrer Ibaez

    Projeto grfico editorial

    rea Com Publicidade

    Rubens Santos da Cunha

    [email protected]

    Fone: (51) 3480.6080

    permitida a reproduo de qualquer

    matria, desde que citada a fonte. os conceitos

    emitidos em artigos assinados so de inteira

    responsabilidade de seus autores.

    2 REVISTA DO CRCRS

    PLENRIO DO CONSELHO REGIONAL DE

    CONTABILIDADE DO RIO GRANDE DO SUL

    Binio 2012/2013

    COMPOSIO DA DIRETORIA

    COMPOSIO DO PLENRIO

    TITULARES

    Presidente

    Contador Zulmir Breda

    Vice-Presidente de Gesto

    Contador Antonio Carlos de Castro Palcios

    Vice-Presidente de Fiscalizao

    Contador Celso Luft

    Vice-Presidente de Registro

    Contador Moacir Carbonera

    Vice-Presidente de Controle Interno

    Contador Clio Luiz Levandovski

    Vice-Presidente de Desenvolvimento Profissional

    Contador Adriel Mota Ziesemer

    Vice-Presidente de Relaes com os Profissionais

    Contadora Roberta Salvini

    Vice-Presidente de Relaes Institucionais

    Tcn.Cont. Nair Giacobbo de Lima

    Vice-Presidente Tcnico

    Contador Paulo Walter Schnorr

    Contadores: Zulmir Breda, Adriel Mota Ziesemer, Erineu Clvis Xavier, Luiz

    Eurico da Silva Boeira, Paulo Walter Schnorr, Antonio Carlos de Castro

    Palcios, Lino Bernardo Dutra, Paulo Ricardo Pinto Alaniz, Tanha Maria

    Lauermann Schneider, Gilberto Zanin de Souza, Celso Luft, Roberta Salvini,

    Moacir Carbonera, Carlos Osvaldo Pereira Hoff, Paulo Gilberto Comazzetto,

    Soeli Maria Rinaldi, Clio Luiz Levandovski, Slvio Lus da Silva Zago.

    Tcnicos em Contabilidade: Ibanor Cofferi, Marcos Gilberto Leipnitz

    Griebeler, Marlene Teresinha Chassott, Marice Fronchetti Guidugli, Nair

    Giacobbo de Lima, Marco Aurlio Bernardi, Lus Augusto Maciel Fernandes,

    Slvia Regina Lucas de Lima, Ricardo Kerkhoff.

    Contadores: Csar Eduardo Stevens Kroetz, Jos Baldo Bordignon Sordi,

    Jos Roberto dos Santos Pires, Ndia Emer Grasselli, Silvio Luiz Taborda,

    Joo Carlos Mattiello, Mrio Kist, Magda Regina Wormann, Patrcia Dutra,

    Neusa Teresinha Ballardin Monser, Grace Scherer Gehling, Anglica dos

    Santos Minasi, Alberto Amando Dietrich, Pedro Gabril Kenne da Silva, Inelva

    Ftima Lodi, Rosangela Maria Wolf, Rosemery Dias Gonalves da Silva.

    Tcnicos em Contabilidade: Loris Jardim Guimares, Hildegard Rech, Maria

    Rosa de Freitas, Marta da Silva Canani, Gerson Dias Fraga, ngelo Giaretton,

    Ablio Rozek, Airton Luiz Fleck, Roberto da Silva Medeiros.

  • SUMRIO

    3 REVISTA DO CRCRS

    6

    24

    40

    60

    Neusa Teresinha Ballardin MonserViviane Oliveira de Azambuja

    GOVERNANA CORPORATIVA: ANLISE DA ATUAO DO COMIT DE AUDITORIA

    A MENSURAO DA COMPOSIO DO VALOR ADICIONADO DAS EMPRESAS PARTICIPANTES DO NOVO MERCADO

    DA BOVESPA NO CONTEXTO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL

    Alex Sandro Rodrigues MartinsAlexandre Costa Quintana

    Flvia Vernica Silva JacquesPaula Roberta Pereira Costa Valle

    LA FORMACION ETICA DEL PROFESIONAL EN CIENCIAS ECONOMICAS EN EL GRADO Y EL POSTGRADO - PARTE 2 (FINAL)

    Dr. Juan Carlos ViegasDr. Hctor Julio Grisola

    PESQUISA DE PERCEPO EM RELAO APLICABILIDADE DA CONTABILIDADE GERENCIAL EM

    MICROEMPRESAS NA REGIO DE PORTO ALEGRE

    Cassiane Oliveira VelhoViviane Selau Carlos

  • EDITORIAL

    4 REVISTA DO CRCRS

    No dia 18 de maro, o Conselho

    Federal de Contabilidade lanou oficialmente

    a campanha 2013: Ano da Contabilidade no

    Brasil, em ato ocorrido em sesso conjunta

    da Cmara dos Deputados e do Senado

    Federal. No mbito de nosso Estado, o

    lanamento ocorreu na Assembleia Legis-

    lativa, no dia 2 de maio, mediante ato solene e

    grande expediente proposto pelo deputado

    estadual Adilson Troca.

    O objetivo da campanha mudar a

    imagem do profissional contbil perante a

    sociedade. Nesse sentido, a proposta de

    divulgar o papel da Contabilidade dentro do

    contexto social e promover sua valorizao,

    mediante a exposio sobre sua necessidade e

    importncia para a vida econmica e em-

    presarial, e, igualmente, sobre sua presena

    no dia a dia de todo o cidado. Dessa forma, a

    campanha surge como movimento para

    estimular o reconhecimento da categoria

    para alm da esfera contbil.

    Sem dvida, a profisso contbil vive

    um momento singular e os dirigentes das

    empresas sentem, cada vez mais, a neces-

    sidade de contar com um profissional

    dinmico que os assessore no processo de

    tomada de deciso. Esse novo mercado

    requer capacitao, tica, seriedade e

    comprometimento por parte do profissional

    contbil.

    Esse um caminho de mo nica: para

    alcanarmos o sucesso e atendermos essa

    exigncia do mercado temos de ter presente

    que isso s possvel pelo aprimoramento de

    nossos conhecimentos. A atualizao pro-

    fissional vira condio obrigatria para

    garantirmos essa conquista. Alcanamos

    posio invejvel em relao a outras pro-

    fisses, e sua manuteno e tambm ascenso

    dever de todos aqueles que fazem da

    Contabilidade a sua profisso. Deve ser en-

    carado como um compromisso de todos ns.

    Tambm em maio ocorreu a 14

    edio do mais tradicional evento da classe

    contbil gacha, a Conveno de Conta-

    bilidade do Rio Grande do Sul, na cidade de

    Bento Gonalves, que reuniu mais de 1.600

    profissionais e estudantes da rea contbil.

    Momentos como este revelam todo o dinamis-

    mo e evoluo por que passa a Cincia

    Contbil.

    2013: Ano da Contabilidade no Brasil

  • O mercado est em constante mu-

    dana e precisamos nos adaptar ao novo

    constantemente. Essa uma exigncia no

    circunscrita apenas Contabilidade, mas a

    todos os ramos do conhecimento. No nosso

    caso, especificamente, as mudanas ocor-

    ridas na legislao e a necessidade de sua

    aplicao nas rotinas de trabalho, requerem

    ainda mais dedicao do profissional da

    Contabilidade. E a Conveno apontou essa

    necessidade. Os temas das palestras e dos

    painis abrangeram todos os segmentos da

    Cincia Contbil, os quais foram criterio-

    samente selecionados de acordo com o mo-

    mento da profisso e a demanda apresentada

    pelo mercado. Todos que l estiveram cer-

    tamente agregaram algum conhecimento

    novo ou sentiram a necessidade de renova-

    o de conceitos e atitudes.

    Tambm tivemos a apresentao de

    trabalhos tcnicos e cientficos. A apre-

    sentao de trabalhos na Conveno de Con-

    tabilidade um espao reservado para a

    discusso da Cincia Contbil, visando

    contribuio para sua evoluo. o momento

    em que os autores compartilham seus estu-

    dos e pesquisas e socializam o resultado de

    seu trabalho. Foram submetidos ao Comit

    Cientfico 64 trabalhos, sendo aprovados 38

    para constarem nos anais, e 19 apresentados

    nesta edio da Conveno.

    Conforme regulamento dos trabalhos

    cientficos, nove reas temticas foram

    estabelecidas para a formulao de traba-

    lhos: Auditoria e Percia; Educao e Pes-

    quisa em Contabilidade; Contabilidade Ge-

    rencial; Contabilidade Governamental e do

    Terceiro Setor; Contabilidade Harmonizada

    s Normas Internacionais; Contabilidade

    para Usurios Externos; Contabilidade

    Tributria; tica e Responsabilidade Social;

    e Governana Corporativa.

    Como tem sido feito habitualmente,

    a Revista do Conselho Regional de Conta-

    bilidade do Rio Grande do Sul publicar ao

    longo do ano os trabalhos destacados em

    cada uma das reas temticas e, por con-

    seguinte, foram merecedores do certificado

    de mrito, para que possam ser lidos tambm

    por aqueles que no puderam estar presentes

    no evento.

    Aproveitamos para agradecer aos

    integrantes do Comit Cientfico Clovis

    Kronbauer, Ernani Ott, Marcelo Coletto

    Pohlmann, Romina Batista de Lucena de

    Souza, Jair Antonio Fagundes, Ana Trcia

    Lopes Rodrigues, Carlos Eduardo Facin

    Lavarda e Euslia Paveglio Vieira cujo

    trabalho silencioso e voluntrio garantiu o

    sucesso alcanado, bem como aos avalia-

    dores dos trabalhos recebidos, coordena-

    dores e debatedores das sesses interativas,

    nosso muito obrigado!

    Portanto, caros colegas, estamos

    oportunizando a leitura dos trabalhos desta-

    cados, que igualmente concedem a to neces-

    sria capacitao profissional.

    Um forte abrao.

