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REVISTA DE EPIDEMIOLOGIA E CONTROLE DE INFECÇÃO >> Ano II, Vol II, Nº 4, 2012

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PUBLICAÇÃO OFICIAL DO NÚCLEO HOSPITALAR DE EPIDEMIOLOGIA DO HOSPITAL SANTA CRUZ

Ano II - Volume 2 - Número 4 - 2012

Ana CUNHA , PhD•Universidade de Santa Cruz do Sul, UNISC – Santa Cruz do Sul - BrasilAndréia Lúcia Gonçalves da SILVA, Ft, MSc• Universidade de Santa Cruz do Sul, Santa Cruz do Sul, RS, BrasilAndreza Francisco MARTINS, PhD• Centro Universitário Metodista, Porto Alegre, RS, BrasilAntonio Ruffi no NETTO, Phd• Universidade Federal de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, BrasilDaniel Gomas de Alvareng, MsC• Universidade Vale do Rio Doce, UNIVALE – Governador Valadares, MG -BrasilDavid Jamil HADAD, MD• Nucleo de Doenças Infecciosas da Universidade Federal do Espírito SantoNDI/ UFES, ES, BrasilDiego Rodrigues FALCI, MD, MSc• Grupo Hospitalar Conceição, Porto Alegre, RS, BrasilDulciane PAIVA, PhD• Universidade de Santa Cruz do Sul, UNISC – Santa Cruz do Sul, RS - BrasilEliane Carlosso KRUMMENAUER, RN• Hospital Santa Cruz, Santa Cruz do Sul, RS, BrasilFlavia Julyana Piña TRENCH, MD, MSc• Hospital Costa Ministro Cavalcanti, Foz do Iguaçu, PR, BrasilGisela UNIS, MD• Hospital Sanatório Partenon - HSP, RS, Brasil Guilherme Armond• Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG - Belo Horizonte, MG - BrasilKaren Mattos, MsC • Centro Universitário Franciscano, UNIFRA – Santa Maria, RS - BrasilLeandro Bizarro MULLER, MD, MSc• Universidade de Santa Cruz do Sul, Santa Cruz do Sul, RS, BrasilLeo KRAETHER NETO, PhD• Universidade de Santa Cruz do Sul, Santa Cruz do Sul, RS, BrasilLessandra MICHELIM, MD, PhD• Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul, RS, BrasilLuciana DREHMER, MsCPontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, PUCRS – Porto Alegre, RS – BrasilLuciano DURO, MD, MSc• Universidade de Santa Cruz do Sul, Santa Cruz do Sul, RS, BrasilLudmila BAETHGEN, PhD • Hospital Dom Vicente Scherer, Santa Casa de Misericórdia, Porto Alegre, RS -BrasilMarcos Toshiyuki TANITA, MD• Hospital Universitário de Londrina, Londrina, PR, BrasilMárcia PERUGINI, PhD• Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR, BrasilMaria Lucia Rosa Rossetti, MD• Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em SAúde - FEPPS, RS, BrasilMarilina BERCINI, MD, MSc• Centro Estadual de Vigilância em Saúde, Porto Alegre, RS, BrasilMiria BURGOS, PhD• Universidade de Santa Cruz do Sul, UNISC - Santa Cruz do Sul , RS- BrasilNádia Mora KUPLICH, RN, MSc• Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, BrasilPedro Almeida, MD• Fundação Universidade do Rio Grande - FURG, RS, BrasilRodrigo Pereira DUQUIA,PhD• Universidade Federal de Pelotas, UFPel –Pelotas, RS- BrasilSuzane Beatriz Frantz KRUG, RN, PhD• Universidade de Santa Cruz do Sul, Santa Cruz do Sul, RS, BrasilSuzanne BRADLEY, MD• University of Chigaco, Ann Arbor, Michigan, United States of AmericaTatiana KURTZ, MD, MSc• Universidade de Santa Cruz do Sul, Santa Cruz do Sul, RS, BrasilThiago NASCIMENTO, MSc• Universidade Federal do Espirito Santo, UFES – Vitória, ES- BrasilValéria SARACENI , PhD• Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro, RJ - BrasilValeriano CORBELINI; MD, PhD • Universidade de Santa Cruz do Sul, Santa Cruz do Sul, RS- Brasil

Editor: Marcelo CARNEIRO, MD, MSc

• Universidade de Santa Cruz do Sul,Santa Cruz do Sul, RS, Brasil

Andréia Rosane Moura VALIM, PhD• Universidade de Santa Cruz do Sul,

Santa Cruz do Sul, RS, Brasil

Lia Gonçalves POSSUELO, PhD• Universidade de Santa Cruz do Sul,

Santa Cruz do Sul, RS, Brasil

Editores Associados:Claudia Maria Maio CARRILHO, MD, MSc

• Universidade Estadual de Londrina,Londrina, PR, Brasil

Fábio Lopes PEDRO, MD, MSc• Universidade Federal de Santa Maria,

Santa Maria, RS, Brasil

Luis Fernando WAIB, MD, MSc• Pontifícia Universidade Católica de Campinas,

Campinas, SP, Brasil

Assessoria Editorial: Janete Aparecida Alves Machado, NT

Eliane Carlosso Krummenauer, RN

Revisão de Inglês: Sonia Maria Strong

Secretaria/Bolsista

Caroline Busatto

Editor de Layout: Álvaro Ivan Heming

[email protected]

Elaboração, veiculação e informações: Núcleo de Epidemiologia do Hospital Santa Cruz

Rua Fernando Abott, 174 - 2º andarBairro Centro – Santa Cruz do Sul

Rio Grande do SulCEP 96810-150

TELEFONE/FAX: 051 3713.7484 / 3713.7449E-MAIL: [email protected]

Veiculação: Virtual

Conselho Editorial:Alberto Novaes Ramos JUNIOR, PhD

•Universidade Federal do Ceará, UFC - Fortaleza, CE- BrasilAlexandre Vargas SCHWARZBOLD, MD, MSc

• Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, Brasil

Page 3: RECI EDICAO 04

PUBLICAÇÃO OFICIAL DO NÚCLEO HOSPITALAR DE EPIDEMIOLOGIA DO HOSPITAL SANTA CRUZ

Ano II - Volume 2 - Número 4 - 2012

>>> ARTIGO ORIGINAL

Análise de medicamentos e interações potenciais em prescriçõescontendo antimicrobianos dispensados em uma farmácia comunitária de Ijuí/RS .................................................. 122

Panorama epidemiológico da malária no Município de Ariquemes,Rondônia, Amazônia Ocidental: um inquérito de seis anos (2005 a 2010) ................................................................ 128

Sepse Neonatal na Unidade de Terapia Intensiva Neopediátricado Hospital Santa Cruz - Rio Grande do Sul .................................................................................................................. 133

A automedicação em acadêmicos de cursos de graduação da área dasaúde em uma universidade privada do estado do Rio Grande do Sul ...................................................................... 138

>>> ARTIGO DE REVISÃO

Ação educativa interdisciplinar para pacientes comdiabetes na atenção básica: uma revisão bibliográfi ca ............................................................................................... 141

>>> QUAL É O SEU DIAGNÓSTICO?

Pápulas disseminadas em paciente imunossuprimido ................................................................................................ 144

>>> RELATO DE EXPERIÊNCIA

A interdisciplinaridade na atenção primária: Um relato de experiência .................................................................... 146

>>> RESUMO DE TRABALHO DE CURSO

Panorama histórico e atual da tripanossomíase americanana amazônia legal: aspectos biológicos e epidemiológicos......................................................................................... 148

SUMÁRIO

Page 4: RECI EDICAO 04

PUBLICAÇÃO OFICIAL DO NÚCLEO HOSPITALAR DE EPIDEMIOLOGIA DO HOSPITAL SANTA CRUZ

ISSN 2238-3360 | Ano II - Volume 2 - Número 4 - 2012

Rev Epidemiol Control Infect. 2012;2(4):122-127 Páginas 01 de 06não para fi ns de citação

ARTIGO ORIGINAL

Recebido em: 15/05/2012Aceito em: 02/08/2012

[email protected]

DESCRITORES

Prescrições medicamentosas Interações de medicamentosAntimicrobianos

KEYWORDS

Drug prescriptionsDrug interactionsAntimicrobials

Justifi cativa e Objetivos: A resistência bacteriana se constitui em preocupação mundial e a prescrição inadequada de

antimicrobianos é um dos fatores que pode infl uenciar nas suas taxas. O objetivo foi avaliar as prescrições contendo an-

timicrobianos dispensados em uma farmácia comunitária do município de Ijuí/RS, para identifi car os antimicrobianos e os

fármacos prescritos em associação, bem como interações medicamentosas potenciais. Métodos: A amostra foi constituída

por prescrições retidas no local do estudo, de 28 de novembro de 2010 a 31 de março de 2011, que continham ao menos um

antimicrobiano listado no Anexo I da RDC 44/2010. Resultados: Foram analisadas 268 prescrições, contendo 283 antimicro-

bianos, em 15 prescrições foram prescritos dois produtos. A classe das penicilinas, presente em 30,04% das prescrições, e as

quinolonas (23,67%) foram os mais prescritos. Em 45,9% das prescrições, pelo menos mais um medicamento foi associado ao

antimicrobiano, totalizando 167 medicamentos, sendo principalmente a classe dos analgésicos e antipiréticos (43,11%) e dos

antiinfl amatórios e antirreumáticos não-esteróides (29,94%). Os antiinfl amatórios e antirreumáticos não-esteróides estavam

presentes em 82,05% das 39 interações medicamentosas potenciais encontradas, sendo que a principal classe de antimicro-

bianos envolvida foi a das penicilinas (64,1%). Conclusão: é necessário que os profi ssionais responsáveis pela prescrição e

pela dispensação estejam capacitados para identifi car e evitar a presença de interações medicamentosas, proporcionando

mais segurança para o usuário e efetividade no tratamento. Entende-se que seja necessário rever e padronizar os critérios de

prescrição, dispensação e administração, a fi m de racionalizar o uso dos antimicrobianos.

Rationale and Objectives: Bacterial resistance is a worldwide concern and the inappropriate prescription of antimicrobials is one

of the factors that can infl uence its rates. The objective was to evaluate the prescriptions containing antimicrobials distributed in

a community pharmacy in the municipality of Ijuí / RS, to identify the antimicrobials and the drugs prescribed in combination, as

well as potential drug interactions. Methods: The sample consisted of prescriptions retained at the study site from November 28

2010 to March 31 2011, which contained at least one antimicrobial listed in Appendix I of RDC 44/2010. Results: A total of 268

prescriptions were analyzed, containing 283 antimicrobials; 15 prescriptions had two drugs. The class of penicillins, found in 30.04%

of prescriptions, and quinolones (23.67%) were the most commonly prescribed drugs. In 45.9% of prescriptions, at least one drug

was associated with an antimicrobial agent, totaling 167 medications, primarily the class of analgesics and antipyretics (43.11%)

and non-steroidal anti-infl ammatory and anti-rheumatic drugs (29.94 %). The non-steroidal anti-infl ammatory and anti-rheumatic

drugs were present in 39% of 82.05% potential drug interactions found, with penicillin being the main class of antimicrobials

involved in the interaction (64.1%). Conclusion: Professionals responsible for prescribing and dispensing drugs should be able to

identify and prevent drug interactions, providing more safety for the user and treatment effectiveness. It is understood that it is necessary

to review and standardize the criteria for drug prescription, distribution and administration in order to rationalize the use of antimicrobials.

Bruna Rodrigues Weber1, Vanessa Cristina Scherer1, Karla Renata de Oliveira2, Christiane de Fátima Colet2

1Universidade de Ijuí (Unijui), Ijuí, RS.2Departamento de Ciências da Saúde Universidade de Ijuí (Unijui), Ijuí, RS.

Análise de medicamentos e interações potenciais em prescriçõescontendo antimicrobianos dispensados em uma farmácia comunitária de Ijuí/RSAnalysis of medication and potential interactions in prescriptions containingantimicrobials distributed in a community pharmacy in the city of Ijuí /RS

RESUMO

ABSTRACT

Page 5: RECI EDICAO 04

PUBLICAÇÃO OFICIAL DO NÚCLEO HOSPITALAR DE EPIDEMIOLOGIA DO HOSPITAL SANTA CRUZ

ISSN 2238-3360 | Ano II - Volume 2 - Número 4 - 2012

Rev Epidemiol Control Infect. 2012;2(4):122-127 Páginas 01 de 06não para fi ns de citação

ARTIGO ORIGINAL

Recebido em: 15/05/2012Aceito em: 02/08/2012

[email protected]

DESCRITORES

Prescrições medicamentosas Interações de medicamentosAntimicrobianos

KEYWORDS

Drug prescriptionsDrug interactionsAntimicrobials

Justifi cativa e Objetivos: A resistência bacteriana se constitui em preocupação mundial e a prescrição inadequada de

antimicrobianos é um dos fatores que pode infl uenciar nas suas taxas. O objetivo foi avaliar as prescrições contendo an-

timicrobianos dispensados em uma farmácia comunitária do município de Ijuí/RS, para identifi car os antimicrobianos e os

fármacos prescritos em associação, bem como interações medicamentosas potenciais. Métodos: A amostra foi constituída

por prescrições retidas no local do estudo, de 28 de novembro de 2010 a 31 de março de 2011, que continham ao menos um

antimicrobiano listado no Anexo I da RDC 44/2010. Resultados: Foram analisadas 268 prescrições, contendo 283 antimicro-

bianos, em 15 prescrições foram prescritos dois produtos. A classe das penicilinas, presente em 30,04% das prescrições, e as

quinolonas (23,67%) foram os mais prescritos. Em 45,9% das prescrições, pelo menos mais um medicamento foi associado ao

antimicrobiano, totalizando 167 medicamentos, sendo principalmente a classe dos analgésicos e antipiréticos (43,11%) e dos

antiinfl amatórios e antirreumáticos não-esteróides (29,94%). Os antiinfl amatórios e antirreumáticos não-esteróides estavam

presentes em 82,05% das 39 interações medicamentosas potenciais encontradas, sendo que a principal classe de antimicro-

bianos envolvida foi a das penicilinas (64,1%). Conclusão: é necessário que os profi ssionais responsáveis pela prescrição e

pela dispensação estejam capacitados para identifi car e evitar a presença de interações medicamentosas, proporcionando

mais segurança para o usuário e efetividade no tratamento. Entende-se que seja necessário rever e padronizar os critérios de

prescrição, dispensação e administração, a fi m de racionalizar o uso dos antimicrobianos.

Rationale and Objectives: Bacterial resistance is a worldwide concern and the inappropriate prescription of antimicrobials is one

of the factors that can infl uence its rates. The objective was to evaluate the prescriptions containing antimicrobials distributed in

a community pharmacy in the municipality of Ijuí / RS, to identify the antimicrobials and the drugs prescribed in combination, as

well as potential drug interactions. Methods: The sample consisted of prescriptions retained at the study site from November 28

2010 to March 31 2011, which contained at least one antimicrobial listed in Appendix I of RDC 44/2010. Results: A total of 268

prescriptions were analyzed, containing 283 antimicrobials; 15 prescriptions had two drugs. The class of penicillins, found in 30.04%

of prescriptions, and quinolones (23.67%) were the most commonly prescribed drugs. In 45.9% of prescriptions, at least one drug

was associated with an antimicrobial agent, totaling 167 medications, primarily the class of analgesics and antipyretics (43.11%)

and non-steroidal anti-infl ammatory and anti-rheumatic drugs (29.94 %). The non-steroidal anti-infl ammatory and anti-rheumatic

drugs were present in 39% of 82.05% potential drug interactions found, with penicillin being the main class of antimicrobials

involved in the interaction (64.1%). Conclusion: Professionals responsible for prescribing and dispensing drugs should be able to

identify and prevent drug interactions, providing more safety for the user and treatment effectiveness. It is understood that it is necessary

to review and standardize the criteria for drug prescription, distribution and administration in order to rationalize the use of antimicrobials.

Bruna Rodrigues Weber1, Vanessa Cristina Scherer1, Karla Renata de Oliveira2, Christiane de Fátima Colet2

1Universidade de Ijuí (Unijui), Ijuí, RS.2Departamento de Ciências da Saúde Universidade de Ijuí (Unijui), Ijuí, RS.

Análise de medicamentos e interações potenciais em prescriçõescontendo antimicrobianos dispensados em uma farmácia comunitária de Ijuí/RSAnalysis of medication and potential interactions in prescriptions containingantimicrobials distributed in a community pharmacy in the city of Ijuí /RS

RESUMO

ABSTRACT

Rev Epidemiol Control Infect. 2012;2(4):122-127 Páginas 02 de 06não para fi ns de citação

ANÁLISE DE MEDICAMENTOS E INTERAÇÕES POTENCIAIS EM PRESCRIÇÕES CONTENDO ANTIMICROBIANOS DISPENSADOS EM UMA FARMÁCIA COMUNITÁRIA DE IJUÍ/RSBruna Rodrigues Weber, Vanessa Cristina Scherer, Karla Renata de Oliveira, Christiane de Fátima Colet.

A resistência bacteriana e o mau uso dos antimicrobianos se constituem em preocupação mundial1, sendo que a utilização desses medicamentos, principalmente em infecções inespecífi cas e sem justifi cativa clínica, as difi culdades de seleção da melhor opção terapêutica e as defi ciências na defi nição de dose, intervalo e tempo de tratamento são fatores que contribuem para utilização não-racional2 o que tem levado a situações cada vez mais críticas de resistência1,2,3.

Dados nacionais e mundiais mostram que mais de 50% do uso desses medicamentos é desnecessário ou inadequado e em alguns casos sem prescrição médica1,3, podendo favorecer a presença de interações medicamentosas, o que certamente pode diminuir a efi cácia do tratamento antimicrobiano, infl uenciando no desenvolvimento de resistência1,3,4.

Nesse contexto, com o objetivo de racionalizar o consumo dos antimicrobianos atualmente está em vigor a RDC 20/20115, que revogou a RDC 44/20106, e estabelece critérios para a prescrição, dispensação, embalagem, rotulagem e controle dos produtos con-tendo antimicrobianos.

Portanto, a prescrição racional de antimicrobianos se consti-tui em uma das ações no combate a resistência microbiana. Diante disso, o presente estudo tem por objetivo avaliar as prescrições contendo antimicrobianos dispensados em uma farmácia comuni-tária do município de Ijuí/RS, para identifi car os antimicrobianos e os fármacos prescritos em associação, bem como, interações medicamentosas potenciais.

Trata-se de um estudo transversal, descritivo, com coleta de dados secundários, realizado no município de Ijuí/RS. A amostra foi constituída por prescrições de antimicrobianos retidas em uma farmácia comunitária do município de 28 de novembro de 2010 a 31 de março de 2011. O período do estudo foi determinado tendo em vista que a partir de 28 de novembro de 2010 a retenção das receitas dos antimicrobianos tornou-se obrigatória, pela RDC 44/20106. Assim, foram incluídas no estudo todas as prescrições contendo ao menos um dos 93 antimicrobianos listados no Anexo I da RDC 44/20106, por esta ser a Resolução em vigor no período do estudo.

O instrumento de coleta de dados permitiu que fossem ob-tidas informações sobre o(s) antimicrobiano(s) dispensado(s), dosa-gem ou concentração, forma farmacêutica, posologia, duração do tratamento, outros medicamentos presentes na mesma prescrição e data da emissão da prescrição.

Todos os antimicrobianos foram classifi cados no primeiro e terceiro nível, e os medicamentos associados no terceiro nível do sistema de classifi cação Anatomical Therapeutic Chemical (ATC) do Nordic Council on Medicines, index 20127.

Para a identifi cação do risco de interações medicamentosas potenciais, foi avaliada a interação entre os antimicrobianos e entre estes e outros medicamentos presentes na mesma prescrição, a partir de Fonseca8 e Brasil3.

Os dados foram analisados utilizando a estatística do pro-

No período do estudo foram analisadas 268 prescrições, contendo 283 antimicrobianos, 15 (5,60%) prescrições conti-nham a indicação de dois antimicrobianos, sendo que em 60% destas havia associação de um anti-infeccioso de uso sistêmico com um de ação local e 40% continham associação de dois anti--infecciosos gerais para uso sistêmico.

Foram prescritos 33 antimicrobianos diferentes durante o período estudado, o que representa 30,69% do total de antimi-crobianos elencados no Anexo I da RDC 44/2010.6 A classe mais dispensada foi a das penicilinas seguida das quinolonas (Tabela 1). Os antimicrobianos prescritos pertencentes às penicilinas incluem amoxicilina, amoxicilina+clavulanato de potássio e ampicilina.

Na Tabela 1 encontram-se descritos os antimicrobianos prescritos, classifi cados no primeiro e terceiro nível da classifi -cação ATC.

Azitromicina foi o princípio ativo mais prescrito, presente em 18,37% das prescrições, seguido de amoxicilina (15,90%), cefalexina (13,07%), amoxicilina+clavulanato de potássio (12,72%), norfl oxacino (9,89%), ciprofl oxacino (8,13%), levofl oxa-cino (5,65%) e outros (16,27%). Assim, considerando o primeiro nível da classifi cação ATC, os anti-infecciosos gerais para uso sistêmico (J) foram os mais prescritos estando presentes em 257 (90,81%) do total de prescrições.

Em 123 (45,90%) prescrições, foi evidenciada a presença de pelo menos um medicamento associado ao antimicrobiano, totalizando 167 medicamentos. Em 70,73% dessas prescrições havia a indicação de mais um medicamento, em 24,39% mais dois, em 4,07% mais três e em 0,81% mais cinco.

As classes de medicamentos prescritos com os antimi-crobianos foram principalmente dos analgésicos e antipiréticos (43,11%); antiinfl amatórios e antirreumáticos não-esteróides (29,94%) (Tabela 2). Os princípios ativos mais prescritos foram paracetamol (31,74%), ibuprofeno (23,35%) e prednisolona (4,79%).

A Tabela 2 apresenta os medicamentos prescritos em associação aos antimicrobianos, classifi cados no terceiro nível do sistema ATC.

Considerando os medicamentos prescritos na mesma prescrição, se identifi cou interações medicamentosas potenciais em 14,55% do total de prescrições analisadas, perfazendo 39 interações distintas. Os antiinfl amatórios não-esteróides estive-ram presentes em 82,05% do total de interações identifi cadas, sendo que a principal classe de antimicrobianos envolvida foi a das penicilinas (64,10%) (Tabela 3).

Na Tabela 3, encontram-se descritos os antimicrobianos e as classes de fármacos associados envolvidos nas interações medicamentosas potenciais identifi cadas, sua distribuição nas prescrições e as consequências clínicas das associações.

INTRODUÇÃO

MÉTODOS

RESULTADOS

grama Microsoft Offi ce Excel. Os valores foram expressos como números e porcentagens.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí sob o Parecer Consubstanciado n° 076/2011.

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Rev Epidemiol Control Infect. 2012;2(4):122-127 Páginas 03 de 06não para fi ns de citação

ANÁLISE DE MEDICAMENTOS E INTERAÇÕES POTENCIAIS EM PRESCRIÇÕES CONTENDO ANTIMICROBIANOS DISPENSADOS EM UMA FARMÁCIA COMUNITÁRIA DE IJUÍ/RSBruna Rodrigues Weber, Vanessa Cristina Scherer, Karla Renata de Oliveira, Christiane de Fátima Colet.

TABELA 1 - Classifi cação dos antimicrobianos prescritos em uma farmácia comunitária, segundo os grupos anatômicos e terapêuticos no primeiro, terceiro e quinto níveis de classifi cação ATC. Ijuí/RS, 2010/2011.