    5 REVISTA DO CRCRS

    Contador Zulmir Breda

    Presidente do CRCRS

  • GOVERNANA CORPORATIVA: ANLISE DAATUAO DO COMIT DE AUDITORIA

    6 REVISTA DO CRCRS

  • 7 REVISTA DO CRCRS

    RESUMOA Governana Corporativa compreende uma metodologia que

    visa longevidade das organizaes. No Brasil, surgiu h pouco mais de

    uma dcada, sendo criado primeiramente o Instituto Brasileiro de

    Conselhos de Administrao (IBCA), passando a denominar-se, a seguir,

    como Instituto Brasileiro de Governana Corporativa (IBGC). Nesse

    contexto, o Comit de Auditoria tem se destacado como um rgo de

    controle principalmente na adoo das melhores prticas de Governana

    Corporativa. Este artigo tem como objetivo principal identificar a atuao e

    o funcionamento do Comit de Auditoria no contexto da Governana

    Corporativa em uma indstria no ramo metalrgico. A pesquisa realizada

    caracteriza-se como aplicada, descritiva e qualitativa. A partir da entrevista

    com um membro do Comit de Auditoria foi possvel identificar a forma de

    atuao desse rgo na empresa pesquisada. O entrevistado graduado

    em Cincias Contbeis e Administrao e exerce a atividade de auditor. Por

    ser uma pesquisa de carter qualitativo, foram analisados de forma

    comparativa os principais quesitos relacionados ao funcionamento do

    Comit de Auditoria em relao s recomendaes do IBGC. Em sntese,

    como concluso foi identificado que o Comit de Auditoria da empresa

    em estudo atua de forma exemplar ao que est previsto no respectivo

    manual do IBGC.

    PALAVRAS-CHAVE: Governana Corporativa. Comit de Auditoria. Atuao do Comit de Auditoria.

    NEUSA TERESINHA BALLARDIN MONSER

    Contadora. Professora do curso de Cincias Contbeis do Centro

    Universitrio Metodista do IPA.

    VIVIANE OLIVEIRA DE AZAMBUJA

    Bacharel em Cincias Contbeis, Centro Universitrio Metodista

    do IPA.

  • 8 REVISTA DO CRCRS

    1 INTRODUO

    A Governana Corporativa surgiu no

    Brasil h pouco mais de uma dcada. No

    princpio, a organizao que a institucionali-

    zou era denominada Instituto Brasileiro de

    Conselhos de Administrao (IBCA), o qual,

    aps contnuas reflexes sobre a sua atuao,

    passou a chamar-se Instituto Brasileiro de

    Governana Corporativa (IBGC). Ao longo

    desse tempo, tem ampliado sua atuao para

    diversos estados, entre eles o Rio Grande do

    Sul, que sedia o Captulo Sul do IBGC.

    A organizao que optar pelas boas

    prticas de Governana Corporativa adota

    uma gesto pautada por transparncia,

    prestao de contas, equidade e responsabili-

    dade corporativa. Nesse contexto, o Conselho

    de Administrao, como rgo deliberativo,

    desempenha um papel fundamental na

    conduo do sistema de Governana Corpora-

    tiva. O Conselho de Administrao deve

    exercer seu papel, estabelecendo estratgias

    para a organizao, elegendo o principal

    executivo, fiscalizando e avaliando o desempe-

    nho da gesto e escolhendo a auditoria

    independente. Um dos organismos que

    contribui para a consecuo adequada da

    atividade desse conselho o Comit de

    Auditoria, que se constitui de um rgo de

    apoio, com funes especficas, orientadas

    pelo IBGC.

    Considerando o exposto, este estudo

    busca responder seguinte questo de

    pesquisa: Qual a atuao do Comit de

    Auditoria no contexto da Governana Corpo-

    rativa em uma indstria? Portanto este

    trabalho tem por objetivo principal identificar

    a atuao e o funcionamento do Comit de

    Auditoria, no contexto da Governana

    Corporativa, em uma indstria. Foram

    determinados os seguintes objetivos especfi-

    cos: a) descrever a regulamentao do Comit

    de Auditoria conforme o IBGC; b) verificar o

    funcionamento do Comit de Auditoria na

    empresa em estudo; e c) analisar de forma

    comparativa a regulamentao do Comit de

    Auditoria, segundo o IBGC e a prtica adotada

    na empresa.

    O motivo da escolha do tema, bem

    como a sua relevncia na economia atual,

    deve-se ao fato de que a Governana Corpora-

    tiva um assunto de destaque em estudos e em

    anlises de mercado. Esse tema relevante

    pela importncia da perenidade das empresas

    ou organizaes. Segundo o Instituto Brasilei-

    ro de Governana Corporativa (2006), deve-se

    criar um conjunto eficiente de mecanismos,

    tanto de incentivos quanto de monitoramento,

    a fim de assegurar que o comportamento dos

    executivos esteja sempre alinhado com o

    interesse dos acionistas. Dada a sua relevn-

    cia, o tema possibilita a contribuio na gesto

    das organizaes.

    2 REFERENCIAL TERICO

    A seguir, so apresentados os funda-

    mentos tericos que embasaram o presente

    estudo.

    2.1 FUNDAMENTOS DA GOVERNANA

    CORPORATIVA

    Ser apresentado um breve histrico

    sobre os fundamentos da Governana Corpo-

    rativa no Brasil. Segundo Andrade e Rossetti

    (2007), a Governana Corporativa surgiu em

    1991, criada pela Organizao para a Coopera-

    o e Desenvolvimento Econmico (OCDE),

    pelo Fundo Monetrio Internacional (FMI), 1pelo Banco Mundial e pelo G7 . Vista

    1 Os pases integrantes do grupo G7 so Alemanha, Canad, Estados Unidos, Frana, Itlia, Japo e Reino Unido. No momento denomina-se G8, com a entrada da Rssia.

  • 9 REVISTA DO CRCRS

    como base concreta para o crescimento

    econmico, a ligao do controle dos riscos dos

    investimentos e a conexo global dos merca-

    dos determinam o desenvolvimento sustent-

    vel em suas trs categorias: econmica,

    ambiental e social.

    Segundo o Conselho Regional de

    Contabilidade do Rio Grande do Sul (2011), a

    globalizao da Governana Corporativa se

    deu na adoo pelos maiores fruns econmi-

    cos mundiais e em suas consideraes, como o

    pronunciamento do Comit das Organizaes

    Patrocinadoras (COSO The Committee of 2

    Sponsoring Organizations Report) , que

    uma metodologia para estruturar e avaliar um

    sistema de controles internos integrados, com

    uma postura de identificar, detectar e reagir

    aos riscos de um negcio.

    Na atualidade, boas prticas de Governana

    Corporativa levam aos preceitos de controles

    internos e gerenciamento de riscos que

    implantados e em funcionamento auxiliam a

    contabilidade e a auditoria com informaes

    corretas, de qualidade e asseguradas que so

    imprescindveis para o desenvolvimento da

    entidade. (CONSELHO REGIONAL DE

    CONTABILIDADE DO RIO GRANDE DO SUL,

    2011, p. 21).

    Analisando o mercado de hoje, a

    Governana Corporativa define-se no poder de

    controle e direo de uma entidade. Conforme o

    CRCRS (ibidem), com a evoluo da economia

    brasileira, ter uma boa Governana Corporativa

    se tornou primordial, pois aprimorar a

    transparncia, melhorar a gesto e a imagem da

    empresa, permitir o alinhamento entre os

    acionistas e executivos e facilitar o acesso ao

    capital essencial para a continuidade e o

    sucesso da empresa no mercado, sem esquecer

    o respeito sociedade, ao meio ambiente e ao in-

    teresse social. Segundo Machado (2006, p. 80),

    A aplicao do conceito de Governana

    Corporativa trata dos mecanismos externos e

    internos para alinhamento de interesses entre

    os gestores e os acionistas, que desejam maior

    transparncia entre si e os gestores e equidade

    entre as partes acionrias minoritrias e

    majoritrias.

    De acordo com o Cdigo das Melhores

    Prticas de Governana Corporativa (INSTI-

    TUTO BRASILEIRO DE GOVERNANA

    CORPORATIVA, 2009), o Conselho da

    Administrao encarregado do processo de

    deciso de uma organizao em relao ao seu

    direcionamento estratgico, ou seja, recebe

    poderes dos scios e tem que prestar contas a

    eles. Segundo o mesmo cdigo, o Conselho

    Fiscal responsvel por fiscalizar os atos dos

    administradores e verificar o cumprimento

    dos seus deveres legais e estatutrios, tais

    como: opinar sobre os relatrios da adminis-

    trao, constando o seu parecer Assembleia

    Geral; analisar os balancetes e as demons-

    traes financeiras trimestralmente; exami-

    nar as demonstraes financeiras, entre outras

    responsabilidades.

    De acordo com o Instituto Brasileiro de

    Governana Corporativa (2006), o trajeto da

    Governana Corporativa nos ltimos tempos

    pode ter sido silencioso, mas no foi esquecido

    nem interrompido. A governana tem marcos

    legais, contudo muitas vezes so aes

    espontneas e sem exigncias da lei, que juntas

    buscam a valorizao para as organizaes e o

    fortalecimento do mercado de capitais.

    Quando o investidor conhece as vantagens da

    governana, ele toma as decises por meio

    dela. As boas prticas de Governana

    Corporativa j questionavam anteriormente,

    por volta dos anos 60 e 80, o papel do Con-

    selho da Administrao e do comportamen-

    to entre controladores, gestores e acionistas

    2 O COSO Report uma entidade sem fins lucrativos, dedicada melhoria dos relatrios financeiros por meio da tica, efetividade dos controles internos e Governana Corporativa (COSIF, 2012).

  • 10 REVISTA DO CRCRS

    minoritrios (INSTITUTO BRASILEIRO DE

    GOVERNANA CORPORATIVA, 2006, p.

    59). Ou seja, as boas prticas de Governana

    Corporativa j eram uma preocupao h

    tempos atrs, na ligao entre controladores,

    gestores e acionistas minoritrios com o

    Conselho de Administrao.

    Conforme Silveira (2006), Governana

    Corporativa o conjunto de mecanismos que

    visam a aumentar a probabilidade de os

    fornecedores de recursos garantirem para si o

    retorno sobre seu investimento. De acordo

    com Lodi (2000), Governana Corporativa

    um novo nome para o sistema de relacio-

    namento entre acionistas, auditores inde-

    pendentes e executivos da empresa, liderados

    pelo Conselho de Administrao.

    2.2 CDIGO DAS MELHORES PRTICAS DE

    GOVERNANA CORPORATIVA

    O referido cdigo teve vrias verses,

    uma dando origem outra, com mltiplas assi-

    milaes do que estava acontecendo. Segundo

    o Instituto Brasileiro de Governana Corpora-

    tiva (2006), o Cdigo das Melhores Prticas

    de Governana Corporativa teve sua primeira

    edio lanada em 1999. Observando as novas

    mudanas nos Estados Unidos e na Europa, o

    IBGC conseguiu rapidamente absorver os con-

    ceitos internacionais da moderna Governana

    Corporativa. Entre 1999 e 2005 houve trs ver-

    ses do Cdigo de Governana Corporativa do

    IBGC:

    A primeira edio concentrou-se no Conselho

    de Administrao, pois na poca seu funciona-

    mento, sua composio e atribuies eram

    refletidos claramente, e foi elaborado sobre a

    lei das Sociedades Annimas vigente, com isso

    podemos dizer que a primeira face teve duas

    concepes uma tradicional ou formal e a outra

    moderna, ou seja, atuante. (ibidem, p. 61).