Anti-infecciosos

gerais para uso sistêmico (J)

Medicamentos

dermatológicos (D)

Órgãos

sensitivos (S)

Antibacterianos beta-lactâmicos, penicilina

(J01C)

Antibacterianos quinolonas

(J01M)

Macrolídeos, lincosamidas e estreptograminas

(J01F)

Outros antibacterianos beta-lactâmicos

(J01D)

Tetraciclinas

(J01A)

Antibacterianos aminoglicosídeos

(J01G)

Sulfonamidas + trimetoprim

(J01E)

Outros antibacterianos

(J01X)

Antimicóticos para uso sistêmico

(J02A)

Antibióticos para uso tópico

(D06A)

Preparações anti-acne para uso tópico

(D10A)

Anti-infecciosos

(S01A)

Agentes antiinfl amatórios e anti-infecciosos em

associação (S01C)

Anti-infecciosos e corticosteróides em

associação (S02C)

Classificação ATC

(Nível 1)

Classificação ATC

(Nível 3)

Total classeN= 283 (%)

Antimicrobiano da classe prescrito em maior número (%)

85

(30,04)

67

(23,67)

53

(18,73)

42

(14,84)

3

(1,06)

2

(0,71)

2

(0,71)

2

(0,71)

1

(0,35)

9

(3,18)

1

(0,35)

7

(2,47)

5

(1,77)

4

(1,41)

Amoxicilina

(52,94)

Norfl oxacino

(41,79)

Azitromicina

(98,11)

Cefalexina

(88,10)

Tetraciclina

(66,67)

Gentamicina

(100,00)

Sulfametoxazol+

trimetoprim (100,00)

Nitrofurantoína

(100,00)

Fluconazol

(100,00)

Neomicina+ bacitracina

(77,78)

Clindamicina

(100,00)

Cloranfenicol

(37,50)

Gentamicina+betamesona

(33,33)

Ciprofl oxacino+ hidrocortisona

(66,67)

Os medicamentos antimicrobianos são muito utilizados pela população e as farmácias comunitárias são alguns dos locais de aquisição. Em estudo realizado, em domicílios, no município de Pelotas/RS, entre outubro de 1999 e janeiro de 2000, dos 6.145 entrevistados, 491 referiram ter usado algum antimicrobiano nos 30 dias anteriores à entrevista e a maioria (82,3%) adquiriu em farmácias comunitárias9.

O consumo elevado de antimicrobianos também é eviden-ciado em outros países. Nakajima, Takano, Urnaa et al. (2010) rea-lizaram na capital da Mongólia, um estudo com 619 clientes de 250 farmácias e verifi caram que 48% dos entrevistados adquiriu pelo menos um medicamento antimicrobiano e destes, 42,1% apresen-taram prescrição. Os autores destacam que o estudo foi realizado durante o inverno e que a prevalência de infecção respiratória aguda é geralmente alta nesta época, gerando um grande número de prescrições contendo antimicrobianos10.

Assim, a alta prevalência do consumo de antimicrobianos e o uso desmedido e irracional desses agentes, têm contribuído para o aumento das taxas de resistência1. A resistência do Staphylococcus

DISCUSSÃOaureus é um dos exemplos clássicos, sendo atualmente evidenciado um alto índice de resistência desse microrganismo frente às peni-cilinas11, 12.

Em um hospital em Santa Maria/RS, ao realizarem um estudo com resultados de exames culturais, os autores evidenciaram que 91,11% dos isolados de S. aureus eram resistentes à penicilina12. Em Araçatuba/SP, do total de 18 cepas de S. aureus com caracteriza-ção fenotípica diferentes, isoladas dos sítios nasais ou linguais de adultos, somente um tipo apresentou sensibilidade à penicilina11.

Em diversos trabalhos relatados na literatura a classe das pe-nicilinas, foi a mais mencionada pelos entrevistados, semelhante ao encontrado no presente estudo9,10,13. As penicilinas são bactericidas e interferem na síntese da parede celular bacteriana, foram os pri-meiros antimicrobianos usados na terapêutica, sendo amplamente utilizados para a maioria das infecções. Além disso, geralmente são bem toleradas e os efeitos adversos mais importantes são as reações de hipersensibilidade, o que poderia justifi car a prevalência da prescrição e uso desta classe3.

A segunda classe de antimicrobianos mais dispensados foi das quinolonas, o que diferiu do estudo em Pelotas/RS, onde ocu-param o sexto lugar9. No presente estudo, todas as quinolonas que foram prescritas são fl uoroquinolonas (classifi cação ATC – nível 4).

Rev Epidemiol Control Infect. 2012;2(4):122-127 Páginas 04 de 06não para fins de citação

ANÁLISE DE MEDICAMENTOS E INTERAÇÕES POTENCIAIS EM PRESCRIÇÕES CONTENDO ANTIMICROBIANOS DISPENSADOS EM UMA FARMÁCIA COMUNITÁRIA DE IJUÍ/RSBruna Rodrigues Weber, Vanessa Cristina Scherer, Karla Renata de Oliveira, Christiane de Fátima Colet.

Analgésicos e antipiréticos (N02B)

Antiinflamatórios e antirreumáticos não-esteróides (M01A)

Corticosteróides para uso sistêmico simples (H02A)

Anti-histamínicos para uso sistêmico (R06A)

Drogas para úlcera péptica e doença do refluxo gastro-esofágico (A02B)

Descongestionantes nasais para uso sistêmico (R01B)

Expectorantes, excluindo combinações com supressores de tosse (R05C)

Opióides (N02A)

Urológicos, incluindo antiespasmódicos (G04B)

Agentes antiadrenérgicos de ação periférica (C02C)

Ansiolíticos (N05B)

Antiandrogênicos (G03H)

Antieméticos e antinauseantes (A04A)

Antitussígenos, excluindo combinações com expectorantes (R05D)

Belladonna e derivados, simples (A03B)

Drogas para redução da glicose sanguínea, excluindo insulinas (A10B)

Ocitócicos (G02A)

Medicamentos sistêmicos para doenças obstrutivas das vias respiratórias (R03D)

Preparações de ferro (B03A)

Produtos tópicos para dores articulares e muscular (M02A)

72 (43,11)

50 (29,94)

14 (8,38)

6 (3,59)

4 (2,40)

3 (1,80)

3 (1,80)

2 (1,20)

2 (1,20)

1 (0,60)

1 (0,60)

1 (0,60)

1 (0,60)

1 (0,60)

1 (0,60)

1 (0,60)

1 (0,60)

1 (0,60)

1 (0,60)

1 (0,60)

Paracetamol (73,61)

Ibuprofeno (78,00)

Prednisolona (57,14)

Loratadina (66,67)

Omeprazol (100,00)

Bronfeniramina+ fenilefrina (50,00)

Acetilcisteína (100,00)

Paracetamol + codeína (100,00)

Fenazopiridina (100,00)

Doxazosina (100,00)

Hidroxizina (100,00)

Etinilestradiol + ciproterona (100,00)

Metoclopramida (100,00)

Codeína (100,00)

Brometo de n-butilescopolamina (100,00)

Metformina (100,00)

Metilergometrina (100,00)

Acebrofilina (100,00)

Sulfato ferroso (100,00)

Aceclofenaco (100,00)

TABELA 3 - Interações medicamentosas potenciais identificadas nas prescrições dispensadas em uma farmácia comunitária. Ijuí/RS, 2010/2011.

Penicilinas

(em geral)

Quinolonas

(em geral)

Macrolídeos

(em geral)

Ciprofloxacino

Antimicrobiano Fármaco associado Consequências clínicasN=39 (%)

antiinflamatórios

não-esteróides

antiinflamatórios

não-esteróides

corticosteróides

cefalosporinas

penicilinas

hipoglicemiantes orais

25 (64,10)

7 (17,95)

4 (10,26)

1 (2,56)

1 (2,56)

1 (2,56)

salicilatos e outros anti-inflamatórios não-esteróides são altamente

ligados às proteínas, podendo ser deslocados de seus sítios de ligação

pelas penicilinas ou deslocar as penicilinas

risco de estimulação do SNC/convulsões

aumento dos efeitos dos corticosteróides com risco de acumulação

inibição da ação bactericida das cefalosporinas

inibição da ação bactericida das penicilinas

hiper ou hipoglicemia

Os fármacos deste grupo apresentam efeito pós-antibiótico pro-longado e meias-vidas relativamente longas, permitindo intervalos de dose de 12 a 24 horas o que favorece a adesão ao tratamento3. Essas vantagens farmacocinéticas não devem apoiar o emprego frequente e sem critério das fluoroquinolonas, mesmo porque o alto custo e a emergência crescente de resistência limitam seu uso. Infecções por microrganismos sensíveis a outros antimicrobianos não devem ser tratadas com fluoroquinolonas, cujo uso deve ser reservado para situações em que ocorram bactérias multirresis-tentes ou contraindicações clínicas aos agentes de primeira linha,

como as penicilinas3. Costa, Belém, Silva e colaboradores (2010), ao considerarem

resultados positivos para microrganismos causadores de infecção do trato urinário, em um período de janeiro de 2006 a junho de 2008, verificaram alta incidência de resistência às quinolonas em geral, incluindo o norfloxacino e ciprofloxacino14.

No presente estudo, a azitromicina foi o princípio ativo mais prescrito, o que difere do encontrado por outros autores, onde este lugar foi ocupado pela amoxicilina9,10. A maior comodidade posológica (administração em dose única diária), da azitromicina,

TABELA 2 - Classificação dos medicamentos associados aos antimicrobianos prescritos em uma farmácia comunitária, segundo os grupos anatômicos e terapêuticos no terceiro e quinto nível de classificação ATC. Ijuí/RS, 2010/2011.

Classificação ATC

(Nível 3)

Total classeN= 167 (%)

Medicamento mais prescrito na classe (%)

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ANÁLISE DE MEDICAMENTOS E INTERAÇÕES POTENCIAIS EM PRESCRIÇÕES CONTENDO ANTIMICROBIANOS DISPENSADOS EM UMA FARMÁCIA COMUNITÁRIA DE IJUÍ/RSBruna Rodrigues Weber, Vanessa Cristina Scherer, Karla Renata de Oliveira, Christiane de Fátima Colet.

TABELA 1 - Classifi cação dos antimicrobianos prescritos em uma farmácia comunitária, segundo os grupos anatômicos e terapêuticos no primeiro, terceiro e quinto níveis de classifi cação ATC. Ijuí/RS, 2010/2011.

Anti-infecciosos

gerais para uso sistêmico (J)

Medicamentos

dermatológicos (D)

Órgãos

sensitivos (S)

Antibacterianos beta-lactâmicos, penicilina

(J01C)

Antibacterianos quinolonas

(J01M)

Macrolídeos, lincosamidas e estreptograminas

(J01F)

Outros antibacterianos beta-lactâmicos

(J01D)

Tetraciclinas

(J01A)

Antibacterianos aminoglicosídeos

(J01G)

Sulfonamidas + trimetoprim

(J01E)

Outros antibacterianos

(J01X)

Antimicóticos para uso sistêmico

(J02A)

Antibióticos para uso tópico

(D06A)

Preparações anti-acne para uso tópico

(D10A)

Anti-infecciosos

(S01A)

Agentes antiinfl amatórios e anti-infecciosos em

associação (S01C)

Anti-infecciosos e corticosteróides em

associação (S02C)

Classificação ATC

(Nível 1)

Classificação ATC

(Nível 3)

Total classeN= 283 (%)

Antimicrobiano da classe prescrito em maior número (%)

85

(30,04)

67

(23,67)

53

(18,73)

42

(14,84)

3

(1,06)

2

(0,71)

2

(0,71)

2

(0,71)

1

(0,35)

9

(3,18)

1

(0,35)

7

(2,47)

5

(1,77)

4

(1,41)

Amoxicilina

(52,94)

Norfl oxacino

(41,79)

Azitromicina

(98,11)

Cefalexina

(88,10)

Tetraciclina

(66,67)

Gentamicina

(100,00)

Sulfametoxazol+

trimetoprim (100,00)

Nitrofurantoína

(100,00)

Fluconazol

(100,00)

Neomicina+ bacitracina

(77,78)

Clindamicina

(100,00)

Cloranfenicol

(37,50)

Gentamicina+betamesona

(33,33)

Ciprofl oxacino+ hidrocortisona

(66,67)

Os medicamentos antimicrobianos são muito utilizados pela população e as farmácias comunitárias são alguns dos locais de aquisição. Em estudo realizado, em domicílios, no município de Pelotas/RS, entre outubro de 1999 e janeiro de 2000, dos 6.145 entrevistados, 491 referiram ter usado algum antimicrobiano nos 30 dias anteriores à entrevista e a maioria (82,3%) adquiriu em farmácias comunitárias9.

O consumo elevado de antimicrobianos também é eviden-ciado em outros países. Nakajima, Takano, Urnaa et al. (2010) rea-lizaram na capital da Mongólia, um estudo com 619 clientes de 250 farmácias e verifi caram que 48% dos entrevistados adquiriu pelo menos um medicamento antimicrobiano e destes, 42,1% apresen-taram prescrição. Os autores destacam que o estudo foi realizado durante o inverno e que a prevalência de infecção respiratória aguda é geralmente alta nesta época, gerando um grande número de prescrições contendo antimicrobianos10.

Assim, a alta prevalência do consumo de antimicrobianos e o uso desmedido e irracional desses agentes, têm contribuído para o aumento das taxas de resistência1. A resistência do Staphylococcus

DISCUSSÃOaureus é um dos exemplos clássicos, sendo atualmente evidenciado um alto índice de resistência desse microrganismo frente às peni-cilinas11, 12.

Em um hospital em Santa Maria/RS, ao realizarem um estudo com resultados de exames culturais, os autores evidenciaram que 91,11% dos isolados de S. aureus eram resistentes à penicilina12. Em Araçatuba/SP, do total de 18 cepas de S. aureus com caracteriza-ção fenotípica diferentes, isoladas dos sítios nasais ou linguais de adultos, somente um tipo apresentou sensibilidade à penicilina11.

Em diversos trabalhos relatados na literatura a classe das pe-nicilinas, foi a mais mencionada pelos entrevistados, semelhante ao encontrado no presente estudo9,10,13. As penicilinas são bactericidas e interferem na síntese da parede celular bacteriana, foram os pri-meiros antimicrobianos usados na terapêutica, sendo amplamente utilizados para a maioria das infecções. Além disso, geralmente são bem toleradas e os efeitos adversos mais importantes são as reações de hipersensibilidade, o que poderia justifi car a prevalência da prescrição e uso desta classe3.

A segunda classe de antimicrobianos mais dispensados foi das quinolonas, o que diferiu do estudo em Pelotas/RS, onde ocu-param o sexto lugar9. No presente estudo, todas as quinolonas que foram prescritas são fl uoroquinolonas (classifi cação ATC – nível 4).

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ANÁLISE DE MEDICAMENTOS E INTERAÇÕES POTENCIAIS EM PRESCRIÇÕES CONTENDO ANTIMICROBIANOS DISPENSADOS EM UMA FARMÁCIA COMUNITÁRIA DE IJUÍ/RSBruna Rodrigues Weber, Vanessa Cristina Scherer, Karla Renata de Oliveira, Christiane de Fátima Colet.

Analgésicos e antipiréticos (N02B)

Antiinflamatórios e antirreumáticos não-esteróides (M01A)

Corticosteróides para uso sistêmico simples (H02A)

Anti-histamínicos para uso sistêmico (R06A)

Drogas para úlcera péptica e doença do refluxo gastro-esofágico (A02B)

Descongestionantes nasais para uso sistêmico (R01B)

Expectorantes, excluindo combinações com supressores de tosse (R05C)

Opióides (N02A)

Urológicos, incluindo antiespasmódicos (G04B)

Agentes antiadrenérgicos de ação periférica (C02C)

Ansiolíticos (N05B)

Antiandrogênicos (G03H)

Antieméticos e antinauseantes (A04A)

Antitussígenos, excluindo combinações com expectorantes (R05D)

Belladonna e derivados, simples (A03B)

Drogas para redução da glicose sanguínea, excluindo insulinas (A10B)

Ocitócicos (G02A)

Medicamentos sistêmicos para doenças obstrutivas das vias respiratórias (R03D)

Preparações de ferro (B03A)

Produtos tópicos para dores articulares e muscular (M02A)

72 (43,11)

50 (29,94)

14 (8,38)

6 (3,59)

4 (2,40)

3 (1,80)

3 (1,80)

2 (1,20)

2 (1,20)

1 (0,60)

1 (0,60)

1 (0,60)

1 (0,60)

1 (0,60)

1 (0,60)

1 (0,60)

1 (0,60)

1 (0,60)

1 (0,60)

1 (0,60)

Paracetamol (73,61)

Ibuprofeno (78,00)

Prednisolona (57,14)

Loratadina (66,67)

Omeprazol (100,00)

Bronfeniramina+ fenilefrina (50,00)

Acetilcisteína (100,00)

Paracetamol + codeína (100,00)

Fenazopiridina (100,00)

Doxazosina (100,00)

Hidroxizina (100,00)

Etinilestradiol + ciproterona (100,00)

Metoclopramida (100,00)

Codeína (100,00)

Brometo de n-butilescopolamina (100,00)

Metformina (100,00)

Metilergometrina (100,00)

Acebrofilina (100,00)

Sulfato ferroso (100,00)

Aceclofenaco (100,00)

TABELA 3 - Interações medicamentosas potenciais identificadas nas prescrições dispensadas em uma farmácia comunitária. Ijuí/RS, 2010/2011.

Penicilinas

(em geral)

Quinolonas

(em geral)

Macrolídeos

(em geral)

Ciprofloxacino

Antimicrobiano Fármaco associado Consequências clínicasN=39 (%)

antiinflamatórios

não-esteróides

antiinflamatórios

não-esteróides

corticosteróides

cefalosporinas

penicilinas

hipoglicemiantes orais

25 (64,10)

7 (17,95)

4 (10,26)

1 (2,56)

1 (2,56)

1 (2,56)

salicilatos e outros anti-inflamatórios não-esteróides são altamente

ligados às proteínas, podendo ser deslocados de seus sítios de ligação

pelas penicilinas ou deslocar as penicilinas

risco de estimulação do SNC/convulsões

aumento dos efeitos dos corticosteróides com risco de acumulação

inibição da ação bactericida das cefalosporinas

inibição da ação bactericida das penicilinas

hiper ou hipoglicemia

Os fármacos deste grupo apresentam efeito pós-antibiótico pro-longado e meias-vidas relativamente longas, permitindo intervalos de dose de 12 a 24 horas o que favorece a adesão ao tratamento3. Essas vantagens farmacocinéticas não devem apoiar o emprego frequente e sem critério das fluoroquinolonas, mesmo porque o alto custo e a emergência crescente de resistência limitam seu uso. Infecções por microrganismos sensíveis a outros antimicrobianos não devem ser tratadas com fluoroquinolonas, cujo uso deve ser reservado para situações em que ocorram bactérias multirresis-tentes ou contraindicações clínicas aos agentes de primeira linha,

como as penicilinas3. Costa, Belém, Silva e colaboradores (2010), ao considerarem

resultados positivos para microrganismos causadores de infecção do trato urinário, em um período de janeiro de 2006 a junho de 2008, verificaram alta incidência de resistência às quinolonas em geral, incluindo o norfloxacino e ciprofloxacino14.

No presente estudo, a azitromicina foi o princípio ativo mais prescrito, o que difere do encontrado por outros autores, onde este lugar foi ocupado pela amoxicilina9,10. A maior comodidade posológica (administração em dose única diária), da azitromicina,

TABELA 2 - Classificação dos medicamentos associados aos antimicrobianos prescritos em uma farmácia comunitária, segundo os grupos anatômicos e terapêuticos no terceiro e quinto nível de classificação ATC. Ijuí/RS, 2010/2011.

Classificação ATC

(Nível 3)

Total classeN= 167 (%)

Medicamento mais prescrito na classe (%)

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ANÁLISE DE MEDICAMENTOS E INTERAÇÕES POTENCIAIS EM PRESCRIÇÕES CONTENDO ANTIMICROBIANOS DISPENSADOS EM UMA FARMÁCIA COMUNITÁRIA DE IJUÍ/RSBruna Rodrigues Weber, Vanessa Cristina Scherer, Karla Renata de Oliveira, Christiane de Fátima Colet.

em comparação a amoxicilina favorece a adesão ao tratamento, o que poderia justificar a preferência dos prescritores pelo fármaco, no presente estudo3.

Pela facilidade de administração em dose única a azitromici-na tem indicação em algumas doenças sexualmente transmissíveis e no tracoma ocular3. Conforme Gilio & Lo (2003), por ser um ma-crolídeo, o seu emprego como primeira escolha para tratamento das infecções bacterianas de vias aéreas superiores deve ser deses-timulado, e reforçam que essa classe deve ser considerada apenas como alternativa em pacientes alérgicos à penicilina e derivados15.

Considerando-se a classificação ATC, as classes de medica-mentos mais prescritas concomitantemente aos antimicrobianos foram a dos analgésicos e antipiréticos; anti-inflamatórios e antirreumáticos não-esteróides, semelhante ao encontrado em outros estudos2,9,16. Os analgésicos e antipiréticos são fármacos utilizados com objetivo de reduzir dor e febre, que podem ser desenvolvidos com um processo infeccioso3. Conforme Wannma-cher & Ferreira (2004), hipertermia é usualmente considerada, por pacientes e médicos, como doença e por isso objeto de pronto tratamento17. Entretanto, conforme os autores, com raras exceções, febre é uma manifestação de doença, podendo fazer parte de mecanismos de defesa orgânica. Os mesmos autores afirmam que não há evidências de que reduzir a temperatura corporal se associe a mais conforto para o paciente, diminua a morbimortalidade ou reduza o risco de recorrência de convulsões febris. Petry, Pletsch, Ferrazza (2008), destacam que embora a associação de antimicro-bianos com antipiréticos seja uma prática corrente, é importante avaliar criteriosamente a necessidade desta associação16.

O emprego dos anti-inflamatórios não-esteróides provavel-mente se deve ao fato, destes possuírem propriedades analgésica, antitérmica e anti-inflamatória18. Segundo Wannmacher & Ferreira (2006) em processos infecciosos não parece racional antagonizar a inflamação, já que este se trata de um componente indispensável à defesa do organismo18. As autoras ainda afirmam que o trata-mento, então, deve ser direcionado especificamente à gênese do problema, como o emprego dos antimicrobianos.

No estudo de Bergamaschi (2006), com voluntários receben-do uma dose oral de 2g de amoxicilina (Grupo 1) ou uma dose de 2g de amoxicilina oral com 100 mg de diclofenaco sódico (Grupo 2), os autores evidenciaram que o diclofenaco sódico – anti-inflamatório e antirreumático não-esteróide – pode reduzir significativamente a biodisponibilidade da amoxicilina, caracterizando uma interação medicamentosa7,19.

Diante disso, para a associação dos fármacos dessa classe com os antimicrobianos deve-se considerar o estado geral do pa-ciente, já que a febre e o processo inflamatório são manifestações orgânicas contra o agente infectante17. Além disso, esses fármacos podem influenciar no tratamento com os antimicrobianos, poden-do ser responsáveis por possíveis interações medicamentosas8.

Neste contexto, destaca-se que os anti-inflamatórios não-esteróides estavam presentes na maior parte das interações medicamentosas potenciais encontradas nesse estudo, podendo causar danos ao usuário dos medicamentos, pelo risco de convul-sões (associação com quinolonas), bem como, aumentar o risco de desenvolvimento de resistência microbiana (associação com penicilinas), já que podem deslocar as penicilinas de seus sítios de ligação8 e por consequência o microrganismo poderá desenvolver genes de resistência, sendo transmitidos a outros microrganismos20.

Nicolini, Nascimento, Greco et al. (2008) entrevistaram 149 usuários que receberam prescrição de antibióticos, em uma unida-

de de farmácia pública da região Oeste de São Paulo4. Os autores comparam os medicamentos prescritos na mesma receita e eviden-ciaram que em aproximadamente 8% das prescrições havia inte-rações medicamentosas. Esse resultado pode indicar uma menor racionalização na prescrição de antimicrobianos no município de Ijuí, em comparação a região Oeste de São Paulo, ou essa diferença poderia estar relacionada ao tamanho das amostras analisadas. O maior número de prescrições analisadas no presente estudo, pode ter contribuído para que se tenha identificado um maior percentual de interações medicamentosas em potencial.

As interações medicamentosas em potencial identificadas, também estavam relacionadas à associação entre antimicrobianos sistêmicos de diferentes classes, como macrolídeos associados à cafalosporinas e macrolídeos associados a penicilinas, sendo que a consequência clínica em ambas as situações estão relacionadas à inibição da ação bactericida de uma das classes de antimicrobianos. Assim, observa-se a associação inadequada desses antimicrobia-nos, o que pode agravar o curso clínico pelo antagonismo na ação desses fármacos além de elevar custos, toxicidade e desenvolvi-mento de resistência20.

Em algumas situações a terapia combinada poderá ser efeti-va, como no tratamento de pacientes graves com risco de infecção por microrganismos multirresistentes, com o intuito de aumentar a cobertura e a probabilidade de terapia empírica inicial adequada20.

Assim, cabe aos profissionais da saúde desenvolver e im-plementar estratégias com vistas a racionalizar o uso dos antimi-crobianos e por consequência diminuir os índices de resistência. Entende-se também que seja necessário rever e padronizar os cri-térios de prescrição, dispensação e administração desses fármacos.

Em relação à padronização devem ser selecionados os anti-microbianos mais eficazes para cada situação clínica, levando em consideração as características dos patógenos prevalentes em determinada localidade, o que auxilia na redução do consumo de antimicrobianos já que proporciona maior facilidade para a prescrição racional. Nesse sentido, considerando que as dificul-dades no momento da seleção e prescrição dos antimicrobianos podem comprometer todo o tratamento, torna-se necessário a determinação da frequência de consumo local das classes dos antimicrobianos, o que poderia direcionar as ações e auxiliar na redução das taxas de resistência.

No que se refere à dispensação de antimicrobianos, com a implementação da RDC 20/2011, o farmacêutico passa a ser responsável pela dispensação adequada dos antimicrobianos, por esse ser o profissional capacitado a prestar orientações relacionadas ao tempo de tratamento, posologia, reações ad-versas, interações medicamentosas, salientando a necessidade do correto seguimento do tratamento e contribuindo para o uso racional dos antimicrobianos5.

As orientações fornecidas pelo profissional farmacêutico, bem como a prescrição médica, devem ser seguidas pelo usuá-rio, que deve cumprir corretamente o tempo de tratamento e o horário de administração do antimicrobiano, para que concen-trações do fármaco cheguem ao local da infecção e exerçam o efeito adequadamente, caso contrário poderá ocorrer resistên-cia microbiana e recidiva da infecção repercutindo em agravos a saúde.

A saúde do usuário também poderá ser comprometida se este receber prescrições que contenham fármacos que interajam entre si. A presença de interações medicamentosas em potencial foi evidenciada no presente estudo, assim é necessário que os

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5. Brasil. ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC n. 20 de 05 de maio de 2011. Dispõe sobre o controle de medicamentos à base de substâncias classificadas como antimicrobianos, de uso sob prescrição, isoladas ou em associação. Diário Oficial da União. Brasília, 09 de mai 2011.

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regulations: a survey of consumption and retail Sales in Ulaanbaatar, Mongolia. Southem Med Review. 2010;3(1):19-23.

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profi ssionais responsáveis pela prescrição, bem como pela dispensação, estejam capacitados a fi m de evitar e identifi car a presença de interações medicamentosas, proporcionando mais segurança para o usuário e efetividade no tratamento.

Além disso, o tratamento antimicrobiano deve estar embasado em critérios de diagnósticos bem defi nidos, por-tanto, sugere-se avaliar, através de outros estudos, as situa-ções que levam a utilização e prescrição dos antimicrobianos,

para que sejam instituídas ações educativas efetivas no combate ao uso irracional dos antimicrobianos. Também são fundamentais estudos que avaliem o perfi l de sensibilidade dos microrganismos prevalentes em cada região, para que sejam padronizados tratamentos específi cos e efi cazes, diminuindo a exposição a diferentes antimicrobianos e visando reduzir as taxas locais de resistência.

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Rev Epidemiol Control Infect. 2012;2(4):128-132

PUBLICAÇÃO OFICIAL DO NÚCLEO HOSPITALAR DE EPIDEMIOLOGIA DO HOSPITAL SANTA CRUZ

ISSN 2238-3360 | Ano II - Volume 2 - Número 4 - 2012

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ARTIGO ORIGINAL

Recebido em: 23/05/2012Aceito em: 27/06/2012

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DESCRITORES

EpidemiologiaMaláriaVetoresAmazônia Ocidental

KEYWORDS

EpidemiologyMalariaVectorsWestern Amazon

Justifi cativa e Objetivos: O estado de Rondônia, em especial a região Vale do Jamari, onde se localiza o município de Ari-

quemes tem altas incidências de malária. Com base nessa informação se torna de fundamental importância o levantamento

epidemiológico da doença, para desenvolver medidas de controle e profi laxia da mesma. Nessa perspectiva, este trabalho

objetivou avaliar o panorama epidemiológico da malária, no município de Ariquemes, Rondônia, Amazônia Ocidental, nos

anos de 2005 a 2010. Métodos: Os dados foram obtidos a partir de base de dados disponível através da Fundação Nacional

de Saúde (FUNASA) e pelo Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica (SIVEP-MALÁRIA), onde foram calculados

os números anuais de casos, sazonalidade, Índice Parasitológico Anual (IPA), faixa etária e o agente etiológico. Resultados:

Constatou-se que no município de Ariquemes de 2005 a 2010, foram notifi cados 13.444 casos de malária, com a maior

incidência no ano de 2005, onde também foi constatado o maior índice parasitológico anual (61,1). Conclusão: Apesar de

não haver diferença estatística signifi cante a maior média da sazonalidade foi observada no mês de julho com 217,3 casos, e em

todos os meses a faixa etária mais acometida foi de 20 a 29 anos, tendo como principal agente etiológico o Plasmodium vivax, o

que é refl etido no número de enfermos ocasionados pelo mesmo que chega a (77,1%) de todos os casos, além das infecções mistas.

Rationale and Objectives: The state of Rondonia, in particular the Jamari Valley region, home of the city of Ariquemes have

high rates of malaria. Based on this information becomes fundamentally important the epidemiological survey of the disease

to develop prevention and control measures of the same. From this perspective, this study aimed to evaluate the epidemio-

logical picture of malaria in the municipality of Ariquemes, Rondônia, Western Amazon, in the years 2005 to 2010. Methods:

Data were obtained from the database available through the National Health Foundation (FUNASA) and the Information

System of Epidemiological Surveillance (SIVEP), where we calculated the annual number of cases, seasonality, Annual Para-

sitological Index, age and agent. Results: It was found that the city of Ariquemes 2005 to 2010, 13,444 cases were reported

positive for malaria, with the highest incidence in 2005, where he also found the largest Annual Parasitological Index (IPA)

(61.1). Conclusion: It was found that the highest average of seasonality was observed in July to 217.3 cases, and every month

the age group most affected was 20 to 29 years, the etiologic agent Plasmodium vivax, which is refl ected in the number of sick

caused by even reaches (77.1%) of all cases, addition of mixed infections.

Geisiane Marques Ferreira1, Renato André Zan2, Leandro José Ramos1,3, Rosani Aparecida Alves Ribeiro de Sousa1, Dionatas Ulises de Oliveira Meneguetti1.¹Faculdade de Educação e Meio Ambiente (FAEMA), Ariquemes, RO.²Coordenação de Pesquisa e Iniciação Científi ca, Faculdade de Educação e Meio Ambiente (FAEMA), Ariquemes, RO.³Programa de Pós graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários, Faculdade de Educação e Meio ambiente (FAEMA), Ariquemes, RO.

Panorama epidemiológico da malária no Município de Ariquemes,Rondônia, Amazônia Ocidental: um inquérito de seis anos (2005 a 2010)Overview epidemiological of malaria in Ariquemes,Rondônia, western amazon: a survey of six years (2005-2010)

RESUMO

ABSTRACT

Page 11: RECI EDICAO 04

Rev Epidemiol Control Infect. 2012;2(4):128-132

PUBLICAÇÃO OFICIAL DO NÚCLEO HOSPITALAR DE EPIDEMIOLOGIA DO HOSPITAL SANTA CRUZ

ISSN 2238-3360 | Ano II - Volume 2 - Número 4 - 2012

Páginas 01 de 05não para fi ns de citação

ARTIGO ORIGINAL

Recebido em: 23/05/2012Aceito em: 27/06/2012

[email protected]

DESCRITORES

EpidemiologiaMaláriaVetoresAmazônia Ocidental

KEYWORDS

EpidemiologyMalariaVectorsWestern Amazon

Justifi cativa e Objetivos: O estado de Rondônia, em especial a região Vale do Jamari, onde se localiza o município de Ari-

quemes tem altas incidências de malária. Com base nessa informação se torna de fundamental importância o levantamento

epidemiológico da doença, para desenvolver medidas de controle e profi laxia da mesma. Nessa perspectiva, este trabalho

objetivou avaliar o panorama epidemiológico da malária, no município de Ariquemes, Rondônia, Amazônia Ocidental, nos

anos de 2005 a 2010. Métodos: Os dados foram obtidos a partir de base de dados disponível através da Fundação Nacional

de Saúde (FUNASA) e pelo Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica (SIVEP-MALÁRIA), onde foram calculados

os números anuais de casos, sazonalidade, Índice Parasitológico Anual (IPA), faixa etária e o agente etiológico. Resultados:

Constatou-se que no município de Ariquemes de 2005 a 2010, foram notifi cados 13.444 casos de malária, com a maior

incidência no ano de 2005, onde também foi constatado o maior índice parasitológico anual (61,1). Conclusão: Apesar de

não haver diferença estatística signifi cante a maior média da sazonalidade foi observada no mês de julho com 217,3 casos, e em

todos os meses a faixa etária mais acometida foi de 20 a 29 anos, tendo como principal agente etiológico o Plasmodium vivax, o

que é refl etido no número de enfermos ocasionados pelo mesmo que chega a (77,1%) de todos os casos, além das infecções mistas.

Rationale and Objectives: The state of Rondonia, in particular the Jamari Valley region, home of the city of Ariquemes have

high rates of malaria. Based on this information becomes fundamentally important the epidemiological survey of the disease

to develop prevention and control measures of the same. From this perspective, this study aimed to evaluate the epidemio-

logical picture of malaria in the municipality of Ariquemes, Rondônia, Western Amazon, in the years 2005 to 2010. Methods:

Data were obtained from the database available through the National Health Foundation (FUNASA) and the Information

System of Epidemiological Surveillance (SIVEP), where we calculated the annual number of cases, seasonality, Annual Para-

sitological Index, age and agent. Results: It was found that the city of Ariquemes 2005 to 2010, 13,444 cases were reported

positive for malaria, with the highest incidence in 2005, where he also found the largest Annual Parasitological Index (IPA)

(61.1). Conclusion: It was found that the highest average of seasonality was observed in July to 217.3 cases, and every month

the age group most affected was 20 to 29 years, the etiologic agent Plasmodium vivax, which is refl ected in the number of sick

caused by even reaches (77.1%) of all cases, addition of mixed infections.

Geisiane Marques Ferreira1, Renato André Zan2, Leandro José Ramos1,3, Rosani Aparecida Alves Ribeiro de Sousa1, Dionatas Ulises de Oliveira Meneguetti1.¹Faculdade de Educação e Meio Ambiente (FAEMA), Ariquemes, RO.²Coordenação de Pesquisa e Iniciação Científi ca, Faculdade de Educação e Meio Ambiente (FAEMA), Ariquemes, RO.³Programa de Pós graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários, Faculdade de Educação e Meio ambiente (FAEMA), Ariquemes, RO.

Panorama epidemiológico da malária no Município de Ariquemes,Rondônia, Amazônia Ocidental: um inquérito de seis anos (2005 a 2010)Overview epidemiological of malaria in Ariquemes,Rondônia, western amazon: a survey of six years (2005-2010)

RESUMO

ABSTRACT

Rev Epidemiol Control Infect. 2012;2(4):128-132 Páginas 02 de 05não para fi ns de citação

PANORAMA EPIDEMIOLÓGICO DA MALÁRIA NO MUNICÍPIO DE ARIQUEMES, RONDÔNIA, AMAZÔNIA OCIDENTAL: UM INQUÉRITO DE SEIS ANOS (2005 A 2010)Geisiane Marques Ferreira, Renato André Zan, Leandro José Ramos, Rosani Aparecida Alves Ribeiro de Sousa, Dionatas Ulises de Oliveira Meneguetti.

A malária é uma doença infecciosa e parasitária, não con-tagiosa, se apresenta com evoluções crônicas e manifestações episódicas de caráter agudo, que acomete milhões de pessoas nas regiões tropicais e subtropicais do mundo1.

A malária é causada por protozoários do gênero Plasmo-dium, transmitidos ao homem pela picada da fêmea do mosquito do gênero Anopheles, podendo também ser transmitida por acidentes laboratoriais, compatilhamento de agulhas ou seringas contaminadas, via congênita e transfusões sanguíneas. Existem aproximadamente 100 espécies de protozoários, onde somente quatro são responsáveis por infectar seres humanos: P. falciparum, P. vivax, P. malariae e P. ovale que ocorre somente no continente africano, ocorrendo eventualmente no Brasil devido a casos impor-tados, sendo o P. falciparum o causador da forma mais grave da doença, a cerebral, podendo evoluir a óbito2.

A malária está enquadrada no grupo de doenças negli-genciadas, uma vez que ganham esse nome por se tratarem de doenças que acometem milhares de pessoas em sua maioria com baixa renda e em países subdesenvolvidos. Acredita-se que o pou-co investimento no tratamento e profi laxia das mesmas, é devido ao nível de população onde normalmente elas ocorrem3,4.

Entre as doenças que pertencem a esse grupo podemos citar além da malária, a doença de chagas, leishmanioses, fi lario-ses e a dengue. Dados relatam que 1.393 novos fármacos foram registrados entre 1975 e 1999, e que apenas 1% foi destinado às doenças tropicais5. Os números revelam uma política de pesquisa excludente, na qual apenas 10% da despesa mundial com pesquisa em saúde são gastos em doenças que apresentam 90% da carga global. Pesquisadores de todo o mundo, principalmente os latino-americanos, têm trabalhado para fornecer à população acometida alternativas para este tratamento que, na maioria dos casos, se apresenta de forma inadequada6.

Na América Latina, a malária fi gura entre as quatro principais endemias7. Afetando principalmente as populações dos países pobres do continente americano8.

No Brasil, a malária se concentra na região da Amazônia Legal correspondendo a mais de 99% dos casos registrados no país. Devido sua grande prevalência e aos efeitos debilitantes, a

A pesquisa epidemiológica foi do tipo indireto, em base de dados de domínio público. A base de dados utilizada foi do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica (SIVEP-MALÁRIA)10, que foi disponibilizado no departamento epidemiológico da Fun-dação Nacional de Saúde (FUNASA), no município de Ariquemes, Rondônia. Com base nas informações foram realizadas análises estatísticas conforme descrita abaixo:

•Índice Parasitológico Anual (IPA): Número de exames positivos dividido pelo número total da população X 1000. Sendo considerada de baixo risco (IPA<10); médio risco (IPA 10-49); alto risco (IPA>50).

•Sazonalidade (média dos anos estudados, calculando seu desvio padrão e signifi cância estatística com auxílio do programa Software Graphpad Prism 5.0, análise Anova e Teste Tukey.

•Em relação ao número de casos, faixa etária e agente etio-lógico foi utilizado os dados concretos gerados pelo (SIVEP), sendo posteriormente comparados às variáveis.

No período de janeiro de 2005 a dezembro de 2010 foram notifi cados 13.444 casos de malária, dos quais apontaram que no ano de 2005 foi o mais elevado com 4.972 casos, tendo um decréscimo para ano de 2010 de (74,9%) fi cando com 1.249 ca-sos positivos (Tabela 1). A sazonalidade da malária no município de Ariquemes, Rondônia, no período de 2005 a 2010, pode ser observada na (Tabela 1).

INTRODUÇÃO

MÉTODOS

RESULTADOS

TABELA 1 - Distribuição dos casos de malária segundo mês de notifi cação.

2010

2009

2008

2007

2006

2005

90.353

85.542

85.581

88.803

85.029

81.317

85

95

104

248

332

400

87

68

61

177

219

389

73

70

78

175

228

398

90

73

109

163

266

438

94

72

79

119

258

417

161

71

74

123

285

424

118

105

127

146

275

533

96

84

87

158

287

446

75

134

113

116

255

331

72

84

88

174

218

362

171

114

110

133

275

428

127

103

102

108

280

406

1249

1073

1132

1840

3178

4972

13.444

Ano População Jan Fev Mar Abr JunMai Jul Ago Set Out Nov Dez Total

malária é a doença que mais prejudica o homem da Região Amazô-nica, reduzindo seus esforços, sua capacidade produtiva, com isso prejudicando sua condição de vida, e o desenvolvimento sócio--econômico da região9.

O estado de Rondônia, em especial a região Vale do Jamari, onde se localiza o município de Ariquemes tem altas incidências de malária. Com base nessa informação o presente estudo teve como objetivo avaliar o panorama epidemiológico da malária no municí-pio de Ariquemes, Rondônia no período de 2005 a 2010, buscando subsídio para controle e profi laxia da mesma na região.

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Rev Epidemiol Control Infect. 2012;2(4):128-132 Páginas 03 de 05não para fins de citação

PANORAMA EPIDEMIOLÓGICO DA MALÁRIA NO MUNICÍPIO DE ARIQUEMES, RONDÔNIA, AMAZÔNIA OCIDENTAL: UM INQUÉRITO DE SEIS ANOS (2005 A 2010)Geisiane Marques Ferreira, Renato André Zan, Leandro José Ramos, Rosani Aparecida Alves Ribeiro de Sousa, Dionatas Ulises de Oliveira Meneguetti.

Os meses com maior positividade da malária foram julho com média de (217,3) casos e janeiro com (210,7) casos, e os com menor positividade foram fevereiro com (166,8) casos e outubro (166,3) casos (Figura 1).

O IPA da malária no município de Ariquemes, Rondônia, pode ser observado na Tabela 2. A maior ocorrência do IPA foi no ano de 2005 com 61,1 classificado de alto risco, tendo um decréscimo para o ano de 2010 de 77,4% baixando o IPA para 13,8.

A distribuição dos casos de acordo com o agente etioló-gico pode ser observada na Tabela 4.

O acometimento da malária está visualmente distribuído através da faixa etária, pode ser observada na Tabela 3.

As faixas etárias mais acometidas foram de 20 a 29 anos e de 30 a 39 anos, com um numero médio de casos de 528,7 e 433,2 casos, respectivamente. Já os menos acometidos foram as crianças com menores de 1 ano de idade com média de 11 casos, e os ido-sos > 80 anos com média de casos de 4 casos (Figura 2).

Entre os 13.444 casos de malária, a maioria atribuída ao P. vivax (77,1%) 10.361 casos, totalizando uma média de 1726,8 casos, ao P. falciparum (21,7%) 2.912 casos totalizando uma média de 485,3. As infecções mistas causadas pela asso-ciação de P. falciparum e P. vivax corresponderam a 171 casos (1,3%), totalizando uma média de 28,5 casos.

TABELA 2 - Índice Parasitológico Anual (IPA), no município de Ariquemes, Rondônia, de 2005 a 2010.

TABELA 3 - Distribuição de casos de malária por faixa etária no município de Ariquemes, Rondônia, de 2005 a 2010.

TABELA 4 - Infecção causada por Plasmodium falciparum (F), P. vivax (V), P. falciparum e P. vivax (F+V), P. malariae (M) e P. Ovale (O), no município de Ariquemes, Rondônia, de 2005 a 2010.

F = Plasmodium falciparum; V = Plasmodium vivax; F+V = P. falciparum e P. vivax; M = P. malariae; O = P. Ovale.

FIGURA 1 - Média mensal de casos da malária.

FIGURA 2 - Distribuição da média anual de casos da malária por faixa etária.

2010

2009

2008

2007

2006

2005

População

Total de casos

IPA

2010

2009

2008

2007

2006

2005

Total

81.317

4.972

61,1

179

165

131

426

785

1226

2912

85.029

3.178

37,4

1061

899

995

1398

2358

3650

10361

88.803

1.840

20,7

9

9

6

16

35

96

171

84.581

1.132

13,4

0

0

0

0

0

0

0

85.542

1.073

12,5

0

0

0

0

0

0

0

90.353

1.249

13,8

2

3

5

7

27

22

43

36

38

61

144

227

60

68

68

121

220

312

130

115

105

176

252

403

137

112

115

196

376

640

250

224

275

449

753

1221

251

203

237

328

614

966

208

177

169

268

455

661

105

98

80

144

233

355

42

29

32

68

82

130

16

6

5

21

17

27

5

2

3

1

5

8

Ano

2005

F

2006

V

2007

F+V

2008

M

2009

O

2010

< 1 1 a 4 5 a 9 10 a 14 20 a 2914 a 19 30 a 39 40 a 49 50 a 59 60 a 69 70 a 79 80 a +

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Rev Epidemiol Control Infect. 2012;2(4):128-132 Páginas 03 de 05não para fins de citação

PANORAMA EPIDEMIOLÓGICO DA MALÁRIA NO MUNICÍPIO DE ARIQUEMES, RONDÔNIA, AMAZÔNIA OCIDENTAL: UM INQUÉRITO DE SEIS ANOS (2005 A 2010)Geisiane Marques Ferreira, Renato André Zan, Leandro José Ramos, Rosani Aparecida Alves Ribeiro de Sousa, Dionatas Ulises de Oliveira Meneguetti.

Os meses com maior positividade da malária foram julho com média de (217,3) casos e janeiro com (210,7) casos, e os com menor positividade foram fevereiro com (166,8) casos e outubro (166,3) casos (Figura 1).

O IPA da malária no município de Ariquemes, Rondônia, pode ser observado na Tabela 2. A maior ocorrência do IPA foi no ano de 2005 com 61,1 classificado de alto risco, tendo um decréscimo para o ano de 2010 de 77,4% baixando o IPA para 13,8.

A distribuição dos casos de acordo com o agente etioló-gico pode ser observada na Tabela 4.

O acometimento da malária está visualmente distribuído através da faixa etária, pode ser observada na Tabela 3.

As faixas etárias mais acometidas foram de 20 a 29 anos e de 30 a 39 anos, com um numero médio de casos de 528,7 e 433,2 casos, respectivamente. Já os menos acometidos foram as crianças com menores de 1 ano de idade com média de 11 casos, e os ido-sos > 80 anos com média de casos de 4 casos (Figura 2).

Entre os 13.444 casos de malária, a maioria atribuída ao P. vivax (77,1%) 10.361 casos, totalizando uma média de 1726,8 casos, ao P. falciparum (21,7%) 2.912 casos totalizando uma média de 485,3. As infecções mistas causadas pela asso-ciação de P. falciparum e P. vivax corresponderam a 171 casos (1,3%), totalizando uma média de 28,5 casos.