    Observando-se o cdigo, havia lacunas

    quanto proteo aos acionistas minoritrios,

    conforme se aprofundava a evoluo da Gover-

    nana; portanto havia necessidade de adapta-

    es. Em abril de 2001, a segunda verso do

    Cdigo das Melhores Prticas recomendou o

    pagamento do tag along extenso do prmio

    de controle aos acionistas preferencialistas ,

    mostrando o amadurecimento do mercado (ibi-

    dem). Mesmo sem a exigncia da lei, as empre-

    sas comearam a oferecer o benefcio aos mino-

    ritrios. O cdigo tambm ofereceu argumen-

    tos tcnicos e princpios slidos aos diferentes

    acionistas.

    Em maro de 2004, houve a terceira

    edio do cdigo, com novos e importantes

    avanos (INSTITUTO BRASILEIRO DE

    GOVERNANA CORPORATIVA, 2006). Ele

    ressalta que a melhor maneira de distribuir o

    prmio de controle a oferta prvia em bolsa

    de valores, adotada em alguns mercados

    desenvolvidos. Pelo sistema, para comprar

    mais de 30% de uma empresa, preciso lanar

    uma oferta ao mercado, j incorporado o valor

    do prmio de controle, que passa a ser

    distribudo entre todos os acionistas. um

    sistema mais transparente, adotado especial-

    mente em mercados do modelo anglo-saxo,

    onde as empresas tm estrutura pulverizada.

    Em pouco tempo, o cdigo equilibrou

    todos os tipos de sociedade por aes de

    capital aberto ou fechado, limitadas ou civis,

    com o intuito de aumentar o valor da compa-

    nhia e contribuir para sua perenidade. Um

    leque de oportunidades foi aberto para o

    crescimento e o desenvolvimento da Go-

    vernana Corporativa e foi tambm uma

    influncia construtiva para o IBGC nas

    organizaes que tm um passado importan-

    te e que renem todos os atributos para um

    futuro ainda melhor.

  • 11 REVISTA DO CRCRS

    2.3 O PAPEL DA AUDITORIA INDEPENDENTE NA

    GOVERNANA CORPORATIVA

    A auditoria exerce um papel importan-

    te no contexto da Governana Corporativa,

    pois, entre outras atividades, analisa e verifica

    as demonstraes e as normas exigidas no

    pas. Segundo Andrade e Rossetti (2007), a

    responsabilidade primordial da auditoria

    independente dentro da Governana Corpo-

    rativa analisar as demonstraes contbeis

    das empresas, verificando se esto de acordo

    com as leis exigidas no pas e as internacionais,

    e se refletem a realidade da empresa quanto

    aos resultados e s variaes patrimoniais.

    Essas responsabilidades so de interesse dos

    proprietrios, do Conselho de Administrao e

    de seu Comit de Auditoria; analistas e

    investidores do mercado de capitais tambm

    buscam essas informaes.

    No Brasil, a Auditoria Independente

    destacada na Lei das Sociedades Annimas,

    Lei n 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e em

    respectivas alteraes, que observaram as

    normas emitidas pela Comisso de Valores

    Mobilirios (CVM) e obrigatoriamente au-

    ditadas por auditores independentes registra-

    dos na mesma comisso.

    Outra parte importante do trabalho dos

    auditores independentes revisar e avaliar os

    controles internos da organizao, com isso

    emitir um relatrio especfico com melhorias e

    aperfeioamento. A organizao, se quiser, pode

    contratar outros servios de auditoria externa

    independente para informaes no finan-

    ceiras. (INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVER-

    NANA CORPORATIVA, 2009, p. 59).

    No Quadro 1, a seguir, so apresentadas

    as exigncias para contratao da auditoria

    independente. Pode-se notar que, para um bom

    desempenho da auditoria independente, alm

    da segurana dos administradores e da

    confiana dos investidores, h trs aspectos

    importantes: 1) a independncia em relao

    empresa e a ausncia de conflitos de interesse;

    2) a rotatividade; e 3) a competncia tcnica e a

    atualizao. Todos esses aspectos so exigidos

    pela CVM em instrues normativas.

    FONTE: Andrade e Rossetti (2007 p. 268).

    Quadro 1 Exigncias para a contratao da auditoria independente

    Ausncia de quaisquer outras relaes de trabalho com a companhia, no apenas as relacionadas com o ambiente de auditoria e de fiscalizao, mas tambm com quaisquer outras formas de consultoria e assessoria.

    Preferencialmente, recomendvel que seja baixa a dependncia financeira em relao companhia auditada.

    Mesmo nos pases em que no estejam definidas normas quanto a este aspecto, recomendvel que a contratao seja por prazo determinado. A renovao de contrato estar tambm sujeita a critrios rigorosos quanto independncia, capacitao e avaliao dos trabalhos.

    Competncia tcnica necessariamente certificada por rgo externo de controle. Exemplos: Instituto dos Auditores Independentes, no Brasil.

    Sintonia com as mudanas na lei, nas instituies normativas, nos tratamentos contbeis alternativos e nos instrumentos mais eficazes de verificao.

    EXIGNCIAS

    Independncia profissional

    Independncia financeira

    Rotatividade

    Capacitao

    Atualizao

    QUESITOS

  • 12 REVISTA DO CRCRS

    No Quadro 2, apresentam-se as principais funes da auditoria independente, as quais

    devem ser observadas na execuo dos trabalhos. Pode-se notar que, para um bom desenvolvi-

    mento da auditoria independente, h quatro funes importantes: 1) verificao de conformidade;

    2) atualizao quanto a erros e irregularidades; 3) avaliao dos controles; e 4) indicao de

    preocupaes relevantes. Todas essas funes so exigidas para desempenhar um bom trabalho.

    Segundo o IBGC (2009), as normas profissionais que tratam sobre a rotatividade da

    auditoria, alm de terem um perodo predefinido, precisam ser renovadas aps o prazo mximo de

    cinco anos e devem ser submetidas aprovao da maioria dos scios presentes em assembleia

    geral. Se aps cinco anos o servio for recontratado, o Conselho de Administrao/Comit de

    Auditoria deve confirmar que o auditor independente promova a rotao dos profissionais-chave

    da equipe.

    O auditor no pode auditar seu prprio trabalho nem realizar trabalhos de consultoria para a organizao que

    auditar. Para evitar conflitos de interesses e nem colocar em dvida a independncia do auditor o Comit de

    Auditoria ou, na ausncia, o Conselho de Administrao deve ter cincia de todos os servios incluindo os

    honorrios. Os auditores independentes no podem depender financeiramente da empresa auditada. (ibidem,

    p. 60).

    Anualmente, o auditor independente deve assegurar sua independncia em relao

    organizao, isso feito por escrito ao Comit de Auditoria ou, na sua ausncia, ao Conselho de

    Administrao.

    2.4 FUNO DO CONSELHO DE ADMINISTRAO

    Tanto o Conselho de Administrao quanto o Comit de Auditoria so elementos que

    compem a gesto de organizaes que instalam a Governana Corporativa. Para fins de compre-

    enso da sua funo, so tratados nesse contexto. De acordo com o Instituto Brasileiro de

    Fonte: Andrade e Rossetti (2007, p. 268).

    Quadro 2 Funes da auditoria independente

    Verificar se as demonstraes financeiras elaboradas pela Diretoria Executiva expressam corretamente a realidade e a evoluo da companhia.

    Recomendar administrao procedimentos para correo de erros ou irregularidades contbeis.

    Avaliar a qualidade dos controles internos, especialmente quanto sua confiabilidade e sua capacidade preventiva em relao a fraudes.

    Reportar ao Comit de Auditoria ou, em sua ausncia, ao Conselho de Administrao os riscos relacionados a tratamentos contbeis, discordncias quanto a mtodos e a critrios adotados pela companhia e deficincias relevantes.

    FUNES

    Verificao de conformidade

    Atualizao quanto a erros e irregularidades

    Avaliao dos controles

    Indicao de preocupaes relevantes

    QUESITOS

  • 13 REVISTA DO CRCRS

    Governana Corporativa (2009, p. 29), o Con-

    selho de Administrao consiste em:

    rgo colegiado do processo de deciso de uma

    organizao em relao ao seu direcionamento

    estratgico, o principal componente do

    sistema de governana. Seu papel ser o elo

    entre a propriedade e a gesto para orientar e

    supervisionar a relao desta ltima com as

    demais partes interessadas.

    Segundo Andrade e Rossetti (2007), o

    Conselho de Administrao o rgo guardio

    dos interesses dos proprietrios. Isso o

    mesmo que afirmar que um rgo de carter

    forte, dotado de poderes adquiridos da

    Assembleia Geral, em torno do qual giram os

    demais rgos da administrao. Entre suas

    funes, cabe destacar sua ligao fiduciria

    entre a propriedade e a Diretoria Executiva,

    no monitoramento de todo um conjunto de

    riscos de gesto e de conflitos e custos de

    agncia. Assim, o Conselho de Administrao

    torna-se a mais importante fora interna de

    controle das corporaes, dando o tom de seu

    envolvimento com a gesto. Define em

    regimento a sua misso e os seus papis,

    estabelecendo regras para suas formas

    de atuao.

    Conforme Steinberg (2003), o Con-

    selho de Administrao deve ter pleno

    conhecimento dos valores da empresa, dos

    propsitos e das crenas dos scios e zelar pelo

    seu aprimoramento. Deve ainda prevenir e

    administrar situaes de conflitos de interes-

    ses ou de divergncia de opinies, a fim de que

    o interesse da empresa sempre prevalea.

    2.5 COMIT DE AUDITORIA

    De acordo com Andrade e Rossetti

    (2007), o Comit de Auditoria foi destacado

    como o elemento forte dos sistemas de

    controle, conforme o Relatrio Cadbury de

    1992, mostrando assim a sua importncia. a

    autoridade para investigar qualquer assunto

    em sua rea de responsabilidade, os recursos

    para desenvolver investigaes, para o total

    acesso s informaes e a fim de assegurar que

    os pontos de preocupao no deixaram de ser

    solucionados. O comit poder recorrer a

    profissionais externos, como peritos com

    experincia reconhecida, para participar de

    suas reunies.

    Conforme o Instituto dos Auditores

    Independentes do Brasil (IBRACON, 2012), o

    Comit de Auditoria uma ferramenta que

    auxilia, apoia e acompanha a contabilidade e

    as finanas. De forma independente, oferece

    um grau de segurana, por meio de profissio-

    nais qualificados.

    Segundo Andrade e Rossetti (2007, p.

    265), as funes tradicionalmente atribudas a

    esse rgo de governana so:

    1 Superviso da integridade e da qualidade das

    prticas contbeis e dos demonstrativos

    convencionais de resultado.