TABELA 2 - Índice Parasitológico Anual (IPA), no município de Ariquemes, Rondônia, de 2005 a 2010.

TABELA 3 - Distribuição de casos de malária por faixa etária no município de Ariquemes, Rondônia, de 2005 a 2010.

TABELA 4 - Infecção causada por Plasmodium falciparum (F), P. vivax (V), P. falciparum e P. vivax (F+V), P. malariae (M) e P. Ovale (O), no município de Ariquemes, Rondônia, de 2005 a 2010.

F = Plasmodium falciparum; V = Plasmodium vivax; F+V = P. falciparum e P. vivax; M = P. malariae; O = P. Ovale.

FIGURA 1 - Média mensal de casos da malária.

FIGURA 2 - Distribuição da média anual de casos da malária por faixa etária.

2010

2009

2008

2007

2006

2005

População

Total de casos

IPA

2010

2009

2008

2007

2006

2005

Total

81.317

4.972

61,1

179

165

131

426

785

1226

2912

85.029

3.178

37,4

1061

899

995

1398

2358

3650

10361

88.803

1.840

20,7

9

9

6

16

35

96

171

84.581

1.132

13,4

0

0

0

0

0

0

0

85.542

1.073

12,5

0

0

0

0

0

0

0

90.353

1.249

13,8

2

3

5

7

27

22

43

36

38

61

144

227

60

68

68

121

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312

130

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176

252

403

137

112

115

196

376

640

250

224

275

449

753

1221

251

203

237

328

614

966

208

177

169

268

455

661

105

98

80

144

233

355

42

29

32

68

82

130

16

6

5

21

17

27

5

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Ano

2005

F

2006

V

2007

F+V

2008

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< 1 1 a 4 5 a 9 10 a 14 20 a 2914 a 19 30 a 39 40 a 49 50 a 59 60 a 69 70 a 79 80 a +

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PANORAMA EPIDEMIOLÓGICO DA MALÁRIA NO MUNICÍPIO DE ARIQUEMES, RONDÔNIA, AMAZÔNIA OCIDENTAL: UM INQUÉRITO DE SEIS ANOS (2005 A 2010)Geisiane Marques Ferreira, Renato André Zan, Leandro José Ramos, Rosani Aparecida Alves Ribeiro de Sousa, Dionatas Ulises de Oliveira Meneguetti.

Pesquisas mostraram que as reduções das ocorrências dos números de casos anuais de malária, podem estar relacionadas provavelmente às mudanças sociais ocorridas e o intenso trabalho de controle desenvolvido através das ações do Plano de Intensi-fi cações de Controle da Malária na Amazônia Legal (PIACM) e do Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária (PNCM) possibilitando o relativo controle da doença11,12. Tais ações foram sintetizadas em aplicações de medidas de proteção e prevenção, no diagnóstico e tratamento precoce, e principalmente no fortale-cimento da capacidade local com uma investigação básica e apli-cada para promover a redução regular da incidência de malária13.

Na Amazônia, por se tratar de uma região tropical, as inci-dências pelas infecções sofrem variações de acordo com as esta-ções do ano, com temperaturas praticamente estáveis, os índices de umidade relativa do ar variam, assim o ritmo de propagação da malária se dá de acordo com as chuvas, e com os períodos de es-tiagem diminuindo a proliferação de mosquitos contribuindo para o decréscimo do número de casos da doença14. Porém no Estado de Rondônia, não houve diferença signifi cativa entre os meses do ano (p> 0,05), mostrando que nessa região o risco de contágio com malária é alto durante todos os meses do ano.

Constatou-se que no município de Ariquemes de 2005 a 2010, foram notifi cados 13.444 casos de malária, com a maior incidência no ano de 2005, onde também foi constatado o maior (IPA) (61,1). Evidenciou-se que a maior média da sazonalidade foi observada no mês de julho com 217,3 casos e em todo o período a faixa etária mais acometida foi de 20 a 29 anos. A maior incidência de contaminação foi pelo agente etiológico P. vivax, chegando a (77,1%) de todos os casos, além das infecções mistas.

Apesar dos números de casos em 2010 terem diminuído em relação ao ano de 2005, continuam com o IPA classifi cado de médio risco para contraírem a doença, estando em estado de alerta para novos surtos. Faz-se necessário uma melhor intensifi cação do controle da doença com aplicações de medidas de profi laxia, diagnóstico e tratamento precoce, com ênfase no fortalecimento

DISCUSSÃOda capacitação dos profi ssionais locais, com o intuito de melhorar as políticas públicas, incrementando as práticas de educação em saúde, visando chamar atenção dos governantes e dirigentes de instituições privadas para o problema que ainda hoje é ocasionado pela malária, que é a principal doença negligenciada do mundo.

Pode-se considerar que no município de Ariquemes, Ron-dônia no período de 2005 a 2010, se enquadra dentro do grupo de médio risco para a doença obtendo uma média de (10-49) casos por 1000 habitantes.

Em todos os anos analisados neste estudo de 2005 a 2010 houve predominância de casos de malária ocasionada pelo P. vivax. Sugere-se que a predominância de infecção pelo P. vivax seja refl exo da difi culdade de tratamento precoce. No caso desta espécie, a produção de gametócitos, forma infectante para os anofelinos, é muito precoce, a partir de 24 horas do início dos sintomas, enquanto que na infecção pelo P. falciparum a produ-ção de gametócitos ocorre a partir do sétimo dia do início dos sintomas. Desse modo, o início da dispersão de novas infecções do P. vivax pode ocorrer bem anterior às da infecção do P. fal-ciparum15.

Segundo Marques e Gutierres (1994), os casos de malária causada por P. falciparum no Brasil predominaram em dois perí-odos distintos: 1966 a 1973 e 1984 a 1988, observando-se maior prevalência em áreas de garimpo e novos assentamentos16. A partir de 1989 que ocorreu um predomínio crescente do P. vivax que começaram a ser identifi cado em 1997, com 75,4% dos casos de malária no Brasil.

A faixa etária de 20 a 29 anos pode ser considerada como sendo a de maior predominância de casos positivos. Provavel-mente, por se tratar de uma faixa etária que corresponde à idade produtiva e ainda por se enquadrar entre os grupos que mais migram para áreas de alto risco como: expansão da fronteira agrícola, extração madeireira, à construção de rodovias e hidro-elétricas, além das atividades de garimpo e mineração desenvol-vidas na Região Amazônica9. Infere-se o que está ocorrendo no estado de Rondônia com a construção das hidroelétricas de Jiral e Santo António, na capital Porto–Velho, passa estar relacionado com a manutenção da incidência da doença.

REFERÊNCIAS

1. Ferreira MS. Malária. In: Focaccia R. Tratado de Infectologia. São Paulo: Atheneu, 2005. p. 1589-1632.

2. Mariath IR, Heloina SF, Filho JMB, Sousa LCF, Tomaz ACA, Batista LM, Diniz MFFM, Filho PFA, Tavares JF, Silva MS, Cunha EVL. Plantas do continente Americano com atividade antimalárica. Rev. Bras. Farmacogn. João Pessoa, 2009;19(1):158-192.

3. Meneguetti DUO. Infecção Natural de Triatomídeos (Hemíptera: Reduviidae) Por Tripanosomatídeos no Município de Ouro Preto do Oeste, Rondônia, Brasil: Uma Abordagem Multidisciplinar. Dissertação (Mestrado Profissional em Genética e Toxicologia Aplicada), p. 88. Universidade Luterana do Brasil, Canoas, 2011.

4. Meneguetti DUO, Rosa RM. Infecção Natural de Triatomídeos (Hemíptera: Reduviidae) Por Tripanosomatídeos no Município de Ouro Preto do Oeste, Rondônia, Brasil: Uma Abordagem Multidisciplinar. Rev. Biol. Neotrop, 2011:8(1):55-56.

5. Dndi. Drugs for Neglected Diseases Initiative 2006. Disponível em: < http: //www.dndi.org.br/doencas-negligenciadas/

malaria.html>. Acesso em: 25 de Maio de 2011.6. Sobrinho JL, Medeiros FPM, La Roca MF, Silva KR, Lima LNA,

Neto PJR. Delineamento de alternativas terapêuticas para o tratamento da doença de Chagas. Revista de Patologia Tropical, Goiânia, 2007:36(2)103-118.

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8. Filho NVC, Lima SC. Distribuição da doença de chagas em Minas Gerais de 1998 a 2007. VIII Encontro Interno e XII Seminário de Iniciação Científica, Uberlândia – MG, 2008.

9. Renault CS, Bastos FA, Filgueira JPPS, Filgueira JPPS, Homma TK. Epidemiologia da malária no município de Belém- Pará. Revista Paraense de Medicina, Belém, 2007:21(3):19-24.

10. Brasil. Sivep (Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica). Ministério da saúde. Secretaria de vigilância em Saúde. 2011. Disponível em: < http://www.webcitation.

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Rev Epidemiol Control Infect. 2012;2(4):128-132 Páginas 05 de 05não para fins de citação

PANORAMA EPIDEMIOLÓGICO DA MALÁRIA NO MUNICÍPIO DE ARIQUEMES, RONDÔNIA, AMAZÔNIA OCIDENTAL: UM INQUÉRITO DE SEIS ANOS (2005 A 2010)Geisiane Marques Ferreira, Renato André Zan, Leandro José Ramos, Rosani Aparecida Alves Ribeiro de Sousa, Dionatas Ulises de Oliveira Meneguetti.

org/getfile?fileid=37cb614143090770979ba9a8d3325a07e3fd5204>. Acesso em: 15 de abril de 2011.

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Rev Epidemiol Control Infect. 2012;2(4):133-137

PUBLICAÇÃO OFICIAL DO NÚCLEO HOSPITALAR DE EPIDEMIOLOGIA DO HOSPITAL SANTA CRUZ

ISSN 2238-3360 | Ano II - Volume 2 - Número 4 - 2012

Páginas 01 de 05não para fi ns de citação

ARTIGO ORIGINAL

Recebido em: 31/10/2012Aceito em: 21/11/2012

[email protected]

DESCRITORES

Infecção hospitalarUnidade de terapia intensiva neopediátricaAntimicrobianos

KEYWORDS

Hospital infectionIntensive care unit neopediatricAntibiotics

Justifi cativa e Objetivos: As Infecções Hospitalares (IH) representam grave problema assistencial à saúde, devido a elevada

incidência, letalidade signifi cativa, aumento do tempo de internação e alto consumo de medicamentos. A identifi cação das vias

de transmissão e dos microrganismos causadores, é fundamental para esta prevenção. Assim, realizou-se um estudo de caráter

transversal prospectivo de natureza clínica, realizado na Unidade de Terapia Intensiva Neopediátrica (UTI-NEO) do Hospital Santa

Cruz/RS, com intuito de caracterizar o perfi l dos pacientes recém-nascidos (RNs) internados neste setor com diagnóstico de sepse,

de abril a julho de 2010, identifi cando condutas adotadas pelos profi ssionais de saúde frente ao diagnóstico desta patologia.

Métodos: foram incluídos no estudo RNs internados no setor de UTI-NEO, com idade inferior ou igual a 28 dias de vida e que

não tenham recebido alta hospitalar desde o momento de sua internação; com patologia infecciosa relacionada a hospitalização

e notifi cado pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH). Resultados: Durante o período de coleta, encontrou-se 48

pacientes internados no setor, onde 13 (27,08%) pacientes foram notifi cados pela CCIH da instituição com suspeita de IH. Destes

13 pacientes, 7 (53,85%) RNs foram diagnosticados com sepse neonatal precoce e 6 (46,15%) pacientes com sepse neonatal tardia.

A frequência relativa entre hemocultura positiva e coletada nos casos de sepses presumidas representou a taxa de 25% de sucesso.

Conclusões: Espera-se que o estudo gere refl exões quanto à temática, incentivando parcerias entre a CCIH e equipe de saúde,

objetivando-se melhorias do sistema de informação, advogando para uma recuperação mais rápida e completa do paciente.

Rationale and Objectives: The Hospital Infection (IH) is a serious health care problem due to high incidence, mortality signifi cantly

increased length of stay and high consumption of drugs. The identifi cation of the transmission paths and causing microorganisms

is essential for this prevention. Thus, there was a character study Transversal Prospective clinical, held at Neopediátrica Intensive

Care Unit (ICU-NEO), Hospital Santa Cruz / RS, aiming to profi le the newborn patients (RNs) admitted this sector with diagnosis of

Sepsis, April-July 2010, identifying behaviors adopted by healthcare professionals facing the diagnosis of this pathology. Methods:

newborns admitted to the ICU sector NEO-aged not more than 28 days old and have not been discharged from the time of their

hospitalization, infectious pathology related hospitalization; Being notifi ed by the Commission of Hospital Infection Control (HICC).

Results: During the collection period, we found 48 patients admitted to the unit where 13 (27, 08%) patients were reported by

the institution CCIH suspected of IH. Of these, 7 (53,85%) newborns diagnosed with neonatal sepsis and six patients with late

neonatal sepsis. The relative frequency of positive blood cultures and collected in cases of suspected sepsis represented a 25%

rate of success. Conclusions: It is hoped that the study generates refl ections on the theme, encouraging partnerships between

the healthcare team and CCIH, aiming to improve the system, advocating for a more rapid and complete recovery of the patient.

Kéli de Oliveira Dias1, Marcelo Carneiro2

1Programa de Pós-Graduação Latu-Sensu em Prevenção e Controle das Infecções nos Serviços de Saúde Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Santa Cruz do Sul, RS; 2Departamento de Biologia e Farmácia, Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Núcleo de Epidemiologia Hospitalar, Hospital Santa Cruz, Santa Cruz do Sul, RS.

Sepse Neonatal na Unidade de Terapia Intensiva Neopediátricado Hospital Santa Cruz - Rio Grande do SulNeonatal Sepsis in Intensive Care Unit NeopediatricHospital Santa Cruz - Rio Grande do Sul

RESUMO

ABSTRACT

Page 15: RECI EDICAO 04

Rev Epidemiol Control Infect. 2012;2(4):133-137

PUBLICAÇÃO OFICIAL DO NÚCLEO HOSPITALAR DE EPIDEMIOLOGIA DO HOSPITAL SANTA CRUZ

ISSN 2238-3360 | Ano II - Volume 2 - Número 4 - 2012

Páginas 01 de 05não para fi ns de citação

ARTIGO ORIGINAL

Recebido em: 31/10/2012Aceito em: 21/11/2012

[email protected]

DESCRITORES

Infecção hospitalarUnidade de terapia intensiva neopediátricaAntimicrobianos

KEYWORDS

Hospital infectionIntensive care unit neopediatricAntibiotics

Justifi cativa e Objetivos: As Infecções Hospitalares (IH) representam grave problema assistencial à saúde, devido a elevada

incidência, letalidade signifi cativa, aumento do tempo de internação e alto consumo de medicamentos. A identifi cação das vias

de transmissão e dos microrganismos causadores, é fundamental para esta prevenção. Assim, realizou-se um estudo de caráter

transversal prospectivo de natureza clínica, realizado na Unidade de Terapia Intensiva Neopediátrica (UTI-NEO) do Hospital Santa

Cruz/RS, com intuito de caracterizar o perfi l dos pacientes recém-nascidos (RNs) internados neste setor com diagnóstico de sepse,

de abril a julho de 2010, identifi cando condutas adotadas pelos profi ssionais de saúde frente ao diagnóstico desta patologia.

Métodos: foram incluídos no estudo RNs internados no setor de UTI-NEO, com idade inferior ou igual a 28 dias de vida e que

não tenham recebido alta hospitalar desde o momento de sua internação; com patologia infecciosa relacionada a hospitalização

e notifi cado pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH). Resultados: Durante o período de coleta, encontrou-se 48

pacientes internados no setor, onde 13 (27,08%) pacientes foram notifi cados pela CCIH da instituição com suspeita de IH. Destes

13 pacientes, 7 (53,85%) RNs foram diagnosticados com sepse neonatal precoce e 6 (46,15%) pacientes com sepse neonatal tardia.

A frequência relativa entre hemocultura positiva e coletada nos casos de sepses presumidas representou a taxa de 25% de sucesso.

Conclusões: Espera-se que o estudo gere refl exões quanto à temática, incentivando parcerias entre a CCIH e equipe de saúde,

objetivando-se melhorias do sistema de informação, advogando para uma recuperação mais rápida e completa do paciente.

Rationale and Objectives: The Hospital Infection (IH) is a serious health care problem due to high incidence, mortality signifi cantly

increased length of stay and high consumption of drugs. The identifi cation of the transmission paths and causing microorganisms

is essential for this prevention. Thus, there was a character study Transversal Prospective clinical, held at Neopediátrica Intensive

Care Unit (ICU-NEO), Hospital Santa Cruz / RS, aiming to profi le the newborn patients (RNs) admitted this sector with diagnosis of

Sepsis, April-July 2010, identifying behaviors adopted by healthcare professionals facing the diagnosis of this pathology. Methods:

newborns admitted to the ICU sector NEO-aged not more than 28 days old and have not been discharged from the time of their

hospitalization, infectious pathology related hospitalization; Being notifi ed by the Commission of Hospital Infection Control (HICC).

Results: During the collection period, we found 48 patients admitted to the unit where 13 (27, 08%) patients were reported by

the institution CCIH suspected of IH. Of these, 7 (53,85%) newborns diagnosed with neonatal sepsis and six patients with late

neonatal sepsis. The relative frequency of positive blood cultures and collected in cases of suspected sepsis represented a 25%

rate of success. Conclusions: It is hoped that the study generates refl ections on the theme, encouraging partnerships between

the healthcare team and CCIH, aiming to improve the system, advocating for a more rapid and complete recovery of the patient.

Kéli de Oliveira Dias1, Marcelo Carneiro2

1Programa de Pós-Graduação Latu-Sensu em Prevenção e Controle das Infecções nos Serviços de Saúde Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Santa Cruz do Sul, RS; 2Departamento de Biologia e Farmácia, Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Núcleo de Epidemiologia Hospitalar, Hospital Santa Cruz, Santa Cruz do Sul, RS.

Sepse Neonatal na Unidade de Terapia Intensiva Neopediátricado Hospital Santa Cruz - Rio Grande do SulNeonatal Sepsis in Intensive Care Unit NeopediatricHospital Santa Cruz - Rio Grande do Sul

RESUMO

ABSTRACT

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SEPSE NEONATAL NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEOPEDIÁTRICA DO HOSPITAL SANTA CRUZ - RIO GRANDE DO SULKéli de Oliveira Dias, Marcelo Carneiro.

O século XXI vem munido de uma progressiva ousadia da medicina no que diz respeito aos avanços tecnológicos relacio-nados aos procedimentos invasivos, diagnósticos e terapêuticos. Este seria o cenário ideal no cuidado à saúde para fi ns da ciência, se não fosse adjunto a este feito, o reconhecimento cada vez maior de novos agentes infecciosos e ressurgimento de infecções que até pouco tempo estavam controladas, onde o aparecimento de microrganismos multirresistentes aos antimicrobianos, torna o controle das infecções hospitalares uma tarefa desafi adora1.

A abordagem de pacientes hospitalizados colonizados ou infectados com bactérias multirresistentes, tem merecido aten-ção especial das Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) nos últimos anos. As Infecções Hospitalares (IH) são efeitos adversos que estão relacionadas com a admissão do paciente em âmbito hospitalar. Representando assim, um grave problema na qualidade assistencial da saúde, devido à elevada incidência em alguns serviços, podendo acarretar alta letalidade, aumento do tempo de internação e exagerado consumo de medicamentos2.

Em termos de infecção hospitalar a problemática é ainda mais séria na Unidade de Terapia intensiva (UTI). Neste ambiente o paciente está mais exposto ao risco de infecção, haja vista sua condição clínica e a variedade de procedimentos invasivos roti-neiramente realizados. É destacado que na UTI os pacientes têm de 5 a 10 vezes mais probabilidades de contrair infecção e que esta pode representar cerca de 20% do total das infecções de um hospital3.

Melhorias constantes em terapia intensiva neonatal têm levado a melhores taxas de sobrevivência para RN de baixo peso ao nascer (<1500g), mas a alta incidência de sepse de início tardio continua sendo uma das principais causas de morbidade e mor-talidade4.

Isso justifi ca as ações de prevenção e controle das infecções hospitalares, particularmente, nas Unidades de Terapia Intensiva, as quais incluem a Vigilância do perfi l microbiológico e de sensi-bilidade dos microrganismos; o uso racional de antimicrobianos e de procedimentos invasivos, a redução do período de hospitali-zação, o desempenho consciente e efi ciente da equipe de saúde, bem como a conscientização dos usuários quanto aos riscos biológicos, dentre outras condutas. Devem ser consideradas as diferenças na disponibilização à utilização de testes laboratoriais para o diagnóstico das infecções hospitalares, na intensidade da vigilância dessas infecções e na rapidez em relatá-las e a falta de um índice para ajustá-las a gravidade das doenças dos pacientes5.

Com o aumento da sobrevida dos recém-nascidos (RN) de alto risco em virtude das melhorias dos cuidados a eles administra-dos, cada vez mais nos deparamos com infecções hospitalares em Unidades de Terapia Intensiva Neonatais (UTI-NEO), onde apesar do melhor manejo desses pacientes críticos, a incidência de sepse neonatal permanece elevada6.

São inúmeros os fatores que favorecem o desenvolvimento das IH no neonato, dentre esses podemos citar: a imaturidade imunológica; o compartilhamento de objetos entre esses pacien-tes; a desnutrição aguda; a presença de anomalias congênitas; o uso de medicamentos imunossupressores; e as doenças hemato--oncológicas7. Outros fatores como a idade gestacional baixa, baixo peso, nutrição parenteral com lípidos intravenosos, e na presença de um cateter venoso central, também estão associados4.

Estudo transversal prospectivo de natureza clínica, reali-zado na Unidade de Terapia Intensiva Neopediátrica do Hospital Santa Cruz, município de Santa Cruz do Sul - Rio Grande do Sul. Os materiais utilizados para o estudo foram os prontuários de pa-cientes que obedeceram aos seguintes critérios: recém-nascidos internados no setor de UTI-Neopediátrica, com idade inferior ou igual a 28 dias de vida e que não tenham recebido alta hospitalar desde o momento de sua internação; patologia infecciosa relacio-nada à hospitalização ou a procedimentos hospitalares; estar no-tifi cado pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH). A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)7, estabelece critérios para o diagnóstico de Sepse Neonatal, onde considera que a Sepse Neonatal Precoce de provável origem materna é aquela cuja evidência diagnóstica ocorreu nas primeiras 48 horas de vida com fator de risco materno para infecção. Sendo a Sepse Neonatal Tardia de origem hospitalar, considerada quando a evidência diagnóstica de infecção ocorreu após as primeiras 48 horas de vida.

Em decorrência de ser esta uma pesquisa onde a busca de dados se deu somente através de prontuários, a pesquisadora solicitou, sem acrescentar qualquer intervenção aos cuidados dos pacientes, que não fosse aplicado o termo de consentimento aos clientes internados ou responsáveis legais. Entretanto, como se fez uso de informações que permeavam os clientes, encaminhou-se, junto ao projeto, uma solicitação de desenvolvimento do estudo à instituição. Para fi ns legais, esta mesma solicitação foi dirigida ao devido responsável pelo setor de UTI-Neopediátrica. Nesta solici-tação estavam contidos aspectos relevantes como a justifi cativa, a relevância, os objetivos e a metodologia da pesquisa. Foi pon-tuada a manutenção do anonimato tanto dos pacientes quanto dos profi ssionais do hospital. Com a autorização da Instituição, encaminhou-se o projeto ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) para a avaliação. O Protocolo de Estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNISC sob número 2517/10.