    2 Verificao da conformidade dos atos da

    administrao em relao ao ordenamento legal

    e aos estatutos sociais.

    3 Orientao das relaes da companhia com

    os analistas, os mercados e os investidores.

    4 Levantamento e anlise de riscos vitais.

    Os autores complementam informan-

    do que o mundo corporativo e os mercados

    norte-americano e europeu fazem parte do

    Comit de Auditoria desde o seu incio, tanto

    que nos Estados Unidos se tornou obrigatrio,

    para as companhias abertas e as sediadas no

    exterior.

    No Brasil h uma controvrsia referente ao

    Comit de Auditoria que atende as exigncias da

    Sarbanes-Oxley, a Securities and Exchange

    Commission (SEC) levou a duas posies: de um

    lado os que concordam em aceitar o Conselho

  • Fiscal (eleito pela Assembleia Geral), em substi-

    tuir o Comit de Auditoria (eleito pelo Conselho

    de Administrao) com isso poupariam custos e

    respeitariam as limitaes das empresas brasi-

    leiras. Por outro lado h os que discordem, ale-

    gando que com isso se abra uma lacuna no

    monitoramento da estratgia corporativa.

    (ibidem, p. 266).

    No Quadro 3, so apresentados os prin-

    cipais quesitos para a constituio do Comit

    de Auditoria. Pode-se notar que o Comit de

    Auditoria exige na constituio de seus mem-

    bros uma qualificao ampla dos negcios da

    companhia, uma familiaridade com as nor-

    mas, experincia em gerenciamento de risco,

    proatividade na comunicao com o Conselho

    de Administrao e, acima de tudo, indepen-

    dncia, transparncia e franqueza.

    A seguir, no Quadro 4, so evidencia-

    das as funes e as responsabilidades do Comi-

    t de Auditoria. Pode-se notar que o Comit de

    Auditoria um rgo com origens e atribui-

    es distintas. Reconhece-se claramente a

    necessidade do Conselho Fiscal para que possa

    efetivamente preencher as exigncias legais

    estabelecidas no mercado dos Estados Unidos.

    14 REVISTA DO CRCRS

    Fonte: Andrade e Rossetti (2007, p. 267).

    Quadro 3 Constituio do Comit de Auditoria

    CONSTITUIO: QUALIFICAO DOS MEMBROS

    Amplo conhecimento dos negcios da companhia.

    Familiaridade com normas contbeis, de elaborao de relatrios financeiros e de auditoria.

    Experincia em sistemas de gerenciamento de risco.

    Independncia, transparncia e franqueza.

    Proatividade na comunicao ao Conselho de Administrao de preocupaes sobre decises de risco.

    Quadro 4 Funes e responsabilidades do Comit de Auditoria

    FUNES E RESPONSABILIDADES

    Avaliar a Auditoria Interna: abrangncia do escopo geral; direcionamento para reas de risco; qualidade dos relatrios; adequao dos recursos; papel na melhoria de processos de gesto e rotinas de trabalho.

    Avaliar a Auditoria Independente: qualificaes, experincia e recurso; reviso do escopo, dos nveis de materialidade e dos contedos dos relatrios; nvel de responsabilidade com referncia a informao; sistemas contbeis e de controle a serem revisados; reas de particular interesse, antecipao e identificao de novas exigncias regulatrias; coordenao com os trabalhos da auditoria interna.

    Acompanhar e avaliar o ambiente de controle

    Definir nveis de aceitao de risco pela companhia.

    Atentar para adequao dos controles-chave dos riscos corporativos: estratgicos: concorrncia, suprimentos, clientes; conformidade: legais e regulatrios; contratuais, tecnologia de informao; financeiros e de operaes cambiais; fraudes contbeis e fiscais; meio ambiente; marca, imagem, reputao; segurana pessoal e patrimonial; estruturar programas de gerenciamento de riscos: sistemas de alerta e mecanismos de reduo.

    Identificar, avaliar e analisar riscos

    Instituir processos e protocolos formais: calendrio anual e extenso das revises.

    Examinar, adequar e aprovar as prticas contbeis.

    Auxiliar a administrao no entendimento completo das demonstraes.

    Identificao de descumprimento e proposio de correes.

    Orientar comunicaes com analistas de mercado e investidores.

    Orientar a produo de relatrios de interesse especial.

    Supervisionar a elaborao de relatrios financeiros

    Fonte: adaptado de Andrade e Rossetti (2007, p. 267).

  • 15 REVISTA DO CRCRS

    Segundo o Instituto Brasileiro de

    Governana Corporativa (2009), o comit

    deve agir no sentido de operacionalizar os

    deveres e as responsabilidades da funo de

    superviso da gesto dos processos internos

    e assegurar a integridade e a efetividade dos

    controles internos para a produo de

    relatrios financeiros, visando a proteger

    interesses de acionistas e outras partes

    interessadas. O objetivo do comit assegu-

    rar ao Conselho de Administrao o controle

    sobre a qualidade dos demonstrativos fi-

    nanceiros e controles internos que asse-

    guram a sua confiabilidade, bem como

    para a identificao e a gesto de riscos

    da organizao.

    Pereira e Werneck (2006 apud

    OLIVEIRA; NIYAMA; OLIVEIRA, 2009, p.

    6) definem o Comit de Auditoria como um

    grupo independente e qualificado, preferen-

    cialmente externo companhia que contribui

    para a gesto da mesma no acompanhamento

    e avaliao das prticas de gesto, padres de

    conduta, informes financeiros e controles

    internos.

    Na Instruo Normativa CVM 509 de

    2011 que altera a IN CVM 308, de 2004 ,

    no art. 31, importante destacar que a

    empresa auditada possua o Comit de

    Auditoria Estatutrio (CAE), que deve ser

    previsto no estatuto da companhia:

    ser rgo de assessoramento vincu-

    lado diretamente ao Conselho de

    Administrao;

    reunir-se sempre que necessrio, mas

    no mnimo bimestralmente, de forma

    que as informaes contbeis sejam

    sempre apreciadas antes de sua

    divulgao;

    possuir regimento interno prprio,

    aprovado pelo Conselho de Adminis-

    trao, que preveja detalhadamente

    suas funes, bem como seus proce-

    dimentos operacionais;

    possuir coordenador, cujas atividades

    devem estar definidas no regimento

    interno;

    possuir meios para receber denncias,

    inclusive sigilosas, internas e externas

    companhia, em matrias relaciona-

    das ao escopo de suas atividades; e

    possuir autonomia operacional e

    dotao oramentria, anual ou por

    projeto, dentro de limites aprovados

    pelo conselho de administrao para

    conduzir ou determinar a realizao

    de consultas, avaliaes e investiga-

    es dentro do escopo de suas ativida-

    des, inclusive com a contratao e

    utilizao de especialistas externos

    independentes.

    Segundo a Comisso de Valores

    Mobilirios (2011),

    As reunies do CAE devem ser registradas em

    atas, o coordenador acompanhado de outros

    membros quando necessrio ou conveniente

    deve:

    I reunir-se com o conselho de administrao,

    no mnimo, trimestralmente; e

    II comparecer assembleia geral ordinria da

    companhia. (COMISSO DE VALORES

    MOBILIRIOS, 2011).

    A Resoluo 3.198-2004, do Conselho

    Monetrio Nacional (CMN), em relao ao

    Comit de Auditoria, determina:

    Art. 17. O comit de auditoria deve elaborar, ao

    final dos semestres findos em 30 de junho e 31

    de dezembro, documento denominado relatrio

    do Comit de Auditoria contendo, no mnimo,

    as seguintes informaes:

    I - atividades exercidas no mbito de suas

    atribuies, no perodo;

    II - avaliao da efetividade dos sistemas de

    controle interno da instituio, com nfase no

  • 16 REVISTA DO CRCRS

    cumprimento do disposto na Resoluo 2.554,

    de 24 de setembro de 1998, e com evidenciao

    das deficincias detectadas;

    III - descrio das recomendaes apresentadas

    diretoria, com evidenciao daquelas no aca-

    tadas e respectivas justificativas;

    1 O comit de auditoria deve manter dispo-

    sio do Banco Central do Brasil e do conselho

    de administrao da instituio o relatrio do

    comit de auditoria, pelo prazo mnimo de cinco

    anos, contados de sua elaborao.

    2 O comit de auditoria deve publicar, em con-

    junto com as demonstraes contbeis semes-

    trais, resumo do relatrio do comit de audito-

    ria, evidenciando as principais informaes con-

    tidas naquele documento.

    3 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS

    A seguir so apresentados os procedi-

    mentos metodolgicos os quais embasaram a

    realizao da pesquisa com a finalidade de

    atingir o objetivo deste estudo. Segundo Beu-

    ren (2004), os procedimentos na pesquisa

    cientfica referem-se maneira pela qual se

    conduz o estudo e, portanto, se obtm os

    dados. Assim, este estudo classifica-se como:

    quanto natureza, aplicada; quanto aos obje-

    tivos, descritiva; quanto abordagem do pro-

    blema, qualitativa; e quanto aos procedimen-

    tos, estudo de caso.

    Quanto natureza, este estudo se

    caracteriza como uma pesquisa aplicada, pois

    requer determinadas teorias ou leis mais

    amplas como ponto de partida, e tem por obje-

    tivo pesquisar, comprovar ou rejeitar hipte-

    ses sugeridas pelos modelos tericos e fazer a

    sua aplicao s diferentes necessidades huma-

    nas (OLIVEIRA, 1997).

    Quanto ao objetivo, esta uma pesqui-

    sa descritiva, que, para Gil (2010), tem como

    foco a descrio das caractersticas de deter-

    minada populao, ou seja, estudar um deter-

    minado grupo.

    Conforme Oliveira (1997), o trabalho

    descritivo procura abranger aspectos gerais e

    amplos de um contexto social, como: salrio e

    consumo, mo de obra ativa, populao econo-

    micamente ativa, situao social, economia e

    poltica das minorias e opinies comunitrias,

    entre outros, buscando o funcionamento no

    presente que ser fundamental para alcanar o

    objetivo do trabalho.

    Para Oliveira (1997), em relao abor-

    dagem do problema, este se caracteriza como

    pesquisa qualitativa, pois no emprega dados

    estatsticos como centro do processo de anli-

    se de um problema e no tem a pretenso de

    numerar ou medir unidades ou categorias

    homogneas.

    Quanto aos procedimentos, este estudo

    consiste em um estudo de caso, devido neces-

    sidade de anlise aprofundada e da compreen-

    so das informaes por meio de mltiplas fon-

    tes de dados. De acordo com Gil (2010, p. 37),

    O estudo de caso uma modalidade de pesquisa

    amplamente utilizada nas cincias biomdicas e

    sociais. Consiste no estudo profundo e exausti-

    vo de um ou poucos objetos, de maneira que per-

    mita seu amplo e detalhado conhecimento, tare-

    fa praticamente impossvel mediante outros

    delineamentos j considerados.

    Furast (2007) aponta que, nesse tipo

    de pesquisa, feito um estudo exaustivo de

    algum caso em particular, de pessoa ou de ins-

    tituio, para analisar as circunstncias espe-

    cficas que o envolvem.

    Como delimitao da pesquisa, esta foi

    realizada em uma indstria, localizada na cida-

    de de Santa Catarina, sendo entrevistado um

    membro do Comit de Auditoria. A escolha do

    entrevistado parte do pressuposto de ser audi-

    tor e ter formao em Cincias Contbeis. Con-

    forme Beuren (2004), uma amostra geralmen-

    te mais adequada ao processo investigatrio

  • 17 REVISTA DO CRCRS

    por apresentar custos reduzidos, maior

    rapidez, facilidade no controle e possibilitar

    uma anlise mais exata. Beuren (2004 apud

    GIL, 1999, p. 65) ressalta que o elemento mais

    importante para a identificao de um

    delineamento o procedimento adotado para

    a coleta de dados.

    A coleta de dados foi realizada por meio

    de um roteiro de entrevista, sendo realizada

    com um membro do Comit de Auditoria da

    empresa em estudo. Cita-se como limitao ao

    estudo o acesso aos documentos do Comit de

    Auditoria da empresa pesquisada, por serem

    documentos sigilosos, o que restringiu a

    anlise de forma mais ampla.

    A tcnica de anlise dos dados utilizada

    foi a anlise de contedo. Por ser uma pesquisa

    de carter qualitativo, foram analisados de

    forma comparativa os principais quesitos

    relacionados ao funcionamento do Comit de

    Auditoria. Considerando que o roteiro de

    entrevista foi estruturado de acordo com

    categorias especficas, a apreciao dos dados

    obedeceu sequncia destas categorias.

    4 RESULTADOS E DISCUSSO DA PESQUISA

    Neste tpico so apresentados os

    resultados da pesquisa, com base na entrevista

    realizada a partir do roteiro.

    4.1 APRESENTAO DA EMPRESA

    A empresa em estudo uma indstria

    fabricante de produtos fundidos e usinados,

    constituda por dois scios, em maro de 1938,

    localizada no estado de Santa Catarina. Os

    scios j se dedicavam a fabricar artefatos de

    ferro, utilizando conhecimentos rudimentares

    de fundio. Com foco cada vez maior no

    negcio de blocos e cabeotes de motor, a

    empresa volta a anunciar investimentos de

    vulto em 2011, destinados ampliao da

    capacidade de produo desses componentes,

    bem como a projetos de usinagem, adequaes

    tecnolgicas, automao, infraestrutura,

    logstica e meio ambiente.

    4.2 RESULTADOS DA PESQUISA

    A pesquisa foi realizada com o membro

    do Comit de Auditoria, o qual formado em

    Cincias Contbeis e em Administrao e ps-

    -graduado em auditoria. Scio snior de

    empresa de auditoria desde 1977, exerce

    atividades como: auditoria, consultoria

    empresarial, Governana Corporativa,

    Conselho Fiscal, Conselho de Administrao e

    Comit de Auditoria.

    O roteiro de entrevista foi estruturado

    com base em cinco categorias, sendo a

    primeira que trata sobre os dados da empresa e

    do entrevistado; a segunda refere-se

    composio do Comit de Auditoria; a terceira,

    sobre a atuao do Comit de Auditoria; a

    quarta, sobre as reunies do Comit; e a

    quinta, sobre o relacionamento do Comit com

    as partes. O roteiro composto por 32

    questes, com uma mdia de seis questes

    para cada categoria.

    A seguir so apresentados os resulta-

    dos da segunda a quinta categoria, pois a

    primeira j foi abordada no item anterior.

    4.2.1 COMPOSIO DO COMIT DE AUDITORIA

    O Comit de Auditoria faz parte da

    empresa desde 2007, sendo composto de trs

    membros que tenham comprovado conheci-

    mento nas reas de Contabilidade, Auditoria

    e Finanas (pelo menos um dos membros),

  • 18 REVISTA DO CRCRS

    alm de reunir experincia em Gesto de Ris-

    cos de Negcios. O entrevistado afirmou

    desempenhar a funo de coordenador do

    comit.

    O Comit de Auditoria da empresa pos-

    sui regimento interno, aprovado pelo Conse-

    lho de Administrao e contemplando as com-

    petncias e responsabilidades do comit, as

    diretrizes para o seu funcionamento, a fre-

    quncia das reunies e a forma de apresenta-

    o dos relatrios dos resultados de sua atua-

    o. Este deve ser periodicamente revisado e

    divulgado a todas as partes interessadas da

    organizao.

    A empresa no possui Comit de Audi-

    toria Estatutrio (CAE), mas o entrevistado

    apontou que este serviria para assessoramen-

    to diretamente vinculado ao Conselho de

    Administrao da companhia, com a compo-

    sio e as competncias fixadas no regimento

    interno. Ainda informou que ao CAE compe-

    te: supervisionar a efetividade dos controles

    internos; supervisionar a efetividade dos

    auditores independentes; e examinar os fatos

    relevantes. Outro questionamento feito foi

    referente formao de cada membro do

    CAE. O entrevistado respondeu que a forma-

    o preferencial de Cincias Contbeis, j

    que finanas, contabilidade e auditoria so as

    principais reas.

    A segunda categoria do roteiro de

    entrevista foi finalizada com respostas objeti-

    vas, pelas quais se percebeu a importncia da

    formao contbil nesse segmento.

    4.2.2 ATUAO DO COMIT DE AUDITORIA

    O Comit de Auditoria funciona com

    superviso forte e permanente no processo de

    elaborao das demonstraes financeiras,

    com foco nos controles internos e riscos.

    O plano de trabalho do comit estruturado

    anualmente, contendo os seguintes itens:

    processo de gerenciamento de risco;

    demonstraes financeiras e demais

    relatrios;

    risco de tecnologia da informao;

    riscos fiscais, legais e trabalhistas;

    relacionamento e monitoramento da

    auditoria externa e interna;

    controles internos;

    aspectos regulatrios;

    transaes com partes relacionadas;

    relacionamento e comunicao com o

    Conselho de Administrao, outros

    comits e diretoria;

    tempo;

    agenda, formalizao e avaliao do

    Comit de Auditoria.

    Cada membro responsvel pelo

    arquivamento e pela organizao de seus

    documentos analisados, sejam eles em papel

    ou eletrnicos.

    Quanto regularidade dos relatrios, o

    entrevistado respondeu que mensalmente so

    feitas atas, as quais so o instrumento que com-

    prova a atuao do Comit de Auditoria, pre-

    venindo, mas tambm criando responsabilida-

    de para aqueles nela qualificados. O relatrio

    do Comit de Auditoria deve: conter atas com

    numerao sequencial, data, horrio, local e

    presenas; registrar convidados e quem quer

    que tenha participado da reunio ou compare-

    cido ao recinto, dada a disponibilizao de

    documentos confidenciais; referir assuntos tra-

    tados, esclarecimentos e novos documentos

    solicitados; consignar tambm as recomenda-

    es pertinentes e reiterar as solicitaes pen-

    dentes de atendimento. Para a finalizao

    dessa categoria, foi questionado a quem

    encaminhado o relatrio, e o entrevistado

  • 19 REVISTA DO CRCRS

    respondeu que encaminhado ao Conselho de

    Administrao via intranet, assim todos

    sabem das decises do Comit de Auditoria.

    Finalizou-se a terceira categoria do

    roteiro de entrevista com respostas objetivas,

    referentes atuao do Comit de Auditoria

    quanto ao seu funcionamento. Foi falado sobre

    a estrutura do plano de trabalho do Comit e de

    como so arquivados e organizados. Outro

    ponto discutido foi a regularidade dos rela-

    trios o que deve conter neles e a quem

    encaminh-los.

    4.2.3 REUNIES DO COMIT

    As reunies so realizadas mensalmen-

    te, para o controle da atuao do Comit, tra-

    tando de assuntos discutidos no dia, com suas

    solues e decises. O nmero de reunies

    deve ser determinado de acordo com o volume

    e a complexidade dos assuntos a serem exami-

    nados pelo Comit. Deve ser suficiente para

    permitir aos conselheiros a produo de rela-

    tos e recomendaes para o Conselho de Admi-

    nistrao com conhecimento da situao da

    organizao. Como consequncia, sugere-se

    uma reunio mensal como periodicidade mni-

    ma, com a participao de todos os membros

    que o comit julgar necessrio.

    Finalizou-se a quarta categoria do rotei-

    ro de entrevista com respostas objetivas sobre

    as reunies do Comit de Auditoria, com que

    frequncia acontecia, os assuntos tratados nas

    reunies e quais membros devem participar.

    4.2.4 RELACIONAMENTO COM AS PARTES

    Esta categoria de perguntas tem a

    finalidade de evidenciar a forma de como o

    Comit de Auditoria se relaciona com as

    partes. Para o relacionamento com o Conselho

    de Administrao, so feitas reunies de dois

    em dois meses. Como integrante do Conselho

    de Administrao, o entrevistado tem o

    compromisso especial de assegurar e avaliar

    continuamente a atitude da administrao

    com relao produo de relatrios ntegros e

    precisos aos controles internos, cultura de

    gesto de riscos e aos aspectos relativos tica

    e conduta na organizao.

    A Diretoria chamada para as reu-

    nies, que devem ser pautadas por recomen-

    dar melhorias e apresentar opinies relaciona-

    das aos aspectos relativos produo de

    informaes para o mercado, aos controles

    internos e gesto de riscos.

    Para relacionar-se com o Conselho

    Fiscal, o Comit de Auditoria realiza duas

    reunies por ano. um rgo de acionistas,

    instalado pela assembleia para, em seu nome,

    exercer a fiscalizao dos deveres legais e

    estatutrios dos administradores.

    Com a Auditoria Interna, so feitas

    reunies todos os meses, relatando questes

    controversas ao Comit de Auditoria, especial-

    mente aquelas que envolvem, direta ou

    indiretamente, a alta administrao da

    organizao. O Comit de Auditoria deve

    avaliar se a alta administrao utiliza plena-

    mente os instrumentos de auditoria interna e

    se lhe proporciona o suporte necessrio.

    Com a Auditoria Independente so

    feitas reunies todos os meses, sob forma de

    colaborao e no numa dimenso de presta-

    o de contas. Seu principal foco assegurar-

    se da efetiva independncia dos auditores no

    desenvolvimento de seus trabalhos de reviso

    das contas e dos controles internos da

    organizao.