Ao selecionar os prontuários dos pacientes, utilizou-se um

INTRODUÇÃO

MÉTODOS

No Brasil, os dados sobre infecção hospitalar são pouco divulgados. Além disso, esses dados não são consolidados por muitos hospitais, o que difi culta o conhecimento da dimensão do problema no país. Adiciona-se a essa realidade, que em um país marcado pelas desigualdades sócio-econômicas, as instituições hospitalares se revelam heterogêneas quanto a padrões de aten-dimento, estrutura física, organização fi nanceira, população aten-dida e índice de infecção hospitalar. É de extrema importância que cada instituição defi na sua situação em termos de microbiota hospitalar, a ocorrência de infecção, bem como a multirresistência e quais serão os critérios utilizados para defi nir cepas multirre-sistentes8.

Portanto, justifi ca-se a relevância deste estudo, que teve co-mo objetivo avaliar de forma prospectiva os pacientes internados na UTI-Neopediátrica do Hospital Santa Cruz-Rio Grande do Sul, com intuito de determinar o perfi l de pacientes recém-nascidos internados no setor de estudo com diagnóstico de Sepse Neo-natal, no período de abril a julho de 2010, bem como identifi car condutas adotadas pelos profi ssionais de saúde em relação ao diagnóstico e tratamento das sepses neonatais, defi nindo assim, os fatores de risco associados a essa patologia infecciosa.

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Rev Epidemiol Control Infect. 2012;2(4):133-137 Páginas 02 de 05não para fi ns de citação

SEPSE NEONATAL NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEOPEDIÁTRICA DO HOSPITAL SANTA CRUZ - RIO GRANDE DO SULKéli de Oliveira Dias, Marcelo Carneiro.

O século XXI vem munido de uma progressiva ousadia da medicina no que diz respeito aos avanços tecnológicos relacio-nados aos procedimentos invasivos, diagnósticos e terapêuticos. Este seria o cenário ideal no cuidado à saúde para fi ns da ciência, se não fosse adjunto a este feito, o reconhecimento cada vez maior de novos agentes infecciosos e ressurgimento de infecções que até pouco tempo estavam controladas, onde o aparecimento de microrganismos multirresistentes aos antimicrobianos, torna o controle das infecções hospitalares uma tarefa desafi adora1.

A abordagem de pacientes hospitalizados colonizados ou infectados com bactérias multirresistentes, tem merecido aten-ção especial das Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) nos últimos anos. As Infecções Hospitalares (IH) são efeitos adversos que estão relacionadas com a admissão do paciente em âmbito hospitalar. Representando assim, um grave problema na qualidade assistencial da saúde, devido à elevada incidência em alguns serviços, podendo acarretar alta letalidade, aumento do tempo de internação e exagerado consumo de medicamentos2.

Em termos de infecção hospitalar a problemática é ainda mais séria na Unidade de Terapia intensiva (UTI). Neste ambiente o paciente está mais exposto ao risco de infecção, haja vista sua condição clínica e a variedade de procedimentos invasivos roti-neiramente realizados. É destacado que na UTI os pacientes têm de 5 a 10 vezes mais probabilidades de contrair infecção e que esta pode representar cerca de 20% do total das infecções de um hospital3.

Melhorias constantes em terapia intensiva neonatal têm levado a melhores taxas de sobrevivência para RN de baixo peso ao nascer (<1500g), mas a alta incidência de sepse de início tardio continua sendo uma das principais causas de morbidade e mor-talidade4.

Isso justifi ca as ações de prevenção e controle das infecções hospitalares, particularmente, nas Unidades de Terapia Intensiva, as quais incluem a Vigilância do perfi l microbiológico e de sensi-bilidade dos microrganismos; o uso racional de antimicrobianos e de procedimentos invasivos, a redução do período de hospitali-zação, o desempenho consciente e efi ciente da equipe de saúde, bem como a conscientização dos usuários quanto aos riscos biológicos, dentre outras condutas. Devem ser consideradas as diferenças na disponibilização à utilização de testes laboratoriais para o diagnóstico das infecções hospitalares, na intensidade da vigilância dessas infecções e na rapidez em relatá-las e a falta de um índice para ajustá-las a gravidade das doenças dos pacientes5.

Com o aumento da sobrevida dos recém-nascidos (RN) de alto risco em virtude das melhorias dos cuidados a eles administra-dos, cada vez mais nos deparamos com infecções hospitalares em Unidades de Terapia Intensiva Neonatais (UTI-NEO), onde apesar do melhor manejo desses pacientes críticos, a incidência de sepse neonatal permanece elevada6.

São inúmeros os fatores que favorecem o desenvolvimento das IH no neonato, dentre esses podemos citar: a imaturidade imunológica; o compartilhamento de objetos entre esses pacien-tes; a desnutrição aguda; a presença de anomalias congênitas; o uso de medicamentos imunossupressores; e as doenças hemato--oncológicas7. Outros fatores como a idade gestacional baixa, baixo peso, nutrição parenteral com lípidos intravenosos, e na presença de um cateter venoso central, também estão associados4.

Estudo transversal prospectivo de natureza clínica, reali-zado na Unidade de Terapia Intensiva Neopediátrica do Hospital Santa Cruz, município de Santa Cruz do Sul - Rio Grande do Sul. Os materiais utilizados para o estudo foram os prontuários de pa-cientes que obedeceram aos seguintes critérios: recém-nascidos internados no setor de UTI-Neopediátrica, com idade inferior ou igual a 28 dias de vida e que não tenham recebido alta hospitalar desde o momento de sua internação; patologia infecciosa relacio-nada à hospitalização ou a procedimentos hospitalares; estar no-tifi cado pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH). A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)7, estabelece critérios para o diagnóstico de Sepse Neonatal, onde considera que a Sepse Neonatal Precoce de provável origem materna é aquela cuja evidência diagnóstica ocorreu nas primeiras 48 horas de vida com fator de risco materno para infecção. Sendo a Sepse Neonatal Tardia de origem hospitalar, considerada quando a evidência diagnóstica de infecção ocorreu após as primeiras 48 horas de vida.

Em decorrência de ser esta uma pesquisa onde a busca de dados se deu somente através de prontuários, a pesquisadora solicitou, sem acrescentar qualquer intervenção aos cuidados dos pacientes, que não fosse aplicado o termo de consentimento aos clientes internados ou responsáveis legais. Entretanto, como se fez uso de informações que permeavam os clientes, encaminhou-se, junto ao projeto, uma solicitação de desenvolvimento do estudo à instituição. Para fi ns legais, esta mesma solicitação foi dirigida ao devido responsável pelo setor de UTI-Neopediátrica. Nesta solici-tação estavam contidos aspectos relevantes como a justifi cativa, a relevância, os objetivos e a metodologia da pesquisa. Foi pon-tuada a manutenção do anonimato tanto dos pacientes quanto dos profi ssionais do hospital. Com a autorização da Instituição, encaminhou-se o projeto ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) para a avaliação. O Protocolo de Estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNISC sob número 2517/10.

Ao selecionar os prontuários dos pacientes, utilizou-se um

INTRODUÇÃO

MÉTODOS

No Brasil, os dados sobre infecção hospitalar são pouco divulgados. Além disso, esses dados não são consolidados por muitos hospitais, o que difi culta o conhecimento da dimensão do problema no país. Adiciona-se a essa realidade, que em um país marcado pelas desigualdades sócio-econômicas, as instituições hospitalares se revelam heterogêneas quanto a padrões de aten-dimento, estrutura física, organização fi nanceira, população aten-dida e índice de infecção hospitalar. É de extrema importância que cada instituição defi na sua situação em termos de microbiota hospitalar, a ocorrência de infecção, bem como a multirresistência e quais serão os critérios utilizados para defi nir cepas multirre-sistentes8.

Portanto, justifi ca-se a relevância deste estudo, que teve co-mo objetivo avaliar de forma prospectiva os pacientes internados na UTI-Neopediátrica do Hospital Santa Cruz-Rio Grande do Sul, com intuito de determinar o perfi l de pacientes recém-nascidos internados no setor de estudo com diagnóstico de Sepse Neo-natal, no período de abril a julho de 2010, bem como identifi car condutas adotadas pelos profi ssionais de saúde em relação ao diagnóstico e tratamento das sepses neonatais, defi nindo assim, os fatores de risco associados a essa patologia infecciosa.

Rev Epidemiol Control Infect. 2012;2(4):133-137 Páginas 03 de 05não para fi ns de citação

SEPSE NEONATAL NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEOPEDIÁTRICA DO HOSPITAL SANTA CRUZ - RIO GRANDE DO SULKéli de Oliveira Dias, Marcelo Carneiro.

Durante o período de coleta, encontrou-se 48 pacientes internados no setor de UTI-Neopediátrica. Deste total, teve-se 13 casos de pacientes notifi cados pela CCIH da instituição, sendo destes, 7 (54%) dos RNs diagnosticados com sepse neonatal pre-coce e 6 (46%) dos pacientes com sepse neonatal tardia. A taxa geral de Infecção Hospitalar no setor de UTI-Neopediátrica no período de estudo totalizou uma porcentagem de 21%.

O período médio de hospitalização foi de 21 dias, tempo este bastante elevado, pelo fato de a taxa de infecção estar direta-mente relacionada com o período de internação hospitalar, devido a exposição prolongada do paciente a um meio propicio para esta adesão, sem contar que os pacientes analisados encontravam-se imunologicamente comprometidos, fato este que predispõem a um risco previsível de apresentarem uma ou mais infecções du-rante o processo de hospitalização, ou mesmo após a internação9.

Perfi l dos pacientes do estudo

No que diz respeito ao perfi l dos 13 pacientes analisados, 53% eram do sexo masculino. Do total de RNs, 38% vieram de outro serviço de saúde. Quanto às características perinatais, 54% dos RNs nasceram de parto cesário. Em relação às características neonatais, a média de peso ao nascer foi de 2.560g. O APGAR de 1º e 5º minutos foram relativamente baixos e a média de Idade Gestacional foi de 36 semanas.

O percentual de solicitação de Hemocultura antes de iniciar a terapia medicamentosa com antimicrobianos foi de 24%, nos demais casos, o tratamento prescrito baseou-se no empirismo de acordo com a experiência clínica dos profi ssionais de saúde daquela Unidade.

Com relação às hemoculturas, foram 4 solicitações para os pacientes que apresentaram quadro clínico diferencial com sus-peitas de sepse, mas destas, apenas 1 (20%) cultura apresentou resultado positivo.

Os pacientes de estudo encontravam-se com um tempo médio de 3,5 dias de internação quando deram início a terapia medicamentosa. Já em relação ao número de dias de uso da te-rapia antimicrobiana, observou-se uma média de 11 dias no total dos pacientes.

Foram utilizados em todos os 13 casos a associação me-dicamentosa de Ampicilina e Gentamicina. A escolha por esta associação de antimicrobianos se deu em razão do perfi l epi-

RESULTADOS

formulário, para o qual foram compilados dados do paciente tais como: número do registro de internação, idade, sexo, procedi-mentos invasivos por meio de colocação de catéteres, realização de curativos, utilização de anti-coagulantes, e a presença de possíveis patologias associadas que foram adquiridas com a sua admissão em âmbito hospitalar.

Para tornar-se possível a realização deste estudo, a pesqui-sadora contatou semanalmente a Comissão de Controle de Infec-ção Hospitalar da Instituição (CCIH), questionando a existência de solicitação de exame de cultura positivo de pacientes internados, que obedecessem aos critérios de IH, para a possível inclusão no estudo. A coleta de dados se deu junto ao sistema informatizado da CCIH da instituição, no qual contemplava todas as informações relevantes aos pacientes, necessárias ao estudo.

demiológico da microbiota local da instituição, bem como para cobertura de bacilos gram-positivos que colonizam o canal do parto, representando algumas vezes uma porta de entrada para futuras Infecções.

Entre os 13 RNs notifi cados, 5 (38,46%) podem ter sido infectados por via ascendente, ou seja, através do parto vaginal, pois dos 6 RNs nascidos de parto vaginal, 5 (83,33%) nasceram sem complicações aparentes, e somente dias após, iniciaram com pústulas por toda face e pescoço, sinais estes que foram associa-dos à infecção hospitalar. Nenhum destes pacientes foram vítimas de procedimentos invasivos, nem terapias respiratórias, ou seja, exclui-se a possibilidade de terem adquirido infecção hospitalar, devido a alguma porta de entrada possibilitada por procedimento realizado em âmbito hospitalar.

A possibilidade encontrada para estes casos de IH, acima citados, pode dever-se a transmissão por via ascendente durante o parto vaginal, pois o canal do parto é colonizado por bacilos gram-positivos, podendo também adquirir infecção ainda intra-útero, ou durante o trabalho de parto ou no pós-parto através da mãe ou em função do contato com os profi ssionais do meio hospitalar ou por uma infecção com fonte na comunidade11. Após o parto, a colonização continua com novos microrganismos, sendo adquiridos da mãe, parentes, equipe de saúde, através do trato respiratório colonizado, principalmente, por Streptococcus6.

Vale ressaltar que dos 5 casos de RNs que podem ter sido infectados por via ascendente, 2 (40%) gestantes apresentaram o quadro de pielonefrite durante as gestações, fazendo uso dos antimicrobianos cefalexina e doses de penicilina (doses de ataque mais dose habitual) durante este período.

Houve também o caso de um paciente nascido de 33 sema-nas, de parto cesariano, que apresentou, dias após, o quadro de enterocolite necrosante, agravada por pneumonia e anemia. Este RN, pré-termo, com imaturidade do sistema imunológico, aspirou mecônio ao nascer, representando um diagnóstico diferencial.

Em relação a Síndrome Aspirativa Meconial, encontrou-se mais 4 casos de RNs de parto cesário, no qual fi zeram aspiração de mecônio, seguidos de pneumonia. Este quadro citado foi o provável desencadeante do processo infeccioso nestes casos.

Dois RNs, um nascido de parto cesariano e outro de parto normal, com idade gestacional de 32 e 34 semanas, fi zeram uso de procedimentos invasivos como catéteres venosos periféricos e sondas nasogástricas, e encontravam-se internados de 6 a 3 dias em âmbito hospitalar no período de realização dos exames labo-ratoriais, no qual teve-se o diagnóstico fi rmado de Sepse Precoce.

Ocorreu o caso de um paciente nascido de 34 semanas de parto Cesário, que foi mantido na unidade de internação para pa-cientes críticos, com quadro de pneumonia grave, este foi subme-tido a traqueostomia, ventilação mecânica e demais procedimen-tos invasivos, mas excluiu-se a possibilidade de adesão à infecção relacionada a tais procedimentos, pelo fato de normalmente quando a infecção é relacionada a estes procedimentos o agente identifi cado mais comumente é o Staphylococcus aureus10, sendo que após identifi cação do resultado de exame pode-se constatar que a Klebsiella pneumoniae foi à causadora da infecção, e este microrganismo, causa principalmente pneumonias bacterianas.

O referido paciente contava com 17 dias de nascimento e consequentemente internação, quando foi solicitado a este o exa-me de hemocultura. Anterior ao exame de cultura, o RN fez uso durante 10 dias consecutivos de Ampicilina e Gentamicina. Após o resultado dos exames laboratoriais, no qual o agente infeccioso

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SEPSE NEONATAL NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEOPEDIÁTRICA DO HOSPITAL SANTA CRUZ - RIO GRANDE DO SULKéli de Oliveira Dias, Marcelo Carneiro.

Este estudo procurou investigar o perfi l de recém-nascidos internados no setor de cuidados intensivos neopediátrico, com o quadro de sepse neonatal. Assim, encontrou-se 13 prontuários de pacientes que indicavam a possibilidade de ser investigada uma infecção hospitalar a partir de um exame de cultura com antibiograma. No entanto, apenas em 4 (30,76%) desses pacientes confi rmou-se a solicitação de hemocultura durante o período de coleta, sendo que em apenas um dos exames o resultado foi con-fi rmatório, apesar de os demais recém-nascidos apresentarem fatores de risco e sinais clínicos compatíveis com o quadro de sepse neonatal.

Portanto, infecções em RNs merecem especial atenção, nes-ta instituição de estudo. Entende-se que este tipo de infecção em RNs é de difícil prevenção, devido ao fato de que, em grande parte das vezes estes RNs a adquirem no momento do parto, ou seja, de microrganismos Gram positivos presentes no canal de parto. Acrescenta-se que dos cinco RNs que iniciaram com pústulas dias após o nascimento, seis nasceram de parto via vaginal. Tal fato induz a sugerir uma atenção mais detalhada junto à mãe.

Visualisou-se que, apesar de contarem com um suporte laboratorial adequado, alguns médicos demonstram certa resis-tência em solicitar cultura com antibiograma para ajuste da terapia, optando pela experiência clínica. Posturas como estas podem ferir

a microfl ora dos pacientes. Frente às circunstâncias encontradas, acredita-se que o objetivo desses profi ssionais parece estar focado numa resolutividade em curto prazo, desmerecendo as implicações que poderão advir no futuro. No entanto, agravantes como estes, poderiam ser facilmente evitados, se conscienciosos, este profi ssio-nais dessem mais créditos à tecnologia simples, mas efi ciente, que a saúde em nosso país comporta, como um antibiograma. Convém lembrar, que o hábito de não solicitar um exame de cultura com teste antes de implementar a antibioticoterapia, compromete a determinação de um perfi l dos agentes microbianos.

A Sepse Clínica sem confi rmação Laboratorial, é de difícil diagnóstico, em decorrência de apresentar sinais e sintomas inespecífi cos no RN, podendo estar relacionado a etiologias não infecciosas, daí a necessidade de reavaliação do caso. Se esse diagnóstico for descartado pela evolução clínica e laboratorial, é importante a suspensão do uso de antimicrobianos. Nesse caso, esse quadro clínico não deverá ser notifi cado como IH7.

Entende-se que as infecções hospitalares também estão tornando-se mais complexas devido ao surgimento de um grande número de microrganismos resistentes aos antimicrobianos dis-poníveis no mercado, difi cultando e encarecendo o tratamento. Portanto, é fundamental este controle rigoroso pela Comissão de

DISCUSSÃO

identifi cado apresentou sensibilidade aos antimicrobianos Amica-cina, Ampicilina, Sulbactan, Cefalotina, Ciprofl oxacino, Gentamicina 10, Sulfa, Trimetropin, a terapia medicamentosa sofreu adequações,

passando-se ao uso de Oxacilina combinada com Amicacina.Os resultados encontrados acima sobre os Pacientes envol-

vidos encontram-se descritos na Tabela 1.

TABELA 1 - Perfi l dos Neonatos incluídos no estudo.

PC= Parto Cesário; PN= Parto Normal; ATM= Antimicrobiano.

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

1.165g

2.175g

1.925g

2.140g

3.175g

3.780g

2.595g

3.740g

2.970g

1.820g

2.370g

3.360g

2.015g

PC

PC

PN

PC

PC

PC

PC

PN

PN

PN

PN

PN

PC

Ampicilina+ Gentamicina

Ampicilina+ Gentamicina

Ampicilina+ Gentamicina

Ampicilina+ Gentamicina

Ampicilina+ Gentamicina

Ampicilina+ Gentamicina

Ampicilina+ Gentamicina

Ampicilina+ Gentamicina

Ampicilina+ Gentamicina

Ampicilina+ Gentamicina

Ampicilina+ Gentamicina

Ampicilina+ Gentamicina

Ampicilina+ Gentamicina

Após Hemocultura:

Oxacilina + Amicacina

20

11

8

12

6

14

12

4

6

13

9

4

24

Hemocultura Negativa

Hemocultura Negativa

-

-

-

-

Hemocultura Negativa

-

-

-

-

-

Klebsiella pneumoniae

Sensível à: Amicacina;

Ampicilina; Sulbactan;

Cefalotina; Cipro; Genta

10; Sulfa; Trimetropin.

Enterocolite Necrosante

Procedimentos Invasivos

Procedimentos Invasivos

Síndrome Aspirativa Meconial

Síndrome Aspirativa Meconial

Síndrome Aspirativa Meconial

Síndrome Aspirativa Meconial

Canal do Parto

Canal do Parto

Canal do Parto

Canal do Parto

Canal do Parto

Pneumonia

31

16

26

15

11

26

21

7

10

34

45

7

27

RN Peso ao nascer

Parto ATM utilizado Tempo de usoATM/Dias

Ag. identificado e perfil de

sensibilidade

Tempo de Internação/

Dias

Provável fator desencadeador para infecção hospitalar

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SEPSE NEONATAL NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEOPEDIÁTRICA DO HOSPITAL SANTA CRUZ - RIO GRANDE DO SULKéli de Oliveira Dias, Marcelo Carneiro.

AGRADECIMENTOS

REFERÊNCIAS

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2. Sgarbi LPS, Conterno L de O. Estruturação e Dinâmica das CCHI. In. Infecções Hospitalares Prevenção e Controle. São Paulo: Sarvier, 1997.

3. Nakano CS, Safatle NF, Moock M. Análise crítica dos pacientes cirúrgicos internados na unidade de terapia intensiva. Revista Brasileira de Terapia Intensiva Rev. Brasileira de Terapia Intensiva/SP. 2007;19(3):348-353.

4. Rasigade JP et al. Methicillin-Resistant Staphylococcus capitis with Reduced Vancomycin Susceptibility Causes Late-Onset Sepsis in Intensive Care Neonates. PMC US National Library of Medicine National Institutes of Health, fev. 2012. Disponível em: http// www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/ . Acessado em outubro de 2012.

5. Lima EL, Andrade D, Haas VJ. Avaliação prospectiva da ocorrência de infecção em pacientes críticos de unidade de terapia intensiva. Rev. Brasileira de Terapia Intensiva. 2007;19(3):342-347.

6. Couto R C, Pedrosa TMG, Nogueira JM. Infecção Hospitalar e outras Complicações não infecciosas da Doença. Epidemiologia, Controle e Tratamento. 3 ed. Medsi. 2003. 904 p.

7. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária- ANVISA. Manual de Pediatria: Prevenção e Controle de Infecção Hospitalar. Brasília, 2006. Disponível em. <http://www. anvisa.com. br>. Acessado em outubro 2012.

8. Turrinil, RNT, SAH. Nosocomial infection and multiple causes of death. Jornal de Pediatria. 2002;78(6):485-490.

9. Martins SG, Pulcinelli RSR, Aquino ARC, Santos RCV. 2008 Prevalence and antimicrobial susceptibility of microrganisms isolated from the lower respiratory tract of inpatients in Divina Providencia Hospital-Porto Alegre/RS. Revista RBAC. 2008; 40(2):83-86.

10. Richtmann R. Medidas de Controle e Prevenção de Infecção em Neonatologia. Revista Prática Hospitalar. 2009; Ano V, n-28, Jul/ago.

11. Oliveira CA, Castro AM, Barbosa J. O conhecimento do enfermeiro assistencial sobre as ações de prevenção e controle da infecção hospitalar e da multirresistência. Revista Nursing. 2007;105(9):75-80.

Controle de Infecção Hospitalar que se utiliza de um conjunto de medidas e cuidados que precisam ser adotados junto aos pacientes e aos profi ssionais da saúde.

Portanto, considera-se que o controle da resistência requer a implementação de dois processos fundamentais: as medidas de controle para limitar a disseminação dos microrganismos resisten-tes, isto é, impedir a transmissão cruzada destes microrganismos, e o desenvolvimento de uma política para promover o uso racional de antimicrobianos11.

Mudar o foco em relação ao uso indiscriminado de antibió-ticos e ampliar este olhar em relação ao diagnóstico médico é um dos fatores fundamentais para ser vencido no combate a multirre-sistência dos microrganismos. Pois sabe-se que, o medicamento, se utilizado de forma inadequada, pode causar mais danos que benefícios, e os antimicrobianos merecem atenção especial entre os fármacos, cujo uso abusivo pode comprometer a efi cácia dos tratamentos e, conseqüentemente, não só a saúde do doente em questão, mas de muitos outros que serão envolvidos.