    E, por fim, sobre o relacionamento

    dos rgos de superviso, o entrevistado

  • 20 REVISTA DO CRCRS

    respondeu que a empresa pesquisada no tem rgos reguladores e nem de superviso.

    Finalizou-se a quinta e ltima categoria do roteiro de entrevista com respostas objetivas

    sobre como se d o relacionamento com o Conselho de Administrao, a Diretoria, Conselho

    Fiscal, Auditoria Interna, Auditoria Independente e rgos de superviso.

    No Quadro 5, sintetiza-se o relacionamento com as partes, conforme regulamento do IBGC.

    Quadro 5 Resumo do relacionamento com as partes do Comit de Auditoria

    Fonte: a autora (2013)

    RELACIONAMENTO CONFORME IBGCCOMIT DE AUDITORIA EMPRESA

    Conselho de Administrao

    Diretoria

    Conselho Fiscal

    Auditoria Interna

    Auditoria Independente

    Periodicamente

    Periodicamente

    Periodicamente

    Periodicamente

    Periodicamente

    Reunies de dois em dois meses

    Chamada para as reunies

    Duas reunies por ano

    Reunio todos os meses

    Reunio todos os meses

    A seguir, so apresentadas as concluses e sugestes deste estudo.

    5 CONCLUSO

    Esta pesquisa teve por objetivo identificar a atuao e o funcionamento do Comit de Audi-

    toria no contexto da Governana Corporativa. A empresa pesquisada caracteriza-se como uma

    indstria que atua no ramo metalrgico.

    A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista com um membro do Comit de Audi-

    toria da empresa em estudo. A pesquisa foi orientada por um roteiro de entrevista estruturada, con-

    templando as seguintes categorias: a) dados da empresa e do entrevistado; b) composio do Comi-

    t de Auditoria; c) atuao do Comit de Auditoria; d) reunies do comit; e e) relacionamento com

    as partes.

    A seguir so apresentadas as principais concluses a partir do item b:

    Composio do Comit de Auditoria: o comit composto por trs membros que tenham

    comprovado conhecimento nas reas de contabilidade, auditoria e finanas, alm de reunir

    experincia em gesto de riscos de negcios.

    Atuao do Comit de Auditoria: o funcionamento do comit na empresa cumprido

    com exatido e dedicao, conforme as normas exigidas, superviso forte e permanente

    no processo de elaborao das demonstraes financeiras, com foco nos controles

    internos e de riscos.

    b)

    c)

  • 21 REVISTA DO CRCRS

    Reunies do Comit: so estipuladas reunies mensalmente para o controle da atuao do

    comit, contendo nelas assuntos discutidos no dia com suas solues e decises. O nmero

    das reunies determinado de acordo com o volume e a complexidade dos assuntos a

    serem examinados pelo comit.

    Relacionamento com as partes: o relacionamento com o Conselho de Administrao feito

    por meio de reunies de dois em dois meses. J a Diretoria sempre convocada para todas as

    reunies. No Conselho Fiscal, so feitas reunies duas vezes no ano, e com a Auditoria Inter-

    na e a Auditoria Independente so feitas reunies mensalmente para o controle e o anda-

    mento dos assuntos relevantes da empresa.

    Considerando que o Comit de Auditoria da empresa pesquisada cumpre com exatido as

    normas exigidas, bem como mantm a regularidade de reunies recomendadas com as partes inte-

    ressadas previstas no Guia de Orientao para as Melhores Prticas de Comit de Auditoria, do

    IBGC , conclui-se que esse comit atua plenamente de acordo com as recomendaes do IBGC.

    d)

    e)

  • 22 REVISTA DO CRCRS

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ANDRADE, Adriana; ROSSETTI, P. Jos. Governana Corporativa. So Paulo: Atlas, 2007.

    BEUREN, Ilse Maria. Como elaborar trabalhos monogrficos em Contabilidade. So Paulo: Atlas, 2004.

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    ______. Panorama da Governana Corporativa no Brasil. So Paulo: IBGC, 2009.

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    23 REVISTA DO CRCRS

  • A MENSURAO DA COMPOSIO DO VALOR ADICIONADO DAS EMPRESAS PARTICIPANTES DO NOVO MERCADO DA BOVESPA NO CONTEXTO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL

    24 REVISTA DO CRCRS

  • 25REVISTA DO CRCRS

    RESUMONo contexto da responsabilidade social, a Cincia Contbil ocupa

    uma posio privilegiada de ser o agente fornecedor de meios para as

    empresas e a sociedade em geral conhecerem as consequncias do

    desenvolvimento econmico em relao ao meio ambiente. Os dados

    evidenciados por meio da Contabilidade podem ajudar no

    acompanhamento das aes organizacionais focadas na preservao do

    planeta e na busca do desenvolvimento sustentvel. O foco do presente

    estudo abrange a Demonstrao do Valor Adicionado, em relao

    evidenciao de como a riqueza gerada pelas companhias foi distribuda

    para a sociedade e, tambm, a mensurao de resultados direcionados ao

    meio ambiente. O objetivo geral deste trabalho analisar os indicadores e

    o comportamento da Distribuio do Valor Adicionado no perodo de 2008

    a 2011 das empresas participantes da carteira Novo Mercado da Bovespa e

    quais relatrios socioambientais so elaborados. Em termos

    metodolgicos, trata-se de um estudo descritivo, documental, com

    abordagem quantitativa, por meio da estatstica descritiva e da anlise de

    conglomerados. Constatou-se que a elaborao de relatrios

    socioambientais est, provavelmente, mais ligada obrigao legal do

    que inteno voluntria de fornecer tais informaes. A Demonstrao

    do Valor Adicionado ainda mostrou-se como um instrumento capaz de

    gerar informaes relevantes quanto identificao das riquezas geradas

    pelas empresas, bem como a identificao do retorno quantitativo para a

    sociedade, e tambm valores destinados aos colaboradores.

    PALAVRAS-CHAVE: Valor adicionado. Responsabi-lidade social. Novo Mercado.

    ALEX SANDRO RODRIGUES MARTINS

    Contador graduado e especialista em Cincias Contbeis pela Universidade Federal do Rio

    Grande (FURG).

    ALEXANDRE COSTA QUINTANA

    Contador. Doutorando em Controladoria e Contabilidade

    pela Universidade de So Paulo (USP), mestre em Administrao

    pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Professor

    da Universidade Federal do Rio Grande (FURG).

    FLVIA VERNICA SILVA JACQUES

    Contadora. Mestre em Cincias Contbeis (Unisinos), especialista

    em Gesto Pblica (Faculdade Atlntico Sul). Professora do

    Instituto de Cincias Econmicas, Administrativas e Contbeis

    (ICEAC) da Universidade Federal do Rio Grande e Coordenadora do

    Curso de Ps-Graduao Lato Sensu em Cincias Contbeis.

    PAULA ROBERTA PEREIRA COSTA VALLE

    Graduanda em Cincias Contbeis pela Universidade Federal do Rio

    Grande (FURG).

  • 1 INTRODUO

    No atual organograma empresarial, em

    mbito mundial, observa-se que as questes

    relacionadas com os aspectos sociais e

    ambientais esto ganhando cada vez mais

    importncia no processo de tomada de

    decises. A partir dessa premissa, os gestores

    esto procura de ferramentas capazes de

    evidenciar a sua responsabilidade social.

    Ferraz e Rafael (2012) afirmam que na atual

    conjectura do mercado globalizado os proble-

    mas ambientais e sociais esto influenciando

    no desenvolvimento de novos comportamen-

    tos empresariais, assim fo-mentando as

    organizaes a pensarem na valorizao da

    responsabilidade social corporativa.

    Nesse contexto, a Cincia Contbil tem

    uma posio privilegiada de ser o agente

    fornecedor de meios para as empresas e a

    sociedade em geral conhecerem as consequn-

    cias do desenvolvimento econmico em relao

    ao meio ambiente, e assim os dados evidencia-

    dos podem colaborar no acompanhamento das

    aes empresariais focadas na preservao do

    planeta e na busca do desenvolvimento

    sustentvel. As demonstraes contbeis

    podem auxiliar no processo de prestao de

    contas das organizaes aos seus stakeholders

    (usurios). Exemplos disso so o Balano

    Social (BS) e a Demonstrao do Valor

    Adicionado (DVA), demonstrativos apropria-

    dos para o processo de evidenciao de

    informaes, no s financeiras, mas tambm

    relacionadas com a sustentabilidade, aos seus

    interessados (MARETH; SALVALAIO;

    RIBEIRO, 2010).

    A responsabilidade social tem sido

    abordada por vrios pesquisadores em seus

    artigos, dissertaes e teses, demonstrando a

    importncia desse tema na atual vertente das

    pesquisas cientficas contemporneas.

    Podem-se citar os seguintes trabalhos na rea:

    Macedo et al. (2011) tiveram o objetivo de

    evidenciar a reputao corporativa, a partir da

    identidade da imagem associada e a imagem

    desejada da Celpe (Companhia de Energia

    Eltrica do Nordeste), quanto aos aspectos da

    responsabilidade social corporativa (RSC), por

    intermdio da viso dos usurios internos e

    externos inseridas no contexto da organizao.

    J Carvalho et al. (2011) procuraram estudar as

    prticas gerenciais de responsabilidade social

    trabalhadas nas indstrias da cidade de

    Sousa/PB. Dantas, Garcia e Targino (2012)

    trabalharam com a conceituao em torno da

    expresso responsabilidade social da Cincia

    da Informao, fomentando discusso terica

    acerca dessas temticas.

    Nessa mesma linha encontra-se o

    trabalho de Snchez-Fernndez (2012), que

    buscou um enquadramento terico ao analisar

    e correlacionar os fundamentos tericos da

    teoria institucional e a RSC, baseando-se na

    literatura acadmica relacionada.

    No mbito da Contabilidade, Freitas,

    Pfitscher e Filho (2012) trabalharam num

    estudo para verificar, em empresa de servios

    contbeis, a sustentabilidade ambiental e a

    responsabilidade social voluntria, utilizando

    de forma parcial o Sistema Contbil Gerencial

    Ambiental (Sicogea) Gerao II.

    Magalhes (2011) fez um estudo com o

    objetivo de achar solues para um conjunto de

    questes sobre a RS e a forma como esta se

    encontra integrada na estrutura dos trs

    principais times de Portugal Futebol Clube do

    Porto, Sporting Clube de Portugal e Sport

    Lisboa e Benfica.

    A dissertao apresentada por Antunes

    e Amorim (2012) teve o objetivo de estudar a

    divulgao de informao sobre a RS por parte

    de 35 organizaes portuguesas listadas no

    26 REVISTA DO CRCRS

  • Evronext Lisboa, durante o

    perodo de 2004 a 2008.

    O foco do presente estudo

    abrange a Demonstrao do

    Valor Adicionado, a qual se

    apresenta como um instru-

    mento contbil capaz de con-

    tribuir no apenas no que

    tange mensurao de resul-

    tados econmico-financeiros,

    mas tambm na evidenciao

    de como a riqueza gerada foi

    distribuda para a sociedade e

    assim possibilitar a mensura-

    o de como as organizaes

    esto direcionando os seus

    resultados ao meio ambiente.

    O objetivo geral deste tra-

    balho analisar os indicado-

    res e o comportamento da

    Distribuio do Valor Adicio-

    nado no perodo 2008 a 2011

    das empresas participantes da

    carteira Novo Mercado da

    Bovespa e identificar quais os

    relatrios socioambientais

    so utilizados por essas com-

    panhias. Os resultados obtidos

    neste estudo podero contri-

    buir para futuras pesquisas

    na rea e, consequentemente,

    na evoluo das pesquisas

    contbeis e de responsabili-

    dade social.

    2 FUNDAMENTAO TERICA

    Apresentam-se os concei-

    tos referentes responsabili-

    dade social, Normas Brasileiras

    Contbeis (15) NBC T 15,

    Global Reporting Initiative

    (GRI), relatrio integrado,

    Demonstrao do Valor Adi-

    cionado e sobre o Novo

    Mercado, para que seja poss-

    vel obter um melhor en-

    tendimento sobre o estudo

    em questo.

    2.1 RESPONSABILIDADE

    SOCIAL

    A responsabilidade social

    (RS) teve incio no Perodo

    Liberal no sculo XIX, impul-

    sionado pela Revoluo In-

    dustrial na Inglaterra e nos

    Estados Unidos. Nesse pero-

    do, a RS era dirigida aos acio-

    nistas, maximizao do lucro,

    criao de postos de trabalho,

    ao pagamento de tributos,

    filantropia e ao assistencia-

    lismo (TATIM, 2009).

    A partir da dcada de

    1960 e at os dias atuais, com a

    expanso das organizaes, o

    crescimento da produo e o

    consequente aumento dos

    ganhos dos empresrios, as

    questes relacionadas a pro-

    blemas sociais e ambientais

    comearam a ganhar destaque

    na mdia e, por conseguinte,

    comeou a ser cobrada pela

    sociedade a adoo de solu-

    es corporativas para esses

    problemas. A responsabilida-

    de social, dessa forma, come-

    ou a ampliar seu conceito, e a

    busca por um comprometi-

    mento maior entre a empresa

    e seus stakeholders passa a

    ser o foco na busca pelo

    desenvolvimento sustentvel

    (ibidem).

    A responsabilidade so-

    cial, conforme Ferreira (2010),

    trabalha com trs preocupa-

    es bsicas: a transparncia,

    a equidade e a prestao de

    contas. Juntas, formam um

    alicerce consistente para

    implantao da RS de forma

    concreta e objetiva pelas

    empresas. A RS ainda faz com

    que as empresas busquem ir

    alm do cumprimento das nor-

    mas legais, ou seja, adotem

    formas de evidenciar os seus

    resultados econmicos junto

    com o impacto destes no meio

    ambiente.

    Trata-se de uma exigncia

    da sociedade s organizaes

    de modo geral, com o objetivo

    de cobrar solues para a pre-

    servao do planeta, e tam-

    bm uma postura socialmente

    responsvel por parte das ins-

    tituies, as quais devem estar

    pautadas em ideias e aes

    concretas, e no apenas em

    marketing social (SOARES,

    2012).

    Para ajudar as compa-

    nhias nesse processo, surge o

    chamado Triple Bottom Line

    (TBL, trip da sustentabilida-

    de), o qual tem a finalidade de

    auxiliar as organizaes a

    implementar e desenvolver

    27 REVISTA DO CRCRS

  • polticas e controles em prol da susten-

    tabilidade do planeta. O TBL uma nova

    abordagem proposta aos empresrios para

    que organizem polticas e aes relacionadas

    ao desenvolvimento econmico e conser-

    vao ambiental (MITCHELL; CURTIS;

    DAVIDSON, 2008).

    O TBL, de acordo com Lages, Lages e

    Frana (2010), teve como seu mentor o

    britnico John Elkington, na dcada de 1990.

    Seu trabalho teve ascenso no ano de 1997,

    quando o TBL se fundamentou em um

    conjunto de princpios, objetivos e processos

    que uma empresa deve adotar como meta na

    gerao de valores em trs dimenses (econ-

    mica, social e ambiental), para que assim haja

    um equilbrio nas suas atividades operacionais

    sem afetar o meio onde ela est inserida. As

    informaes evidenciadas pelo TBL, segundo

    Christen et al. (2006), podem ser de grande

    valia na elaborao dos relatrios socioambi-

    entais e nos demonstrativos contbeis,

    portanto tornando-se uma fonte de auxlio na

    prestao de contas aos seus usurios.

    Com o passar dos tempos, procuraram-

    -se instrumentos capazes de evidenciar as

    preocupaes sociais e ambientais das

    empresas. Uma maneira encontrada a

    elaborao do Balano Social (BS).

    O disclosure (evidenciao) da

    responsabilidade social por parte das organi-

    zaes aos seus stakeholders uma exigncia

    da sociedade, a qual no pode ser abdicada

    pelos empresrios que almejam ter perenida-

    de e sucesso nos seus negcios. Uma forma de

    concretizar esse pedido por intermdio da

    elaborao e divulgao de re-latrios

    socioambientais (BALDO, 2002).

    A Contabilidade, nesse panorama de

    valorizao da responsabilidade social, est

    envolvida intrinsecamente nessa vertente e

    possui ferramentas contbeis que podem

    auxiliar no processo de evidenciao de

    informaes sociais e ambientais. O demons-

    trativo oportuno para evidenciao de tais

    informaes denomina-se Balano Social, o

    qual tem capacidade tcnica de fornecer aos

    interessados o perfil da organizao tanto do

    ponto de vista financeiro como social e

    ambiental (CRUZ; AZEVEDO, 2006).

    Em 2004, a edio da NBC T 15 veio

    para nortear os profissionais contbeis na

    elaborao de demonstrativos voltados para

    questes sociais e ambientais.

    2.2 NBC T 15

    O Conselho Federal de Contabilidade

    (CFC), por intermdio da NBC T 15 (Informa-

    es de Natureza Social e Ambiental), de 6 de

    setembro de 2004, aprovada pela Resoluo

    n 1.003-04, introduziu a Demonstrao de

    Informaes de Natureza Social e Ambiental

    para evidenciar os dados e as informaes de

    cunho social e ambiental das organizaes,

    levantados ou no pela Contabilidade, con-

    forme normatizado por essa instruo, com o

    objetivo de contribuir para o processo de

    sustentabilidade do planeta e desse modo

    auxiliar os profissionais da rea contbil a

    estarem atualizados s novas expectativas do

    mercado (CONSELHO FEDERAL DE

    CONTABILIDADE, 2013).

    Essa norma enfatiza que as informa-

    es de natureza social e ambiental so as

    relacionadas com:

    a gerao e a distribuio de riqueza;

    os recursos humanos;

    a interao da organizao com o

    ambiente externo;

    a interao com meio ambiente.

    De acordo com a NBC T 15, os dados

    contbeis, expressos na demonstrao, so

    28 REVISTA DO CRCRS

    a)

    b)

    c)

    d)

  • de responsabilidade tcnica do profissional contbil devidamente registrado no Conselho Regional

    de Contabilidade (CRC), sendo que as informaes no contbeis devem indicar sua fonte de ori-

    gem para ter autenticidade. As demonstraes de informao de natureza social e ambiental devem

    ser auditadas e publicadas no relatrio do auditor independente, assim como as demonstraes

    contbeis obrigatrias. Uma alternativa de evidenciar questes de natureza social e ambiental

    pelas empresas (no contemplando as informaes contbeis) so os relatrios elaborados pela

    Global Reporting Initiative (GRI).

    2.3 GLOBAL REPORTING INITIATIVE

    A Global Reporting Initiative (GRI) uma instituio conhecida no mundo inteiro, a qual

    trabalha na elaborao de relatrios de sustentabilidade, com o intuito de fornecer informaes

    sobre as polticas socioambientais das organizaes perante seus stakeholders (BEUREN;

    DOMENICO; CORDEIRO, 2011). Os relatrios gerados pela GRI possuem uma estrutura

    pr-definida, e alguns aspectos podem ser observados no Quadro 1:

    29 REVISTA DO CRCRS

    Quadro 1 Resumo do relacionamento com as partes do Comit de Auditoria

    Fonte: Rohenkohl e Kroetz (2008)

    QUANTO AOS OBJETIVOS QUANTO METODOLOGIA QUANTO FINALIDADEQUANTO AOS CRITRIOS DE INCLUSO

    Trabalha com instrues

    padronizadas para

    elaborao dos relatrios e

    utiliza-se de premissas

    preestabelecidas para

    elaborao dos relatrios.

    As organizaes que se

    propuserem a programar

    esse documento tm que

    seguir os mtodos

    propostos pelo GRI, para

    que tenha validade.

    No h necessidade de

    seguir regras ou cumprir

    metas conforme exigidos

    pelas certificaes ISO para

    a obteno do direito de

    publicao do Relatrio GRI;

    basta apenas se delinear

    com as instrues de

    preenchimento do relatrio

    A finalidade dos relatrios

    da Global Reporting

    Initiative ajudar no

    processo de prestao de

    contas das empresas aos

    seus usurios internos e

    externos nas questes

    relacionadas com o lado

    social e ambiental.

    A verso atual utilizada pelas organizaes do relatrio da GRI o G3, cujo conceito evi-

    denciar a transparncia das instituies junto aos seus usurrios (GLOBAL REPORTING

    INITIATIVE, 2013). A verso G3 do relatrio de sustentabilidade da Global Reporting Initiative

    fomentou um crescimento na ideia de desenvolvimento sustentvel nas empresas e, com isso, a

    GRI instalou escritrios locais em vrias partes do mundo, inclusive no Brasil.

    Com os avanos tecnolgicos e a globalizao, certos conceitos comearam a ser aprimora-

    dos e, seguindo essa mesma tendncia, os relatrios socioambientais necessitavam agregar outras

    novas informaes. Assim, o relatrio integrado comea a ser usado por diversas empresas.

    2.4 RELATRIO INTEGRADO

    O relatrio integrado foi criado pelo International Integrated Reporting Committee (IIRC)

    em 2011, com o intuito de criar um documento abrangente para todos os anseios da sociedade

  • e empresrios envolvidos

    direta ou indiretamente no

    processo produtivo de cada

    organizao (REPORT, 2013).