Combinações racionais aumentam a efi cácia e diminuem a toxicidade, ampliam o espectro em infecções por múltiplos germes, previnem emergência de resistência, evitam a inativação do anti-microbiano por beta-lactamases ou reduzem a metabolização do antimicrobiano9.

Deparou-se com uma realidade que provocou várias refl e-xões. Uma delas diz respeito ao uso de antimicrobianos de forma, muitas vezes, empírica, pois dos 13 casos em que seria importante realizar cultura com antibiograma, exame que representa baixo custo para a entidade hospitalar frente aos benefícios à saúde dos usuários, somente quatro tiveram esta solicitação, sendo que destes, apenas um resultado foi positivo. Outra grande difi culdade encontrada foi a frequência relativamente baixa de hemocultura positiva nos casos de sepse suspeita.

Os dados disponíveis no presente trabalho permitem

concluir que o controle na disseminação desta cadeia infecciosa é uma questão problemática, que prejudica não só o paciente e seus familiares, mas também a própria instituição e seus profi s-sionais, pois estigmatiza ao mesmo tempo em que cria situações de desconfi ança e prejuízo fi nanceiro. É uma questão social, onde atualmente, além da obrigatoriedade, a necessidade faz com que todos os hospitais, sejam públicos ou particulares, tenham a sua Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, adequado às carac-terísticas e necessidades da Unidade Hospitalar.

Sabe-se que o trabalho da CCIH não pode ter o tom de fi scalização ou punitivo, mas que embasado em pesquisas de evidências centra suas ações na educação e conscientização para adequação de condutas pertinentes a atualidade. É, sem dúvida, um processo contínuo, que exige perseverança, cautela e muita dedicação. Desta forma, é necessário que os integrantes desta comissão possam manter-se centrados em suas atividades a fi m de cumprir os objetivos propostos. Controlar as infecções nos serviços de saúde é, sobretudo, um exercício de cidadania e deve estar na consciência de todos. Daí a importância desta parceria, Comissão de Controle de Infecção Hospitalar e equipe de saúde, objetivando a melhoria do sistema como um todo, advogando para uma recu-peração mais rápida e completa do paciente.

Ao Hospital Santa Cruz como um todo, por perceber a re-levância deste estudo à instituição, permitindo dessa forma, que o projeto de pesquisa fosse desenvolvido, fornecendo todo o suporte necessário para esse fi m.

À Enfermeira Eliane Krummenauer CCIH/HSC, por sua dis-ponibilidade em ajudar, demonstrando interesse e dedicação ao trabalho que realiza.

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Rev Epidemiol Control Infect. 2012;2(4):138-140

PUBLICAÇÃO OFICIAL DO NÚCLEO HOSPITALAR DE EPIDEMIOLOGIA DO HOSPITAL SANTA CRUZ

ISSN 2238-3360 | Ano II - Volume 2 - Número 4 - 2012

Páginas 01 de 03não para fi ns de citação

ARTIGO ORIGINAL

Recebido em: 12/12/2012Aceito em: 24/01/2012

[email protected]

DESCRITORES

AutomedicaçãoEstudantes de Ciênciasda SaúdeMedicamentos

KEYWORDS

Self-medicationStudent Health OccupationsDrugs

Justifi cativa e Objetivos: A Organização Mundial de Saúde defi ne automedicação como a seleção e o uso de medicamentos por indi-

víduos para tratamento de suas enfermidades ou sintomas. É considerada um problema de saúde pública que merece atenção especial,

uma vez que apresenta riscos, em razão das reações medicamentosas adversas, trazendo consequências sérias, podendo culminar com

a morte do usuário. O objetivo desta pesquisa foi verifi car a prevalência e as características da automedicação realizada por alunos da

graduação na área da saúde em uma universidade comunitária, bem como os sintomas que levaram a essa prática. Materiais e Métodos:

foi realizada uma pesquisa observacional quantitativa, por meio de questionários estruturados e pré-codifi cados, entre os estudantes do

5º e 6° semestres dos cursos de Biologia (licenciatura e bacharelado), Educação Física (licenciatura e bacharelado), Enfermagem, Farmácia,

Fisioterapia, Medicina, Nutrição, Odontologia e Psicologia da Universidade de Santa Cruz do Sul. Resultados: foram avaliados 342 alunos,

sendo 74% do sexo feminino, com idade variando entre 18 e 50 anos, cuja faixa etária prevalente foi a de 21-30 anos, onde se encontravam

71,4% dos estudantes. A prevalência do uso de medicamentos entre os pesquisados foi de 68,7% no último mês, com uma média de

2 medicamentos por aluno. Os medicamentos consumidos foram distribuídos em com prescrição médica em 282 casos (59,1%), sob

automedicação em 139 casos (29,1%), sob orientação farmacêutica em 25 casos (5,2%) e sem resposta em 31 casos (6,6 %). As classes de

medicamentos mais utilizadas foram analgésicos/antitérmicos (48,2%), antiinfl amatórios (14,2%) e antiácidos (9,9%). As principais fi nalidades

motivadoras da automedicação foram cefaleia (14,4%), distúrbios digestivos (13,2%), contracepção (7,2%) e dores em geral (6,0%). Conclusão:

a automedicação é uma prática frequente entre estudantes da área da saúde, onde aproximadamente um terço referiu realizar tal prática.

Rationale and Objectives: The World Health Organization defi nes self-medication as the selection and use of medicines by indivi-

duals to treat their illnesses or symptoms. It is considered a public health problem that deserves special attention, since it presents

risks, because of adverse drug reactions, bringing serious consequences and may lead to the death. To determine the prevalence

and characteristics of self-medication realized by undergraduate students enrolled in health courses in a community college, as

well the symptoms that led to this practice. Methods: This study was an observational and quantitative research, where it was used

structured and pre-coded questionnaires to obtains the data, among students enrolled at 5th and 6th semesters of Biology, Physical

Education, Nursing, Pharmacy, Physiotherapy, Medicine, Nutrition, Dentistry and Psychology at the University of Santa Cruz do Sul.

Results: 342 students were evaluated, 74% female, aged between 18 and 50, which was the most prevalent age group of 21-30 years,

which were 71.4% of students. The prevalence of medicines used among those surveyed was 68.7% last month, with an average of

2 medications per student. The medications were distributed by medical prescription in 282 cases (59.1%), under self-medication

in 139 cases (29.1%), oriented by a pharmaceutical in 25 cases (5.2%) and no response in 31 cases (6.6%). The classes of drugs most

used were analgesics/antipyretics (48.2%), NSAIDs (14.2%) and antacids (9.9%). The main purpose of motivating self-medication

were headache (14.4%), digestive disorders (13.2%), contraception (7.2%) and general pain (6.0%). Conclusion: Self-medication is a

common practice among students in the health area, where about a third reported conduct such practice.

Thricy Dhamer1, Ana Paula Dal-Molin1, Ana Paula Helfer1, Marcelo Carneiro1,2,Lia Gonçalves Possuelo1,4, Carla Kauffmann3, Andréia Rosane de Moura Valim1,4.¹Departamento de Biologia e Farmácia, Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Santa Cruz do Sul, RS; 2Núcleo de Epidemio-logia Hospitalar do Hospital Santa Cruz, Santa Cruz do Sul, RS; 3Centro Universitário Univates, Lajeado, RS; 4Programa de Pós Graduação em Promoção da Saúde, Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Santa Cruz do Sul, RS.

A automedicação em acadêmicos de cursos de graduação da área dasaúde em uma universidade privada do estado do Rio Grande do SulSelf-medication in academic course graduate of healthin a private university of the state of Rio Grande do Sul

RESUMO

ABSTRACT

Page 21: RECI EDICAO 04

Rev Epidemiol Control Infect. 2012;2(4):138-140

PUBLICAÇÃO OFICIAL DO NÚCLEO HOSPITALAR DE EPIDEMIOLOGIA DO HOSPITAL SANTA CRUZ

ISSN 2238-3360 | Ano II - Volume 2 - Número 4 - 2012

Páginas 01 de 03não para fi ns de citação

ARTIGO ORIGINAL

Recebido em: 12/12/2012Aceito em: 24/01/2012

[email protected]

DESCRITORES

AutomedicaçãoEstudantes de Ciênciasda SaúdeMedicamentos

KEYWORDS

Self-medicationStudent Health OccupationsDrugs

Justifi cativa e Objetivos: A Organização Mundial de Saúde defi ne automedicação como a seleção e o uso de medicamentos por indi-

víduos para tratamento de suas enfermidades ou sintomas. É considerada um problema de saúde pública que merece atenção especial,

uma vez que apresenta riscos, em razão das reações medicamentosas adversas, trazendo consequências sérias, podendo culminar com

a morte do usuário. O objetivo desta pesquisa foi verifi car a prevalência e as características da automedicação realizada por alunos da

graduação na área da saúde em uma universidade comunitária, bem como os sintomas que levaram a essa prática. Materiais e Métodos:

foi realizada uma pesquisa observacional quantitativa, por meio de questionários estruturados e pré-codifi cados, entre os estudantes do

5º e 6° semestres dos cursos de Biologia (licenciatura e bacharelado), Educação Física (licenciatura e bacharelado), Enfermagem, Farmácia,

Fisioterapia, Medicina, Nutrição, Odontologia e Psicologia da Universidade de Santa Cruz do Sul. Resultados: foram avaliados 342 alunos,

sendo 74% do sexo feminino, com idade variando entre 18 e 50 anos, cuja faixa etária prevalente foi a de 21-30 anos, onde se encontravam

71,4% dos estudantes. A prevalência do uso de medicamentos entre os pesquisados foi de 68,7% no último mês, com uma média de

2 medicamentos por aluno. Os medicamentos consumidos foram distribuídos em com prescrição médica em 282 casos (59,1%), sob

automedicação em 139 casos (29,1%), sob orientação farmacêutica em 25 casos (5,2%) e sem resposta em 31 casos (6,6 %). As classes de

medicamentos mais utilizadas foram analgésicos/antitérmicos (48,2%), antiinfl amatórios (14,2%) e antiácidos (9,9%). As principais fi nalidades

motivadoras da automedicação foram cefaleia (14,4%), distúrbios digestivos (13,2%), contracepção (7,2%) e dores em geral (6,0%). Conclusão:

a automedicação é uma prática frequente entre estudantes da área da saúde, onde aproximadamente um terço referiu realizar tal prática.

Rationale and Objectives: The World Health Organization defi nes self-medication as the selection and use of medicines by indivi-

duals to treat their illnesses or symptoms. It is considered a public health problem that deserves special attention, since it presents

risks, because of adverse drug reactions, bringing serious consequences and may lead to the death. To determine the prevalence

and characteristics of self-medication realized by undergraduate students enrolled in health courses in a community college, as

well the symptoms that led to this practice. Methods: This study was an observational and quantitative research, where it was used

structured and pre-coded questionnaires to obtains the data, among students enrolled at 5th and 6th semesters of Biology, Physical

Education, Nursing, Pharmacy, Physiotherapy, Medicine, Nutrition, Dentistry and Psychology at the University of Santa Cruz do Sul.

Results: 342 students were evaluated, 74% female, aged between 18 and 50, which was the most prevalent age group of 21-30 years,

which were 71.4% of students. The prevalence of medicines used among those surveyed was 68.7% last month, with an average of

2 medications per student. The medications were distributed by medical prescription in 282 cases (59.1%), under self-medication

in 139 cases (29.1%), oriented by a pharmaceutical in 25 cases (5.2%) and no response in 31 cases (6.6%). The classes of drugs most

used were analgesics/antipyretics (48.2%), NSAIDs (14.2%) and antacids (9.9%). The main purpose of motivating self-medication

were headache (14.4%), digestive disorders (13.2%), contraception (7.2%) and general pain (6.0%). Conclusion: Self-medication is a

common practice among students in the health area, where about a third reported conduct such practice.

Thricy Dhamer1, Ana Paula Dal-Molin1, Ana Paula Helfer1, Marcelo Carneiro1,2,Lia Gonçalves Possuelo1,4, Carla Kauffmann3, Andréia Rosane de Moura Valim1,4.¹Departamento de Biologia e Farmácia, Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Santa Cruz do Sul, RS; 2Núcleo de Epidemio-logia Hospitalar do Hospital Santa Cruz, Santa Cruz do Sul, RS; 3Centro Universitário Univates, Lajeado, RS; 4Programa de Pós Graduação em Promoção da Saúde, Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Santa Cruz do Sul, RS.

A automedicação em acadêmicos de cursos de graduação da área dasaúde em uma universidade privada do estado do Rio Grande do SulSelf-medication in academic course graduate of healthin a private university of the state of Rio Grande do Sul

RESUMO

ABSTRACT

Rev Epidemiol Control Infect. 2012;2(4):138-140 Páginas 02 de 03não para fi ns de citação

A AUTOMEDICAÇÃO EM ACADÊMICOS DE CURSOS DE GRADUAÇÃO DA ÁREA DA SAÚDE EM UMA UNIVERSIDADE PRIVADA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SULThricy Dhamer, Ana Paula Dal-Molin, Ana Paula Helfer, Marcelo Carneiro, Lia Gonçalves Possuelo, Carla Kauffmann, Andréia Rosane de Moura Valim.

A OMS defi ne automedicação como a seleção e o uso de medicamentos por indivíduos para tratamento de suas enfer-midades ou sintomas1. Esta prática é considerada um problema de saúde pública que merece atenção especial, uma vez que apresenta riscos para a população. No Brasil, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (ABIFARMA), cerca de 80 milhões de pessoas são adeptas a automedicação. A má qualidade da oferta de medicamentos, o não cumprimento da obrigatoriedade da apresentação da receita médica, a carência de informação e instrução na população em geral justifi cam a pre-ocupação com a qualidade da automedicação praticada no país.

As causas da automedicação incluem a farmácia caseira (com medicamentos prescritos previamente), a indicação por terceiros que não profi ssionais habilitados para tal, aquisição de medicamentos em balcões de farmácia sem o devido acompanha-mento do farmacêutico e a aquisição induzida pela propaganda. A automedicação pode ocorrer de várias formas, não apenas en-volvendo a aquisição de medicamento sem receita, mas também através do compartilhamento com outros membros da família e do círculo social, da utilização de sobras de prescrições, da uti-lização de antigas receitas e do descumprimento da prescrição profi ssional, prolongando ou interrompendo precocemente a dosagem e o período de tempo indicados na receita2.

Assim, o presente trabalho avaliou a prática da automedi-cação entre estudantes da área de saúde da Universidade de San-ta Cruz do Sul, além de detectar quais os fatores que conduzem estes acadêmicos ao uso de medicamentos sem prescrição.

Trata-se de um estudo transversal, de cunho observacional, quantitativo, direcionado aos estudantes dos cursos da área da saúde (biologia, educação física, enfermagem, farmácia, fi sio-terapia, medicina, nutrição, odontologia e psicologia) de uma instituição de ensino superior do Estado do Rio Grande do Sul. As informações foram obtidas por meio de um questionário es-truturado, aplicado no segundo semestre de 2008 e previamente

Dentre os 342 alunos avaliados, a prevalência de uso de me-dicamentos foi de 68,7% no último mês anterior a entrevista, com uma média de 2 medicamentos por aluno. Destes, 41,9% consu-miram medicamento sem a orientação de um profi ssional médico, sendo automedicação em 29,1% e sob orientação farmacêutica em 5,2%. Na pesquisa foram incluídos estudantes de ambos os sexos, sendo 74% do sexo feminino. Os alunos foram distribuídos por faixa etária, como mostra a Tabela 1, sendo a faixa de 21 a 30 anos a predominante. Porém, não houve diferença signifi cativa do uso de medicamentos não receitados entre as faixas etárias.

A automedicação foi mais comum nos cursos de farmácia (43%) e enfermagem (33%). Já o uso de medicamentos prescritos por um profi ssional médico foi superior no curso de biologia (57%). As classes de medicamentos utilizadas por automedicação pelos acadêmicos nos últimos 30 dias foram: analgésicos/antitér-micos em 68 casos (48,2%), seguidos pelos antiinfl amatórios em 20 casos (14,2%), antiácidos em 14 casos (9,9%), como pode ser observado na Tabela 2.

INTRODUÇÃO

MÉTODOS

RESULTADOS

TABELA 1 - Distribuição dos acadêmicos pesquisados por faixa etária e curso.

*BIO=Biologia, EDU=Educação Física; FAR=Farmácia; FIS=Fisioterapia; MED=Medicina; NUT=Nutrição; ODO=Odontologia; PSI=Psicologia

FAIXA

ETÁRIA

(anos)

<20

21-30

31-40

41-50

03

21

02

-

09

51

02

-

15

34

07

01

14

21

02

-

09

26

01

-

04

15

-

-

03

20

04

01

08

27

02

-

05

29

04

01

70

244

24

03

VariáveisCursos

BIO EDU ENF FAR FIS MED NUT ODO PSI Total

testado com um piloto. O questionário foi constituído de 2 partes, a primeira, com informações relativas ao perfi l sociodemográfi co do estudante, que incluiu variáveis como: idade, sexo, peso, altura e renda familiar. A segunda, com informações referentes à prática da automedicação, tais como: as classes de medicamentos, a fi nalidade, o uso contínuo ou esporádico, a indicação do uso, os sintomas relacionados à utilização destes. Os dados foram tabu-lados pelos programas Microsoft Offi ce Excel 2007 e SPSS 12.0. Análises descritivas foram realizadas.

Foram entrevistados 342 alunos dos diversos cursos, sendo que a amostra foi calculada utilizando a Fórmula de Amostragem Aleatória Simples, com 5 pontos percentuais de erro e com nível de confi ança de 95%. O estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Unisc sendo aprovado conforme ofício nº 258/08. A todos os participantes foi garantido o sigilo das informações e o direito de não participação; aos que concordaram na participação da pesquisa foi solicitada assinatura de termo de consentimento livre e esclarecido.

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Rev Epidemiol Control Infect. 2012;2(4):138-140 Páginas 03 de 03não para fi ns de citação

A AUTOMEDICAÇÃO EM ACADÊMICOS DE CURSOS DE GRADUAÇÃO DA ÁREA DA SAÚDE EM UMA UNIVERSIDADE PRIVADA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SULThricy Dhamer, Ana Paula Dal-Molin, Ana Paula Helfer, Marcelo Carneiro, Lia Gonçalves Possuelo, Carla Kauffmann, Andréia Rosane de Moura Valim.

A automedicação é uma prática muito frequente, consi-derada universal entre as diferentes sociedades e as diferentes populações, independentemente do grau de desenvolvimento

Dos 83 casos de automedicação, as principais fi nalidades motivadoras da automedicação foram cefaleia em 12 casos (14,4%), distúrbios digestivos em 11 casos (13,2%), contracepção em 6 casos (7,2%), dores em 5 casos (6,0%), dor estomacal, dor de garganta, dor muscular em 3 casos (3,6%).

RESULTADOS

TABELA 2 - Classes medicamentosas e automedicação.

Analgésicos/ antitérmicos

Antiinfl amatórios

Antiácidos

Antibióticos

Anticoncepcionais

Descongestionante nasal

Anti-ulcerosos

Anti-histamínicos

Relaxante muscular

Mucolíticos/Expectorantes

Laxativos

Anti-espasmóticos

Anorexígenos

Vitaminas

Anti-eméticos

Antifúngicos

Hormônio tireoidiano

Antidiarréico

TOTAL:

68

20

14

6

6

5

4

3

3

2

2

2

1

1

1

1

1

1

141

48,2

14,2

9,9

4,3

4,3

3,5

2,8

2,1

2,1

1,4

1,4

1,4

0,7

0,7

0,7

0,7

0,7

0,7

100

Variáveis Nº de citações %

socioeconômico. No presente estudo, foram avaliados alunos de uma instituição de ensino superior particular, incluindo todos os cursos da área de saúde do mesmo.

Ao analisar a variável idade, não houve diferença signifi ca-tiva da automedicação entre as faixas etárias. A prática foi mais frequente em mulheres (75,9%), no entanto, cabe salientar que na distribuição em todos os cursos o sexo feminino predominou. Esse fato já é bem descrito na literatura, onde o sexo feminino tende a predominar na prática da automedicação4,5,6. Apenas um estudo, realizado com a população portuguesa encontrou uma prevalência maior em homens (28,4%) do que em mulheres (25,2%)7.

As classes de medicamentos mais utilizados foram analgé-sicos/antitérmicos (48,2%), antiinfl amatórios (14,2%) e antiácidos (9,9%). Tal fato corresponde a alguns estudos já publicados, em que citam a predominância de uso de analgésicos/antitérmicos sem orientação, e outros citam os antiinfl amatórios como sendo a classe mais utilizada na prática da automedicação6,8. Diversos fatores podem infl uenciar em nesta prática, como a facilidade de acesso a medicamentos, a não obrigatoriedade da receita médica, a vasta publicidade da indústria farmacêutica e a não realização de campanhas a fi m de desestimular esta prática.

Na população estudada, a prática da automedicação é me-nos frequente que em outros estudos, onde encontrou-se valores próximos a 50%9. A maior parte da amostra estudada em Santa Cruz do Sul apresentou renda familiar de 6 a 8 salários mínimos. Desta forma, a presente pesquisa pode ratifi car o apresentado em outros estudos, onde a difi culdade de acesso a consulta médica e o baixo poder aquisitivo podem ser fatores que favorecem o uso de medicamentos sem orientação e indicação profi ssional10.

Diante dos resultados apresentados, pode-se concluir que houve um alto índice de acadêmicos que se automedicam. Tal fato reforça a necessidade de uma política pública para a defi -nição de estratégias e intervenções para a promoção da saúde, visando esclarecer a população em geral, e também os estudantes universitários, acerca do uso adequado de medicamentos cuja venda é permitida sem receita médica. Por fi m, a automedicação e um fenômeno nocivo à saúde do indivíduo. Dessa forma, cabe aos profi ssionais e acadêmicos da área da saúde se conscientizar quanto a esta prática, visando o não comprometimento de sua saúde.

REFERÊNCIAS

1. OMS. Automedicação. Disponível em: < http://www.opas.org.br>. Acesso em 20 de fevereiro de 2012.

2. Tang J, LO G. Community surveys to identify health priorities. Bull World Health Organization, Genebra, 2000;78(9):1171.

3. Tomasi E, et al. Condições de trabalho e automedicação em profissionais da rede básica de saúde da zona urbana de Pelotas, RS. Rev Bras Epidemiol, 2007;10(1):66-74.

4. Sozo RV, Lopes CO, Menezes HS, et al. Padrão de consumo de medicamentos sem prescrição médica na cidade de Porto Alegre, RS. Ver. Ciência & Saúde Coletiva, 2008;13(Sup):737-743.

5. Pereira FSVT, Bucaretchi F, Stephan C, et al. Automedicação em crianças e adolescentes. J. Pediatr. 2007;83(5):453-458.

6. Silva LSF, et al. Automedicação em acadêmicos de cursos de graduação da área da saúde de uma universidade privada do Sul

do estado de Minas Gerais. Odontol. Clín.-Cient. 2011;10(1):57-63.7. Mendes Z, Martins AP, Miranda AC, et al. Prevalência da

automedicação na população urbana portuguesa. Rev Bras Cienc Farm. 2004;40(1):21-25.

8. Neres BSI, Figueiredo LS, Sousa-Filho MD, et al. Prevalência da automedicação em acadêmicos de fisioterapia de uma Instituição de Ensino Superior de Teresina. ConScientiae Saúde (Impresso), 2010;9(1):33-38.