    Esse projeto ter seu

    grande impulso em 2013, pois

    o objetivo do comit imple-

    mentar o relatrio integrado.

    Nesse perodo, ser possvel

    mensurar a real contribuio

    desse documento e realizar os

    devidos ajustes e, assim, a

    partir de 2014, realizar imple-

    mentao do relatrio em

    nvel mundial (ibidem).

    O objetivo do IIRC, de

    acordo com a Fundao Ins-

    tituto de Pesquisas Contbeis,

    Atuariais e Financeiras

    (FIPECAFI, 2013), criar um

    relatrio integrado que evi-

    dencie informaes econ-

    micas, sociais e ambientais em

    um s documento, o qual

    possa ser lido em qualquer

    parte do mundo.

    No Brasil, existem quatro

    empresas participantes do

    programa piloto desse rela-

    trio, denominado mundial-

    mente como Piloto IIRC

    Business Network. So elas

    (REPORT, 2013):

    AES Brasil;

    BNDES;

    Natura Cosmticos S/A;

    Via Gutenberg.

    Para evidenciar a respon-

    sabilidade social, as organi-

    zaes podem utilizar-se

    tambm da Demonstrao do

    Valor Adicionado (DVA), pois

    esta gera informaes de

    como foi distribuda a sua

    riqueza gerada pela institui-

    o aos seus usurios.

    2.4 DEMONSTRAO DO

    VALOR ADICIONADO

    A Cincia Contbil, com o

    auxlio da Demonstrao do

    Valor Adicionado (DVA),

    dispe aos seus interessados a

    possibilidade de conhecer

    como a riqueza das empresas

    foi distribuda aos seus agen-

    tes de produo. Ambrogi

    (2007) conceitua o valor

    adicionado como sendo o

    resultado do produto das

    transaes econmicas ocor-

    ridas dentro dos limites de

    uma companhia, com base no

    total das vendas realizadas, e

    no do seu processo produtivo

    como um todo.

    A DVA torna-se um

    componente importante no

    processo de evidenciao de

    sustentabilidade e, junto com

    o Balano Social, forma uma

    base de demonstrativos con-

    tbeis capazes de subsidiar o

    processo de tomada de de-

    cises dos gestores, consi-

    derando no apenas o aspecto

    econmico, mas tambm o

    social e o ambiental (SILVA,

    2010).

    A Demonstrao do Valor

    Adicionado teve sua origem

    no Brasil, pela publicao da

    Lei n 11.638-07, tornando

    obrigatria para companhias

    de capital aberto e facultando

    a elaborao para as de capital

    fechado. O Conselho Federal

    de Contabilidade (CFC)

    emitiu a norma NBC TG 09

    para auxiliar e incentivar a

    elaborao desse demonstra-

    tivo. Essa norma orienta sobre

    a finalidade, a estrutura e a

    elaborao da DVA (ibidem).

    A elaborao da DVA,

    segundo Santos (2003), deve

    ser feita com base nas infor-

    maes contidas na Contabili-

    dade, as quais podem ser

    decorrentes ou no da De-

    monstrao do Resultado do

    Exerccio (DRE). Cabe sa-

    lientar que a DVA no tem

    o objetivo de substituir a DRE,

    porque a finalidade desta

    informar ao acionista como foi

    composto o lucro ou prejuzo

    do exerccio, j a primeira

    demonstra como foi distribu-

    da a riqueza gerada para os

    seus stakeholders (TINOCO,

    2001). De acordo com Moraes

    (2008), a DVA no pode ser

    confundida com a DRE,

    tampouco com a Economic

    Value Aded (EVA).

    A DVA, alm de demons-

    trar como a riqueza foi gerada

    e distribuda pela empresa,

    pode ser ainda mais til pela

    sua complexidade, pois tem a

    capacidade de ajudar na

    gerao de informaes para o

    clculo o Produto Interno

    30 REVISTA DO CRCRS

    a)

    b)

    c)

    d)

  • B r u t o ( P I B ) ( S A N T O S ;

    HASHIMOTO, 2003).

    Para evidenciar a respon-

    sabilidade social das empre-

    sas, o uso da Demonstrao do

    Valor Adicionado apresenta-

    -se como uma boa alternativa.

    Conforme Corra (2010), esse

    demonstrativo tem caracters-

    ticas voltadas tanto para o

    aspecto econmico, quanto

    social e ambiental e, portan-

    to, satisfaz a necessidade de

    acionistas/empresrios e da

    sociedade.

    As organizaes a serem

    estudadas no trabalho perten-

    cem carteira de aes cha-

    mada Novo Mercado da

    Bovespa, cujo histrico ser

    apresentado a seguir.

    2.5 NOVO MERCADO

    O Novo Mercado um

    segmento empresarial para

    investimento que foi lanado

    em 2000, com o escopo de

    gerar um padro de governan-

    a diferenciado para fortalecer

    o mercado acionrio e, por

    conseguinte, diminuir a assi-

    metria de informaes entre

    controladores, administrado-

    res das organizaes e partici-

    pantes da Bolsa de Valores

    (BM&FBOVESPA, 2013). No

    ano de 2002, o Novo Mercado

    lanou a primeira lista de

    empresas participantes, e a

    partir desse marco inicial, ao

    passar dos anos, ela tornou-se

    um padro em transparncia e

    governana exigido pelos

    investidores para as novas

    aberturas de capital (ibidem).

    As principais regras de

    funcionamento do Novo

    Mercado esto relacionadas

    com a estrutura de governan-

    a e aos direitos dos acionis-

    tas, conforme disposto a

    seguir (ibidem):

    o capital deve ser com-

    posto exclusivamente por

    aes ordinrias com di-

    reito a voto;

    no caso de venda do con-

    trole, todos os acionistas

    tm direito a vender suas

    aes pelo mesmo preo

    (tag along de 100%);

    em caso de deslistagem

    ou cancelamento do con-

    trato do Novo Mercado

    com a BM&FBOVESPA,

    a empresa dever fazer

    o fer ta pbl ica para

    recomprar as aes

    de todos os acionistas

    no mnimo pelo valor

    econmico;

    o Conselho de Adminis-

    trao deve ser composto

    por no mnimo cinco

    membros, sendo 20% dos

    conselheiros indepen-

    dentes e o mandato m-

    ximo de dois anos;

    a companhia tambm se

    compromete a manter no

    mnimo 25% das aes em

    circulao (free float);

    divulgao de dados fi-

    nanceiros mais comple-

    tos, incluindo relatrios

    trimestrais com demons-

    trao de fluxo de caixa e

    relatrios consolidados

    revisados por um auditor

    independente;

    a empresa dever dispo-

    nibilizar relatrios finan-

    ceiros anuais em um

    padro internacional-

    mente aceito;

    necessidade de divulgar

    mensalmente as negocia-

    es com valores mobili-

    rios da companhia pelos

    diretores, executivos e

    acionistas controladores.

    3 METODOLOGIA

    O presente estudo carac-

    teriza-se como descritivo. De

    acordo com Ponte et al.

    (2007), o objetivo descrever

    as caractersticas de determi-

    nada populao ou fenmeno,

    estabelecendo relaes entre

    as variveis. Assim sendo, o

    estudo contribui com uma

    viso mais ampla do pro-

    blema, neste caso, por in-

    termdio da mensurao dos

    dados extrados da Demons-

    trao do Valor Adicionado do

    perodo de 2008 a 2011 das

    empresas participantes do

    Novo Mercado da Bovespa do

    ano de 2012.

    31 REVISTA DO CRCRS

  • 32 REVISTA DO CRCRS

    Quanto aos procedimentos, uma pesquisa documental, pois analisa a documentao das

    companhias envolvidas nesse segmento de mercado. Gil (2002) afirma que este tipo de trabalho

    vale-se de materiais que no receberam um tratamento especfico, ou que podem ser estudados

    conforme a inteno do estudo, para depois tentar extrair ilaes que possam contribuir

    para o estudo.

    A abordagem desta pesquisa essencialmente quantitativa, a qual, segundo Martins e

    Thephilo (2009), envolve organizar, sumarizar, caracterizar e interpretar dados numricos. Neste

    estudo, os dados foram organizados por meio da estatstica descritiva e da anlise multivariada,

    para sua interpretao. Em termos descritivos, foi usada a apurao de percentuais e, de forma

    multivariada, foi aplicada a anlise de conglomerados, para atingir os objetivos propostos.

    A coleta de dados foi realizada com base nos dados da Bovespa, sendo escolhidas as

    organizaes participantes da carteira de investimento mais rigorosa da Bovespa, o Novo Mercado

    do ano de 2012, com o intuito de estudar o comportamento da Demonstrao do Valor Adicionado

    do perodo de 2008 a 2011.

    4 ANLISE DE RESULTADOS

    A amostra selecionada para a presente pesquisa abrange as organizaes participantes da

    carteira de investimento da Bovespa denominada Novo Mercado de 2012. Entre as participantes

    estavam 130 empresas de 76 segmentos empresariais diferentes, as quais tm sedes em oito

    estados brasileiros.

    As informaes apresentadas na Tabela 1, que servem para atingir os objetivos propostos

    neste estudo, foram coletadas no site das empresas participantes da carteira de investimento Novo

    Mercado de 2012.

    Tabela 1 Relatrios socioambientais atualmente utilizados pelas empresas participantes do Novo Mercado da Bovespa de 2012

    Fonte: os autores (2013)

    Nmero de empresas que

    elaboram os documentos citados

    Nmero de empresas que no

    elaboram os documentos citados

    TOTAL

    EMPRESAS BALANO SOCIAL MODELO IBASE NBC T 15 GRI RELATRIO INTEGRADO

    18

    112

    130

    3

    127

    130

    130

    0

    130

    0

    130

    130

    O relatrio socioambiental mais utilizado pelas empresas participantes do Novo Mercado

    da Bovespa o fornecido pelo Global Reporting Initiative (GRI), ou seja, 100% da amostra faz uso

    dessa ferramenta para evidenciar as suas prticas sociais e ambientais aos seus stakeholders. J o

    Balano Social (Modelo Ibase) a forma de evidenciao de 13,84%, juntamente com os ndices do

    GRI. A Demonstrao de Informaes de Natureza Social e Ambiental indicada pela NBC T 15

  • utilizada por 2,30%, concomitantemente aos

    relatrios do GRI. O relatrio integrado no foi

    utilizado por nenhuma das instituies do

    segmento Novo Mercado da Bovespa de 2012.

    A demonstrao contbil utilizada pela

    totalidade das empresas, em funo das

    exigncias legais, a Demonstrao do Valor

    Adicionado, que analisada em conjunto nas

    tabelas 2 a 6.

    O comportamento da distr