9. Arrais PSD, Barreto ML, Coelho HLL. Aspectos dos processos de prescrição e dispensação de medicamentos na percepção do paciente: estudo de base populacional em Fortaleza, Ceará, Brasil. Caderno Saúde Pública, Rio de Janeiro, 2007;23(4):930-932.

10. Silva GMS. Análise da automedicação no município de Vassouras – RJ. Infarma, Brasília, 2005;17(5/6):59-62.

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Rev Epidemiol Control Infect. 2012;2(4):141-143

PUBLICAÇÃO OFICIAL DO NÚCLEO HOSPITALAR DE EPIDEMIOLOGIA DO HOSPITAL SANTA CRUZ

ISSN 2238-3360 | Ano II - Volume 2 - Número 4 - 2012

Páginas 01 de 03não para fi ns de citação

ARTIGO DE REVISÃO

Recebido em: 14/05/2012Aceito em: 24/06/2012

[email protected]

DESCRITORES

Educação em saúdeEstratégiasDiabetes Mellitus tipo 2

KEYWORDS

Health educationStrategiesDiabetes Mellitus Type2

Justifi cativa e Objetivos: Atualmente Diabetes Mellitus (DM) se confi gura como um dos principais problemas de Saúde Pública

no Brasil, sendo assim um dos transtornos crônicos mais frequentes do mundo. Desta maneira, este trabalho teve como objetivo

conhecer estratégias efetuadas pelos profi ssionais da atenção primária em saúde (APS), voltadas à educação do portador de DM

tipo 2 na APS de maneira a contribuir para a promoção da saúde. Métodos: Trata-se de uma pesquisa bibliográfi ca sobre aplicação

de estratégias científi cas, tendo por fi nalidade reunir e sintetizar publicações e realizar uma avaliação crítica das mesmas. A coleta

de dados foi realizada entre março e maio de 2012, nas seguintes bases de dados eletrônicos: Periódicos CAPES (Coordenação

de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, Brasil), Scientifi c Electronic Library Online - SCIELO, LILACS, Google Acadêmico

e SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes), onde foram selecionados 14 artigos. Resultados: O presente estudo mostrou avan-

ços de conhecimentos referentes ao diabetes e modifi cações nas estratégias educativas utilizadas que visaram conhecer seus

efeitos no controle da doença e no gerenciamento do auto-cuidado. Além disso, permite discutir os possíveis limites e opções

de aperfeiçoamento do processo de educação em saúde, associado aos cuidados interdisciplinares para diabetes. Conclusão: A

prática educativa apresenta-se como a melhor maneira de conscientizar a pessoa com diabetes sobre a importância da melhora

dos hábitos alimentares e do seu próprio cuidado. É um momento no qual indivíduo e profi ssionais de saúde discutem todas as

informações acerca da doença e do tratamento.

Rationale and Objectives: Currently Diabetes Mellitus (DM) is confi gured as a major public health problems in Brazil, making it one

of the most common chronic disorders in the world. Thus, this study focused strategies made by health professionals in primary

care, education of patients with type 2 diabetes in primary care in order to contribute to the promotion of health. Methods: This

is a literature on the application of scientifi c strategies, which aims to gather and synthesize publications and conduct a critical

assessment of them. Data collection was conducted between March and May 2012, the following electronic databases: CAPES

(Coordination of Improvement of Higher Education Personnel, Brazil), Scientifi c Electronic Library Online - SciELO, LILACS, Google

Scholar andSBD (Brazilian Society Diabetes), where 14 articles were selected. Results: The present study showed advances kno-

wledge regarding diabetes and changes in educational strategies used that aimed to understand their effects on disease control

and management of self-care. Also, lets discuss the possible limits and options for improving the process of health education,

interdisciplinary care related to diabetes. Conclusion: The educational practice presents itself as the best way to educate people

with diabetes about the importance of improving dietary habits and their own care. It is a time when individuals and health profes-

sionals discussing all the information about the disease and treatment.

Letícia Fernandez Frigo1, Ruth Maurer da Silva1, Karen Mello de Mattos1, Giana Soares Boeira1,Franciele Manfi o1, Eveline Piaia1 Tamiris Gressler Mendes1

1Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS.

Ação educativa interdisciplinar para pacientes comdiabetes na atenção básica: uma revisão bibliográfica Interdisciplinary educational activity for patients withdiabetes in primary care

RESUMO

ABSTRACT

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Rev Epidemiol Control Infect. 2012;2(4):141-143 Páginas 02 de 03não para fi ns de citação

AÇÃO EDUCATIVA INTERDISCIPLINAR PARA PACIENTES COM DIABETES NA ATENÇÃO BÁSICA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICALetícia Fernandez Frigo, Ruth Maurer da Silva, Karen Mello de Mattos, Giana Soares Boeira, Franciele Manfi o, Eveline Piaia, Tamiris Gressler Mendes.

Atualmente Diabetes Mellitus (DM) se confi gura como um dos principais problemas de Saúde Pública no Brasil, sendo assim um dos transtornos crônicos mais frequentes do mundo¹.

A (DM) é caracterizado como um grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos que apresentam em comum à hiperglice-mia, a qual é o resultado de defeitos na ação da insulina ou em ambos. A DM tipo 2 é a forma presente em 90% a 95% dos casos e caracteriza-se por defeitos na ação e secreção da insulina².

Os números relacionados ao DM crescem cada vez mais devido ao aumento da expectativa de vida e aos hábitos poucos saudáveis. Sedentarismo, dieta inadequada e obesidade são os principais fatores para explicar o crescimento da prevalência de diabetes tipo 2. Somente no ano de 2002 eram 173 milhões de adultos com a doença, com a projeção de chegar a 300 milhões em 2030²,³.

Este aumento da prevalência do diabete aliado à complexi-dade de seu tratamento, tais como: restrição dietética, utilização de medicamentos e complicações crônicas associadas (retino-patia, neuropatia, nefropatia, cardiopatia, pé neuropático, entre outras) reforçam a necessidade de programas educativos efi cazes e viáveis aos serviços públicos de saúde. A mudança de compor-tamento, com a adoção de uma dieta balanceada e da prática de atividades físicas é essencial para que o controle e o tratamento do DM tenham êxito4.

O controle e a prevenção de complicações do diabetes são possíveis por meio de programas educativos destacando-se que por ser uma enfermidade crônica que afeta milhões de pessoas no mundo há a necessidade da criação de enfoques e metodologias que capacitem às pessoas e seus familiares através do acesso a informação e oportunidades que os permitam fazer escolhas por uma vida mais saudável4,5. Os profi ssionais de saúde da atenção primária devem ter competências para atuar na prática educativa em DM tipo 2, buscando os conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para a concretização das ações educativas a serem realizadas junto aos usuários portadores dessa doença, visando a educação para o autocuidado da doença6.

Diante disso, este trabalho teve como objetivo conhecer estratégias efetuadas pelos profi ssionais da saúde da atenção pri-mária, voltadas à educação do portador de DM tipo 2 na atenção primária de maneira a contribuir para a promoção da saúde.

O presente estudo defi ne-se como uma pesquisa bibliográ-fi ca através da aplicação de estratégias científi cas que têm por fi nalidade reunir e sintetizar publicações e realizar uma avaliação crítica das mesmas.

A coleta de dados foi realizada entre março e maio de 2012. Foram utilizadas as seguintes bases de dados eletrônicos: Periódicos CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, Brasil), Scientifi c Electronic Library Online - SCIELO, LILACS, Google Acadêmico e SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes). Utilizou-se os seguintes descritores “diabetes mellitus, atenção primária, SUS, estratégias em saúde”. Adotaram-se diver-sas combinações destas palavras visando refi nar o mecanismo de busca, sendo os títulos e resumos critérios de seleção para a bus-

INTRODUÇÃO

MATERIAIS E MÉTODOS

ca integral de textos. Além disso, os mesmos deveriam abordar questões referentes às estratégias utilizadas pela rede primária para atender o paciente com diabetes mellitus de todas as faixas etárias. Após a leitura de todos os resumos previamente selecio-nados, alguns artigos não foram incluídos devido à difi culdade de acesso, pelo fato de não estarem disponíveis na íntegra nas bases pesquisadas. A amostra desta pesquisa foi constituída por 14 artigos, optou-se pela inclusão de artigos publicados a partir do ano de 1998 e de autores nacionais, devido ao objetivo de aproximar essa discussão do contexto nacional atual.

Educação em saúde em DM tipo 2

A educação em saúde possibilita capacitação e ações trans-formadoras que favorecem mudança de pensamentos e ações, se aplicando bem às doenças crônicas, dentre as quais, destaca-se o diabetes mellitus tipo 2 (DM2). Junto com uma prática social, baseada no diálogo e na troca de saberes favorecendo o enten-dimento do processo de promoção da saúde, a troca entre saber científi co e popular auxilia as pessoas para manterem saudáveis a si e aos seus familiares através do acesso à informação e a oportunida-des que permitam fazer escolha por uma vida mais sadia6.

Atualmente existem difi culdades apresentadas pelos por-tadores de DM e por seus cuidadores. A obtenção de um bom controle metabólico está em geral intimamente relacionada à ingestão de dieta adequada, à realização regular de atividade física e ao seguimento da terapêutica medicamentosa prescrita7.

A falta de conhecimento sobre a doença tanto dos cuida-dores quantos dos próprios pacientes, associada à inadequada capacitação e integração entre os profi ssionais de saúde, relacio-na-se diretamente ao problema da adesão. Essas constatações apontam para a inefi cácia das estratégias tradicionais, sendo necessário que se incorporem nos serviços de saúde novas abor-dagens capazes de motivar os portadores de DM, fazendo com que o paciente portador de DM se sensibilize para a adoção de novos hábitos e estilo de vida, conscientizando os mesmos sobre os riscos que a doença pode trazer caso não haja controle da glicemia7.

Diante desse desafi o o trabalho em equipe, o envolvi-mento de profi ssionais de diferentes saberes, apesar de ser uma habilidade, a interdisciplinaridade foi incluída como categoria específi ca, pois ocupa lugar de destaque nesse contexto, devido à sua relação direta com o sucesso dessa atividade. Também é visto como um motivador no ambiente de trabalho. Para os profi ssio-nais de saúde que atuam na realização das práticas educativas para usuários com DM tipo 2, o conhecimento teórico sobre a fi siopatologia da doença, nutrição e a prática de atividades físicas são primordiais para conseguirem realizar essa atividade1.

Em um estudo realizado em Belo Horizonte (MG) em 2008, com 85 profi ssionais da APS de 4 unidades básicas, foi realizado o delineamento de ofi cinas educativas em DM e uma estratégia avaliativa voltada para à atualização dos profi ssionais da APS. A avaliação, realizada com os profi ssionais de saúde das unidades básicas, revelou que a expectativa quanto às ofi cinas foi atingida para 93% dos participantes. O conteúdo abordado foi satisfatório com possibilidade de aplicá-lo na prática diária. A duração das ofi cinas foi considerada adequada, porém 30% sugeriram a am-pliação da carga horária4.

Em 2006 foi realizado um estudo na Universidade Federal de Minas Gerais, onde participaram das atividades educativas, técnicos e auxiliares de enfermagem, enfermeiros, médicos,

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AÇÃO EDUCATIVA INTERDISCIPLINAR PARA PACIENTES COM DIABETES NA ATENÇÃO BÁSICA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICALetícia Fernandez Frigo, Ruth Maurer da Silva, Karen Mello de Mattos, Giana Soares Boeira, Franciele Manfi o, Eveline Piaia, Tamiris Gressler Mendes.

Atualmente Diabetes Mellitus (DM) se confi gura como um dos principais problemas de Saúde Pública no Brasil, sendo assim um dos transtornos crônicos mais frequentes do mundo¹.

A (DM) é caracterizado como um grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos que apresentam em comum à hiperglice-mia, a qual é o resultado de defeitos na ação da insulina ou em ambos. A DM tipo 2 é a forma presente em 90% a 95% dos casos e caracteriza-se por defeitos na ação e secreção da insulina².

Os números relacionados ao DM crescem cada vez mais devido ao aumento da expectativa de vida e aos hábitos poucos saudáveis. Sedentarismo, dieta inadequada e obesidade são os principais fatores para explicar o crescimento da prevalência de diabetes tipo 2. Somente no ano de 2002 eram 173 milhões de adultos com a doença, com a projeção de chegar a 300 milhões em 2030²,³.

Este aumento da prevalência do diabete aliado à complexi-dade de seu tratamento, tais como: restrição dietética, utilização de medicamentos e complicações crônicas associadas (retino-patia, neuropatia, nefropatia, cardiopatia, pé neuropático, entre outras) reforçam a necessidade de programas educativos efi cazes e viáveis aos serviços públicos de saúde. A mudança de compor-tamento, com a adoção de uma dieta balanceada e da prática de atividades físicas é essencial para que o controle e o tratamento do DM tenham êxito4.

O controle e a prevenção de complicações do diabetes são possíveis por meio de programas educativos destacando-se que por ser uma enfermidade crônica que afeta milhões de pessoas no mundo há a necessidade da criação de enfoques e metodologias que capacitem às pessoas e seus familiares através do acesso a informação e oportunidades que os permitam fazer escolhas por uma vida mais saudável4,5. Os profi ssionais de saúde da atenção primária devem ter competências para atuar na prática educativa em DM tipo 2, buscando os conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para a concretização das ações educativas a serem realizadas junto aos usuários portadores dessa doença, visando a educação para o autocuidado da doença6.

Diante disso, este trabalho teve como objetivo conhecer estratégias efetuadas pelos profi ssionais da saúde da atenção pri-mária, voltadas à educação do portador de DM tipo 2 na atenção primária de maneira a contribuir para a promoção da saúde.

O presente estudo defi ne-se como uma pesquisa bibliográ-fi ca através da aplicação de estratégias científi cas que têm por fi nalidade reunir e sintetizar publicações e realizar uma avaliação crítica das mesmas.

A coleta de dados foi realizada entre março e maio de 2012. Foram utilizadas as seguintes bases de dados eletrônicos: Periódicos CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, Brasil), Scientifi c Electronic Library Online - SCIELO, LILACS, Google Acadêmico e SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes). Utilizou-se os seguintes descritores “diabetes mellitus, atenção primária, SUS, estratégias em saúde”. Adotaram-se diver-sas combinações destas palavras visando refi nar o mecanismo de busca, sendo os títulos e resumos critérios de seleção para a bus-

INTRODUÇÃO

MATERIAIS E MÉTODOS

ca integral de textos. Além disso, os mesmos deveriam abordar questões referentes às estratégias utilizadas pela rede primária para atender o paciente com diabetes mellitus de todas as faixas etárias. Após a leitura de todos os resumos previamente selecio-nados, alguns artigos não foram incluídos devido à difi culdade de acesso, pelo fato de não estarem disponíveis na íntegra nas bases pesquisadas. A amostra desta pesquisa foi constituída por 14 artigos, optou-se pela inclusão de artigos publicados a partir do ano de 1998 e de autores nacionais, devido ao objetivo de aproximar essa discussão do contexto nacional atual.

Educação em saúde em DM tipo 2

A educação em saúde possibilita capacitação e ações trans-formadoras que favorecem mudança de pensamentos e ações, se aplicando bem às doenças crônicas, dentre as quais, destaca-se o diabetes mellitus tipo 2 (DM2). Junto com uma prática social, baseada no diálogo e na troca de saberes favorecendo o enten-dimento do processo de promoção da saúde, a troca entre saber científi co e popular auxilia as pessoas para manterem saudáveis a si e aos seus familiares através do acesso à informação e a oportunida-des que permitam fazer escolha por uma vida mais sadia6.

Atualmente existem difi culdades apresentadas pelos por-tadores de DM e por seus cuidadores. A obtenção de um bom controle metabólico está em geral intimamente relacionada à ingestão de dieta adequada, à realização regular de atividade física e ao seguimento da terapêutica medicamentosa prescrita7.

A falta de conhecimento sobre a doença tanto dos cuida-dores quantos dos próprios pacientes, associada à inadequada capacitação e integração entre os profi ssionais de saúde, relacio-na-se diretamente ao problema da adesão. Essas constatações apontam para a inefi cácia das estratégias tradicionais, sendo necessário que se incorporem nos serviços de saúde novas abor-dagens capazes de motivar os portadores de DM, fazendo com que o paciente portador de DM se sensibilize para a adoção de novos hábitos e estilo de vida, conscientizando os mesmos sobre os riscos que a doença pode trazer caso não haja controle da glicemia7.

Diante desse desafi o o trabalho em equipe, o envolvi-mento de profi ssionais de diferentes saberes, apesar de ser uma habilidade, a interdisciplinaridade foi incluída como categoria específi ca, pois ocupa lugar de destaque nesse contexto, devido à sua relação direta com o sucesso dessa atividade. Também é visto como um motivador no ambiente de trabalho. Para os profi ssio-nais de saúde que atuam na realização das práticas educativas para usuários com DM tipo 2, o conhecimento teórico sobre a fi siopatologia da doença, nutrição e a prática de atividades físicas são primordiais para conseguirem realizar essa atividade1.

Em um estudo realizado em Belo Horizonte (MG) em 2008, com 85 profi ssionais da APS de 4 unidades básicas, foi realizado o delineamento de ofi cinas educativas em DM e uma estratégia avaliativa voltada para à atualização dos profi ssionais da APS. A avaliação, realizada com os profi ssionais de saúde das unidades básicas, revelou que a expectativa quanto às ofi cinas foi atingida para 93% dos participantes. O conteúdo abordado foi satisfatório com possibilidade de aplicá-lo na prática diária. A duração das ofi cinas foi considerada adequada, porém 30% sugeriram a am-pliação da carga horária4.

Em 2006 foi realizado um estudo na Universidade Federal de Minas Gerais, onde participaram das atividades educativas, técnicos e auxiliares de enfermagem, enfermeiros, médicos,

Rev Epidemiol Control Infect. 2012;2(4):141-143 Páginas 03 de 03não para fi ns de citação

AÇÃO EDUCATIVA INTERDISCIPLINAR PARA PACIENTES COM DIABETES NA ATENÇÃO BÁSICA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICALetícia Fernandez Frigo, Ruth Maurer da Silva, Karen Mello de Mattos, Giana Soares Boeira, Franciele Manfi o, Eveline Piaia, Tamiris Gressler Mendes.

O presente levantamento mostrou avanços de conhecimen-tos sobre diabetes e a avaliação de estratégias educativas, visando conhecer seus efeitos no controle da doença e no gerenciamento do auto-cuidado. Além disso, permite discutir os possíveis limites e opções de aperfeiçoamento do processo de educação em saúde, associado aos cuidados interdisciplinares para diabetes. A prática educativa apresenta-se como a melhor maneira de conscientizar a pessoa com diabetes sobre a importância da melhora dos hábitos alimentares e do seu próprio cuidado. É um momento no qual indivíduo e profi ssionais de saúde discutem todas as informações acerca da doença e do tratamento.

CONCLUSÃO

psicólogos, dentistas, assistente social, docentes do Curso de Fi-sioterapia, Nutrição e Enfermagem e acadêmicos de Enfermagem. Observou-se a experiência de ofi cinas educativas em diabetes, na atualização da equipe de saúde da família para a atenção inte-gral e humanizada aos usuários com DM tipo 2. Ficou evidente a repercussão positiva das ofi cinas entre os participantes, sendo considerada uma estratégia pedagógica, de fácil compreensão, interativa, lúdica e motivadora para desenvolver futuros progra-mas de educação em saúde. A proposta de ofi cina como modali-dade educativa favoreceu a discussão dos desafi os e difi culdades para a estruturação da prática da educação em Diabetes8.

Um levantamento bibliográfi co das estratégias voltadas à educação do portador de DM2, observou que a maioria dos estudos usou o enfoque ampliado da saúde, com a prática efetiva da educação em saúde. Salientando que a realização de encontros educativos possibilita modifi cações mais signifi cativas no estilo de vida, contribuindo assim para a promoção da saúde e bem-estar6.

Muitas vezes a difícil adaptação do portador à doença é sujeita pela falta de motivação, preso ao desconhecimento em relação às complicações, dois fatores importantes para o seu próprio cuidado, pois as mudanças no estilo de vida são difíceis de serem implementadas. Essa situação pode ser modifi cada se houver uma estimulação constante ao longo do acompanhamen-to interdisciplinar9.

Estudos descrevem e discutem uma estratégia educativa como um instrumento de educação em saúde sob uma perspec-tiva de promoção, prevenção e controle da doença, com objetivo de estimular o indivíduo passa a refl etir sobre seu estilo de vida relacionado ao Diabetes Mellitus. Frente a isso, estabeleceu-se uma dinâmica de interação profi ssional com o indivíduo, que teve por base o uso de jogos educativos em grupos operativos. Essas

técnicas adotadas possibilitaram a construção do conhecimento pelos participantes, a troca de vivências entre os mesmos, além do entendimento da experiência individual da doença pelo pro-fi ssional de saúde. A dinâmica de grupo estimulou a relação inter-pessoal entre os portadores de DM e os profi ssionais de saúde, facilitando a discussão entre pessoas com os mesmos objetivos e possibilitou a troca de informações, permitiu aos integrantes expressar dúvidas, expectativas e o apoio mútuo10.

Entretanto, essas ações não devem focalizar somente o sujeito, ou o desenvolvimento de suas habilidades pessoais. É ne-cessária a intervenção sobre o ambiente no sentido de viabilizar modifi cação de estruturas que possam comprometer a adoção de hábitos saudáveis, aliando-se dessa forma a combinação de autonomia pessoal e responsabilidade social. Assim, a educação em saúde para portadores de diabetes se mostra efi caz para um melhor prognóstico e deve ser encorajada entre grupos6.

REFERÊNCIAS

1. Santos LM. Competências dos Profissionais de Saúde nas Práticas Educativas em Diabetes Tipo 2 na Atenção Primária à Saúde. 2011. Dissertação (Mestrado em Enfermagem). Escola de Enfermagem, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2011.

2. Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes. Itapevi, SP: A. Araújo Silva Farmacêutica, 3ed., 2009.

3. BRASIL Secretaria de Vigilância em Saúde. A Vigilância, o controle e a prevenção de doenças crônicas não transmissíveis: DCNT no controle do Sistema Único de Saúde Brasileiro. Brasília, 2005.

4. Torres HC, Franco LJ, Stradioto MA, et al. Avaliação estratégica de educação em grupo e individual no programa educativo em diabetes. Rev Saúde Pública. 2010; 2(43): 291-8.

5. BRASIL Ministério da Saúde. Promoção da Saúde: Cartas 1. de Ottawa, Adelaide, Sundsvall e Santa Fé de Bogotá. Brasília, 1998.

6. Silva ARV, Macêdo SF, Vieira NFC, et al. Educação em Saúde a portadores de Diabetes Mellitus tipo 2: Revisão Bibliográfica. Rev. Rene. 2009;10(3):146-151.

7. Costa JA, Balga RSM, Alfenas RCG, et al. Promoção da saúde e diabetes: discutindo a adesão e a motivação de indivíduos diabéticos participantes de programas de saúde. Rev. Ciência e Saúde Coletiva. 2011;16(3):2001-2009.

8. Rodrigues ACS, Vieira GL, Torres HC. A proposta da educação permanente em saúde na atualização da equipe de saúde em Diabetes Mellitus. Rev Esc Enferm USP. 2010, 44(2): 531-537.

9. Grillo MFF, Gorini MIPC. Caracterização de pessoas com Diabetes Mellitus Tipo 2. Rev Bras Enferm. 2007;60(1):49-54.

10. Torres HC, Hortale VA, Schall V. A experiência de jogos em grupos operativos na educação em saúde para diabéticos. Cad Saúde Pública. 2003;19(4):1039-47.

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ISSN 2238-3360 | Ano II - Volume 2 - Número 4 - 2012

Páginas 01 de 02não para fi ns de citação

QUAL É O SEU DIAGNÓSTICO?

Recebido em: 21/08/2012Aceito em: 19/11/2012

[email protected]

Thais Donaduzzi1, Bruna Elisa Koch1, Cristiane Pimentel Hernandes Machado1

1Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Santa Cruz do Sul, RS.

Pápulas disseminadas em paciente imunossuprimidoPalpules disseminated in immunosuppressed patients

Homem de 33 anos internou para investigação de lesões cutâ-neas disseminadas e astenia. Relatava aparecimento e evolução dos sintomas há 30 dias. Queixava-se de cansaço e fraqueza muscular, assim como referia picos febris de até 39,0oC. Ao exame, encontrava--se emagrecido, apresentando pápulas disseminadas pelo tronco e membros, e algumas vesículas e crostas (Figura 1). As lesões não eram pruriginosas, nem dolorosas. Foi realizada biópsia cutânea para elucidação diagnóstica. O teste ELISA foi positivo para HIV.

Qual sua hipótese diagnóstica?a) Tuberculose miliarb) Impetigoc) Sarcoma de Kaposid) Histoplasmosee) Escabiose

O resultado do exame anatomopatológico do tecido cutâneo revelou células leveduriformes unibrotantes sugestivas de Histoplas-ma capsulatum.

A histoplasmose é causada pelo fungo Histoplasma capsula-tum var. capsulatum, encontrado em solo contaminado por fezes de aves e morcegos. Nas áreas endêmicas, as infecções ocorrem por inalação dos esporos suspensos no ar de locais onde se acumulam excretas de aves e/ou morcegos. Em indivíduos imunocompetentes as infecções costumam ser assintomáticas1. Aqueles que manifestam

FIGURA 1 - Lesões de pele identifi cadas.

a infecção costumam ter uma doença pulmonar aguda auto-limitada, caracterizada por febre, calafrios, fadiga, tosse não produtiva, des-conforto respiratório e mialgias2. No entanto, pode-se manifestar em pacientes com Aids quando a contagem de linfócitos TCD4+ é inferior a 50 células/mm3 sob a forma grave3, como complicação da infecção primária ou reativação de um foco quiescente, podendo ser fatal, se não tratada1.

Na forma grave, o paciente pode apresentar febre, hepa-toesplenomegalia, linfadenomegalia, manifestações pulmonares, acometimento do sistema nervoso central e lesões cutaneomucosas, que podem ser lesões maculosas, purpúricas, papulosas, placas e/ou ulcerações, podendo ser isoladas ou associadas. Na mucosa oral, podem-se encontrar lesões erosadas ou ulcerações3.

As lesões cutâneas resultam de invasão secundária da pele em formas disseminadas da infecção. Na maioria dos casos, a lesão ocorre por implantação traumática do agente, sendo a histoplasmose cutânea primária uma forma extremamente rara de manifestação1.

O diagnóstico é clínico-laboratorial, sendo feito através da cultura3. No entanto, esse método tem pouca sensibilidade nos casos de histoplasmose pulmonar primária, sendo mais sensível para os casos de histoplasmose pulmonar crônica4. Pode ser feito, também, o diagnóstico através da detecção do antígeno polissacarídeo do agente na urina ou no soro por radioimunoensaio, sendo um método rápido e sensível para o diagnostico da histoplamose disseminada em imunodeprimidos3,4.

Nos pacientes portadores da forma pulmonar aguda, leve a moderada, o tratamento não é necessário. Nos pacientes com sin-tomatologia há mais de um mês, pode-se iniciar o itraconazol 200 a 400mg/dia durante 6 a 12 semanas. Nas formas pulmonares agudas graves usa-se anfotericina B na dose de 0,5 a 1mg/kg/dia (não ultra-passando 50mg/dia) durante 1 a 2 semanas, seguida de itraconazol 200mg 3 vezes ao dia durante 3 dias e manutenção de 200mg 2 vezes ao dia por 12 semanas. Nos pacientes com a forma cavitária pulmonar crônica, recomenda-se o uso de itraconazol 200mg 3 vezes ao dia durante 3 dias seguidos e, após, 200 a 400mg/dia por, pelo menos, 12 meses, podendo se estender de 18 a 24 meses5.

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QUAL É O SEU DIAGNÓSTICO?

Recebido em: 21/08/2012Aceito em: 19/11/2012

[email protected]

Thais Donaduzzi1, Bruna Elisa Koch1, Cristiane Pimentel Hernandes Machado1

1Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Santa Cruz do Sul, RS.

Pápulas disseminadas em paciente imunossuprimidoPalpules disseminated in immunosuppressed patients

Homem de 33 anos internou para investigação de lesões cutâ-neas disseminadas e astenia. Relatava aparecimento e evolução dos sintomas há 30 dias. Queixava-se de cansaço e fraqueza muscular, assim como referia picos febris de até 39,0oC. Ao exame, encontrava--se emagrecido, apresentando pápulas disseminadas pelo tronco e membros, e algumas vesículas e crostas (Figura 1). As lesões não eram pruriginosas, nem dolorosas. Foi realizada biópsia cutânea para elucidação diagnóstica. O teste ELISA foi positivo para HIV.

Qual sua hipótese diagnóstica?a) Tuberculose miliarb) Impetigoc) Sarcoma de Kaposid) Histoplasmosee) Escabiose

O resultado do exame anatomopatológico do tecido cutâneo revelou células leveduriformes unibrotantes sugestivas de Histoplas-ma capsulatum.

A histoplasmose é causada pelo fungo Histoplasma capsula-tum var. capsulatum, encontrado em solo contaminado por fezes de aves e morcegos. Nas áreas endêmicas, as infecções ocorrem por inalação dos esporos suspensos no ar de locais onde se acumulam excretas de aves e/ou morcegos. Em indivíduos imunocompetentes as infecções costumam ser assintomáticas1. Aqueles que manifestam

FIGURA 1 - Lesões de pele identifi cadas.

a infecção costumam ter uma doença pulmonar aguda auto-limitada, caracterizada por febre, calafrios, fadiga, tosse não produtiva, des-conforto respiratório e mialgias2. No entanto, pode-se manifestar em pacientes com Aids quando a contagem de linfócitos TCD4+ é inferior a 50 células/mm3 sob a forma grave3, como complicação da infecção primária ou reativação de um foco quiescente, podendo ser fatal, se não tratada1.

Na forma grave, o paciente pode apresentar febre, hepa-toesplenomegalia, linfadenomegalia, manifestações pulmonares, acometimento do sistema nervoso central e lesões cutaneomucosas, que podem ser lesões maculosas, purpúricas, papulosas, placas e/ou ulcerações, podendo ser isoladas ou associadas. Na mucosa oral, podem-se encontrar lesões erosadas ou ulcerações3.

As lesões cutâneas resultam de invasão secundária da pele em formas disseminadas da infecção. Na maioria dos casos, a lesão ocorre por implantação traumática do agente, sendo a histoplasmose cutânea primária uma forma extremamente rara de manifestação1.

O diagnóstico é clínico-laboratorial, sendo feito através da cultura3. No entanto, esse método tem pouca sensibilidade nos casos de histoplasmose pulmonar primária, sendo mais sensível para os casos de histoplasmose pulmonar crônica4. Pode ser feito, também, o diagnóstico através da detecção do antígeno polissacarídeo do agente na urina ou no soro por radioimunoensaio, sendo um método rápido e sensível para o diagnostico da histoplamose disseminada em imunodeprimidos3,4.

Nos pacientes portadores da forma pulmonar aguda, leve a moderada, o tratamento não é necessário. Nos pacientes com sin-tomatologia há mais de um mês, pode-se iniciar o itraconazol 200 a 400mg/dia durante 6 a 12 semanas. Nas formas pulmonares agudas graves usa-se anfotericina B na dose de 0,5 a 1mg/kg/dia (não ultra-passando 50mg/dia) durante 1 a 2 semanas, seguida de itraconazol 200mg 3 vezes ao dia durante 3 dias e manutenção de 200mg 2 vezes ao dia por 12 semanas. Nos pacientes com a forma cavitária pulmonar crônica, recomenda-se o uso de itraconazol 200mg 3 vezes ao dia durante 3 dias seguidos e, após, 200 a 400mg/dia por, pelo menos, 12 meses, podendo se estender de 18 a 24 meses5.

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PÁPULAS DISSEMINADAS EM PACIENTE IMUNOSSUPRIMIDOThais Donaduzzi, Bruna Elisa Koch, Cristiane Pimentel Hernandes Machado.

REFERÊNCIAS

1. Saheki M, Schubach A, Salgueiro M, et al. Histoplasmose cutânea primária: relato de caso em paciente imunocompetente e revisão de literatura. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 2008;41(6):680-682.

2. Goldman L, Ausiello D. Cecil: medicina. 24nd ed. Rio de Janeiro: Elsevier Saunders; 2011.

3. Orsi AT, Nogueira L, Santos M, Ferreira LCL. Coinfecção histoplasmose e Aids. An. Bras. Dermatol. Rio de Janeiro, 2011;86(5):1025-1026.

4. Soares, LMF. Métodos diagnósticos: consulta rápida. Porto Alegre: Artmed; 2002.

5. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. – 8ª ed. rev. – Brasília: Ministério da Saúde, 2010.

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RELATO DE EXPERIÊNCIA

Recebido em: 14/05/2012Aceito em: 19/10/2012

[email protected]

Letícia Fernandez Frigo1,2, Ruth Maurer da Silva1, Franciele Manfi o1, Giana Soares Boeira1

1Centro Universitário Franciscano, RS. 2Programa de Pós Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS.

A interdisciplinaridade na atenção primária: Um relato de experiênciaInterdisciplinarity in primary care: An experience report

As propostas e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) defendem a necessidade de pensar o trabalho em equipe multiprofi ssional com vistas à interdisciplinaridade, contribuindo, dessa forma, para a concretização da integralidade e de uma assistência de boa qualidade. A interdisciplinaridade se caracte-riza pela intensidade das trocas entre as disciplinas, aumentando a colaboração entre as diversas disciplinas ou entre os setores heterogêneos de uma mesma ciência conduz a interações pro-priamente ditas, isto é, a certa reciprocidade nos intercâmbios, de tal forma que, no fi nal do processo interativo, cada disciplina saia enriquecida1.

Na literatura em saúde, são poucos os relatos de expe-riências interdisciplinares desenvolvidas no campo da prática assistencial em saúde. Esse dado faz pensar tanto nas difi culdades que a interdisciplinaridade tem enfrentado para efetuar-se na prática, quanto no fato dos profi ssionais dos serviços não estarem habituados a relatarem suas experiências, contribuindo para a ar-ticulação teoria-prática e para a divulgação de experiências bem sucedidas que promovam o avanço da perspectiva de atuação interdisciplinar².

Atualmente há um avanço do sistema de saúde para novas políticas e programas que buscam cada vez mais a participação ativa de outras profi ssões, como enfermeiros, psicólogos, assis-tentes sociais, fi sioterapeutas, nutricionistas e cirurgiões dentis-tas, além da inclusão de educadores físicos³.

As reuniões de equipe, no cotidiano de trabalho, são importantes dispositivos para a estruturação, organização, in-formação, estabelecimento de diretrizes e espaço de tomada de decisões4. Para alcançar a efetividade desejada na atenção básica, consideram-se necessários o planejamento e a implementação de ações de saúde em cada contexto. Esses exigem conhecimentos detalhados sobre as condições de vida das pessoas que ali resi-dem, sobre as especifi cidades do processo de organização das

ações realizadas na assistência à saúde e gestão do trabalho das equipes e dos profi ssionais envolvidos. Assim, pode-se delinear o que é necessário e o que é possível fazer em um determinado local5.

Porém, é preciso realçar os benefícios que a prática de momentos de diálogo na equipe são importantes dispositivos para o delineamento do trabalho, por meio de discussão de casos em uma perspectiva interdisciplinar, desenvolvimento de atividades em educação permanente e avaliação sistemática do cotidiano da equipe4. Assim este trabalho teve como objetivo relatar a experiência das reuniões da equipe de profi ssionais de uma unidade básica de saúde sob a ótica da interdisciplinaridade e sua infl uencia no serviço.

O presente trabalho é um relato de experiência de caráter descritivo. A equipe de saúde conta com um encontro continuo que acontece todas as segundas-feiras, com duração de uma ho-ra, onde a principal proposta da reunião de equipe é promover o conhecimento de temas diversos propostos pelas áreas atuantes, além de discutir casos de pacientes e realizar trabalhos em grupo. Os encontros são realizados nas dependências da Unidade Básica de Saúde Floriano Rocha Região Oeste de Santa Maria e têm a participação do grupo de Agentes Comunitárias de Saúde (ACS) das microrregiões locais, acadêmicos e professores supervisores da nutrição e fi sioterapia e acadêmicos da psicologia.

A organização do trabalho em equipe ocorre a partir da necessidade de incluir tecnologias em saúde que levem em consideração à integralidade, a complexidade dos objetos de intervenção e a intersubjetividade6.

Para que isso ocorra de forma concreta e integral, é neces-sário que os profi ssionais da área da saúde estudem de forma

DESCRITORESComunicação interdisciplinar, Atenção primária em saúde, SUS

KEYWORKSInterdisciplinary Communication, Primary Health Care, Unifi ed Health System

RELATO

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RELATO DE EXPERIÊNCIA

Recebido em: 14/05/2012Aceito em: 19/10/2012

[email protected]

Letícia Fernandez Frigo1,2, Ruth Maurer da Silva1, Franciele Manfi o1, Giana Soares Boeira1

1Centro Universitário Franciscano, RS. 2Programa de Pós Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS.

A interdisciplinaridade na atenção primária: Um relato de experiênciaInterdisciplinarity in primary care: An experience report

As propostas e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) defendem a necessidade de pensar o trabalho em equipe multiprofi ssional com vistas à interdisciplinaridade, contribuindo, dessa forma, para a concretização da integralidade e de uma assistência de boa qualidade. A interdisciplinaridade se caracte-riza pela intensidade das trocas entre as disciplinas, aumentando a colaboração entre as diversas disciplinas ou entre os setores heterogêneos de uma mesma ciência conduz a interações pro-priamente ditas, isto é, a certa reciprocidade nos intercâmbios, de tal forma que, no fi nal do processo interativo, cada disciplina saia enriquecida1.

Na literatura em saúde, são poucos os relatos de expe-riências interdisciplinares desenvolvidas no campo da prática assistencial em saúde. Esse dado faz pensar tanto nas difi culdades que a interdisciplinaridade tem enfrentado para efetuar-se na prática, quanto no fato dos profi ssionais dos serviços não estarem habituados a relatarem suas experiências, contribuindo para a ar-ticulação teoria-prática e para a divulgação de experiências bem sucedidas que promovam o avanço da perspectiva de atuação interdisciplinar².

Atualmente há um avanço do sistema de saúde para novas políticas e programas que buscam cada vez mais a participação ativa de outras profi ssões, como enfermeiros, psicólogos, assis-tentes sociais, fi sioterapeutas, nutricionistas e cirurgiões dentis-tas, além da inclusão de educadores físicos³.

As reuniões de equipe, no cotidiano de trabalho, são importantes dispositivos para a estruturação, organização, in-formação, estabelecimento de diretrizes e espaço de tomada de decisões4. Para alcançar a efetividade desejada na atenção básica, consideram-se necessários o planejamento e a implementação de ações de saúde em cada contexto. Esses exigem conhecimentos detalhados sobre as condições de vida das pessoas que ali resi-dem, sobre as especifi cidades do processo de organização das

ações realizadas na assistência à saúde e gestão do trabalho das equipes e dos profi ssionais envolvidos. Assim, pode-se delinear o que é necessário e o que é possível fazer em um determinado local5.

Porém, é preciso realçar os benefícios que a prática de momentos de diálogo na equipe são importantes dispositivos para o delineamento do trabalho, por meio de discussão de casos em uma perspectiva interdisciplinar, desenvolvimento de atividades em educação permanente e avaliação sistemática do cotidiano da equipe4. Assim este trabalho teve como objetivo relatar a experiência das reuniões da equipe de profi ssionais de uma unidade básica de saúde sob a ótica da interdisciplinaridade e sua infl uencia no serviço.

O presente trabalho é um relato de experiência de caráter descritivo. A equipe de saúde conta com um encontro continuo que acontece todas as segundas-feiras, com duração de uma ho-ra, onde a principal proposta da reunião de equipe é promover o conhecimento de temas diversos propostos pelas áreas atuantes, além de discutir casos de pacientes e realizar trabalhos em grupo. Os encontros são realizados nas dependências da Unidade Básica de Saúde Floriano Rocha Região Oeste de Santa Maria e têm a participação do grupo de Agentes Comunitárias de Saúde (ACS) das microrregiões locais, acadêmicos e professores supervisores da nutrição e fi sioterapia e acadêmicos da psicologia.

A organização do trabalho em equipe ocorre a partir da necessidade de incluir tecnologias em saúde que levem em consideração à integralidade, a complexidade dos objetos de intervenção e a intersubjetividade6.

Para que isso ocorra de forma concreta e integral, é neces-sário que os profi ssionais da área da saúde estudem de forma

DESCRITORESComunicação interdisciplinar, Atenção primária em saúde, SUS

KEYWORKSInterdisciplinary Communication, Primary Health Care, Unifi ed Health System

RELATO

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A INTERDISCIPLINARIDADE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIALetícia Fernandez Frigo, Ruth Maurer da Silva, Franciele Manfi o, Giana Soares Boeira.

REFERÊNCIAS

1. Matos E, Pires DEP. Práticas de cuidado na perspectiva interdisciplinar: Um caminho promissor. Texto e Contexto Enferm. Florianópolis, 2009;18(2):338-46.

2. Matos E, Gonçalves JR, Ramos FRS. A epistemologia de LudwickFleck: subsídios para a prática interdisciplinar. Texto e contexto enfem. Florianópolis, 2005;14(3):383-90.

3. Meirelles MCP, Kantorski LP, Hypolito AM. Reflexões sobre a interdisciplinaridade no processo de trabalho de centros de atenção psicossocial. Rev. Enferm. UFSM 2011;1(2):282-289.

4. Grando M, Dall’agnol CM. Desafios do processo grupal em reuniões de equipe da Estratégia saúde da família. Esc Anna Nery (impr.) 2010;14(3):504-510.

5. Krug SBF, Lenz FL, Weigelt LD, Assunção AN. O processo de trabalho na estratégia de saúde da família: o que dizem os profissionais de saúde em Santa Cruz do Sul/RS. Texto e contexto Enfem. Florianópolis, 2010;9(1):77-88.

6. Borges MJL, Sampaio AS, Gurgel IGD. Trabalho em equipe e

interdisciplinaridade: desafios para a efetivação da integralidade na assistência ambulatorial às pessoas vivendo com HIV/Aids em Pernambuco. Ciência & Saúde Coletiva, 2012;17(1):147-156.

7. Brasil Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Manual para a organização da atenção básica. Brasília, DF: DAS: Coordenadoria de Desenvolvimento de Práticas de Atenção Básica, 1999.

8. Nicolescu B. Um novo tipo de conhecimento - Transdisciplinaridade. Educação e Transdisciplinaridade, I, pp.13-29. Brasília, UNESCO, 2000.

9. Ghizoni AC, Arruda MP, Tesser CD. A integralidade na visão dos fisioterapeutas de um município de médio porte. Interface. 2010;14(35):825-37.

10. Vasconcellos VC, Trabalho em equipe na saúde mental: o desafio interdisciplinar em um caps. Rev. eletrônica saúde mental alcool drog. 2010;6(1):1-16.

articulada, garantindo assim a prevenção, promoção da saúde e ações curativas, fazendo com que os profi ssionais atuem na atenção primária, contemplando o usuário com a principal dire-triz do SUS, a Integralidade. Oferecendo acolhimento ao usuário, proporcionando assim uma melhor qualidade de vida, evitando a fragmentação do serviço e, sobretudo do usuário7.

Cada vez mais, percebe-se que as ações dentro dos servi-ços de saúde devem avançar além da disciplinaridade e o ideal de ausência de doença10. A equipe organiza discussões de casos, ofi cinas e dinâmicas para formação continuada dos profi ssio-nais com este olhar e ainda se engaja em estratégias dentro da comunidade como os grupos de promoção da saúde. Gerando

momentos transdisciplinares vindo à complementar à interdisci-plinaridade, criando um espaço onde as disciplinas se encontram e transcendem suas barreiras imaginárias. Funciona como uma ligação entre todas as disciplinas, ocupando-se com o que está ao mesmo tempo entre, através e além das disciplinas8,9.

Sendo assim, as experiências das equipes interdisciplinares, no que diz respeito às reuniões, fazem parte de um repertório que contribui para a construção de possibilidades de realizar um trabalho de forma satisfatória, assim como de prestar uma atenção mais integral ao usuário. Essas experiências contribuem para a efetivação de mudanças na prática atual e para educação permanente dos pro-fi ssionais de saúde, através de momentos de aprendizagem coletiva.

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RESUMO DE TRABALHO DE CURSO

Recebido em: 23/05/2012Aceito em: 02/11/2012

[email protected]

Manuela Kavata Ranucci1, Dionatas Ulises de Oliveira Meneguetti2

1Faculdade de Educação e Meio Ambiente (FAEMA), Ariquemes, RO. 2Coordenação de Extensão da Faculdade de Educação e Meio Ambiente (FAEMA), Ariquemes, RO.

Panorama histórico e atual da tripanossomíase americanana amazônia legal: aspectos biológicos e epidemiológicosOverview historical and current of american trypanossomiasis in the Amazon: biological and epidemiological aspects

Os triatomíneos, popularmente denominados de barbeiros, são insetos conhecidos pelas populações rurais de várias regiões do Brasil. São de grande importância, pois podem transmitir a Tripanossomíase Americana, também denominada doença de Chagas. A doença foi descoberta em 1908 pelo médico brasileiro Carlos Chagas. A Amazônia legal Brasileira é hoje considerada endêmica para doença de Chagas, devido ao crescente número de casos agudos relatados nessa vasta região, sendo motivo de alerta para a saúde pública. Nessa perspectiva, objetivou-se analisar o panorama histórico e atual da Tripanossomíase americana na Ama-zônia legal: abordando aspectos biológicos e epidemiológicos. O estudo trata-se de uma revisão bibliográfi ca, do tipo exploratório, descritivo transversal, sendo discutido e fundamentado à luz do re-ferencial teórico pertinente. Foram utilizadas 93 bibliografi as, des-tas 61 (65,6%) são artigos, 01 (1,1%) monografi as, 02 (2,2%) livros,

12 (12,9%) manuais da saúde, 12 (12,9%) sites, 2 (2,2%) dissertações de mestrado e 3 (3,1%) teses de doutorado, contendo conteúdo completo, compreendidos entre o período de 1942 e 2011, mesmo que, de acordo com o consenso para doença de Chagas, em 2005 a doença começou passar a constituir problema na Amazônia a partir de 1969. Constatou-se a ocorrência de 36 espécies de triatomíneos, distribuídos em nove gêneros, com maior ocorrência nos estados do Maranhão e Pará, esse segundo que também foi com maior ocorrência de espécies de reservatórios de triatomíneos, junto com o estado do Amazonas. As informações amplamente analisadas e discutidas permitiram verifi car que os Estados do Amapá e Pará com predominância deste último, onde ocorre a maioria dos casos de doença de Chagas principalmente transmitida por via oral, sendo o açaí apontado como principal veículo para a doença, transmitida por essa via.

DESCRITORESDoença de Chagas, Triatominae, Trypanosoma cruzi, Amazônia legal.

KEYWORKSChagas diseases, Triatominae, Trypanosoma cruzi, Amazon.